Zoologia Sistemática Geografia e A Origem Das Espécies
Zoologia Sistemática Geografia e A Origem Das Espécies
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12400015487
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
IG
Série Teses
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
e Monogra fias
N. 0 3
P. E. VANZOLINI
ZOOLOGIA SISTEMÁTICA,
S ÃO PAULO
1 970
SUMÁRIO
13
An a lise sis
r • t ema"t•1ca . ~ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..
Interp1~etação ...................................................... . 25
a que pertenço. Omito não apenas detalhes, mas também muitas contro-
vérsias, apresentando unicament e o ponto de vista qtie adotamos. Menciono
apenas os pontos básicos (e, geralmente, ortodoxos) da teoria que infor-
mam o trabalho do sistema ta na elucidação de padrões evolutivos. Desta
posição pragmática, penso que a verdade não está falseada.
- 5 -
•
e ra s a ç -
A teoria, dita "sintética", da evoll1ção (que pode ser melhor es udada ,
por exemplo, em IVIay·r, 1963 e, principalmente, 1942, e Dobzbansk r, 19 l
baseia-se em dois mecanismos principais:
I
Especialização ecológica
Cada espécie é capaz de sobreviver dentro de um determinado espectro
de condições ambienta·s; por amplo qu e seja êsse espectro, nu11ca abrange
a totalidade das situações existentes na Terra. De um moào geral exce-
tuados os casos de adaptação a ambientes muito especiais ), a distribuição
dos animais terrestres nos continentes é correlacionada com as grandes
formações vegetais, ou com a temperatura, ou com uma combinação de
ambos os f atôres.
Cada espécie explora, de uma maneira que lhe é p.r ópria, os recursos
ambientais de sua área de distribuição: espaço para vi\·er, alimento ener-
gia solar, locais para reprodução, etc. Êsse conjunto de especializações
constitui o 1:~icho ecológico da espécie. Tôda a vez que duas ou mais es-
'
pécies exploram da mesma maneira um mesmo recurso ambiental que não
exista em quantidade suficiente para tôdas, diz-se que estão em c,()ncorrên~
eia ou competição. O resultado da concorrência continuada pode ser a so-
brevivência de uma única espécie, com a e{)Jtinção das demais concorrentes
(principio de Gause, ou da "exclusão competitiva'').
Fragmentação do território
-6-
eventos geológicos (orogenia, subsidência, etc.) que determinam o apare-
cimento de faixas de território, onde a vida da espécie é impossível, sepa-
rando áreas ainda favoráveis, onde ela sobrevive .
A uma faixa desfavorável separando duas áreas onde a espécie se
mantém chama-se uma bar'Jieira ecológ ica. Quando as barreiras são mui-
1
-7-
cori ência ruinm~a. elas poctem coexistir lado a lado (espéci<>s sim-
pátrzcas) ;
b) Se hou\ e1· concorrên cia. pode haver extin(:ão de uma ou mais es-
, .
pec1es.
Freqüentemente as dif erencas morfologicas se acentuam na área de
simpa tria (deslocame11to de caract cres. Brown & Wilson, 1956 l.
ESTAD O I NIC IA L
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I
BARREIRA ECOLOGICA
DIVERGENCIA
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GRAFICO 1 - I{ epresent acão _diagramâtica das possi \ ·eis seqüên ·ias de e \·ent os no
n1odelo d e especiação geográfica.
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TRABALHO DO SISTEMATA
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A unidad ográfic d tr balho
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ti ot1t·ra, u111a árt'a co11tí1 1u:t. 1\s }1<'1t?rog<:-.n 'Ítiades qt1 s '1111)1' ~<' encnn-
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pl<: s. })assou qua ·i te do < 'I.' 1·c i<11-io f'll1 j~ ol·1111<'11tcl, ' a <'Oll<'. ·ã ·011 a
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AN ÃLISE SISTEMÁTICA
Todo o trabalho de sistemática tem seu início e sua base maior no es-
tudo da morfologia dos animais. Êle pode parar aí, por conveniência ou
por limitação de recursos, ou pode enveredar pelo emprêgo de métodos com-
plementares, mencionados abaixo.
A matéria prima do trabalho consta, antes de mais nada, de coleções,
preser\-adas em museus e instituições semelhantes. É uma primeira e im-
portante tarefa do sistemata fazer o levantamento dos 1nateriais disponíveis
e julgar se são suficientes para, pelo menos, um ataque inicial ao problema .
Freqüentemente é necessário, durante o progresso do trabalho, suplementar
essas coleções, para melhorar a cobertura geográfica geral, para analisar
mais detalhadamente regiões críticas ou para aplicar métodos mais refi-
nados de estudo.
No julgar a suficiência dos n1ateriais disponíveis. doi. critérios são bá-
icos: (i) a amplitude da cobertura geográfica e (ii) a presença de boa
"amostra básicas''.
Como espero fique claro da exposição adiante, é esse11cial que tôda a
área de distribuição do grupo esteja representada nas coleções disponíveis.
pois um padrão de diferenciação só pode ser entendido como um todo. Por
outro lado, o problema básico da diferença e ntre espécies ou populaçõe.
pode ser reduzido a têrmos estatísticos mt1ito simples: consiste em co1n-
parar a ·v ariabilidade entre grupos com a ·v ariabilidade dentro de grupos.
Se a primeira for julgada significantemente maior que a segunda, uma di-
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existe. O estudo da \ ariabilidade está assim na raiz mesma de todo
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MAPA 1 - Algumas localidades do lagarto .A noli8 chrysolepiB (de Vanzolini & Williams, 1970).
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ficie11te . Grtlpamos. e11tão. as locaUctad es situ adas 110 estado de Falcón
l Tucaca , El Mene. Pauji , Água Linda, Araurima. Aroa e Palma Sola) _
depoi . naturalmente. de nos certificarmos da homogeneidade ecológica da
área e de testar a homog (.)neitiade estatística das arnostras. Entre os doi~
extremos, Trinidacl e Falcón, construímos o seguinte transecto, composto
de localidades isoladas ou grtlpadas ( se 1nuito próxima s e homogêneas, como
dito acima). Poderíamos ter e11tão : 1, Bejuma; 2; Pucrto Cabello; 3, Re-
gião de Rancho Grande (Rancho Grande R. Ocumare Turiamo l ; 4. + +
Pie del Cerro; 5, Distrito Federal (Caracas El Limó11 La Guaira + + +
Naiguatá +
Santa Lucia); 6, A11zoátegui (Puerto de la Cruz Naricual ,· +
7, Sucre ( Cuma11acoa + El Yaque + Cocollar); 8, Caripito; 9, Paria (Yacua
+ Cariaquito) .
N o mapa 2 está mostrada tôda a rêde de amostras básicas e transectos
de que faz part e o exem plo precedente.
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l\11\P A 2 - 1' ra n sec tos utilizados no estudo do l a ga rto ... l>1olis c llr11su l ep is tada p -
t a du de Van zolini. & Williams, 1970). Círculos, amostras básicas ... A, .. Falcón "
B, Trinidad . C, " N E Venez uela" (Explica('ão no texto) .
- 16 -
Análise das amostras básicas
O es tudo das amostras básicas visa elu cidar os segui11t es aspectos prin-
cipais: (i) existência de difere11ças sexuais; (ii) dependência entr e caracte-
res e tamanho dos indivíduos (\1ariação ont og enética); (iii) níveis de va-
riabilidade em amostras homogêneas; (iv) a ssociações entre caracteres.
Com base nos critérios assim es t abelecidos, é que pode1nos grupar di-
,,ersas amostras pequenas, procedentes de localidades ecolôgicam.ente seme-
lh antes, como feit o acima.
Às vêzes, podemos grupar certas localidades para uma finalidade, e
mantê-las individualizadas para outra. Por exemplo, as localidad,e s de 7 a
9 na lista anterior (Sucre, Caripito e Paria), foram grupadas como "NE
7
\ enezuela"· na consideração do transecto seguinte ao acima descrito .
a) discontinuidades bruscas;
b) áreas de transição. gradual.
-17-
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-21-
li pelo'"' n1étodo da ecção anterior resoI,,e a gra11de n1aioria do~ ca O ,
poi permite ,,erificar a pre e11ça ou ausê11cia de uma fai .. a de intergrada-
ão. própria de subespécie . No caso de espécies pode111 apaJ'ecer ocasio-
11almente híbridos mas geralmente 11ão de maneira a perturbar a análise.
Co11tudo, os casos difíceis só pode111 er ~olt1cionado por outro 111étodos ,
como di ct1tido na próxin1a secção.
-- 22 --
MÉTODOS CO PLE E T RE
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u s=i o sirnples fi .,.ur: .s t.ra~·a das sôbre uma f ôlha d pap l. E eh -
gadíl o rno1n n f ) d ' i11t r p t e t á- l as . prin1 i t'O pas. o ,. corre lacionado con1
- 25 -
gimes flu,,iais (e de sua interação) determinam o aparecimento, 11a hiléia,
de campinas, campinaranas e matas ralas, de baixa densidade, que não são
enclaves .de cerrado, nem formações transicionais, mas elementos indi,ri-
-26-
ualizados da pai agem. ~ão têm ..ido ain a e~t da 'o-. na~ é .b\ .
êm um papel importa n te, tah·ez na cmrtituiçã de u a a a
ó pria e
cer tamente con ~ ca minho de inYa~à pa a an · ai a;:; for açõ
e a ~
o problema das flore tas de galeria ê, em pa te. ~eme ha te
da floresta que se estendem, a o o g do~ ed ~
E
parte. porém diferem de fácie..., abertos a h" éia. pci~ e~ e: t ê a
pria . ao pas...:o qt1e a s mata~ cilia e . . deri, am ""l a flnra da a hi é·a.
ro-
• •
Ambientes especiais
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Certo: an1n1a1 tritan1er'te 1n 1
~
Colocação ecológica
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DeL·a11do d 1ad 0 -..: a s en1 l l t s ~ l11Ill l~ i~ r il: tlt n
~l, l lt l -
• . .
te e~ pec1a1s, a s r ela,õei..: e11tr s pad1 - s dt: di tribt1i ã dife1 ~n l
- l".:rande . . f r111a l- s
• .. t ·:11• pc :i n
do a n1ma1• e a distribtti 8L (18~
"""
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eguint tipo ••
ind p nder d la .
r
iz rn -. disj1111t 1~· pula ·õ ~ l
1 a m q11 ~ 't p . i .. não
arreira cológi '1, omo , i~ to n • •
l 1.. ,
c .. ~11 em J ; < d .. arlim i adaJltad s a
, po1· . ll '1 v z, disju11ta .
- ·7 -
.. d .. t b e· m u ado ao nível de gênero. quando -ignifica
O tern10 po e ser an1 , . .
, · d uênero não mantêm contacto f 1-1co . m ca o mm o
que e pec1es o mesmo b
. t , da tartaruga aquáticas do ge11ero P "eudJenuy
A 1.
\ 1l 1a111 ,
•
1nteres an e e o .. ..., . ,
. · ·b · ,. de" te o-ênero é contínua do- Estado U mdo a \ e-
1956 . A d1str1 u1ça 0 · b , . • .
nezuela; há um hiato no Bra_il qua i todo e uma e pec1e dorb zg m no Rio
Grande do Sul e Rio da Prata.
·t d . num \"""anzoli11i 1963 .
Outros ca o f
de disjunção oram c1 a os por
Disjunção sem barreira ecológica como no caso de .p sei~dem:y s . óti~o
.· d. oníYeis em tôda a área) ou de Colieodllctylus td1scutido abaixo m-
11os 1sp · b t•t 'd
. geral extincão por concorrê11cia: a forma ause11te foi su s 1 u1 a
d .cam em ..
por outra :.nais eficiente.
-28-
M LO
..
f 1 l ri : unri I o a1co
l ll1 <l .,. 7 t1· cloc c1u s di, tribui 110 â111bito da flo-
s t; ao Rio Grand do ~ ul. Mello ( 967) fez um
d 22 lo "rtlidad . , f '. .. tucianclo 9 proporções corporais e 11· is
1 :· Ll J·:1 -1 ,11co11trou varia ão em toclos os caracte-
n nhuma gulariclacl g og -- ãfica, e 11 1n acôrdo entr _
ctimorfi smo.
n 11i11 al s 11clo· <.1bund~111te, apar ntem ~nt - muito b n1 sucedido em sel1
1i 110 ló ico ,. ss mo., aico indica t1n1a situa ão altament dinâmica, e111
" t -n1a1n -11t' plá ~tica mostra a(laptação a pressões se-
] e· rá t-< r mLti to local. o.u s ja, 'l liferenças sutís 110 ambiente.
'-"! • Maí tard ssas condições desapareceram no trecho entre o Rio Gra11de
do ul o Rio d Janeiro, deixando uma população isolada no extremo
nort .
a população volui u em isolamento resultando em L. lutzae tal como
onh mo .
- 29-
Para testar êsse modêlo é necessário (i) estabelecer quais as condi-
-- ológicas que teriam possibilitado a expansão do gênero para o norte;
çoes ec . - ·d ( · ·· ) ·f ·
(ii) verificar em que época teriam essas cond1çoes agi ?;
m veri 1car se
a estrutura taxonômica e ecológica do gênero é compativel com o modêlo.
L. lutzae vive exclusivamente em uma faixa estreita de areia, com vegeta-
ção rala, próxima ao mar, em região de dunas (Dansereau, 1947) . A es-
pécie taxonômicamente mais próxima, L . ,xcipitalis, ocupa exatamente O
mesmo habitat no norte da costa do Rio Grande do Sul; é normal aceitar-se
que descendam de um ancestral comum. Pergunta então o sistemata ao
geógrafo : quando foi a última vez que houve trânsito livre sôbre dunas
entre Torres e o Rio de Janeiro?
Por muita sorte, esta é uma das áreas relativamente bem trabalhadas
no Brasil. Além de apresentar problemas geomorfológicos dos mais inte-
ressantes, é de fácil acesso aos geógrafos dos centros mais adiantados, e
vem sendo estudada com certa intensidade desde a década de 40. Por outro
lado, a presença de numerosas jazidas arqueológicas (sambaquís) resultou
em um certo número de datações por Carbono 14. Existe, em um trabalho
de Bigarella (1965) sôbre variações do nível do mar no Brasil meridio·n al
durante o Quaternário, um resumo dos dados dispon.í veis. Foi possível
então ao geógrafo responder que as condições para expansão do gênero
Liolaemus ao longo da costa deixaram de existir, muito provàvelmente, pela
altura do fim do episódio semi-árido que sucedeu à "submergência de Ca-
naneia" de Bigarella, ou seja, 2680 + 150 anos atrás.
- 30 -
mos ,,alores. A inspeção dos dados levou-me a t t .
. . en ar correlacionar O n,
ro de aneis com a latitude das localidades Obt· ume-
· ive uma correlação relati
b
,,amente oa, n1as algumas amost r a s aberravam b t t , . -
. . - a s an e ( Graf1co 2) Isto
era uma 1nd1caçao forte de que o caráter estava · ·
. b. . . corre1acionado com algum
gradiente
.
am .
1ental
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def1n1da
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mas não perfeitame n t e associado
· com a la-
titude : a pr1me1ra coisa que vem à mente é a tem
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pera ura, pois no 1nte-
.
nor do. Brasil. as 1sotermas são de modo geral paralelas, mas d escrevem am-
plas. s1nuos1dades. De f ato, a correlação entre O nu' mero d e aneis . cor po-
rais e a temperatura da localidade mostrou-se bem supe · , -
·t d r1or a corre1a çao
com a l a t 1 u e .
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•
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200
•
o 5 10 15 20 25°LAT
GRÃFICO 2 Número de anéis corporais contra latitude da amostra, Arnphisbaena
a lb a. Notar a tendência geral de diminuição do número de anéis com o aumento
da latitude, com excecão de du as a mostras altamente anômalas, situadas acima da
linh a de tendência ( de Vanzolini, 1968).
Anos mais tarde (Vanzolini, 1968) , foi possível aperfeiçoar êste estudo.
Eu disse até agora simplesmente " temperatura"·. Do ponto de vista ecoló-
gico, a temperatura pode ser considerada de diversas maneiras, com signifi-
cações diversas. Por exemplo, na limitação do território de uma espécie,
as temperaturas extremas são mais importantes que as médias. Mesmo
dentro das temperaturas ex tremas pode-se discriminar entre máximas (mí-
nimas) absolutas e médias das máximas (mínimas) . Outras vêzes o fator
limitante é a amplitude diária ou a amplitude anual.
Tôdas essas "tempera t uras" que caracterizam o clima de uma locali-
dade são correlacionadas entre si, mas não de maneira perfeita, de maneira
que a correlação de um car áter morfológico com qualquer delas pode ser
espúria . Indica-se o m étodo estatístico da regressão múltipla, que é tra-
balhoso e, para amost ras como a que tive, exige um computador eletrôni_co.
Quando dispuz de um, volte i à a nálise do caso, usando o material antigo
e os espécimes coletados nêsse entretempo.
- 31 -
· · roblerna foi conseguir os dado s da temper a tura para
Meu pr111c1pa1 P . . . , .
,.
1
r d des Há duas fontes pr1nc1pa1s de dados gener1cos: as
t ôdas as oca I a . 1, . d B ·1"
· e1·1mat ol'gi'cas"
'\'Norma1s o de 1941 e o "Atlas climato. og1co o ras1 , am-
S ·
b os do erv1ço d e Meteorologia do Ministério da Agricultura (ver BRASIL,
na bibliografia) .
b
A mas as obras são extremamente úteis, digo mesmo . indispensáveis,
mas não se pode esperar delas que sejam completas ou precisas . No caso
especial do Estado de São Paulo, havia dados, n:ielhore~, os de Setzer (1946~.
Interpolando, grosseiramente quando necessario, obtI~e p~r~ cada loca_1_1-
dade da minha amostra as seguintes temperaturas: (1) media anual; .(11)
média das mínimas ; (iii) média das máximas; (iv) mínima absoluta; (v)
máxima absoluta; (vi) amplitude anual média; (vii) amplitude anual máxima.
o método estatístico que empreguei permite identificar quais os fa-
tôres realmente eficientes na determinação do caráter em questão. Deu-me
O computador que a mínima absoluta e a amplitude média eram os fatôres
ambientais que, dentro da informação disponível, determinavam o número
de aneis corporais .
- 32-
Gymnodactylus geck o ides : diferenciação nos d om1n1os
' · morfoclimáticos
- 33 --
d t, Ztis gecko1..d ,~, se. t . . 1111a origi11é1do. 11as f.or111a-
.
E~ possí\rel que Gy1rz.12;0 (te Y , . o na floresta atla11t1ca, pois e o
vag n1 n1cl10
-
roes abertas e penetrado en1
. tl _ " e domí11io do qual ocupa apenas
ocorre ness '
Único lagarto de sua fam1lla que . 1 nte o ú11ico lagarto peque110 1 r-
a parte centra1. É também,
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provave me '
restre e 110 t urno q tie a1 ocort e.
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MAPA 4 - Distribuição aproximada das :..ubesp('(·ies de G'JJ1111wd,u l_11fus g ckoi·
<les . Cíl'l: u los, g. darw i i1 i; triângu J os, !J. ge, ·ko i dei;; quadrados, g. crnrn1·a li·
- 34 --
bada. Por exemplo, qua ndo a floresta é destruída, a área entra em uma
sucessão de estágios de capoeira, que podem conduzir a nov t
·· t emen t e, con t 1nuar
mais freqLten · como tal A evoluça- d a ma a, . ou,
. _ . · 0 essas capoeiras
pode oferecer as cond1çoes de aclimatação de espécies das formações aber-
tas a ambientes sombreados . No momento, est amos assistindo a um f e-
nômeno dêsses na Amazônia, com o lagarto Ameiva ameiva (família Teiidae) .
Êste é um dos lagartos mais abundantes da América do Sul tropical .
É característico da s formações abertas, e necessita de muito sol para s ua
ativida de. Suporta muito bem a companhia do homem, sendo comum em
roças e quint ais; está em tôdas as áreas abertas da Amazônia e, em muitos
lugares, é o elem ento mais conspícuo das capoeir as. T enho ocasionalmente
encontrado êsse lagarto dentro da mat a virgem, a 1 e 2 quilômetros da bei-
rada, abundante na beira das picada s e em pequenas clareiras . Aí vive
com mais duas espécies um pouco menores (uma da mesma família, Teiidae,
e out r a da família Scincidae), de hábitos semelhantes, com os quais os seus
jovens e sub-adultos provàvelmen te compet em .
For d e colaboradores ( veja F or d, 1965 ) demonstraram experimental-
mente que interrupções de fluxo gênico podem se estabelecer entre popu-
lações contíguas. Seu traba lho foi em escala geográfica limitada, refe-
rente a casos excepcion a is de populações locais, de maneira que a extensão
a uma escala muito m ais vast a não deve ser feita automàticamente. A
possibilidade, porém, existe, e deve ser estudada, pois representa um m eca-
nismo de especiação sem o concurso de barreiras ecológicas. Um caso se-
melhante foi encontrado por R eichardt (1970) com gorgulhos do gênero
Camar otus. É do maior interêsse levantar mais exemplos dêsse tipo de
padrão, para verificar su a incidência .
- 35 -
d qualquer evidência geográfica, a
Comentário. Independ':ntemente :ender com base em ciclos climáticos
distribuição dêste gênero so se pode en
radicais e muito rápidos .
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-36 -
zônia, houve, muito recentemente, dois episódio
úmidos ( em um do .
) d
estamos , separai os por uma fase sêca . A .. . . q ua1
seria a seguinte: sequencia mínima de e\·en, o
2. Un1a fase de retração da floresta ' com evolu ·ão de O. 'in r iclionali
e
C. bracli~Jstorn.ct em ref úgios.
Ainda não temos dados que permitam a identificação dos eventos pa-
leoclimáticos necessários pa ra explicar tôda esta história . A parte ama-
zônica do problem a, mais acessíve], será discutida abaixo, no exemplo re-
ferente a Anol is chrysol ep-is.
---- 37 -
eventos invocada para explicar o padrão encontrado foi
A s qü"'ncia d
a seguint \:
No seg uinte e pisódio úmirlo rrunc!,ulu8 e trans ur;tS(.tlLs H.um<·nta rnm ai nda
1
4.
rnais sua ár0a, entrando Pm simr>atria no vaJe do Ucayali. Provàvel-
mente a dif Prcncia<:ão d<! tra?1i.~ 1;er.'{ali8 na fas~ 2 foi su fie1can1 cl pa rH que'
1
coex isti ss0 eom puncfa'lus sem mai s d<,s1ocação d caract 0res.
transver.c.;cil is) <' além do mais foi analisado em muito maior profttndidad<\ os
1
estudo que Vanzolini & Williams (197()) fizí'mos clêste grur>o de la-
C)
gartos beneficiou-se de materiais excelentes: r<'corrflndo ;1 2!'1 ('Ofc<:<>e:, con-
seguimos reunir 761 exemplares de 177 localirlttd<1s, incluindo muit,1s amos-
tras adequadas à análise estatística. O m ~todo dos transcctos IJôde assim
~er ap~i~ado com eficiência. Também conseguimos, p0ssoalmentc, " po r
intermedio de coJegas, uma cer1 a quanti<:lade de daclos ,)col<'>gicos. Tra-
ta-se, de novo, de animais da floresta sombria. Vivem em troncos elo rr1Ps-
;0 tipa g_:ral que A. 1mnctntiu,, mas a alturas menores c' frequentam tam-
em O chao. O grupo é estritamente cisandino (embora ligado a formas
cent~oai:nericanas) estendendo-se d0sde a 'o ómbla por tôda a Amazónia
e ~:ingJndo São I.)aulo r> ·lo in1 e1·ior· <mas 11ão a florestél atlântica). Da
analise concluímos:
-38-
- Anolis bon1bic ps tem distribui\'ão restrita aos vales do Marano11 e do
Napo. co1npleta1110nte inclttída dentro da de A. ch,1ysolepi~.
•
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-39-
;\ seq(1ê11cia ele e\,c' 11 tos j n voc '1d a l)ara
gui11te:
1. un1 período sêco ("'nl qttc JJroto-cli1·ysole1-Jis cisa11cli110 clife r 11ci<)U-s , elo
estoqtte original transandi110 .
Um pcrioclo úmiclo ein q u e proto-ch,r ~lJ8"J lc1n s cx1>ancl i u -sc l) la fl ores ta,
da Amazônia ocidental ao Amapá .
ocidental .
4. ·
Um período úmido em que b 0111 b iceps e e 7i1~.,1;s ole1J1·,._;e· se
. 1or naram simpá-
tricos e houve deslocament o de car act eres.
-40-
1962). Os pedimentos, ~er:is ca r acterísticos de encostas, :formam-se também
quando a um episódio urrudo segue-se uma fase seca (Bigarella, Mousinho
& Sil·va, 1965).
São
. exemplos: .(i) o 11ível
.. de Belém-Mar ajó (Moura , 1943) , mant·a1 o por
later1tas
. e . cascalheiras; (11) os dois níveis de Santa re'm , dos quais
· o supe-
rior mantido ~º:' cascalhos grosseiros; (iii) claros sinais de pedimentação
nas serras prox1mas a Santarém; (iv) diversas ocorrências de lateritas e
cascalheiras, tais como a s encontradas por Pimienta (1965) no Baixo To-
cantins, por Barbosa & Ramos (1959) e por T a:k euchi (1960) no território
do R oraima; (iv) "stone-lines" formadas por fragmentos retrabalhados de
laterita, vistos por Ab 'Sáber (comunicação pessoal) no Amapá _ indício de
2 episódios sêcos; (vi ) floresta crescendo sôbre aluviões recentes que descansam
sôbre "stone-lin es" interrompidas e t erraços de areia pura, encont rados por
Ab'Sáber (comunicação pessoal) a leste de Belém.
Ain da na interpretação de cli rysolepis utilizamos i11form ação de áreas
periféricas à hiléia, mas relevantes ao caso, inclusive por que o grupo ul-
t r apassa de muit o, no centro do con t inen te, a área am azônica.
Ab'Sáber (comunicação pessoal ) encontr ou diversos pedimentos, um dos
quais muito b em marcado, n a região de Cuiabá, paleopavimentos na r egião
de Brasília e baixos terraços, man tidos por cascalheir as, em muitos rios do
Br asil Centr al. Garner (1958-1967), interpr et ando o padrão de drenagem
"desordenado e instável" do R io Caroni, que corre da Serra de Pacaraima
ao Orinoco, diz que "th e key cause is a change of climate fr om arid condi-
tions to humid ones" . O m esmo Garner (1969), investigando as condições
de deposição de materiais elásticos grosseiros nos vales da Cordilheira Or ien-
tal do Per u, chegou à conclusã o de que a fisiografia da região, como um todo,
é em gr ande parte decorrente de uma alternação de condições áridas e
úmidas . Ê le conceitua uma série de 8 episódios, dos quais três de "severa
aridez" e o mais rece11te, pós-glacial, "sub-árido". Finalmente, Goosen
(1964) encontrou u ma "lla nur a eólica" nos Llanos Or ientales da Colombia,
datando-a da transição Pleistoceno-Holoceno.
Em amostras de sedimentos de bacias oceânicas pr ofundas (Damuth &
Fairbridge, 1970), foram encontrados níveis de areias arcósicas indicando con-
dições áridas nos escudos br a sileiro e guianense.
Dados palinológicos exist em dos Andes e dos Llanos da c ·olôn1bia , e
do norte da Gu.y ana. Todos os perfis concordam em mostrar uma _suc:s-
são de períodos sêcos e úmidos, os primeiros suficientes para dissemmaçao
ampla de sa vanas (van der Hammen 1961, 1962, 1963, 1964; van der Ham-
men & Gonzalez, 1960, 1964, 1965, 1965a) ·
A •
- 41 -
. .
estrmat1va d a escala temporal dos fenômenos evol utivo
. s q u e v imos exami-
nando, temos que lançar mão de dados sôbre áreas adJacentes, e que restrin-
2ir-nos ao último episódio sêco.
b
-42 -
Também dentro da área dos cerrados há um grande e bem caracterizado
refúgio, o já comentado Mato Grosso de Goiás (Waibel, 1948; Martins, 1970;
Reichardt, 1970) .
Dentro das áreas nucleares que definimos para o grupo chry.so'lepis (Ma-
pa 6) existem regiões que muito provàvelmente foram refúgios durante o
último episódio sêco (Mapa 7) :
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~
-43-
, · E ·dero muito importantes os resultados dêstc tra-
Cornen,tario. u con 51 . . _
.buição teórica maior pois trata-se de espec1açao
balho Não trazem con t n ' . .
·.,. · a
geograf1ca a mais o
· r todoxa · Contudo, contribuem
. .
para llqmdar de vez
. _
· t t
um pers1s en e m1 o,
·t de longa duracão .. ,
que vinha 1mped1ndo a compreensao
,.. ( ue se revelam tão simp~es) da gênese da fauna das flores-
dos f enomenos q · ) . .
· · Ê se mito é O da estabilidade da floresta pluvial. Ainda
tas t rop1ca1s. s . . . ,.
em 1969. em um livro que pretende sumanar os c.onhec1mentos sobre a
ecologia e biogeografia da América do Sul, Schwabe diz :
"The Hylaea, filling t he whole of the Amazon b asin, is by far the largest
closed area of rain for est in the t r opics . .. ; b esides, it is one of the landscape
types of highest biotic maturity k now n . The extraordinary h igh number
of species of both animals and plants present within small areas can only
be understood as the outcome of a long ecological evolut ion w h ich must have
taken place in the absence of any destructive natural catast r ophes . If on.e
ignor es this maturation pr oceeding w ithout a n y m ajor disturbance, t he
extraordinary biotic diversity of the area, viewe d in t he light of its t yp ically·
u11iform and smoothed physiography, must be considered a n almost insolu bJe
paradox".
Com êsse tipo dê raciocínio e com essa ignorância da infor mação b io -
lógica e geográfica, entende-se que os fenômenos de especiação nas mat a s
pluviais continuassem por tanto tempo enigmáticos. Mas, uma v ez com-
preendidos os padrões de distribuição e as vicissitudes paleoclimáticas, ve-
rifica-se que os m ecanismos são simples, e pode-se passar à considera ção
da individualidade geográfica da área e suas conseqüências.
Quando Williams e eu e 8 t, .
"'b avamos terminando a rcdaeão do traball10
so re o grupo chrysolepis receb .
agora J.á P b]. d ) emos, por cortesia do autor, um manuscrito,
u ica o, de J. 1-Iaffer ( 1969).
Haff er fez exatamente O t , . .
m· d . . con rario do que f 1zemos : ( i) partiu da pre-
ISsa e que a d1ferenc1ação das av d h ·1;.
(ii)postulou <com b
, .
~s ª
1 eia se tivesse feito em refúgios ;
, ase em dados cl1matológicos t 'f· ) .
o~ provave1s refugios; (iii) verificou e opogra 1cos quais seriam
g1cos com os refúgios preditos. a compatibilidade dos dados ornitoló-
-44-
Suas conclusões são incl'ivelmente semelhantes às nossas. Além de
a lguns transandinos sem interêsse neste contexto, Haffer conceituou re-
fúgios nas seguintes á reas: (i) Napo; {ii) Leste do Peru; (iii) Madeira-Ta-
pajós; (iv Serra do Imeri; ( v) montanhas da Guiana; (vi) leste do Pará.
Entre o esquem a de Haffer e o nosso, existe concordância perfeita no
que diz respeito a os itens ( i ) , ( ii) e ( v) .
- 45-
PERSPECTIVAS
- 47 -
ouca antiguidade que somos agora obrigados a admitir para
D dª ª ª estudados, é de se esperar que ~ part e d a h.ist'"on~
P · faunística
os fenômenos
os tenha ocorrido sem que as mudanças de clima corres-
de que nos ocuPam ,. . ·- . -·
pondessem grandes alterações to~ograflcas na reg1ao, ou seJa, se . t_:nham
dado depois da orogenia andina fmal. Isto . leva a crer q ~e a posir:ao dos
, · principais determinada pelo orografia e pelos movimentos de mas-
re f ug1os , · ·f ·
sas de ar ligados ao relêvo, não tenha mudado s1gm 1cantemente durante
êsse período. Assim, a simples correlação, ao longo do vale, das feições
geomórficas críticas, e a sua datação, fornecerão uma base firm" para a
explicação dos fenômenos dentro da área.
As relações entre a hiléia e a mata atlântica constitu€m um problema
complexo, intimamente ligado à história dos cerrados. Há uma série f)()n-
derável de animais típicos de mata que se distribuem nas duas florestas
(Vanzolini, 1963; Vanzolini & Williams, 1970J . Por onde e quanrlo passa-
ram é ainda um enigma: pode ter havido continuidade ampla e pode ter
havido trânsito por florestas de galeria, desde que muito mais espessas que
as atuais.
Incidentalmente, êste ponto é essencial para explicar o eventual papel
do Mato Grosso de Goiás como refúgio florestal : sua conexão com os gran-
de núcleos florestados poderia também ser, ou direta ou através de gran-
des pestanas justa-fluviais.
Por outro lado, há indícios de duas áreas nucleares na faixa de cerra-
dos da América do Sul central (Vanzolini, 1953a, 1963J . Êste fato, se con-
firmado, pode ser explicado por dois mecanismos. Um seria a separação
por meio de florestas, de dois refúgios de formações abertas; as florestas
divisórias uniriam então a mata atlântica à hiléia. Outro mecanic;mo seria
simplesmente o de zonação climática, pois a grande faixa de formações aber-
tas que ocupa o continente de sudoeste a nordeste, abrange aproximadamen-
te 26 graus de latitude. Estas são áreas de trabalho em que a zoologia
tem feito muito pouco, e que esperam por uma melhor exploração dos cerra-
dos do Brasil Central, das caatingas e do Chaco.
-- 48 -
E E
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de
izar ua p
D ~ej 11 1 1ir.
z l go e rtr n1an1en ·rtil e
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1
\\ IL1J IAMS, E . E. & P. E. VANZOLINI
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UNIVERSIDADE DE SÃO PA LO
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
·Jbs.. ~
LABORATóRIOS E SETORES
Laboratório d e Ae rofotogeografia
Professor Aziz Ab'Sáber (chefe), Irací Gomes Palh eta, Maria Ca r lota dos San-
tos e Vanda Paschoal
Laboratório de Cartografia
Professor Dr. Charles Octave de Andr é L ibault (ch efe), Margarida Maria
de Andrade (aux.), Neveo João Bello e Ma rcelo Ma r tinelli (des.) e José Luiz
dos Santos (gráfico)
Laboratório d e Climatologia
Professor Dr. Carlos Augusto de Fig ueiredo Monteiro (chefe ), Eva Markus
e Ana Maria Lelis da Silva (aux .)
Laboratório de Geografia Humana
P rofessor P asquale Petr one (chefe), Claudete B. Junqueira (geógrafo), Ana
Maria C. M. Marangoni (geógrafo) .
Laboratório de Geografia Econômica
Professor Manoel Seabra (chefe) , Professôra Judith de La Côrte (geógrafo)
~ Satiko Miyashita (aux. vol.).
L ~boratório de Geomorfologia
P rofessor Dr. Aziz Nacib Ab'Sáber (chefe)
Laboratório de Pedologia e Sedimentologia
P rofessor Dr. José Pereira de Queiroz Neto (chefe), Paulo Nakashima e
May C. Modenesi (aux.)
Arquivos de Fotografias Aéreas
Encarregados: Prof. Dr. A. N. Ab'Sáber, Marly C. Sampaio, Rosely D. Ferreira,
Suria Abucarma e Sueli de Moraes
Sala Ambiente de Geografia
Encarregados: Marly C. Sampaio, Suria Abucarma, Sueli de Moraes, Neide
!unes e Maria Aparecida Américo
Laboratório de Desenho
Professor Mário De Biasi (chefe), Neveo João Bello e Hélio Rodrigues (des.)
Secretaria Administrativa e Setor de Publicações
Ma ria da Gloria l\iarques Santos e Helena Borges de Oliveira
Setor Operacional
J osé Luiz dos Santos Marina Alves Laurentino de Souza Ramos Neto, Benedito
José da Silveira, Sa~oel Correa de' Souza, Maria Aparecida Américo, Wardelem
Corrêa Machado, Maria Amorim Santos e Nelson da Senna Marques