ORTOPEDIA
UC
ESPECIALIDADADE
MÉDICO-‐CIRÚRGICAS
I
CHRISTOPHER
SAUNDERS
4ºANO
-‐
2014/2015
INTRODUÇÃO
À
ORTOPEDIA
ORTOPEDIA
–
palavra
de
origem
grega,
usada
pela
primeira
vez
por
Nicholas
Andry
em
1741
Orthos
=
direito
+
Paidon
=
criança
É
definida
pela
Sociedade
Americana
de
Ortopedia
como
a
especialidade
médica
que
visa
a
investigação,
a
preservação,
reconstrução
e
melhoria
funcional
dos
esqueletos
axial
e
apendicular,
através
de
meios
médicos,
cirúrgicos
ou
fisioterapia.
A
especialidade
rege-‐se
por
alguns
princípios
funcionais,
tais
como:
• Manter
uma
visão
funcional
–
função
do
esqueleto
e
autonomia
do
indivíduo
• Os
principais
riscos
associados
às
doenças
ortopédicas
são
o
aumento
da
morbilidade
e
a
perda
da
capacidade
funcional.
As
situações
que
cursam
com
risco
de
vida
são
RARAS.
• Doentes
participam
activamente
na
sua
própria
reabilitação
O
alvo
de
estudo
da
especialidade
é
o
APARELHO
MUSCULO-‐ESQUELÉTICO
–
aparelho
formado
não
só
pelos
ossos
e
articulações,
como
também
por
músculos
e
pelas
suas
porções
tendinosas
que
permitem
a
sua
inserção
a
nível
do
próprio
osso.
O
osso
pode
ser
caracterizado
como
um
tecido
vivo,
formado
inicialmente
por
uma
matriz
proteica
que
mais
tarde
mineraliza,
e
dinâmico,
com
capacidade
de
se
regenerar.
As
suas
principais
funções
são:
protecção,
suporte,
locomoção
e
regulação
da
homeostasia
de
minerais,
tais
como,
o
cálcio.
Podem-‐se
classificar
os
ossos
de
várias
formas.
Quanto
à
densidade
óssea,
podem-‐se
classificar
os
ossos
como
ossos
corticais
(ossos
com
maior
densidade)
e
ossos
esponjosos
(
O
crescimento
ósseo
é
feito
a
partir
de
um
molde
cartilagíneo
que
mais
tarde
ossifica.
Nos
caso
dos
ossos
longos,
estes
apresentam
uma
cartilagem
de
crescimento.
Na
criança,
a
cartilagem
de
crescimento
permite
a
formação
de
estruturas
ósseas
que
mais
tarde
amadurecem,
levando
assim
ao
crescimento
destas
mesmas
estruturas,
e
além
disso,
permite
a
remodelação,
ou
seja,
alteração
da
forma
do
próprio
osso,
absorvendo
as
estruturas
que
se
encontram
para
além
da
forma
do
osso
adulto
e
promovendo
a
deposição
de
material
ósseo
onde
é
necessário,
para
atingir
a
forma
do
osso
adulto.
Todos
este
processo
de
crescimento
e
remodelação
nos
ossos
designa-‐se
por
OSSIFICAÇÃO.
No
caso
dos
ossos
longo,
a
ossificação
inicia-‐se
pelo
aparecimento
de
um
molde
de
cartilagem
que
começa
por
ossificar
a
nível
da
diáfise,
surgindo
posteriormente
a
mineralização
dos
centros
de
ossificação
acessórios,
havendo
entre
o
centro
de
ossificação
principal
(na
diáfise)
e
os
acessórios,
centros
de
cartilagem
de
crescimento
que
vão
gerando
osso
de
uma
forma
centrífuga.
Para
que
tudo
isto
se
torne
possível,
o
mais
importante
é
manter
a
vascularização
destas
estruturas.
Cada
centro
de
ossificação
apresenta
a
sua
própria
vascularização.
O
facto
de
este
processo
de
ossificação
se
manter
apenas
até
determinada
idade
explica
o
facto
de
que,
no
caso
de
fracturas,
na
idade
adulta
é
necessária
a
fixação
e
o
realinhamento
das
estruturas
ósseas,
enquanto
que
na
idade
pediátrica
não
essa
necessidade,
pois
o
esqueleto
imaturo
mantém
a
capacidade
de
remodelação
óssea.
MODALIDADES
TERAPÊUTICAS
EM
ORTOPEDIA
Existem
vários
tipos
de
tratamento:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
2
Ø TRATAMENTO
CONSERVADOR:
podendo
ser
definitiva
ou
transitória,
ou
seja,
de
preparação
para
uma
posterior
abordagem
cirúrgica.
Este
tipo
de
tratamento
é
incruente,
ou
seja,
faz-‐se
sem
nenhum
tipo
de
incisão
na
pele.
Pode
ser
através
de
tratamento
farmacológico,
fisioterapia;
colocação
de
ortóteses
(=
colocação
de
meios
externos
que
limitam
o
movimento
de
uma
determinada
articulação,
permitindo
a
sua
cicatrização)
e
próteses
(meios
de
substituição
da
articulação);
utilização
de
meios
de
tracção
(permitem
o
alinhamento
ósseo)
e
de
imobilização
(através
de
tala
engessada
para
manter
a
redução
das
fracturas
e
realinhamento
correcto
dos
topos
ósseos).
As
principais
complicações
deste
tipo
de
tratamento
podem
ser
de
vários
tipos:
vasculares
(resultante
do
edema
localizado),
cutâneas
(
por
exemplo,
úlceras
de
pressão),
nervosas
(devido
à
compressão
de
nervos)
e
respiratórias
(como
no
caso
de
imobilização
torácica
devido
a
fracturas
da
coluna).
A
prevenção
das
complicações
é
feita
através
da
colocação
de
uma
manga
de
protecção
a
nível
da
pele,
estruturas
almofadadas
a
nível
das
proeminências
ósseas
e
vigilância
regular
dos
doentes.
Ø TRATAMENTO
CIRÚRGICO
–
pode
abordar
vários
tipos
de
estruturas:
• OSSO
–
existindo
assim
vários
tipos
de
técnicas:
o OSTEOSÍNTESE
–
no
caso
de
fractura,
a
redução
e
alinhamento
dos
topos
ósseos,
com
a
fixação
da
posição
com
placas
e
parafusos.
o OSTEOTOMIA
–
ressecção
de
um
segmento
ósseo
por
prejudicar
o
alinhamento
ou
para
obter
uma
alteração
de
alinhamento
que
permite
uma
fixação
correcta.
o RESSECÇÃO
ÓSSEA
–
técnica
utilizada
no
caso
de
tumores
e
infecções
ósseas.
o ENXERTO
ÓSSEO
–
utilizado
de
forma
adjuvante
a
outras
técnicas
cirúrgicas
o EPIFISIODESE
–
técnica
utilizada
apenas
na
criança
pois
diz
respeito
à
fise
ou
cartilagem
de
crescimento,
em
que
esta
pode
ser
bloqueada
transitória
ou
definitivamente
para
alinhar
o
crescimento
do
membro.
• ARTICULAÇÃO
–
existindo
vários
tipos
de
técnicas:
o ARTROCENTESE
–
punção
da
articulação
para
drenagem,
quer
pelo
excesso
de
fluido
sinovial
ou
de
conteúdo
hemático
ou
purulento
que
se
pode
acumular
na
articulação.
o ARTROSCOPIA
–
visualização
directa
da
articulação
permitindo
diagnóstico
e
tratamento
das
lesões.
o ARTROTOMIA
–
abordagem
aberta/directa
da
articulação
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
3
o SINOVECTOMIA
–
técnica
de
ressecção
do
revestimento
sinovial
da
articulação
o ARTROPLASTIA
–
podendo
ser
de
substituição
da
própria
articulação
ou
pode
ser
de
ressecção
(=
ressecção
articular).
o ARTRODESE
–
fixação
da
articulação
de
forma
definitiva
e
funcional
• TENDÕES
–
existindo
vários
tipos
de
técnicas:
o TENORRAFIA
–
sutura
do
tendão
o TENOTOMIA
–
ressecção
do
tendão
o ENXERTO
TENDINOSO
–
colheita
de
tendão
de
outro
músculo,
substituindo
o
tendão
lesado.
o TENODESE
–
fixação
do
tendão
num
ponto
que
não
é
o
ponto
de
fixação
original,
mas
que
permite
manter
a
funcionalidade
• NERVOS
PERIFÉRICOS
–
existindo
vários
tipos
de
técnicas:
o TRANSPOSIÇÃO
–
é
uma
das
técnicas
mais
utilizadas.
Consiste
na
remoção
do
nervo
na
sua
posição
habitual
e
coloca-‐lo
num
leito
mais
seguro,
de
modo
a
garantir
a
sua
funcionalidade.
o NEURÓLISE
–
libertação
do
nervo,
sendo
realizada
nas
camadas
mais
superficiais
do
nervo
o NEUROTOMIA
–
ressecção
do
nervo
quando
há
um
neuroma
o ENXERTO
NERVOSO
–
utilização
de
um
segmento
de
outro
nervo
que
substitui
o
segmento
lesado
ORTOPEDIA
PEDIÁTRICA
DEFORMIDADES
DO
CRESCIMENTO
As
deformidades
do
crescimento
podem
ser
divididas
em
dois
tipos
–
congénitas
e
adquiridas.
1. DEFORMIDADES
CONGÉNITAS
–
todas
as
deformidades
presentes
à
data
do
nascimento,
podendo-‐se
desenvolver
até
ao
fim
do
1º
mês
de
vida
(período
neonatal).
Dentro
das
deformidades
congénitas
podemos
distinguir
dois
grupos:
o As
alterações
que
decorrem
no
período
embrionário
(que
corresponde
às
8
primeiras
semanas
de
gestação)
–
período
em
que
se
desenvolvem
as
MAL-‐FORMAÇÕES
CONGÉNITAS,
sendo
que
as
principais
causas
para
estas
são
causas
genéticas
e
causas
teratogénicas.
o As
alterações
que
ocorrem
no
período
fetal
(que
corresponde
ao
tempo
compreendido
entre
as
8
primeiras
semanas
e
o
nascimento)
–
período
em
que
as
principais
alterações
são:
DISPLASIA
(alterações
com
o
desenvolvimento
do
tecido,
após
a
formação
do
mesmo),
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
4
DISRUPÇÃO
(processo
que
envolve
a
quebra
dos
tecidos
ditos
normais)
e
DEFORMAÇÃO
(processo
desencadeado
pelo
stress
mecânico
sobre
um
tecido
normal.
Uma
das
principais
causas
é
o
oligohidrâmnios).
Dois
exemplos
de
deformidades
congénitas
são
–
Displasia
do
desenvolvimento
da
anca
(DDA)
e
pé-‐
boto.
A. DISPLASIA
DE
DESENVOLVIMENTO
DA
ANCA
(DDA)
-‐ É
uma
anomalia
da
modelação
das
superfícies
articulares
com
carácter
evolutivo.
-‐ As
principais
alterações
patológicas
estão
relacionadas
com
a
falta
de
estabilidade
da
articulação,
displasia
articular,
sub-‐luxação
e
luxação
da
articulação.
Estas
alterações
podem
ser
coexistentes
ou
ocorrer
de
uma
forma
subsequente.
-‐ É
uma
patologia
RARA
(2:1000),
sendo
mais
frequente
no
sexo
feminino
(7:1),
ocorrendo
em
80%
dos
casos
unilateralmente,
com
maior
incidência
sobre
a
anca
esquerda.
-‐ Os
factores
de
risco
associados
à
DDA
são:
sexo
feminino,
primeira
gravidez
(devido
ao
aumento
da
tonicidade
do
útero,
condicionando
os
movimentos
intra-‐uterinos
do
feto),
feto
de
apresentaçãoo
pélvica,
história
familiar
(36%
de
risco
associado)
e
mal-‐
formações
congénitas
(50%
de
risco
associado.
Exemplos
de
mal-‐fomações
congénitas
são
torcicolo
congénito,
pé
boto,
deformidades
do
crânio-‐faciais).
-‐ DIAGNÓSTICO:
feito
através
da
clínica
no
período
neo-‐natal,
através
da
realização
do
exame
objectivo
do
recém-‐nascido.
Podemos
dividir
os
sinais
clínicos
em
sinais
clínicos
major:
• Teste
de
Ortolani
(redução)
–
criança
em
decúbito
dorsal,
realizando-‐se
a
flexão
da
anca
em
cerca
de
90º,
imprimindo
um
movimento
de
abdução
sobre
a
articulação.
Caso
haja
redução
da
cabeça
do
fémur
sobre
a
cavidade
acetabular,
haverá
a
presença
de
um
click
audível
–
TESTE
DE
ORTOLANI
POSITIVO.
• Teste
de
Barlow
(deslocação)
–
criança
em
decúbito
dorsal,
realizando-‐se
a
flexão
da
anca,
imprimindo
um
movimento
de
aducção
com
orientação
ligeiramente
para
posterior.
Este
movimento
condiciona
nas
ancas
instáveis
uma
luxação
da
articulação,
manifestando-‐se
através
de
um
ressalto
e
click
–
TESTE
DE
BARLOW
POSITIVO.
• Limitação
da
abdução
–
criança
em
decúbito
dorsal
e
realiza-‐se
o
movimento
de
abducção
dos
membros,
podendo
verificar-‐se
diferenças
entre
os
dois
membros.
O
membro
afectado
apresentará
uma
maior
resistência
ao
movimento.
E
em
sinais
clínicos
minor:
• Assimetria
das
pregas
cutâneas
a
nível
da
coxa
–
sendo
que
a
prega
mais
relevante
é
a
do
sulco
nadegueiro,
sendo
que
esta
é
a
mais
proeminente.
A
ausência
deste
mesmo
sulco
pode
ser
sinal
de
DDA,
do
lado
afectado.
• Teste
de
Galeazzi
–
criança
em
decúbito
dorsal
com
flexão
da
anca
e
dos
joelhos,
havendo
uma
assimetria
do
comprimento
da
perna,
sendo
o
lado
mais
curto
aquele
que
se
encontra
afectado.
• Telescopagem
ou
teste
de
Pistoning
–
criança
em
decúbito
dorsal.
A
mão
homóloga
do
examinador
é
colocada
na
anca
e
a
mão
homolateral
é
colocada
no
joelho,
fazendo
um
movimento
compressivo/descompressivo.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
5
Caso
a
anca
esta
reduzida,
o
impulso
transmitido
pelo
movimento
é
sentido
na
mão
do
examinador.
• Teste
de
Trendelenburg
–
sinal
que
é
pesquisado
na
idade
da
marcha.
Apoia-‐se
o
peso
corporal
no
lado
afectado,
verificando-‐se
uma
báscula
da
bacia,
no
sentido
contrário
ao
que
é
normal,
devido
à
atrofia
dos
músculos
abdutores.
-‐ ECD’s:
diagnóstico
clínico
é
confirmado
essencialmente
através
de
dois
exames:
§ ECOGRAFIA,
devendo
ser
realizado
ao
fim
das
seis
semanas
de
idade.
Isto
prende-‐se
com
o
facto
de
até
esta
idade,
o
bebé
apresenta
um
excesso
de
hormonas
maternas
em
circulação
que
são
miorelaxantes
e
por
isso,
dariam
um
falso
positivo.
§ RX,
devendo
este
ser
realizado
apenas
no
4º
mês
de
idade
pois
só
nesta
altura
há
ossificação
do
núcleo
epifisário
superior
do
fémur.
Num
RX
de
dum
doente
com
DDA,
verificar-‐se
uma
região
ossificada
de
menores
do
lado
afectado
–
isto
é
explicado
pelo
facto
de
que
se
a
cabeça
do
fémur
não
se
encontra
propriamente
instalada
no
acetábulo,
ocorre
um
atraso
do
crescimento
de
ambas
as
estruturas
ósseas.
A
melhor
leitura
imagiológico
é
feita
através
do
uso
de
algumas
linhas
de
referência:
o Quadrantes
formado
por
duas
linhas:
linha
de
Perkins
(linha
vertical
que
passa
no
bordo
superior
do
acetábulo)
e
linha
de
Hilgenreiner
(linha
horizontal
que
passa
no
centro
da
cartilagem
tri-‐radiada).
No
caso
de
anca
estável,
o
núcleo
encontra-‐se
no
quadrante
ínfero-‐
interno,
e
no
caso
de
anca
instável
encontra-‐se
nos
quadrantes
externos.
o Linha
acetabular
(que
passa
pela
cartilagem
tri-‐radiada
e
pelo
bordo
inferior
e
superior
da
cavidade
acetabular),
que
não
deve
fazer
mais
do
que
30°
com
a
linha
de
Hilgenreiner
o Linha
de
Shenton
(linha
contínua
que
passa
pelo
bordo
inferior
do
colo
do
fémur
e
bordo
superior
do
foramen
obturador),
a
disrupção
da
continuidade
desta
linha
é
indicativa
de
DDA.
o
Existem
outros
ECD’s
que
podem
ser
utilizados,
nomeadamente:
§ ARTROGRAMA/ARTOGRAFIA
–
exame
realizado
ao
4º
mês
de
vida
apenas
nas
ancas
instáveis,
após
a
realização
do
controlo
ecográfico
de
crianças
submetidas
a
tratamento,
mas
que
mantêm
a
luxação
da
articulação.
No
caso
de
DDA,
não
haverá
contraste
no
fundo
acetabular,
devido
ao
bloqueio
da
redução
do
membro
afectado.
Este
bloqueio
é
feito
pelo
por
quatro
componentes:
pulvinar
(tecido
adiposo
que
se
encontra
no
fundo
do
acetábulo
e
que,
no
caso
de
luxação/subluxação,
o
espaço
existente
entre
o
fundo
acetabular
e
a
cabeça
do
fémur),
ligamento
redondo
(ligamento
que
permite
a
fixação
da
cabeça
do
fémur
que,
no
caso
de
luxação/subluxação
encontra-‐se
aumentado
de
também,
ocupando
mais
espaço
da
cavidade
acetabular
quando
há
a
tentativa
de
redução
do
membro),
debrum
acetabular
(fibrocartilagem
que
se
pode
encontrar
invertido,
impedindo
a
redução
do
membro)
e
músculo
psoas
(músculo
que
se
insere
no
trocânter
menor
que
no
caso
de
luxação/subluxação
vai
apresentar
uma
dimensão
menor,
dificultando
a
redução
do
membro).
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
6
-‐ TRATAMENTO:
deve
ser
iniciado
o
mais
precocemente
possível,
depois
do
diagnóstico
confirmado
por
ECOGRAFIA.
Pode
ser
de
tipos:
• TRATAMENTO
CONSERVADOR/INCRUENTE
–
consiste
na
utilização
de
talas/ortóteses
flexíveis
–
ortóteses
de
Pavlik
–
permite
a
fixação
da
anca
em
flexão
(100º)
e
em
abdução
(entre
os
50°
e
70°),
ou
seja,
coloca-‐se
o
membro
numa
posição
persistente
e
idêntica
à
do
teste
de
Ortolani.
A
variabilidade
da
abdução
deve-‐se
à
variabilidade
inter-‐
individual
da
estabilidade
da
articulação
da
coxa.
O
grau
de
estabilidade
é
avaliado
de
duas
formas:
o
segundo
o
grau
de
abdução,
quanto
maior
o
grau
de
abdução
maior
a
instabilidade
da
anca.
Em
caso
de
ângulos
de
abdução
muito
elevados
pode-‐se
correr
o
risco
da
cabeça
do
fémur
entrar
num
processo
de
OSTEONECROSE
(isto
porque
em
caso
de
grandes
abdução
ocorrer
o
estiramento
da
artéria
circunflexa
interna,
responsável
pela
vascularização
da
cabeça
femoral).
o Segundo
o
grau
de
adução,
isto
explicado
pelo
facto
de
na
realização
do
teste
de
Barlow,
caso
em
ângulos
de
adução
muito
reduzidos
haja
luxação
da
articulação,
então
esta
é
muito
instável.
Quanto
menor
o
ângulo
de
adução
em
que
ocorre
luxação,
maior
a
instabilidade
da
articulação.
Caso
o
tratamento
com
as
ortóteses
de
Pavlik
não
resultem
em
primeira
instância,
os
bebés
são
levados
para
o
bloco
operatório
onde,
após
a
realização
de
um
artrograma,
é
realizada
a
manobra
de
Ortolani
com
redução
da
articulação,
imbolizando
o
bebé
com
um
gesso
pelvi-‐podálico
(ou
calção
gessado)
durante
1
mês.
Após
este,
o
gesso
é
substituído
pelas
ostoses
de
Pavlik,
em
caso
de
estabilidade
articular.
• TRATAMENTO
CIRÚRGICO
–
realizado
em
caso
de
falência
do
tratamento
conservador.
A
cirurgia
só
deve
ser
realizada
ao
fim
de
18
meses
de
vida.
Podem
se
fazer
dois
tipos
de
cirurgias:
o OSTEOTOMIA
PÉLVICA
–
com
o
objectivo
de
criar
um
tecto
articular
–
TECTOPLASTIA
–
ou
realizar
osteotomias
de
re-‐
orientação
o OSTEOTOMIA
FEMORAL
–
permitindo
osteotomia
de
varização
e
osteossíntese
com
placa.
O
PROGNÓSTICO
é
muito
dependente
do
grau
de
estabilidade
da
articulação
–
quanto
mais
estável
for
a
articulação,
melhor
é
o
prognóstico
cirúrgico.
As
duas
principais
complicações
são:
OSTEONECROSE
(por
estiramento
iatrogénico
da
artéria
circunflexa
interna)
e
ARTROSE
(ocorre
mais
precocemente,
por
volta
dos
20-‐30
anos).
B. PÉ-‐BOTO
-‐ Deformidade
que
ocorre
sem
perda
ou
ausência
de
segmentos.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
7
-‐ É
considerado
um
vício
de
posicionamento
do
pé,
com
alteração
das
relações
recíprocas
dos
ossos
e
tecidos
moles.
-‐ Verifica-‐se
a
alteração
arquitectónica
de
três
ossos
do
tarso
–
calcâneo,
tálus
e
escafóide.
-‐ É
uma
patologia
RARA
–
ocorre
em
1
de
cada
1000
nascimentos,
sendo
mais
comum
no
sexo
masculino.
Quando
unilateral
(50%),
tem
maior
predomínio
para
o
lado
esquerdo.
-‐ As
deformidades
presentes
podem
ser
de
vários
tipos:
equinus,
cavus,
varus
e
adductus,
sendo
que
a
deformidade
mais
comum
é
equinovarus.
-‐ ETIOLOGIA:
é
uma
patologia
de
causa
MULTIFACTORIAL,
contribuindo
quer
factores
ambientais,
como
a
posição
intra-‐uterina
do
bebé
e
oligohidrâmnios,
e
factores
genéticos,
sendo
associado
a
gene
de
transmissão
autossómica
dominante,
de
penetrância
incompleta.
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
CLINICO,
não
sendo
necessário
a
confirmação
por
exames
de
imagem.
No
raio-‐X
do
pé
o
diagnóstico
é
feito
utilizado
as
linhas
longitudinais
do
calcâneo
e
do
tálus
–
na
incidência
AP,
as
linhas
formam
um
ângulo
convergente
(divergentes
na
ausência
de
doença);
no
perfil,
as
linhas
formam
linhas
paralelas
(divergente
na
ausência
de
doença).
Nestes
casos,
o
escafoide
não
é
referencia
pois
a
sua
ossificação
ocorre
mais
tarde
(3/4anos).
Clinicamente,
é
necessário
avaliar
a
RIGIDEZ
do
pé.
Quanto
maior
a
rigidez,
pior
é
o
prognóstico.
O
pé-‐boto
com
pior
prognóstico
é
aquele
que
tem
origem
numa
causa
teratogénica.
-‐ TRATAMENTO:
deve
ser
realizado
o
mais
precocemente
possível.
Objectivo
é
tornar
o
pé
plantígrado
e
funcional.
Podem
ser
feito
dois
tipos
de
tratamentos:
o TRATAMENTO
CONSERVADOR
-‐
É
utilizado
o
método
de
Ponseti,
que
consiste
na
manipulação
de
5
gessos
seriados,
que
são
mudados
semanalmente.
O
principal
objectivo
é:
§ no
primeiro
gesso
–
ao
realizar
a
hiperextensão
do
hálux,
permite
a
correcção
da
deformidade
em
cavus
§ no
segundo
gesso
–
colocação
de
um
gesso
de
0º
de
abdução,
seguindo
a
colocação
de
gesso
com
o
aumento
progressivo
desse
mesmo
grau
–
15°
(terceiro
gesso),
45°
(quarto
gesso).
Esta
progressão
permite
a
correcção
do
varus
do
retro-‐pé
e
o
adductus
do
ante-‐pé.
§ no
quinto
gesso
–
colocação
de
um
gesso
com
20°
de
extensão
e
75°
de
abdução,
permitindo
a
correcção
do
equinus.
Pode
haver
a
necessidade
de
uma
tenotomia
do
tendão
de
Aquiles
antes
da
colocação
do
quinto
gesso.
Este
último
só
é
removido
ao
fim
de
3
semanas,
tempo
que
permite
a
cicatrização
do
tendão
de
Aquiles.
No
final
das
7
semanas
(1+1+1+1+3),
o
gesso
é
substituído
pelas
talas
de
Denis-‐
Brown,
permitindo
a
extensão
e
abdução
permanente
do
pé.
Estas
talas
devem
ser
utilizadas
23
horas
durante
os
primeiros
3
meses,
seguido
de
16h
(horas
em
que
o
bebé
se
encontra
a
dormir)
por
dia
até
aos
3/4
anos
de
idades.
o TRATAMENTO
CIRÚRGICO
–
realizado
ou
no
caso
de
falência
do
tratamento
médico
ou
nos
casos
mais
graves.
Pode
consistir:
nos
casos
mais
precoces,
preconiza-‐se
a
cirurgia
de
tecidos
moles:
tenotomia
do
tendão
de
Aquiles
(permitindo
o
seu
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
8
alongamento),
realizada
por
via
aberta
ou
via
percutânea;
e
transferência
do
tensão
tibial
anterior
(20%
dos
casos);
nos
casos
mais
tardios,
na
osteotomia
de
correcção.
2. DEFORMIDADES
ADQUIRIDAS
–
todas
as
deformidades
que
ocorrem
após
o
1º
mês
de
vida,
podendo
ser
classificadas
de
duas
formas
diferentes:
o Quanto
à
ETIOLOGIA
–
podem
ter
origem
vascular,
traumática,
neurológica
(ex:
paralisia
cerebral),
infecciosa,
inflamatória
(ex:
artrite
reumatoide),
tumoral
(ex:
hemangioma)
e,
nalguns
casos,
idiopática.
o Quanto
à
LOCALIZAÇÃO
–
os
principais
locais
são:
COLUNA
VERTEBRAL
–
escoliose,
cifose
e
espondilolistese
–
e
MEMBROS
–
desvios
axiais,
osteocondroses
e
epifisiólise
femoral
proximal.
2.1
DEFORMIDADES
DA
COLUNA
VERTEBRAL
A. ESCOLIOSE
-‐ Escoliose
é
definida
como
qualquer
curvatura
da
coluna
vertebral
no
plano
frontal.
-‐ Relativamente
à
sua
classificação
podem
ser
dividir
em:
o NÃO
ESTRUTURAIS
–
cursam
SEM
alteração
morfológica
das
vértebras.
São
escolioses
que
não
progridem
no
tempo,
sendo
corrigidas
quando
o
doente
executa
o
side-‐bending
da
convexidade.
As
principais
causas
são:
POSTURAIS,
ANTI-‐ÁLGICAS
e
COMPENSATÓRIAS.
o ESTRUTURAIS
–
cursam
COM
alteração
morfológica
das
vértebras,
verificando-‐se
uma
alteração
da
curvatura
da
coluna
no
plano
frontal.
Verificam-‐se
anomalias
tri-‐
dimensionais,
devido
a
um
desvio
rotacional
das
vértebras
envolvidas
na
deformidade.
São
escolioses
que
progridem
no
tempo,
sendo
as
principais
causas:
idiopáticas
(normalmente
são
escolioses
bem
equilibradas,
ou
seja,
os
ombros
e
as
cristas
ilíacas
encontram-‐se
à
mesma
altura
bilateralmente),
tumorais,
inflamatórias,
neurológicas
(normalmente
a
deformidade
em
C
que
acompanha
toda
a
coluna)
e
congénitas
(podem
ser
detectadas
por
alterações
simétricas
a
nível
dos
pedículos,
processo
espinhoso
ou
a
nível
do
corpo
vertebral).
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
E
EXAME
OBJECTIVO
–
na
avaliação
do
doente
devem-‐se
ter
em
conta
os
seguintes
aspectos:
§ INSPECÇÃO
–
avaliar
pele,
desenvolvimento
músculo-‐esquelético,
maturação
esquelética
e
altura
do
doente;
verificar
se
os
ombros
e
as
cristas
ilíacas
estão
num
nível
balanceado
ou
descompensado;
avaliar
deformidades
torácicas
e
escapulares;
avaliar
a
flexibilidade;
pesquisar
sinais
de
síndrome
que
possam
estar
relacionados
com
a
escoliose
como,
por
exemplo,
Síndrome
de
Marfan;
avaliar
os
doentes
na
posição
de
pé,
sentada
e
em
marcha.
A
avaliação
do
equilíbrio
dos
ombros
e
da
pelve
é
um
factor
de
prognóstico
importante.
Relativamente
à
translacção
da
coluna
vertebral,
quando
esta
é
maior
do
que
10mm
é
indicativo
de
mau
prognóstico.
doente
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
9
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
CLÍNICO
sendo
realizado
o
teste
de
Adams
–
doente
faz
a
flexão
anterior
da
coluna
tóraco-‐lombar.
Além
deste
teste,
é
necessário
fazer
uma
avaliação
completa
do
doente
em
questão
tendo
em
conta
os
seguintes
aspectos:
§ Curvaturas
–
são
nomeadas
segundo
o
lado
da
sua
convexidade
§ Vértebra
apical
–
vértebra
que
apresenta
a
máxima
rotação
§ Curvas
compensatórias
ou
secundárias
§ Classificação
quanto
ao
aparecimento:
escoliose
da
criança
(até
aos
3
anos),
adolescente
(entre
os
3
e
os
10
anos)
e
do
adulto
jovem
(a
partir
dos
10
ANOS).
Relativamente
ao
diagnóstico
imagiológico,
o
mais
indicado
é
um
RX
de
toda
a
coluna
vertebral.
Os
objectivos
a
estabelecer
na
avaliação
radiológica
da
escoliose
são:
§ Determinar
é
o
ÂNGULO
DE
COBB
-‐
determinado
a
partir
da
intersecção
de
duas
linhas:
linha
paralela
ao
bordo
superior
da
primeira
vertebra
voltada
para
a
concavidade
e
um
linha
paralela
ao
bordo
inferior
da
última
vértebra
que
está
voltada
para
a
concavidade.
§ Avaliação
da
rotação
vertebral
da
vertebra
apical,
usando
o
MÉTODO
DE
NASH
&
MOE
–
a
partir
das
radiografias
do
eixo
longo
da
coluna
vertebral,
podendo-‐se
estratificar
em:
o GRAU
0
–
pedículos
são
simétricos
o GRAU
1
–
o
pedículo
convexo
está
deslocado
na
margem
lateral
do
corpo
vertebral
o GRAU
2
–
o
pedículo
convexo
encontra-‐se
nos
2/3
do
corpo
vertebral
o GRAU
3
–
o
pedículo
convexo
encontra-‐se
no
centro
do
corpo
vertebral
o GRAU
4
–
o
pedículo
convexo
passa
a
linha
média
do
corpo
vertebral
§ Avaliação
de
processos
de
descompensação
§ Avaliação
da
flexibilidade
–
pede-‐se
ao
doente
para
realizar
side-‐bending
para
o
lado
da
convexidade
(o
que
se
verifica
é
que
a
curvatura
diminui,
permitindo
a
avaliação
das
estruturas
sólidas).
Além
do
RX
da
coluna
vertebral,
torna-‐se
também
importante
a
aquisição
do
RX
pélvico,
afim
de
avaliar
a
maturidade
do
esqueleto.
A
avaliação
da
pelve
é
feita
através
do
ÍNDICE
DE
RISSER
–
mede
o
grau
de
visualização
da
cartilagem
de
crescimento
da
crista
ilíaca:
o GRAU
0
–
a
cartilagem
não
é
visível.
o GRAU
1
–
cartilagem
preenche
até
25%
da
crista
ilíaca.
o GRAU
2
–
cartilagem
preenche
até
50%
da
crista
ilíaca.
o GRAU
3
–
cartilagem
preenche
até
75%
da
crista
ilíaca.
o GRAU
4
–
quando
a
cartilagem
preenche
toda
a
crista
ilíaca,
mas
ainda
se
consegue
individualizar,
o GRAU
5
–
o
crescimento
da
crista
ilíaca
já
terminou,
estando
a
cartilagem
completamente
fundida,
Em
raras
situações,
pode-‐se
ainda
recorrer
ao
RX
do
punho
e
da
mão
para
a
avaliação
da
maturidade
esquelética.
No
entanto,
estes
métodos
são
muito
pouco
utilizados.
-‐ TRATAMENTO:
pode
ser
dividido
em
dois
tipos:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
10
o TRATAMENTO
CONSERVADOR/INCRUENTO
–
mais
frequentemente
são
utilizados
coletes
Milwaukee
(CTLSO),
coletes
LSO/lombostatos
(para
o
caso
das
curvaturas
lombares).
Os
principais
objectivos
deste
tipo
de
tratamento
são:
a
redução
das
curvaturas
escolióticas,
a
correcção
da
escoliose
durante
o
período
de
crescimento
e
a
prevenção
da
reincidência
de
novas
lesões
escolióticas.
o TRATAMENTO
CIRÚRGICO/CRUENTO
–
os
objectivos
deste
tipo
de
tratamento
são:
melhorar
a
curva
escoliótica,
melhorar
a
imagem
tri-‐dimensional
da
coluna,
prevenir
a
progressão
da
escoliose,
reduzir
a
dor,
optimizar
a
função
pulmonar
e
manter
a
integridade
morfológica.
A
correcção
da
deformidade
é
feita
através
da
criação
de
uma
ARTRODESE
–
conseguida
por
várias
abordagens:
• ANTERIOR
–
é
realizada
por
toracotomia,
toracolombofrenotomia
ou
lombotomia.
Pode
ainda
ser
feita
de
uma
maneira
isolada
para
a
corracção
da
deformidade
ou
pode
utilizada
para
casos
em
que
seja
necessária
uma
libertação
da
coluna
vertebral,
para
depois
pela
via
posterior
se
conseguir
a
desrotação.
• POSTERIOR
–
mais
utilizada.
Deve-‐se
definir
o
local
para
a
colocação
dos
pontos
de
fixação,
recorrendo
ao
uso
de
parafusos
e
ganchos
para
realizar
o
processo
de
desrotação.
Este
processo,
juntamente
com
a
compressão
e
a
distracção
permite
obter
o
realinhamento
pretendido.
Além
disso,
o
processo
de
descorticação
das
lâminas
dos
processos
transversos
para
garantir
uma
maior
estabilidade
da
coluna
vertebral.
• MISTA
B. CIFOSES
-‐ CIFOSES
consistem
em
curvaturas
da
coluna
no
plano
sagital
de
convexidade
posterior.
As
cifoses
podem-‐se
dividir
em:
o CIFOSES
FISIOLÓGICAS
–
ocorrem
na
coluna
vertebral
ausente
de
qualquer
deformidade/patologia.
Existem
duas
cifoses
–
cifose
torácica
(ângulo
varia
entre
20°
a
45°)
e
cifose
sagrada.
o CIFOSES
PATOLÓGICAS
–
também
designadas
de
hipercifoses.
Ocorrem
quando
há
alteração
da
variabilidade
do
ângulo
cifótico.
A
cifose
patológica
mais
comum
ocorre
a
nível
torácico.
-‐ Além
das
cifoses,
podem
ainda
ser
consideradas
as
LORDOSES
–
curvaturas
da
coluna
no
plano
sagital
de
convexidade
anterior,
sendo
que,
tal
como
as
cifoses,
podem
ser
fisiológicas
ou
patológicas.
As
lordoses
fisiológicas
ocorrem
a
nível
cervical
e
lombar
(ângulo
varia
entre
40°
a
60°.
A
lordose
lombar
é
característica
do
ser
humano).
As
lordoses
patológicas
mais
comuns
ocorrem
a
nível
lombar.
-‐ Assim
as
várias
curvaturas
da
coluna
vertebral
pretender
atingir
o
equilíbrio
sagital
ideal
–
equilíbrio
postural
que
permite
ao
individuo
ter
uma
visão
tri-‐dimensional
com
o
menor
esforço
muscular
possível,
qualquer
que
seja
a
posição.
Balanço
sagital
da
coluna
vertebral
é
altamente
dependente
da
forma
e
posição
da
pelve.
-‐ Para
a
avaliação
do
equilíbrio
sagital
recorre-‐se
ao
RX
de
perfil
de
toda
a
coluna,
podendo-‐se
avaliar
de
duas
formas
possíveis
o traçando-‐se
uma
linha
vertical
que
passa
pelo
centro
do
corpo
vertebral
de
C7
e
que
cruza
o
promontório
sagrado
em
±
2cm.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
11
o Avaliação
do
ÂNGULO
ESPINO-‐SAGRADO
–
método
mais
utilizado
(mais
fiável).
Este
ângulo
é
formado
pelo
cruzamento
de
duas
linhas:
uma
linha
que
vai
do
centro
do
corpo
vertebral
de
C7
até
ao
centro
do
promontório
sagrado
e
outra
que
vai
desde
o
promontório
sagrado
até
à
sínfise
púbica,
com
uma
amplitude
angular
fixa
de
135°.
A
utilização
deste
método
permite
a
avaliação
global
da
quantidade
de
cifose.
-‐ A
perda
do
equilíbrio
cifótico
é
uma
das
causas
mais
frequentes
para
lombalgia.
Além
disso,
Glassman
defende
que
o
facto
de
existir
um
desequilíbrio
sagital,
verificável
a
nível
radiográfico,
é
altamente
preditivo
e
indicativo
do
status
clínico
do
doente.
-‐ ETIOLOGIA
–
quanto
à
sua
causa
as
cifoses
podem
ser
classificadas
em:
o CIFOSES
ESTRUTURAIS
–
cujas
causas
podem
ser:
defeitos
congénitos
(deformações
na
formação,
na
segmentação
–
barras
vertebrais
que
resultam
da
fusão
de
vária
vértebras
–
ou
mistas),
doença
de
Scheuermann,
causas
neuromusculares
(neurofibromatose,
mielomeningocelo,
trauma
(fracturas
do
corpo
vertebral),
causas
pós-‐cirúrgicas
(pós-‐laminectomia),
doenças
do
colagénio,
status
pós-‐RT
e
doenças
metabólicas
(osteoporose
–
provoca
fracturas
do
corpo
vertebral
do
tipo
A,
osteomalacia,
osterogénese
imperfecta).
o CIFOSES
NÃO-‐ESTRUTURAIS
–
cuja
causa
mais
frequente
é
a
causa
postural.
Este
tipo
de
cifoses
é
mais
comum
nos
adolescentes
e
jovens
adultos,
e
as
alterações
radiológicos
não
são
muito
consideráveis.
O
doente
mantém
a
flexibilidade
do
movimento
da
coluna
vertebral.
Ø DOENÇA
DE
SCHEUERMANN
–
é
uma
osteocondrose,
cuja
patogenia
ainda
não
está
completamente
definida,
havendo
num
entanto
uma
tendência
familiar
para
o
aparecimento
da
doença.
Ocorre
a
partir
dos
12/14
anos,
sendo
tão
frequente
no
homem
como
na
mulher.
Doença
é
caracteriza
por
deformidade
cifótica
torácica
e
dor
(em
50%
dos
casos).
Radiologicamente
o
exame
indicado
é
a
RMN
–
verifica-‐se
uma
alteração
da
ossificação
endocondral,
irregularidades
da
região
epifisária,
estreitamentos
focais
do
espaço
discal,
formação
de
nódulos
de
Schmorl
(invaginações
do
disco
para
o
interior
da
corpo
vertebral).
O
padrão
típico
é
afectar
mais
do
que
3
vértebras
e
com
5
graus
de
cunha.
A
progressão
da
doença
leva
ao
aparecimento
de
alterações
degenerativas.
O
tratamento
deste
doença
pode
ser
de
dois
tipos:
CONSERVADOR
–
através
da
utilização
de
coletes
de
Schroth
(complementado
por
fisioterapia);
CIRURGICO
–
realização
de
osteotomias
apicais
,
redução,
fixação
e
atrodese
2.2
DEFORMIDADES
DOS
MEMBROS
C. DESVIOS
AXIAIS
DOS
MEMBROS
-‐ Representam
um
conjunto
de
patologias
que
leva
à
alteração
da
relação
entre
os
membros
(esqueleto
apendicular)
e
o
esqueleto
axial.
Estas
alterações
levam
a
alterações
no
plano
axial
dos
membros,
podendo
cursar
com
o
afastamento
ou
aproximação
dos
mesmos
relativamente
ao
esqueleto
axial.
-‐ Os
desvios
axiais
são
mais
comuns
no
membro
inferior
do
que
no
membro
superior.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
12
-‐ Dentro
dos
desvios
do
membro
inferior
podemos
agrupá-‐los
em
três
regiões:
anca,
joelho
e
pé.
As
alterações
mais
frequentes
ocorrem
a
nível
do
joelho
e
pé.
o DEFORMIDADES
DO
JOELHO
§ GENU
VALGUM
e
GENU
VARUM
No
final
do
crescimento,
os
joelhos
apresentam
entre
5-‐7°
de
valgum.
O
diagnóstico
das
alterações
é
CLÍNICO,
sendo
realizado
através
da
observação
do
doente
na
posição
vertical.
Genu
varum
é
avaliado
pela
medição
da
entre
os
joelhos,
com
as
pernas
esticadas
e
as
junção
dos
maléolos
mediais.
Esta
distância
deve
ser
inferior
a
6
cm.
Genu
valgum
é
avaliado
pela
medição
da
distância
entre
os
maléolos
mediais,
com
a
junção
dos
joelhos
e
a
patela
orientada
anteriormente.
Esta
distância
deve
ser
inferior
a
8
cm.
Estas
alterações
são
mais
frequentes
na
criança,
fazendo
parte
do
desenvolvimento
dos
próprios
membros.
A
maioria
dos
desvios
são
corrigidos
entre
10/12
anos
de
idade.
Tratamento
não
é
necessário,
mas
a
progressão
do
desvio
deve
ser
avaliado
de
6/6
meses.
Caso
aos
10/12
anos
de
idades,
os
desvios
ainda
sejam
muito
marcado,
o
tratamento
é
CIRÚRGICO
com
a
realização
de
epifisiodese
(fixação
da
fise
para
diminuir
a
taxa
de
crescimento)
ou
osteotomia,
nos
estados
mais
tardios.
§ TIBIA
VARA
ou
DOENÇA
DE
BLOUNT
Trata-‐se
de
uma
doença
RARA
na
qual
há
um
alteração
da
porção
medial
da
epífise
superior
da
tíbia,
resultando
num
genu
varum
progressivo.
As
alterações
podem
uni
ou
bilaterais.
O
tratamento
é
CIRÚRGICO
e
consiste
na
osteotomia
da
porção
superior
da
tíbia,
podendo
ter
que
ser
repetida
durante
o
desenvolvimento
da
criança.
Apesar
de
mais
frequentes
nas
crianças,
estas
alterações
podem
ocorrer
§
nos
adultos.
Nestes
casos,
as
alterações
mais
frequentemente
são
UNILATERAIS.
São
secundarias
a
outras
entidades
–
lesões
pós-‐traumáticas,
artrite
reumatoide
(mais
comum
–
valgum)
e
osteoartrite
(mais
comum
–
varum).
o DEFORMIDADES
DO
PÉ
–
de
um
forma
geral
podem
se
caracterizar
por:
§ EQUINUS
–
o
retro-‐pé
tem
flexão
plantar
no
tornozelo
§ CALCANEUS
–
o
retro-‐pé
tem
dorsiflexão
no
tornozelo
§ VARUS
–
o
retro-‐pé
está
em
adução
ou
invertido
quando
visto
posteriormente
§ VALGUS
–
o
retro-‐pé
está
em
abdução
ou
evertido
quando
visto
posteriomente
§ CAVUS
–
o
arco
longitudinal
inferior
é
mais
elevado
que
na
maioria
dos
casos
§ PLANUS
–
não
existe
arco
longitudinal,
sendo
que
o
pé
é
normalmente
valgum.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
13
D. EPIFISIOLISE
SUPERIOR
DO
FÉMUR
(ESF)
-‐ Caracterizada
pelo
escorregamento
da
epífise
sobre
o
colo
femoral,
numa
direcção
póstero-‐
inferior.
-‐ Em
situação
não-‐patológicas,
o
eixo
do
colo
femoral
e
o
eixo
do
corpo
do
fémur
são
perpendiculares
entre
si.
No
caso
da
ESF,
esta
relação
entre
os
dois
eixos
está
ausente.
-‐ Mais
comum
nos
indivíduos
do
sexo
masculino,
entre
10/17
anos
de
idade,
altura
em
que
o
esqueleto
apresenta
uma
fase
de
crescimento
rápido.
Apenas
em
1/3
dos
casos
é
que
a
lesão
ocorre
bilateralmente.
-‐ CAUSAS:
esta
entidade
tem
uma
origem
multifactorial
–
associado
a
uma
taxa
de
crescimento
muito
elevado
(verificando-‐se
uma
zona
hipertrófica
na
cartilagem
de
crescimento,
alterando
os
factores
mecânicos
da
própria
articulação);
factores
traumáticos
ou
microtraumáticos,
pois
ocorre
normalmente
associado
ao
exercício
físico;
factores
endócrinos
e
inflamatórios,
nomeadamente
hipotiroidismo
(nestes
doentes
50%
dos
casos
cursam
com
lesões
bilaterais);
síndrome
adiposo-‐genital
(ocorre
devido
ao
desiquilibrio
entre
a
hormona
de
crescimento
–
GH
–
e
as
hormonas
sexuais);
distrofia
local
do
tecido
adiposo.
-‐ DIAGNÓSTICO:
feito
através
da
clínica,
com
a
necessidade
de
recorrer
a
exames
complementares
de
diagnóstico.
o DIAGNÓSTICO
CLÍNICO
–
o
principal
sintoma
é
DOR
NA
ANCA,
que
pode
irradiar
até
à
face
interna
da
articulação
do
joelho
(devido
à
irritação
do
nervo
obturador).
Na
maioria
dos
casos
(60%),
a
forma
de
apresentação
é
crónica,
que
evolui
durante
3/4
semanas.
A
segunda
forma
de
apresentação
mais
comum
é
a
agudização
de
um
estado
crónico.
Os
doentes
podem
ainda
referir
CLAUDICAÇÃO.
No
exame
objectivo,
verifica-‐se
uma
redução
da
mobilidade
articular,
resultante
da
diminuição
da
rotação
interna
e
da
abdução
devido
à
limitação
mecânica
imposta
sobre
a
articulação
da
anca.
Relativamente
à
gravidade
do
escorregamento
este
pode
ser
caracterizado
em
três
graus:
• GRAU
1
–
escorregamento
até
30%
da
cabeça
em
relação
ao
colo
femoral.
• GRAU
2
–
escorregamento
até
50%
da
cabeça
em
relação
ao
colo
femoral.
• GRAU
3
–
escorregamento
acima
de
50%
da
cabeça
em
relação
ao
colo
femoral.
o DIAGNÓSTICO
IMAGIOLÓGICO
–
realização
de
RX
da
anca
em
dois
planos
–
AP
e
de
perfil.
Os
critérios
que
permitem
o
diagnóstico
de
ESF
são:
• Presença
do
sinal
em
crescente
–
resultante
da
sobreposição
da
cabeça
em
relação
ao
colo
femoral.
• Linha
de
Kline
–
linha
que
passa
no
bordo
superior
do
colo
femoral
que,
em
caso
de
escorregamento,
mantém-‐se
superior
à
cabeça
do
fémur
(sinal
de
Trethowan),
em
vez
de
intersecta-‐la.
-‐ COMPLICAÇÕES:
as
complicações
mais
frequentes
são:
§ NECROSE
AVASCULAR
-‐
pois
pode
levar
a
alterações
a
nível
da
articulação
e
estiramento
da
cápsula
articular,
que
pode
culminar
no
estiramento
dos
vasos
capsulares,
levando
à
osteonecrose
da
cabeça
do
fémur.
Esta
complicação
pode
cursar
com
a
evolução.
A
consequência
desta
mesma
necrose
acaba
por
ser
ARTROSE.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
14
§ CONDRÓLISE
–
destruição
primária
da
cartilagem
articular,
sem
envolvimento
do
osso
subcondral.
Traduz-‐se
radiograficamente
por
uma
diminuição
da
linha
articular,
e
clinicamente
por
dor.
A
complicação
tardia
desta
condição
é
a
própria
ARTROSE.
§ OSTEOARTRITE
-‐ TRATAMENTO:
ESF
trata-‐se
de
uma
EMERGÊNCIA
CIRÚRGICA.
O
tratamento
cirúrgico
consiste
na
FIXAÇÃO,
que
pode
ser
de
vários
tipos,
consoante
o
grau
de
gravidade
do
escorregamento:
§ GRAU
1
–
FIXAÇÃO
IN
SITU,
que
consiste
na
fixação
das
estruturas
ósseas
sem
fixação
do
próprio
escorregamento.
§ GRAU
2/3
–
associa-‐se
REDUÇÃO
à
FIXAÇÃO.
No
casos
mais
graves,
em
que
é
necessário
reestabelecer
a
anatomia
da
articulação
pode-‐se
recorrer
à
OSTEOTOMIA,
que
pode
ser
realizada
a
nível
da
base
do
colo
femoral
com
a
remoção
de
um
fragmento
triangular.
E. OSTEOCONDROSE
-‐ Consiste
numa
doença
necro-‐degenerativa,
de
origem
isquémica,
localizada
nos
núcleos
de
ossificação
de
epífises
e
apófises/processos.
-‐ Mais
comum
em
indivíduos
do
sexo
masculino,
sendo
menos
frequente
em
indíviduos
de
raça
nega.
-‐ Ocorre
sobretudo
na
primeira
década
de
vida
–
3/12
anos
de
idade.
As
duas
excepções
a
esta
regra
são
as
osteocondroses
do
adulto
–
Doença
de
Kienbock
e
doença
de
Muller-‐Weiss
Ø DOENÇA
DE
KIENBOCK
–
necrose
avascular
do
lunato
(osso
do
procarpo)
após
lesão
ou
fractura
de
stress.
Um
dos
factores
de
risco
associado
é
um
encurtamento
da
ulna
(variação
anatómica).
Ocorre
mais
frequentemente
em
doentes
jovens
com
queixas
de
dor
e
rigidez
local,
com
limitação
da
extensão
do
punho.
Imagiologicamente
pode
ser
detectado
por
RX,
sendo
que
os
estádios
mais
precoces
da
doença
são
apenas
detectados
por
RMN.
O
tratamento
dos
estádios
mais
precoces
consiste
na
osteotomia
da
porção
mais
distal
do
rádio,
de
forma
a
aliviar
a
pressão
local;
nos
estádios
mais
tardios
consiste
na
artrodese
parcial
da
articulação
do
punho.
Ø DOENÇA
DE
MULLER-‐WEISS
–
-‐ ETIOLOGIA:
é
uma
patologia
de
causas
multifactoriais
–
processos
de
necrose,
microtraumatismos
e
fracturas
de
stress
(devido
à
tracção
de
estruturas
ligamentares
e
tendinosas
inseridas
a
nível
das
epífises
e
apófises).
-‐ as
osteocondroses
podem-‐se
classificar
radiograficamente
como:
variante
do
normal,
alteração
do
crescimento
sem
necrose
e
osteonecrose.
-‐ DIAGNÓSTICO:
o
principal
sintoma
referido
pelo
doente
é
DOR
LOCAL,
de
carácter
crónico
e
intensidade
moderada,
podendo
estar
associada
a
situações
de
exercício
físico.
-‐ TRATAMENTO:
consiste
essencialmente
na
remoção
dos
fragmentos
causadores
de
dor
e
na
restauração
da
função
da
articulação,
com
o
objectivo
de
manter
a
cabeça
do
fémur
a
nível
da
cavidade
acetabular.
-‐ Existem
vários
tipos
de
osteocondroses
que
diferem
relativamente
à
localização
e
na
idade
em
que
se
desenvolvem:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
15
Ø a
mais
comum
é
DOENÇA
DE
OSGOOD-‐SCHLATTER
–
que
desenvolve
entre
11/15
anos
de
idade,
mais
frequente
nos
indivíduos
do
sexo
masculino,
a
nível
da
tuberosidade
anterior
da
tíbia.
Associada
ao
exercício
físico,
cursando
com
dor
e
sinais
inflamatórios
na
região
afectada.
Ø DOENÇA
DE
SEVER
–
que
se
desenvolve
entre
7/10
anos
de
idade,
mais
frequentemente
nos
indivíduos
do
sexo
masculino,
a
nível
do
processo
posterior
do
calcâneo
Ø DOENÇA
DE
KOHLER
–
que
se
desenvolve
entre
3/8
anos
de
idades,
a
nível
do
escafoide
társico.
Ø DOENÇA
DE
FRIEBERG
-‐
que
se
desenvolve
entre
12/15
anos
de
idade,
mais
frequentemente
nos
indivíduos
do
sexo
feminino,
a
nível
do
2º
e
3º
metatarsos.
Ø DOENÇA
DE
LEGGES-‐CALVÉ-‐PERTHES
–
osteocondrose
que
se
desenvolve
a
nível
da
epífise
proximal
do
fémur,
entre
os
5/12
anos
de
idade
(faz
diagnóstico
diferencial
com
a
DOENÇA
DE
MEYER,
sendo
que
esta
se
desenvolve
entre
2/4
anos
de
idade).
É
mais
comum
nos
indivíduos
do
sexo
masculino
(4:1).
Ocorre
bilateralmente,
sendo
que
se
em
ambas
as
ancas
com
um
intervalo
de
tempo
igual
a
1
ano.
A
doença
demora
cerca
de
2/4
anos
a
desenvolver-‐se,
passando
por
3
etapas:
NECROSE
ÓSSEA
(necrose
parcial
da
cabeça
do
fémur,
não
havendo
alterações
imagiológicas),
REVASCULARIZAÇÃO
E
REPARAÇÃO
(através
de
processos
de
neovascularização,
há
formação
de
nova
superfície
óssea
sobre
a
área
necrosada,
podendo
haver
restauração
óssea
completa)
e
DISTORÇÃO
E
REMODELLING
(ocorre
no
caso
da
área
afectada
ser
de
grandes
dimensões,
não
havendo
possibilidade
de
reparação).
Quer
a
reparação
(por
haver
aumento
da
fragilidade
dessa
região)
quer
a
distorção
podem
levam
ao
colapso
epifisário.
DIAGNÓSTICO:
clinicamente,
o
doente
refere
DOR
e
CLAUDICAÇÃO,
havendo
limitação,
no
exame
objectivo,
da
abdução
e
da
rotação
interna.
Radiologicamente,
recorre-‐se
ao
RX
(duas
incidências
–
AP
e
de
perfil).
TRATAMENTO:
é
realizado
um
tratamento
sintomático
com
tracção
do
membro
afectado,
afim
de
reduzir
a
dor.
Depois
de
3
semanas
(tempo
médio
necessário
para
o
desaparecimento
dos
sintomas),
faz-‐se
a
reavaliação
doente.
Doentes
com
bom
prognóstico
mantêm
tratamento
medico.
Doentes
com
mau
prognóstico
têm
indicação
para
tratamento
cirúrgico.
Os
critérios
de
mau
prognóstico:
incidência
da
doença
depois
dos
6
anos
de
idades;
envolvimento
total
da
cabeça
femoral;
rarefacção
metafisária
grave;
deslocação
lateral
da
cabeça
do
fémur.
O
tratamento
cirúrgico
consiste
na
OSTEOTOMIA
em
varum
do
fémur
ou
inominada
da
pelve,
de
forma
a
manter
a
cabeça
do
fémur
na
cavidade
acetabular.
INFECÇÕES
OSTEO-‐ARTICULARES
-‐ Podem-‐se
dividir
as
infecções
osteo-‐articulares,
quanto
à
sua
LOCALIZAÇÃO,
em
dois
grandes
grupos:
ÓSSEAS
e
ARTICULARES.
-‐ Além
disso,
quanto
à
sua
ETIOLOGIA,
as
infecções
osteo-‐articulares
podem
ser
divididas
em:
o SUPURATIVAS,
de
causa
séptica
ou
piogénica,
podendo
ocorrer
tanto
nos
ossos
como
nas
articulações.
São
o
tipo
de
infecções
mais
comum.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
16
o NÃO-‐SUPURATIVAS,ou
também
designadas
granulomatosas,
sendo
que
a
localização
destas
é
preferencialmente
articular.
A
infecção
granulomatosa
articular
mais
comum
é
a
tuberculose.
-‐ Relativamente
aos
MEIOS
DE
DISSEMINAÇÃO,
estes
podem
ser
de
vários
tipos:
o HEMATOGÉNEA,
como
é
o
caso
da
artrite
ou
osteomielite
hematogénea;
o INOCULAÇÃO
DIRECTA,
como
é
o
caso
das
fracturas
expostas,
feridas
cirúrgicas
ou
artrocentese,
sendo
que
o
principal
agente
é
o
Staphylococcus
aureus;
o POR
CONTIGUIDADE,
como
é
o
exemplo
do
pé
diabético,
com
o
envolvimento
inicial
dos
tecidos
moles
circundantes
e
que
acabam
por
afectar
o
osso.
-‐ A
EVOLUÇÃO
das
infecções
osteo-‐articulares
pode-‐se
dividir
em
dois
grandes
grupos:
o AGUDO
–
com
sinais
de
inflamação
aguda
localizadas
–
dor,
rubor,
calor
–
e
sinais
sistémicos
–
febre,
alterações
analíticas,
como
o
aumento
da
PCR
e
leucocitose.
o CRÓNICA
–
Pode-‐se
verificar
fibrose
e,
nalguns
casos,
fenómenos
de
epitelização
sobre
o
músculo
ou
tendão.
Este
tipo
de
infecções
incluem
as
infecções
que
sejam
primariamente
crónicas,
sendo
que
o
mais
característico
e
frequente
é
o
ABCESSO
DE
BRODIE
–
radiologicamente
assemelha-‐se
a
um
tumor
benigno
(bem
definido,
capsulado,
septado
e
que
não
passa
a
cartilagem
de
crescimento),
mas
que
não
passa
de
um
abcesso
colectado.
Estas
situações
primaria
crónica
têm
um
desenvolvimento
paulatino,
ou
seja,
as
queixas
são
pouco
específicas
e
o
doente
é
avaliado
tardiamente.
No
entanto,
o
diagnóstico
definitivo
de
abcesso
de
Brodie
é
feito
por
análise
microbiológica
e
anatomo-‐patológica.
1. INFECÇÕES
SUPURATIVAS
A. OSTEOMIELITE
HEMATOGÉNEA
-‐ patologia
que
ocorre
com
mais
frequência
nas
crianças
devido
ao
tipo
de
circulação
verificada
e
ao
desenvolvimento
do
próprio
osso.
A
circulação
em
ansa
a
níveis
das
metáfises
férteis
e
a
lentificação
do
fluxo
de
sangue
nessa
região,
leva
a
que
haja
uma
maior
probabilidade
de
se
desenvolver
uma
infecção.
-‐ Nas
fases
agudas,
a
colonização
bacteriana
da
zona
metafisária
pode
levar
à
formação
de
abcessos
–
ABCESSOS
METAFISÁRIOS.
-‐ Estas
infecções
apresentam
várias
etapas
de
evolução:
o PRIMEIRA
FASE
–
dura
cerca
de
48h
–
infecção
encontra-‐se
contida
a
nível
metafisário,
sendo
que
o
abcesso
se
tenta
estender
à
própria
diáfise
óssea,
estrutura
rígida
mas
altamente
inervada,
sendo
nesta
primeira
fase
o
sintoma
característico
é
a
DOR.
o SEGUNDA
FASE
–
ocorre
a
nível
do
4º
dia
–
abcesso
aumenta
de
dimensão
passando
para
o
espaço
sub-‐periósteo,
através
da
destruição
da
cortical
óssea,
levando
ao
aparecimento
dos
primeiros
sinais
inflamatórios
–
tumefacção,
rubor,
calor.
o TERCEIRA
FASE
–
ocorre
a
nível
do
6º
dia
–
o
abcesso
vai
descolando
os
planos,
promovendo
a
necrose
do
fragmento
ósseo
que
fica
desprotegido
de
periósteo.
Pode
ocorrer
a
fragmentação
do
osso,
ficando
este
fragmento
envolto
em
pus,
designa-‐se
este
fenómeno
por
–
SEQUESTRAÇÃO,
visto
que
o
próprio
periósteo
pretende
conter
a
infecção
através
da
formação
de
novo
osso.
O
sequestro
deve
ser
removido
cirurgicamente,
deforma
a
não
perpetuar
a
própria
infecção.
o QUARTA
FASE
–
ocorre
a
nível
do
10º
dia
-‐
o
processo
infeccioso
afecta
todo
o
periósteo,
levando
a
uma
necrose
de
toda
a
diáfise.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
17
-‐ O
abcesso
fica
normalmente
retido
a
nível
do
periósteo,
não
passando
para
a
epífise,
isto
por
duas
razões:
em
primeiro
lugar,
não
existe
continuidade
entre
as
duas
regiões
devido
à
presença
da
cartilagem
de
crescimento
e,
em
segundo
lugar,
o
periósteo
fixando-‐se
à
própria
cartilagem
de
crescimento
formando
um
anel
isolante
–
anel
de
Lacroix
–
que
vai
separar
a
metáfise
da
epífise.
No
entanto,
existem
excepções
a
esta
condição
–
ARTICULAÇÃO
DA
ANCA
–
isto
porque
a
metáfise
é
intra-‐articular,
levando
à
formação
de
uma
artrite
séptica
(devido
à
saída
do
pus
para
a
própria
cavidade
articular,
podendo
levar
à
infecção
da
epífise
por
contiguidade).
-‐ A
osteomielite
hematogénea
ocorre
com
mais
frequência
nas
crianças/adolescentes
e
nos
imunocomprometidos.
-‐ ETIOPATOGENIA:
O
agente
mais
comum
é
o
Staphylococcus
aureus
(80%
dos
casos).
No
entanto,
existem
agentes
que
ocorrem
com
mais
frequência
consoante
o
grupo
etário
em
que
o
doente
se
encontra
–
Hemophilus
influenza,
verifica-‐se
com
mais
frequência
nas
crianças;
Pseudomonas
aeruginosa
e
Klebsiella
pneumonia,
nos
doente
imunocomprometidos;
Neisseria
gonorrhea,
nos
adolescentes
em
fase
sexualmente
activa.
A
antibioterapia
só
deve
ser
inciada
após
a
colheita
de
pus.
-‐ DIAGNÓSTICO:
feito
clinicamente
através
da
detecção
dos
sinais
inflamatórios.
A
osteomielite
é
diagnosticada
mais
tardiamente
o
que
a
artrite
séptica
pois
tratam-‐se
de
infecções
mais
profundas.
-‐ Apesar
da
mortalidade
ser
baixa,
a
morbilidade
das
infecções
osteo-‐articulares
revela-‐se
nas
alterações
locais
que
ocorrem
na
região
afectada.
-‐ TRATAMENTO:
na
maioria
dos
casos
o
tratamento
das
infecções
osteo-‐articulares
é
CIRÚRGICO,
com
desbridamento
do
osso,
complementado
por:
§ Remoção
do
sequestro
§ Permeabilização
do
canal
fistuloso
§ Uso
de
antibioterapia
O
tratamento
destas
situações
deve
ser
feito
durante
a
fase
aguda,
afim
de
evitar
a
cronicidade.
Relativamente
aos
aspectos
característico
da
infecção
crónica,
estes
podem
ser:
o Formação
de
SEQUESTRO
–
deve
ser
removido
cirurgicamente,
de
forma
a
não
perpetuar
a
infecção,
isto
porque
o
fragmento
ósseo
infectado
ao
estar
rodeado
de
pus
torna-‐se
mais
difícil
o
tratamento
com
antibioterapia.
o Formação
de
um
TRAJECTO
FISTULOSO
–
que,
com
o
passar
do
tempo,
pode
malignizar
originando
um
carcinoma
espinho-‐celular.
o Presença
de
RIGIDEZ
ARTICULAR
–
devido
ao
possível
envolvimento
da
articulação
o Desenvolvimento
de
PARAMILOIDOSE
-‐
com
deposição
de
depósitos
de
amiloide
a
nível
renal.
o A
nível
imagiológico
pode-‐se
verificar
a
presença
ou
não
de
REACÇÃO
PERIOSTEAL
–
quanto
maior
o
número
de
reactivações
da
osteomielite
crónica,
maior
será
o
número
de
camadas
periósteo
reactivo
e
alterado.
Deparando-‐se
com
este
aspecto
deve-‐se
fazer
diagnostico
diferencial
de
SARCOMA
DE
EWING.
B. ARTRITE
SÉPTICA
-‐ Tem
um
diagnóstico
mais
precoce
do
que
a
osteomielite
pois
ocorre
em
estruturas
mais
superficiais
–
as
articulações.
EXCEPÇÃO
–
ARTICULAÇÃO
DA
ANCA
devido
ao
facto
de
ser
uma
articulação
profunda.
Em
caso
de
dúvida
clínica
deve-‐se
fazer
uma
artrocentese.
No
caso
das
crianças,
se
a
artrocentese
mesmo
assim
for
duvidosa,
deve-‐se
realizar
uma
artrotomia
com
lavagem,
desbridamento
e
colheita
de
material
microbiológico.
-‐ Estas
infecções
são
caracterizadas
por
duas
fases:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
18
o FASE
INICIAL/PRECOCE
–
há
destruição
rápida
da
sinovial,
da
cartilagem
e
das
estruturas
capsulo-‐ligamentares,
levando
a
uma
instabilidade
articular.
o FASE
TARDIA
–
ocorre
fusão
espontânea
da
articulação,
devido
à
ausência
de
cartilagem
articular,
que
se
designa
por
ANQUILOSE.
-‐ ETIOPATOGENIA:
estas
infecções
ocorrem,
na
maioria
das
vezes,
por
INOCULAÇAO
DIRECTA,
na
sequência
de
punção
articular/atrocentese
ou
ainda
como
extensão
de
infecção
metafisária
à
epífise.
-‐ TRATAMENTO:
as
artrites
sépticas
tratam-‐se
de
URGÊNCIAS
CIRÚRGICAS
,
pois
há
risco
de
perda
da
articulação.
2. INFECÇÕES
SUPURATIVAS
A. TUBERCULOSE
-‐ Ocorre
por
infecção
secundária
do
esqueleto
normalmente,
a
partir
de
uma
infecção
pulmonar.
-‐ É
mais
frequente:
coluna
dorsal
>
anca
>
joelho
-‐ Ocorre
mais
em
indivíduos
jovens
e
em
doentes
imunocomprometidos,
especialmente
em
caso
de
HIV.
-‐ As
lesões
podem
ser
caracterizadas
por
um
espectro
vários
padrões
diferentes.
Podem-‐se
verificar
a
formação
de
pontos
“metastáticos”
granulomatosos
subcondrais,
em
que
os
granulomas
formados
apresentam
necrose
central
(caseum)
e
destruiçãoo
óssea
(cárie),
podendo
levar
ao
colapso
da
própria
estrutura
e/ou
destruição
das
articulações
circundantes.
-‐ ETIOPATOGENIA:
o
agente
mais
frequente
é
Micobacterium
tuberculosis.
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
E
EXAME
OBJECTIVO:
doente
com
história
de
sintomatologia
suspeita
de
tuberculose.
Relativamente
ao
sistema
esquelético,
a
deformidade
mais
frequentemente
provocada
é
a
deformidade
cifótica
(deformidade
em
cunha
de
vértice
anterior).
Radiologicamente,
verifica-‐se
que
há
uma
maior
afecção
da
porção
anterior
do
corpo
vertebral.
Pode
dar
uma
deformidade
escoliótica,
dependo
do
lado
do
corpo
vertebral
que
esteja
mais
envolvido.
No
caso
da
COLUNA
VERTEBRAL,
verifica-‐se
um
maior
envolvimento
da
porção
anterior
do
corpo
vertebral,
podendo
eventualmente
afecta
o
canal
vertebral,
com
o
aparecimento
de
sintomas
neurológicos
No
caso
da
ANCA,
a
tuberculose
leva
a
uma
instabilidade
articular,
com
luxação
articular
e
destruição
das
estruturas
capsulo-‐ligamentares
e
dos
tecidos
circundantes.
Deve
fazer-‐se
diagnóstico
diferencial
com
a
artrite
séptica,
sendo
que
neste
caso
os
sintomas
são
mais
exuberantes.
No
caso
do
JOELHO,
verifica-‐se
instabilidade
articular
com
destruição
da
cartilagem
(cujos
sinais
são
diminuição
do
espaço
articular,
especialmente
a
nível
do
compartimento
medial;
espinhas
da
tíbia
tocarem
no
côndilo
femoral
lateral),
sub-‐luxação
lateral
da
tíbia
em
relação
ao
fémur
e
verifica-‐se
um
aspecto
heterogéneos
do
osso
subcondral,
devido
à
presença
de
focos
“metastáticos”
granulomatosos.
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
tipicamente
CLÍNICO
e
LABORATORIAL.
No
entanto,
a
avaliação
da
extensão
da
lesão
deve-‐ser
feita
por
exame
de
imagem,
com
maior
utilidade
para
a
TC
e
RMN
(no
caso
do
estudo
do
envolvimento
do
canal
medular).
-‐ TRATAMENTO:
pois
ser
de
dois
tipos:
o TRATAMENTO
CONSERVADOR:
a
terapêutica
tuberculostática
é
complementada
por
ortótese,
afim
de
evitar
a
progressão
da
deformidade.
É
o
tratamento
utilizado
em
situações
em
que
não
haja
envolvimento
neurológico
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
19
o TRATAMENTO
CIRÚRGICO:
tem
indicação
para
se
recorrer
a
este
tipo
de
tratamento
em
situações
em
que
haja
comprometimento
neurológico,
nomeadamente
situações
de
dor
incontrolável,
progressão
da
deformidade
não-‐
controlável,
sinais
neurológicos
ou
presença
de
abcesso
torácico
(com
drenagem
do
mesmo).
De
qualquer
forma,
é
SEMPRE
realizada
uma
terapêutica
tuberculostática
durante,
pelo
menos,
duas
semanas.
TUMORES
ÓSSEOS
-‐ Os
tumores
ósseos
podem
ser
divididos
em:
o PRIMÁRIOS
§ Podendo
ser
classificados
em:
BENIGNOS
ou
MALIGNOS
§ São
tumores
raros
§ Mais
frequentes
nas
idades
mais
jovens,
representando
20%
das
neoplasias.
Raro
ocorrer
em
idades
inferiores
a
5
anos.
§ Localizam-‐se
especialmente
a
nível
da
epífise
§ No
caso
dos
tumores
BENIGNOS:
tem
uma
baixa
taxa
de
recidiva,
apresentando
um
crescimento
gradual
e
não
invasivo.
São
tumores
capsulados,
não
apresentando
quaisquer
atipias
citológicas,
com
a
excepção
do
osteoclastoma
ou
tumor
de
células
gigantes.
Mais
frequentes
que
os
tumores
malignos.
§ No
caso
de
tumores
MALIGNOS:
têm
um
crescimento
muito
rápido,
apresentando
um
elevado
grau
de
invasibilidade
(infiltração
das
estruturas
vizinhas).
Têm
uma
elevada
taxa
de
recidiva,
metastizando
de
forma
constante
e
precoce,
cursando
com
alterações
citológicas.
o SECUNDÁRIOS
ou
metastáticos
-‐ A
classificação
dos
tumores
ósseos
é
feita
consoante
a
célula
que
lhes
deu
origem.
Sendo
assim,
no
caso
da
origem
ser:
o Na
série
óssea
–
OSTEOBLASTO
-‐
os
tumores
poderão
ser
designados
de:
OSTEOMA,
OSTEOBLASTOMA
e
OSTEOMA
OSTEÓIDE
(benignos)
e
OSTEOSARCOMA
(maligno);
OSTEOCLASTO
-‐
os
tumores
poderão
ser
designados
de:
TUMORES
DE
CÉLULAS
GIGANTES/OSTEOCLASTOMA
(benigno).
o Na
série
cartilagínea
–
CONDROBLASTO
–
os
tumores
poderão
ser
designados
de:
OSTEOCONDROMA
(tumor
misto
da
série
óssea
e
cartilagínea),
ENCONDROMA,
CONDROBLASTOMA
(benignos)
e
CONDROSSARCOMA
(maligno).
o Na
série
fibrosa
–
FIBROBLASTO
–
os
tumores
poderão
ser
designado
de:
FIBROMA
(benigno)
e
FIBROSSARCOMA
(maligno).
o Na
série
mieloide
–
o
tumor
pode
ser
designado
de:
PLASMOCITOMA
ou
MIELOMA
MÚLTIPLO
(maligno).
o Na
série
angiogénica
–
o
tumor
pode
ser
designado
de:
HEMANGIOMA
(benigno)
e
HEMANGIOSARCOMA
(maligno).
o Na
série
mesenquimatosa
–
o
tumor
pode
ser
designado
de:
SARCOMA
DE
EWING
(maligno)
-‐ DIAGNÓSTICO:
o
diagnóstico
dos
tumores
ósseos
nem
sempre
é
fácil.
No
entanto,
torna-‐se
muito
importante
para
o
seu
estadiamento
e
estabelecimento
do
prognóstico.
Quanto
ao
estadiamento
é
importante
determinar
o
grau
e
extensão
da
lesão.
No
caso
dos
tumores
BENIGNOS,
esta
classificação
vai
depender
do
grau
de
contenção
anatómica
do
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
20
tumor
e
do
grau
de
actividade
celular.
No
caso
dos
tumores
MALIGNOS,
a
classificação
dependerá
do
grau
de
expansão
e
invasão
(podendo
ou
não
ser
compartimentados),
do
grau
de
diferenciação
histológica
e
de
presença
de
metásteses.
O
DIAGNÓSTICO
DEFINITIVO
depende
de
três
factores:
apresentação
clínica
(neste
caso
dois
factores
muito
importantes
são
–
idade
do
doente
e
o
local
da
lesão
óssea),
exames
radiológicos
e
biópsia.
Ø Relativamente
à
SINTOMATOLOGIA
–
a
DOR
é
o
sintoma
mais
frequente
(estando
directamente
relacionada
com
a
taxa
de
crescimento
do
próprio
tumor).
Outros
sintomas
associados
poderão
ser
a
TUMEFACÇÃO
e
FRACTURAS
ÓSSEAS.
Estas
podem
ser
frequentes,
podendo
ocorrer
ou
sob
traumatismo
minor
ou
mesmo
sem
traumatismo.
Podem
ainda
existir
outros
sintomas
inespecíficos:
cansaço,
febre,
perde
de
peso
e
anemia,
entre
outros.
Ø Relativamente
aos
ECD’s
–
o
exame
fundamental
é
o
RX
simples
com
dois
planos
perpendiculares
para
o
estudo
e
caracterização
dos
tumores
ósseos.
No
caso
de
BENIGNIDADE,
os
indicadores
sugestivos
são
bordos
bem
definidos
e
zona
de
esclerose
que
contorna
toda
a
lesão.
No
caso
de
MALIGNIDADE,
os
indicadores
sugestivos
são
interrupções
do
osso
cortical
(devido
ao
crescimento
rápido
do
tumor),
reacções
periosteais,
destruição
das
estruturas
ósseas
e
ossificação
aberrante.
Outros
exames
muito
relevantes
são:
RMN
(exame
Gold-‐standard
para
a
caracterização
da
dimensão
e
expansão
da
lesão)
-‐ PROGNÓSTICO:
é
altamente
dependente
do
estadiamento
e
do
tipo
de
tumor.
O
prognóstico
é
melhor
nos
tumores
benignos.
No
entanto,
pode
haver
uma
degenerescência
maligna
dos
tumores
ósseas
em
cerca
de
1-‐2%
dos
casos.
No
caso
dos
tumores
malignos,
a
taxa
de
sobrevida
aos
5
anos
pode
ser
inferior
a
40%,
sendo
que
o
seu
prognóstico
depende
essencialmente
do
tipo,
tamanho
e
localização
do
tumor.
TUMORES
PRIMÁRIOS
Ø TUMORES
BENIGNOS:
1. OSTEOMA
OSTEÓIDE
-‐ representa
cerca
de
10%
dos
tumores
ósseos
benignos
-‐ as
queixas
dolorosas
são
exacerbadas
durante
a
noite
e
aliviam
com
toma
de
salicilatos
-‐ radiologicamente
verifica-‐se
uma
“ilha”
de
aumento
da
densidade
óssea
cortical
(sobretudo
dos
ossos
longos).
O
nidos,
lesão
central,
transparente
e
milimétrica
que
contém
o
tecido
tumoral,
muitas
vezes
não
é
visível
num
RX
de
dois
planos
perpendiculares,
tendo
que
recorrer
à
TC/RMN.
-‐ TRATAMENTO
cursa
com
a
excisão
local
do
nidos,
não
sendo
necessário
a
ressecção
do
halo
esclerótico
envolvente.
A
excisão
pode
ser
feita
por
biopsia
guiada
por
TC
ou
ablacção
por
radiofrequência.
2. OSTEOCONDROMA
-‐ Representa
cerca
de
30%
dos
casos
de
tumores
ósseos
benignos
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
21
-‐ Radiologicamente
é
caracterizado
pela
existência
de
exostoses
a
nível
epifisário.
-‐ Podem
ser
sésseis
de
base
larga
ou
pediculados
-‐ Crescimento
é
extremamente
lento
-‐ TRATAMENTO
-‐
não
é
excisional
em
todos
os
casos,
mas
apenas
naqueles
que
dão
sintomatologia
local.
3. ENCONDROMA
-‐ representa
cerca
de
20%
dos
tumores
ósseos
benignos
-‐ é
mais
frequente
nos
ossos
metacarpos
e
falanges
da
mão
-‐ Crescimento
lento,
que
leva
ao
aumento
gradual
do
tumor,
insuflando
e
adelgaçando
as
corticais
ósseas,
tornando
a
cortical
cada
vez
mais
fina,
acabando
por
fractura.
As
fracturas
são
assim
o
principal
motivo
de
ida
à
consulta.
-‐ TRATAMENTO
é
feito
através
da
excisão
total
e
preenchimento
do
espaço
com
enxerto
de
osso
esponjoso.
No
caso
de
fractura,
realiza-‐se
a
osteossíntese
da
mesma.
4. TUMOR
DE
CÉLULAS
GIGANTES
-‐ representa
cerca
de
20%
dos
tumores
ósseos
benignos
-‐ aparece
em
idades
mais
jovens,
normalmente
a
partir
dos
10
anos
de
idade,
atingindo
um
pico
de
incidência
por
volta
dos
20/30
anos
de
idade
-‐ mais
frequente
no
sexo
feminino
-‐ associado
a
fracturas
patológicas,
em
5%
dos
casos
associado
à
presença
de
metásteses
pulmonar
-‐ a
localização
óssea
é
normalmente
metafisária
com
predomínio
a
nível
do
rádio
>
ombro
>
joelho
(fémur
distal
e
tíbia
próximal)
-‐ elevada
taxa
de
recorrência
(entre
15
a
60%).
É
o
tumor
benigno
com
maior
taxa
de
degenerescência
maligna.
-‐ Radiologicamente,
as
lesões
são
lítica,
hipertransparentes
e
separadas
por
múltiplos
septos
(com
aumento
de
densidade),
assemelhando-‐se
a
bolas
de
sabão
-‐ TRATAMENTO
-‐
depende
da
agressividade
dos
tumores.
Quando
compartimentados
–
ressecção
de
todo
o
tecido
ósseo
e
preenchimento
com
tecido
esponjoso.
No
entanto,
visto
que
a
taxa
de
recidiva
é
muito
elevada,
em
vez
de
tecido
esponjoso
deve-‐se
colocar
cimento
ou
metacrilato.
Quando
não
compartimentados
–
ressecção
alargada
com
substituição
por
haloenxerto
ou
próteses.
5. Existem
ainda
alguns
tumores
ósseos
benignos,
menos
frequentes:
-‐ OSTEOCONDROMATOSE
MÚLTIPLA
FAMILIAR
–
caracterizada
por
múltiplos
osteocondromas.
Doenças
de
carácter
hereditário
de
transmissão
autossómica
dominante.
Tem
uma
maior
tendência
para
a
degenerescência
maligna
do
que
o
osteocondroma
simples.
-‐ DOENÇA
DE
OLIER
ou
encondromatose
múltipla
–
múltiplos
encondroma
dispersos
por
todo
o
esqueleto,
distribuídos
de
forma
assimétrica
entre
as
metades
direita
e
esquerda
do
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
22
organismo.
Apresenta
igualmente
uma
maior
taxa
de
degenerescência
maligna.
-‐ SÍNDROME
DE
MAFUCCI
–
múltiplos
encondromas,
mas
a
distribuição
não
é
assim
étrica,
mas
associados
a
múltiplas
lesões
cutâneas,
nomeadamente
telangectasias.
Ø TUMORES
MALIGNOS:
1. OSTEOSSARCOMA
-‐ Representa
20%
dos
tumores
ósseos
malignos
-‐ Taxa
de
crescimento
muito
elevada
-‐ Surge
na
segunda
e
terceira
década
de
vida
-‐ Mais
frequente
no
sexo
masculino
-‐ A
localização
óssea
mais
frequente
é
a
metáfise
dos
ossos
longos
com
predomínio
no
ombro
>
joelho.
-‐ Em
50%
dos
casos
são
tumores
osteoblásticos,
com
aumento
da
densidade
local.
-‐ Radiologicamente,
verificam-‐se
padrões
típicos
–
triângulo
de
Codman
(=
área
triangular
criada
pela
presença
de
um
tumor
que
eleva
o
periósteo
para
longe
do
osso),
lesão
que
ocorre
no
osteossarcoma
e
sarcoma
de
Ewing;
lesões
trabeculadas
em
casca
de
cebola;
lesões
irradiarias
a
partir
do
osso
cortical.
-‐ TRATAMENTO
–
ressecções
muito
alargadas,
havendo
necessidade
de
substituição
por
prótese
2. CONDROSSARCOMA
-‐ Representa
25%
dos
tumores
ósseos
malignos
-‐ Tumor
de
crescimento
lento
-‐ Podem
ser
tumores
primários
(2/3
dos
casos)
ou
secundários
(1/3
dos
casos)
-‐ Ocorrem
entre
os
30
e
os
60
anos
de
idade
-‐ Mais
frequentes
no
sexo
masculino
-‐ A
localização
óssea
mais
comum
é
a
metáfise
-‐ É
mais
frequente
nos
ossos
longos
(dos
quais
se
destaca
o
fémur)
e
na
pelve.
-‐ Radiologicamente
caracterizam-‐se
por
exostoses,
lesões
organizadas
e
de
calcificações
em
anel
-‐ TRATAMENTO
–
ressecção
alargada
do
tumor
com
substituição
por
prótese
3. SARCOMA
DE
EWING
-‐ Representa
10%
dos
tumores
ósseos
malignos
-‐ Aparece
entre
os
5
e
os
25
anos
de
idade.
É
o
segundo
tumor
mais
frequente
na
criança.
-‐ Localiza-‐se
mais
frequentemente
a
nível
da
diáfise
-‐ Radiologicamente
é
possível
observar
reacção
periosteal
(“em
casca
de
cebola”),
fazendo
assim
diagnóstico
diferencial
com
osteomielite
crónica.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
23
TUMORES
SECUNDÁRIOS
-‐ Representam
mais
de
50%
dos
tumores
ósseos
-‐ Os
tumores
primários
que
mais
frequente
metastizam
para
o
osso
localizam-‐se
na
mama,
próstata,
tiróide,
pulmão
e
rim
-‐ Podem
originar
lesões
osteolíticas
(
lesões
hipertransparentes
de
bordos
irregulares
–
padrão
“ratado”)
ou
osteoblásticas
(aumento
de
densidade
radiológica.
Um
dos
tumores
que
pode
este
tipo
de
lesão
são
os
tumores
da
próstata)
-‐ A
localização
mais
frequente
da
metastização
óssea
ocorre
na
coluna
vertebral,
na
pelve,
nas
costelas,
no
crânio,
na
porção
superior
do
úmero,
na
tíbia
e
fíbula.
-‐ Clinicamente
manifestam-‐se
por
dor
local
e
fractura
-‐ Relativamente
aos
estudos
imagiológicos
pode-‐se
recorrer
ao
RX
simples
em
dois
planos
perpendiculares,
à
cintigrafia
óssea
(tem
um
papel
fundamental
na
avaliação
da
distribuição
a
nível
do
esqueleto
das
lesões
metastáticas)
e
PET-‐TC
(metásteses
do
esqueleto
e
a
nível
dos
outros
órgãos).
-‐ TRATAMENTO
–
pode
ser
feito
de
forma
profilática,
no
caso
de
diagnóstico
precoce,
através
de
osteossíntese
por
encavilhamentos
(especialmente
utilizados
nas
metásteses
do
membro
inferior).
No
caso
de
fracturas,
o
tratamento
é
feito
por
osteossíntese
com
cavilhas
endomedulares
e
preenchimento
de
zona
da
lesão
com
cimento.
ORTOPEDIA
DO
ADULTO
ARTRITES
e
ARTROSES
-‐ ARTRITE
é
um
processo
inflamatório
agudo
que
leva
à
alteração
funcional
das
articulações,
apresentando
alguns
sinais
característicos:
dor,
edema
(que
pode
ser
acompanhado
por
deformidade
articular)
e
diminuição
da
amplitude
de
movimento
ou
mobilidade,
ou
mesmo
a
presença
de
instabilidade
articular.
-‐ CAUSAS
DE
ARTRITE
–
as
causas
mais
frequente
de
artrite
aguda
inflamatória
podem
ser
de
vários
tipos:
o INFECCIOSA
OU
SÉPTICA
o METABÓLICA,
como
é
o
caso
da
gota,
cursando
com
a
deposição
de
sais
na
articulação.
o REUMÁTICAS
–
associadas
as
doenças
reumáticas,
nas
quais
se
incluem
as
doenças
auto-‐imunes.
o TRAUMÁTICA
–
reacção
inflamatória
desencadeada
por
um
mecanismo
de
trauma.
Ø em
qualquer
um
destes
tipos
de
artrite
há,
inicialmente,
uma
degradação
da
cartilagem
articular
causada
pelos
metabolitos
do
processo
inflamatório,
sendo
que
posteriormente
não
é
reposta.
-‐ Quanto
ao
número
de
cartilagens
envolvidas,
podem-‐se
classificar
as
artrites
em:
o MONOARTICULAR
–
afecta
apenas
uma
articulação
o POLIARTICULAR
–
afecta
várias
articulações.
Ø As
etiologias
são
diferentes
relativamente
às
doenças
que
levam
a
manifestações
monoarticulares
ou
poliarticulares.
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
E
EXAME
OBJECTIVO:
os
principais
sintomas
manifestados
na
artrite
inflamatória
são:
dor,
edema
articular,
ruborização
da
zona
articular
e
dos
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
24
tecidos
envolventes,
rigidez
articular
e
diminuição
da
amplitude
de
movimento
das
articulações
envolvidas.
A
dor
diminui
com
o
repouso
e
aumenta
com
o
movimento
da
própria
articulação.
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
essencialmente
CLÍNICO.
No
entanto,
recorre-‐se
aos
exames
de
imagem
–
RX
–
e
presença
de
alterações
laboratoriais
(ex:
aumento
da
VS
e
PCR,
aumento
do
ácido
úrico,
entre
outras)
para
a
confirmação
do
mesmo.
Ø ARTRITE
REUMATÓIDE
–
como
exemplo
de
artrite
de
causa
reumatológica
o Cursa
com
uma
alteração
inflamatória
sistémica
crónica
com
manifestações
poliarticulares.
o A
localização
mais
frequentes
são
as
articulações
da
mão
e
do
pé
o Doença
auto-‐imune,
que
em
80%
dos
casos
surge
entre
os
20
e
os
50
anos,
podendo
no
entanto
ocorrer
em
idades
mais
avançadas.
o As
manifestações
articulares
têm
um
carácter
simétrico.
-‐ ARTROSE
é
um
processo
não-‐inflamatório
crónico,
cursando
com
alterações
degenerativas
das
articulações.
Apesar
de
se
iniciar
com
uma
reacção
inflamatória,
os
principais
mecanismos
de
lesão
são
as
alterações
morfológicas
que
se
verificam
nessa
mesma
articulação
como,
por
exemplo,
presença
de
pequenas
fragmentos
de
cartilagem
na
cavidade
sinovial.
-‐ CAUSAS
DE
ARTROSE:
pode
ser
classificada
em:
o PRIMÁRIA
ou
IDIOPÁTICA
o SECUNDÁRIA
–
artrose
é
provocada
por
outra
patologia
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
e
EXAME
OBJECTIVO:
os
principais
sintomas
da
doença
articular
degenerativa
são:
dor
local
ou
referida
(ex:
artrose
da
anca
pode-‐se
manifestar
por
gonalgia);
tem
um
carácter
mecânico,
isto
é,
é
uma
dor
que
inicia
com
o
movimento
diminuindo
com
o
prolongamento
do
mesmo;
limitação
funcional
da
articulação
e
deformidade.
Exemplos
de
artroses:
Ø COXARTROSE
(artrose
da
anca)
-‐ Radiologicamente
é
diagnosticada
pelas
seguintes
alterações:
diminuição
do
espaço
inter-‐articular
patente,
esclerose
subcondral,
presença
de
osteofitos
e
formação
de
quistos
subcondrais
(ou
geodes
que
surgem
de
ambos
os
lados
da
articulação).
-‐ TRATAMENTO:
artroplastia
total
da
anca
Ø GONARTROSE
(artrose
do
joelho)
-‐ Tem
uma
semiologia
radiológica
semelhante
àquela
que
se
verifica
na
coxartrose.
-‐ TRATAMENTO:
a
terapêutica
cirúrgica
mais
utilizada
é
a
ARTROPLASTIA
TOTAL
do
joelho
ou
ARTROPLASTIA
UNICOMPARTIMENTAL
(ocorre
a
substituição
apenas
do
compartimento
lesado).
• Artrose
da
articulação
tíbio-‐társica
–
menos
frequente
do
que
as
restantes
artroses
do
membro
inferior,
sendo
tratada
por
artroplastia
ou
artrodese
(alternativamente).
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
25
Ø OMARTROSE
(artrose
do
ombro):
-‐ É
uma
artrose
muito
menos
frequente
do
que
as
artroses
das
articulações
do
membro
inferior
e
da
coluna
vertebral
-‐ Radiologicamente,
verifica-‐se
o
aparecimento
de
um
osteófito
inferior
(em
tromba
de
elefante)
-‐ TRATAMENTO:
artroplastia
do
ombro
que
pode
ser
anatómica
ou
invertida
(em
que
a
superfície
côncava
passa
a
estar
no
úmero
e
a
convexa
encontra-‐se
na
escápula).
• as
outras
artroses
do
membro
superior
são
ainda
menos
frequentes:
artrose
do
cotovelo
–
podendo
ser
tratada
com
artroplastia
ou
artrodese;
artrose
do
punho
–
o
tratamento
neste
caso
é
ligeiramente
diferente,
podendo
cursar
com
excisão
artroplástica
do
osso
afectado
e
fusão
dos
restantes
ossos
presentes
nessa
mesma
fileira
do
carpo
Ø SPONDILARTROSE
(artrose
na
coluna
vertebral):
-‐ Tratada
por
atroplastia
do
disco
entre
dois
corpos
vertebrais.
Pode
ser
feita
por
via
aberta
ou
por
via
minimamente
invasiva,
desde
que
seja
possível
a
colocação
de
implantes
PATOLOGIA
VÉRTEBRO-‐RADICULAR
CERVI-‐BRAQUIALGIA
-‐ =
dor
na
região
cervical
que
vai
irradiar
na
região
do
dermátomo
da
raíz
nervosa
afectada.
-‐ A
coluna
cervical
é
constituída
por
sete
vértebras
e
8
raízes
nervosas,
sendo
que
subjacente
à
7ª
vertebra
cervical
(vértebra
proeminente)
encontra-‐se
a
8ª
raíz
nervosa
(C8).
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
e
EXAME
OBJECTIVO:
Relativamente
às
queixas
apresentadas
na
história
clínica,
estas
podem
ser
relativas
a
dois
tipos:
• Alterações
de
sensibilidade
e
álgicas
-‐
parestesias
e
distesias
-‐
que
se
podem
verificar
nos
dermátomos
correspondentes
de
cada
uma
das
raízes
dos
nervos
cervicais.
De
uma
forma
geral,
as
distribuição
dos
dermátomos
por
regiões,
de
uma
forma
muito
grosseira,
é
a
seguinte:
C2
–
região
superior
e
posterior
da
cabeça
C3
–
região
póstero-‐lateral
do
pescoço
C4
–
região
superior
do
ombro
C5
–
face
lateral
do
braço
C6
–
face
lateral
do
antebraço;
metade
lateral
da
mão;
primeiro,
segundo
e
metade
lateral
do
terceiro
dedo
(“sinal
do
6”)
C7
–
metade
medial
do
terceiro
dedo,
quarto
e
quinto
dedo
C8
–
face
medial
da
mão
e
do
antebraço,
também
designada
de
garra
cubital
T1
–
face
medial
do
braço
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
26
• Alterações
da
força
muscular
-‐
determinadas
acções
musculares
podem
estar
alteradas
consoante
a
raízes
que
esteja
afecta.
De
uma
forma
geral,
a
distribuição
das
raízes
nervosas
pelas
várias
funções
musculares
são
as
seguintes:
C5
–
raíz
responsável
pela
inervação
do
músculo
deltoide
cuja
principal
função
é
a
abdução
do
ombro
C5/C6
–
raízes
responsáveis
pela
flexão
do
antebraço
sobre
o
braço
C6
–
raíz
responsável
pela
extensão
do
punho
C7
–
raíz
responsável
pela
flexão
do
punho
e
extensão
das
metacarpo-‐
falângicas
C8
–
raíz
responsável
pela
flexão
dos
dedos
(“entrançado
dos
dedos”)
T1
–
raíz
responsável
pela
acção
dos
músculos
interósseos,
que
permitem
a
preensão
dos
objectos.
Através
do
exame
objectivo
podem-‐se
realizar
manobras
que
permitem
avaliar
a
exacerbação
da
dor
referida
pelo
doente,
sendo
estas
as
seguintes:
o MANOBRA
DE
VALSALVA
–
produz
uma
distensão
do
saco
dural
e
um
agravamento
da
sintomatologia
o COMPRESSÃO
E
DISTRACÇÃO
–
manobras
utilizadas
no
caso
de
patologia
degenerativa
que
leva
a
variações
da
área
do
espaço
foraminal,
nomeadamente,
a
sua
diminuição
e
aumento,
respectivamente.
o ELEVAÇÃO
DOS
MEMBROS
SUPERIORES
–
com
uma
flexão
do
cotovelo,
o
objectivo
é
promover
uma
hiperextensão
de
todas
as
raízes
do
plexo
cervical,
agravada
com
a
rotação
para
o
lado
oposto
da
cabeça
do
doente,
relativamente
ao
lado
a
ser
testado.
A
manobra
diz-‐se
positiva
quando
há
um
exacerbamento
da
sintomatologia.
Recorrendo
ainda
ao
exame
objectivo,
na
avaliação
dos
doentes,
depois
de
avaliadas
as
alterações
sensitivas
e
motoras,
devem-‐se
avaliar
os
reflexos,
nomeadamente:
REFLEXO
BICIPITAL
–
atribuído
a
C5
e
parcialmente
a
C6
REFLEXO
ESTILO-‐RADIAL
–
atribuído
a
C6
REFLEXO
TRICIPITAL
–
atribuído
a
C7
-‐ CAUSAS
DE
CERVIBRAQUIALGIAS:
as
causas
de
cervicalgia
podem
ser
agrupadas
em:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
27
A
principal
causa
de
cervibraquialgia
é
a
hérnia
de
disco
cervical.
Esta
patologia
decorre
com
a
protrusão
da
porção
posterior
do
disco
intervertebral
para
o
canal
medular.
Depois
de
colhida
a
história
clínica
e
realizado
o
exame
objectivo
deve
ser
pedida
uma
RMN
para
avaliação
da
lesão.
O
tratamento
é
cirúrgico,
havendo
vários
tipos
de
abordagem,
mas
o
mais
utilizado
é
artrodese
cervical
com
uma
abordagem
anterior.
Outras
abordagens
são:
remoção
do
elemento
herniado
por
via
posterior
e
colocação
de
uma
prótese
discal.
ESPONDILOLISE
e
ESPONDILOLISTESE
ESPONDILOLISE
-‐ é
uma
fractura
que
ocorre
na
pars
interarticularis,
ou
seja,
no
espaço
entre
os
processos
articulares
superiores
e
inferiores
das
vértebras.
-‐ Mais
frequente
nas
vértebras
L4
e
L5,
podendo
ser
uni
ou
bilateral
-‐ CAUSAS:
podem
ser
de
três
tipos
-‐
congénita,
displásica
e
traumática
(mais
frequente.
Trata-‐se
de
uma
fractura
de
fadiga,
em
que
um
dos
factores
de
risco
associado
é
a
prática
de
ginástica
rítmica).
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
E
EXAME
OBJECTIVO:
os
doentes
com
esta
patologia
podem
ser
assintomáticos
(maioria)
ou
sintomáticos.
Estes
mesmos
sintomas
podem
estar
presentes
de
uma
forma
persistente
ou
surgirem
apenas
quando
há
factores
de
agravamento,
nomeadamente,
manobras
que
agravem
a
postura
da
coluna
vertebral,
manobras
que
cursam
com
a
torsão
ou
hiperextensão
da
mesma,
sendo
que
este
últimos
são
aqueles
que
podem
causar
maior
agravamento
da
dor.
Os
doentes
referem
uma
dor
lombar,
podendo
ou
não
irradiar
para
o
membro
inferior,
que
normalmente
alivia
com
o
repouso.
-‐ ECD’s:
as
fracturas
podem
ser
identificadas
ao
nível
do
raio-‐X
de
perfil
e
em
incidências
oblíquas
(sinal
do
cão
escocês),
apesar
deste
sinal
ser
pouco
utilizado
na
prática
clínica;
TC,
devendo
ser
realizada
em
obliquidade
invertida,
realizada
em
caso
de
dúvida.
-‐ TRATAMENTO:
o
tratamento
é
SINTOMÁTICO.
Pode-‐se
recorrer
ao
uso
de
ortóteses,
apesar
de
não
serem
fundamentais,
devendo-‐se
promover
o
fortelecimento
da
musculatura
através
da
fisioterapia
(idealmente
esta
deve
ser
realizada
em
ambiente
aquático).
Caso
nenhum
destes
tipos
de
tratamento
funcione,
haja
um
agravamento
dos
sintomas
ou
aparecimento
de
sintomas
neurológicos,
os
doentes
têm
indicação
cirúrgica
–
osteossíntese
pela
técnica
de
Gillet.
ESPONDILOLISTESE
-‐ resulta
do
deslocamento
de
uma
vértebra
sobre
aquela
que
lhe
está
subjacente.
-‐ Este
deslocamento
pode
ser
anterior
ou
posterior,
sendo
que,
na
maioria
dos
casos
é
um
deslocamento
anterior.
-‐ No
caso
do
deslocamento
posterior,
este
ocorre
devido
à
degenerescência
do
disco
interarticular,
levando
à
perda
da
orientação
dos
processos
articulares.
-‐ CAUSAS:
podem
ser
agrupadas
em
várias
categorias
–
CONGÉNITA
(como,
por
exemplo,
displasia
trapezoidal),
DEGENERATIVA
(devido
ao
crescimento
osteofitário
vai
levar
ao
deslocamento
anterior
ou
posterior),
TRAUMÁTICA
(associada
a
mais
sintomatologia
do
que
na
causa
degenerativa)
ou
IATROGÉNICA.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
28
-‐ O
grau
do
deslocamento
anterior
é
dado
segundo
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
MEYERDING,
podendo-‐se
agrupar
em
cinco
graus
diferentes:
o GRAU
1
–
até
25%
de
deslocamento
em
relação
ao
eixo
axial
o GRAU
2
–
até
50%
de
deslocamento
em
relação
ao
eixo
axial
o GRAU
3
–
até
75%
de
deslocamento
em
relação
ao
eixo
axial
o GRAU
4
–
até
100%
de
deslocamento
em
relação
ao
eixo
axial
o GRAU
5
–
correspondendo
a
uma
espondiloptose,
em
que
a
vértebra
recai
sobre
a
cavidade
pélvica.
O
grau
de
deslocamento
não
está
directamente
relacionado
com
a
gravidade
da
sintomatologia.
Doentes
com
espondiloptose
podem
apenas
apresentar
parestesias
ao
nível
do
dermátomo
de
S1.
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
E
EXAME
OBJECTIVO:
os
doentes
podem
ser
assintomáticos,
mas
o
principal
sintoma
referido
pelos
doentes
é
a
lombalgia.
Pode-‐se
ainda
verificar
um
aumento
das
amplitudes
das
curvaturas
da
coluna
vertebral,
nomeadamente
da
lordose
lombar,
e
a
procedência
dos
processos
espinhosos
(sinal
de
degrau).
-‐ DIAGNÓSTICO
:
é
CLÍNICO.
Relativamente
aos
exames
de
imagem,
o
raio-‐X
de
perfil
deve
ser
feito
em
carga
e
do
perfil
extra-‐longo;
no
entanto,
a
caracterização
das
lesões
ósseas
é
feita
de
melhor
maneira
através
da
TC;
a
caracterização
das
partes
moles
deve
ser
feita
atráves
da
RMN.
-‐ TRATAMENTO:
é
SINTOMÁTICO.
Além
do
controlo
dos
sintomas,
pode
ter
indicação
cirúrgica
caso
se
tenha
que
fazer
a
estabilização
da
coluna
vertebral,
doente
com
dores
limitantes
para
a
vida
diária
e
existência
de
sintomas
neurológicos
–
artrodese
itersomática
ou
pela
fixação
pedicular.
No
caso
de
espondiloptose,
o
tratamento
é
feito
através
de
uma
dupla
via
–
anterior
e
posterior
–
remoção
da
vértebra
e
do
disco
intervertebral
(abordagem
anterior)
e
colocação
do
material
de
fixação
(abordagem
posterior).
LOMBALGIA
-‐ 80%
da
população
refere
este
tipo
de
dor,
pelo
menos,
uma
vez
na
vida.
-‐ À
irradiação
desta
dor
ao
longo
das
raízes
do
nervo
ciático
designamos
CIATALGIA.
-‐ Mais
frequente
nas
mulheres
do
que
nos
homens,
estando
este
facto
relacionado
com
a
anteversão/rotação
anterior
da
bacia
que
altera
as
forças
de
cisalhamento
da
transição
lombo-‐sagrada,
levando
a
que
haja
então
uma
maior
incidência
no
sexo
feminino.
-‐ CAUSAS
DE
LOMBALGIA:
as
principais
causas
podem
ser
agrupadas
da
seguinte
forma:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
29
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
e
EXAME
OBJECTIVO:
pela
história
que
o
doente
refere
pode-‐se
verificar
que
os
sintomas
álgicos
podem
ocorrer
de
forma
espontânea,
associados
ao
aumento
do
movimento
ou
ao
aumento
da
pressão
sobre
o
local
afectado.
Além
disso,
pode-‐se
ainda
verificar
uma
contracção
muscular
ou
espasmos
musculares
associada
a
uma
postura
errada,
sendo
que
esta
própria
postura
pode
estar
associada
as
alterações
estruturais
da
coluna
vertebral,
tal
como
acontece,
na
escoliose.
De
uma
forma
geral,
é
importante
distinguir
o
modo
de
apresentação
da
sintomatologia.
Sendo
assim,
a
lombalgia
pode
surgir
de
duas
formas
distintas:
o AGUDA
–
o
aparecimento
dos
sintomas
é
súbito.
Podem
ter
não
ter
uma
causa
específica,
estando
associado
a
dor
e
contracção/espasmo
muscular.
A
maioria
dos
exames
complementares
destes
doentes
são
negativos.
A
lombalgia
aguda
pode
evoluir
para
uma
de
três
formas
distintas:
cura,
lombociatalgia
ou
lombalgia
crónica.
o CRÓNICA
–
forma
de
apresentação
mais
frequente.
A
evolução
da
sintomatologia
é
insidiosa.
Este
tipo
de
lombalgias
podem
ter
períodos
de
agudização
dos
sintomas
e
períodos
de
regressão
sintomática.
Além
disso,
diminuem
bastante
a
capacidade
funcional
dos
doentes.
Este
tipo
de
dor
leva
a
uma
adaptação
postural
dos
próprios
doente,
por
exemplo,
doentes
com
estreitamento
do
canal
lombar
andam
com
inclinação
anterior
do
tronco
de
forma
a
tentar
diminuir
a
lombalgia.
A
nível
do
exame
objectivo,
podem-‐se
realizar
dois
tipos
de
testes
para
a
avaliação
da
lombalgia:
o TESTE
DE
LASÉGUE
–
com
o
doente
em
decúbito
dorsal
e
com
a
extensão
do
joelho,
o
examinador
faz
a
elevação
do
membro
inferior.
O
teste
diz-‐se
positivo
quando
ao
elevar
o
membro
entre
os
30º
e
70º
com
o
plano
horizontal,
o
doente
refere
ciatalgia.
o TESTE
DE
BRAGARD
–
realizado
após
um
teste
de
Laségue
positivo.
Com
o
membro
na
mesma
posição
consiste
na
elevação
do
membro
até
ao
final
da
articulação
do
joelho
e,
consequentemente,
com
a
dorsiflexão
do
pé.
Caso
haja
exacerbamento
da
dor
a
causa
de
lombalgia
é
com
mais
probabilidade
nervosa,
ao
passo
que
caso
não
haja
exacerbamento
a
causa
mais
provável
é
de
origem
muscular.
Além
da
realização
dos
testes
torna-‐se
também
importante
avaliar
alterações
da
sensibilidade
cutânea,
força
muscular
e
reflexos.
Quanto
à
força
muscular,
a
distribuição
das
raízes
nervosas
pela
activação
dos
diferentes
grupos
musculares
é
a
seguinte:
L4
–
activação
do
músculo
tibial
anterior,
responsável
pela
extensão
do
pé.
L5
–
activação
do
músculo
extensor
do
hálux
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
30
S1
–
activação
dos
músculos
fibulares
e
gastrocnémios,
permitindo
a
extensão
do
pé.
A
melhor
forma
de
avaliar
a
função
muscular
é
pedir
ao
doente
que
caminhe
apoiando-‐se
nos
calcâneos
–
neste
caso
avalia-‐se
a
capacidade
de
realizar
a
extensão
do
pé
e
do
hálux
–
e
caminhar
sobre
as
pontas
dos
dedos
do
pé
–
avaliando
a
capacidade
de
activar
os
músculos
flexores.
Quanto
aos
reflexos
mais
pesquisados
são
o
REFLEXO
PATELAR
(cuja
maior
contribuição
advém
da
raíz
de
L4,
mas
conjuntamente
com
L2
e
L3)
e
REFLEXO
AQUILIANO
(com
contribuição
da
raíz
de
S1).
L5
não
tem
nenhum
reflexo
específico.
-‐ TRATAMENTO:
o
tratamento
é
feito
mediante
se
trate
de
uma
lombalgia
aguda
ou
lombalgia
crónica.
O
principal
objectivo,
para
além
de
tratar
a
dor
referida
pelo
doente,
é
identificar
e
tratar
a
causa
subjacente.
o LOMBALGIA
AGUDA
–
o
tratamento
é
feito
consoante
a
sintomatologia.
Pode
ser
realizado
uma
tratamento
não
farmacológico
através
do
repouso
ou
um
tratamento
farmacológico
recorrendo
aos
analgésicos,
AINEs
ou
relaxantes
musculares.
Pode
ainda
recorrer-‐se
ao
uso
de
corticoterapia
no
caso
de
hérnias
discais.
É
altamente
dependente
da
causa.
o LOMBALGIA
CRÓNICA
–
além
do
tratamento
farmacológico
é
introduzido
a
fisioterapia
e
cinesioterapia.
Para
estes
casos,
as
ortóteses
não
devem
ser
utilizadas,
pois
estas
vão
contribuir
para
o
desequilíbrio
do
suporte
muscular
da
coluna
vertebral,
acabando
por
exacerbar
a
própria
dor
que
é
referida
pelos
doentes.
Em
último
caso,
pode-‐se
eventualmente
recorrer
a
técnicas
cirúrgicas,
caso
estejam
envolvidas
alterações
tróficas
da
coluna
vertebral.
HÉRNIAS
DISCAIS
• causa
frequente
de
lombalgia
e
ciatalgia
• resultam
do
procedência
do
núcleo
pulposo
sobre
o
ligamento
longitudinal
posterior,
levando
à
compressão
de
estruturas
radiculares.
• As
hérnias
discais
podem
ser
anteriores
ou
posteriores:
hérnias
anteriores
são
menos
comuns
que
as
hérnias
posteriores.
Além
disso,
as
primeiras
têm
menos
repercussão
a
nível
da
sintomatologia
pois
encontram-‐se
mais
afastadas
das
estruturas
radiculares.
• hérnias
posteriores
podem
ser
classificadas
quanto
à
sua
localização
em
quatro
tipos
diferentes:
MEDIANA
(hérnias
de
base
larga,
podendo
dar
sintomas
à
direita,
à
esquerda
ou
bilateralmente.
Um
dos
testes
semiológicos
que
pode
ser
realizado
para
identificar
este
tipo
de
hérnias
é
o
teste
de
Laségue),
PARAMEDIANA,
FORAMINAL
(ainda
mais
lateriais
do
que
as
paramedianas,
fazendo
compressão
sobre
as
estruturas
radiculares
a
nível
do
forámen
intevertebral)
e
LATERAL
(a
abordagem
deste
tipo
de
hérnias
não
é
possível
fazer
a
descompressão
por
via
transforaminal
,
mas
deve
ser
realizada
por
via
paramediana).
A
variabilidade
da
sintomatologia
das
hérnias
lombares
remete-‐se
para
o
facto
de
no
mesmo
espaço
discal
poderem
ser
encontradas
as
raízes
de
L5
e
S1.
• As
hérnias
posteriores
podem
ainda
ser
classificadas
quanto
à
forma
de
herniação
do
fragmento,
em
três
categorias:
PROTRUSÃO
(ocorre
a
saída
pelo
annulus
fibroso
para
o
canal
vertebral,
não
provocando
descontinuidade
do
ligamento
longitudinal
posterior),
EXTRUSÃO
(ocorre
a
saída
pelo
annulus
fibroso
para
o
canal
vertebral,
com
descontinuidade
do
ligamento
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
31
longitudinal
posterior)
e
MIGRAÇÃO
(discos
extrusos
que
se
deslocam
eventualmente
para
cima
ou
para
baixo
do
local
por
onde
saiu).
• A
evolução
clínica
da
sintomatologia
das
hérnias
discais
pode
ser
categorizada
em
três
fases:
o FASE
IRRITATIVA
–
fase
inicial
em
que
se
verifica
um
aumento
da
dor
e
das
parestesias,
assim
como
um
aumento
dos
reflexos.
o FASE
COMPRESSIVA
–
fase
em
que
se
verifica
uma
diminuição
da
dor
com
hipostesias,
uma
diminuição
dos
reflexos
e
da
força
muscular.
Fase
associado
a
uma
progressão
da
hérnia
discal
e
de
maior
gravidade
clínica.
o FASE
PARALÍTICA
–
fase
que
ocorre
RARAMENTE,
que
cursa
com
uma
diminuição
ou
ausência
completa
de
dor,
ausência
de
reflexos
e
estado
paralítico
do
doente.
A
intervenção
cirúrgia
deve
surgir
antes
da
entrada
na
fase
paralítica
sob
risco
de
se
tornar
uma
situação
irreversível.
• No
caso
das
hérnias
medianas,
estas
ao
fazerem
compressão
sobre
a
medula
espinhal,
podem
originar
o
que
se
designa
de
SÍNDROME
DA
CAUDA
EQUINA
-‐
doente
apresenta
défices
motores
e
ciatalgia
bilateral.
Trata-‐se
de
uma
emergência
cirúrgica,
sendo
que
deve
ser
tratada
antes
que
o
doente
apresente
sintomatologia
concordante
com
retenção
urinária
ou
incontinência
urinária
e
fecal.
• DIAGNÓSTICO
é
CLÍNICO.
Os
exames
complementares
de
imagem
a
utilizar
são:
raio-‐X
completo
da
coluna
vertebral,
de
forma
a
avaliar
potenciais
alterações
dos
alinhamentos
sagital
e
coronal
da
própria
coluna;
TC,
de
forma
a
avaliar
melhor
as
alterações
existentes
a
nível
do
osso;
e
RMN,
de
forma
a
avaliar
as
partes
moles
e
músculos
para-‐vertebrais.
A
utilização
de
electromiograma
é
altamente
limitante.
• TRATAMENTO:
é
SINTOMÁTICO,
sendo
que
apenas
10%
dos
casos
têm
indicação
cirúrgica.
Dentro
das
abordagens
cirúrgicas
pode-‐se
recorrer
a
técnicas
minimamente
invasivas
–
cirurgia
tubular
(realizada
em
casos
selecionados)
–
ou
por
laparotomia,
sendo
que
ao
fim
de
5
anos,
os
resultados
são
sobreponíveis.
TRAUMATOLOGIA
DO
ADULTO
FRACTURAS
-‐ FRACTURA
=
interrupção
da
continuidade
do
tecido
ósseo
-‐ ETIOLOGIA:
as
causas
de
fractura
podem
ser
de
dois
tipos:
o TRAUMÁTICA
–
resultam
da
acção
de
uma
energia
externa.
Esta
por
sua
vez
pode
ter
dois
tipos
de
mecanismos
subjacentes
à
fractura,
que
aunto
aos
níveis
de
energia
podem
ser:
MECANISMOS
DE
ALTA
ENERGIA
ou
MECANISMOS
DE
FADIGA/STRESS
(mecanismos
de
carácter
indolente,
que
vão
provocando
lesões
de
forma
progressiva,
gerando
microtraumatismos,
e
que
culminam
numa
fractura
identificável).
o PATOLÓGICA
–
não
apresenta
acção
de
energia
externa,
mas
pressupõe
um
défice
da
mineralidade
óssea,
que
para
um
grau
de
energia
mais
baixo,
pode
levar
à
fractura
do
próprio
osso.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
32
-‐ PATOGENIA:
os
mecanismos
subjacentes
podem-‐se
caracterizar
relativamente
a
dois
aspectos:
o PONTO
DE
APLICAÇÃO
–
o
traumatismo
pode
ser
de
dois
tipos:
§ DIRECTO:
a
fractura
ocorre
no
local
do
impacto
§ INDIRECTO:
a
fractura
ocorre
à
distância
do
local
onde
ocorreu
o
impacto
inical.
o MECANISMO
DE
LESÃO
–
podem
ser
caracterizados
quatro
tipos
de
mecanismos
de
lesão:
§ FLEXÃO
ou
ANGULAÇÃO
–
a
fractura
leva
ao
aparecimento
de
ângulos
de
novo,
na
relação
entre
os
diferentes
ossos.
§ TORÇÃO
–
resulta
de
um
mecanismo
indirecto.
Aquilo
que
se
observa
é
uma
relação
de
obliquidade
e
rotação
entre
os
ossos
afectados.
§ COMPRESSÃO
–
ocorre
com
mais
frequência
a
nível
dos
corpos
vertebrais
através
da
existência
de
forças
axiais.
§ AVULSÃO
–
fracturas
que
ocorrem
por
acção
exacerbada
de
tendões
sobre
as
superfícies
ósseas.
-‐ CLASSIFICAÇÃO
DAS
FRACTURAS:
esta
pode
ser
realizada
tendo
em
conta
vários
aspectos:
o INTEGRIDADE
DO
TEGUMENTO
ÓSSEO
–
podendo
dividir
as
fracturas
em
ABERTAS/EXPOSTAS
(seguem
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
GUSTILO
E
ANDERSON
MODIFICADA.
Estas
fracturas
tratadas
com
lavagem
abundante,
com
limpeza
da
ferida
de
exposição,
desbridamento
do
tecido.
Além
da
reparação
ósseas
implica
a
reparação
de
parte
moles.
Tratamento
é
mais
EMERGENTE)
ou
FECHADAS
(podem
ser
tratadas
conservadoramente
ou
cirurgicamente).
o NÍVEL
ESQUELÉTICO
–
podem-‐se
dividir
a
fractura
em
relação
à
região
do
osso
longo
onde
ocorrem:
DIAFISÁRIAS,
METAFISÁRIA
ou
EPIFISÁRIAS.
o RELAÇÃO
COM
A
CÁPSULA
ARTICULAR
–
as
fracturas
podem
ser
divididas
em
INTRA-‐ARTICULAR
(a
fracturas
não
é
tão
permissiva
a
desvios
nem
à
imobilização)
ou
EXTRA-‐ARTICULAR.
No
caso
específico
da
fractura
do
colo
do
fémur
leva
a
um
risco
de
necrose
isquémica
devido
à
compressão
sobre
a
artéria
circunflexa.
o COMPRIMENTO
DO
TRAÇO
DE
FRACTURA
–
quanto
ao
comprimento,
as
fracturas
podem
ser
divididas
em
COMPLETAS
(traço
de
fractura
ocupa
todo
o
perímetro
da
cortical
óssea)
ou
INCOMPLETAS
(traço
de
fractura
ocupa
apenas
parte
do
perímetro
cortical).
o DIRECÇÃO
DO
TRAÇO
DE
FRACTURA
–
as
fracturas
podem
ser
divididas
em
TRANSVERSAIS,
HELICOIDAIS
(fractura
desenha
uma
hélice,
resultante
de
uma
força
de
torção
por
traumatismo
indirecto)
ou
OBLÍQUAS
(que
por
sua
vez
podem
ser
CURTAS
ou
LONGAS,
quando
maior
a
superfície
de
contacto
destas
fracturas,
maior
o
potencial
de
consolidação).
o NUMERO
DOS
TRAÇOS
DE
FRACTURA
–
as
fracturas
podem
ser
divididas
em
SIMPLES
(existem
apenas
dois
fragmentos),
FRACTURAS
COM
TERCEIRO
FRAGMENTO
(existem
três
fragmentos,
reportanto
a
uma
fractura
em
asa
de
borboleta),
SEGMENTAR
(existem
três
fragmentos
em
que
um
deles
está
destacado)
e
COMINUTIVAS
(fracturas
com
múltiplos
fragmentos).
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
33
o ALINHAMENTO
DAS
EXTREMIDADES
DOS
TOPOS
DE
FRACTURA
-‐
as
fracturas
podem
ser
divididas
em
ALINHADAS/COAPTADAS
(podem
ser
tratadas
através
de
uma
abordagem
mais
conservadora,
passando
por
manobras
de
redução
da
fractura)
ou
DESALINHADAS/DESCOAPTADAS
(normalmente
têm
que
ser
tratadas
por
via
cirúrgica).
-‐ HISTÓRIA
CLÍNICA
e
EXAME
OBJECTIVO:
os
sintomas
apresentados
num
doente
com
fracturas
ósseas
são:
dor,
incapacidade
funcional,
deformidade
e
crepitação
(dado
semiológico
pouco
frequente,
mas
que
pode
ser
útil
na
abordagem
de
um
doente
inconsciente)
e
mobilidade
anormal
(alteração
mais
associada
às
fracturas
completas).
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
essencialmente
CLÍNICO,
mas
a
avaliação
da
extensão
da
lesão
deve
ser
feita
através
dos
exames
de
imagem
que,
no
caso
do
RX
deve
ter
em
conta
os
seguintes
parâmetros:
realização
de
incidência
de
dois
planos
perpendiculares;
e
imagem
deve
englobar
as
duas
articulações
adjacente
ao
local
de
fractura.
No
caso
da
TC,
esta
permite
esclarecer
melhor
as
alterações
a
nível
articular
e
permite
um
melhor
planeamento
da
técnica
cirúrgica
(via
de
abordagem,
material
a
utilizar,
entre
outros).
PROGNÓSTICO:
o
objectivo
é
atingir
a
consolidação,
ou
seja,
a
cicatrização
óssea.
Esta
passa
pela
formação
de
novo
tecido
ósseo
a
nível
do
calo
fracturário,
reestabelecendo
a
continuidade
e
resistência
óssea.
É
um
fenómeno
que
depende
do
segmento
ósseo,
do
tipo
de
fractura
e
da
idade
do
doente.
A
própria
cicatrização
passa
por
várias
etapas:
§ Durante
os
primeiros
dias,
verifica-‐se
a
formação
de
um
hematoma
e
organização
do
mesmo
a
nível
do
foco
fracturário.
§ Nesta
fase
a
durante
as
primeiras
duas
semanas,
verifica-‐se
um
proliferação
e
diferenciação
das
células
ósseas
§ Na
fase
final
–
FASE
DE
MATURAÇÃO
–
verifica-‐se
a
deposição
de
cálcio
a
nível
da
matriz
óssea,
desenvolvendo-‐se
assim
um
calo
provisório
que
acaba
por
evoluir
para
o
calo
definitivo/estruturado,
permitindo,
ao
fim
de
alguns
meses,
verificar-‐se
a
presença
de
osso
cortical
e
o
restabelecimento
da
continuidade
óssea.
As
três
condições
fundamentais
que
potenciam
uma
melhor
cicatrização
são:
contacto
das
extremidades
ósseas,
imobilização
das
mesmas
e
uma
vascularização
adequada
da
região
afectada.
A
falha
de
qualquer
uma
destas
condições
pode
culminar
no
desenvolvimento
de
uma
PSEUDOARTROSE,
situação
em
que
não
se
obtém
consolidação
óssea
ao
fim
de
5/6
meses,
verificando-‐se
esclerose
dos
topos
de
fractura.
Consoante
o
factor
que
se
encontra
alterado
podemos
ter
tipos
de
pseudoartroses
diferentes:
o Ausência
de
contacto
das
extremidades
ósseas
–
PSEUDOARTROSE
EUTRÓFICA
ou
NORMOTRÓFICA,
não
existindo
grande
alteração
da
configuração
dos
topos
de
fractura
o Má
imobilização
–
PSEUDOARTROSE
HIPERTRÓFICA
ou
EM
PATA
DE
ELEFANTE,
que
resulta
do
elevado
grau
de
movimento
existente
a
nível
dos
topos
de
fractura,
ocorrendo
micromovimentos
que
ultrapassam
a
carga
suportável
do
osso,
aos
quais
os
osso
responde
com
a
formação
de
zonas
de
calo
hipertróficas.
o Défice
de
vascularização
–
PSEUDOARTROSE
ATRÓFICA,
visto
que
o
osso
não
tem
potencial
de
promover
a
consolidação,
culminando
na
existência
de
extremidades
ósseas
pouco
reactivas,
que
se
tornam
afiladas.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
34
O
follow-‐up
dos
doente
é
feito
através
da
avaliação
clínica
e
radiológica
sendo
esta
realizada
ao
fim
de
6
semanas,
3
meses,
6
meses
e
ao
fim
de
1
ano.
O
tratamento
com
osteossíntese
recorrendo
a
placa
e
parafusos,
apesar
de
causar
micromovimentos
a
nível
do
osso,
não
é
suficiente
para
que
que
ocorra
uma
pseudoartrose
hipertrófica.
FRACTURAS
DOS
MEMBROS
SUPERIOR
E
INFERIOR
-‐ Podem
ser
consideradas
fracturas
de
dois
tipos,
quanto
à
integridade
do
tegumento
ósseo:
o EXPOSTAS
–
além
da
lesão
das
partes
moles
e
do
tecido
ósseo,
deve-‐se
ter
em
consideração
a
probabilidade
da
contaminação
existente
bem
como
o
tamanho
da
ferida.
A
classificação
de
fracturas
aberta
é
feita
segundo
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
GUSTILO
E
ANDERSON
MODIFICADA.
o FECHADAS
–
a
avaliação
deste
tipo
de
fracturas
implica
duas
características
fundamentais:
tipo
de
lesão,
que
pode
ir
desde
o
padrão
simples
até
ao
padrão
cominutivo;
e
lesão
das
partes
moles,
que
pode
ir
desde
uma
lesão
pequena
por
mecanismo
indirecto
até
a
alterações
mais
extensas
da
pele,
com
contusão,
avulsões
do
plano
cutâneo
e
presença
de
síndrome
compartimental.
A
classificação
das
fracturas
fechadas
é
feita
através
da
CLASSIFICAÇÃO
DE
OESTERN
E
TSCHERNE.
-‐ Existem
alguns
factores
que
podem
modificar
a
abordagem
inicial
das
fracturas,
podendo
ser
consideradas
como
fracturas
complicadas:
contaminação,
por
exemplo,
a
águas
paradas,
solo,
material
fecal
ou
mordedura
por
animais;
sinais
de
conspurcação
na
inspecção
inicial;
e
fracturas
que
apenas
tenham
sido
tratadas
ao
fim
de
12
horas,
após
o
aparecimento
do
foco
fracturários.
-‐ Deve-‐se
ainda
em
atenção
fracturas
que
resultem
de
mecanismos
de
alta
energia,
nomeadamente
fracturas
segmentares,
perda
de
massa
óssea,
síndromes
compartimentais,
mecanismos
de
crush
e
necessidade
de
flap
de
cobertura
devido
a
elevada
avulsão
cutânea.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
35
Ø TRATAMENTO
DAS
FRACTURAS
EXPOSTAS
–
imobilização
primária
e
estéril
da
ferida
e
administração
endovenosa
de
antibióticos.
A
antibioterapia
deve
ser
realizada
consoante
o
tipo
de
fracturas:
o TIPO
I,
TIPO
II
e
TIPO
III
–
CEFAZOLINA
1g
8/8h
o TIPO
III
-‐
AMINOGLICOSÍDEO
3
a
5
mg/kg/dia
o FRACTURAS
COM
CONTAMINAÇÃO
ORGÂNICA
–
PENICILINA
4/4h
A
nível
cirúrgico,
a
abordagem
é
realizada
com
desbridamento
da
ferida
e
lavagem
mecânica
(irrigação
da
mesma
com
quantidades
abundantes
de
soro
fisiológico)
até
permitir
limpar
a
ferida
contaminada,
seguida
da
estabilização
da
fractura,
que
pode
ser
realizada
com
fixadores
externos
(usado
com
mais
frequência)
ou
internos.
COMPLICAÇÕES
DAS
FRACTURAS
-‐ as
complicações
das
fracturas
podem-‐se
sistematizar
em
dois
tipos:
• GERAIS
–
dentro
deste
grupo,
as
complicações
mais
relevantes
são:
o CHOQUE
-‐
mais
comum
nos
doentes
politraumatizados,
em
que
estes
mesmos
doentes
apresentam
uma
volémia
diminuída.
O
tipo
de
fractura
em
que
mais
ocorre
choque
é
na
fractura
da
bacia
–
fractura
em
livro
aberto,
em
que
existe
ruptura
da
continuidade
do
anel
pélvico.
A
classificação
das
fracturas
da
bacia
é
feita
segundo
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
TILE,
que
permite
a
divisão
em
três
tipos:
§ TIPO
A
–
estruturas
ósseas
estáveis,
minimamente
desviadas
(A1,
A2
e
A3).
§ TIPO
B
–
estruturas
rotacionalmente
instáveis,
mas
verticalmente
estáveis
(B1,
B2
e
B3).
§ TIPO
C
–
estruturas
rotacionalmente
e
verticalmente
instáveis
(C1,
C2
e
C3).
Assim
sendo,
as
fracturas
da
bacia
que
mais
facilmente
cursam
com
choque
são
as
fracturas
do
tipo
B
e
C.
A
resolução
deste
tipo
de
fracturas
é
a
fixação
externa,
pois
trata-‐se
de
uma
técnica
que
permite
uma
estabilização
mais
rápidas
das
estruturas
e
evitar
a
hemorragia.
o TEP
–
quando
associada
a
fracturas,
o
tipo
de
embolia
associada
é
a
embolia
gorda.
Ocorre
mais
frequente
associada
a
fracturas
do
fémur,
em
que
se
verifica
uma
libertação
do
tecido
adiposo
do
canal
medular,
que
ao
entrar
em
circulação,
emboliza
nos
campos
pulmonares.
o INFECÇÕES
RESPIRATÓRIA
E
URINÁRIAS
–
normalmente
associado
a
doentes
institucionalizados
e
provocadas
por
traumatismo
local
–
infecções
urinária
podem
decorrer
e
fracturas
da
bacia,
e
no
caso
da
infecções
pulmonares
podem
cursar
após
contusão
pulmonar.
o ÚLCERAS
DE
PRESSÃO
–
a
perda
da
substância
de
continuidade
torna-‐se
uma
porta
de
entrada
para
os
agentes
infecciosos,
limitando
o
acto
cirúrgico,
caso
seja
necessário
fazer
uma
fixação
das
fracturas,
sob
risco
de
desenvolver
um
foco
de
osteomielite.
• LOCAIS
–
as
fracturas
podem
levar
a
lesões
de
partes
moles,
especialmente,
as
fracturas
abertas
ou
expostas,
gerando
um
foco
de
potencial
infecção.
Este
tipo
de
fracturas
deve
ser
resolvido
o
mais
rapidamente
possível
(idealmente,
até
6
horas
após
a
fractura),
com
lavagem
abundante
e
fixação
externa
das
estruturas
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
36
lesadas.
Além
das
partes
moles,
pode-‐se
verificar
ainda
complicações
a
nível
vascular
e
nervoso.
De
uma
forma
global,
pode-‐se
agrupar
as
complicações
locais
em
três
tipos:
o IMEDIATAS
–
fractura
leva
a
lesões
que
envolvem
os
tegumentos,
pele,
vísceras
e
lesões
neuro-‐vasculares.
Fracturas
externa
a
partir
do
grau
IIIB
têm
indicação
para
fixação
externa,
de
modo
a
tentar
preservar
as
estruturas
neuro-‐vasculares.
o PRECOCES
–
as
complicações
mais
comuns
são:
síndrome
compartimental,
podendo
culminar
na
contractura
de
Volkmann
(contractura
de
origem
isquémica);
infecção,
que
pode
surgir
até
48
horas.
As
infecções
são
detectadas
através
de
lesões
heterogéneas
nos
exames
de
imagem,
podendo
cursar
com
o
sequestro,
no
caso
das
osteomielites
crónicas.
o TARDIAS
–
as
alterações
mais
frequentes
são:
• alterações
da
consolidação,
nomeadamente,
a
não-‐
consolidação
(=
atraso
da
consolidação
que
ocorre
nos
primeiros
4/5
meses,
em
que
não
existe
esclerose
dos
topos
de
fractura)
e
pseudo-‐artrose
(=
atraso
da
consolidação
que
cursa
com
a
esclerose
dos
topos
de
fractura,
havendo
uma
obliteração
do
canal
fracturário,
impedindo
a
circulação,
formando-‐se
uma
falsa
articulação,
visto
que
a
movimento
a
nível
do
foco
de
pseudo-‐artrose.
Na
abordagem
cirúrgica
vai
ainda
verificar-‐se
a
existência
de
um
líquido
semelhante
ao
líquido
sinovial);
• rigidez
articular
que
pode
depender
não
só
da
fractura
articular
mas
também
da
imobilização
das
articulações
adjacentes
ao
foco
de
fractura;
• necrose
asséptica
ou
avascular,
que
ocorre
com
mais
frequência
nas
fracturas
do
colo
do
fémur.
A
necrose
ocorre
em
primeiro
lugar
na
zona
polar
superior,
visto
ser
esta
a
zona
de
carga,
levando
a
distensão
da
cápsula
articular,
que
culmina
em
compressão
vascular.
Esta
complicação
pode
ser
tratada
através
da
colocação
de
enxerto
de
perónio
vascularizado
ou
tonalização
do
colo
do
fémur,
sendo
que
objectivo
é
a
repermeabilização
da
zona
de
necrose;
• consolidação
viciosa,
que
ocorre
com
o
membro
numa
posição
anormal.
Este
tipo
de
complicação
ocorre
com
mais
frequência
a
nível
das
metáfises
ósseas,
como
é
o
caso
da
fractura
do
colo
do
úmero.
Este
tipo
de
complicação
é
tratada
com
osteoclasia
(
=
processo
cirúrgico
que
consiste
em
quebrar
os
ossos,
afim
de
corrigir
deformidades)
e
osteossíntese
dos
topos
fracturários;
• artrose
pós-‐traumática,
em
que
nos
exames
de
imagem
se
verifica
uma
diminuição
da
linha
articular
e
o
desenvolvimento
de
osteofitos.
TRATAMENTO
DAS
FRACTURAS
-‐ pode
ser
dividido
em
dois
tipos:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
37
• PROVISÓRIO
–
a
imobilização
grosseira
no
local
do
acidente
é
fundamental
para
evitar
o
aparecimento
de
novas
lesões.
• DEFINITIVO
–
este
tipo
de
tratamento
pode
ser:
o CONSERVADOR
–
recorre-‐se
numa
fase
inical,
durante
os
primeiros
10
dias,
com
a
colocação
de
uma
tala
gessada
e
posteriormente
a
conversão
para
gesso
fechado,
que
deve
envolver
as
articulações
adjacentes
do
foco
fracturário.
As
talas
gessadas
podem
eventualmente
ser
substituídas
por
uma
ortótese,
que
permite
alguma
mobilidade.
o CIRÚRGICO
–
recorrendo
a
métodos
de
fixação,
que
podem
ser
externos
ou
internos.
No
caso
dos
fixadores
internos
podem
ser
dinâmicos
ou
estáticos.
Neste
último
caso,
como
não
existe
qualquer
tipo
de
movimento
a
nível
do
local
de
fractura
não
se
vai
desenvolver
nenhum
tipo
de
calo
irritativo,
ocorrendo
a
ossificação
directa
do
calo
endomedular.
No
caso
do
fixador
externo,
que
permitem
a
realização
de
carga
precoce
em
doente
com
múltiplos
defeitos
ósseos.
FRACTURAS
PATOLÓGICAS
-‐ Fracturas
relacionadas
com
a
diminuição
da
resistência
óssea,
e
não
com
a
intensidade
do
trauma.
Ocorre
quando
um
traumatismo
minor,
que
em
situações
normais
seria
tolerado
pelo
nosso
esqueleto,
produz
uma
fractura.
-‐ CAUSAS:
as
principais
causas
associadas
a
fracturas
patológicas
são:
DOENÇAS
METABÓLICAS
como,
por
exemplo,
a
osteoporose;
DOENÇAS
INFECCIOSAS
como,
por
exemplo,
a
osteomielite;
e
TUMORES
podendo
este
ser
primário
ou
secundário,
sendo
estes
últimos
muito
mais
frequentes.
Ø OSTEOPOROSE
• Doença
metabólica
que
cursa
com
a
alterações
das
trabéculas
ósseas,
levando
a
uma
maior
fragilidade
óssea
com
maior
incidência
de
fracturas
• As
lesões
ocorrem
com
maior
frequência
no
úmero,
colo
do
fémur,
coluna
vertebral,
extremidade
distal
do
rádio
(antecede
as
fracturas
do
colo
do
fémur)
e
ulna.
Ø TUMORES
ÓSSEOS
• As
lesões
metastáticas
ocorrem
com
maior
frequência
no
fémur
(57%),
nas
diáfises
dos
ossos
longos
(20%)
e
no
esqueleto
axial,
mais
propriamente,
na
coluna
vertebral
e
na
pelve.
• A
metastização
nas
extremidades
é
RARA.
• DIAGNÓSTICO:
deve
ser
feito
o
mais
precocemente
possível
• TRATAMENTO:
deve
ser
feita
da
forma
mais
agressiva
possível,
de
forma
a
tentar
devolver
a
melhor
qualidade
de
vida
possível
aos
doentes
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
CLINICO,
sendo
complementado
com
exames
de
imagem,
sendo
o
RX
em
dois
planos
perpendiculares
a
primeira
opção,
seguido
da
cintigrafia,
caso
a
suspeita
recaia
sobre
a
existência
de
um
tumor
secundário.
No
caso
do
RX
pode
haver
dois
tipos
de
lesões:
lesão
hiperdensa
(lesão
osteoblásticas)
pode
estar
associada
a
um
tumor
da
próstata
ou
uma
lesão
hipodensa.
A
TC
pode
ser
útil
na
caracterização
da
estabilidade
das
estruturas
ósseas
e
a
RMN
permite
a
avaliação
da
extensão
da
lesão
tumoral.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
38
-‐ TRATAMENTO:
pode
ser
de
dois
tipos:
PREVENTIVO,
ou
seja,
tratar
a
doença
etiológica
primária,
de
forma
a
prevenir
a
incidência
de
fracturas
como
consequência
da
mesma.
Este
tipo
de
tratamento
pode
cursar
com
a
estabilização
de
zonas
onde
potencialmente
possam
ocorrer
fracturas
(ex:
fixação
da
úmero
onde
se
diagnosticou
um
tumor
secundário);
ou
CURATIVO,
após
a
fractura
já
ter
ocorrido.
TRAUMATOLOGIA
DA
CRIANÇA
FRACTURAS
-‐ o
esqueleto
da
criança
tem
características
específicas,
diferentes
das
do
adulto:
• consolidação
ocorre
de
uma
forma
muito
rápida
• apresentem
uma
elasticidade
própria.
Quando
ocorrem
fracturas
estas
dizem-‐se
fracturas
em
ramo
verde,
sendo
difícil
a
separação
em
dois
fragmentos
• periósteo
é
mais
espesso
• tem
uma
elevada
capacidade
de
remodelação,
tendo
a
possibilidade
de
tolerar
desvios
axiais
dos
membros
como
genum
valgum
e
genum
varum,
por
exemplo.
• Presença
de
cartilagem
de
crescimento,
servindo
para
facilitar
o
crescimento
das
estruturas
ósseas.
-‐ Fracturas
podem
ou
não
interferir
com
o
crescimento
ósseo.
No
caso
de
não
atravessar
a
cartilagem
de
crescimento,
as
fracturas
podem
estimular
a
taxa
do
crescimento
ósseo,
podendo
mesmo,
em
alguns
casos,
levar
a
dismetria
dos
membros.
Ao
passo
que,
quando
atravessam
a
cartilagem
de
crescimento
podem
levar
à
lesão
da
mesma,
culminando
num
diminuição
da
taxa
de
crescimento
ou
epifisiodese
(encurtamento
do
osso).
-‐ Nas
crianças,
a
vascularização
entre
a
epífise
e
a
metáfise
são
independentes
uma
da
outra.
Quando
ocorrer
comunicação
entre
as
duas
regiões
vasculares,
potencia-‐se
o
aparecimento
de
pontes
ósseas,
levando
a
uma
abolição
do
crescimento
ósseo.
-‐ A
classificação
das
fracturas
das
crianças
é
feita
através
da
CLASSIFICAÇÃO
DE
SALTER-‐
HARRIS,
permitindo
ajustar
a
terapêutica
ao
tipo
de
fractura:
§ TIPO
I
–
verifica-‐se
um
descolamento
da
epífise,
podendo
este
ocorrer
quer
no
plano
frontal
quer
em
diástase.
O
tratamento
é
feito
com
redução
da
epífise,
não
tendo
nenhuma
repercussão
major.
§ TIPO
II
–
ocorre
epifisiolise
com
pequeno
fragmento
na
região
epifisária.
O
tratamento
é
feito
com
redução
da
epífise,
não
tendo
nenhuma
repercussão
major.
§ TIPO
III
–
Tem
repercussão
a
nível
do
crescimento
ósseo,
pois
interfere
a
nível
da
cartilagem
de
crescimento.
Visto
que
só
afecta
um
dos
lados
do
osso,
acaba
por
culminar
numa
dismetria
de
crescimento.
§ TIPO
IV
–
comunicação
entre
a
metáfise
a
epífise,
leva
a
um
encerramento
precoce,
criando
ponte
ósseas
de
comunicação
§ TIPO
V
–
verifica-‐se
um
esmagamento
da
cartilagem
de
crescimento,
resultando
de
um
traumatismo
compressivo.
Torna-‐se
mais
difícil
de
diagnosticar
em
doentes
que
estejam
nas
fases
finais
de
crescimento.
Deve-‐se
fazer
um
RX
dos
dois
membros
(afectado
e
não
afectado),
afim
de
comparar
se
já
ocorrem
encerramento
da
cartilagem
de
crescimento.
É
este
tipo
de
fractura
que
tem
maior
interferência
a
nível
do
crescimento.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
39
-‐ o
crescimento
das
diferentes
porções
dos
ossos
não
ocorre
ao
mesmo
ritmo.
Por
exemplo,
no
membro
superior
a
taxa
de
crescimento
é
MAIOR
na
porção
proximal
(cabeça
do
úmero)
e
na
porção
distal
do
rádio
e
da
ulna,
enquanto
que
a
taxa
de
crescimento
é
MENOR
na
região
do
cotovelo.
Por
outro
lado,
no
membro
inferior,
a
taxa
de
crescimento
é
MAIOR
a
nível
do
joelho
e
MENOR
na
porção
proximal
e
distal
do
membro.
-‐ TRATAMENTO:
qualquer
fractura
que
ocorra
deve-‐se
realizar
a
sua
estabilização
e
redução.
Caso
sejam
fracturas
estáveis,
a
redução
pode
ser
feita
com
talas
engessadas.
As
fracturas
às
quais
está
associada
alguma
instabilidade,
e
que
esta
agrave
ou
interrompa
a
taxa
de
crescimento,
devem
ser
estabilizadas
cirurgicamente,
sendo
que
esta
estabilização
não
deve
interferir
com
a
própria
cartilagem
de
crescimento,
de
forma
a
evitar
deformações
tardias.
TRAUMATOLOGIA
DA
COLUNA
VERTEBRAL
Ø CONSTITUIÇÃO
ANATÓMICA
DA
COLUNA
VERTEBRAL
• Vértebras
e
articulações
intervertebrais
–
ARCO
ANTERIOR
e
ARCO
POSTERIOR
• Ligamentos
longitudinais:
ANTERIOR
(estabilizador
em
extensão)
e
POSTERIOR
(estabilizador
em
flexão,
auxiliado
no
desempenho
desta
mesma
funçãoo
pelos
ligamentos
interespinhosos).
• Disco
intervertebral
com
o
annulus
posterior
(estabilizador
em
flexão)
e
annulus
anterior
(estabilizador
em
extensão)
• Processos
articulares
funcionam
com
estabilizadores
quer
na
extensão
quer
na
flexão.
Ø FUNÇÕES
DA
COLUNA
VERTEBRAL
–
as
funções
desempenhadas
pela
coluna
vertebral
são:
suporte
(caráter
estatático
ou
estrutural),
protecção
do
neuroeixo,
estabilidade
e
mobilidade
(carácter
dinâmico,
sendo
que
a
mobilidade
é
mais
marcada
na
coluna
cervical
e
lombar,
dada
a
rigidez
que
a
coluna
torácica
apresenta
devido
à
existência
da
grelha
costal).
Ø CLASSIFICAÇÃO
DAS
FRACTURAS
DA
COLUNA
VERTEBRAL
–
podem
ser
classificadas
em
ESTÁVEIS
(sendo
que
o
tratamento
destas
é
conservador)
ou
INSTÁVEIS
(sendo
que
o
tratamento
das
mesmas
é
cirúrgico).
No
entanto,
relativamente
ao
mecanismo
de
lesão
indutor
de
fractura,
as
fracturas
da
coluna
vertebral
podem
ser
divididas
em:
TIPO
A
TIPO
B
TIPO
C
• TIPO
A
–
fracturas
em
compressão,
com
falência
da
porção
mais
anterior
da
coluna
vertebral,
mantendo-‐se
a
estrutura
ligamentar
posterior.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
40
TRATAMENTO:
podem
ser
tratadas
de
forma
conservadora
e,
quando
resolvidas
cirurgicamente,
são
colocados
fixadores
em
distracção.
• TIPO
B
–
fracturas
em
distracção,
ou
seja,
verifica-‐se
a
perda
da
estrutura
ligamentar
posterior,
podendo
levar
a
pequenas
lesões
da
porção
anterior
OU
lesão
das
estruturas
ligamentares
anteriores
ou
pequenas
lesões
ósseas
na
porção
posterior.
TRATAMENTO:
a
maioria
com
indicaçãoo
cirúrgica,
excepto
as
FRACTURAS
DE
CHANCE
–
solução
de
fractura
passa
através
do
processo
espinhoso,
do
pedículo
e
do
corpo
vertebral
-‐,
que
podem
ser
tratadas
de
modo
conservador.
Aquelas
que
são
tratadas
cirurgicamente,
recorre-‐se
ao
uso
de
fixadores
em
compressão.
• TIPO
C
–
fracturas
em
translacção
ou
luxação,
que
ao
ocorrerem
é
raro
que
nã
estejam
associadas
a
um
quadro
neurológico.
TRATAMENTO:
é
cirúrgico,
que
para
lém
do
fixador
de
redução
e
estabilização,
deve-‐se
também
controlar
a
instabilidade
multidireccional
através
do
uso
de
sistemas
de
ligação
entre
os
fixadores
–
ligamentos
de
cross-‐linkage.
-‐ FRACTURAS
ESPECÍFICAS:
o FRACTURA
DO
DENTE
(C2),
podendo
estar
associada
a
movimentos
de
chicote
exagerados
da
região
cervical.
TRATAMENTO:
é
feito
por
estabilização
do
dente
do
áxis,
por
via
anterior,
através
da
colocação
de
um
parafuso.
Se
a
fractura
for
estável,
o
tratamento
é
conservador
é
feito
com
um
halovest
(halo
de
fixação
craniana
e
um
colete
que
permite
a
estabilidade
desse
mesmo
halo;
o FRACTURA
DO
ENFORCADO,
em
que
ocorre
a
fractura
de
ambos
os
pedículos
e
da
pars
articulares
do
áxis
(vértebra
C2).
-‐ Para
além
das
fracturas,
uma
das
alterações
que
pode
ocorrer
é
a
LUXAÇÃO
FACETÁRIA
–
ocorre
mais
frequentemente
a
nível
da
coluna
cervical,
sendo
que
o
doente
se
apresenta
com
uma
ligeira
rotação
da
cabeça.
Estas
entidade
faz
diagnóstico
diferencial
com
o
torcicolo.
A
nível
do
RX
verifica-‐se
uma
ausência
de
simetria
associada
a
uma
rotação
da
cabeça
e
um
desalinhamento
da
face
anterior
da
coluna
vertebral.
TRATAMENTO:
realização
de
uma
artrodese
entre
os
corpos
vertebrais
afectados.
-‐ DIAGNÓSTICO:
é
clínico
e
complementado
pelos
exames
de
imagem:
• No
caso
de
RX,
analisar
sempre
em
dois
planos
perpendiculares.
Por
outro
lado,
deve-‐se
recorrer
à
TC
quando
se
trata
de
politraumatizado
grave,
ou
quando
no
RX
se
visualiza
uma
inversão
da
curvatura
plano
posterior
dos
corpos
vertebrais.
• A
TC
permite
analisar
as
fracturas
no
plano
sagital,
fracturas
da
inserção
pedicular
e
fracturas
da
lâmina
do
processo
transverso,
sendo
que
este
tipo
de
fracturas
são
difíceis
de
detectar
no
RX.
• A
RMN
tem
duas
indicações:
quadro
neurológico
incompleto
e
suspeita
de
lesão
ligamentar.
-‐ TRATAMENTO:
pode
ser
de
dois
tipos
–
IMEDIATO
e
DEFINITIVO,
sendo
que
depende
muito
do
tipo
de
fractura:
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
41
oTRATAMENTO
IMEDIATO
–
os
doentes
devem
ser
imobilizados,
de
forma
a
evitar
a
criação
de
mais
danos
na
coluna
vertebral.
o TRATAMENTO
DEFINITIVO
–
um
dos
exemplos
é
a
vertebroplastia
com
injecção
de
cimento,
sendo
utilizada
nas
fracturas
do
tipo
A
menos
significativas;
tratamento
com
dupla
cia
com
estabilização
anterior
e
posterior
com
colocação
de
casa
-‐ PROGNÓSTICO:
depende
de
dois
factores
–
tipo
de
lesão
e
estado
neurológico.
A
lesão
neurológica
mais
grave
detectada
a
nível
do
trauma
da
coluna
é
a
secção
medular
TRAUMATOLOGIA
DO
MEMBRO
SUPERIOR
Ø MEMBRO
SUPERIOR
-‐ Ao
contrário
do
membro
inferior,
não
se
trata
de
um
membro
de
suporte
-‐ Em
caso
de
trauma,
a
zona
mais
importante
de
manter
a
funcionalidade
e
a
mobilidade
é
a
MÃO.
Além
disso,
torna-‐se
também
importante
manter
os
alinhamentos
ósseos.
-‐ As
estruturas
neuro-‐vasculares
e
tendões
são
estruturas
que
estão
menos
protegidos
no
membro
superior
do
que
no
membro
inferior,
estando
mais
susceptíveis
a
sofrer
alterações
de
causa
traumática.
-‐ Existem
várias
zonas
que
apresentam
vascularização
terminal,
nomeadamente,
a
cabeça
do
úmero,
a
cabeça
do
rádio
e
o
escafoide
cárpico.
Ø FRACTURAS
DO
ÚMERO
-‐ a
localização
mais
frequente
deste
tipo
de
fracturas
são
as
fracturas
da
cabeça
do
úmero,
associadas
a
alterações
osteoporóticas.
-‐ Existem
várias
classificações
para
os
diferentes
tipos
de
fracturas
umerais.
A
mais
utilizada
é
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
NEER
–
distingue
em
4
partes
as
diferentes
fracturas
do
úmero
proximal.
Esta
classificação
depende
do
local
da
fractura,
da
existência
ou
não
de
luxação
articular,
número
de
fragmentos
separados
a
uma
distância
superior
a
1
cm
ou
se
a
angulação
entre
os
vários
fragmentos
da
fractura
for
superior
a
45º.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
42
Ø FRACTURAS
DO
COTOVELO
E
DO
ANTEBRAÇO
-‐ As
fracturas
do
cotovelo
podem
ser
de
vários
tipos,
um
dos
tipos
são
as
FRACTURAS
SUPRA-‐
CONDILIANAS
–
tipo
de
fractura
mais
comum
nas
crianças,
especialmente
quando
a
queda
é
sobre
a
mão.
O
tratamento
faz-‐se
com
a
redução
cruenta
e
fixação
da
fractura
com
a
flexão
do
antebraço
sobre
o
braço.
Neste
tipo
de
reparação
deve-‐se
ter
em
atenção
o
isolamento
do
nervo
ulnar.
A
fixação
múltipla
com
parafusos
e
placas
não
é
adequado
para
a
articulação
do
cotovelo.
-‐ A
nível
do
ANTEBRAÇO,
existem
alguns
casos
de
fracturas
particulares,
nomeadamente,
a
LUXAÇÃO
DE
MONTEGGIA
–
luxação
da
articulação
do
cotovelo
que
cursa
com
a
fractura
da
ulna
associada
a
uma
luxação
da
cabeça
do
rádio;
FRACTURAS
DE
GALEAZZI
–
fracturas
mais
distais
que
ocorrem
na
extremidade
distal
do
rádio,
sem
fractura
da
ulna,
mas
com
uma
subluxação
da
articulação
rádio-‐ulnar
distal.
Ø FRACTURAS
DO
PUNHO
E
DA
MÃO
-‐ Uma
das
fracturas
mais
comuns
do
punho
é
a
FRACTURA
DE
COLLES
–
fractura
com
uma
lesão
em
garfo/colher,
com
um
desvio
proximal
da
extremidade
distal
do
rádio,
estando
associado
a
episódios
de
queda
sobre
a
mão
em
hiperextensão.
Este
tipo
de
fracturas
encontra-‐se
associada
a
doentes
com
lesões
osteoporóticas.
O
tratamento
inicial
é
uma
imobilização
parcial,
sendo
feito
com
a
colocação
de
tala
sobre
o
punho,
com
o
objectivo
de
reduzir
o
edema
local,
afim
de
se
proceder
ao
encerramento
da
tala
ou
gesso
fechado.
Caso
haja
o
desvio
dorsal,
é
necessário
realizar
a
manobra
de
redução,
que
consistem
em
tracção,
em
flexão
e
num
desvio
ulnar
das
estruturas.
Caso
a
redução
não
seja
bem
sucedida,
o
doente
é
submetido
a
cirurgia
com
a
colocação
de
placas
e
parafusos.
-‐ A
FRACTURA
DE
BENNET
–
fractura
do,
sendo
que
é
uma
fractura
é
desviada
pela
acção
do
abdutor
do
polegar.
-‐ A
FRACTURA
DO
ESCAFÓIDE,
tem
um
elevado
risco
de
culminar
numa
necrose
avascular,
nomeadamente
caso
o
segmento
afectado
seja
o
súpero-‐externo.
-‐ As
FRACTURAS
METACARPAIS
podem
ser
divididas
em
estáveis
e
instáveis,
consoante
a
sua
localização,
sendo
que
o
tratamento
pode
cursar
com
a
fixação
com
fios
de
Kischner,
encavilhamento
com
fios
de
Kischner
ou
redução
e
estabilização
por
placas.
-‐ No
caso
das
FRACTURAS
DAS
FALANGES,
caso
não
seja
realizada
uma
redução
adequada
poderá
haver
desalinhamento
do
eixo
dos
dedos.
O
tempo
de
imobilização
da
mão
deve
ser
o
mínimo
possível.
Caso
a
redução
não
seja
eficaz,
segue-‐se
um
tratamento
cirúrgico
com
a
colocação
de
placas,
parafusos
ou
fios
de
Kischner.
TRAUMATOLOGIA
DO
MEMBRO
INFERIOR
-‐ MEMBRO
INFERIOR
-‐ O
membro
inferior
é
uma
zona
de
suporte,
sendo
primariamente
dirigido
para
o
movimento
-‐ A
face
ântero-‐medial
da
perna
é
aquela
que
é
mais
susceptível
ao
trauma
-‐ Apresenta
estruturas
ósseas
com
vascularização
terminal
–
cabeça
do
fémur,
tíbia
e
astrágulos
-‐ FRACTURAS
DA
PELVE
-‐ Podem
ser
divididas
em
três
grupos,
segundo
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
TILE:
• FRACTURAS
SEM
INTERRUPÇÃO
DO
ANEL
PÉLVICO
–
TIPO
A
-‐
podendo
ser
provocadas
por
dois
tipos
de
causas:
TRAUMATISMO
DIRECTO,
podendo
haver
fracturas
isoladas
dos
ramos
do
púbis,
fracturas
do
ilíaco,
fracturas
do
sacro
e
do
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
43
cóccix;
PULLOUT
ou
AVULSÃO,
podendo
haver
avulsão
das
espinhas
ilíacas
ântero-‐superior
(provocado
pelo
músculo
sartório)
e
anterior-‐inferior,
da
tuberosidade
isquiática
e
do
ramo
isqui-‐púbico
• FRACTURAS
COM
INTERRUPÇÃO
DO
ANEL
PÉLVICO
–
que
podem
ser
de
dois
tipos:
• TILE
TIPO
B
-‐
as
fracturas
apresentam
uma
instabilidade
parcial
–
ou
em
rotação
externa
ou
em
rotação
interna
-‐,
podendo
haver
vários
tipos
de
fracturas:
fracturas
em
livro
aberto,
resultado
de
instabilidade
em
rotação
externa,
resultante
de
um
mecanismo
de
compressão
ântero-‐
posterior,
e
traduzidas
em
RX
por
uma
abertura
a
nível
da
sínfise
púbica;
fracturas
dos
ramos
isqui-‐ilio-‐púbicos,
resultado
de
instabilidade
em
rotação
interna,
resultante
de
um
mecanismo
de
compressão
lateral
• TILE
TIPO
C
OU
TIPO
MALGAINE–
ocorre
processo
de
instabilidade
misto
–
interno/externo
e
vertical/horizontal.
• FRACTURAS
DO
ACETÁBULO
–
podem
ser
divididas
em
dois
tipos:
FRACTURAS
ANTERIORES,
FRACTURAS
POSTERIORES
ou
FRACTURAS
MISTAS.
Neste
tipo
de
fracturas,
a
realização
da
TC
torna-‐se
essencial
não
só
para
avaliação
mais
detalhada
da
lesão
acetabular
como
para
o
planeamento
da
cirurgia.
Na
maioria
dos
casos,
visto
que
há
uma
lesão
também
a
nível
da
cartilagem
articular,
muitas
vezes,
o
tratamento
cirúrgico
é
feito
por
ARTROPLASTIA.
-‐ TRATAMENTO:
o
tratamento
das
fracturas
instáveis
do
anel
pélvico
constitui
uma
EMERGÊNCIA
CIRÚRGICA.
O
tratamento
inicial
deve
consistir
na
redução,
o
mais
rapidamente
possível,
com
o
uso
de
fixadores
externos.
O
tratamento
deferido
deve
ter
como
principais
objectivos
restaurar
a
anatomia
pélvica
e
prevenir
sequelas
futuras,
podendo-‐se
recorrer
a
fixadores
anteriores,
posteriores
ou
ambos.
As
COMPLICAÇÕES
a
ter
em
atenção
neste
tipo
de
fractura
são:
• CHOQUE
HIPOVOLÉMICO,
sendo
provocado,
na
maioria
das
vezes,
por
hemorragia
retroperitoneal.
• LESÕES
NEUROLÓGICAS,
associadas
a
lesão
do
plexo
sagrado
e
do
nervo
isquiático
• LESÕES
UROLÓGICAS,
podendo
ocorrer
a
ruptura
da
uretra
• PERFURAÇÃO
DO
RECTO
E/OU
VAGINA
-‐ FRACTURAS
DO
FÉMUR
-‐ Este
tipo
de
fracturas
podem-‐se
dividir
em
dois
grandes
grupos:
o FRACTURAS
PROXIMAIS
–
estas,
por
sua
vez,
podem
ser
divididas
em
INTRACAPSULARES,
sendo
classificadas
pela
CLASSIFICAÇÃO
DE
GARDEN,
das
quais
fazem
parte
as
FRACTURAS
SUBCAPITAIS
e
as
FRACTURAS
TRANSCERVICAIS;
e
EXTRACAPSULARES,
sendo
que
podem
incluir
três
tipos
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
44
diferentes:
fracturas
do
pequeno
trocânter,
fracturas
do
grande
trocânter
(FRACTURS
PERTROCANTÉRICAS)
e
fracturas
intertrocantéricas
(sendo
estas
classificadas
pela
CLASSIFICAÇÃO
DE
MULLER).
o FRACTURAS
SUBTROCANTÉRICAS
–
fracturas
que
ocorrem
abaixo
do
pequeno
trocânter
e
até
5
cm
do
mesmo.
o FRACTURAS
DIAFISÁRIAS
o FRACTURAS
DAS
EXTREMIDADES
DISTAIS
Ø CLASSIFICAÇÃO
DE
AO
–
usadas
para
a
classificação
das
fracturas
peritrocantéricas.
Nesta
classificação
descrimina-‐se
o
segmento
do
fémur
–
31
–,
podendo
depois
ser
descriminidas
em
subtipos
A,
B
e
C,
consoante
a
gravidade
da
fractura.
As
fracturas
do
tipo
A
são
fracturas
extracapsulares.
As
fracturas
do
tipo
C,
FRACTURAS
DA
CABEÇA,
são
aquelas
que
ocorrem
com
menor
frequência.
Ø CLASSIFICAÇÃO
DE
GARDEN
–
usadas
para
a
classificação
das
fracturas
intracapsulares.
As
fracturas
podem
ser
divididas
em
quatro
tipos,
consoante
a
posição
da
cabeça
do
fémur
no
RX
AP.
Assim:
§ GARDEN
TIPO
I
–
a
cabeça
tem
uma
linha
de
fractura
incompleta
e
a
cabeça
tem
um
desvio
em
valgum
§ GARDEN
TIPO
II
–
tem
uma
linha
de
fractura
completa,
sendo
que
a
cabeça
do
fémur
não
apresenta
desvio.
o Nas
fracturas
tipo
GARDEN
I
e
GARDEN
II,
a
cabeça
do
fémur
encontra-‐se
potencialmente
viável,
realizando-‐se
a
fixação
da
cabeça
à
região
trocantérica,
através
de
parafuso
ou
palaca
e
parafuso.
§ GARDEN
TIPO
III
–
a
fractura
apresenta
um
desvio
varum,
com
uma
linha
de
fractura
completa.
Apresenta
tanto
a
cápsula
articular
como
retináculo
de
Weitbrecht
intactos.
§ GARDEN
TIPO
IV
–
fractura
apresenta-‐se
completamente
desadaptada,
com
uma
linha
de
fractura
completa.
As
linhas
de
fracturas
encontram-‐se
alinhadas
com
as
linhas
acetabulares.
o Nas
fracturas
GARDEN
III
e
GARDEN
IV,
a
cabeça
do
fémur
não
é
viável,
sendo
que
o
tratamento
inclui
a
remoção
da
cabeça
do
fémur
e
a
colocação
de
uma
protése
parcial
ou
total,
dependendo
de
vários
critérios,
tais
como:
a
idade
do
doente,
grau
de
autonomia
e
actividade
do
doente.
No
caso
de
doentes
jovens,
tenta-‐se
evitar
a
remoção
da
cabeça
do
fémur,
fixando-‐se
com
parafusos
e
placas.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
I|ORTOPEDIA|
4ºANO
45
Posteriormente
caso
a
cabeça
do
fémur
não
se
encontre
viável,
prossegue-‐se
para
a
colocação
de
uma
prótese
total.
Ø FRACTURAS
EXTRA-‐CAPSULARES
–
podem
ser
classificadas
ou
segundo
a
CLASSIFICAÇÃO
AO
ou
segundo
a
CLASSIFICAÇÃO
DE
MULLER,
são
fracturas
em
que
a
cabeça
do
fémur
é
viável,
sendo
que
o
tratamento
consiste
na
sua
redução
e
fixação.
Esta
é
feita
através
de:
parafuso
e
placa,
que
permite
uma
compressão
na
altura
da
colocação
do
parafuso
e
a
manutenção
dessa
mesma
compressão
quando
o
doente
inicia
a
carga;
sistema
de
cavilhas.
Ø PATOLOGIA
DA
ARTICULAÇÃO
DO
JOELHO
E
FRACTURAS
DOS
OSSOS
DA
PERNA
–
tal
como
qualquer
outra
articulação,
as
alterações
que
se
podem
detectar
são:
entorses,
fracturas
ou
luxações.
Nas
entorses,
as
estruturas
que
são
mais
afectadas
são:
lesões
dos
meniscos,
lesões
ligamentares
e
lesões
dos
ligamentos
cruzados.
Relativamente
às
fracturas
estas
podem-‐se
dividir
em
dois
grupos:
fracturas
dos
epicôndilos
femorais
e
fracturas
do
planalto
tibial.
A
ruptura
dos
ligamentos
cruzados
é
reparada
por
via
ARTROSCÓPICA.
-‐ No
caso
das
fracturas
dos
ossos
da
perna
–
TÍBIA
e
FÍBULA
–,
estas
são
reparadas
pela
utilização
de
sistema
de
encavilhamento,
podendo
ser
tibial
ou
fibular.
Ø FRACTURAS
DO
CALCANHAR
ou
ARTICULAÇÃO
TIBIO-‐TÁRSICA
e
DO
PÉ
-‐ Estas
fracturas
são
classificadas
consoante
o
número
de
maléolos
afectadas
(externo,
interno
e
posterior)
e
em
relação
à
sindesmose
podendo
ser
supra-‐sindesmótica,
trans-‐sindesmótica
ou
infra-‐sindesmótica
–
CLASSIFICAÇÃO
DE
WEBER
–,
podendo-‐se
classificar
em
três
tipos
o WEBER
TIPO
A
–
a
fractura
do
maléolo
lateral
ocorre
abaixo
da
sindesmose,
permanecendo
esta
intacta.
o WEBER
TIPO
B
–
a
fractura
do
maléolo
lateral
ocorre
ao
nível
da
sindesmose,
podendo
esta
sofrer
uma
ruptura
parcial.
o WEBER
TIPO
C
–
a
fractura
do
maléolo
lateral
ocorre
acima
da
sindesmose,
sendo
que
esta
é
frequentemente
lesada,
verificando-‐se
um
alargamento
da
superfície
da
articulaçãoo
tibiofibular
na
sua
porção
mais
distal.
-‐ A
nível
do
PÉ
–
fractura
do
V
metatarso
designa-‐se
uma
FRACTURA
DE
BENNET.
Relativamente
às
fracturas
do
astrágulo,
a
principal
complicação
é
necrose
avascular,
ocorrendo
em
mais
de
90%
dos
casos.
Estas
fracturas
ocorrem
com
luxação
do
astrágulo
sobre
o
calcâneo.
CHRISTOPHER
SAUNDERS
EMC
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4ºANO
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