AS CASAS OU QUANDO A TERRA RECEBE O CU
Silvia Ceres (Argentina)
INTRODUO
Na antigidade remota, os povos mesopotmicos comearam a relacionar as posies celestes com os vaivns de
sua agricultura. Deste primeiro casamento, entre as observaes astronmicas e o mundo vegetal, foi se ampliando
o horizonte at o que hoje denominamos Astrologia Mundana: a sorte do reino e de seu soberano ficaram
indissoluvelmente atadas aos ciclos dos eclipses, ao deslocamento planetrio, ao incio das estaes.
As observaes apoiadas no movimento de translao da Terra ao redor do Sol chegaram a precisar as posies dos
astros no cu, os ngulos aspectos - realizados entre eles, as estrelas fixas, as fases da Lua, etc.
O historiador Flavio Josefo atribuiu a Beroso - sacerdote babilnio do sculo III a.C. - a introduo do conhecimento
astrolgico na Grcia. Deve-se ao mundo helnico o traado da diviso de casas, que em princpio foi de 4 setores
para em seguida passar a 8 e finalmente a 12, como atualmente o conhecemos.
Sem dvida, foi to importante esta inovao que a palavra horscopo - ponto que ascende - converteu-se em
sinnimo de carta natal.
O sistema astrolgico das casas permitiu aproximar o cu do homem, torn-lo interior, prprio e subjetivo,
outorgando importncia Astrologia individual.
Enquanto enunciamos frases como Mercrio se localiza em 14 de Leo, ou a Lua est em quarto crescente,
estamos mencionando fenmenos convocados no firmamento, fora e longe - do indivduo a quem reservado o
papel de mero observador desses fenmenos.
Logo, quando dizemos: Mercrio se localiza em 14 de Leo, na casa VI ou I, o homem se apropria dessa energia
incorporando ao universo pessoal uma posio planetria do universo estelar. Para situar o planeta em um
determinado setor, necessrio levar em conta o movimento de rotao da Terra sobre seu prprio eixo.
Movimento este que nosso planeta realiza ao cabo de 24 horas, oferecendo uma viso do cu diferente, de acordo
com a hora e lugar em que se encontra o observador do firmamento. Dito de outra maneira, as casas inserem o
indivduo nas coordenadas tempo-espao, outorgando- lhe uma identidade histrica e geogrfica.
Os planetas nos signos perfilam o indivduo como Filho do Cu, enquanto as casas permitem descrever o ser como
Filho da Terra, atravs das circunstncias que possibilitam a dito indivduo desdobrar seu ser no mundo.
De maneira que sobre o esquema da domificao atuaro a educao -formal e informal - os estmulos do meio
ambiente, o clima que rodeia a vida do sujeito e as experincias vivenciais.
Em sntese, o crculo zodiacal e de domificao, assim como respondem a dois movimentos astronmicos diferentes
da Terra - a translao e a rotao - respondem a diferentes dinmicas funcionais.
AS CASAS
Embora existam distintos percursos possveis para refletir sobre o significado de cada setor terrestre da carta natal,
nesta oportunidade escolherei em primeira instncia a abordagem realizada pelo astrlogo austraco Oskar Adler
(1875/1955) em um ciclo de conferncias ditadas entre 1930 e 1938.
Enquanto o ponto vernal, ou interseo da Eclptica com o Equador Celeste, marca o ponto de incio - 0 ries - no
sistema celeste, existe uma correspondncia analgica entre a interseo do horizonte do lugar e a Eclptica Ascendente - no sistema terrestre.
O eixo Ascendente-Descendente divide o mapa natal em um semicrculo diurno, de natureza luminosa ou solar, e
outro semicrculo noturno, de caractersticas lunares.
A zona superior define uma rea de liberdade cujo ponto culminante se localiza na casa X, denotando as conquistas
pessoais, fruto do esforo do indivduo para dar o melhor de si no tempo e lugar onde desenvolve sua existncia.
Como imagem, se poderia pensar que a metade superior, diurna, possibilita aos planetas irradiar sua energia
livremente, sem obstculos; mas os localizados na metade inferior tm que atravessar a massa terrestre - o horizonte
- submetendo-se filtragem do planeta Terra.
A zona inferior refere-se a uma regio de necessidade, determinada pelo passado e pela herana. O ponto mximo
do territrio noturno localiza-se na casa IV, setor da necessidade suprema de ter sido concebido pelos pais. Este
setor denota que se pertence a uma estirpe, a uma cultura e a uma ptria determinada.
A seu lado encontramos a casa III, algo mais prxima do horizonte, onde moram nossos vnculos familiares que se
apiam na igualdade de nvel - irmos, primos. Este setor assinala o mbito por excelncia do que dividido e da
comunicao, assentada sobre uma base comum - o consangneo ou o idioma.
A seguir da casa IV - sobre o oeste - localiza-se a casa V, relacionada com filhos, amores, ensino, jogos de azar e
criatividade. Claramente os filhos - fruto de prvios amores - conformam um elo na cadeia da herana; de maneira
no to categrica, mas no por isso menos concreta, o ensino e a criatividade conformam modelos de transmisso
de uma cultura determinada. Quanto ao jogo, uma forma ldica de tentar nos liberar da sobredeterminao,
embora finalmente o acaso, indefectvelmente, vencer e submeter a seus intuitos o intento de autonomia.
A casa II, casa da fortuna, tambm poderamos denomin-la o setor dos talentos, em uma dupla acepo da palavra.
Por um lado, assinala dinheiro e bens materiais relacionados com o entorno do nativo. Mas nela tambm residem os
dons e as faculdades psquicas e espirituais, uma capacidade ou poder que chegam ao homem como dote para sua
vida. O indivduo, possuindo alguma idia de sua liberdade pessoal, decidir como na parbola evanglica o que
fazer com os talentos recebidos.
A casa I - j limitando com o horizonte - contm a constituio psicofsica, as caractersticas da natureza do nativo,
que foi outorgada como um veculo indispensvel para representar a obra dramtica de sua prpria vida.
Cada Ascendente possvel determina a posio das restantes onze casas, mas tambm define um tipo de
personalidade, uma imagem da vida, uma lenda vital. Assim, encontramos uma lenda em ries, uma em Touro, etc.
que por sua vez condicionam as demais circunstncias da existncia.
S paulatinamente aprendemos no transcurso da vida a descobrir nossa verdadeira natureza. O combate do
autoconhecimento torna possvel impor passo a passo a prpria personalidade sobre o saber herdado.
Finalmente - tocando tambm a linha limtrofe entre o superior e o inferior - localiza-se a casa VI, onde ingressam os
planetas imediatamente depois de seu ocaso. Segundo a tradio, a casa da sade e da enfermidade, a casa da
servido. A sade e a enfermidade dependem da constituio total do corpo - servo primitivo do homem - e por
isso pertencem ainda ao mbito do hereditrio. A sade poderia ser definida como a cooperao harmnica entre os
rgos em favor do propsito da existncia. Mais tarde, na vida consciente do homem, converte-se no possvel
significador de sua adaptao harmoniosa ao organismo social, mediante o trabalho.
Por cima do horizonte se encontram as casas que j se livraram da herana e sua coero; e nelas se alcana,
paulatinamente, a autodeterminao pessoal.
A primeira casa sobre o horizonte a XII, relacionada com os inimigos ocultos e lugares de confinamento. Assim
como o Sol a cada amanhecer ingressa neste setor, tambm o ser humano no instante de seu nascimento d o
passo para ingressar no mundo diurno.
Ali se enfrenta inicialmente o conflito de um entorno inteiramente hostil. J o prprio ato do nascimento um
acontecimento dramtico, devido ao repentino desligamento que significa ser expulso da conteno do tero para
entrar em um mundo estranho e adverso, total merc de perigos desconhecidos. paradoxal que a primeira casa
da liberdade seja tambm a da impotncia e dos temores. Vale recordar os rituais de certas escolas iniciticas, que
fazem o adepto passar por situaes tenebrosas, semelhantes ao ato do parto e do nascimento.
A casa XI, a dos amigos, assinala o espao amistoso das ajudas que nos assistem na batalha pela liberdade iniciada na
casa anterior.
O cuidado materno a primeira fora auxiliadora da vida, a primeira fonte de simpatia, o primeiro gesto amistoso.
Mais tarde na vida, ela se converte no significado simblico da capacidade para reconhecer e procurar livremente as
atitudes reciprocamente solidrias.
A casa X ocupa o lugar mais alto acima do horizonte, assim como a IV se acha no ponto mais profundo debaixo do
mesmo. a casa da ao no reino da liberdade, onde o sujeito irradia para o entorno sua capacidade de gesto de
forma independente e imediata. A atividade humana na esfera pblica se torna a revelao consciente de seu ser, o
compromisso moral da responsabilidade por sua conduta, ante si mesmo e ante outros. A finalidade essencial desta
casa cardeal que aqui acontece a irrevogvel interao com o meio ambiente, onde o nativo imprime seus rastros
prprios no mundo, cumprindo com o que est acostumado a chamar-se profisso, quer dizer, sua misso no mundo
terrestre. Aquilo que o indivduo manifesta, retorna a ele como o eco externo de seu ambiente: sua boa ou m
reputao, a honra ou desonra, o prmio ou castigo sua conduta, etc.
Atravessando o meridiano aparece a casa IX, o setor das grandes viagens, dos estudos e da religio. O homem,
mediante o desdobramento de sua ao, se enredou em seu entorno, imprimiu sua marca, se dispersou para o
exterior; agora questo de retornar a si mesmo, se encontrar, iniciar a grande viagem ao prprio eu, o verdadeiro
eu e no eu que foi herdado. Este grande itinerrio atravs de diversas paisagens aquele que, simbolicamente,
leva o indivduo de volta sua verdadeira ptria.
As pequenas viagens (casa III) oferecem o saber depositado nos livros, enquanto a casa IX convida a conhecer a
sabedoria.
A casa VIII a casa da morte ou da colheita da vida. Mas a colheita vital s se realiza completamente quando se
dissolvem as ataduras terrestres, quando se conquistou a liberdade absoluta. A maioria dos homens s solta suas
amarras no ato da morte fsica. Mas para aqueles que encontraram o caminho para o prprio eu, significa a grande
transformao, da qual emergiro atravs de um segundo nascimento.
Assim, entendemos como a casa da morte simultaneamente a casa do despertar para uma forma mais elevada de
vida. Mas tambm a casa do julgamento que o homem deve exercer no interior de si mesmo, sala de espera
obrigatria para a ascenso a um nvel superior. o passo necessrio para o processo de purificao interna que
precede ao despertar. A cada noite, o sonho sejamos ou no conscientes - no outra coisa seno a roupagem
simblica de um julgamento interno, uma prestao de contas sobre o dia que acaba de ser concludo.
Simbolicamente, o sonho est irmanado com a morte.
A casa VII denominada a casa do matrimnio, das sociedades e dos inimigos declarados. Neste ltimo setor - ainda
pertencente regio diurna - preciso unificar o reino da liberdade com o da necessidade. A herana celestial e a
herana terrestre sero conduzidas para uma unidade harmnica, a fim de extrair a maior completude possvel dessa
unio de opostos, do superior e do inferior no homem, o matrimnio entre o masculino e o feminino primitivo.
Mas esta tarefa deve ser adotada com plena conscincia de que procede de um ato de liberdade. O casamento mundanamente falando - se diferencia dos vnculos da casa V - unies e relaes erticas - porque deriva de uma
deciso em liberdade, e no de uma imposio forosa da pulso.
Cada tipo de vnculo entre duas pessoas, constitudo pela livre deciso responsvel, pode ser entendido - de acordo
com o paradigma originrio do matrimnio - como um mtuo complemento de polaridades contrapostas.
Simultaneamente, se transforma para os envolvidos em uma prova da predisposio a renunciar, da disposio a
sacrificar aquilo que, no equilbrio das polaridades, passa a ser uma nota dissonante. Se carecerem de capacidade de
abnegao, os membros da relao se enfrentaro como inimigos declarados.
At aqui realizamos um dos mltiplos percursos possveis sobre o significado das casas natais. Como sabemos, a
interpretao mais ou menos sutil de um mapa natal est em grande medida condicionada pela capacidade do
astrlogo de compreender e inter-relacionar a dinmica das doze casas. Elas so as que permitem que os
consultantes se percebam em suas mltiplas variantes, vises, atitudes e abordagens de diferentes situaes da
vida.
No caminho escolhido para a interpretao, assinalamos que o eixo Ascendente-Descendente produzia uma diviso
entre uma zona superior, diurna, onde o indivduo exerce sua liberdade pessoal, e uma regio inferior, noturna,
onde o indivduo est condicionado pela necessidade.
Mas se recordarmos o axioma hermtico Assim em cima como embaixo, surge a possibilidade de um novo olhar,
onde as casas do hemisfrio inferior se projetam sobre o hemisfrio superior e vice-versa; para isso, desenvolveremos
o tema seguinte.
AS CASAS NODAIS
Alexander Ruperti, em seu texto "Ciclos del Devenir"[1] (Ciclos de Evoluo), referindo-se aos trnsitos dos nodos,
comenta que cada casa natal tem a possibilidade de uma segunda numerao, tomando-se em conta o atalho
retrgrado do nodo lunar.
Como feito isto? As casas se enumeram a partir do Ascendente no sentido do deslocamento de um planeta
direto, de forma tal que logo depois de casa I, prossegue a II e assim sucessivamente, at chegar ao setor XII.
Enquanto que, se considerarmos um percurso de retrogradao a partir do Ascendente, a casa XII na verdade seria
I, a casa XI se converteria em II e assim por diante.
H anos implemento na prtica do consultrio este duplo significado das casas em si, independentemente dos
trnsitos dos nodos.
O que contribui para esta segunda numerao? A possibilidade de obter de cada casa um primeiro significado
relacionado sua numerao natal, e outro ligado a um critrio nodal. Algo assim como um sentido explcito,
manifesto, e um subtexto que completa o dito sentido. Cabe recordar que, habitualmente, a Astrologia considera
toda retrogradao como um processo reflexivo, interno e introspectivo.
Cada casa possui mltiplos nveis de interpretao, por isso muitas vezes resulta complexo compreender qual o
ncleo sobre o qual giram temticas aparentemente diferentes. Como mero exemplo, vejamos a multiplicidade de
significados atribudos casa V: filhos, docncia, criao artstica, amantes, jogos, especulao financeira, diverso,
identidade, auto-afirmao, etc.
Mas tantas circunstncias heterogneas devem ter um ponto de confluncia. Creio que a numerao nodal
esclarece qual esse ponto.
Em princpio, podemos abrir um amplo campo de reflexo terica sobre a domificao, uma vez que nos permite
jogar com um esquema fixo onde sempre a VIII natal a V nodal, e onde precisaremos unir o significado de uma e
outra. Em uma segunda instncia, pode ser muito til para compreender temticas complexas de alguma casa em
uma carta natal especfica onde - alm dos variados temas que expem a presena planetria, o signo zodiacal da
cspide e sua regncia - permita acessar de maneira mais clara o desafio interno que o setor est propondo.
Como em toda tarefa de interpretao, podemos seguir vrias linhas. A que exporei a seguir no mais do que isso:
uma possvel associao que no pretende fechar nem esgotar outras leituras vlidas.
CASA XII NATAL - I NODAL. A introspeco proposta pelo setor XII se refere a que o sujeito constitua uma
autntica identidade (I), a que uma renovada auto-afirmao surja do profundo contato com o mundo interno onde
moram seus temores, suas limitaes, mas tambm suas capacidades secretas.
CASA XI NATAL - II NODAL. Todo projeto compartilhado (XI), para sustentar-se no tempo com vitalidade, deve ser
nutriente, atender s necessidades (II) de quem conforma o grupo. Geralmente, os grupos se destroem porque em
pouco tempo se descobre que cada integrante depositou necessidades diferentes e nem sempre compatveis.
CASA X NATAL - III NODAL. Para manter um rol social necessrio ter em foco o que se est "negociando" (III), o
que se entrega em troca do que se ganha; um assunto de custo / benefcio. Quando se investe demais, o lugar
social se torna insuportvel - fagocita o sujeito, como pode haver acontecido com Marilyn Monroe e tantos outros.
Quando se investe de menos, no possvel manter o que foi conquistado.
CASA IX NATAL - IV NODAL. A busca filosfica de sentido implica o encontro com uma primeira matriz, que d
conta da origem. Como dizia Aristteles, indiferente falar de verdades ltimas (IX) ou primeiras (IV). Praticar uma
certa religio ou filosofia nos torna parte de um ncleo ntimo. Por exemplo, na religio catlica - e em outros
movimentos religiosos - seus membros hierrquicos recebem a denominao de irmos, me ou pai.
CASA VIII NATAL - V NODAL. Toda crise (VIII) implica que as condutas habituais se tornaram ineficazes ou
obsoletas, por isso sucede a situao crtica. Portanto, necessrio lanar mo de solues criativas, originais (V).
Tambm certo que o indivduo se torna poderoso ao superar uma situao limite. Como dizia Nietzsche: o que no
nos mata, nos fortalece.
CASA VII NATAL - VI NODAL. Os pactos, as relaes de paridade que traa a casa VII, alm de ser um rduo
trabalho cotidiano - uma vez que as relaes no so estabelecidas de uma vez nem para sempre - implicam, para
perdurar, uma profunda conscincia da interdependncia mtua (VI).
CASA VI NATAL - VII NODAL. A busca da perfeio, da maestria, do domnio e da sntese do processo individual que
prope a casa VI tem como objetivo a entrega do melhor de si ao outro (VII). Caso contrrio, se corre o risco de
mergulhar em um processo narcisista prprio da casa V, acreditando que ningum melhor que ns mesmos para
realizar eficientemente qualquer tarefa que empreendamos.
CASA V NATAL - VIII NODAL. A necessidade humana de deixar rastros de seu passo pela vida - filhos, criaes, etc.
(V) - leva implcita a noo da finitude da existncia (VIII). Se no fssemos mortais, no necessitaramos to
intensamente transcender atravs da obra, em uma tentativa de burlar a morte e o esquecimento.
CASA IV NATAL - IX NODAL. O pertencimento a um cl (IV) antigamente estava determinado pela crena nos
mesmos deuses, no mesmo totem (IX). Isto se poderia pensar como uma das razes da exaltao de Jpiter regente natural da IX - em Cncer, signo natural da casa IV. Para quem nasceu na Amrica, da conquista europia
em diante, nossas origens esto longe, no exterior.
CASA III NATAL - X NODAL. Toda comunicao (III), para no converter-se em um balbuceio sem sentido,
necessita que cada interlocutor tenha medianamente claro aonde quer chegar (X). As brigas entre irmos, ou entre
pares, so um mau caminho para alcanar objetivos, embora s vezes sejam o nico caminho que o sujeito perceba
como factvel em pr de afirmar seu lugar no mundo.
CASA II NATAL - XI NODAL. Para que as necessidades prprias (II) possam ser satisfeitas - ainda que de maneira
transitria - indispensvel que o indivduo defina um certo projeto (XI) em relao a sua prpria vida. Do contrrio,
sente que quanto mais tem mais necessita, uma vez que este ter no est ligado a uma perspectiva de si mesmo.
Quando se est divorciado de um desejo genuno, a pessoa cr necessitar o que na verdade so s insgnias de
poder geradas pela sociedade de consumo.
CASA I NATAL - XII NODAL. A auto-afirmao, o Eu Sou (I), quando se converte em uma excessiva grandiloquncia
reiterativa, constitui-se em uma priso para o indivduo (XII). uma armadilha que impede o sujeito de apoiar-se em
outras partes de si que tambm lhe so prprias. A verdadeira auto-afirmao, para ser tal, necessita de um
profundo conhecimento do mundo interno.
At aqui, ficam vrios caminhos abertos para a prtica da interpretao:
- Traduzir esta proposta terica em situaes concretas de determinadas cartas natais, especialmente as que
apresentem configuraes notveis de aspectos: um stellium remarcando um setor, uma quadratura T, um yod ou
uma cruz csmica.
- Para cada Ascendente existe um determinado caminho como matriz, contrrio direo do zodaco tradicional.
Deste modo, por exemplo, todo Ascendente em ries ter:
Casa II em Peixes: a auto-afirmao da vontade (ries) precisa se enriquecer de compaixo e sensibilidade.
Casa III em Aqurio: o impulso individual (ries) potencializado quando posto em funo de ativar um projeto
comum com o entorno.
Casa IV em Capricrnio: o desafio de constituir-se em um ser autnomo (ries) tambm implica responsabilidade e
compromisso com nossas origens.
Casa V em Sagitrio: a vontade (ries) deve submeter-se a valores transcendentes para sua realizao genuna.
Casa VI em Escorpio: a ao (ries) mais eficaz quando se desdobra mediante estratgias elaboradas.
Casa VII em Libra: o impulso (ries) se completa quando se oferece em funo da colaborao com o prximo.
Casa VIII em Virgem: a iniciativa (ries) precisa purificar e discriminar seus objetivos.
Casa IX em Leo: a conquista de novos territrios (ries) adquire sentido quando se capaz de desfrutar com
alegria e generosidade o que foi conquistado.
Casa X em Cncer: a intrepidez (ries) consegue seu maior lucro quando funda uma estirpe de seres valentes.
Casa XI em Gmeos: a ousadia (ries) multiplica seus efeitos quando compartilhada com iguais.
Casa XII em Touro: a luta (ries) enriquece o indivduo na medida em que contribui para a segurana e firmeza
interior.
PALAVRAS FINAIS
A reflexo sobre as casas natais e nodais permite entender a relao de espelho suscitada no sistema de casas,
quando so superpostas utilizando-se como eixo a linha do Ascendente-Descendente. O jogo especular permite
observar de maneira prtica o axioma Assim em cima como embaixo.
Mas ainda fica outro assunto interessante para pensar. sugestivo observar que na inter-relao entre casas natais e
nodais, o nmero das mesmas sempre soma 13 (a XII I = 13, a XI II = 13, a IX IV = 13, etc.).
A letra nmero 13 do alfabeto hebreu Mem - uma das chamadas letras mes - cujo significado gua. O valor
numrico de dita letra 40, um valor relacionado com processos de transformao e purificao.
40 dias e 40 noites chove antes do dilvio universal. 1. Moiss 7,12.
40
40
40
40
dias e 40 noites jejua Moiss no monte Sinai. 5. Moiss 9,9.
dias e 40 noites jejua Jesus no deserto. Mateus 4,2.
anos Moiss conduz os hebreus atravs do deserto. 5. Moiss 2,7.
semanas so as que nada o embrio no lquido amnitico.
De maneira que este esquema no s permite unir o que est em cima ao que est embaixo, o ser da liberdade
com o da necessidade, quer dizer, o ser humano em sua totalidade, mas tambm torna possvel compreender que a
unio das casas natais e nodais nos oferece transmutao e, atravs do batismo - a purificao pela gua - ingressar
em outro nvel de conscincia.
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