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Apostila de Eletromagnetismo - Cap 5

O documento discute as equações de Poisson e Laplace, que descrevem o potencial elétrico em regiões com e sem carga, respectivamente. A equação de Poisson é derivada a partir da lei de Gauss. Exemplos de solução das equações em diferentes coordenadas são apresentados, ilustrando como as condições de fronteira determinam uma única solução.

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Apostila de Eletromagnetismo - Cap 5

O documento discute as equações de Poisson e Laplace, que descrevem o potencial elétrico em regiões com e sem carga, respectivamente. A equação de Poisson é derivada a partir da lei de Gauss. Exemplos de solução das equações em diferentes coordenadas são apresentados, ilustrando como as condições de fronteira determinam uma única solução.

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Universidade Federal de Uberlndia

Faculdade de Engenharia Eltrica


Eletromagnetismo

5 EQUAES DE POISSON E DE LAPLACE


5.1 Equaes de Poisson e de Laplace
A obteno da equao de Poisson extremamente simples pois, a partir da forma pontual da lei de Gauss,

D = v
da definio de D ,

D =E
e da relao do gradiente,

E = V
por substituio, temos

D = E = V = v
ou

( )

V =

para a regio homognea na qual constante. Em coordenadas cartesianas,

A =

Ax Ay Az + + x y z

V =
e, portanto,

V V V x + y + z a a a x y z

V =

V V + + y y z z 2V 2V 2V = 2 + 2 + 2 x y z V x x

95

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Eletromagnetismo
2

Usualmente, a operao abreviada para (e pronunciado nabla dois), e temos

2V =

2V 2V 2V + 2 + 2 = v 2 x y z

(coordenadas cartesianas)

que a nossa equao de Poisson, representada em coordenadas cartesianas. Se v = 0 , indicando densidade volumtrica de carga zero, mas permitindo a existncia de cargas pontuais e de distribuies lineares e superficiais de carga, ento

2V = 0
que a equao de Laplace. A operao 2 chamada de laplaciano de V . Em coordenadas cartesianas, a equao de Laplace

2V =

2V 2V 2V + + =0 x 2 y 2 z 2

(coordenadas cartesianas)

Para as demais coordenadas a expresso do laplaciano ser

2V =

1 V

1 2V + 2 2

2V + 2 = 0 z

(coordenadas cilndricas)

2V =

1 2 V 1 V 1 2V r + sen + =0 r 2 r r r 2sen r 2sen 2 2

(coordenadas esfricas)

Para resolver estas equaes laplacianas para um dado problema, outras informaes so necessrias, tais como certas condies de fronteira, conforme ser visto logo a seguir.

Exemplo 01

96

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5.2 Teorema da Unicidade


Vamos considerar que temos duas solues para a equao da Laplace, o campo potencial V1 e o campo potencial V2 , ambos funes genricas das coordenadas usadas. Portanto,

2V1 = 0
a partir das quais

2V2 = 0

2 (V1 V2 ) = 0
Cada soluo tambm deve satisfazer as condies de fronteira, e se representarmos os valores dos potenciais dados nas fronteiras por Vb , ento o valor de V1 na fronteira V1b e o valor de

V2 na fronteira V2b devem ser ambos idnticos a Vb . V1b = V2b = Vb


ento, deveremos ter

V1 = V2
Isto baseado no teorema da unicidade que diz que se uma resposta satisfaz a equao de Laplace ou a equao de Poisson e tambm satisfaz as condies de fronteira, ento ela uma nica soluo possvel.

Exemplo 02

5.3 Exemplos de Soluo da Equao de Laplace


Diversos mtodos foram desenvolvidos para resolver a equao diferencial parcial de segunda ordem conhecida com a equao de Laplace. O primeiro e mais simples mtodo aquele da integrao direta. 97 O mtodo da integrao direta se aplica apenas aos problemas unidimensionais ou nos quais o campo potencial funo apenas de uma das trs coordenadas. Como estamos trabalhando com apenas trs sistemas de coordenadas, pode parecer que h nove problemas a serem resolvidos, mas Prof. Ivan Nunes Santos

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Eletromagnetismo um pouco de reflexo ir mostrar que o campo que varia somente com x fundamentalmente o mesmo que varia somente com y ou apenas com z . A rotao dos eixos no modifica o problema fsico. Na realidade, h cinco problemas a serem resolvidos, um em coordenadas cartesianas ( x ) , dois em coordenadas cilndricas ( e ) e dois em coordenadas esfricas ( r e ) .

Exemplo de problema em funo apenas de x .

A equao de Laplace se reduz a

2V =0 x 2
e a derivada parcial pode ser substituda pela derivada ordinria, j que V no uma funo de y ou de z ,

d 2V =0 dx 2
Integrando-se,

dV =A dx
V = Ax + B
onde A e B so constantes de integrao. As superfcies equipotenciais so dadas por x = constante e so planos infinitos. Considerando-se, como condies de fronteira, V = V1 em x = x1 e V = V2 em x = x2 . Estes valores so ento substitudos na equao anterior, fornecendo

A=
logo,

V1 V2 x1 x2

B=

V2 x1 V1 x2 x1 x2
98

V=

V1 ( x x2 ) V2 ( x x1 ) x1 x2
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Eletromagnetismo Uma resposta mais simples poderia ter sido obtida escolhendo-se condies de fronteira mais simples. Se tivssemos fixado V = 0 em x = 0 e V = V0 em x = d , ento

A=
logo,

V0 d

B=0

V=

V0 x d

Exemplo de problema em funo apenas de .

A equao de Laplace se reduz a

1 V

=0

e a derivada parcial pode ser substituda pela derivada ordinria,

1 d dV =0 d d
Excluindo-se = 0 e integrando-se,

dV =A d

V = A ln + B
onde A e B so constantes de integrao. As superfcies equipotenciais so dadas por = constante e so cilindros. Escolhemos uma diferena de potencial de V0 considerando V = V0 em = a e V = 0 em = b , b > a e obtemos 99

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A=
logo,

V0 ln ( b/a )

B=

V0 ln b ln ( b/a )

V=

V0 ln ( b/ )

ln ( b/a )

Exemplo de problema em funo apenas de .

A equao de Laplace se reduz a

1 2V =0 2 2
e a derivada parcial pode ser substituda pela derivada ordinria,

1 d 2V =0 2 d 2
Excluindo-se = 0 e integrando-se,

dV =A d

V = A + B
onde A e B so constantes de integrao.

100

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Eletromagnetismo As superfcies equipotenciais so dadas por = constante e so planos radiais, conforme ilustrados na figura anterior. Escolhemos uma diferena de potencial de V0 considerando V = 0 em

= 0 e V = V0 em = e obtemos
A=
logo,

V0

B=0

V=

V0

Exemplo de problema em funo apenas de r .

A equao de Laplace se reduz a

1 2 V r r 2 r r

=0

e a derivada parcial pode ser substituda pela derivada ordinria,

1 d 2 dV r r 2 dr dr
Excluindo-se r = 0 e integrando-se,

=0

r2

dV =A dr A +B r

V=
onde A e B so constantes de integrao.

As superfcies equipotenciais so dadas por r = constante e so esferas. Escolhemos uma diferena de potencial de V0 considerando V = V0 em r = a e V = 0 em r = b , b > a e obtemos 101

A=

V0 ln ( b/a )

B=

V0 ln b ln ( b/a )
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Eletromagnetismo logo,

1 1 r b V = V0 1 1 a b

Exemplo de problema em funo apenas de .

A equao de Laplace se reduz a

1 V sen =0 r sen
2

e a derivada parcial pode ser substituda pela derivada ordinria,

d dV 1 sen =0 r sen d d
2

Excluindo-se r = 0 , = 0 ou e integrando-se,

sen

dV =A d

V = A ln tan + B 2
onde A e B so constantes de integrao.

102

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Eletromagnetismo As superfcies equipotenciais so dadas por = constante e so cones (com exceo de = /2 que um plano), conforme ilustrado na figura anterior. Escolhemos uma diferena de potencial de V0 considerando V = 0 em = /2 e V = V0 em = , < /2 e obtemos

A=

V0

ln tan 2

B=0

logo,

ln tan 2 V = V0 ln tan 2

Exemplo 03

5.4 Exemplo de Soluo da Equao de Poisson


Para selecionar um problema que possa ilustrar a aplicao da equao de Poisson, devemos considerar que a densidade volumtrica de carga especificada. Contudo, este no usualmente o caso; de fato, ela muitas vezes a grandeza sobre a qual procuramos alguma informao. Todavia, para fins didticos, vamos consider-la conhecida. Como exemplo, escolhemos uma juno

pn entre duas metades de uma barra

semicondutora, estendendo-se na direo x . Devemos considerar que a regio x < 0 do tipo p dopada e que a regio x > 0 do tipo n tambm dopada. O grau de dopagem idntico em cada lado da juno. O grfico a seguir mostra a relao v / v 0 ao longo da distribuio, onde v a densidade volumtrica de carga e v 0 a mxima densidade volumtrica de carga relacionada com as concentraes dos aceitadores e doadores presentes no material. 103

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Este grfico pode ser expresso pela equao

v = 2 v 0 sech

x x tanh a a

onde a uma constante que altera as caractersticas de contorno do grfico. So especificadas duas condies de fronteira. A primeira relacionada ao fato que nenhuma densidade de carga lquida e nenhum campo podem existir longe da juno, como est sugerido na figura anterior. Assim, quando x , Ex = 0 . A segunda condio dada que a referncia zero de potencial deve ser escolhida no centro da juno, em x = 0 . Vamos agora resolver a equao de Poisson,

2V =
aplicando-se a distribuio de cargas dada,

2 d 2V x x = v 0 sech tanh 2 dx a a
Como pode-se notar, este um problema unidimensional no qual variaes com y e z no esto presentes. Integrando a primeira vez,

dV 2 v 0 a x = sech + C1 dx a
Podemos obter a partir desta equao a intensidade de campo eltrico, pois tem-se, neste caso, que V =

dV dV x + 0 a y + 0 a z , ento E = V = x , logo a a dx dx

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Ex =

2 v 0a

x sech C1 a

Levando-se em considerao a primeira condio de fronteira, a qual diz que quando

x , Ex = 0 , encontramos C1 = 0 . Portanto, Ex = 2v 0a sech x a

O grfico representativo desta intensidade de campo eltrico

Integrando-se novamente a expresso,

dV 2 v 0 a x = sech dx a V= 4 v 0 a 2 arctan e x /a + C2

Aplica-se agora a segunda condio de fronteira: V = 0 em x = 0 , tem-se

0=

4 v 0 a 2

C2 =

arctan e0 + C2 4v 0a 2 4

e, finalmente,

V=

4 v 0 a 2 x /a arctan e 4

O grfico representativo deste potencial 105

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A equao de Poisson entra em qualquer problema que envolva densidade volumtrica de carga, tal como aqui exemplificado.

Exemplo 04

Exemplo 05

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