Introduo a Hamlets Mill
John Major Jenkins
"But whatever fate awaits this last enterprise
of my latter years [Hamlets Mill], and be it
that of Odysseus last voyage, I feel
comforted by the awareness that it shall be
the right conclusion of a life dedicated to the
search for truth."
- Giorgio de Santillana (1968:xi)
Alguns livros esto frente de seu tempo. Alguns livros transmitem mensagens que ameaam
noes predominantes, e so, conseqentemente, afastados. Alguns livros so misturas de
insights profundos e especulaes fantasiosas. O Moinho de Hamlet - Um ensaio sobre mito e a
estrutura do tempo (1969) partilha em variados graus todos os itens acima. O Moinho de Hamlet
comeou uma revoluo na compreenso das fontes profundas da antiga mitologia. Embora
cambaleasse beira do esquecimento por anos, ressurgiu como uma inspirao fundamental
para muitos pesquisadores progressistas que encontraram a precesso dos equincios
observando os antigos mitos de criao ao redor do mundo.
Os autores
Os textos do Moinho de Hamlet cobrem 349 pginas e incluem outras 100 pginas de
apndices. Os autores deste estudo completo so acadmicos respeitados. Hertha Von
Dechend foi professora da Histria da Cincia na University of Frankfurt, e uma pesquisadora
associada ao MIT por 5 invernos, de 1962 a 1967. Por muitos anos ela enfatizou em seu
trabalho o relacionamento entre antigos mitos e a astronomia. Giorgio de Santillana (...) foi por
muitos anos professor de Histria e Filosofia da Cincia no MIT. Em 1969, quando O Moinho de
Hamlet foi publicado, ele tinha escrito numerosos artigos e livros. O que quer que esses autores
tm a dizer deve ser considerado com toda a seriedade. Santillana parece ser o orador
principal, ele atuou como editor para o material de von Dechend e compilou outro materiais
relacionados sua tese.
Moinho de Hamlet traa as transformaes do imaginrio mtico ao redor do globo em uma
misso de busca e salvamento, para trazer de volta vida uma viso arcaica sobre a natureza
do cosmos. Parece, na verdade, que um sentimento a priori, ou insight, leva o livro
progressivamente para sua concluso, que realmente mais de um novo comeo. Esta viso
arcaica uma descoberta cara dos dois autores, a culminao de suas carreiras acadmicas, e
eles parecem conduzirem-se rapidamente para documentar e consolidar a sua tese que Von
Dechend realmente abraou por muitos anos e compartilh-la com o mundo.
Existem problemas com o Moinho de Hamlet, mas eles so mais em termos de organizao do
livro do que uma deficincia de raciocnio. No entanto, algumas citaes, especialmente aquelas
do mito Mesoamericano, so algo fora do padro. Nesse caso, a razo pode ter mais a ver
com o estado embrionrio dos estudos da Mesoamrica nos anos 60. Quanto a outras falhas,
elas podem ser explicadas quando ns consideramos o contexto no qual o livro foi escrito.
Giorgio de Santillana publicou um livro dele mesmo no ano anterior e ainda estava lecionando
no MIT, ento sua carga de trabalho durante o final da dcada de 60 deve ter sido intensa. Na
verdade, ele estava doente na poca. Como escreve Irwin Thompson:
O professor de Santillana trabalhou para editar von Deshend quando ele estava doente e
prximo da morte, e ento este livro no a melhor expresso de suas teorias. Enciclopdico,
mas desconexo, freqentemente to catico quanto irritante. Esta fraqueza, entretanto, no
deve induzir em erro ao leitor. O trabalho muito importante na busca para descobrir as
dimenses astronmica e cosmolgica das narrativas mticas. (Thompson 1982:268-269).
Isto pode explicar as variaes na narrativa, o fluxo e refluxo da seqncia na qual o livro foi
ordenado, e o carter geralmente catico da organizao do livro. No entanto, a maior parte do
texto transmite interpretao implacvel e cuidadosa documentao da pesquisa internacional
em lingstica, arqueologia, mitologia comparada e astronomia. Adicionalmente, um informal e
geralmente envolvente estilo de prosa prevalece por toda parte (...). Hertha von Deshend, por
longo tempo historiadora e mitologista alem, parece ser a diretora por trs da cena:
Von Deshend argiu que a astronomia das mais antigas civilizaes muito mais complexa do
que ns temos admitido at agora. Ela v os mitos como a linguagem tcnica de uma elite
sacerdotal e cientfica; quando, portanto, um mito parece ser mais concreto (...) ele est usando
uma linguagem figurativa para descrever eventos astronmicos... a tese de Von Deshend de
que existe uma dimenso astronmica do mito que no entendido pelos arquelogos
convencionais do mito , acredito, muito correta (Thompson 1982:173).
Arquelogos do mito uma afirmao estranha, mas este estudo pertence a qual disciplina?
Certamente no astronomia, porque tcnicos de astronomia nada tem a fazer com mito antigo.
etnologia, mitologia ou cincia? O campo emergente da arqueastronomia talvez se aproxime
mais do ponto. Desde os anos 70, dois diferentes jornais acadmicos tem se dedicado a
elucidar e explorar o tpico da arqueoastronomia. N. Lockyear iniciou este campo no final do
Sculo XIX com a publicao de A Aurora da Astronomia (The Dawn of astronomy), em 1894. O
prximo avano real nesse campo veio com Stonehenge estudos de Gerald S. Hawkins nos
anos 1960. Como um resultado da nova "astro-arqueologia" de Hawkins pegando onde
Lockyear parou, e um crescente interesse acadmico no que o campo tinha para oferecer,
Giorgio Santillana achou por bem providenciar a reimpresso de Lockyear, The Dawn of
Astronomy, em 1964, para ocasio do seu 70 aniversrio.
Muitos dos antigos mitos da humanidade originaram-se de observaes celestiais. Isto
provavelmente a mais importante contribuio que o Moinho de Hamlet oferece, o que foi
suprimido e ridicularizado em grande parte desse sculo. Alm de seu uso auxiliar em
arqueoastronomia, esse conceito tem sido reivindicado como um princpio orientador para
aqueles que estudam a mitologia Maya. Os Mayas, a mais avanada cultura de matemtica e
de calendrios do antigo Novo Mundo, tambm preserva complexos mitos que so interpretados
hoje como referencial de processos e caractersticas astronmicos. Por exemplo, Linda Schele,
epigrafista Maya, publicou a rvore Sagrada Maya, um dos mais antigos motivos do mito Maya,
como uma descrio da intercesso da eclptica com a Via Lctea.
Muitos avanos neste sentido so registrados em livros que ela co-autorou com David Freidel e,
com alguma surpresa, ela ainda vai to longe para dizer,
"Com essa descoberta, percebi que cada imagem de grande simbolismo csmico Maya foi,
provavelmente, um mapa do cu" (Freidel et al. 1993:87).
Em outros lugares, ela escreve: "O monstro csmico tambm a Via Lctea" (Freidel et al
1993:87.) E, em uma ligao direta do mito para o cu:
"Claramente, Orion era a tartaruga que o Deus do milho levantou em sua ressurreio. A criao
da Via Lctea acima da tartaruga tinha que ser o Deus do milho aparecendo em sua forma de
rvore, como ele faz na Tablet da Cruz em Palenque. A Imagem da primeira tartaruga realmente
est no cu "
Grandes imagens mticas descrevem caractersticas ou processos celestiais. Von Dechend
estava dizendo a mesma coisa sobre o Velho Mundo e a mitologia polinsia no incio da dcada.
Agora que os estudiosos pegaram e reconheceram a importncia da perspectiva iniciada por
von Dechend e Santillana, podemos olhar para o Moinho de Hamlet com nova viso.
Infelizmente, um livro difcil. Como um escritor disse,
O livro deles rico e interessante, mas no e fcil de ler. Muitos diferentes temas e uma
extraordinria e diversa coleo de dados dobram uns sobre os outros em seus captulos como
pesadelos...
() nesta introduo vou separar o trigo do joio, e oferecer um resumo da mensagem essencial
do Moinho de Hamlet.
Traduo da Introduo do Livro Hamlets Mill, escrita por John Major Jenkins 1 parte. In,
https://www.bibliotecapleyades.net/hamlets_mill/hamletmill.htm, acesso em 13/07/2014.