0 notas0% acharam este documento útil (0 voto) 211 visualizações20 páginasA Indisciplina Dos Estudos Culturais PDF
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APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL,
por exeniplo, ode litany africanas de lin-
gua portuguesa, fora de departamentos dedica
Gos a cultura colonizadora, Assim acontece COL 3
mesmo diante da especificidade dos estudos ee
terdrios latino-americanos, Estudos “hispano-
americanos” podem ser quase rivais dos estudos
“latino-americanos”. E é claro que, dentro des-
ta mesma perspectiva os estudos da cultura la-
tino-americana nada teriam a ver com 0 Brasil.
Pelomenos até o recente movimento em defesa
da teorizagio e questionamento do latino-
americanismo como campo de investigacio cul-
tural, proposta que precisou ser formulada fora
da América Latina para merecer nossa atengdo'.
Detoda esta polémica inicial ficam alguns
Pontos: a inegavel persisténcia de marcas cul-
turais na producio da literatura, seja pela Iin-
Sua utilizada, seja pelo espaco ou tempo de sua
producao, seja ~ num dos termos mais felizes
que ficou da critica marxista — pela “visio do
mundo” do autor,
BEATRIZ RESENDE
Por isso mesmo, ao falar a pa
locus académico, ao mesmo tempo e
bemos poder encontrar uma trajetér
mentada, estamos certos de nos defr
acada vez, com os mais acirrados con
Nao era diferente quando se fal
minismo hé alguns atras, ou de p6s-
mo antes que o tema indiscutivelmen
os melhores alunos aos cursos de pé
cdo eA pesquisa.
‘Uma coisa ¢ inevitavel: debater
Estudo Culturais é colocar na mesa
organizacdo institucional de nossas u
des, nas multiplas dreas das Ciénci
nas, e nas diversas disciplinas em q
académico se organiza.
Talvez esta seja uma das razdes
Estudos Culturais, no Brasil, tam-se d
doem centros de pesquisas de relativ
déncia dentro da estrutura curric
énfase especial nos que se dedicam
da Educac&o, como os de Porto AlegreAPONTANENTOS DE CRITICA CULTURAL
diversos pesquisadores ligados ao tema, O fato
de os Estudos Culturais encontrarem também
espaco e interesse nas escolas de comunicacao é
mais facilmente explicdvel Pela juventude des-
tes estudos que ainda nao tiveram tempo de
Construfrem seus proprios castelos e na fertili-
dade de estudos sobre midiae comunicagio pro-
duzidos por autores e centros dedicados ao tema,
No Rio de Janeiro e em Floriandpolis, as
Pesquisas surgiram ligadas ao trabalho como
feminismo e etnias, juntaram-se a investiga-
Ses sobre formas de comunicagao midiatica,
sempre incluindo pesquisadores de areas di-
Versas e reiterando a vocagao de trocas inter-
institucionais destes centros,
Em minha vivéncia académica tenho ob-
servado que é, Provavelmente, nas 4reas de
Letras e Antropologia, que o debate se torna
mais ferrenho e mais provocativo, AAntropo-
logia, no Brasil, é uma disciplina fortemente
organizada no espago académico e altamente
produtiva. Vizinha de Pesquisas cientificas,
iv)
ae
BEATRIZ RESENDE
encontrou sempre, justamente nest
cientifico, seguranca diante de seu:
questionamentos. S que respaldo
significa utilizagao do critério de
ambigao de neutralidade e legitin
discursos emitidos, como nos apont
dantemente, Foucault, em textos cot
é um autor?”, Neste texto, como err
autor mostra que o simples pertencim
conjunto sistematico reconhecido cor
so cientifico garante confiabilidade
técnicas e objetos de experimentacao
dentemente da autoria declarada®
Nacional, o professor Otavio Velho,
midade no campo da Antropologia 2
dependéncia intelectual Ihe permite ¢
por exemplo a “Antropologia das En
chamou atengio para o poder e auto!
tecebe, hoje, o antropélogo como |
questées sécio-econémicas, comoad
das terras indfgenase ainda como me
debates e ages envolvendo diferente:APONTANENTOS DE CRITICA CULTURAL
A Antropologia é, pois, uma Area academica-
mente forte ondea defesa da especificidade dis-
ciplinar é conveniente.
Se o campo das Letras, dos estudos lite-
rarios mais especificamente, nao tem a mes-
ma legitimidade atribufda pela ciéncia, por
exemplo & Lingiifstica ou a Semistica, (supo-
nho que a valorizagao e os privilégios atribui-
dos as ciéncias, nos anos 70 encontrem um
bom exemplo no fato de um curso da Faculda-
de de Letras da UFRJ, criado justamente em
1970, ano de fortalecimento dos estudos pos:
graduados no pais, chamar-se “Ciéncia da Lite-
ratura”) ,em compensagio, marcado, Poruma
espécie de nobreza, Trata-se de um status atri-
buido, especialmente entre povos de passado
escravista, ao diletantismo; Literatura, assim,
seria coisa de diletante, os beletristas e, se
diletante, nobre, Porém, se nobre, em geral
conservador. A forca da defesa do cinone viria,
mais facilmente, desta rea, celebrada pelocon-
servador Harold Bloom, £ curioso observar,
ud
BEATA RESENDE
também, que 0 critério da “permané
boa literatura é a que fica, aquela q
cende os apelos de mercado, de seu
continua sendo afirmado num mon
que as Artes Plasticas, com 0 questio
do suporte, j4 praticam as instalagé
manifestacao artistica que tem por
propria efemeridade, hé tempos.
Os Estudos Culturais tenderiar
ante de disciplinas organizadas, reco
definidas ou de forte prestigio intelect
mo quando este prestigio nao cor
mais a um valor econémico, como é ¢
conhecimentos disseminados pele
Letras, a aparecer como forma de di
recusa do arcabouco tedrico especific
rizagio do saber, ligacao excessiva ao
O que pode significar 0 pouco a von
que os académicos se mexem nestes
gares, onde indefinigio apareceria ¢
vocando desorganizacdo, falta de hit
pouca nitidez na escolha dos objetoAPONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
investigados, tudo o que pode haver de mais
ameacador aos estudos académicos,
Os intelectuais - polémicos personagens
~ no entanto, tém, desde sempre e mais forte-
mente naquele que jé foi chamado “O século dos
intelectuais”, tentado de, uma forma ou de ou-
tra, propor o encontro dos saberes. Ficou céle-
bre a defesa que Sartre faz dos intelectuais em
Plaidoyer pour les intellectueles, quando afir-
ma que “o intelectual é alguém que se mete no
que no é de sua conta e que pretende contes-
taro conjunto das verdades recebidas e das con-
dutas que nelas se inspiram, em nome de uma
concepcao global do homem e da sociedade””
Se hoje o intelectual nao tem mais a fungiio de
porta-voz dos que ho tém voz — que preferem
falar por si mesmos —, tarefa de mediador entre
poderosos e oprimidos, como acontecia com 0
intelectual moderno, resta-Ihe ainda a funcao
critica que os distingue dos “dspecialistas”,
£ por acreditarmos na possibilidade de
se desenvolver uma reflexdo a partir de espacos
BEATRIZ RESENDE
de livre cireulago de idéias e de esta
vencidos da necessidade de se ocup
gar critico, que apostamos no debate
dos Estudos Culturais.
Ainda falando de literatura, sal
sua finalidade precipua nao é ser estu
despertar o gozo, Esta evidéncia traz
de saida, aos estudos literérios uma
io prévia, sobretudo num pais onde
telectual nao é dos mais valoriza
Jembro novamente o jovem Lukécs, 0
easformas, e sua preferéncia pelo co
tério de gosto” ao invés de critério de
que o papel de intelectual, de c
questionador, quando aliado ao de fi
analista da textualidade, pode despe
orico da literatura uma atracio pelo c
do que interdisciplinar dos Estudos
Quando, além disso, o que se
natural e inevitavel cruzamento rea
comparativismo, seja como for que:
dido, o terreno se torna inevitavelnAPONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
para os Estudos Culturais, ou Estudos de Cul-
tura, como foi o termo timidamente traduzido
quando pela primeira vez apareceu no espago
académico, através de uma resenha de Fredric
Jameson,. publicada nos Cadernos Cebrap.
Este ensaio é uma longa resenha critica
do volume Cultural Studies, publicada por L.
Grossberg, C. Nelson e P. Treichler, coletanea
que apresenta, em 1992, uma série de estudos
fortemente teéricos, apresentados na perspec
tiva de no construir uma grande teoria, Esta
teoria impossivel seria aquela que “imagina
poder definir a politica e a semidtica da repre-
sentaco, do género, da raca, ou da textualidade
para todas as épocas e todos os lugares”®, como
dizem os organizadores. Fredric Jameson,
apresentando 0 livro, fala em um “desejo cha-
mado Estudos de Cultura (@dltural Studies)”
que deve ser abordado “politica e socialmente,
enquanto projeto para construir um ‘bloco his-
torico’, e nao teoricamente, enquanto planta
arquitet6nica para uma nova disciplina’’.
BEATRIZ RESENDE
Averdade é que a expressio “E
Cultura” inseria a proposta dentr
tradigdo de estudos mais familiar a r
demia, mas nfo reconhecia um novo
entrecruzamento de saberes. Por o
revelava também certa resisténcia —
~ Aimportacio direta de teorias, espe
se percorrendo, em seu caminho de
os EUA. Cabe aqui lembrar algumas
levantadas por Heloisa Buarque de
em momento de seu ja longo percu
senvolvimento de pesquisas que cru
dos de género e etnias, na compre
Estudos Culturais como estudo di
entre producio cultural e processo:
politicos. A pesquisadora afirma qu
ma proposicao de trabalho nao é e»
nova entre os intelectuais da Améri
Chama, entio, ateng&o para o fa
“questdes centrais do combate pela’
naacademia americana, como o cone
saxo de cdnone, o discurso do poli‘APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
correto e mesmo certas politicas piblicas como
a ‘acao afirmativa’, simplesmente nao funcio-
nam no Brasi]”°,
Falar em Estudos Culturais 6, igualmen-
te, propor um debate que passa por temas
contemporaneos como 0 feminismo, o pds-mo-
dernismo, pos-colonialismo ¢ o latino-ameri-
canismo. Fazer com que os estudos literarios
Passassem pelas questées de classe, entre nés
da América Latina, Ja foi até perigoso, mas nfio
foi impossivel. Bem ao contréio, chegou a ser
‘uma perspectiva legitimadora, identificada com
potencialidades combatentes e inovadoras.
Quando nfo deu cadeia, terminou dando rest.
io. No entanto, cruzaros: estudos literdrios com
questdes de género e de etnias, reconhecer 0
Tompimento das fronteiras entre alta cultura e
cultura de massa, encontrou ‘oposiggo bem mais
forte. A apregoada necessidade de pluralismo,
de abertura democratica, parece cair imediata-
mente por terra. O canone é invocado, o crité-
tio de valor é ressuscitado, A multiplicidade
BEATRIZ RESENDE
transforma-se em dissolugao de c
pluralidade em auséncia de bases |
democracia em submissio, a defes
em fascinio pela globalizacio, a poli
populismo. Curiosamente, no mes
mento, os rebeldes modernistas fo!
formados em autores do canone
respeitados. Depois de acusados y
mente de futuristas, acabaram com
critério de valor, quanto mais “bisc
como dizia Oswald de Andrade, qu
herméticos, mais preciosos. Legitin
cretizada por via bastante contradité
brarmos que foram eles que inv
poema-piada.
Falando de Estudos Culturai
tanto claro que é preciso mapear na
espago, mas as minas em que pode
Ajuventude dos Estudos Cultu
porténcia do primeiro centro a abri
sadores vindos de areas diversas, 0
Contemporary Cultural Studies |APONTANENTOS DE CRITICA CULTURAL
Universidade de Birmingham, na Inglaterra,
tornam importante falarmos desta experiéncia,
Jembrando a trajetéria cumprida pelos Estu-
dos Culturais no momento em que surgiram e
se legitimaram.
Os trabalhos fundacionais na nova area
foram os de Raymond Williams (Culture and
Society) e de Richard Hoggart (The Uses of
Literacy), de 1958. Os dois intelectuais mar-
xistas, origindrios da classe operdria inglesa,
fundaram o decisivo Centre'for Contemporary
Cultural Studies.
Aos dois, logo se junta'd doci6logo jamai-
cano Stuart Hall, trazendo consigo a questo
da diaspora, a discussio dos conceitos de raca,
etnia e os efeitos do colonialismo sobre as so-
ciedades no Novo Mundo. E em seguida
Charles Taylor, que vai Franca estudar com
Merleau-Ponty e se torna decisivo na elabora-
G40 do conceito de multiculturalismo. A apro-
priagao do termo pelos movimentos sociais
americanos € pela vida politica nos EUA de
BEATRIZ RESENOE
certa forma esvaziou o debate ao tr
lono “politicamente correto”. Stuar
tinua, a meu ver, sendo o mais f
pensador do tema. E 0 mais polémi
almente quando aponta para morte
moderno, afirmando que a identid
celebragdo mével. O sujeito, que an
te tinha experiéncia de uma ident
ficada e estavel, assume identidades
em diferentes momentos, identidad
‘vezes contraditérias ou nao resolvi
tatando que as identidades naciona
declinio, mas novas identidades hi
gem em seu lugar, afirma que “as c
bridas constituem im dos diversc
identidade distintivamente novos |
na era da Modernidade tardia” *
Raymond Williams buscou,
sua vida intelectual, definir o term
Em Keywords, a vocabulary of c
society, afirma que cultura é um:
ou trés palavras mais complicadas[APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
inglesa. E isso se dé, sobretudo, porque pas-
sou a ser usada como conceito importante em
muitas diferentes disciplinas intelectuais e em
diversos sistemas de pensamento, distintos e
incompativeis. Williams continua a reflexdo
sobreo termo de forma altamente elucidativa,
mostrando que, desde 0 inicio, cultura foi usa-
da como nome de um proceso. No século
XVIII, comega-sea falar em culturas, no plural
(nfo, nao é uma novidade pjulticultural, co-
mecou com Herder): especificas e diferentes
culturas de diferentes nagdes e perfodos, mas
também especificas e varidveis culturas no in-
terior da nagao.
Eo uso moderno da palavra que a torna
mais complexa, até chegar a trés significados
principais, ainda segundo Williams: 1) 0 subs-
tantivo que descreve um processo geral de de-
senvolvimento intelectual, espiritual e estético,
apartir do século XVIII; 2) o substantivo usado
de forma geral ou especffica, que indica uma
forma de vida, de ou povo ou perfodo, ou da
BEATRIZ RESENDE.
humanidade em geral; e 3) o substa
designa trabalhos e praticas de ativi
lectuais ou artisticas. Este tornou-se o
do mais popular: cultura é misica,
pintura e escultura, teatro e cinema. P
desses temas, tem-se um Ministro d
Raymond Williams é ainda feliz quan
atengo para o fato de que em Arqueo
Antropologia Cultural a referéncia a
auma cultura é, em primeiro lugar, a1
produgio material, enquanto que n
enos Estudos Culturais é a sistemas s
e de significagéo, o que termina cor
ainda mais as relades entre produgat
e simbélica. Fica evidente que a com
portanto, no esta na palavra, mas 1
problemasem que ouso da palavra imy
acomplexa distingao entre alta cultur
pular, arte primitiva, cultura de mas:
tenimento é apenas a ponta de um ict
Williams termina o estudo do te
sentando um outro termo ainda maisAPONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
subcultura, quando afirma: “E interessante
que a crescente ampliagio do uso antropolé-
gico ou social de cultura ou culturas e forma-
des como subculturas (a cultura de um
pequeno grupo diferenciado) tem, exceto em
certa areas (principalmenté’a do entretenimen:
to popular) ou ultrapassado ou efetivamente
diminuido a hostilidade ¢ 'embarago e des-
conforto que Ihe é associado,”*
‘Nao creio que esta afirmativa se cumpra
entre nds, no Brasil, onde talvez pela heranga
colonial e escravista, o prefixo sub vem sem-
pre ligado as nogGes de subalternidade e infe-
tioridade e nao 4 de um conjunto menor (e
diferenciado) dentro de outro maior e mais
generalizante.
Eu mesma passei por experiéncia que
indicava a dificuldade de uso do termo. Conver-
sando com aluna de nosso programa de pés-
graduagao que elaborava, naquele momento,
sua tese de Doutorado em Semiologia, estudan-
do a tradugdo de Alice no Pats das Maravilhas
BEATRIZ RESENDE
para a lingua brasileira de sinais, a aut
bém uma militante pelos direitos d
no Brasil, me explicava que os jover
resistem a politicas publicas de integr
escolas, com alunos ouvintes, prefe
tudar em escolas s6 para surdos, as:
preferem freqiientar e conversar en!
Discutimos, entdo, se poderfamos d
grupo como uma subcultura. Encont
bibliografia sobre subculturas precic
cagées € a solucao de alguns probler
tas, porém, chegamos a conclusao de
impossivel, no estagio atual, utilizar
subcultura para designar as peculia
especificidades - mesmo aquelas q
sentavam escolhas proprias — de um ;
ainda luta por direitos iguais um p
generoso com qualquer tipo de defic
Adiscuss&o reapareceu na defe
provocada por outro pesquisador d
Culturais, ea mesma ponderacao (c
ranga nossa) ressurgiu. Mesmo estar-APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
nés, convencidos da propriedade em se defi-
nir subculturas como grupos de pessoas que
dividem um problema, um interesse, uma prd-
tica, que os distinguem de forma significante
de membros de outros grupos sociais - para
simplificar as possibilidades de definigao — a
palavra nao soava adequada,
Este exemplo nao aparece aqui gratuita-
mente, nem 6 apenas um detalhe vocabular,
mas traz uma das grandes questées que o de-
bate académico enfrenta na América Latina: 0
fato da reflexao sobre questies de diferenca,
de subalternidade, das novas subjetividades,
do “outro”, ser travada, predominantemente,
nas linguas dos centros de hegemonia econé-
mica, com ampla predomindncia do inglés.
Para serem ouvidos, para terem “voz”, é preci-
80 que os ensaistas latino-americanos se des-
loquem para estas linguas'. Talvez seja
justamente em reagio a esta necessidade im-
posta, que os Estudos Culturais vém se desen-
volvendo com forca e expressividade entre os
BEATRIZ RESENDE.
tedricos que se utilizam do espanhe
americanos ou nao). Esperemos que
venha a acontecer com o portugués. H
possivel debater o tema e observar a
artisticas e tedricas contemporaneas
mo no que diz respeito as criticas que
sem evocar nomes como o de Nést
Canclini, Cornejo Polar, George Yad
Martin-Barbero, dentre outros.
Dois trabalhos apresentam de
neira extremamente proveitosa, p
mais do que a histéria, a critica e au
da formacio e desenvolvimento do |
Birmingham. O ensaio de Norma $
“O Centre for the Contemporary
Studies da Universidade de Birngh
hist6ria intelectual”, traduzido e pub
Tomaz Tadeu da Silva, um dos pior
Estudos Culturais no Brasil e a lon;
realizada pelo proprio Stuart Hall ««
de publicagao dos “working papers’
dos no Centro entre 1972 € 1979:APONTANENTOS DE CRITICA CULTURAL
Studies and the Centre: some problematics and
problems” 5 1
Naverdade, as propostas de trabalho que
se unem em torno da sigla Estudos Culturais
se confundem com os objetivos, assim como
com os perealcos, por que passou o grupo
sediado na Inglaterra.
Oensaio de Norma Schulman naoé o tni-
co traduzido, mas me interessa por ter um olho
especialmente atento as questdes ligadas aos
estudos literarios. J4 ode Stuart Hall é precioso
pelo que contém de critico e autocritico, mas
também porterminar sendo uma avaliagdo agu-
da dos caminhos do pensamento em ciéncias
humanas na segunda metade do século XX.
Richard Hoggart, primeiro diretor do Cen-
tro, assim como Raymond Williams, foi profes-
sor e critico literario - ainda que nunca
alcangasse a importincia de Williams, que dei-
xou obras decisivas como Cultura e Sociedade,
0 cléssico O campo e a cidade na Histéria ena
Literatura e o decisivo livro postumo The
BEATRIZ RESENDE
Politics of Modernism. Against
Conformists. No entanto, foi Hoggart
meiro propés uma abordagem interc
da literatura no trabalho de 1970, “Li
Estudos Culturais”, onde afirma o des
os estudos de Lingua e Literatura In
trassem em uma relagdo ativa com s¢
Norma Schulman, como outros
importancia de Gramsci para os estud
tro, mostrando que a releitura de G1
final dos anos 70, a luz dos estudos d
de raca, foi extremamente importante
car em movimento a reavaliagao qu
fez da cultura popular."® Ainda tratand
tes do texto e da narrativa, caberia
mais polémico, porém também impc
tudo de Richard Johnson que d4 non
“O que 6, afinal, Estudos Culturais:
trabalho, merece destaque o enfoqui
questio da narrativa, vista como for
da organizagio da subjetividade. Jol
teme colocar sua posig&o particularAPONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
que “o objeto iltimo dos Estudos Culturais nao
é,na minha opinido, o texto, masa vida subjeti-
vadas formas sociais em cada momento de sua
circulagao, incluindo suas corporificagdes tex-
tuais”. E continua, explicando sua visio:
Isto esté muito distanteda valoragaolite-
rréria dos textos em si mesmos, embora,
naturalmente, os modos pelos quais al-
gumas corporificagdes textuais de formas
subjetivas so valoradas relativamente a
outras, especialmente por criticos e edu-
cadores (0 problema, especialmente, do
‘Baixo’ e do ‘alto’ da cultura), sejam uma
questo central, especialmente em teori-
as de cultura e classe."®
Anarrativa histérica que Stuart Hall faz
da experiéncia do CCCS ¢ uma oportunidade
de se avaliar a importéncia que o feminismoe
© ps-modernismo tiveram como contribui-
Ges decisivas ao intervirem (0 primeiro) e se
BEATRIZ RESENDE
articularem (0 segundo) numa rela¢
Estudos Culturais.
A primeira identificacdo que
diante do relato de Hall é a dificu
experimenta ao lidar com o realment
poraneo, considerado “hot to handl
diz respeito a literatura, hoje, falan
sil, vemos 0 quanto essa dificuldad
prova quando os criticos literérios
quase sempre, deixar a critica do
absolutamente contempordneo a ca:
nalistas que, sem maiores dificulc
queimados por estes mesmos schol:
gueiras das vaidades.
A primeira e mais decisiva 3
apontada por Stuart Hall sobre as pe:
senvolvidas no Centro éa das idéias d
as nogGes de ‘bloco histérico’ e ‘de h
que vao desempenhar um papel se
Estudos Culturais. Suart Hall afirmar
sio as idéias de Gramsci que corrige
tomada feita pelo Centro, vendo o peud
APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
do cientista politico italiano como “sempre his-
toricamente especifico e conjuntural” ~ os as-
pectos ahistéricos, altamente abstratos e
formais com queas teorias estruturalistas ten-
diam a operar. Destaca ainda 0 interesse pela
maneira como é formulado o conceito de
hegemonia: “Para Gramsci, ‘hegemonia’ nun-
ca é um estado permanente dos acontecimen-
tos e nunca indiscutivel”®.
A igualmente importante contribuigdo de
Foucault poderia ser, num rapido flash, resu-
mida pela tendéncia radical de seus trabalhos
em romper com qualquer modelo da hierar-
quia, fatores através do conceito de “praticas
discursivas’, eliminando as oposigdes expres-
sas pela dicotomia entre o significante - 0
discursivo ~ ¢ 0 ‘extra-discursivo’ aspecto de
qualquer pratica.
Mas é 0 impacto do feminismo sobre os
Estudos Culturais que se torna a parte mais rica
ecomplexa do relato de Hall. O autor reconhece
que 0 movimento forgou um repensar mais
BEATRIZ RESENDE
substantivo em todas as areas de tral
vocando alteragées fundamentais, te
cas como organizacionais, sobre.
estudado pelo Centro e como era
redesenhando o mapa dos Estudos
como redesenhou todas as areas da
lectual. Dai em diante a articulagao e
To € classe tornou-se tema consi
trabalho do Centro. Este foi o momer
mais fortemente foi posta a provaa it
Centro, considerada, tanto pelos pré
ticipantes como por seus criticos, co
impossivel”: ser a0 mesmo tempo
aberto, tedrico e concreto.
As raizes marxistas do Centro e
telectuais fundadores, além do debate
torno de questes envolvendo as cla
Ihadores que ocupou os Estudos Cu
primeiros momentos, em sua versac
causaram um certo desconforto |
tempos pés-modernos. Quase tanto
to quanto 0 que envolveu o mais i12
APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
marxista americano da contemporaneidade,
Fredric Jameson, © interesse ~ mais do isso, a
impossibilidade de ignorarestes ‘temas —pelaim-
Portancia que a midia Passou a ter, pela forca da
cultura de ™assas, € pelos efeitos de uma cultu-
Ta organizada em torno do consumo, irao ter
grande peso no campo dos estudos pds-moder-
nos. E assim que, tanto Jameson como os inte-
lectuais radicados na Gra-Bretanha, diaspéricos
ou nao, iniciam uma reflexdo sobre © pés-mo-
dernismonum, esforco pela ‘compreensao da cul-
tura posterior aos anos 60. Ainda uma vez, 0
pensamento de Gramsci, Principalmente os con-
ceitos de hegemonia, articulagao (sobretudo em
Jameson) e uma revisio da teoria do Bloco His-
torico, foram fundamentais para buscar entender
este entrelagamento das questées culturais com
a8 econdmicas, ag telacdes que se estabeleciam
entre local e global na era do. capital transnacional
© anova organizagao geopolitica do mundo,
Jameson insiste em definir 0 pdés-mo-
dernismo como um periodo entre dois esta-
BEATRIZ RESENDE,
gios do capitalismo, onde os antig
los de economia esto em process
truturagao, em escala global, inc
antigas formas de trabalho e sua:
nais organizacdes e conceitos. Re
do que volta e meia se cansa ¢
‘pés-modernismo’, como qualquer
timando sua propria cumplicidade
mo, deplora 0 uso equivocado q
Reconhece, ainda que a contrago
termo causa mais problemas do qu
mas pergunta-se se algum outr¢
pode, para usar suas proprias pal
conta da dimens&o tempo/espaco
modernismo se refere do mesmo 1
é, se outro termo consegue:
dramatize the issue in quite so ef
and economical a fashion. ‘We h
name the system’: this point of the
finds an unexpected revival i
postmodernism debate *°[APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL,
Nos Estados Unidos, os Estudos Culturais
caminham freqiientemente lado alado comare-
flexdo desenvolvida a partir de uma conviccao
da hegemonia do pés-modernismo e do desen-
volvimento de estudos que tém como foco de
interesse comum questées de género e sexuali-
dade, identidades nacionais, colonialismo e pos-
colonialismo, raga ¢ etnicidade. Os objetos de
estudo de campo analisados sio, predominan-
temente, manifestagdes artisticas e culturais de
subculturas urbanas. Dentre os britdnicos, que
encontram em Stuart Hall seu principal porta-
voz, os objetos de estudo em comum com os
americanos, em especial os midia studies, nem
sempre sao estudados da mesma forma. Seus
formuladores fazem questo de, junto com os
estudos propostas, evidenciar os acidentes ted-
ricos de pereurso, dando, freqiientemente, um
sentido mais provisério as conclusdes.
Stuart Hall, em entrevista dada em 1986
reconhecia-se como pés-marxista, mas apenas
no sentido em que reconhecia a necessidade
BEATRIZ RESENDE
de ir para além do marxismo ortodo
cao do marxismo garantido pelas lei
ria, mas operando ainda, de alg
dentro do que entendia serem c
discursivos de uma posigao marxista
diante de uma posic&o pés-estrutur
conhece a influéncia de Althusser
pensamento, para entender o sentir
como o seguir adiante sobre o terre
blematicas anteriormente estabelec
te sentido, se reconhece como um pé:
eum pés-estruturalista. Diante dot
modernismo, sua posicao nao se af.
da de Jameson, ainda que permane
te econémico no uso do termo. Para.
um lado, 0 pés-modernismo quer ¢
processo de fragmentaciio e diversi
modernismo tentou nomear, o movit
al foi mais além, penetrando mais f
nas consciéncias. Hall esté de acordo
da categoria, deixando claro, porér
nao quer dizer que acredite que con:-APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
época completamente nova, nem que acredite
que nao se tenha outros instrumentos a mais
para compreender o fenémeno, ou que tenha-
mos que relaxar e gostar da situag&o.””
Creio que é Lawrence Grossberg quem
explica bem essas relagGes perigosas/interessa-
das entre pés-modernismo e Estudos Culturais,
quando identifica a filiago de Stuart Hall a
‘Walter Benjamin (teoria da Histéria) e Antonio
Gramsci (teoria da hegemonia), mostrando que
hé também no socidlogo jamaicano a
constatagao que tais teorias nao teriam sido com-
pletamente desenvolvidas, enfrentando dificul-
dades frente as tradicionais categorias marxistas
de poder. E resume afirmando que os eventos
pds-modernos aparecem como tendo um lugar
crescentemente significante na nossa vida coti-
diana, e os discurso que est&o ancorados nestes,
eventos aparecem como tendo um lugar pode-
Toso em nossas relagGes culturais. Tanto o pos-
modernismo quanto os Estudos Culturais
necessitam encontrar maneiras de descrever os
BEATRIZ RESENDE
complexos contextos - formacées co
— no interior das quais as possibilida
se moldam, se ordenam e so compr
A presenga freqiiente de Fou
seus tiltimos anos, nos Estados Uni
como a participacio ativa de Julia
Jean-Frangois Lyotard e Tzvetan Tc
universidades americanas nos anos
finalmente, a influéncia de Pierre
fizeram com que 0 pensamento pés-
listae a forca dos crescentes movimer
levassem algumas universidades am
se constituirem em polos de crescit
Estudos Culturais. Nelas, foram os de
tos de Estudos Americanos e os de
Comparada que passaram a abrigar
identificadas como Estudos Culturai
Continua, pois, cabendo form
pergunta: por que o “desejo”, a re
muito tributaria a Gramsci (se ti
discutido melhor as propostas pouc
da “terceira via” talvez ela tivesse exAPONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
sim como a recusa da disciplinaridade incomo-
dam tanto? Da mesma forma como incomodam
ainda os estudos feministas e os étnicos, 0 ter-
mo pés-moderno e a virtualidade das (demo-
craticas) infovias circulando pelo cyberspace.
Asreflexdes propostas pelos Estudos Cul-
turais relacionam-se fortemente a sociedade
que os cerca e também as criticas que recebem.
Neste vasto pais abaixo do Equador, que nun-
ca quis se reconhecer como coldnia, a princi-
pal critica que se faz aos Estudos Culturais é a
de serem dominados pelos escritos america-
nos, ignorando-se que a critica produzida nos
EUA ou na Gré-Bretanha é antes produto de
‘um pensamento pés-colonialista.
O pés-modernismo pretende revisitar cri-
ticamente 0 modernismo, diferindo de qual-
quer momento estético-tedrico anterior por
nao exercer a recusa total do que o antecedeu,
mas nem por isso deixa de perturbar os defen-
sores do modernismo. O culto do moderno se
apresenta, assim, como a manutencdo de um
BEATRIZ RESENDE
desejo de autonomia da obra de art
sua elaboragio formal apoiada em
lectual tido como irretrucavel.
Finalmente, gostaria de termi
do que, sobretudo, o que me interes
tudos Culturais é a politizagao - r
grandioso que a palavra deve ter -
gacdo intelectual proposta. E na pI
cultural, no reconhecimento das diy
Jetividades, nas miltiplas identidade
teza de que, por exemplo, existem na
brasileira muitas literaturas brasil
est4 a possibilidade de se reconhec
plexo, o diferente, o outro.
Encontrando vantagens em sud
deintelectual “desenraizado”, Tzvetar
ao discutir as conseqiincias perigos:
onalismo, chama atengGo para o fato.
identidades culturais nao so apenas}
existem outras, ligadas aos grupos p
sexo, profissao, meio social; em no:
entao, todos j4 vivemos, ainda que-APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
diferentes, estes encontro de culturas no interi-
or de nés mesmos: somos todos hfbridos”**
Stuart Hall, em balango sobre os Estudos
Culturais e seu legado tedrico, faz uma afirma-
ao tao simples quanto necessaria, um alerta,
dizendo que, embora os Estudos Culturais se
Tecusem a ser um discurso mestre ou um meta-
discurso de qualquer tipo, precisam estar
conectados a algum desejo, é preciso haver um
interesse determinado na escolha que fazem.
Itis a project that és always open to that
which it doesn’t yet know, to that which
it can't yet name. But it does have some
will to connect; it does have some stake
in the choices it make. It does matter
whether cultural studies is this or that. It
can't be just any old thing which chooses
to march under a particular banner. Itis
a serious enterprise, or project, and that
is inscribed in what is sometimes called
the political’ aspect of cultural studies*,
BEATRIZ RESENDE
E sobre condigSes e problema
contramos, aquie agora, para falar ¢
de uma forma dialégica que buscame
procurando este espaco peculiar que
dos Culturais talvez possam oferecer.
mos, pois, a partilhar da conclusao de §
quando este diz estar seguro de que ¢
imensae definitiva diferenca entre cor
o sentido politico do trabalho int
substituir 0 trabalho intelectual por
Notas
CLIFFORD, James & MARCUS, George E. (
Culture. The Poetics and Polities os B
California, University of California Press.
* SEVCENKO, Nicolau. corrida para o séeulo
da montanka-russa. So Paulo, Compa
tras, 2001.
3 MALTA, J.M, de Toledo (org. e tradugio). Se
saios de Montaigne. 1° Tomo. Rio de J
Olympio, 1961, Pag. 148.
“Ver 0 que diz Eduardo Portella em “Como
disrio: anotagdes sobre o cénone”: *APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL,
recorte institucional ou na sua avidez apropriativa,
vem sendo o dedicado - tao dedicado quanto seden-
tario ~ zelador do cfinone”, In: Revista Tempo Brasi-
leiro n®, 129, Aporias do ednone, Org, Beatria
Resende, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, abril/ju-
nho 1997
5 Veja-se, a respeito, os estudos de Alberto Moreiras, atual-
mente na Duke University, EUA.
* Foucault, Michel. “What is an author?”, In: The Foucault
reader, Paul Rabinow (Ed.).New York, Pantheon
Books, 1984.
” SARTRE, Jean-Paul. Em defesa dos intelectuais. $0 Pau-
lo, Atica, 1994. Pég.14.
S GROSSBERG, L.,NELSON, C, & TREICHLER, P. Cultural
Studies. New York, Routledge, 1992
‘JAMESON, Fredric, “Sobre os Estudos de Culture’. In No-
vos Estudos- Cebrap. No.g9, So Paulo, Cebrap, ju-
ho de 1904
‘The politics of Cultural Studies", Conferéncia apresenta-
da na New York University em 1998. Divulgada no
suporte eletrénico www.uir.br/pace/studies html
(tradugéo minha)
“ HALL, Stuart. Identidade cultural, Sa0 Paulo, Memorial
da América Latina, 1997. Pég. 13 € 89
BEATRIZ RESENDE
“WILLIAMS, Raymond. Keywords. voeabul
and society. New York/Oxford Universit
Pag. 92.
© Refiro-mea Clélia Regina Ramos e sua tese int
leitura da tradugéo de Alice no pats da:
para. Lingua Brasileira de sinais”, defen
“ Zulma Palermo tratou desta questdo em “
Culturales bajo la lupa: la produecién a
‘America Latina.” apresentado durant
“Cultura Nacional.Teoria Internacional’
Faculdade de Letras da UFRJ.
"S In: HALL, S., HOBSON, D., LOWE. A & WILL
Media, Language. Centre for Contempo
Routledge, New York/London, 1980.
“In: SILVA, Tomaz Tadeu (Org,) O que é, afinal
turais?.Belo Horizonte, Auténtica, 1999.
"Mem, Pag. 92131.
Idem. Pig. 75.
HALL, S., HOBSON, D., LOWE. A & WILLI
Media, Language. Centre for Contemp.
Routledge. New York/London, 1980. P
* JAMESON, Fredric. The cultural tun. Sel
on the Postmodern, 1983-1998. Londi
1998. Pag. 48-49.[APONTAMENTOS DE CRITICA CULTURAL
* “if postmodernism wants to say that such processes of
diversity and fragmentation, which modernism first
tried to name, have gone much further, are techno:
logically underpinned in new ways, and have penetra-
ted more deeply into mass consciousness ete, i would
agree. But that does not mean that this constitutes na
entirely new epoch or that we don't have any tools to
comprehend the main trends in comtemporary
culture, soall we ean do isto lie ack and love it.” Apud
GROSSBERG, LAWRENCE, “On postmodernism and
articulation’. In: MORLY, D & CHEN,KH, (Ed.)
Stuart Hall. Critical Dialogues in Cultual Studies,
London/New York, Routtedge,1996, Pag. 131 2150.
* TODOROV, Tzvetan, O homem desenraizado. Rio de Jax
neiro, Record, 1999, Pag.26
* HALL, 8, “Cultural Studies and its theoretical legacies”,
IN: MORLY, D & CHEN,K.H. (Ed.) op. Cit. Pag. 263