2006 SIEG Lavadores Foz (Ribeiro Et Al)
2006 SIEG Lavadores Foz (Ribeiro Et Al)
M dos Anjos Ribeiro (1) Manuela Marques (1) Clara Vasconcelos (1) Deolinda Flores (1)
(1) Departamento de Geologia da Universidade do Porto, Porto.
E1 GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
AVEIRO 2006
SIMPSIO IBRICO DO ENSINO DA GEOLOGIA XIV SIMPOSIO SOBRE ENSEANZA DE LA GEOLOGA XXVI CURSO DE ACTUALIZAO DE PROFESSORES DE GEOCINCIAS
1. Localizao do itinerrio
O itinerrio proposto localiza-se na orla litoral do Grande Porto e compreende dois percursos distintos, o primeiro ao longo da Praia de Lavadores, situada a sul da foz do Rio Douro, em Vila Nova de Gaia, e o segundo a norte da foz do mesmo rio, na orla litoral da cidade do Porto, entre o molhe de Felgueiras e o Forte de S. Francisco Xavier, vulgarmente conhecido como Castelo do Queijo (Figura 1). Os dois locais so de fcil acesso por automvel, ou utilizando os transportes pblicos urbanos, nomeadamente o autocarros n 93 para Lavadores, e os n 21, 200 e 502 (entre outros) para a praia do Castelo do Queijo, todos eles com origem no centro da cidade do Porto. Os percursos sero percorridos a p, sem dificuldade, efectuando-se sobre afloramentos granticos em Lavadores, e ao longo da praia no Complexo Metamrfico da Foz do Douro. Chama-se a ateno para o facto de alguns aspectos geolgicos, particularmente os mais interessante, s poderem ser observados na baixa-mar.
Percurso 2
Percurso 1
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Figura 2 Mapa geolgico simplificado (Martins et al, 2003). Legenda: 1 Depsitos do Quaternrio; 2 Granito da Madalena; 3 Granito de Lavadores; 4 Granito do Castelo do Queijo; 5 Granito do Porto; 6 Complexo Xisto-Grauvquico; 7 Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro; 8 Falhas.
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A faixa metamrfica est bem desenvolvida a norte da Foz do Rio Douro, entre o molhe de Felgueiras (Foz do Douro) e a praia do Castelo do Queijo, sendo representada por rochas metassedimentares espacialmente associadas a ortognaisses e a anfibolitos que, no seu conjunto, constituem o Complexo Metamrfico da Foz do Douro (CMFD) (Borges et al., 1985, 1987; Noronha, 1994; Noronha & Leterrier, 1995, 2000; Marques et al., 2000). Estas rochas foram includas em duas unidades tectonoestratigrficas distintas (Carta Geotcnica do Porto, 1994; Noronha, 1994), a Unidade de Lordelo do Ouro (ULO) e a Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro (UGFD) (Figura 3). A ULO contacta a Leste, por acidente tectnico, com o granito do Porto (3) e a Oeste com a UGFD. Constitui uma estreita faixa de rochas metassedimentares dobradas cujas foliaes so discordantes das foliaes presentes nos ortognaisses associados (Borges et al., 1985; Ribeiro e Pereira, 1992). A UGFD representada por diferentes ortognaisses, por vezes intensamente deformados, devido presena de corredores de cisalhamento. Com base em critrios texturais, mineralgicos e estruturais foi possvel distinguir, nesta unidade, vrios tipos de gnaisses, nomeadamente, gnaisses biotticos de composio tonaltica e gnaisses leucocratas, gnaisses leucocratas de tendncia ocelada e gnaisses leucocratas ocelados (Borges et al., 1985, 1987). Associados s rochas gnaissicas da UGFD e aos metassedimentos da ULO ocorrem anfibolitos de origem magmtica com afinidade toletica (Bravo e Abrunhosa, 1978).
Cobertura Sedimentar
at - aterros recentes a - aluvies Q - depsitos marinhos PQ - depsitos fluviais
Figura 3 Mapa geolgico-estrutural da faixa metamrfica da Foz do Douro (segundo a Carta Geolgica da Carta Geotcnica do Porto, 1994).
Estudos de geocronologia efectuados sobre as rochas gnissicas (mtodo do U/Pb em zirces) atribuem uma idade de 575 + 5 Ma aos gnaisses biotticos e de 607 + 17 Ma aos gnaisses leucocratas de tendncia ocelada (Noronha e Leterrier 1995;
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Leterrier e Noronha, 1998; Noronha & Leterrier, 2000). Os dados geoqumicos obtidos pelos mesmos autores indicam, ainda, uma origem profunda com contribuio mantlica para os gnaisses biotticos, e uma origem francamente crustal para os gnaisses leucocratas de tendncia ocelada. Os anfibolitos, por sua vez, apresentam composies qumicas compatveis com basaltos do tipo MORB (Mid-Ocean Ridge Basalts), e so anteriores a todas as fcies gnaissicas.
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P1
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Figura 4 Localizao das paragens do percurso 1, na Praia de Lavadores.
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
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Descrio geolgica
Litologia O granito de Lavadores um granito porfiride, com matriz de gro mdio a grosseiro, biottico (biotite primria), podendo apresentar alguma moscovite e abundantes megacristais de felspato potssico (Figura 5A). Nos megacristais, a incidncia da luz solar permite verificar a existncia de um plano que divide o megacristal em duas zonas com diferente orientao cristalogrfica plano de macla (macla de Karlsbad) (Figura 5B). Os megacristais apresentam outra caracterstica importante, a presena de orlas de crescimento tardio relativamente cristalizao da matriz envolvente, muitas vezes evidenciadas por linhas concntricas de concentrao de biotite (Figura 5D). Verifica-se que a quantidade de megacristais muito varivel, havendo zonas em que se observa grande concentrao destes, em detrimento de outras em que ocorrem de modo mais disperso (Figura 5C).
A C
B D
Figura 5 Aspectos texturais e mineralgicos do granito de Lavadores. Legenda: A - granito porfiride, com matriz de gro mdio a grosseiro, biottico, com megacristais de feldspato potssico; B megacristal de feldspato potssico com plano de macla (macla de Karlsbad) evidente; C zonas em que se observa grande concentrao de megacristais de feldspato potssico; D orlas de crescimento tardio relativamente cristalizao da matriz envolvente, evidenciada por concentrao de biotite.
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Este granito , ainda, caracterizado pela presena de numerosos encraves mesocratas e melanocratas, em geral microgranulares, por vezes com alguma tendncia porfiride. Estes encraves tm dimenses variveis, contactos bruscos e formas mais ou menos ovaladas. Em alguns locais do afloramento, os encraves ocorrem em concentraes, por vezes alinhadas (corredores de encraves ou enxames de encraves) que parecem representar, no seu conjunto, estruturas magmticas relacionadas com a instalao e o fluxo do magma (Figura 6A). Estes aspectos podero ser explicados por cristalizao, mais ou menos simultnea, de dois magmas imiscveis e com diferentes viscosidades, correspondendo um deles a um magma grantico, e o outro, a um magma possivelmente de composio tonaltica (Silva, 2001). Existem tambm xenlitos, ou seja, encraves que representam fragmentos das rochas encaixantes. Estes so, em geral, foliados (o encaixante compreende gnaisses, micaxistos e anfibolitos ou xistos anfiblicos), e mais abundantes nos bordos do macio grantico (Figura 6B). Verifica-se que alguns dos encraves apresentam megacristais de feldspato potssico, alguns deles desenvolvendo-se sobre o contacto entre o encrave e o granito envolvente (Figura 6C). Noutros casos, observa-se uma feldspatizao mais intensa na envolvente do encrave (Figura 6D).
A D
Figura 6 Aspectos relativos aos encraves do Granito de Lavadores. Legenda: A - corredor de encraves; B - encraves de diferente natureza, o de maiores dimenses um xenlito com foliao evidente e englobando micaxistos e gnaisses (rochas do encaixante); C - megacristal de feldspato potssico sobre o contacto entre um encrave microgranular e o granito envolvente; D - orlas de feldspatizao envolvendo um encrave microgranular.
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
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Estrutura do macio O macio grantico apresenta-se com uma colorao amarelada, individualizandose na paisagem blocos de grandes dimenses (Figura 7A). Em superfcies mais recentes, a rocha apresenta uma colorao rosada devido presena do feldspato potssico (Figura 7B). escala do macio verifica-se que o granito isotrpico, no evidenciando uma orientao preferencial. Todavia no homogneo, uma vez que mostra heterogeneidade na distribuio e abundncia dos megacristais e dos encraves. Para alm destes aspectos, so tambm observveis estruturas tpicas de fluxo magmtico, caracterizadas pelo alinhamento de bandas escuras essencialmente constitudas por biotite (Figura 7C). Em vrias zonas do macio so visveis files aplito-pegmattcos e quartzosos, sub-horizontais e verticais centimtricos, que se instalaram em fracturas numa fase tardia em que o macio j tinha comportamento frgil (Figura 7D). O macio grantico apresenta um diaclasamento bastante regular, agrupado em trs famlias principais, duas sub-verticais (N30E a N40E e N120E a N130E) e uma sub-horizontal (Figura 7E). Geomorfologia O sistema de fracturao associado aco qumica e mecnica da gua, originaram uma morfologia tpica deste tipo de rochas, permitindo a formao de grandes blocos com disjuno esferoidal (esfoliao) associada s superfcies de diaclasamento.
B A
Figura 7 Aspectos relativos estrutura do Macio Grantico de Lavadores. Legenda: A - aspecto da colorao amarelada e da individualizao de blocos de grandes dimenses condicionados pela fracturao do macio; B - cor cinzento rseo do granito quando no alterado; C estruturas de fluxo magmtico, marcadas por biotite; D - files sub-horizontais; E diaclasamento sub-vertical.
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Junto ao mar existem algumas plataformas de granito resultantes da aco erosiva das ondas plataforma de abraso actual (Ferreira et al., 1995) correspondendo zona inter-mars. Observando a superfcie dos blocos granticos que se estendem para norte, ao longo da costa, possvel interpretar a superfcie de abraso anterior, agora em desmantelamento (Figuras 8A e B). Observam-se, tambm, estruturas circulares, mais ou menos profundas, que se designam de marmitas - marmitas de gigante (Figura 8C). ainda possvel observar aspectos que reflectem a predominncia do tipo de meteorizao: - esssencialmente fsica, na plataforma de abraso actual, onde possvel observar filonetes e megacristais de feldspato e encraves em relevo, devido sua maior resistncia abraso (eroso diferencial); - essencialmente qumica, acima da zona de inter-mars, e concentrada em zonas onde a gua tem papel importante, nomeadamente nas marmitas e nas diaclases, resultando numa meteorizao qumica mais intensa dos minerais mais alterveis, ou seja, dos encraves e dos feldspatos.
Figura 8 Aspectos relativos geomorfologia (Chaves et al., 2003). Legenda: A - aspecto da plataforma de abraso actual no granito, com marcas de ondulao resultantes da aco erosiva das ondas plataforma correspondendo zona inter-mars; B - superfcie dos blocos granticos que se estendem ao longo da costa correspondente superfcie de abraso mais antiga, agora em desmantelamento; C - alinhamento de marmitas de gigante.
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Objectivos especficos
- Observar e interpretar as texturas e estruturas do granito; - Reconhecer as litologias presentes; - Interpretar os contactos entre o granito e os encraves; - Interpretar a relao dos files e filonetes com o granito e com a sua fracturao; - Reconhecer formas de eroso em granitos.
Recomendaes didcticas
- Chamar a ateno dos alunos para os parmetros e critrios de caracterizao macroscpica de rochas, nomeadamente os conceitos de textura, estrutura e composio mineralgica; - Referir a importncia e significado da escala de observao e descrio em trabalho de campo: a litologia descreve-se e analisa-se escala macroscpica (escala de afloramento), a geomorfologia e estrutura do macio deve ser analisada escala megascpica (integrao entre distintos afloramentos); - Alertar para a perigosidade de subir a alguns dos blocos granticos, nomeadamente os que apresentam a superfcie com algas, por serem muito escorregadias; - Dividir os participantes por grupos de trabalho de 3 a 4 elementos, para facilitar a concretizao das actividades e evitar situaes de perigo.
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Descrio geolgica
Neste local possvel observar o contacto brusco, e bem marcado, entre o granito porfiride de Lavadores e as rochas metamrficas encaixantes. Junto ao contacto, o granito apresenta uma grande abundncia de encraves, alguns deles xenlitos, com foliao evidente. As rochas metamrficas encaixantes compreendem diferentes litologias, nomeadamente metassedimentos quartzo-pelticos dobrados, anfibolitos e gnaisses mais ou menos leucocratas. As rochas gnissicas so de origem gnea (ortognaisses) uma vez que apresentam relaes de intruso relativamente aos metassedimentos e aos anfibolitos. Por sua vez, estes so intrusivos, tambm, nos metassedimentos. A foliao gnissica coerente com o dobramento apresentado pelos metassedimentos (Figura 9). Todas as litologias antes referidas e os respectivos contactos mtuos, so cortados por um filo aplitopegmattico (Figura 9).
4 1
B
4 4
D
4
Filo
Figura 9 Aspectos do encaixante do granito de Lavadores. Legenda: A - representao esquemtica das litologias presentes (Chaves, 2003): 1 - granito de Lavadores; 2 - files aplito-pegmatticos; 3 gnaisses; 4 metassedimentos; 5 - anfibolitos; B a E - fotografias com as litologias anteriores identificadas.
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
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Objectivos especficos
- Reconhecer as litologias encaixantes do macio grantico de Lavadores; - Observar e descrever as relaes de contacto mtuo entre as diferentes litologias do encaixante; - Reconhecer critrios que permitam a caracterizao dos gnaisses como ortognaisses; Interpretar as relaes de cronologia relativa entre os diferentes littipos descritos.
Recomendaes didcticas
- Referir os critrios de caracterizao dos contactos geolgicos (bruscos ou graduais; concordantes ou discordantes), e a sua importncia em termos de cronologia relativa; - Chamar a ateno para os processos de gnese dos gnaisses (paragnaisses e ortognaisses) e quais os seus possveis protlitos (respectivamente rochas sedimentares pelticas e rochas granticas).
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Descrio geolgica
As Pedras Amarelas recebem esta designao, porque enquanto o macio grantico, a norte, apresenta uma patine rosa avermelhada, as rochas deste sector apresentam uma patine negra amarelada e a superfcie rochosa evidencia em densidade de fracturao muito superior que se observa no Macio de Lavadores. Neste afloramento possvel observar algumas relaes de contacto com o granito de Lavadores. Observam-se algumas pequenas apfises granticas com megacristais, intrusivas numa rocha leucocrata com foliao marcada pela orientao da biotite. Esta foliao discordante relativamente ao contacto do granito, e tem orientao geral de N110E a N115E, embora apresente alguma variao. Esta litologia equivale aos gnaisses observados na paragem anterior, mas aqui so a litologia predominante. A fracturao destas rochas totalmente diferente da do granito de Lavadores. Aqui, o diaclasamento muito mais penetrativo (muito mais denso), no se observando a disjuno em bolas. As diaclases apresentam uma orientao N60E;70NW e N110E a N120E;65-70NE. Esta ltima orientao de diaclasamento subconcordante com a foliao antes referida. Em condies de mar baixa possvel observar que no interior destes gnaisses existem encraves de anfibolitos e de metassedimentos.
Objectivos especficos
- Observar e descrever a estrutura do macio gnaissico; - Reconhecer critrios que permitam a caracterizao dos gnaisses como ortognaisses; - Interpretar as relaes de cronologia relativa entre os diferentes littipos descritos.
Recomendaes didcticas
- Relembrar os processos de gnese dos gnaisses j abordados na paragem anterior.
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P P
P P
Figura 10 Esboo geolgico do Complexo Metamrfico da Foz do Douro (segundo Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 2000), com a localizao das paragens.
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Descrio geolgica
Na Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro, este o nico local onde se pode observar o gnaisse leucocrata de tendncia ocelada. Trata-se de um ortognaisse leucocrata, de gro mdio a grosseiro, pobre em biotite, com cristais mais desenvolvidos de feldspato que, localmente, conferem rocha um carcter ocelado. Apresenta uma foliao, por vezes dobrada, e forte deformao devida a cisalhamento. Na superfcie do afloramento so visveis zonas intensamente alteradas, de cor castanha-amarelada devida concentrao de xidos de ferro resultantes da alterao de lentculas e filonetes de pirite, em preenchimento de fracturas. A textura e estrutura destas rochas conferem-lhe um aspecto "apinhoado" tpico, que associado ao tipo de alterao permitem distinguir este gnaisse das restantes facies gnaissicas da Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro (Figura 11).
A
Figura 11 Gnaisse leucocrata de tendncia ocelada. A - afloramento onde se destacam o aspecto "apinhoado" tpico e zonas alteradas com cor acastanhada; B - pormenor de um cristal de feldspato.
Em algumas zonas do afloramento, so visveis files de uma rocha leucocrata de gro fino, intensamente deformados e com uma foliao discordante da foliao dos
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gnaisses (Figura 12). Em baixa-mar , ainda, possvel observar formas de eroso devidas aco dinmica das ondas, nomeadamente marmitas e cavernas, estas apenas presentes neste local (Vieira da Silva, 2001).
gnaisse
filo
Objectivos especficos
- Observar e interpretar as texturas e estruturas do gnaisse; - Definir as relaes cronolgicas entre os files deformados e o gnaisse.
Recomendaes didcticas
- Clarificar o conceito de gnaisse ocelado: gnaisse apresentando uma textura caracterizada pela presena de cristais, ou aglomerados de cristais, de forma lenticular definida pelo contorno da foliao externa; - Abordar a noo de cisalhamento dctil: deformao em corredores ou faixas originadas por tenses oblquas.
1 1
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Descrio geolgica
Neste local afloram diferentes litologias englobadas no Complexo Metamrfico da Foz do Douro, nomeadamente gnaisses biotticos, gnaisses leucocratas, anfibolitos e metassedimentos. Para alm destas rochas ocorrem, ainda, pegmatitos, files de quartzo e uma brecha gnea associada instalao do granito do Castelo do Queijo. As estruturas e relaes geomtricas entre as diferentes litologias permitem, pelo menos em parte, estabelecer uma hierarquizao temporal entre algumas destas rochas. Os gnaisses biotticos so representados por uma rocha mesocrata de gro fino, com fraca blastese de plagioclase e deformao evidente. Trata-se de um ortognaisse de composio tonaltica, sem feldspato potssico e rico em biotite e plagioclase, por vezes com diferenciaes leucocratas. Estas rochas apresentam uma foliao sub-vertical com direco regional N120E que, em alguns locais, evidencia um dobramento associado a cisalhamento direito. Em zonas muito restritas possvel observar o contacto discordante entre a foliao dos gnaisses biotticos e os metassedimentos dobrados, atestando o carcter intrusivo dos gnaisses (Figura 13).
gnaisse leucocrata metassedimentos dobrados
metassedimentos
gnaisse biottico
A
Figura 13 Gnaisse biottico e rochas metassedimentares associadas. Legenda: A aspecto em afloramento: B pormenor evidenciando a orientao discordante da foliao dos gnaisses biotticos com os metassedimentos dobrados.
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Os gnaisses leucocratas mostram uma foliao mal definida e ocorrem sob a forma de corpos estirados paralelamente orientao geral da faixa metamrfica. Neste afloramento podemos tambm observar a relao da foliao dos gnaisses biotticos com pegmatitos deformados e files de quartzo mais recentes (Figura 14).
gnaisse biottico pegmatito
quartzo
gnaisse biottico
Figura 14 Files de pegmatito e quatzo discordantes da foliao do gnaisse biottico. A - pegmatito; B quartzo.
No extremo norte do afloramento, ocorre uma brecha gnea relacionada com a instalao dos granitos do Castelo do Queijo, a qual constituda por fragmentos de rochas pertencentes ao complexo metamrfico, com orientao, forma e dimenses variadas, aglutinados por um "cimento" grantico (Figuras 15A e B). Includos nesta brecha ocorrem, tambm, encraves microgranulares (Figura 15C). Em toda esta zona so visveis concentraes anmalas de megacristais de feldspato potssico.
encraves
A C
Figura 15 Vrios aspectos da brecha gnea. Legenda: A - bloco de brecha cado na praia onde se destacam fragmentos de rochas metamrficas distribudos aleatoriamente, bem como numerosos encraves (s visvel em baixa-mar); B - pormenor de um fragmento de gnaisse biottico com orientao diferente da que apresenta nos afloramentos do mesmo local; C - encrave microgranular includo na brecha com megacristais de feldspato potssico, que tambm esto presentes fora do encrave.
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Muitos dos aspectos aqui observados, em particular as estruturas dos metassedimentos, dos gnaisses biotticos e dos gnaisses leucocratas, bem como as suas relaes espaciais, so visveis em toda a faixa que se estende para norte deste afloramento at Praia do Homem do Leme (Figura 16).
B A
Figura 16 Diferentes aspectos do Complexo Metamrfico entre a praia de Gondarm e a praia do Homem do Leme. Legenda: A - aspecto em afloramento dos gnaisses e metassedimentos na praia do Molhe; B - sigmoide no gnaisse biottico e sentido do cisalhamento.
Objectivos especficos
- Reconhecer as diferentes litologias presentes; - Analisar e interpretar as relaes geomtricas entre os diferentes tipos de rochas numa perspectiva cronolgica.
Recomendaes didcticas
- Chamar a ateno para o conceito de brecha gnea: agregado catico de fragmentos de rochas (do contexto regional) aglutinado por material gneo, nomeadamente grantico.
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Descrio geolgica
Neste local aflora um extenso corpo rochoso de cor negra que se destaca nitidamente das rochas envolventes (Figura 17).
gnaisse
anfibolito
gnaisse gnaisse
Figura 17 Aspecto do anfibolito da Praia de Gondarm, escala megascpica.
Trata-se de um anfibolito de gro fino, com aspecto homogneo escala megascpica. Em zonas mais alteradas visvel uma foliao que, escala macroscpica, se verifica ser definida pelo alinhamento de cristais de anfbola. De norte para sul do afloramento, a foliao roda de N160E para N60E, como resultado de um dobramento de eixo mergulhante 60 para N310E. Na zona central do afloramento, e em relao com o dobramento referido, podem observar-se bonitas dobras mtricas, quer no anfibolito, quer nos gnaisses associados (Figura 18).
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anfibolito
gnaisse
Objectivos especficos
- Distinguir o anfibolito das restantes litologias presentes; - Analisar as caractersticas do anfibolito em diferentes escalas de observao; - Reconhecer estruturas dobradas e medir as suas orientaes.
Recomendaes didcticas
- importante chamar de novo a ateno para a observao das rochas em diferentes escalas e quais as caractersticas que podem ser descritas a cada uma delas.
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Descrio geolgica
A norte da Praia do Homem do Leme desenvolve-se uma extensa mancha de gnaisse leucocrata ocelado que se estende at Praia do Castelo do Queijo. Este gnaisse s foi identificado nesta zona e apresenta caractersticas texturais que permitem a sua individualizao relativamente s restantes fcies gnaissicas da Unidade dos Gnaisses da Foz do Douro. Em todo o afloramento a rocha evidencia ocelos de feldspato potssico+quartzo com dimenso centimtrica. Apresenta uma foliao de orientao geral N120E, localmente dobrada, e um cisalhamento dctil direito que, em muitos casos, transpe a foliao (Figura19).
Figura 19 Gnaisse leucocrata ocelado. Legenda: A - aspecto do gnaisse em afloramento (praia do Castelo do Queijo); B - aspecto dos ocelos C - pormenor dos ocelos com indicao da orientao e sentido de movimento (direito) do cisalhamento.
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Espacialmente
associados
esta
rocha
ocorrem
metassedimentos
com
caractersticas semelhantes s observadas nas restantes paragens. Em frente ao edifcio da Estao de Zoologia Martima, as relaes geomtricas entre estas rochas e o gnaisse leucocrata ocelado so muito claras, evidenciando o carcter intrusivo dos gnaisses (Figura 20).
metassedimentos metassedimentos
gnaisse gnaisse
Figura 20 Contacto do gnaisse leucocrata ocelado com os metassedimentos. Legenda: A afloramento em frente do edifcio da Estao de Zoologia Martima; B - pormenor do contacto discordante do gnaisse com os metassedimentos
Ao longo do percurso at praia do Castelo do Queijo podem ainda observar-se alguns aspectos de eroso dos gnaisses, nomeadamente marmitas de eroso marinha devidas ao movimento turbilionar da gua (Figura 21).
Figura 21 Marmitas de eroso marinha sobre a plataforma de eroso actual, nos gnaisses leucocratas ocelados.
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Objectivos especficos
- Observar as caractersticas estruturais e texturais dos gnaisses ocelados; - Analisar as relaes geomtricas entre os gnaisses ocelados e os metassedimentos; - Reconhecer marmitas de eroso marinha nos gnaisses.
Recomendaes didcticas
- Alertar os alunos para as diferenas texturais e estruturais entre o gnaisse leucocrata de tendncia ocelada (Paragem 1) e o gnaisse leucocrata ocelado desta paragem.
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Descrio geolgica
Para alm de aspectos texturais e estruturais do gnaisse leucocrata ocelado, e da relao espacial entre esta rocha e os metassedimentos, em tudo semelhantes ao descrito para a paragem anterior, possvel observar, na zona central da Praia do Castelo do Queijo, o contacto discordante do granito do Castelo do Queijo com os metassedimentos, aqui com uma foliao de direco E-W (Figura 22).
granito
Figura 22 Contacto dos metassedimentos com o granito do Castelo do Queijo. Legenda: A - aspecto do afloramento da praia do Castelo do Queijo; B - pormenor onde se observa o contacto discordante do granito com a foliao dos metassedimentos.
A variao brusca da orientao da foliao neste sector da praia (N120 E.para EW), parece apontar para a presena de uma importante fractura nesta zona, eventualmente uma banda de cizalhamento. Neste local ainda de destacar a influncia da estrutura na morfologia das diferentes litologias. Enquanto no granito a morfologia dominada por grandes blocos
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
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condicionados pelo diaclasamento da rocha (caos de blocos), nos gnaisses a foliao que condiciona a morfologia sendo claramente visveis na paisagem corredores de eroso orientados segundo a direco da foliao (Figura 23).
B
Figura 23 Aspectos geomorfolgicos dos gnaisses e granitos na praia do Castelo do Queijo. Legenda: A - gnaisse leucocrata ocelado; B - granito do Castelo do Queijo.
Para norte, em direco ao Forte de S. Francisco Xavier (Castelo do Queijo), podem observar-se diferentes aspectos texturais e estruturais do granito. Trata-se de uma rocha com tendncia porfiride, de gro mdio a grosseiro, biottico, que por vezes evidencia a presena de encraves microgranulares de rochas melanocratas tonalticas (Teixeira, 1970; Noronha, 2000). Ao microscpio apresenta quartzo, feldspatos (normalmente oligoclase, microclina perttica e rara albite). A biotite a mica mais abundante (Assuno, 1962; Noronha, 1994, 2000), mostrando uma orientao aleatria na maior parte do macio embora, localmente, tenda a orientar-se segundo a direco N130E, orientao esta que se torna mais ntida e persistente nas imediaes do contacto com os metassedimentos. Este granito afectado por uma deformao frgil ps-cristalina, claramente visvel em lmina delgada (Borges et al., 1985, 1987; Marques et al., 1994; Noronha, 1994). A rocha apresenta um diaclasamento sub-vertical bastante regular, distribudo por duas famlias com orientao N30E e N130E, e uma terceira famlia sub-horizontal, que na parte norte do Forte de S. Francisco Xavier originou um dispositivo em escadaria.
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Junto fachada ocidental do forte afloram files de uma rocha leucocrata de gro fino, porfirtica (prfiros granticos), com orientao segundo a direco N60E (Figura 24).
A B
Figura 24 Filo de rocha porfirtica no granito do Castelo do Queijo. Legenda: A aspecto do filo em afloramento; B - pormenor da textura porfirtica.
Objectivos especficos
- Analisar as relaes geomtricas entre as diferentes rochas presentes; - Reconhecer a influncia da estrutura na morfologia; - Fazer a sntese geral dos percursos.
Recomendaes didcticas
- Comparar as caractersticas mineralgicas e texturais do Granito de Lavadores e do Castelo do Queijo.
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6. Referncias bibliogrficas
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E1 GEOLOGIA DA FAIXA LITORAL ENTRE LAVADORES E O CASTELO DO QUEIJO
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Anexo
Apoio cientfico para auxiliar no desenvolvimento das actividades propostas Percurso 1. Praia de Lavadores
PARAGEM 1. Em frente ao Restaurante Casa Branca
Actividades propostas
- Fazer uma descrio litolgica (textura e mineralogia) do granito.
O granito tem textura granular, com megacristais de dimenso variada (1 cm a 10 cm), e matriz com gro mdio a grosseiro. Com base nestas caractersticas, o granito deve ser descrito como porfiride, de gro mdio a grosseiro. Macroscopicamente possvel identificar biotite (ou mica preta), quartzo, e feldspato (feldspato potssico de cor rsea em megacristais e na matriz, e plagioclase de cor branca). Trata-se de um granito biottico.
megacristais biotite feldspato potssico
plagioclase
matriz
quartzo
A
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
B
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- Fazer um esboo que evidencie a relao entre os megacristais de feldspato e os encraves e estabelecer a sua cronologia relativa.
Como visvel na Figura 6C, existem aspectos evidenciando o crescimento de feldspato sobre a linha de contacto entre os encraves e o granito, o que demonstra a prvia existncia das duas litologias lado a lado. Ou seja, os megacristais so posteriores. megacristal granito
mais antigos
encrave
mais recente
- Estabelecer a sequncia cronolgica dos diferentes tipos de rochas observadas neste afloramento.
A sequncia cronolgica estabelecida tendo em conta a geometria dos contactos mtuos e a composio e estrutura interna dos diferentes littipos. Do mais antigo para o mais recente teremos:
mais antigo
metssedimentos anfibolitos gnaisses granitos biotticos
mais recente
aplito-pegmatitos
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- Comparar a morfologia dos gnaisses com a dos granitos, relacionando-a com a estrutura do macio.
O diaclasamento nos gnaisses mais penetrativo do que no granito, e como uma das orientaes de diaclasamento paralela foliao (N110E a N120E), esta vai condicionar a morfologia e a alterao do afloramento. No granito o diaclasamento define trs famlias ortogonais (duas verticais e uma horizontal) permitindo a individualizao de bolas.
- Fazer um esboo que represente a relao entre os files deformados e o gnaisse, com indicao da idade relativa entre as duas rochas.
Na Figura 12 visvel um contacto brusco e discordante entre a foliao do filo (rocha de gro fino) e a foliao do gnaisse, o que evidencia a presena de uma deformao sobreposta foliao do gnaisse
Ribeiro, M.A.; Marques, M.; Flores, D. & Vasconcelos, C.
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fol ia gn o ais do se
filo o do lia fo
mais antigo
metssedimentos gnaisses biotticos pegmatitos files de quartzo
mais recente
brecha gnea
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A atitude de um plano definida pela direco (ngulo que a recta horizontal do plano faz com o norte) e inclinao (ngulo da linha de maior declive do plano com a sua projeco horizontal). A notao utilizada para representar a atitude de um plano compreende dois valores, o primeiro correspondente direco do plano, e o segundo ao ngulo de inclinao e quadrante geogrfico para o qual o plano inclina. No esquema, o plano tem a atitude N120E;76SW.
Para medir com a bssola a atitude de um plano, deve proceder-se do seguinte modo:
Determinao da direco
1. colocar a bssola encostada recta
A B
horizontal do plano (A) e rod-la para a posio horizontal (B); 2. sem retirar a bssola da sua posio, rodar o mostrador graduado at fazer coincidir a agulha magntica com a seta que indica o norte; 3. anotar o menor valor angular indicado pelos pontos de referncia do mostrador graduado.
Determinao da inclinao
1. rodar o mostrador graduado de modo a que a escala do clinmetro (includa no corpo da bssola) fique com os valores 90 orientados paralelamente aos lados da bssola (C);
inclinao
2. colocar a bssola na posio vertical e paralela recta de maior declive do plano (D); 3. anotar o valor do ngulo indicado no clinmetro e o sentido de inclinao (quadrante geogrfico).
A atitude de uma recta, por sua vez, definida pelo ngulo de inclinao (ou mergulho) da recta (ngulo que a recta faz com a sua projeco horizontal) e pelo azimute da inclinao (ngulo da projeco horizontal da recta com o norte), sendo representada pela seguinte notao: 30;N300E, onde 30 o ngulo de inclinao e N300E (ou N60W) o azimute da recta (ver esquema).
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mergulho 30
eixo da dobra
Para medir com a bssola a inclinao de uma recta, utiliza-se o procedimento descrito para a determinao da inclinao de um plano. Neste caso, todavia, a bssola colocada na posio vertical sobre a recta cuja inclinao se pretende medir. Para facilitar a medio normal materializar a recta (lineao ou eixo de uma dobra, por exemplo) com um lpis ou qualquer outro objecto semelhante. O azimute determinado com a bssola horizontal e colocada paralelamente projeco horizontal (imaginada) da recta. Nessa posio roda-se o mostrador graduado at fazer coincidir a agulha magntica com a seta que indica o norte, e regista-se o valor correspondente direco de mergulho da recta.
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mais recentes
5 4 3 2 1
mais antigos
Files de prfiro Granito de Lavadores Gnaisses Anfibolitos Metassedimentos Granito do Castelo do Queijo
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