Mapeamento dos stios arqueolgicos rupestres no estado do Tocantins

ARKEOS - perspectivas em dilogo 28

Ariana Silva Braga

NDICE
07 | 09 | 17 | 21 | 27 | 33 | 39 | 49 | 57 | 65 | 73 | 79 | 86 | 93 | 101 | 109 |
Introduo Arqueologias atravessando o Atlntico, Luiz Oosterbeek Constituio da Rede Iberoamericana de Arqueologia Afiladores y artefactos pulidos, Carlos Rodriguez Contributo para o estudo das indstrias macrolticas holocnicas do Vale do Tejo: A estao arqueolgica do Monte Pedregoso, Vila Nova da Barquinha, Portugal, Ana Catarina Ferreira Breve sntese do estudo do registo sedimentar associado a contextos arqueolgicos do Alto Ribatejo, Hugo Gomes, Pierluigi Rosina, Sara Cura, Luiz Oosterbeek El arte rupestre de Guatemala: Un panorama general, Lucrecia de Batres Revisin del sitio de Arte Rupestre Pampa Calata: nuevos reportes, Daniel Castillo Benites Las pinturas rupestres de Cueva Pintada (Sierra de San Francisco BC, Mxico), Ramn Vias Stio do Dezenove, Itaberaba Bahia, Brasil: Questionamentos Iniciais sobre a Possvel Afiliao da Arte Rupestre Local aos Grupos Horticultores Regionais, Cludia Cunha Mapeamento dos stios arqueolgicos rupestres no estado do Tocantins, Ariana Silva Braga A problemtica do uso dos moldes de ltex no estudo da arte rupestre do Vale do Tejo, Sara Garcs, Mila Simes de Abreu, Fernando Coimbra, Luiz Oosterbeek Arqueologia y Sociedades Complejas e Arqueologia Historica, Lourdes S. Dominguez Cambios medioambientales y procesos de poblamiento de los poblamiento de los primeros habitantes en la sabana de Bogot Colombia, Diana Lorena Rodriguez Gallo Megaliths of the SouthWest Iberian Peninsula: Contribution to a Review of the Chronologies, Viola Campanini As Terras altas do Sul do Brasil e o Litoral de Santa Catarina, a arqueologia dos mortos e evidencias de hierarquia social, Marco Aurlio Nadal De Masi

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Cermica decorada de la Costa Sur de Guatemala y su contexto Periodo Clsico Tardo, Erika Gmez Problemtica en el Patrimonio Cultural de Guatemala con nfasis sobre las sociedades complejas, Elsa Damaris Armaes baleeiras, engenhos, embarcaes, igrejas, cemitrios, residncias, fortalezas, e alfndegas: A Arqueologia Histrica em Florianpolis SC, Brasil, Fernanda Codevilla, Rossano Lopes Bastos, Luiz Oosterbeek Santo Antonio dos Pretos uma reflexo sobre a dinmica cultural da comunidade quilombola, Cnthia dos Santos Moreira Archeologia, cultura e gestione dei resti materiali: uno sforzo inutile?, Maurizio Quagliuolo Rock Art Education: Perception through experiments, Rita Anastcio, Ana Cruz, Ana Graa Patrimnio Arqueolgico e pertencimento no Distrito Federal: um diagnstico do contexto, Andr Moura Espaos de memria e cultura em Mao Portugal e Pelotas Brasil, Luiz Oosterbeek, Margarida Morais, Michel Constantino Figueira O patrimnio cultural na comunidade de Enseada de Brito Palhoa/ SC: Estudo de caso, Daniela Sophiati A temtica do Patrimnio Cultural no Projeto Poltico Pedaggico: Um estudo de caso na Unidade Escolar Elzair Rodrigues de Oliveira, Marian Helenn Rodrigues A segurana laboral na arqueologia portuguesa: vantagens de uma reviso legislativa, Andreia Lopes Gesto e Didctica do Patrimnio Cultural: conceitos e conflitos, Ivo Oosterbeek, Slvia Marques, Rui Carvalho Documento Material: Entre a Arqueologia e a Histria, Marcos Csar Santos Condutas ticas introduzidas pela arqueologia como contribuio ao sculo 21, Rossano Lopes Bastos

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Mapeamento dos stios arqueolgicos rupestres no estado do Tocantins

ARIANA SILVA BRAGA
Estudante do Mestrado em Arqueologia Pr-Histrica e Arte Rupestre (Instituto Politcnico de Tomar e Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro).

ABSTRACT: This paper addresses the mapping of rock art in the state of Tocantins Brazil, aiming to divulge the theme in a global scale. KEY-WORDS: Rock Art, Mapping and Tocantins. RESUMO: Este trabalho tratar do mapeamento rupestre no estado do Tocantins Brasil, com o objetivo de divulgar globalmente o tema na regio delimitada. PALAVRAS-CHAVE: Arte rupestre, Mapeamento, Tocantins.

Introduo
O presente artigo trata do resultado da pesquisa arqueolgica de iniciao cientfica1 realizada durante a graduao em Histria2 com as atividades paralelas de estgio no Ncleo Tocantinense de Arqueologia (NUTA). Esta pesquisa foi estruturada em trs sadas de campo sendo cada uma de cinco dias, a primeira na regio norte do estado do Tocantins para captao de informaes e decalcagem da regio dos municpios de Filadlfia e Babaulndia. A segunda sada a campo foi na regio sudeste do Tocantins no municpio de Taguatinga com a mesma finalidade. J a terceira sada de campo tambm fora para o municpio de Taguatinga, entretanto, para prtica de escavao de stio arqueolgico lito-cermico. O artigo tratar do mapeamento dos stios arqueolgicos com arte rupestre encontrados no territrio tocantinense buscando estudar comparativamente e quantitativamente as tcnicas de produo da arte rupestres no Tocantins.
Obtive durante a graduao trs bolsas de iniciao cientfica sendo a primeira e a segunda pelo Programa SALTFESN financiada pela VALEC e a terceira bolsa pelo Programa SALTOVIA- BR 242, financiado pelo CNPq/ PIBIC. 2 Universidade Federal do Tocantins (UFT).
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Arte Rupestre no Tocantins

Os estudos rupestres no Tocantins comearam por volta de 1984 quando uma equipe do Instituto Anchietano de Pesquisas coordenados por Schmitz se dirigiu a regio at a regio, que no momento fazia parte do territrio goiano, registraram as informaes a respeito das inscries rupestres que encontraram em: Arte Rupestre no Centro do Brasil: Pinturas e gravuras da pr-histria de Gois e oeste da Bahia. Este livro traz informaes de um abrigo com gravuras rupestres seguidas de pintura no municpio de Monte do Carmo e ainda cita superficialmente a presena de um stio nas imediaes de Porto Nacional, na beira do Tocantins. O abrigo do municpio de Monte do Carmo descrito nesta obra
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apresenta-se com uma complexa ocupao humana que os autores supem ter sido ocupado de 4.000 anos, provavelmente, at a poucos sculos atrs. O abrigo era usado para sepultamento dos mortos. No comeo e no fim eles eram deitados de costas, estendidas, em covas rasas, muitas vezes cobertas com pedras. No perodo do meio traziam para ali os restos descarnados de mortos que antes teriam sido sepultados em outro lugar; os ossos aparecem ora incompletos e dispersos, ora arrumados em pequenos pacotes, como se tivessem sido ordenados e amarrados para transporte (...). Cobrindo a parede do abrigo, agrupadas frouxamente em quatro painis, encontram-se pequenas gravuras simples, produzidas por raspagem e preenchidas com pigmentos de vrias cores, que vo do vermelho ao preto. (...) So sulcos paralelos ou cruzados de vrias maneiras, algumas delas lembrando pisadas de aves ou smbolos femininos. (SCHMITZ et al, 1984, p. 24). Aps os estudos realizados em 1984, somente em 2003 publicado um novo estudo com foco em arte rupestre no Tocantins, Julia Berra em sua dissertao de mestrado estuda o complexo rupestre da Serra do Lajeado, onde foram cadastrados 33 stios de arte rupestre dos quais 8 so lajedos gravados nas guas do Rio Tocantins e um lajedo no vale do Rio Lajeado. Os demais so abrigos pintados sendo que 3 no esto localizados na Serra do Lajeado mas em vales fluviais, um a 200 metros do rio Tocantins e os dois restantes prximos a crregos pertencentes bacia do Rio Lajeado. (BERRA, 2003, p. 1) Destes trinta e trs stios Berra, focou os seus estudos em dezenove stios rupestres que foram divididos em cinco ncleos. O ncleo gua Fria, se constitui em uma importante concentrao de abrigos com arte rupestres situados ao longo de 9 km de numerosos entalhes da Serra do Lajeado (BERRA, 2003, p. 30) o ncleo composto por sete stios fortemente decorados por pinturas, os aspectos crono-estilsticos revelaram que os painis no esto excessivamente ocupados e as sobreposies no so numerosas. (BERRA, 2003, p. 120). A cor de maior preferncia na produo das inscries deste ncleo foi o vermelho com vrias tonalidades, os pigmentos como o preto, o branco e o amarelo, foram utilizados porem em quantidade menor. O ncleo Lajeado foi dividido em quatro stios, que se espalham no vale do Rio Lajeado apresentando uma coerncia estilstica em torno de uma tcnica que privilegia a bicromia de amarelo e vermelho, contornos vazados e preenchimentos que articulam espaos vazios e decorados. (BERRA, 2003, p. 138) os motivos de maior preferncia encontrado no ncleo so os zoomorfos. No ncleo denominado Todos os Santos, encontra-se seis stios com forte apelo geometrizante em uma temtica que, contrariamente ao gua Fria, se interessa por pssaros, homens e seres hbridos (BERRA, 2003, p. 141). Mutamba um ncleo composto por somente um stio, no muito denso em pinturas, entretanto com um caso de sobreposio que decorre no da falta de espao, mas talvez da busca em formar composies com o preexistente (BERRA, 2003, p. 141), este abrigo abarca representaes de cestas, o que nos proporciona presumir a confeco de cestaria na regio do Lajeado. Tambm foram encontrados possveis tipitis nas pinturas rupestres sendo outro indicativo destas atividades. Assim como o Mutamba o Ncleo Foz um nico stio, composto por pinturas monocrmicas (BERRA, 2003, p. 142) com ausncia absoluta de bicromia, as pinturas apresentam-se chapadas com grande variedade de motivos geomtricos. Conclui-se segundo Jlia Berra, que a arte rupestre na Serra do Lajeado, possui grande individualidade, entretanto se mostra semelhante a inscries encontradas no Piau e em Minas Gerais.
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Estes fatos nos revelam que no Tocantins h uma grande deficincia nos estudos rupestres, no por inabilidade dos pesquisadores precederam as pesquisas, mas porque foram poucos e inconstantes. Observando a expanso territorial tocantinense no h estudos abrangentes sobre a temtica, tendo em vista esta deficincia, modestamente foi realizado este mapeamento com informaes coletadas em levantamento bibliogrfico agregados as informaes obtidas durante os estudos referentes ao tema nos projetos3 realizados pelo NUTA.

Os projetos at o momento que registraram stios com inscries rupestres foram: SALTINS, SALTMISA, SALTFENS, SALTAREIAS E SALTOVIA BR 242.
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Mapa de Localizao (MORAIS, et al 2009)

Mapeamento Rupestre do Estado do Tocantins

O mapeamento rupestre do Tocantins se deu a partir da observao da quantidade de stios rupestres que haviam no Estado e em contra partida a ausncia de informaes condensadas. Ento optamos por elaborar um levantamento bibliogrfico a respeito destes stios, e em seguida fomos buscar informaes com relao localizao dos mesmos. Aps o encontro destes dados utilizamos o software computacional denominado Track Maker para disposio das coordenadas que nos disponibilizou a localizao dos stios no que foi nominado Mapa Rupestre do Tocantins. Com este mapeamento observamos uma considervel variedade tcnica na produo destes grafismos, indo da pintura gravura e, ainda, a associao das duas tcnicas em um mesmo stio. Entretanto, podemos observar uma preferncia maior das gravuras sobre as pinturas na regio do baixo Tocantins e o inverso das caractersticas tcnicas no mdio e alto Tocantins, dado que revela duas caractersticas distintas das inscries rupestres na regio trabalhada, que futuramente poder responder maiores perguntas a respeito da temtica com a continuidade desta pesquisa, e o aumento do interesse cientfico pela rea pesquisada.

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Mapa Rupestre do Tocantins

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Concluso
Os stios rupestres no Tocantins apresentam-se em dois grandes plos, um ao norte do estado, onde prevalece a tcnica da gravura e ao centro-sul do estado, com a preferncia tcnica das pinturas. As pinturas no quadro geral do Tocantins so aproximadamente 52% da preferncia tcnica, as gravuras representam 38% e a associao de tcnicas de gravura e pintura so apenas 9% aproximadamente. Entretanto, se dividirmos o Estado do Tocantins ao meio, tendo em vista a capital Palmas para esta diviso, observamos 93% de gravuras ao norte da capital e 92% de pinturas na regio sul partindo da capital. Dados que nos revelam uma grande distino das tcnicas de produo dos grafismos rupestres por determinadas reas. O Tocantins um cenrio pr-histrico de significativa variedade cultural e significativa importncia arqueolgica, tendo em vista a diversidade das tcnicas elaboradas por estes povos para excusso da arte rupestre e a variedade de motivos inscritos nas rochas para alm da localizao do estado. Entretanto, em meio a riqueza arqueolgica, o Tocantins necessita de aes educativas, pois os stios rupestres esto sendo apagados diariamente pela ao de vndalos que os extinguem com mais intensidade que o tempo os guarda.

Bibliografia
BERRA, Jlia Cristina de Almeida (1994). A Arte Rupestre na Serra do Lajeado, Tocantins. 2003. Dissertao (Mestrado em Arqueologia) USP. So Paulo. DANTAS, Jos de Azevedo. Indcios de uma Civilizao Antigussima. Joo Pessoa: A Unio. PESSIS, Anne M. (1989). Mtodo de Anlise das Representaes Rupestres. Caderno de Pesquisa, Srie antropolgica II, n. 3. Teresina, UFPI, p. 13-37, 1983. PROUS, Andr. Arte Rupestre Brasileira: Uma Tentativa de Classificao. In: Revista de Pr-Histria. So Paulo, USP, v. 7, p. 9-33. SCHIMITZ, Pedro Incio et al. (1984). Arte Rupestre no Centro do Brasil: Pinturas e gravuras da pr-histria de Gois e oeste da Bahia. So Leopoldo, UNISINOS. MORAIS, Fernando; SOUZA, Lucas B.; PONTALTI, Alexandre L. e ROCHA, Saulo da. (2009C). Caracterizao geoespeleolgica de duas grutas em arenito no municpio de Palmas-TO. In: Anais do XXX Congresso Brasileiro de Espeleologia. Montes Claros, SBE.

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