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Mutações Nos Comportamentos E Na Cultura As Transformações Da Vida Urbana

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História A 12ºAno

2º Teste 11 de novembro

MUTAÇÕES NOS COMPORTAMENTOS E NA CULTURA


 AS TRANSFORMAÇÕES DA VIDA URBANA
No final do século XVIII, consequência da revolução industrial na
Inglaterra os camponeses são despedidos e saem do campo.
Assim, “as cidades estão cheias de gente”, pois as pessoas
começam a frequentar locais que anteriormente não o eram. O
ambiente destas cidades caracteriza-se agora por ser agitado.
Com estas alterações diminui a solidariedade, dado que cada
um vive para si mesmo.
Esta urbanização maciça, que não parou de se acentuar, operou
transformações profundas na vida e nos valores da civilização
ocidental.

 A nova sociabilidade
Na grande cidade, o indivíduo perde-se no meio da multidão.
Os citadinos dirigem-se para o trabalho à mesma hora, partilham
os mesmos transportes, consomem os mesmos produtos, habitam casas
semelhantes e mesmo os lazeres tendem para a massificação.
A racionalização e a redução do tempo de trabalho, o
crescimento da classe média, e sobretudo a melhoria do nível de vida
proporcionam uma nova cultura de ócio1 e permitiram dispor de
dinheiro e tempo para o divertimento e prazer, fazendo com que a
convivência entre os sexos se tornasse mais ousada e livre (que rompia
completamente com as antigas regras sociais). Após a primeira guerra
mundial a mulher ganha uma nova visibilidade: passa a fazer compras
nos grandes armazéns, sai para tomar chá, para ir a praia, ao café, etc.
Adere-se ao uso do automóvel que alarga os espaços de lazer e
incute o gosto pela velocidade. Este gosto pelo movimento fomenta a
prática desportiva que entra, pela primeira vez, nos hábitos quotidianos.
O ritmo de vida nos anos 20 torna-se quase frenético.

 A crise dos valores tradicionais


Os tempos de otimismo, de confiança na paz, na liberdade, no
progresso e bem-estar que caracterizavam a viragem do século, ruíram
subitamente com o eclodir da Primeira Guerra.
A brutalidade de Primeira Guerra Mundial pôs em causa as
instituições, os valores espirituais e morais, todo o edifício social que
tinha sustentado a ordem burguesa do século XIX.
A morte de milhões de soldados, a miséria e as destruições visíveis
gerou um sentimento de desalento e a descrença no futuro, que afetou
toda a sociedade.

1
Preguiça, vadiagem, descanso, repouso, vagar.
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Uma greve de contestação a todos os níveis abalou a sociedade


que mergulhara numa profunda crise de consciência e atingiu toda a
conduta social.
Instalou-se um clima de anomia social.
Este relativismo de valores, acelerou as mudanças já em curso.

 A emancipação feminina
O século XX assiste à emancipação progressiva da mulher, até
então totalmente na dependência do homem.
Por volta de 1850 surge o feminismo.
As feministas lutam por:
- Direito da mulher casada dispor de bens;
- Direito à tutela dos filhos em caso de viuvez;
- Igualdade económica (profissão, salários);
- Igualdade jurídica;
- Acesso à educação;
- Igualdade política (direito de voto, possibilidade de ser eleita) –
sendo esta luta levada a cabo pelas sufragistas.

Em Portugal, fundou-se, em 1909, a Liga Republicana das


Mulheres Portuguesas, e mais tarde, a Associação de Propaganda
Feminista (1911), que perseguiram objetivos idênticos aos das suas
congéneres europeias e que contaram com a dedicação de mulheres
prestigiadas como Ana de Castro Osório, Carolina Beatriz Ângelo,
Adelaide Cabete, Maria Veleda, entre outras.

Com a primeira guerra mundial os homens estavam nas


trincheiras, as mulheres viram-se libertas das suas tradicionais limitações
como donas de casa, assumindo a autoridade para sustentar a família.
Podiam ser vistas a trabalhar nas fábricas de armamento, a
conduzir carrinhas e autocarros, a fazerem reparações elétricas,
trabalhar no campo, etc.
As mulheres passaram a adotar novos comportamentos sociais:
frequentar festas e clubes noturnos, praticar desporto, fumar e beber
livremente e até mesmo a valorização do corpo e da aparência
conduziu ao aparecimento de uma nova mulher que usava o cabelo
curto e com as saias mais curtas e ousadas.
A autoconfiança feminina, permitiu que até ao final do conflito as
mulheres adquirissem o direito de intervenção política, consolidassem a
sua posição jurídica na família e viram aberto o acesso a carreiras
profissionais prestigiadas.

 A DESCRENÇA NO PENSAMENTO POSITIVISTA E AS NOVAS


CONCEÇÕES CIENTÍFICAS
Em meados do XIX, o positivismo impusera a ideia de que a
ciência tinha a resposta para todos os problemas da humanidade.
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A guerra mostra que a ciência e a técnica podem trazer


infelicidade, através das armas.

O pós-guerra dá origem:
Ceticismo: não dá a certeza a nada, dúvida razoável

Relativismo: Abordagem científica-filosófica que admite a


impossibilidade do conhecimento absoluto e acredita que o
conhecimento depende das condições do tempo, do meio e do sujeito
que conhece.

 O relativismo
No século XIX dominavam os valores burgueses, caracterizados
pelo gosto pelo trabalho, respeito, dinheiro, poupança, família e havia
uma moral austera, que tornava indiscutível o casamento, religião e
outros preceitos morais.
Com a brutalidade da guerra, o ceticismo vai contestar os valores
tradicionais – casamento e o facto de ser indiscutível, moral sexual,
religião, ou seja, tudo aquilo que era os alicerces da sociedade do
século XIX.
No início do século XX, verifica-se uma reação antirracionalista e
antipositivista, devido às teorias de alguns cientistas face à ciência
O positivismo dá então lugar ao relativismo, doutrina segundo a
qual o conhecimento é sempre relativo, condicionado pelas suas leis
próprias, pelos limites do sujeito que conhece e pelo contexto
sociocultural que o rodeia.
Na filosofia, Henri Bergson defende que há realidades que
escapam às leis da Física e da Matemática, como a atividade psíquica
e que só podem ser compreendidas através da intuição – irracional,
que não se aplicam as leis da ciência.
Para o filósofo a intuição é, de natureza muito diferente da
inteligência que nos revela o que não é aparente, valorizando o
transcendente e com ele, a imagem de Deus.
Max Planck, por sua vez, demonstrou através da microfísica que
as trocas de energia não se faziam num fluxo suave e uniforme mas em
pequenas unidades separadas (quantum) que se movimentavam a
altas velocidades em saltos bruscos e descontínuos.
Também Einstein, funcionário de patentes protagonizou a
revolução científica com a elaboração da Teoria da Relatividade
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Restrita – demonstra que o espaço, o tempo e o movimento não são


absolutos mas relativos entre si (por exemplo, a massa do corpo
depende do movimento).

As teorias de Planck e Einstein mudaram a comunidade científica,


considerando-se assim que o conhecimento não poderia existir só com
base naquilo que se podia tocar mas também com mistério e
desordem.

 As conceções psicanalíticas
Sigmund Freud elaborou, a partir de 1897, os princípios da
psicanálise.
Segundo esta teoria, o psiquismo humano estrutura-se em três
níveis distintos: consciente, subconsciente e inconsciente.
O consciente representa uma pequena parte da mente, por
oposição ao inconsciente, camada profunda, rica e significativa mas
dificilmente penetrável.
Entre o consciente e o inconsciente situa-se o subconsciente,
constituído por uma constelação de elementos psíquicos, que com
facilidade podem passar para o consciente.
Por influência de normas sociais, o indivíduo tem tendência a
bloquear desejos ou factos culpabilizantes, remetendo-os para o
inconsciente onde ficam aprisionados, num aparente esquecimento.
No entanto, estes impulsos e sentimentos recalcados persistem em
afluir à consciência, materializando-se em lapsos, esquecimentos
súbitos, pequenos gestos ou de forma mais grave, neuroses (distúrbios
psíquicos).
Assim, para emergir o recalcamento a terapêutica baseia-se em
grande parte na:
- Livre associação: sob a orientação do médico, o paciente deixa
fluir as ideias que lhe vêm a mente;
- Análise de sonhos: considerado a “via régia de acesso ao
inconsciente”.

 AS VANGUARDAS: RUTURAS COM OS CÂNONES DAS ARTES E DA


LITERATURA
Nas primeiras décadas do século XX, uma autêntica explosão de
experiências inovadoras convulsiona as artes.
Artistas e escritores derrubam as convenções académicas,
criando uma estética inteiramente nova.
Este movimento cultural – modernismo – irradiou Paris, que era o
centro artístico da Europa, rompendo com os Cânones2. A cidade era
pois o centro da vanguarda cultural europeia, plena de talentos e
entusiasmo.

2
padrões
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 Fauvismo
- Corrente essencialmente francesa que vigorou entre 1905 e
1907;
- Foi liderada pelo pintor Henri Matisse;
- Nome do movimento vem de fauves
(feras).
- Primado da cor sobre a forma (é na cor
que encontram a sua forma de expressão
artística e a cor desenvolve-se em grandes
manchas que delimitam planos);
- Utilização de cores puras e fortes;
- Sem pormenor, sem perspetiva e sem
técnico claro-escuro;
- Autonomia da obra de arte
relativamente ao real (as cores não correspondem ao real);
- Utilização de pinceladas;
- Principais representantes: Matisse e Vlaminck.

 Expressionismo
- Surge na Alemanha em simultâneo com o fauvismo;
- O movimento está ligado aos grupos: Die Brücke e Der Blaue
Reiter;
- O movimento teve influência de Vang Gogh e Edward Much.

 Die Brücke
- Surge em 1905 em Dresden;
- Função: crítica social;
- Representa emoções;
- Formas distorcidas;
- As cores são violentas e puras;
- Acentua os contornos;
- Utiliza linhas curvas;
- Representantes: Kirchner e Nolde.

 Der Blaue Reiter


- Surge em Munique em 1911;
- As formas são menos chocantes do
que no grupo anterior;
- Formas simplificadas e angulosas;
- As cores são contrastantes;
- Representantes: Kandinsky e Franz
Marc.

 Cubismo
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- Influenciado pelo geometrismo de


Cézanne e pela estilização geométrica da arte
africana;
- Nascimento ligado ao quadro de
Picasso “Les demoiselles d’Avignon”;
- Iniciado por volta de 1907 em Paris pelos
pintores: Pablo Picasso e George Braque;
- Dois tipos de cubismo: analítico e
sintético.

 Cubismo Analítico
- Simplifica a representação das coisas decompondo-as em
formas geométricas como cones, esferas, cilindros, etc.;
- Decompõe o objeto como se circulasse à volta
dele. Na tela estão diferentes faces do objeto visto de
diferentes perspetivas (de frente, de costas, de perfil);
- Representa aquilo que conhece do objeto;
- Introduz uma quarta dimensão – o tempo;
- Utiliza uma cor e as suas tonalidades (azul,
cinzento, castanho).

 Cubismo Sintético
- Surge cerca de 1912;
- Não decompõe, sintetiza as formas
essenciais e a matéria;
- Utiliza formas geométricas simples –
triângulos, retângulos e quadrados;
- Usa materiais estranhos à pintura como
colagens de papel, panos, cartas de jogar,
madeira, etc.;
- Representantes: Picasso, Braque e Juan Gris.

 Futurismo
- Surge em Itália com a publicação do
Manifesto Futurista de Marinetti publicado
em 1909 no jornal Le Figaro;
- Revolta-se contra a tradição e exalta
o dinamismo da vida moderna e os valores
da civilização industrial;
- Defende a originalidade, força,
dinamismo, velocidade, técnica e
maquinismo;
- Faz a apologia da guerra;
- Os artistas dão a ilusão de movimento com técnicas próprias da
fotografia e do cinema: decomposição das formas e das cores,
alternância de planos, sobreposição de imagens, utilização de linhas
curvas e de elipses;
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- Cores agressivas e repetitivas, tal como as formas, para dar a


ideia do movimento;
- Pintores: Balla, Baccioni e Picabia.

 Abstracionismo
- Movimento artístico que ainda que tenha começado antes
atinge o apogeu após a 2ª Guerra Mundial;
- Está ligado ao pintor russo Kandinsky e ao holandês Mondrian;
- Dois tipos de abstracionismo: lírico e geométrico.

 Abstracionismo Lírico
- Surge em 1910, mas desenvolve-se
a partir de 1918;
- Representa a realidade produzida
pelo espírito (inspiração no instinto e no
inconsciente);
- O objeto desaparece;
- Sobressaem as linhas e as cores e
os seus respetivos significados;
- Articulação com as outras artes, nomeadamente com a música;
- Representantes: Kandinsky.

 Abstracionismo Geométrico
- É influenciado pelo cubismo;
- Está ligado ao pintor holandês
Mondrian;
- A pintura utiliza formas geométricas
simples, pintadas com cores primárias;
- Utiliza duas não-cores (preto e branco);
- Representantes: Mondrian e Malevich.

 Dadaísmo
- Surge em 1916, na Suíça (Zurique) e atinge
o apogeu em França cerca de 1920;
- Está ligado ao desencanto de uma
geração educada na crença da bondade dos
valores da civilização industrial pela brutalidade
da guerra mundial;
- O seu único princípio é a incoerência, o
acaso, o irracional, o jogo e a provocação;
- Utiliza a inovação, a troca, o insulto para
destruir a ordem e estabelecer o caos;
- Eleva os objetos comuns à categoria de obras de arte;
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- Pintores: Marcel Duchamp, Man Ray e Picabia.

 Surrealismo
- Estilo dominante na Europa nas décadas de 1920 e 1930;
- O seu principal impulsionador foi André Breton que publicou em
1924 o primeiro Manifesto do Surrealismo;
Defendem:
- A libertação das imagens e da
energia contida no inconsciente;
- São influenciados pela psicanálise de
Freud;
- Existência de duas vertentes: a
abstração e a figurativa. Qualquer uma
delas utiliza o acaso, o automatismo e ignora
as convenções morais e estéticas
construindo uma realidade nova e
autónoma;
- As pinturas representavam universos absurdos, cenas grotescas e
estranhas, sonhos e alucinações, objetos representados de uma forma
enigmática, misturando objetos reais com objetos fantásticos;
- Representantes: Salvador Dali e Jean Miró.

 Os caminhos da literatura
O início do século XX correspondeu, no campo das letras a uma
verdadeira revolução que pôs em causa os valores e as tradições
literárias.
A literatura percorreu, nesta época, todas as vias que a expressão
escrita permite percorrer.
Nas primeiras décadas do século XX, tal como na pintura, foi
abandonada a descrição ordenada e realista da sociedade e dos
acontecimentos.
As obras voltam-se para a vida psicológica e interior das
personagens e numa linha complementar proclamam a liberdade total
do ser humano, o seu direito de tudo ousar (desde que o façam por
convicção), rejeitando as regras da moral, da família e da sociedade.
As obras, além das alterações a nível do tema destacam-se
também pela introdução de novas formas de expressão ao nível de
linguagem e construção frásica.

PORTUGAL NO PRIMEIRO PÓS-GUERRA


 AS DIFICULDADES ECONÓMICAS E A INSTABIBILIDADE POLÍTICA E
SOCIAL; A FALÊNCIA DA PRIMEIRA REPÚBLICA
Derivado aos elevados poderes do Congresso da República, em
que em 16 anos de regime houvera muitas eleições atribui-se a crónica
de instabilidade governativa.
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O parlamento interferia em todos os aspetos da vida governativa


exigindo constantes explicações aos membros do Governo e
enveredando até, pela via dos ataques pessoais.
Ao laicismo3 da República, assente na separação da Igreja do
Estado se deve o seu anticlericalismo. A proibição de congregações
religiosas, as humilhações impostas a sacerdotes e a excessiva
regulamentação do culto conquistaram à República a hostilidade da
Igreja e do país conservador e católico.

 Dificuldades económicas e instabilidade social


Em março de 1916, Portugal entrou na Guerra, integrando a
causa dos Aliados. O seu contingente designava-se por CEP – Corpo
Expedicionário Português, chefiado por Gomes da Costa.
A sua participação no conflito mundial acentuou os desequilíbrios
económicos e o descontentamento social.

Consequências da entrada na guerra:


- Falta de bens de consumo;
- Racionamentos;
- Especulação;
- Produção industrial em queda;
- Défice da balança comercial;
- Dívida pública disparou;
- Diminuição das receitas orçamentais;
- Aumento das despesas.

O processo inflacionista permaneceu para além da guerra,


subindo assim o custo de vida e afetando os que viviam de rendimentos
fixos e poupanças, ou seja, as classes médias e os operários, vítimas de
desemprego.

3
Doutrina que tende a dar às instituições um caráter não religioso.
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Também descrente da república estava o operariado.


A agitação social em 1919-1920, levava a frequentes greves
organizadas pelas anarcossindicalistas.

 O agravamento da instabilidade política


Em 1915, ainda Portugal não tinha entrado na guerra e já o
general Pimenta de Castro dissolvia o Parlamento e instalava a ditadura
militar.
Pela via da ditadura seguiu-se Sidónio Pais, em dezembro de 1917.
Destituiu o Presidente da República, dissolveu o Congresso e fez-se
eleger presidente por eleições diretas, em abril de 1918.
Através de um golpe de Estado, desmorona a República Velha e
instala a República Nova, sendo apoiado por monárquicos, religiosos e
evolucionistas.
Cria a sopa dos pobres, abre creches para os filhos do
proletariado, demonstrando um grande carinho pelo povo.
No entanto, a dezembro de 1918 é assassinado e os monarquistas
aproveitam-se, criando a “Monarquia do Norte”, proclamada no Porto
que suscita uma guerra civil entre Lisboa e Norte.
O regresso ao funcionamento democrático das instituições fez-se
logo em março de 1919, mas a República Velha (período terminal da
Primeira República) não desfrutou da conciliação desejada: a divisão
dos republicanos agravou-se; os antigos políticos retiraram-se da cena
política e aos novos líderes faltaram capacidade e carisma para
imporem os seus projetos.
À instabilidade governativa somavam-se atos de violência que
manchavam o regime e envergonhavam Portugal aos olhos dos outros
países.
Foi o caso do acontecimento designado por “Noite Sangrenta” a
19 de outubro de 1921, ocorrendo o assassinato de António Granjo (ex-
chefe de Governo), Carlos da Maia (republicano de raiz) e Machado
dos Santos (comandou as tropas de 5 de Outubro).

 A falência da Primeira República


Das fraquezas da República se aproveitou a oposição para se
reorganizar:
- Igreja: indisposta com o anticlericalismo e o ateísmo
republicanos cerra filas em torno do Centro Católico Portugal tendo
como apoio o país agrário, conservador e católico;
- Os grandes proprietários e capitalistas, ameaçados pelo
aumento dos impostos e pelo surto grevista e terrorista, exploraram o
tema da ameaça bolchevista (Criaram em 1922, a Confederação
Patronal, transformada pouco depois em União dos Interesses
Económicos, concorrendo às urnas, fazendo eleger deputados seus ao
Parlamento);
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- A classe média vê o seu nível de vida a diminuir de qualidade e


teme o bolchevismo tirando o apoio à República e desejando um
governo forte.

Portugal fica então suscetível às soluções autoritárias.

A 28 de maio de 1926, através de um golpe de Estado por Gomes


da Costa a Primeira República portuguesa cai, instalando-se uma
ditadura militar de 1926 a 1933.

 TENDÊNCIAS CULTURAIS: ENTRE O NATURALISMO E A VANGUARDA


 Pintura
Portugal permanecia acomodado aos padrões estéticos, cujo
gosto oficial premiava o naturalismo.
Aquela pintura académica que obedecia a regras
criteriosamente aprendidas nas academias de Belas-Artes, satisfazia-se
com as cenas de costumes e as particularidades realistas da vida
popular.
O novo poder republicano, nacionalista e eleitoralista apreciava
e acarinhava as velhas tendências culturais, dado que refletiva a mais
pura essência do portuguesismo e justificava os esforços de promoção
cívica (social e cultural) em que a República se empenhava.
Desde 1911, artistas plásticos e escritores como Cristiano Luz,
Santa-Rita, Amadeo de Souza-Cardoso, Mário de Sá Carneiro, Fernando
Pessoa, Eduardo Viana, entre outros lutavam por colocar Portugal no
mapa cultural da Europa. Muitos deles tinham estudado em Paris e lá se
fascinaram com as vanguardas artísticas do tempo.
Estes, de costas voltadas para o academismo, revelaram-se
cosmopolitas. Substituíram a iconografia rústica, melancólica e saudosa
pelo mundanismo boémio, esquematizavam em vez de
pormenorizarem, apoiavam-se no plano, procuravam a originalidade e
experimentavam. Foram cubistas, impressionistas, futuristas,
abstracionistas, expressionistas, surrealistas.
Ao atacarem alicerces da sociedade burguesa, nomeadamente
os seus gostos e valores culturais, os modernistas receberam a
indignação e o sarcasmo, sendo que para se afirmarem realizavam
exposições independentes, publicações periódicas e decoravam
espaços públicos à revelia de preceitos académicos.

 Modernismo
- Os artistas abandonam o saudosismo rural que é substituído pelo
cosmopolitismo boémio;
- O pormenor desaparece havendo a simplificação da linha;
- Esbatimento do volume;
- Utilização de cores contrastantes;
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- Costumam distinguir dois modernismos: 1911 a 1918, ligado às


revistas Orpheu e Portugal Futurista e 1920 a 1930 às revistas Presença e
Contemporânea.

 O primeiro modernismo (1911-1918)


Na pintura, o primeiro modernismo ficou ligado a um conjunto de
exposições (livres, independentes e humoristas) realizadas com
regularidade desde 1911, em Lisboa e no Porto. Nelas encontramos
artistas como Manuel Bentes, Almada Negreiros, Cristiano Cruz, Stuart
Carvalhais, entre outros.
Os desenhos apresentados, muitos deles caricaturas, perseguiam
objetivos de sátira política, social e até anticlerical. Entre
enquadramentos boémios e urbanos, ora avultavam as cenas
elegantes de café, ora as cenas populares com as suas figuras típicas.
Utilizavam-se cores claras e contrastantes.
Este primeiro modernismo sofreu um impulso notável com a
eclosão da Primeira Guerra Mundial, principalmente quando voltaram
de Paris, Amadeo Souza-Cardoso, Guilherme Santa-Rita, Eduardo Viana,
José Pacheco, considerados o melhor núcleo de pintores portugueses
assim como com eles veio o casal Robert e Sonia Delaunay, destacadas
personalidades do meio artístico parisiense.
Destes regressos resultou a formação de dois pólos ativos e
inovadores:
- Lisboa, liderado por Almada Negreiros e Santa-Rita, que se
juntaram a Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, surgindo a revista
Orpheu, sendo somente dois números publicados que revelavam a
faceta mais inovadora, polémica e
emblemática do futurismo, “fez o encontro
das letras com a pintura”. Deixaram o país
escandalizado com o repúdio ao homem
contemplativo e exaltando o homem de
ação, denunciado a morbidez saudosista
dos Portugueses e incitando ao orgulho,
ação, aventura e glória.
- Norte, em torno do casal Delaunay,
Eduardo Viana e Amadeo de Souza-
Cardoso. Amadeo de Souza-Cardoso, influenciado pelo futurismo
realizou duas exposições individuais, não tendo o apoio da crítica nem
do público. Saiu também o número único da revista Portugal Futurista,
que teve a apreensão da polícia. O regime republicano atacado nos
gostos e opções culturais não se desvinculava dos cânones
académicos.

 O segundo modernismo (Anos 20 e 30)


Com as mortes prematuras de Sá-Carneiro, Santa-Rita e Amadeo,
o regresso dos Delaunay a França e a partida de Almada para Paris
encerrou-se o primeiro modernismo português.
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- Reúne homens das letras e das artes;


- Nas letras destacamos José Régio, Adolfo
Casais Monteiro e João Gaspar Simões;
- Tal como no primeiro modernismo, estavam
à margem, não sendo compreendidos pela crítica
e pelo público;
- Davam a conhecer o seu trabalho através
de: exposições independentes, decoração de
espaços como Bristol Club e A Brasileira do Chiado.
Ilustração de revistas tais como: Domingo Ilustrado,
ABC, Ilustração Portuguesa, Sempre Fixe, etc.
Existência de duas revistas: Contemporânea e Presença;
- Em 1933, António Ferro, jornalista e admirador do modernismo é
nomeado Chefe do Secretariado de Propaganda Nacional (controlava
a arte durante o Estado Novo). Contrata os modernistas com o objetivo
destes transmitirem a imagem que o Estado Novo pretendia criar. Os
modernistas passam a representantes da arte oficial.
- Esta subordinação do modernismo é contestada pelo pintor
António Pedro que promove, na década de 30, uma exposição de
artistas independentes que pretendida ser uma homenagem aos
membros do primeiro modernismo.
Na década de 40 vai ser um dos introdutores do surrealismo em
Portugal. Este opunha-se à arte oficial.

 Alguns pintores modernistas


 Amadeo de Souza-Cardoso
- Em Paris troca a arquitetura pela
pintura;
- Em 1913, Amadeo é reconhecido pela
crítica;
- Quando rebenta a Primeira Guerra
Mundial volta a Portugal, aplicando técnicas
vanguardistas absorvidas em Paris;
- Em 1916 expõe em Lisboa e no Porto,
mas depara-se com a incompreensão da
crítica e do público;
- Tem uma obra multifacetada, que
passa pelo desenho estilizado, pelo cubismo, expressionismo, futurismo e
pelo dadaísmo;
- Participa na Portugal Futurista, apreendida pela polícia e o
terceiro número de Orpheu, que não foi publicada contava com obras
suas.

 José de Almada Negreiros


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- Realiza em 1913 a sua primeira


exposição individual e trava amizade
com Fernando Pessoa, com quem
colaborará em Orpheu e Portugal
Futurista;
- Produz mais obras literárias que
pictóricas sendo alguns dos seus textos
de intervenção: Manifesto Anti-Dantas,
K4;
- Pinta o Autorretrato num Grupo para a redecoração de A
Brasileira;
- Desiludido, parte para Madrid durante cinco anos onde inicia a
técnica do mural;
- Decora na década de 40 as Gares Marítimas de Lisboa;
- Casa-se com Sarah Afonso e realiza Maternidade;

 Eduardo Viana
- Em 1905, desiste do seu curso da Academia Nacional de Belas-
Artes e parte com Manuel Bentes para Paris, na busca do ensino
moderno;
- Deixa-se fascinar por Cézanne;
- Em 1915, o pintor instala-se com o
casal Delaunay, sendo que datam dessa
época as suas incursões, na decomposição
das formas, à maneira cubista, e da luz, à
maneira órfica. Deixa-se influenciar pelo brilho
do sol português e pelas cores alegres da
olaria minhota;
- O Rapaz das Louças, marca o retorno
de Viana à figuração volumétrica;
- Foi frequentemente acusado de
“cézannista”, sendo ligado a uma pintura oitocentista;
- A sua modernista reside na pujança da cor, que usa em
contrastes vibrantes e luminosos, quer em retratos nus, paisagens ou
naturezas-mortas;
- Foi admirado como um dos maiores pintores da primeira
geração de modernistas;
- “Pintor fundamentalmente sensual, um instintivo, estranho a
teorias (…) ”

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