Livro Moisés Sem Máscara - (Petros)
Livro Moisés Sem Máscara - (Petros)
PREÂMBULO
Há alguns anos ganhei, de uma amiga protestante a quem muito estimo, um exemplar
da bíblia acompanhado das palavras: “Todos os dias abra-a ao acaso e leia um
trecho”.
Eu nunca havia lido a bíblia e fiquei feliz com o presente. Ia enfim, descobrir os
motivos que levam grande parte da humanidade a um culto quase sagrado a este livro
– e era possível que também eu me tornasse mais um dentre tantos a defendê-lo com
garra, a recomendá-lo a outrem.
Antes de ir adiante neste relato devo esclarecer que nasci em família católica pouco
dada às práticas religiosas. Esclareço que conheci e freqüentei também o
protestantismo e o espiritismo. Conheci, portanto, as três maiores organizações
devocionais cristãs praticadas no Brasil, mas continuei em busca de filosofias - cristãs
ou não - que pudessem, além de acrescentar conhecimentos em mim, auxiliassem no
meu auto aprimoramento moral e espiritual.
Não nutro, pois, preconceito contra nem a favor de quaisquer manifestações religiosas
ou filosóficas. Tudo eu analiso e tiro as próprias conclusões; em tudo busco
conhecimentos; de tudo aproveitei um peneiradinho precioso, desprezando aquilo que
me parecia desnecessário, supérfluo ou crendice.
Com aquele peneiradinho formei minha própria crença, que não é um retalho de cada
filosofia, mas uma crença raciocinada e, por isso mesmo, sólida em Deus.
Da bíblia, eu conhecia trechos esparsos lidos e ouvidos aqui e ali. Sempre acreditei
que dentro dela houvesse um tesouro que me faltava aprender; sempre acreditei que
sua mensagem fosse bastante consistente, considerando que os que a defendem são
contados aos milhões, sendo grande parte formada por pessoas cultas, capazes de
raciocinar e que teriam reconhecido e desprezado manifestações literárias não sérias.
De posse de meu exemplar da bíblia, me pus a fazer conforme dissera minha amiga:
abrindo-a ao acaso, lia um trecho todos os dias. Mas não chegou a me tocar porque o
que eu lia não eram textos completos e elucidativos como no “Imitação de Cristo” por
exemplo, ou nos apontamentos da Seicho-No-Ie, nos ensinamentos dos Mestres
Ascensionados, nos “Minutos de sabedoria”, no “Evangelho Segundo o Espiritismo” –
páginas que, em cada parágrafo, em cada linha se obtém um ensinamento possível de
ser meditado com o cérebro, sentido com o coração e praticado no dia a dia.
Percebi que na bíblia, os trechos eram continuidade de histórias, cujo início estaria nas
páginas anteriores e cujo final, nas posteriores. Isoladamente, seu significado saía
perdendo como neste exemplo escolhido ao acaso:
“Disse mais o Senhor a Moisés: ‘Faze duas trombetas de prata de obra batida; elas
servir-te-ão para convocardes a congregação e para a partida dos arraiais. Os
sacerdotes, filhos de Aarão, tocarão as trombetas e isto vós servirá por estatuto
perpétuo. Quando na vossa terra sairdes a pelejar contra os opressores, também
tocareis as trombetas e, perante o Senhor vosso Deus haverá lembrança de vós e
sereis salvos de vossos inimigos”.(Números. 10. 1 e 9).
Quem é Aarão? A resposta parece óbvia, mas só é óbvia a quem conhece a história
inteira. A quem como eu, que não a conhecia, este nome não dizia nada.
“Disse mais o Senhor a Moisés...” Este “Senhor” seria Deus Verdadeiro e Único? Mas
Deus Verdadeiro conversa com um ser humano? E, se o faz, como se processa esta
fala: Em sonhos? Numa visão? Mediunicamente? Pessoalmente ao vivo e em cores?
Falei isso à minha amiga, completando que sentia vontade de ler a bíblia inteira desde
a primeira linha e indo adiante, página por página, palavra por palavra – e não abrindo
ao acaso e lendo relatos interrompidos.
“Como se fosse um romance? – fez ela – Não! Não é como um romance que se lê a
bíblia. Continue fazendo como lhe ensinei, que é o certo. Deus fala por enigmas,
ninguém precisa entender. A bíblia é a Palavra do Senhor e você só tem de obedecer”.
Não concordei com o obedecer sem entender, mas não discuti; no entanto, o desejo
de adquirir conhecimentos fez meus circuitos internos funcionarem ao contrário do
sugerido. E me pus a ler a bíblia começando no primeiro parágrafo e indo adiante
como num romance, sim! Por que não? A bíblia não está escrita como se fosse um
romance? Por que não ler? Por que ler fragmentos, se posso conhecer o livro inteiro?
Por que desprezar a oportunidade de aprender?
Posso estar errando, mas, antes de julgar alguém ou alguma coisa, costumo formar
juízo meu mesmo. Não me influenciam opiniões alheias antecipadas; sou um ser
inteligente, racional, capaz de avaliar e formar opinião própria. Francamente, sou
devagar para ajuizar; demoro dias e até meses antes de chegar à mesma conclusão
que outras pessoas chegaram nas primeiras horas; mesmo assim, não me precipito.
Costumo desprezar os primeiros indícios, sejam positivos ou negativos daquele algo
ou alguém em análise. Prefiro reunir os pontos voltados para o mesmo sentido e os
pontos voltados para o sentido oposto antes de dizer que é bom, ou que não é bom.
Quero ter certeza de que minha avaliação será a mais justa possível.
Foi assim que iniciei a leitura da bíblia: com a mente limpa, destituída de quaisquer
pré-julgamentos; não permiti que opiniões de outrem, já formadas, contagiassem
minha avaliação pessoal.
Iniciei na primeira letra da primeira página do primeiro capítulo e fui embora, palavra
por palavra.
Acontece que, à medida que lia, algumas dúvidas foram aparecendo. Eram
incoerências pequenas e outras grandes, mas fiel ao costume de reunir pontos
positivos e negativos em boa quantidade antes de formar juízo e emitir opinião, eu
procurava não vê-las, procurava não pensar nelas. Buscava penetrar nos pontos que
fundamentam a fé, não raciocinando de imediato sobre eles e ia em frente, deparando-
me com outras e outras contradições e relatos inconsistentes, que me intrigavam:
“- Será que este livro que estou lendo é a bíblia? Ou será uma brincadeira daquela
minha amiga? Terá ela me presenteado com um livro cujo nome, formato e aparência
são da bíblia, mas com conteúdo trocado? Se não for isso posso estar enlouquecendo,
lendo coisas que não estão escritas”.
Crendo que aquilo fosse uma brincadeira, continuei a ler – agora sem a mesma
seriedade inicial –, pensando reunir elementos para desmascarar a autora do gracejo
que, a meu ver, queria me testar. E, para ter certeza de que estava lendo uma imitação
da bíblia apanhei, na escola onde lecionava, um exemplar da bíblia das Edições
Paulinas e as comparei.
Com a certeza de estar lendo o livro certo, retomei a leitura desde o início. Tudo outra
vez bem devagar e agora, com seriedade ainda maior que da primeira vez, procurando
o significado oculto das palavras. Analisei-as com a maior boa vontade querendo
captar o sentido místico, alcançar aquela certeza que têm os que, depois de ler a
bíblia apaixonam-se de tal forma que chegam ao fanatismo irritante. Mas parei no
mesmo ponto em que havia parado a primeira leitura, incapaz de entender como é que
podia alguém afirmar que aquelas coisas fossem de autoria de Deus Verdadeiro,
sendo pois a “Palavra de Deus”.
Retomei o exemplar das Edições Paulinas – aquele que apanhei na escola – onde
encontrei basta referência sobre as “sagradas escrituras” e o que li deixou-me em
maior confusão:
De Leão XIII: “- A Divina inspiração está tão longe de admitir algum erro, que não só
exclui todos eles, mas os exclui e rejeita com a mesma necessidade pela qual Deus
não pode ser autor de erro algum”.
(E eu pensava: Sim, é verdade! Deus não pode ser autor de erro. Ele não erra. Neste
caso, quem errou foram escritores e os tradutores bíblicos. No entanto, milhões de
pessoas consideram estes erros como acertos irretocáveis, fazendo incrível ginástica
mental na procura de “explicações” plausíveis. Por quê? Por que ninguém questiona
os erros de tradução, pelo menos? Por que eles são aceitos na sua totalidade?).
(E eu pensava: Brandura dos hebreus? Onde está ela, que não encontro na bíblia?).
Mas me senti consolado quando encontrei alguém que não escondeu a perplexidade.
E este alguém é nada menos que Santo Agostinho que, ao referir-se à bíblia, assim se
expressou:
Na terceira leitura que fiz da bíblia (é incrível a minha teimosia), fui reunindo os pontos
ilógicos e copiando-os num caderno, com comentários meus. Escrevi por escrever; ou
para poder despejar de alguma forma, meu desgosto em relação àquele livro. E passei
a sentir pena das pessoas que decoram versículos e saem batendo de porta em porta
“pregando a Palavra de Deus”, procurando aumentar o rebanho do Senhor e ganhar
seu galardão. Passei a recebê-las com carinho maior do que fazia antes, por entender
que são pessoas de boa vontade, mas que não lêem a bíblia. Decoram-na como se
decora o Hino Nacional, sem entender o significado de “Ouviram do Ipiranga, às
margens plácidas”. Obedecem a quem, por sua vez, também não a leu; ou se leu, não
compreendeu; ou se compreendeu, teme pecar rejeitando-a; ou então, tem objetivos
íntimos indesculpáveis porque, a partir do dia em que parti em busca de explicações
para aquelas incoerências, tenho ouvido o seguinte:
“As Palavras do Senhor não são para ser atingidas à luz do entendimento; não podem
ser raciocinadas. São para ser obedecidas sem entrar em cogitações, mesmo porque
se torna pecador aquele que quiser passá-las pelo crivo da razão e, por conseguinte,
abrigar alguma dúvida”.
Ora, quem inventou isso? Onde está escrita esta lei? Qual autoridade celeste terá
afirmado que assuntos divinos não podem ser estudados à luz da razão? Qual supra-
sumo garante que as coisas de Deus não podem ser compreendidas? Se não
podemos usar o raciocínio nas coisas relacionadas ao Ser Supremo, por que o Ser
Supremo nos deu a capacidade de compreensão?
Não obstante, quem garante que as palavras bíblicas atribuídas a Deus foram
proferidas ou inspiradas por Deus Verdadeiro? Se o foram, quem anda em erro sou
eu, que procuro amar o meu próximo como amo a mim, que procuro adquirir as
virtudes do amor e da humildade, que procuro perdoar setenta vezes sete... mas não
foi isso que Deus ensinou a Moisés!!!
Adiante:
Por anos, aquele caderno onde anotei minhas conversas de mim para mim tecendo
considerações sobre o Velho Testamento ficou guardado. Agora, relendo-o, senti fundo
na alma o desejo de dividir as impressões sobre o livro que quase chegou a balançar a
minha fé em Deus Verdadeiro.
“Peraí! Com que direito vou assim, sem mais nem menos, jogar dúvida na fé de tanta
gente? Não é melhor que as pessoas creiam em alguma coisa, que creiam num
Moisés, mesmo que incoerente, do que em nada”?
Mas a vontade de escrever era muito mais forte. Algo me incitava, me motivava, me
empurrava, me obrigava a continuar. Eu já sentira antes, necessidade imperativa de
escrever sobre determinado tema; eu já conhecia esta energia sabendo que, quando
ela me toca não há como retroceder, não há como me esquivar. Sob a ação desta
força incrível e indescritível tenho escrito livros, cartas e artigos para jornal; tenho me
rebelado publicamente contra desmandos de autoridades e tenho conseguido
melhorias para a população, graças a Deus. E sempre que me assalta esta força
interna, peço a Deus e a Jesus que me impeçam de continuar a escrever, caso o
escrito venha a contrariar ou prejudicar de alguma forma, o Grande Serviço Divino.
Retornando:
Pus-me a ler a página do citado livro. Era explicação das palavras do Mestre Jesus
sobre quem se diz possuído de dons espirituais, mas que não passa de embusteiro.
Senti, porém, certo arrepio ao ler: “... É contra esses impostores que se deve estar em
guarda, tendo todo homem honesto, o dever de os desmascarar”.
Desmascarar! Foi quando li esta palavra, que me dei conta do que estava
acontecendo.
Desmascarar! Era este o termo que, naquele mesmo dia havia me ocorrido para o
título deste livro, caso ele chegasse a ser concluído! Esta palavra me fez agitar o peito,
erguer os olhos para o Alto de boca aberta, ao pé da letra.
Este era o sinal! Até duvidei que o aviso que pedira há menos de cinco minutos me
estivesse sendo oferecido. Impossível confundi-lo, porém! Impossível acreditá-lo obra
do acaso! Impossível crer em coincidência! A resposta estava ali, com todas as letras:
a necessidade de mostrar ao mundo o certo e o errado; de diminuir os poderes de
quem esteja usando, tenha usado ou venha a usar o nome de Deus Único e
Verdadeiro em prejuízo de seus irmãos.
A partir deste momento, tive a certeza de que aquela necessidade íntima de trazer o
tema a público não era provinda do meu próprio ser, do meu cérebro ou coração. Não!
Era uma força que ultrapassava a quaisquer vaidades pessoais ou desejos de
contrariar crenças fincadas há milênios.
Muitas outras pessoas pelo que sei, chegaram às mesmas conclusões no tocante aos
mesmos conteúdos, mas receiam expô-las. Afinal, elas estão no “Livro dos Livros”, na
“História Sagrada”, na “Palavra do Senhor” sendo, pois, atrevimento imprudente e até
risco de vida afirmar que Moisés foi um falso profeta.
Mas as incoerências estão lá, para quem quiser comprovar. Nada mais faço que
apontar pontos falhos que, um só deles seria capaz de colocar em dúvida a saúde
mental do seu autor – e dizem ser Deus!
Quero deixar claro que minhas palavras referir-se-ão aos livros de Moisés e àquele
deus por ele apresentado: um deus guerreiro com sede de sangue, cheio de
preconceitos, imoral, mentiroso, chantagista, vingativo, incoerente. Jamais deixarei de
reconhecer JESUS CRISTO – ele sim, o mensageiro de DEUS Único e Verdadeiro.
INTRODUÇÃO
Tudo o que eu disser aqui certamente você já sabe, mas não custa repetir:
I – O Antigo Testamento conta a história do povo hebreu desde Abraão, até mais ou
menos dois séculos antes da vinda de Jesus. Fala da vida política da época e enaltece
seus heróis. Prega os mandamentos mosaicos e é composto por quatro classes:
Livros Históricos;
Livros Poéticos e
Livros Proféticos.
Os quatro Evangelhos,
Apocalipse.
No Novo Testamento, Jesus não fala em guerra, em tomada de terras pela violência,
em proteção aos primogênitos masculinos de determinada família, em rapinagem
beneficiando uma raça, em sacrifícios de pessoas ou animais para deleite do deus(!).
Quanto aos apóstolos, quem mais ocupa espaço é Paulo, que sequer foi
contemporâneo de Jesus não havendo, portanto, sido um apóstolo no estrito sentido
da palavra; foi, porém, o maior dos apóstolos por sua tenacidade na defesa e
expansão do cristianismo e das verdades trazidas por Jesus, porta-voz de Deus
Autêntico. Paulo aparece, não por ser primogênito, não por ser descendente deste ou
daquele patriarca, não por ser desta ou daquela raça, não por ser ascendente ou
descendente de Moisés – mas por sua mudança interna radical ao reconhecer-se
errado, por arrepender-se e penitenciar-se, por passar de perseguidor a perseguido
por amor ao Mestre.
Com a difusão dos evangelhos, com copistas e tradutores não fiéis, os erros foram
perpetuados e são apresentados também no Novo Testamento. A diferença é que aqui,
os absurdos podem ser contados nos dedos mas, como pingos no oceano, não
modificam a sua força.
O último livro do Novo Testamento é o Apocalipse, livro enigmático que fala sobre o
final dos tempos; foi escrito por João Evangelista, que recebeu este nome por haver
escrito o último dos Evangelhos.
O objetivo do livro que está em suas mãos é, pois, o estudo com lente de aumento dos
atos de Moisés, cujos escritos abrem o Antigo Testamento e, por conseguinte, a bíblia.
É difícil – até impossível – enfocar, à luz da razão, os fatos contraditórios que o “Livro
Sagrado” traz sob autoria de Moisés porque são tantos, tantos que, quaisquer autores
que se propuserem à análise profunda dos seus conteúdos, dificilmente chegarão a
enumerá-los todos. Também eu não o conseguirei, mas farei minha parte e, no futuro
quem sabe, outro escritor completará o meu trabalho.
Capítulo 1
Falando sobre MOISÉS
Impossível analisar Moisés sem sentir certa admiração por aquela figura segura de si,
líder perseverante, espírito indomesticado.
Sim, ele ocupará sempre lugar de destaque, por negativa que tenha sido sua
influência. Milhões de “cristãos” elegeram Moisés o maior líder mundial, maior até que
o próprio Cristo.
Quantas religiões antigas e atuais se formaram à sombra do deus pagão criado por
Moisés?
Disse Jesus: “Todos os que vieram antes de mim são ladrões e salteadores”. (João:
10. 8).
Quantas pessoas se dizem cristãs, mas seguem de olhos fechados o deus pagão
mosaico, sem notar que este se antepõe a Deus Verdadeiro? Sem os comparar, sem
perceber que são contrários entre si? Sem se dar conta que Jesus veio em carne a
este mundo miserável e atrasado, que se misturou aos ignorantes e aos bandidos, que
sofreu horrores exatamente para demonstrar o quão nefasto era o deus de Moisés?
Sem compreender que o objetivo de Jesus era mostrar o erro daquelas leis absurdas,
eliminar a autoridade do falso deus e apresentar Deus Autêntico à humanidade?
O pior é que não conseguiu conquanto, ainda hoje, muitos discursos inflamados
misturam na mesma frase o deus de Abraão, de Isaque, de Jacó e de Moisés ao Deus
Verdadeiro, sem notar que o Jeová deles é contrário a Deus de Verdade apresentado
por Jesus.
Amado por uns e odiado por outros, Moisés não é indiferente a pessoa alguma.
Ninguém poderá dizer: “Não sei quem foi Moisés”. Ou: “Nada sinto por ele”. Impossível
ignorar Moisés, porque ele teve seu papel.
Quem foi aquele menino que ele próprio diz ter sido recolhido das águas do Nilo?
Como foi sua infância? Como foi sua relação com as demais pessoas do palácio onde
foi criado? Terá sido amado incondicionalmente por todos? Terá sido odiado por uns
poucos e amado pela maioria? Ou vice versa?
Não importa. Moisés foi invejado e odiado pelo menos por alguns – e estes alguns
poucos com certeza, conseguiram tornar sua vida um inferno. Inferno de luxo, mas
inferno.
Ou teria sido filho desta mesma princesa egípcia com algum hebreu, considerado de
raça impura?
Assim fizeram.
Sob os cuidados da tia, Moisés ficou até os quatro anos quando Thermutis, a mãe
verdadeira, o levou para morar consigo no palácio.
Não, Moisés não teve infância de veludo e mel com chocolate. Ele sofreu, apesar de
se apregoar o contrário. Com certeza, teria sido mais feliz se criado em bairro judeu,
junto aos seus irmãos ou meio irmãos.
Dentro dele, uma certeza: Criado no palácio do faraó, sob a proteção do faraó,
convivendo com o luxo dos faraós, educado como herdeiro de faraó, recebendo
conhecimentos reservados a futuros faraós, jamais viria a ser faraó. Não tinha direito
ao trono, devido à origem semítica. Porém, impossível viver num ambiente grande
daqueles e não ser contagiado pelo desejo de grandeza. Se até o mais pobre dos
judeuzinhos brincava de ser faraó, por que não o Moisés, que já percorrera metade do
caminho? Vivendo em tal meio, Moisés sonhava em ser elevado à posição de rei do
Egito; porém, mesmo que a princesa Thermutis o declarasse filho verdadeiro e
herdeiro da sua fortuna, jamais seria rei daquele país. A fortuna da princesa poderia vir
a ser sua – mas o título, o trono, a coroa e o cetro, nunca.
Moisés alimentava a ilusão de chegar ao trono, porém tinha consciência de quem era
e, se não o tivesse, muitos maldosos, ali mesmo no palácio, se encarregavam de o
lembrar sua situação de judeu abandonado nas águas do Nilo.
Moisés foi agraciado com certas qualidades físicas e morais. Outras qualidades que a
Natureza lhe negou, ele se apropriou delas por si mesmo.
“E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios” (Atos. 7. 22). Se levarmos em
conta que ele teve uma educação aprimorada; que freqüentou templos egípcios, que
incorporou seus conhecimentos milenares e se apossou de seus mistérios, teremos
um Moisés dono de grande cultura, versado na religião e nas ciências secretas
daquele povo – das mais refinadas, completas e respeitáveis da antiguidade.
Se adicionarmos a criatividade e o gosto pela escrita – pois que possuía raro talento
como escriba e, não fosse isso, não nos teria legado cinco livros da epopéia do povo
hebreu com tantos pormenores –, teremos um Moisés imaginoso, criativo, inventivo e
inventador.
Se notarmos que toda pessoa criativa permuta a falta de ardor ao serviço cansativo
pelas atividades artísticas por não se afeiçoar ao trabalho rotineiro, teremos um
Moisés artista, apaixonado pelo trabalho intelectual, mas não pelo trabalho rotineiro
(uma característica do artista é a falta de gosto pelo serviço comum e, por isso,
cansativo; os mais engenhosos inventos e criações artísticas que atravessam séculos
partiram dos “preguiçosos”).
Se observarmos que ele provou persistência – ou teimosia, como queiram –, que não
abandonava de maneira alguma os objetivos mentalizados, teremos um Moisés
determinado, enérgico, e cheio de vigor, lutando e vencendo os obstáculos, por
gigantescos que fossem.
Este é um perfil de rei, virtudes necessárias aos que têm pretensões de governar e,
sem dúvida, este é o exato perfil de Moisés, objeto de nossas atenções no momento.
Vamos imaginar agora este homem incomum com o pensamento longe, meditando.
O que sonharia Moisés adolescente, quando a sós consigo mesmo?
Não é difícil adentrar-lhe o íntimo. Basta que nos coloquemos, nós próprios, no seu
lugar. O ser humano é o mesmo em quaisquer lugares, em quaisquer épocas. Os
milênios transcorridos não nos aperfeiçoaram, não nos diferenciaram daqueles que
nos antecederam; o psiquismo trabalha da mesma maneira e assim, é fácil saber o
que se passaria em nós – e nele – em circunstâncias semelhantes.
Moisés sonhava sobrepor-se àqueles que agora o desprezavam e muitas vezes terá
dito para si, com lágrimas escorrendo, deixando nas faces um rastro prateado como
rastro de lesma:
“- Por que não nasci egípcio? Por que ter de carregar nas veias o sangue judeu,
odiado por todos? O que fiz para merecer destino tão doloroso traçado a priori, sem
que eu tenha o poder de modificar um tantinho que seja? O que será de mim quando
Thermutis e o faraó estiverem mortos? Serei escorraçado, serei expulso deste palácio
feito cachorro sarnento. Para onde irei, onde viverei, quem serei eu? Além de
menosprezado pelos egípcios que já me rejeitam, serei motivo de caçoada dos
hebreus que agora me invejam. Não serei acolhido entre os egípcios, nem entre os
hebreus”.
Era natural que aquela personalidade não aceitasse ser um nada, um ignorado no
meio da massa; era óbvio que não aceitasse submeter-se de joelhos, a outro
mandatário. Dentro dele floresceu um ódio surdo, certo desejo de sobrepor-se à
situação e mostrar seu valor. Aquela vontade férrea procurou – assim como
procuraríamos nós – válvula de escape onde pudesse ostentar uma coroa e vingar-se
contra os que o humilhavam. E como não poderia ostentar a coroa egípcia, pensou
noutra coroa:
Dois povos conviviam na mesma terra: egípcios e hebreus. Se lhe era impossível
reinar sobre os egípcios, por que não sobre os hebreus? Se não pudesse ostentar o
cetro do faraó, por que não criar um cetro para si?
Tal idéia deve ter sido sua companheira constante; tinha, porém, de amadurecer os
detalhes antes de tentar fazer dela uma realidade. A ocasião teria surgido através da
própria mãe, a princesa Thermutis, que teria lhe revelado o segredo do seu
nascimento – e este fato poderia ter sido a gota que transbordou o balde.
Afirma o Conde J. W. Rochester na já citada obra, que a princesa Thermutis, ao sentir
a morte se avizinhando, confessou a Moisés sua procedência. Contou sobre Ithamar e
seu assassinato por Chenefrés, marido dela. Naquele momento segundo Rochester,
Moisés elevou as mãos crispadas e disse por entre dentes:
“- Eu te vingarei, meu pai! Vingar-te-ei sim, não num homem, mas quebrando o jugo
que pesa sobre nosso povo desgraçado, jugo este que o faz miserável e desprezível.
Lutarei por este povo, dar-lhe-ei independência. O suor não mais escorrerá da fronte
dos meus irmãos, nesta terra de servidão! Ninguém mais se envergonhará de apertar-
nos a mão e, tempo virá em que todos se curvarão diante do nosso povo que há de
governar o mundo! Esta é a minha vingança pelos sofrimentos que temos suportado.
Pais infelizes! Prometo que povoarei o deserto fundando um grande povo; morrerei
acima do comum dos mortais, no trono de Israel onde governarei com sabedoria
vontade férrea”.
Se estes fatos foram reais, a descoberta de sua origem foi a alavanca que faltava para
Moisés cristalizar os desejos de realizar os sonhos. Faltavam-lhe ainda os meios, que
vieram por caminhos inimaginados.
Ninguém, ao ler a história dos judeus, tentou entender o estado de alma daquele ser
extraordinário que, rodeado por homens altamente intelectualizados, acostumado aos
mais sofisticados requintes sociais, aos mais delicados alimentos, às roupas mais
elegantes, ao conforto ilimitado às margens do Nilo que oferecia fartura, dava-lhe de
beber e proporcionava o frescor dos banhos, passou a vagar pelas areias áridas,
afundando os pés nas dunas do deserto, castigado pelo sol impiedoso por quarenta
anos com pouca água, pouca comida, cercado por uma turba sem educação,
revoltada, lamurienta e mal agradecida; forçado a enganar que tudo ia bem quando
sabia, de sobra, que havia falhado e que o castigo pelo cálculo mal feito, ele propôs-se
a si mesmo: vagar sem descanso, até morrer.
Condenado pela consciência a jamais entrar na posse da terra dos seus sonhos, a
jamais ostentar a coroa que moldara em imaginação, como seria o íntimo daquele
homem? Seria possível que, com tamanho peso nos ombros – o destino de dois
milhões e meio de pessoas – ele pudesse ser tranqüilo, risonho, bem humorado?
Como seriam suas noites? E seus sonhos – ou pesadelos – como seriam? Suas
vítimas não lhe rondariam os passos, vigiando-o quando acordado e acusando-o
quando dormindo?
Talvez tenhamos de ser duros demais nesta análise. Mas o faremos, porque o próprio
Jesus procurou nos alertar contra os falsos profetas e nos ofereceu elementos para
que os desmascarássemos.
E Moisés foi um falso profeta, cuja vingança contra os egípcios não acabou no êxodo.
Ela continuou nas areias desérticas quando ele se sentava para relatar, por escrito, a
epopéia do povo hebreu à sua maneira, eximindo-se o tempo todo de alguma culpa.
Segundo ele, a culpa pelo sofrimento dos egípcios e dos judeus que o acompanhavam
foi deles próprios, por “desobediência às ordens de Jeová”.
Talvez a tivesse desejado, caso pudesse saber que seus escritos estender-se-iam
para além daquelas terras e para muitos e muitos séculos além daquela época,
fazendo vítimas ainda hoje, no 3º milênio depois de Cristo, entre os ocidentais que não
sabem diferenciar Deus Único e Verdadeiro do falso deus de Moisés.
A LEI MOSAICA
Nas leis de Moisés – leis mosaicas – há duas partes: as leis de Deus e as leis
humanas criadas por Moisés para conter aquela turba indisciplinada, preguiçosa e
lamurienta deserto afora.
1- As leis de Deus Verdadeiro não nasceram no Monte Sinai – mas com o nascer do
próprio mundo. Elas são invariáveis em qualquer época, em qualquer lugar e não se
modificam para atender a este ou àquele. Elas são a própria Natureza em ação. Elas
não protegem nem condenam. Elas são. Como exemplo de leis naturais podemos citar
que as águas da chuva fazem o percurso das nuvens para o chão – e não ao
contrário. Que as pessoas seguem a marcha da vida obedecendo a etapas:
transformando-se de feto em bebê, em adolescente, em jovem, em adulto, em velho –
e não ao contrário. Que a cor do sangue é vermelha em qualquer ser animal do nosso
planeta – e não azul. Que é salgada a água dos oceanos e, se não for salgada, não é
oceano. Que os pais nascem antes dos filhos...
2- Já as leis mosaicas eram humanas; foram feitas pelo Mesu aos poucos, de acordo
com as necessidades na desincumbência do trabalho imposto a si mesmo: retirar os
hebreus do Egito e reinar sobre eles. Eram leis apropriadas aos costumes e ao caráter
do povo, destinadas a se modificar e a desaparecer com o tempo, de acordo com os
avanços espirituais e sociais. Tanto é verdade, que a própria bíblia afirma:
As leis de Moisés vigoraram até João Batista; daí em diante vem sendo anunciado o
evangelho de Deus.
(Luc: 16. 16)
Esta afirmativa bíblica significa que João Batista foi a linha divisória entre Moisés e
Cristo; entre as leis pagãs e as divinas; entre as leis humanas e as de Deus
Verdadeiro. Jesus veio para anunciar o fim das leis de Moisés e anunciar que Deus
verdadeiro assumiria o leme!
Além dos exemplos de leis naturais acima descritas, há as leis de Deus Verdadeiro
que regulam as relações entre as pessoas; estas foram formuladas por Jesus e
grafadas por Mateus:
Não matarás.
Não adulterarás.
Não furtarás.
Depois, Jesus simplificou ainda mais estas leis, resumindo-as em apenas duas:
“Amarás a Deus e amarás a teu próximo como eu vos amei”. (Mateus, 22: 37 e João
13: 34)
Observar que o “amarás a teu próximo como eu vos amei”, é o resumo dos anteriores,
não fazendo parte daqueles escritos por Moisés, mas adaptado por Jesus por
condensar em poucas palavras o que havia de mais importante na lei.
Jesus não repetiu a punição da descendência de quem “o aborrece”; tal punição foi
criatividade do Mesu.
Jesus não reforçou proteção à descendência dos justos por mil gerações.
Analisemos isso: Mil gerações somam 25.000 anos, levando em conta que duram 25
anos cada geração.
Neste passo, estaríamos nós ainda hoje sendo protegidos, pois somos todos
“descendentes” de Noé, um dos “justos protegidos” – aquele que recomeçou o mundo
depois do “dilúvio universal” – e não faz ainda 25.000 anos que ocorreu o “dilúvio”.
Dando continuação ao raciocínio: Se o deus está sendo injusto conosco, que não
temos coisa nenhuma de especial, não obstante sermos descendentes de Noé,
muitíssimo mais injusto foi ao faltar com a proteção a Jesus! Sim, o Mestre foi
descendente direto de Davi, um dos “justos” afilhados do deus. Mais que isso: era
descendente em linha reta de Abraão, de Isaque e de Israel, o patriarca mor. Tão
especial foi Jesus, que nasceu de uma “virgem”, segundo a tradição bíblica – coisa
que não aconteceu nem mesmo Moisés, com toda a sua propalada “glória”. E Jesus
foi, ele próprio, um Justo, com todas as letras, merecendo a proteção do deus por si
mesmo, se não o fosse por direito adquirido através da ascendência. Mesmo assim,
morreu crucificado entre dois ladrões, maneira nada lustrosa de morrer segundo os
padrões da época. Cadê que Jeová veio em socorro do único que merecia alguma
misericórdia?
Jesus não deu a mínima importância à possibilidade de ter outros deuses. O horror
aos “deuses estranhos” foi criação única e exclusiva de Moisés. Aliás, na bíblia há um
trecho em que o próprio deus, de certa forma, foi cúmplice de Raquel, quando esta
roubou os deuses domésticos do pai dela (Gen. 31: 14 a 35). Naquela época, o deus
ainda nem ligava pra este negócio de “outros deuses”, de “ídolos esculpidos” e só
depois, foi que se deu conta que, na rivalidade com deuses de pedra, ele poderia sair
perdendo e passou a combater tudo quanto era culto, tudo quanto era deus. Foi uma
inquisição e caçada às bruxas antecipadas.
Se imprimir, gravar e manter formas naturais levasse para o inferno, coitados de todos
nós, porque todos nós possuímos fotos, que nada mais são que imagens gravadas –
condenadas, pois, pelo deus.
A propósito: Moisés condenou toda semelhança do que há em cima do céu, mas deu
ordens para que a arca da aliança tivesse sobre sua tampa, dois anjos esculpidos. Ora
veja, a incoerência: imagens de anjos atarraxados num baú de suma importância para
quem não admite imagens de anjos!
Por fim, Adão foi criado a partir de uma escultura de barro moldada pelo próprio deus!
Jesus não enfatizou o “tomar em vão” o nome do Senhor, desde que há coisas bem
mais graves com o que se preocupar como, por exemplo, o que tomamos de Isaías:
“Não suporto a perversidade... vossas mãos estão cheias de sangue. Lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o
bem; atendei à justiça, repreendei o opressor, defendei o órfão, pleiteai a causa das
viúvas”. (Is. 1: 11 a 17).
Jesus não exaltou a raça hebraica, em momento algum. “Deus não faz distinção entre
as pessoas. Pelo contrário, em qualquer nação, aquele que faz o que é justo, lhe é
aceitável”. (Atos: 10. 34 e 35). A “proteção divina” à raça judaica nasceu do ego
exaltado de Moisés, que se dizia membro da raça superior, a única protegida pelo
Chefe lá do Alto.
Jesus não se referiu à escravidão dos hebreus em terras egípcias, nem tomou partido
dos primeiros contra os outros; esta parte dos “mandamentos” nasceu da necessidade
de Moisés se mostrar aos olhos dos seus comandados. “Acaso Cristo está dividido?”
(Cor: 1. 13).
Jesus não deu destaque ao sábado não o considerando diferente dos outros dias;
Jamais Deus Único faria coisa tão ridícula quanto valorizar mais que um ser humano,
um dia da semana (!). Foi Isaías quem disse que Deus Autêntico sentia asco pelos
sábados! (Is 1: 11 a 17). O “sábado santo” fazia parte da cultolatria de Moisés, mas
Jesus o desmascarou: “O sábado foi feito por causa do homem – e não o homem por
causa do sábado”. (Mar.: 3. 27)
Jesus destruirá este lugar e mudará os costumes que Moisés nos deu. (Atos. 6. 15)
Veja agora, como um todo, as coisas que Moisés escreveu fazendo parte dos
“mandamentos da lei de deus” – mas que Jesus desprezou, de propósito:
Sou o senhor teu deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não farás para ti imagem esculpida, nem semelhança alguma do que há em cima do
céu nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não adorarás, nem lhes darás culto porque eu sou o senhor teu deus, deus zeloso que
visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta gerações daqueles que
me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e
guardam meus mandamentos.
Não tomarás o nome do senhor deus em vão, porque ele não terá por inocente quem
tomar seu nome em vão.
Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, mas no sétimo dia é o sábado do senhor
teu deus; não farás nenhum trabalho nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu
servo, nem tua serva, nem teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro
porque em seis dias fez o senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao
sétimo dia descansou; por isso o senhor abençoou o dia de sábado e o santificou.
(Mateus 20. 2 a 11).
O Mestre não deu, pois, o menor valor às regras que, para Moisés eram as mais
importantes e maiores causadoras de mortes por desobediência: santificar o sábado,
esculpir e adorar outros deuses.
As leis mencionadas por Jesus (Não matar; não adulterar; não furtar; não levantar
falso testemunho, honrar pai e mãe e amar o próximo como a ti mesmo) têm caráter
divino em todos os povos, em todos os tempos, porque estão impressas com letras de
fogo na alma, no coração, na consciência de cada ser humano. As outras são leis que
Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo indisciplinado, no
qual tinha de combater abusos arraigados e conceitos religiosos indesejáveis
adquiridos durante sua estada entre os egípcios.
Para dar autoridade às suas leis, Moisés lhes atribuiu origem divina, como o faziam os
legisladores dos primeiros povos. A idéia de um deus terrível impressionava – e
impressiona ainda – criaturas ignorantes, nas quais estavam pouco desenvolvidos o
senso moral e o sentimento de uma justiça reta. Assim, as leis mosaicas que
nasceram para ter caráter essencialmente transitório estão, ainda hoje, em vigência
em religiões cujos fiéis estão proibidos de ler livros outros que não sejam a bíblia, para
que continuem com os olhos fechados; e proibidos estão de ler a bíblia de modo
investigativo, para que não possam captar incoerências.
São cegos dirigindo cegos... “Hipócritas! Vós não entrais no reino dos céus, nem
deixais entrar os que querem entrar. Ai de vós! Dais o dízimo e negligenciais o mais
importante: a justiça, a misericórdia e a fé. Sois guias cegos que afastais o mosquito e
engolis o camelo!” (Mateus 23: 13 a 24).
E Jesus disse mais: “A lei de Moisés e os profetas vigoraram até João Batista; daí em
diante vem sendo anunciado o evangelho de Deus...” (Luc: 16. 16).
Repetimos que João Batista foi, portanto, a linha divisória entre Moisés e Cristo; entre
as leis pagãs e as divinas; entre as leis humanas e as de Deus Verdadeiro. Jesus veio
anunciar o fim de Moisés!
JESUS X MOISÉS
Para melhor desempenho deste trabalho optamos por, sempre que possível, colocar
os escritos de Moisés frente a frente com os ensinamentos de Cristo, numa acareação
com finalidade de comparação. Desta forma, o próprio Mestre leva a cabo a tarefa de
desnudar Moisés, provando que ele não passou de falso profeta. Nada melhor que as
palavras de Jesus e dos profetas inspirados para mostrar as intenções nada divinas de
Moisés e a inexistência daquele deus por ele inventado: um deus com letra minúscula
e designado pelo artigo definido, o que o individualiza; deusinho vingativo, briguento,
injusto, sanguinário, ladrão ávido por riquezas, admirador de homens bonitos e avesso
aos feios, aos aleijados, aos deficientes e às mulheres. E, antes que nos crucifiquem
por estas afirmações, buscamos Jesus para alicerçar nossas palavras, provando a
nocividade do deus de Abraão, Isaque, Jacó e Moisés. Explicações entre parênteses e
grifos são nossos:
“Jesus respondeu aos judeus:-“ Procurais matar-me, porque tenho falado a verdade
que ouvi de Deus. Isso, Abraão não o fez! (ou seja: Abraão não falou verdade alguma).
Disseram os judeus: Temos um pai, que é Deus (pensavam que o deus deles fosse o
Verdadeiro Deus).
Replicou Jesus: Se Deus fosse vosso pai vós me amaríeis, porque eu sim sou de
Deus. Vós sois do diabo, o qual é vosso pai. Ele foi homicida desde o começo e não
permaneceu na verdade porque nele não há verdade; ele é mentiroso e pai da
mentira. Quem é de Deus ouve a palavra de Deus; mas não me ouvis porque não sois
de Deus.” (João, 8: 25 a 29 – e 33 a 59)”.
E não necessitamos de outro testemunho, pois o Mestre fala por nós. A bem da
verdade, nos assustamos quando lemos as afirmativas acima descritas. E nos
perguntamos: Ninguém mais as terá lido?
Não o fizeram. Mesmo assim, as narrativas dos evangelistas são de valor inestimável
porque uma não desmente a outra – ao contrário, cada qual vem dar maior
credibilidade às demais desde que apresentam todas, com outras palavras e com
maior ou menor ênfase, os mesmos fatos.
“Na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro”. (João: 8.
17)
Os mesmos fatos descritos por quatro pessoas cultas, inteligentes e cônscias não
podem ser considerados errôneos, deixando pouquíssima margem para dúvidas. São
os quatro evangelistas testemunho um do outro; um dá credibilidade ao seguinte,
acrescentando e esclarecendo pontos obscuros; um completa e controla os demais,
transmitindo-lhes pontos de apoio.
O mesmo não aconteceu aos escritos de Moisés, o qual relatou sozinho um período
muito elástico que cobre desde a confecção do planeta até a morte dele próprio. Foi
historiador único, tendo oportunidade de exercer criatividade como quis; teve ampla
liberdade para acrescentar, diminuir e torcer, sem que alguém exercesse o papel de
censor ou controlador, levando em conta que escreveu a história toda em ambiente tão
hostil, que era impossível a outra pessoa a haver registrado por escrito para que as
pudéssemos comparar e tirar as próprias conclusões.
E muito nos leva a crer que, se Moisés registrou este período foi porque nutria
interesses inconfessáveis:
É sabido que, numa contenda é preciso ouvir ambas as partes para julgar com justiça.
Um juiz não seria imparcial se ouvisse só um dos envolvidos. Falando nisso, é da a
própria bíblia as palavras abaixo, esclarecendo nos sobre a necessidade de haver
mais de um depoente relatando o mesmo fato para que ele tenha veracidade:
Não aceites denúncia, senão sob o depoimento de duas ou três testemunhas. (Tim: 5.
19)
Por depoimento de duas ou três testemunhas, será morto o que houver de morrer.
Nada disso houve na acusação mosaica contra o faraó e contra os egípcios. Ninguém
registrou as “pragas” com que Moisés teria vitimado o Egito. Nenhum outro escreveu
sobre o famoso episódio do “mar se abrindo” para dar passagem aos fugitivos.
Ninguém registrou o fato de Moisés “receber as leis”, mesmo porque o legislador foi se
esconder para entrar em contato “direto” com o deus. Nenhum dos que comeram o
maná sobreviveu para contar como foi, nem deixou seu testemunho por escrito.
As afirmações de Moisés não foram confirmadas por outro escritor para nossa melhor
apreciação daquele deus apresentado como realizador de prodígios, mas que, na
verdade, não realizou prodígio algum como veremos adiante.
Se o êxodo dos hebreus fosse descrito por um egípcio, os leitores passariam a nutrir
simpatia era pela causa egípcia – e jamais pela hebraica como acontece ainda hoje.
Ou, se além de Moisés houvesse tido também um historiador egípcio que relatasse o
êxodo, seria possível tecer um paralelo e optar pelo que tivesse características de
maior coerência dentro dos parâmetros humanos normais.
Um Anjo – e não o próprio Deus – fala em sonhos – e não de viva voz – a José, no
momento mais importante de toda a história planetária: a chegada de Jesus, o Cristo.
Os reis magos foram prevenidos em sonhos para não retornarem a Herodes, que
queria matar o bebê Jesus.
Em sonho, aparece o Senhor a José e o manda fugir para o Egito e lá ficar, para que
Jesus menino não fosse morto.
E, se para proteger Jesus, o mais puro dos espíritos, Deus não se fez presente de
maneira ostensiva, por que o faria para Abraão, Isaque, Jacó e Moisés, seres de baixo
padrão moral os quais, caso tenham feito algo em benefício da raça judaica, eram
inteiramente destituídos de quaisquer missões para o bem da humanidade no seu
todo?
O que tinham estes melhor que Jesus para, somente eles no mundo e em todos os
tempos, terem a companhia constante do Senhor?
A bem da verdade, é até possível que tenham recebido alguma grande missão; no
entanto, passaram a vida inteira procurando o próprio bem, procurando lustrar o
próprio ego, procurando acumular riquezas pessoais, esquecendo-se por completo de
desempenhar a missão que porventura receberam.
a) Onde o deus aparecia em “carne e osso” por qualquer motivo e até sem motivo.
b) Onde mulheres com cem anos de idade e há meio século sem ovulação geravam
e pariam.
No entanto, estes “mandamentos” nunca ficaram claros a não ser muito mais tarde,
por ocasião em que foram escritos na pedra e, mesmo assim, por tantas vezes
desrespeitados por Moisés e pelo próprio deus, que suscitam dúvidas, levando à
certeza quanto à sua origem humana – e não divina.
OS FALSOS PROFETAS
Não escuteis as palavras dos profetas que vos profetizam e que vos enganam.
Qual dentre vós ouviu a voz de Deus? Qual o que escutou o que ele disse?
Eu absolutamente não lhes falava; eles profetizavam por si mesmos, coisas de suas
cabeças.
Eis que sou contra esses profetas que pregam sua própria palavra e afirmam: ‘Ele
disse’ e, com mentiras e leviandades, fazem errar o povo.
Eu não os enviei, nem lhes dei ordem e eles, nenhum proveito trouxeram.
Os falsos profetas vêm sob pele de ovelhas e que por dentro são cobiçosos. Vós os
conhecereis pelos frutos.
Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos.
Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo.
(Mateus. 7: 15 a 20).
Profeta no sentido bíblico acabou sendo todo enviado com missão de instruir os
homens, revelar-lhes as coisas ocultas e os acontecimentos da vida espiritual. Assim
sendo, pode um homem ser profeta sem prever ou predizer o por vir, sendo que este
era o significado da palavra há dois mil anos.
Houve sim, profetas que previam o futuro – por intuição ou revelação – a fim de
transmitir avisos aos homens. Com a realização destas previsões, o dom de predizer o
futuro foi considerado atributo da qualidade de profeta.
Prodígios ou milagres: “Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas que farão
grandes prodígios”.
Tempos atrás, enquanto a Ciência dormia, houve quem se aproveitasse para explorar
em seu benefício, alguns conhecimentos naturais e assim alcançaram a fama de
“enviados de Deus”.
Atualmente, para quem é desprovido dos dados científicos para desnudar o falso
profeta, valem os parâmetros fornecidos pelo próprio Jesus: “Vós os conhecereis pelos
seus frutos... Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não
pode produzir frutos bons”.
O Velho Testamento retrata uma época distante, quando as pessoas comuns não
possuíam a mais leve noção dos fenômenos que a Natureza produzia quando bem
manipulada, e algumas coisas feitas por Moisés foram tidas por milagres ou
interferências divinas como, por exemplo, ter encontrado água no deserto com a ajuda
de um bastão. Hoje a Ciência nos mostra o fenômeno da rabdomancia que consiste
em segurar uma forquilha de pau ou dois pedaços de metal dobrados a 90 graus, ou
ainda um pêndulo de maneira conveniente, para que seja apontado o lugar onde a
água está mais à flor da terra. Falso prodígio; milagre nenhum; interferência divina
nenhuma. Apenas fato científico.
O que nos deixa admirados é que pessoas esclarecidas do século XXI, pessoas
íntimas dos fatos científicos preferem fechar os olhos e mantê-los fechados às
“criatividades” mosaicas e crer nelas como verdades irrefutáveis, quando uma só
passada de olhos críticos pela própria bíblia faria tremer nas bases quaisquer
convicções.
Moisés diz ter feito prodígios, mas quem garante ter ele promovido, de fato, algum
fenômeno? Veremos adiante, que seus “feitos” não possuem a mínima estrutura para
manter-se por si mesmos; veremos que eles não se seguram em pé, não suportam
olho crítico quando vistos através de lentes com algum grau de raciocínio.
Não obstante exaltar-se a si mesmo como sendo um varão muito manso, mais do que
todos os homens que havia sobre a terra (Num 12: 3), as atitudes iradas e vingativas
de Moisés desmentem-no a cada página.
Analisando estas palavras, veremos que o retrato dos falsos profetas feito por Erasto é
o retrato de Moisés, que tentou equiparar-se ao grande Mestre Nazareno, ao afirmar,
cheio de arrogância:
“O Senhor me disse que vos suscitará um profeta semelhante a mim”.(Deut. 18. 15).
Haverá alguma similaridade seja de caráter, seja de ensinamentos, seja de valor real
para a humanidade?
CAPÍTULO 2
ADÃO E EVA
1- Moisés abre seu primeiro livro falando que Deus criou os céus e a terra.
Que criou a luz, fez a separação das águas e das partes secas, denominando-as
mares e terras, respectivamente.
Que Deus disse: “Haja luzeiros no firmamento para separar o dia e a noite e sejam
eles para sinais, para estações, para dias e anos. E sejam os luzeiros dos céus para
alumiar a terra”.
Que os dois grandes luzeiros governariam o dia e a noite: o maior governaria o dia e o
menor governaria a noite. E assim produziu o sol, a lua, as estrelas.
Que povoou as águas com seres aquáticos, os ares com aves, a terra com animais
selvagens, domésticos e répteis. (1. 1 a 25)
Comentário: Impossível crer que Deus haja criado céu, sol, lua e estrelas por causa da
Terra. Sabemos que sol e estrelas não existem em função do nosso planetinha quase
anônimo, nem foram criados para “alumiar a terra”. Dados científicos mostram que o
sol é uma estrela – uma entre as centenas de milhares existentes somente na nossa
galáxia. Mesmo a galáxia que consideramos nossa, é apenas mais uma entre milhões
de outras, todas incrivelmente distantes. A luz que nos chega dos longínquos sistemas
estelares começou sua jornada em nossa direção muito antes da Terra existir, há mais
de quatro mil e quinhentos milhões de anos.
Sabemos também que há no nosso sistema solar outros planetas que se servem do
mesmo sol para obter luz e calor, sendo a Terra apenas mais um dentre eles – e bem
pequeno por sinal – mostrando, logo de início, a ignorância de Moisés a respeito do
Universo e de fatos naturais.
2- Os exegetas da “Bíblia Sagrada” (Edições Paulinas – 1967 – SP) dão seu parecer
sobre o texto. Dizem que um dos objetivos do sol e da lua é “recordar as festas ou
datas memoráveis, que periodicamente ocorrem” (!).
Talvez eu não tenha entendido direito, mas veja por você mesmo. Está lá, com todas
as letras:
“No quarto dia, Deus semeia o céu de astros, entre os quais o sol e a lua que têm mais
relevância com a terra. O seu fim, além de fornecer luz e calor..., é regular o tempo de
trabalho (dia) e de repouso (noite), indicar as estações oportunas às várias operações
e recordar as festas ou datas memoráveis que periodicamente ocorrem”. (pág.24)
3- A narrativa bíblica vem mostrar o que Moisés deixou claro: Deus Verdadeiro é
poderoso, pois construiu céu, terra, água, sol, estrelas, lua, animais e vegetais... do
nada! Moisés deixou claro que Deus tem poderes sim, todos sabemos disso e a bíblia
apenas atesta este poder.
Portanto, foi Deus Verdadeiro quem fez TUDO. Usaremos muitas vezes esta
afirmação, porque muitas vezes o Moisés vai se esquecer que a escreveu.
No entanto há ocasiões em que, a lua aparece também de dia, enquanto que há noites
que ela nem dá as caras. Assim sendo, há às vezes um desperdício de claridade com
ambos os luzeiros se exibindo concomitantemente, ao passo que nenhum deles se
mostra na escuridão da noite.
**********
Comentário: A quem Deus disse isso? Haveria alguém mais com ele? Algum ser com
os mesmos poderes que o ajudava a decidir?
A impressão que fica é que ele não estava sozinho, conquanto dá a ordem no plural:
“façamos” e “à nossa imagem”. Estando sozinho na imensidão universal, diria: “Farei o
homem conforme a minha imagem”.
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3- Criou Deus, pois, o homem à sua imagem. Formou o homem da terra molhada pela
neblina e lhe soprou nas narinas. E o homem passou a viver (1. 27 a 2. 7).
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4- Deus disse a Adão: “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. Então fez cair
pesado sono sobre o homem e este adormeceu; tomou uma de suas costelas e
transformou-a numa mulher; e fechou o ferimento feito em Adão com carne. (2.18 a
22).
Comentário: O resto do mundo ele fez do nada, porque havia nada no mundo.
Para fazer o homem, usou barro. Seus poderes estão diminuindo, pois já precisou
usar algo construído antes.
2- Para fazer a fêmea do homem, o deus usou uma costela do homem. Mas para fazer
a fêmea dos animais, ele não precisou de costela nenhuma. Por quê?
3- E por que costela? Por que não algo mais nobre como o coração, por exemplo, ou o
cérebro? Ou pelo menos, algum órgão que funcione como o fígado, o pâncreas, o
estômago? Por que algo tão estéril quanto uma costela?
Talvez Moisés quisesse dizer com isso que mulher é uma parte desprezível da criação;
sem sentimentos, sem inteligência, sem função alguma; só carne com osso de
terceira.
4- O deus, ao fazer a Eva, disse a Adão: “far-lhe-ei uma auxiliadora”. E tirou uma
costela do homem que estava à sua frente.
É preciso dar uma colher de chá e levar em conta que, estando sozinho, o deus não
soubesse direito fazer gente; daí, ser preciso usar uma costela do Adão. Trabalhando
sozinho ele não era tão sabido.
5- Mas se foi tão fácil abrir o corpo de Adão, retirar a costela, fechar o ferimento com
carne e transformar um par de ossos em mulher – tudo coisa complicada de fazer –,
então seria mais fácil fabricar uma mulher inteira sem recorrer a costela nenhuma!
Além disso, uma clonagem dá origem a um ser exatamente igual ao original. No caso
presente, a cópia não era idêntica, possuindo caracteres femininos: seios, útero,
ovários, vagina e hormônios próprios da mulher. De onde vieram estes aparelhos,
órgãos e secreções, se o original não os possuía?
Vamos ao dicionário:
Idôneo = conveniente, próprio para alguma coisa, apto, capaz, adequado, habilitado,
competente.
Interessante que a Eva teve de se contentar com Adão que, pelo jeito, não era idôneo.
Mas para Adão, o deus esmerou-se na mulher que lhe arranjou.
Não sou machista nem tolero as feministas, mas justiça seja feita: Jeová errou em
caprichar na companheira que deu ao homem e não ter caprichado tanto para que a
mulher também se sentisse satisfeita. Foi exatamente aqui que começou o preconceito
contra a mulher.
**********
5- “Esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (2. 23).
“Por isso deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma
só carne”. (2: 24)
Comentário: Eva saiu do corpo de Adão, então Adão foi mãe de Eva!
2- O deus falou que o homem devia se unir à mulher, tornando-se uma só carne; que
“proliferasse, que se multiplicasse indefinidamente, que povoasse a terra” (1: 28). No
entanto, quando Adão e Eva se uniram, formando uma só carne, o deus deu a maior
bronca da História da Humanidade, falou que comeram do fruto proibido, patati, patatá
e os expulsou do paraíso!
3- E, se era pra unir-se à mulher para se multiplicar, então o próprio deus estava
ordenando o pecado original – aquele que daria origem aos filhos e que nós pagamos
por ele até hoje, segundo algumas religiões modernas.
4- Jeová falou também que o homem devia deixar pai e mãe para unir-se à mulher. E
o casalzinho deve ter entrado em parafuso, porque não sabiam o que era pai e mãe,
tendo aparecido na face do mundo já adultos, sem pais, sem infância, sem passado
nem nada.
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6- Depois de criar o jardim do Éden e rios para regá-lo, Deus colocou o Adão lá para
cultivá-lo e guardá-lo, com a ordem de comer livremente os frutos de todas as árvores,
exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal, “porque no dia em que dela
comerdes, certamente morrerás” (2. 10 a 17). Para a Eva, o Senhor disse: “do fruto
desta árvore não comereis para que não morrais. (3. 2 e 3).
A cobra falou que podiam comer sem susto, porque não morreriam.
Ou o morrer teria outro sentido? Neste caso, o deus deveria ter explicado melhor qual
sentido era este. Afinal, aquele primeiro casal não sabia ainda o que significava morrer
em nenhum sentido, pois estava acabando de nascer, não tinha visto nenhum morto
ainda.
2- A serpente era algo maléfico, mas era criação divina. Jeová criou, portanto, uma
coisa negativa e a deixou agindo! Não sabia que a serpente podia desviar o homem e
a mulher? Desconhecia que aqueles dois eram puros e inocentes, que eram como
crianças sem malícia, sem maldade, mal acabados de sair da fábrica, não sabendo
diferenciar a mentira da verdade? Eles não estavam acostumados a ser enganados, e,
neste caso, o pecado foi da serpente ou do próprio deus; mas, Eva e Adão receberam
toda a culpa. Grande justiça!
3- Como o deus pôde ter deixado dois recém nascidos curiosos e inexperientes a sós,
num lugar onde havia uma linda árvore proibida? Ele sabia dos perigos aos quais os
expunha e os deixou junto a uma fruta cheirosa, bonita e gostosa para testá-los!
É o mesmo que deixar uma criança sozinha ao lado de um fogão contendo panelas
quentes, gordura fervente e água em ebulição, só pra ver o que acontece. E a coisa
ocorre mais rapidamente ainda, se a gente disser: “É proibido mexer nestas coisas!” É
desastre na certa.
Onde Jeová estava com a cabeça? E depois que armou tudo direitinho pro casal errar,
quem arcou com a culpa?
4- “O que contamina o homem não é o que entra pela boca – mas o que sai da boca”.
(Mat. 15. 11)
O deus não sabia disso. Decerto é porque o mundo estava começando e ele era muito
novinho ainda.
**********
7- “Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore que te ordenei que não
comesses?” (3. 11).
Comentário: E quem poderia tê-los feito saber que estavam nus? Quem mais estava
com Adão e Eva?
2- Aí, o Adão, mui gentilmente, entregou a Eva! Com a cara mais lavada deste mundo,
ostentando um arzinho de inocência, ele apontou para a Eva e alcagüetou:
“A mulher que me deste para esposa, foi ela quem me deu daquela árvore e eu comi”.
(3: 12)
Esta foi a primeira decepção feminina ocorrida a nível mundial. A coitada da Eva ficou
numa situação desgraçada de ruim perante o deus que a olhava com aquela
expressão que queria dizer: “Bonito, heim, Dona Eva!”
Que marido “idôneo”! Grande companheiro o deus deu pra mulher! Dedo duro,
medroso, covarde!
3- E mais: Ela ofereceu a fruta, mas se Adão não quisesse comer, que não comesse!
Que não mastigasse, que não engolisse, porque isso ela não podia fazer por ele. No
entanto, ele aceitou, mastigou, engoliu, se deliciou primeiro, pra dedar depois.
**********
8- Sabendo que a culpada foi a serpente, o deus falou a ela: “maldita és dentre todos
os animais domésticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás terra todos os dias da
tua vida”.(3. 14).
Estou perguntando, porque ela rasteja e, ela sim, come terra! Cobra não come terra,
apesar de andar com a cabeça próxima ao chão. Cobra se alimenta é de carne! Afora
isso, ela é animal terrestre, aéreo e aquático porque, rasteja, nada e sobe em
árvores... e minhoca não. Assim, a minhoca, pobrezinha! Nada tinha nada a ver com o
peixe e foi mais amaldiçoada que a serpente.
**********
Comentário: O que é dor? O que é sofrimento? O que é gravidez? O que é dar à luz?
O que são filhos? O que é desejo? O que é governar?
Com certeza Eva pensou isso tudo; deve ter ficado bestificada olhando pra cara do
deus, pois nunca sentira dores, nunca tivera filhos, nem ficara grávida... A coitada
recebeu os castigos sem saber o que significavam.
2- “teu desejo será para teu marido...” Veja só que tolice dizer uma coisa destas. E
para quem seria o desejo de Eva, se não havia ninguém mais no mundo além daquele
alcagüete do Adão?
Sim, a mulher foi levada na conversa pela cobra e depois deu a fruta a Adão para que
a comesse também. Desta forma, se Adão foi enganado por Eva, Eva foi enganada
pela serpente. Efeito dominó, cuja primeira pedra a empurrar as outras foi a cobra. Se
Adão não merecia castigo por ter sido logrado, Eva também não o merecia porque foi
igualmente induzida ao erro.
Mas como Jeová começa a ser injusto já no começo da criação, só Eva recebeu os
martírios da gravidez, só ela teria filhos, só ela sofreria as dores de parto, só o desejo
dela seria direcionado pro marido e só ela seria choferada. E apenas a mulher recebeu
um hímen, cujo rompimento a deixa desnudada quanto à virgindade!
4- “Teu desejo será para tua mulher.” – Por que não disse isso ao Adão? Se segurasse
também a nós, os homens, com rédeas curtas, o mundo seria talvez bem melhor.
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10 - Ele falou a Adão: “Visto que comeste da árvore, a terra é maldita por tua causa;
em fadigas obterás teu sustento. Com o suor de teu rosto comerás o pão...” (3. 17 e
19).
Sejamos honestos, a mulher também trabalha dentro e fora de casa. Também ela
come à custa de fadiga, suor, cansaço. A dona de casa faz o pior serviço; para ela não
existem férias, feriados, domingos, dias santos. Com algumas exceções, é nas costas
dela que recai a educação dos filhos e a verdadeira responsabilidade pelo deslizar do
mundo. Assim sendo, para a mulher o castigo foi dobrado desde que, além das dores
do parto, ela também trabalha, às vezes para sustentar o marido.
Se aquele deus inventado por Moisés fosse justo, a mulher sofreria as dores do parto
e o marido trabalharia, fazendo todo o serviço – inclusive o doméstico. Cada qual com
seu castigo, por que não? Adão foi culpado, desde que viu a Eva comendo, não a
impediu e depois comeu também. Ambos desobedeceram, mas só à mulher o castigo
foi duplo.
2- Era a primeira vez que Adão e Eva erravam. Custava ao deus ter dado outra
oportunidade para melhor ensiná-los? Não é isso que faz todo pai e mãe aqui na
terra? Se cada pessoa que fizer um erro for expulso, em nenhuma casa haverá filhos...
Nem pais...
Com brandura, ô deus! Jamais com tanta dureza, principalmente a quem errou pela
primeira vez. Se até nóis, que é nóis, ruins do jeito que somos oferecemos uma
segunda oportunidade a um réu primário, o Criador também poderia tê-lo feito.
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11- “... até que tornes à terra, porque és pó e a ele tornarás”.(3. 19).
Comentário: O deus deve ter dito à Eva: “Até que tornes à costela, porque és osso e
ao osso tornarás”.
Sobre o castigo aplicado ao homem por causa do pecado do primeiro casal, dizem os
exegetas numa notinha na Bíblia de Jerusalém (pág.35): que “o grande castigo (da
humanidade) será a perda da familiaridade com Deus; trata-se de pena hereditária”.
Bonita explicação e seria aceitável, se ninguém mais viesse a “falar” com o deus face
a face, olho no olho. Foi, no entanto, um tal da “família abençoada” falar com o deus!
Era o Abraão, era o Isaque, era o Jacó, era o Moisés...
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12- “E deu o nome de Eva à mulher, por ser mãe de todos os seres humanos”.(3. 20).
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13- Então disse o deus: “O homem se tornou como um de nós...” (3. 22).
A quem, igual a ele, estava falando? Mesmo que estivesse se dirigindo aos anjos, não
poderia ter dito: “um de nós”, porque anjo é diferente de Deus Verdadeiro e
subordinado a ele. O deus somente poderia estar se dirigindo a um igual com os
mesmos poderes, pois dá a dica: “um de nós”. Olhando desta maneira, conclui-se:
havia outros deuses semelhantes ao deus descrito por Moisés.
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Comentário: Será que era aos querubins que ele se dirigia quando falava no plural?
Neste caso, os querubins tinham os mesmos poderes do deus, eram iguais a ele e,
para encurtar conversa, a dúvida: o deus era um querubim, ou os querubins eram
deuses. Neste caso, a tese do deus único vai pro brejo.
2- De onde surgiram estes querubins? A bíblia diz que Jeová criou terra, água, céu,
estrelas, lua, sol, animais, vegetais e gente – mas não fala na criação de querubins.
Eles existiam antes ou foram criados na mesma época?
3- Se existiam antes, eram tão poderosos quanto o deus e, neste caso, há uma
multidão de deuses.
Se não existiam e foram criados naqueles seis dias, a quem o deus falou: “façamos o
homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança” e “... o homem se tornou como
um de nós”?
4- Se o homem tivesse se tornado um igual conforme disse o deus, Adão não seria
castigado desde que ninguém castiga a um igual e sim, aos inferiores. Quer dizer que
o homem se tornou igual, mas diferente.
CAPÍTULO 3
CAIM E ABEL
15- O Senhor colocou Adão fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra. (3. 23).
16- Caim lavrava a terra e Abel foi pastor de ovelhas. (4. 1 e 2).
17- “... no fim de uns tempos, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
Abel, por sua vez, trouxe as primeiras crias do seu rebanho, e da gordura deste”.(4. 3
e 4).
Comentário: É natural que o Caim, tendo sido lavrador tivesse trazido, como oferta, a
única coisa que tinha: vegetais.
E, ao Abel, nada mais natural que trazer animais, desde que ele era criador de
ovelhas.
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18- “Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; de Caim e de sua oferenda, não se
agradou”.(4. 4).
Comentário: O que mais poderia Caim ter trazido senão vegetais? O Adão foi
mandado embora do Éden para que fosse cultivar a terra. O Caim seguiu o exemplo
do pai: trabalhador, ganhava o pão com o suor do rosto, conforme o deus mandou. O
coitado pegou suas frutinhas e foi, todo contentinho levar pro deus; foi mostrar que
havia produzido direitinho. Mas o deus não gostou!
2- Por que Jeová não gostou das frutas? Não foi ele mesmo quem “criou” tudo,
inclusive vegetais? Ele não gostava da própria obra? Ou este deus era um charlatão
que não criou coisa alguma, não sendo, portanto, o Criador Verdadeiro?
3- Que psicologia, heim, deus? Pelo menos fingisse que tinha gostado, pô! Custava
muito? Precisava demonstrar desagrado? Deusinho ingrato, mal agradecido e injusto!
4- Era a primeira vez que se faziam ofertas, não havia nenhuma experiência neste
sentido. De que jeito o Caim ia saber que Jeová não gostava de frutas, se ninguém
tinha contado pra ele?
5- Como deveria ter feito o Caim pra agradar ao deus? Ter roubado ovelhas pra fazer
uma oferta caprichada? Ou não ter oferecido nada? De qualquer jeito, o deus não ia
gostar; de qualquer modo o Caim ia ser castigado.
6- O deus mandou Adão e Caim cuidar de roça e comer seus frutos: “a terra produzirá
também cardos e abrolhos e tu comerás a erva do campo” (3: 18). Mandou a turminha
comer mato, mas o Abel foi criar ovelhas...
7- Se Jeová gosta de carne e não suporta frutas e verduras, então foi ele próprio, o
culpado do crime do Caim!
Por que não avisou antes? Ou, pelo menos, poderia ter dito: “- É a primeira vez que
você está errando. Desta vez passa, mas olhe lá, heim? Hã”!
Como ser tão cruel para com um pobre trabalhador braçal que estava tentando
agradá-lo?
8- Observa-se que Jeová era bastante indiferente quanto à sorte das pessoas a quem
“criou”. Não lhe importava se estavam felizes ou tristes, se humilhados ou honrados. O
que ele queria era comer, encher a barriga de carne, pouco importando com o estado
de alma dos produtores desta carne.
Este deus é diferente daquele Deus Verdadeiro apresentado por Paulo, o Apóstolo:
9- O Abel com certeza, também não foi nenhum santinho. Vendo que o deus gostou
das ofertas dele e desprezou as do outro, deve ter feito aquela cara de troça, deve ter
ridicularizado; zombado do Caim, humilhado o coitado até que este perdesse a
paciência e partisse pra briga.
10- Os exegetas – aqueles que têm por obrigação justificar cada uma das palavras
das “santas escrituras” –, encontraram um meio para provar a inocência do deus:
dizem eles que, enquanto Caim fez sua oferta de má vontade, escolhendo o que havia
de pior para oferecer, a oferenda de Abel foi “feita de coração, entregando ao deus o
que tinha de melhor, como convém a sua majestade”.
11- E este ser ingrato tem recebido os adjetivos: “infinitamente bom e misericordioso”!
**********
Comentário: Boa pergunta! Que deus era aquele, que não sabia porque o rapaz
andava triste? Tinha de perguntar pra saber o óbvio?
Se, realmente esta pergunta foi feita, ela atesta que Jesus era superior e mais sábio
que o deus, pois conhecia a precariedade de toda a humanidade, enquanto Jeová não
conhecia os quatro seres que acabara de “criar”!
Jesus não precisava de que lhe contassem a respeito dos homens, porque ele mesmo
sabia o que era a natureza humana. (João :2. 25)
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20- E falou ainda ao Caim: “Se procederes mal, eis que o pecado jaz à tua porta; o
seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”.(4. 7).
Veja se é possível: Queria que as frutas colhidas com amor, levadas com carinho e
ofertadas com satisfação fossem desprezadas e que o oferecedor saísse pulando de
contente e dando risada, feliz da vida!
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21- Depois que Caim matou Abel, Jeová perguntou-lhe: “Onde está teu irmão Abel?”
(4. 8 e 9).
Comentário: Jeová não sabia? Havia quatro pessoas no planeta e o deus ignorava o
que faziam?
O que andava fazendo, que não sabia das coisas que aconteciam com aqueles gatos
pingados?
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22- O Caim foi amaldiçoado pelo deus e respondeu: “... serei fugitivo... e quem
comigo se encontrar me matará”.
E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque (4. 11 a 17).
Caim saiu pelo mundo com medo de ser morto por quem o encontrasse.
E quem iria encontrar Caim e matá-lo, se fugiu de seus pais, as duas únicas pessoas
que existiam, além dele?
2- E, longe de casa, na terra de Node, Caim se casou e teve um filho! Com quem
casou, se a única mulher era Eva, e não foi com Eva que ele se casou?
3- E se “Eva foi mãe de todos os seres humanos” (3: 20), foi também mãe da mulher
de Caim, uai!
No entanto, pelo que garante a bíblia, a mãe de todos os seres humanos não era mãe
da nora!
4- E quem era Node, em cuja terra Caim habitou? Se Eva foi mãe de todos os
humanos, então foi mãe de Node. Como é possível?
E como é possível que existissem outras pessoas no mundo, se o deus só fez Eva,
Adão e mais ninguém?
Ou terá o deus ido pra todo canto da terra fabricando gente de barro e de costela para
que seus filhos tivessem com quem se acasalar?
Ou outros deuses fizeram o mesmo: cada um saiu criando casais pra todo lado pra
que suas criações se encontrassem e se casassem entre si?
Mas se foi assim, Eva não foi mãe de todos os humanos conforme asseverou o
narrador. De um jeito ou de outro, o autor do Gênesis errou feio! Moisés inventava
bem, mas neste ponto a criatividade falhou e ele não percebeu. Ou percebeu, mas
sabia que seus seguidores seriam vaquinhas de presépio, pessoas de baixo padrão
intelectual e, por este motivo, não precisava caprichar demais. Mesmo assim, poderia
ter pensado em algo mais sólido, mais crível. Estava certo Timóteo ao aconselhar
sobre fatos inverossímeis:
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23- Depois, Caim construiu uma cidade e a chamou Enoque, o nome de seu filho. A
seguir Enoque, filho de Caim, se casou e teve um filho: Irade, que foi pai de Meujael.
Este foi pai de Metusael, que foi pai de Lameque. Lameque casou-se com duas
mulheres: Ada e Zilá. (4. 17 a 22)
Comentário: Como se vê, o mundo não estava tão despovoado conforme o afirmou
Moisés. Cada homem encontrava mulher para se casar e teve até quem se casou com
duas.
2- Incompreensível é que só nasciam filhos machos; nenhum teve filha fêmea, mas as
mulheres existiam! De onde vieram? Filhas de quem? Geração espontânea ou
macacas?
3- Caim fundou a cidade chamada Enoque e aqui se nota outra falha de Moisés:
Ora, se o mundo era despovoado, não tinha sentido construir cidade, porque não
havia quem a habitasse. O máximo que Caim poderia ter feito era construir uma casa
pra morar e só. Para quem as demais residências?
Percebe-se que havia muita gente nesta história e o Moisés marcou bobeira achando
que Adão e Eva eram os únicos.
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24- “Os filhos de Deus vendo que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para
si aquelas que lhe agradaram”. (6. 2)
Comentário: Que “filhos de Deus” são estes? Jeová se casou também? Sim, pois teve
filhos... Machos, é claro!
Cadê a consistência nestes “filhos do deus”? Moisés poderia ter sido criativo sim, mas
nem tanto. Se havia algo que não soubesse explicar, que confessasse ignorância;
fingisse não ver, fosse adiante e não explicasse.
2- Ademais, os filhos do deus tinham, com certeza, a mesma natureza divina e
imaterial do pai deles. Tomando por este aspecto, eles estariam impossibilitados de se
misturar sexualmente com as terráqueas. Mas se acasalaram!
3- Eles viram que as filhas dos homens eram bonitas. Onde viram outras menos
bonitas, para comparar?
4- Interessante! Só nasciam homens e, no entanto, havia tanta mulher, que até acabou
sobrando para os “filhos dos deuses”. De quem elas eram filhas? De outros deuses?
Ah, não! Veja as explicações abaixo:
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Comentário: Gigantes? Que gigantes eram estes? De onde saíram? Filhos de quem?
Não havia sido Eva a mãe de todos os humanos (3. 20)? Ou os gigantes não eram
humanos? O que eram então? Extraterrestres?
Ou os gigantes já moravam na terra antes do Adão, não sendo, pois Adão o primeiro
ser humano?
Agora, são gigantes que aparecem ninguém sabe como, nem de onde também.
3- Olha, leitor, aquilo não era gente, não. Aquilo que a bíblia chama de gente eram
coisas. Ou monstros, com certeza.
Veja só:
Deus carnívoro ignorantão que não é cientista, mas que clona gente; e clonou mal,
porque só criou monstruosidades;
Gigantes que surgem do nada e se acasalam com mulheres comuns e com netas dos
filhos do deus.
E tem mais: hoje, cada ser humano é considerado apto a ter filhos ao entrar na
adolescência, aos 12 ou 13 anos. Naquela época, a infância humana era bem mais
demorada e podemos comprovar:
E há quem gostaria que esta humanidade de laboratório, onde Jeová ainda estava
fazendo experiências, tivesse sido comportadinha; que Adão e Eva não tivessem caído
na prosa da serpente, que Caim não tivesse matado Abel...
Mas estas descrenças não farão mal à religião, porque as explicações deles estão
escritas em letras tão pequeninicas ao pé da página, tão juntinhas, tão espremidinhas,
tão misturadas (de propósito) a números de capítulos e versículos, que pouquíssima
gente lê. Mas nós lemos e vamos passá-las a vocês.
Veja o que dizem na Bíblia de Jerusalém, pág. 39, sobre os seres estranhos que
Moisés tratou com tanta familiaridade:
“O autor sagrado se refere a uma lenda popular sobre os gigantes, titãs orientais,
nascidos da união entre mortais e seres celestes... Quase todos os escritores
eclesiásticos viram nesses ‘filhos de Deus’, anjos culpados. Mas, a partir do século IV,
em função de uma noção mais espiritual dos anjos, os Padres interpretaram os ‘filhos
de Deus’ como a linhagem de Set (filho de Adão) e as ‘filhas dos homens’, como a
descendência de Caim”. (!!!!!!!!).
Viu, leitor? Pra explicar o inexplicável, eles criaram uma história paralela:
Pra começar, aceitam que a presença dos gigantes é inexplicável, que não passa de
lenda.
“Os filhos de deus são os descendentes de Set, que se conservaram bons e religiosos.
As filhas dos homens pertencem à linhagem de Caim, perversa e ímpia. Do
cruzamento das duas linhagens resultou – como sói acontecer, pois a companhia dos
maus arruína os bons – uma corrupção maior”.
Primeiramente, se não está bem claro, vamos explicar que, nesta altura do
campeonato, Adão e Eva já tinham um terceiro filho de nome Set, nascido depois da
morte de Abel e da fuga de Caim.
a) Que história é esta de que Set, por ser filho de Adão, era “filho do deus”?
b) Em qual fato os exegetas se basearam para afirmar que Set era bom, se seu
nome foi simplesmente citado na descendência adâmica, sem alusão mais profunda?
É possível ser bonzinho simplesmente por ter sido filho de Adão?
c) Que outra história é esta de que as filhas dos homens eram descendentes de
Caim e, portanto, perversas e ímpias, filhas do diabo?
d) E mais: Por que proteger Set por ter sido filho de Adão, se o próprio Adão foi
expulso do paraíso por desobediência? Não esquecer que Adão foi bem avisado para
não comer a fruta proibida, enquanto Caim não recebeu instrução nenhuma sobre não
matar Abel. É difícil estabelecer o grau de culpabilidade de cada um, mas pode servir
de parâmetro o fato de que ambos foram exilados do lugar onde nasceram: Adão foi
expulso do paraíso e do convívio com o deus; Caim foi expulso da terra natal e do
convívio com os pais. Portanto, se a descendência de Caim não merecia dó nem
piedade, a outra descendência de Adão não merecia também.
CAPÍTULO 4
NOÉ
26- Jeová “viu que a maldade do homem se havia multiplicado então se arrependeu
de ter feito o homem. ‘Farei desaparecer o homem e o animal, os répteis e as aves
porque me arrependo de os haver feito’” (6. 5 a 7).
O que é isso? Estamos nas mãos de um ser tão fraco que não sabe o que faz? Que
desconhece as conseqüências do que se propôs? Que faz e volta atrás? Que mija na
arvinha? Que age e depois corre atrás do prejuízo?
É difícil aceitar. Se fôssemos nós, tudo bem. Mas o Criador de todas as coisas poderia
ser tão volúvel? Poderia ser tão humano e ignorante, a ponto de não saber que criar e
educar filhos dá trabalho, desgosto, preocupação, noites mal dormidas?
2- Outro disparate: é Moisés quem afirma que Jeová se arrependeu; e, mais adiante,
ele próprio se desdiz:
Afinal, onde está a verdade: o deus se arrependeu, ou ele não é homem para que se
arrependa?
Do homem-bolinho de terra?
Da mulher-osso?
Dos filhos “dele mesmo” (do deus) com as filhas da linhagem ímpia e perversa?
Por esta amostra, se Jeová destruiu algo este algo foi apenas umas experiências
científicas que não deram certo.
**********
27- Jeová disse a Noé: “resolvi dar cabo de todo mortal porque a terra está cheia da
violência dos homens; eu os farei perecer juntamente com a terra”.
E mandou Noé fazer uma arca de acordo com suas explicações em tamanho, material,
compartimentos.
Mandou-o entrar na arca com a família e sete casais de cada espécie de animal limpo
e um só par de cada animal imundo.
Daí veio o dilúvio que durou 40 dias, tendo sido “exterminados todos os seres que
havia sobre a face da terra: o homem e o animal, os répteis, e as aves dos céus, foram
extintos; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca”.(6. 13 a 7. 24).
Comentário: Para Jeová ter falado a Noé, era preciso ter se materializado em sua
presença. A bíblia, entretanto, contém citações que mostram a impossibilidade do fato,
porque Deus Verdadeiro não aparece nem jamais apareceu a ninguém.
1. Aquele que não ama o seu próximo a quem vê, não pode amar a Deus, a
quem não vê.(1-João: 4. 20).
2. Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e
viverá.(Êx: 33: 20)
4. Ninguém jamais viu Deus. Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em
nós.(1-João: 4. 12).
5. O Pai que me enviou, jamais tendes ouvido sua voz nem visto sua forma.
(João: 5. 37).
6. Qual dentre vós ouviu a voz de Deus? Qual o que escutou o que ele disse?
(Jer: 23: 16 a 21).
7. Rei dos reis, Senhor dos senhores, a quem homem algum jamais viu nem é
capaz de ver.(Tim: 6. 16).
8. Quem esteve presente no conselho de Deus para ver e ouvir sua palavra?
(Jer. 23: 16 e 18)”.
9. Senhor, o que é o homem mortal, para que te lembres dele e o visites? (Sal. 8:
4)
Noé não viu, nem falou com Deus Único e Verdadeiro, o que deixa muita confusão na
cabeça dos fiéis que crêem piamente na “palavra do senhor”.
Uma perguntinha pra você pensar em casa: Em qual hora Moisés mentiu: quando
garantiu que Noé falou com Deus Autêntico, ou quando garantiu que ninguém jamais
poderá ver Deus Verdadeiro?
O difícil aí é que não há como absorver a bíblia: ou mentiu aqui, ou mentiu ali.
2- É justificável dizer que os homens não eram flor que se cheirasse porque, em todos
os tempos, os humanos têm sido maus. Mas os animais entram nos mesmos padrões,
pesos e medidas para morrer junto à humanidade suja e porca? Quando foi que eles,
os animais, receberam um código de ética e moral e não o obedeceram? Castigados
por qual motivo?
3- O deus não ia fazer morrer todo mundo? Não se arrependeu de haver feito todo
mortal? Não ia fazer “perecer” os homens juntamente com a terra? Neste caso, por
que salvar gente e bichos, senão para recomeçar a civilização a partir daqueles que
ele se arrependeu de haver criado?
Se fosse pra recomeçar, que o fizesse com outros homens e animais melhores que os
anteriores.
4- É possível que ele, sabendo-se volúvel, ficou com medo de vir a se arrepender de
matar todo mundo e depois não saber fazer tudo de novo. Mandou, pois, guardar uns
casais para o caso de vir a querer eles de volta. Faz sentido.
5- Se o deus quisesse Noé e família vivos, era só fazê-los ressuscitar após o dilúvio.
Com seus poderes, qualquer uma destas opções teria sido mais fácil. Para que o
dilúvio? Para que a arca?
Com um olhar para a terra, Deus a faz tremer. Com um toque, faz as montanhas
fumegarem. (Sal. 104: 32).
6- Mas, se não quisesse descendentes dos mesmos de antes, seria fácil também: era
só fazer tudo de novo! Ele não era poderoso? Já não tinha feito uma vez? Era só
seguir a receita com cuidado para não errar onde já havia errado antes.
7- E, para matar todo mundo não precisava de uma chuvarada daquelas, que
exterminou também tudo o que era verde, amarelo, azul, branco, vermelho, roxo,
laranja. Num piscar de olho teria feito morrer a todos e, com outro piscar faria reviver
os que quisesse de volta.
Ter-se-á encurtado meu braço? Ou já não há força em mim para te livrar? (Is: 50. 2).
8- Animal limpo e imundo? O que é isso? Existe melhor e pior para quem criou tudo
com o mesmo carinho?
Os reabilitadores bíblicos explicam que, dos “animais puros seriam tomados sete
casais, porque a carne deles devia ser oferecida em sacrifício” ao deus. (A Bíblia de
Jerusalém)
9- Se Noé salvou alguns bichos, certamente eram os seus próprios cães, por causa da
impossibilidade de sair à cata de animais através de matas, oceanos e ar. Mas a bíblia
garante que o deus mandou entrar na arca todas as espécies: “De tudo o que vive,
dois de cada espécie, macho e fêmea farás entrar na arca, para os conservares
vivos...”
Portanto, as espécies que não fossem recolhidas não procriariam, não teriam
sucessores e seriam extintas. Nenhuma podia ficar de fora! Era uma grande
responsabilidade pra Noé, que tinha nas mãos a capacidade de dar continuidade ou
não aos seres viventes do mundo.
Com que dificuldade ele teria entrado em florestas pra correr atrás, agarrar à unha,
puxar, empurrar e enfiar na arca um casal de onça! Depois de esperar sarar dentadas
e arranhões, sair de novo à caça de leões; e depois, correr atrás de elefante, girafa,
rinoceronte, jacaré, lobo, urso, veado, raposa, sucuri, hipopótamo, gorila...
Na América do Sul buscou lhama, arara azul, macuco, jaó, inhambu, mutum, jacutinga,
juriti...
Foi difícil agarrar coelhos os quais, além de bons corredores, se distribuem em várias
espécies por países distantes.
10- Chiii! Outro problema: A Austrália e a América não haviam sido descobertas ainda!
Assim, o Noé não foi lá, nem veio cá.
Ah, desculpe! No seu relato, Moisés não fala que os peixes foram recolhidos, nem que
eles morreram no dilúvio. Nem poderiam, porque só faltava peixe morrer afogado!
Com isso, fica claro que o “pereceu todo mortal e toda carne que se movia” é outra
falha, pois, para ser verdadeira a afirmativa, os peixes não poderiam ser mortais; ou
então, que tivessem morrido também! Se foram mortos os animais terrestres, por não
os aquáticos? Por que esta proteção?
Mas se os peixes foram poupados, os mamíferos não o foram. Desta forma, as baleias
e os golfinhos entraram na dança, tendo de entrar na arca!
12- Aqui, uma sugestão - meio tardia, na verdade: Deveria ter perecido para todo o
sempre mosquito, rato, barata, pernilongo, formiga, borrachudo, cupim, micuim... Mas
o Noé... Eta Noé! Ao invés de fingir de tonto e deixar de fora estes bichinhos,
desdobrou-se pra salvar um casal de cada um.
13- Falando nisso, foi difícil apanhar e reconhecer o macho e a fêmea de piolho,
carrapato, formiga, pulga, pulgão, bicho-de-pé e de outras espécies minúsculas sem
microscópio, sem lupa e sem óculos, que não existiam ainda.
E, só pra exemplificar a trabalheira do Noé:
14- Outro obstáculo: Havia animais de clima gelado, animais de clima tropical e
animais de clima tórrido, tudo na mesma arca. Como o Noé terá resolvido o problema
do calor nos bichos de clima gelado e vice-versa? Terá construído jaula-ambiente de
acordo com a necessidade de cada um? Ventilador, geladeira, aquecedor... foram
certamente, utensílios que fizeram parte da arca.
A arca media, pois, 198 metros de comprimento 33 de largura e 18,8 de altura. Neste
espaço era impossível abrigar:
Supondo que cada par de mamíferos usasse uma jaula que, pra não dificultar demais,
imaginaremos um tamanho padrão de 2 x 2 metros, um pelo outro. Serão, pois, 4
metros quadrados para cada casal de bichos. Multiplicando este número por 4.500
espécies de mamíferos, teremos que seriam usados 18.000 metros quadrados só
pelos animais que mamam.
Mas aí entram os mamíferos “limpos”, cujo número a ser recolhido são 7 casais de
cada espécie.
Supondo que, destes limpos, houvesse apenas 1.000 espécies, teremos que eles
seriam 7.000 casais e usariam 28.000 metros quadrados que, somados ao número
anteriormente obtido, totalizam 46.000 metros quadrados a serem gastos somente
com mamíferos.
A arca media 6.534 metros quadrados por andar. Tendo 3 pavimentos, sua medida
total era 19.602 metros quadrados.
Isso, sem falar nas subespécies que vamos desconsiderar, pra não humilhar demais o
“autor sagrado”.
Sendo 5.663 espécies de répteis, teremos que eles usariam 5.663 metros quadrados.
Para os pássaros, faremos gaiolas com meio metro quadrado cada qual. Teremos que
estas gaiolas usariam 4.300 metros quadrados de espaço físico.
Somando isso tudo, teremos que os animais todos necessitariam de 455.963 metros
quadrados.
Como a arca possui apenas 19.602 metros quadrados, ficarão faltando 436.361
metros quadrados.
Ou seja: Noé precisaria de mais 22 arcas iguais para todo este carregamento de
animais. Seriam, pois, 23 arcas, só pra abrigar os animais!
No entanto, faltava gente para acompanhar tanta arca. Resolveremos este problema
aumentando as medidas da embarcação de Noé, que ficaria assim:
16- Mais uma complicação: Como Noé alimentou tanto bicho durante um ano inteiro?
Uns, carnívoros, outros herbívoros...
17- ... Que foram se reproduzindo e aumentando em número. Neste passo, o tamanho
da arca teria de dobrar pelo menos uma vez durante aquele ano para abrigar pais e
crias as quais, por sua vez, de acordo com a espécie, iam se reproduzindo também.
18- Para alimentar os animais, qual o tamanho do batalhão para dar conta do recado?
Acontece que a família de Noé era pequena: ele e a esposa, três filhos e respectivas
esposas, mais os netos. Eram 24 pessoas para dar de comer e de beber a, no mínimo,
cinqüenta mil bichos de grande porte – mamíferos, répteis e aves, fora os pequenos –
todos os dias!
E estes animais iam se reproduzindo! Nasciam filhotes todos os dias às centenas, aos
milhares! E as crias tinham de comer também!
Tomemos o leão como exemplo: cada leão adulto precisa de 7 quilos de carne fresca
todo dia.
Leão é animal limpo, pois não tem os pés em forma de cascos fendidos. Eram, pois,
14 leões ao todo, dentro da arca.
Onde arranjar tanta carne? Mesmo que a arca tivesse uns quatro ou cinco andares
contendo apenas carne em estoque, esta mercadoria estaria podre em poucos dias,
servindo somente ao casal de urubus. E daí, o que fazer? Como manter calmo cada
animal sem comida? Ou um bicho comia o outro?
20- Os herbívoros também não tinham onde arranjar tanto mato pra comer. A
dificuldade é a mesma: mesmo que alguns andares estivessem reservados apenas às
ervas, elas fermentariam e estariam imprestáveis em poucos dias. E daí em diante,
como terá sido?
21- Os morcegos - vampiros que vivem de sugar sangue de animal, estes não
sofreram porque animal era o que não faltava naquela embarcação.
22- Mas os animais não tinham apenas de comer e beber. As vacas tinham de ser
ordenhadas, o estrume tinha de ser removido de todas 18.763 jaulas e gaiolas, sem
contar as caixinhas dos insetos, que ignoramos como se faz a limpeza.
23- E, ao sair da arca, aqueles milhões de animais comeram o quê, se no mundo não
havia mais vegetal para os herbívoros, nem caça para os carnívoros, nem nada pra
ninguém?
Esta lenda pode ter servido há milênios a um povo que, com pouco se contentava, que
não levantava hipóteses, que nem ao menos raciocinava com clareza.
**********
28- E “pereceu toda carne que se movia... animal e todo homem... Assim foram
exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; ficou somente Noé e os
que com ele estavam na arca”.(7. 20 a 24).
Comentário: A mortandade “de toda carne que se movia” não aconteceu, porque os
peixes e demais animais aquáticos não morreriam afogados, conforme já vimos.
Então, disse o deus a Noé: “Para mim chegou o fim de todo mortal”. (6: 13).
“Toda carne que se move sobre a terra, todo ser humano foi exterminado”. (7: 21).
“Mandarei o dilúvio sobre a terra para destruir toda carne que tem sopro de vida
debaixo do céu; tudo o que existe sobre a terra desaparecerá”. (6: 17).
Já está bom de citações. Através delas concluímos que, se o “livro santo” diz a
verdade, o dilúvio abrangeu o mundo inteiro e matou todos os seres vivos, correto?
Mas os próprios piedosos exegetas confessam que a bíblia nem sempre fala a
verdade – ou seja, ela aumenta, ela diminui, ela exagera; em suma, repetimos: a bíblia
mente!
“Que o dilúvio não se tenha estendido a todo o orbe terrestre é atualmente opinião
comum de todos os intérpretes católicos, considerando que não teria sido fisicamente
possível”. (Bíblia Sagrada - Ed. Paulinas).
CAPÍTULO 4
NOÉ
(Continuação)
29- O deus se lembrou (!) do Noé e fez parar a chuva.
As águas iam se escoando continuamente de sobre a terra e minguaram ao cabo de
150 dias. E as águas foram minguando até que apareceram os cumes dos montes.
Noé soltou uma pomba e um corvo pra saber se a água já tinha minguado. À tarde a
pomba retornou trazendo uma folha nova de oliveira e assim Noé entendeu que as
águas haviam minguado.(7. 17 a 8. 12).
Comentário: O deus se lembrou, fez parar a chuva, mas não fez nada pra socorrer os
coitados dos sobreviventes. Não apareceu nem pra falar que a água tinha secado e
que podiam desembarcar! Foi preciso um meio bem humano pra descobrir: soltar aves
para que elas lhe trouxessem um sinal.
Pergunta: Se o Noé, ignorando se a água havia baixado, resolvesse abrir a porta pra
desembarcar antes da hora e morresse afogado? Jeová bem que podia ter aparecido
e falar: “Calma, minha gente! Agüenta firme mais uns dias!”
Se o deus esteve presente desde antes do início da construção da arca dando dicas
sobre tamanho, material, compartimentos, minúcias e demais etecéteras, o que
custava chegar e falar que já podiam sair? Ele fez parar a chuva e pronto! Que se
arranjem os sobreviventes!
Façamos as contas:
Um côvado mede 66 cm. Quinze côvados acima do cume mais alto são dez metros
acima do Everest, pico mais alto da terra, com 8.848 metros (quase 9 quilômetros de
alto). São, pois, o tamanho do Everest mais 10 metros, totalizando 8.858 metros acima
do nível do mar.
Imagine a terra redonda, com 10 metros de água acima da mais alta montanha; uma
faixa de 9 quilômetros de água acima do chão. Vá tentando “ver” isso aí e depois
reconheça que o cenário que a gente consegue criar fica muito aquém do que seria,
na realidade, o espetáculo do dilúvio.
Portanto, a água minguou e desapareceu. A terra secou e pronto! Todo mundo aceitou,
achou natural, e fim de papo.
Continue, leitor; continue visualizando a terra redonda, totalmente coberta por espessa
camada de água; vá pensando e raciocinando conosco:
Numa inundação normal que atinja uma cidade ou região, as águas “desaparecem”
porque correm para as baixadas, entram nos rios e vão para o oceano.
Mas no dilúvio, onde tudo se transformou numa só massa líquida a nível planetário
abrangendo todos os espaços em igualdade de plano, estando tudo no mesmo grau
de elevação, não havia terreno em baixada para onde descer a água, que não tinha
para onde ir.
Tornamos a perguntar:
Baixaram como? Se a terra é esférica e tudo se transformou num único oceano, para
onde foi tanta água? Desceu pra onde? Instalou-se em qual buraco? Correu em qual
direção se, para qualquer lado que fosse, estaria no mesmo nível de antes? Tomemos
um oceano como exemplo: Se um oceano fica circunscrito ao mesmo lugar é porque
ele não tem para onde correr. O mesmo aconteceu com as águas do dilúvio, cujas
águas represadas não tinham como escoar.
Mesmo assim, as águas baixaram! Milagre não foi porque, se Deus quisesse fazer
milagre, teria dado sumiço naquele aguaceiro todo, num milésimo de segundo – e não
teria esperado que a natureza, por si só desse conta do recado.
4- Mas o fato pode ser explicado de forma deslustrosa para o “livro dos livros”:
Moisés não saber que a terra é redonda e que as águas se tornaram uma só massa
líquida sem ter pra onde correr é desculpável, porque ele era ignorante dos fatos
geográficos a nível mundial.
Mas Jeová não saber que a terra é redonda? É indesculpável e mostra o baixo nível
de saber de quem “criou” o mundo.
Pois tanto Moisés quanto Jeová não sabiam que a terra é redonda (!).
Crendo que a terra fosse reta como uma tábua, foi fácil explicar o sumiço das águas e
Moisés não pensou duas vezes: tacou a água beirada abaixo da “tábua” e pronto!
Ninguém levantaria suspeita porque eram todos ignorantes por igual, pensavam todos
que a terra fosse reta. O difícil é explicar o mesmo fato hoje, quando sabemos da
esfericidade do planeta.
5- E, mesmo que a terra fosse plana, Moisés e Jeová desconheciam outra lei natural:
a gravidade, que atrai e mantém os corpos firmes sobre o solo – ou seja: os corpos
ficam aderidos ao chão, como que sugados por força derivada do seu centro e, se
assim não fosse, com o movimento de rotação seríamos lançados fora e entraríamos
em órbita.
Para entender melhor basta pensar no solo lunar onde não há gravidade e os
astronautas podem “voar” a cada passo e se divertem “dançando” ou flutuando ao
andar.
Com ausência da gravidade é até possível pensar que, se as águas pudessem cair
pelas beiradas do mundo, elas desapareceriam de fato, pois se perderiam no vácuo.
Mas este processo é impossível neste planeta, onde tudo o que se desloca do chão
tende a ele retornar.
Tomando por base este princípio, as águas não tinham como cair fora do mundo
mesmo que ele fosse reto porque elas, as águas, ficariam aderidas ao chão. Assim,
não tinham como sair e deixar o solo seco, considerando que a gravidade as mantinha
apoiadas firmemente no lugar.
E cair para onde, se a terra se encontra solta no espaço? Cair em direção ao “céu”,
que circunda todo o planeta?
E agora, Moisés?
Sim, nuvens que, num círculo vicioso, cairiam em forma de chuva outra vez, outra vez,
outra vez, muitas vezes, porque a umidade do solo propicia a formação das chuvas.
Neste caso, com tanta água evaporando, cairiam chuvas torrenciais diárias,
praticamente novos dilúvios que manteriam inalterado o nível da água,
impossibilitando que o solo secasse.
E agora, Moisés?
Estes erros bíblicos chegam a ser desculpáveis porque Jeová era inexperiente, não
sabia estas coisas que somente vieram a ser descobertas milênios depois...
Descobertas pelos homens, que se mostraram mais sabidos que o “criador”!
7- Mas, como tudo acompanha leis naturais – que nada mais são que Leis de Deus
Verdadeiro –, conclui-se que, se o dilúvio aconteceu de verdade, ele foi de caráter
regional, não abrangendo a terra inteira conforme garante Moisés.
E não venha dizendo que já se sabe que o dilúvio foi regional. Se sabem, por que a
bíblia continua mentindo? Corrijam a bíblia, uai!
8- Tendo sido o dilúvio de caráter regional, o Noé não teve de juntar bicho nenhum.
Eles continuaram existindo tranqüilamente em seu habitat, reproduzindo-se
normalmente.
9- Da mesma forma, pessoas de outras regiões nem ficaram sabendo do dilúvio que
atingiu a terra toda e que matou os que estivessem fora da arca.
Depois de dez meses em que a arca estava à deriva, apareceram os cumes das
montanhas mais altas. Significa que os 10 metros que ultrapassaram o Everest
demoraram 10 meses para minguar.
Ora, o Everest mede 8.848 metros de altura e há os 10 metros que ultrapassaram esta
medida. São, portanto, 8859 metros.
11- A pomba saiu voando e retornou trazendo uma folha nova de oliveira...
Mas como? O dilúvio não matou tudo, toda a vida sobre a terra? Qual planta suporta
viver um ano inteiro sob as águas, sem oxigênio? Se as oliveiras do oriente médio não
forem diferentes, nenhuma erva estaria viva naquelas condições.
**********
O Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: - “Não tornarei a amaldiçoar
a terra por causa do homem, nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz”.(8. 4; e 20 a
22).
Comentário: Outra dificuldade que Moisés, encantado com a fabulinha, nem notou e
continuou inventando o impossível:
Ora, o Monte Ararat é o ponto mais alto do maciço da Armênia, com mais de 5
quilômetros de altura! (5.165 m).
Como será que fez Noé para descer de lá, velho como era (seiscentos anos de idade)
e transportar até o sopé da montanha os apetrechos necessários para recomeçar a
vida?
Quantas viagens tiveram de fazer pra cima e pra baixo carregando móveis, alimentos
e objetos de uso pessoal? O deus bem poderia ter feito a arca ancorar em lugar mais
acessível.
4- Outra ainda: Como terá sido a paisagem avistada pela família ao sair da arca?
Floresta nenhuma, árvore nenhuma, erva nenhuma... Nada! O que comeram Noé e os
animais que chegaram de tão demorada viagem? Como sobreviveram até que as
sementes esparramadas sobre o mundo pelo próprio aguaceiro começassem a brotar?
Até que os animais matrizes saídos da arca se cruzassem e começassem a se
reproduzir em larga escala?
5- Os animais eram pra reproduzir, e preencher o mundo, ou eram pro deus encher a
pança?
E pronto! Agora, ele se arrepende por haver se arrependido por haver criado o
homem! Se ele se arrependeu, onde vai parar a afirmação do próprio “autor sagrado”,
que assim se pronunciou mais adiante:
O leitor está lembrado que o deus se penitenciou por haver criado os seres humanos.
Pois agora, ele chora por haver acabado com eles!
É confiável um ser que não honra o que fala? Ele faz, depois se arrepende, toma
resoluções de última hora. Será que Deus Mesmo age feito criança, só vendo o
estrago depois que fez?
“... Os profetas que vos enganam. Quem ouviu a voz de Deus? Quem ouviu o que ele
disse?” (Jer: 23: 16 a 21).
8- Diz ele que não mais amaldiçoará a terra, nem os viventes. A este respeito, Jesus
falou sobre o Final dos Tempos, o ranger de dentes, a grande tribulação:
“Aqueles dias serão de tamanha tribulação como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora e jamais haverá...” (Marcos 13. 19 e 24).
Veja, leitor, a incoerência: o deus de Moisés fala que nunca mais haverá outro
cataclismo, mas Jesus afirma que haverá outro maior que o dilúvio.
Um dos dois está fantasiando. Um dos dois não sabe o que fala. Qual deles? Jesus ou
o deus do Moisés?
**********
2- Detalhe: isso foi falado ao Noé pelo deus, de viva voz. Significa que Noé via e
falava com o deus, apesar de Jesus e o próprio Moisés garantir que ninguém o viu:
“Jamais tendes visto o Pai que me enviou; jamais tendes ouvido a sua voz nem visto a
sua forma”.(João: 5. 37).
Disse Deus: “Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e
viverá”.(Êxo: 33: 20 a 23) “Ninguém jamais viu a Deus”, (João: 1. 18).
“Quem esteve presente no conselho de Deus para vê-lo e ouvir sua palavra?” (Jer. 23:
16 e 18).
**********
Comentário: Não se pode comer sangue, porque o sangue é para Jeová e ele o
reclama para si! Assim, continua torturando e exigindo, 2.000 anos depois que Jesus
provou que era falso aquele deus que bebia sangue:
Jesus respondeu aos judeus: Sois filhos de Abraão, mas procurais matar-me porque
tenho falado a verdade e Abraão não agiu assim (Abrão nunca falou a verdade).
Eu falo as coisas que vi em meu Pai (Deus Verdadeiro); vós, porém, fazei o que vistes
em vosso pai (o deus falso).
Disseram os judeus: Temos um pai que é Deus (pensavam que o deus deles fosse o
Verdadeiro).
Replicou Jesus: Vós tendes por pai o diabo; portanto, vós sois do diabo, que é vosso
pai. Ele... é mentiroso e pai da mentira. Não sois de Deus.” (João: 8. 25 a 59).
Será preciso mais? Jesus falou de modo muito claro que o deus de Abraão, Isaque,
Jacó e Moisés era o próprio diabo, nada tendo em comum com Deus Verdadeiro; ao
contrário, era-lhe o oposto.
**********
33- O deus falou ao Noé: “Sede fecundos, multiplicai-vos; povoai a terra, enchei a
terra. Eis que estabeleço a minha aliança convosco e com vossa descendência. Este é
o sinal da minha aliança entre mim e vós e entre os seres viventes que estão
convosco para perpétuas gerações. Porei nas nuvens o meu arco; será por aliança
entre mim e a terra. O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança
eterna”. (9. 1, 7, 11)
3- Não esquecer que Deus fez aliança de paz com o sobrevivente do dilúvio, assim
como com toda a descendência dele.
Os egípcios também são descendência de Noé – mas Jeová vai esquecer disso e
“mandar pragas” sobre eles para proteger os componentes do “seu” povo.
4- O sinal que o deus colocou para se lembrar da aliança entre ele e os humanos foi o
arco-íris!
Ignoravam ambos – Moisés e Jeová – que o arco-íris, com toda a sua beleza, com sua
linha elegante e suas cores lindíssimas, com todo aquele espetáculo maravilhoso,
conquanto se mostre numa curvatura perfeita entre o céu e a terra, nada tem de
místico.
Aparece um arco-íris – e não o arco-íris, porque existem tantos arcos quanto puderem
ser produzidos pela chuva; às vezes observamos um segundo arco-íris acima do
primeiro.
**********
34- Noé tinha os filhos Sem, Cão e Jafé “e deles se povoou a terra”.(9. 18 e 19).
Comentário: Notar que, até agora, os preferidos do deus continuam tendo filhos
homens. Nada de filhas.
2- Outra vez aparece que, de Noé e seus filhos, se povoou toda a terra. Outra vez
pedimos que se atente para o detalhe: se Noé povoou a terra, todos os nascidos no
mundo daí em diante são descendência dele (egípcios, assírios, cananeus, filisteus...
e nós também), com a qual o deus fez eterna aliança.
**********
35- Noé, o cultivador, começou a plantar a vinha. Bebeu vinho; ficou embriagado, tirou
a roupa dentro da tenda. O filho Cão viu o pai nu e contou o fato aos irmãos, que
cobriram-no com uma capa. (9. 20 a 23)
Comentário: Até aí, tudo bem. Nota-se o sentimento filial daquele trio, que fez o que
lhe competia:
Sem querer, o filho de nome Cão viu o pai sem roupa e aquilo não era um fato comum.
Sem saber o que fazer para evitar que o velho caísse no ridículo, Cão buscou
sugestões com os irmãos, os quais decidiram cobrir a nudez do pai com uma capa.
**********
36- Quando passou a bebedeira, Noé soube que Cão o viu pelado e disse: “Maldito
seja Canaã (filho de Cão); que ele seja servo dos seus irmãos. Bendito seja Sem;
engrandecido seja Jafé; que Canaã lhes seja escravo. (9. 24 a 27)”.
Comentário: Quando passou a bebedeira, o Noé ficou envergonhado por ter sido visto
pelado e amaldiçoou... a quem? A Canaã, o neto, que nada teve a ver com o fato!
Incrível!
glutonarias e não herdarão o reino de Deus aqueles que fazem estas coisas. (Gal: 5.
19 a 21).
2- Repetindo:
Os filhos fizeram sua obrigação: discutiram o fato, decidiram o que fazer e tamparam o
pai.
3- O que Noé queria? Que não o vissem? Ou, que tendo visto se calassem sem tomar
providências? Ou, que o deixassem nu e andando em liberdade pelo acampamento
para que fosse visto por noras e netos?
4- É difícil crer que, para justificar, um milênio depois, a invasão às terras do Canaã,
Moisés tenha arranjado uma maldição desde agora por motivo tão vazio como este: o
pai ter visto o avô sem roupa.
“Ignorando a força do vinho e não acostumado a bebê-lo, Noé foi superado pela
embriaguez; sem culpa, porém”.
“Ló não pode ser inocentado da embriaguez, que leva à perda da razão”.
Dois pesos e duas medidas sempre que se trata de inocentar os ancestrais diretos de
Moisés.
6- Com referência a este particular, uma outra observação: A Bíblia de Jerusalém diz:
“Noé, o cultivador, começou a plantar a vinha”. (9: 20).
Não está escrito que Noé plantou uma vinha. Diz que plantou a vinha.
Muito bem!
Ele tinha culpa sim, pois era cultivador de uvas e, na prática, sua atividade ficou
interrompida somente naquele ano que durou o cataclismo; a seguir, houve uma quase
continuidade de plantação de vinha.
Sem esquecer que, à época do dilúvio Noé contava com seiscentos anos de idade (7:
6 e 11), conclui-se que, há pelo menos quinhentos e oitenta anos ele conhecia vinho,
fabricava vinho, bebia vinho e se embebedava.
Não há como inocentar alguém com tamanha experiência no ramo. Noé bebeu porque
quis, embriagou-se conscientemente, fez escândalo porque estava acostumado a
promover escândalos.
**********
Em verdade, as meninas nasciam sim, com a mesma freqüência com que nascem os
meninos. No entanto, Moisés não faz referência a elas porque, na concepção dele, era
vergonhoso produzir meninas.
Boa pergunta.
E vou perguntar de novo, com outras palavras: Se Noé só teve filhos machos; se seus
filhos só tiveram filhos machos e se esta família foi a única que sobrou do dilúvio, com
quais mulheres se casaram os netos de Noé?
3- Supondo que a família do Noé tivesse tido também filhas, analisemos a situação:
Supondo agora que a família não tivesse tido filhas, então as únicas mulheres eram a
esposa e as noras de Noé. Neste caso acasalaram mãe com filho, sogro com nora, tia
com sobrinho numa promiscuidade asquerosa, incesto a não mais poder!
4- Aqueles moços também poderiam optar por sair pelo mundo à procura de mulheres
com quem se casar. Se Caim encontrou esposa, por que eles não haveriam de
encontrar?
Se os netos de Noé encontraram fora da família mulheres com quem se casar, a bíblia
é mentirosa.
**********
Da descendência de Cão nasceu Ninrode, que foi valente caçador e muito poderoso
na terra de Sinear, de onde saiu para edificar Nínive, Reobote-Ir, Calá e a cidade de
Resém. Desta descendência saíram também os filisteus, os jebuseus, os amorreus, os
girgaseus, os heveus, os harqueus, os sineus, os arvadeus, os zemareus e hamateus
- todos da família dos cananeus, cujos limites ia desde Sidon, indo para Gerar, até
Gaza, indo para Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboin, até Lasa. (10. 1 a 32).
CAPÍTULO 5
ABRAÃO (1)
39- O povo fez tijolos para erguer uma torre muito alta e se tornar famoso. Então
desceu o senhor para ver a torre e disse: Eis que o povo é um e todos falam a mesma
língua. Agora não haverá restrição para o que queiram fazer. Vinde, desçamos e
confundamos sua linguagem para que um não entenda o outro. (11. 1 a 7).
Comentário: Jeová precisou descer para ver de perto! De onde estava não enxergava,
porque naquela época ainda não haviam inventado os óculos. E o deusinho de Moisés
era míope, certamente. Aliás, bem diferente do nosso Deus Verdadeiro, que não
precisa se aproximar para saber o que acontece em cada planeta nem nos mais
distantes sóis e galáxias.
2- E lá vem Jeová tomando resolução de última hora, de novo! Agora, vem querendo
confundir linguagem para dividir os humanos, formando grupos inimigos.
Por triste que seja admitir, está na bíblia: o próprio deus dividiu os homens!
3- Falando nisso, por que o deus não confundiu também a linguagem dos bichos? Os
cães latem em auauês em qualquer lugar do mundo; os gatos miam no idioma
miamês, os burros zurram no mesmo idioma e se entendem em qualquer lugar. Por
que os homens não?
4- Por qual motivo confundir a linguagem? Não seria melhor se falássemos todos a
mesma língua e formássemos uma só nação onde imperasse o entendimento e a paz?
O que ele ganhou com isso? O que o povo ganhou? O que o mundo ganhou?
5- Desta maneira “criativa” o Moisés – que não sabia como nem porquê a humanidade
passou a falar línguas diferentes – “justificou” o fato com a Torre de Babel e fim! Todo
mundo acreditou e a fábula é tida como verdade ainda hoje.
Deixando a mentira, cada um fale a verdade porque somos membros uns dos outros.
(Ef: 4. 25)
Que bom seria se não houvesse restrição para o entendimento entre os povos, não é?
Que bom se não houvesse a barreira da linguagem! Que bom se todos nos
compreendêssemos, se falássemos uma só língua! Que bom se o progresso e a paz
não tivessem sido obstruídos pelo deus, que trouxe a divisão entre os povos!
Outra vez o deus fala no plural. Aqui, porém, há um fato novo: ele chamou alguém
para acompanhá-lo: Vinde...
Ainda bem que ele não tentou “explicar”! Melhor o silêncio que um esclarecimento
hilariante como a Torre de Babel.
**********
40- Aparecem as gerações de Sem, com filhos e filhas. Desta linhagem nasceram
Abrão e Ló. (11. 10 a 28).
Comentário: Opa! Jeová mandou filhas aos descendentes dos seus protegidos! Ele
errou!
**********
A mulher de Nacor chamava-se Milca; esta era filha de Arã, que era o pai de Milca e
de Jesca.
Taré tomou seu filho Abrão, seu neto Ló, sua nora Sarai, mulher de Abrão e saiu com
eles para as terras do Canaã, onde se estabeleceram. (11: 27 a 31).
Comentário: Aqui, Moisés detalha a origem de Milca, cuja importância histórica é nula,
é o mesmo que nada; e não fala nos pais de Sarai, cujo valor está em ter sido a “mãe”
dos judeus. Moisés não fala sobre a ascendência de Sarai. Diz apenas que ela era
esposa de Abrão e nora de Terá.
**********
Depois, Jeová mandou Abrão sair daquela terra e ir para a terra que lhe mostraria.
Prometeu abençoá-lo e engrandecer seu nome. E falou: Abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Em ti serão benditas todas as
famílias da terra. (12. 1 a 3)
Comentário: Olha só! A esposa do protegido era estéril! O deus errou de novo!
2- Dentre tantos, Jeová escolheu Abrão para proteger. Por que esta atitude
discriminatória? Por que abandona os outros? O que fez o Abrão de extraordinário
para ser escolhido? Ou o deus escolhe assim, à vontade, qualquer um?
No entanto, o motivo secreto de Moisés é que ele próprio era descendente de Abraão
– e não de algum outro.
4- Vendo um deus que amaldiçoa seres humanos, percebemos o quanto estava certo
Jesus quando se dirigiu aos hebreus, ao se referência ao deus de Moisés: “Não sois
de Deus! O diabo é vosso pai” (João, 8. 44 a 47).
**********
43- Abrão, sua mulher Sarai, o sobrinho Ló e família saíram de viagem. Atravessaram
a terra até Siquém, onde habitavam os cananeus. Apareceu o Senhor a Abrão e lhe
disse: “Darei à tua descendência esta terra” (12. 4 a 7).
Comentário: Eis o deus falando face a face com o protegido, quando já sabemos da
impossibilidade de falar diretamente com Deus Verdadeiro... A não ser que aquele
deus que vira e mexe aparecia, não fosse deus nenhum.
Quando Moisés mentiu: quando afirmou que Abrão falou face a face com Deus de
Verdade, ou quando garantiu a impossibilidade de ver Deus diretamente?
Disse Deus a Moisés:
Não me poderás ver a face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá.
2- Observar que foram viver em Canaã, terra daquele sujeito, cujo pai o viu o Noé
peladão.
3- Concluímos que Jeová presenteou Abrão com terras que já tinham dono, porque
não tinha mais terras para dar; não sabia construir outras terras e nem sabia que o
maior continente do mundo – a América – estava sem dono e desabitado. Mesmo que
soubesse, como transportar seus afilhados pra tão longe, limitado como era?
Ora, quem chegou primeiro ao local, desbravou a terra, fez melhoramentos tornando-o
habitável e ali residiu pacificamente por vários séculos e, por direito de antigüidade
tornou-se dono, era descendente de Noé, aquele grande amigo do deus, que até que
andava com o deus (6: 9).
Pouco importa se estamos falando do Canaã. Ele era um ser humano com todos os
direitos e deveres dos demais, havendo conquistado a proteção do deus por ter
suportado os sofrimentos dentro da arca durante o dilúvio; por ter ajudado a recolher,
cuidar, alimentar e manter a ordem entre os animais naquele longo espaço de tempo
que durou o aguaceiro.
Se depois o Noé o amaldiçoou por causa que seu pai o viu nu, Jeová não tinha nada
com isso e não tinha de se intrometer em briga de família. Aliás, precisava ter passado
uma descompostura era no Noé, mais ou menos assim:
“Perais aí, ó Noé! Quem sois vós pra amaldiçoar os meus filhos? Bebeis, ficais
bêbado, arrancais a roupa e saís amaldiçoando quem vos aparece pela frente? Pois
eu neutralizo a vossa maldição e olheis lá! Não me caiais noutra, heim? Hã! Vós
tendes de aprender a ser bom, e não a usar a língua como arma contra vossa família!”
(Desculpe, leitor, se a segunda pessoa do plural não estiver correta.).
Mas não! O Noé falou, Jeová baixou a cabeça, calou a boca, aceitou, assinou embaixo
e obedeceu...
4- O deus apareceu também ao Abrão. No entanto, segundo Jesus, ninguém viu Deus.
Até aqui, porém, ele apareceu ao Adão e seus filhos, ao Noé, e agora, ao Abrão. E vai
aparecer e conversar olho no olho com os humanos muitas outras vezes!
Palavras de Jesus: “Jamais tendes ouvido a voz nem visto a forma do Pai que me
enviou” (João: cinco. 37).
Decerto eram pais diferentes, uma vez que o próprio Jesus falou com todas as letras:
“Aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conheceis”.(João: 7. 28).
“Eu sim, vim de Deus. Vós tendes por pai o diabo, portanto, vós sois do diabo, que é
vosso pai.
**********
44- “Abrão ergueu um altar ao deus que lhe apareceu” (12. 7).
Comentário: Muito bem: Se o altar foi a aquele – e não a outro –, então há mais de um
deus?
E cadê o Moisés, que segundo os “conhecedores”, veio trazer ao mundo a crença num
deus único?
**********
45- Para não passar fome em Neguebe, Abrão seguiu para o Egito dizendo a sua
mulher: És formosa; os egípcios, quando te virem, dirão: “É mulher dele; e me
matarão. Dize, pois, que és minha irmã, para que me conservem a vida”. (12. 9 a 13).
Comentário: Abrão foi matar a fome no Egito onde, mais tarde, tantos males foram
feitos por Moisés, seu descendente.
2 – Disse que a esposa era sua irmã e a entregou para ser possuída por outro e
assim, manter-se vivo.
3 – Se o deus dele fosse poderoso, Abrão não ia precisar de estratagema tão sujo,
pois não seria morto de jeito nenhum, considerando que o deus o protegeria. Mas, na
verdade, as intenções de Abrão eram outras, como veremos abaixo.
Digo a verdade que ouvi de Deus; Abraão não procedeu desta forma (João: 8. 40).
Não se ocupem com leis vindas de homens desviados da verdade (Tito: 1. 14).
Deixe a mentira, fale sempre a verdade, pois somos membros uns dos outros (Ef: 4.
25).
Não mintais, pois despistes do velho homem e vos revestistes do novo homem (Col: 3.
8 a 10).
O diabo, vosso pai, jamais falou a verdade, porque nele não há verdade (João: 8.44).
**********
46- Os egípcios falaram de Sarai ao faraó, que a mandou buscar. E, por causa dela,
ele tratou bem a Abrão, “o qual veio a ter ovelhas, bois, jumentos, camelos e
escravos.” (12. 14 a 16)
Está na bíblia para quem quiser tirar a prova: a armação deu certo porque, enquanto o
faraó dormia com a mulher, o marido enriqueceu vindo a ter ovelhas, bois, jumentos,
camelos, escravos. Não só ele, mas Ló também ficou rico, pois estavam juntos.
Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo (Lev. 19:
11).
**********
47- “O Senhor puniu o faraó e sua casa com grandes pragas por causa de Sarai,
mulher de Abrão” (12. 17).
Comentário: Incrível! Jeová castigou o faraó por haver tomado Sarai por esposa!
Acho que isto não está na bíblia e somos nós que estamos com as vistas curtas, lendo
absurdos!
Mas está lá, com todas as letras, para quem quiser conferir.
a) Para não ser morto, Abrão mentiu dizendo que Sarai era simplesmente sua irmã e a
entregou à gula sexual do faraó, que a possuiu com inteiro consentimento do marido
alcoviteiro.
b) Enquanto Sarai se divertia com o rei, Abrão recebia o que lhe tocava na
negociação. Sim, porque houve negociação: “Eu só entrego ‘minha irmã’ em troca de
riquezas”.
c) Aí, Jeová se volta contra quem? Terá se voltado contra o Abrão, o espertalhão que
enganou, mentiu descaradamente e foi falso a não mais poder?
Este deus tem memória curta porque, mais adiante, esqueceu a malandragem do
Abrão e determinou como mandamento: “Não mentireis, nem usareis de falsidade com
vosso próximo” (Lev. 19: 11).
2- Não esquecer que os egípcios – o faraó também – saíram das mãos do mesmo
criador – mas agora, Jeová protege Abrão e castiga o faraó! Grande criador!
Não aceitarás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios. (Deut. 16: 19)
“Eu o escolhi para que tu e teus filhos guardeis o caminho reto e pratiquem a justiça e
o direito”. (18: 19)
Não sabemos, ninguém sabe! Moisés não especifica, porque não houve praga. Isso é
fantasia do narrador “sagrado”
**********
48- Vendo-se enganado, o faraó chamou Abrão e disse: O que me fizeste? Por que
não disseste que ela era tua esposa? Eu a tomei para minha mulher. Agora, toma a
tua mulher e vai-te. (12. 18 e 19).
Comentário: Lê-se o espanto do faraó ao saber a verdade. Nota-se por estas palavras,
que ele era inteiramente inocente. Se fosse errado o faraó dormir com Sarai, por que o
deus não falou antes? Por que esperar o erro ser cometido e só depois reprová-lo?
Erro é sempre erro, antes ou depois de praticado.
Por que o deus não deu uma bronca no Abrão? Se alguém merecia castigo era o casal
de delinqüentes – jamais o faraó.
2- E olhe, que o casal “sagrado” foi escolhido para ensinar aos descendentes a virtude
da justiça!
“Eu te escolhi para que tu e teus filhos guardeis o caminho reto e pratiquem a justiça e
o direito”. (18: 19)
Ou será que nosso senso de justiça é que sofreu algum dano e estamos vendo as
coisas por uma ótica deturpada?
3- A Sarai chegou a ser mulher do faraó! Chegou a pertencer a ele não se sabe por
quanto tempo, mas Jeová só veio “castigar” o rei depois que este havia presenteado o
covardão do marido dela com muitas riquezas.
Se a moda pega!
“Louco! Esta noite pedirão a tua alma; as riquezas que acumulastes para quem
serão?”
Inviolada! – e explicam que as novas esposas do rei não eram admitidas senão após
longa preparação; e justificam sua posição exemplificando com Ester 2: 12 e 13.
Acontece, porém, que os versículos citados em Ester referem-se à Pérsia, com moças
virgens que viriam a ser rainhas daquele país – e não às velhas hebréias gastas pelo
uso em terras do Egito.
Acontece ainda que, nos versículos de Ester, a virgem a ser admitida na presença do
rei viria a ser sua esposa, união com objetivos sólidos em caráter permanente – e não
uma concubina qualquer, numa união em caráter passageiro e sem durabilidade como
no caso Sarai. Certamente, a preparação de uma jovem virgem que viria a ser esposa
rainha devia sim, ser prolongada porque nesta união poderia estar o futuro de toda a
Pérsia. Mas uma concubina não necessitava – como não necessita ainda hoje – de
longo preparo, desde que o objetivo da união é a satisfação sexual do casal de modo
imediato e transitório.
5- Para quem estava fugindo da fome, Abrão saiu bem estocado. Além de covarde,
malandro, mentiroso e alcoviteiro ele era ladrão, pois chegou pobre e saiu podre de
rico sem ter trabalhado. O correto era ter devolvido os presentes e saído como entrou:
de mãos vazias, mas honrado.
A este exemplo de “retidão moral”, o deus protegeu! E este “poço de virtudes” nos foi
oferecido pelo deus - e pela bíblia - como modelo para que lhe sigamos as pegadas!
O reino de Deus não é comida, nem bebida. É justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
(Rom: 14: 17)
5- Ter visto o pai sem roupa valeu a Cão a maldição sobre o filho Canaã – mas
trapacear com o faraó valeu a Abrão as bênçãos do deus, a justificativa de Moisés e
de todos quantos lêem esta história ainda hoje.
Mas será que Deus Verdadeiro, Deus Mesmo – não o de mentira – terá aceitado
aquela sujeira? Abrão terá sido perdoado pelo Máximo Juiz?
“Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?” (Mar: 8. 36).
**********
49- O faraó ordenou que seus homens conduzissem à fronteira a família de Abrão,
sua mulher e seus bens. (12: 20)
Saiu Abrão do Egito com Sarai e Ló. Abrão estava “muito rico; possuía gado, prata,
ouro, escravos e escravas”.(12: 14 a 16 e 13: 1 e 2)
2- E saiu muito rico, levando ouro, prata, animais e escravos egípcios, em troca da
mentira que contou – e o deus achou bom, aprovou e bateu palmas.
**********
50- Ló saiu do Egito com Abrão, também possuindo seus próprios rebanhos, gado e
tendas. (13. 5).
Comentário: Significa que o faraó também presenteou Ló, com abundância. Assim, Ló
também foi mentiroso; foi cúmplice de um roubo e também ladrão. Enriqueceu à
sombra da perfídia, acoitando criminosos e recebendo sua parte daquele dinheiro sujo.
Não era nenhum santinho para ser protegido no lance da destruição de Sodoma e
Gomorra, que vamos analisar logo ali.
“Não possuais ouro nem prata, nem cobre, nem bagagem, nem duas túnicas, nem
sandálias, nem bordão porque digno é o operário de seu alimento” (Mat: 10. 9 e 10).
**********
51- As terras para onde foram Abrão e Ló não podia sustentá-los porque eram muitos
os seus bens, de sorte que não podiam habitar um na companhia do outro. Houve
contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Nesse
tempo, os cananeus e ferezeus habitavam essa terra. (13. 6 e 7)
Saíram tão ricos, que a terra não tinha como sustentar tantos animais e escravos. A
ponto de seus pastores brigarem entre si!
Vosso ouro foi gasto pela ferrugem e será testemunho contra vós mesmos (Tg: 5. 1 a
3).
**********
52- Para não brigar entre si por causa dos pastores, Abrão e Ló se separaram, cada
qual para uma banda. Ló escolheu para si a campina do Jordão. e armou suas tendas
até Sodoma. Abrão habitou na terra de Canaã. (13. 11 e 12)
CAPÍTULO 5
ABRAÃO (1)
(Continuação)
53- E Jeová apareceu ao Abrão, dizendo: “Toda esta terra darei a ti e à tua
descendência para sempre” (13. 14 e 15).
2- O deus ofertou a Abrão e descendentes a terra que tinha dono. Mais tarde, no
entanto, os tais descendentes – que não são outros senão o próprio Moisés e seus
fugitivos – tiveram de guerrear para conquistar a mesma terra que o deus, teretetê,
vivia dando de presente!
Em verdade, Jeová passou boa parte desta história entregando as terras cananéias a
Abrão, a Isaque e a Jacó, ancestrais de Moisés. O interessante é que eles
“ganhavam”, mas não levavam. Isto é, Jeová dizia que ia dar as terras, mas nunca as
deu, de fato.
Este deus é, segundo Jesus, um mentiroso. E é mentiroso sim, porque dá o que não
tem.
Abrão e Ló se apartaram. Ló arranjou onde morar, mas Abrão teima em ficar em terras
cananéias. Nenhuma vez se nota esta família procurando uma terra para si. Por quê?
**********
54- Ló ficou em Sodoma. Havendo guerra entre os reis da região, ele foi tomado com
todos os seus bens e levado dali. Porém, um dos escravos fugiu, contou tudo a Abrão
que mandou trezentos e dezoito homens dos mais capazes e os perseguiu ”trazendo
de volta Ló, os seus bens todos, mais as mulheres e o povo”. (14. 1 a 16)
Comentário: Esta passagem evidencia o poder de Abrão: ele usou trezentos e dezoito
homens dos mais capazes, somente pra salvar o Ló. E sobrou gente no
acampamento! Pelo detalhe, nota-se o quanto Abrão foi “abençoado” pelo deus
naquela viagem ao Egito.
Peraí! As mulheres não estavam contidas como “bens”, nem como “povo”!
Moisés não as considerava como gente e nem como objeto, eram elas menos que
nada!
O que Moisés tinha contra elas? Por que não gostava de mulher?
No entanto, Deus de Verdade não faz diferença entre pessoas. (Atos: 10. 34). Deus
Autêntico não protege, nem despreza. Quem faz distinção; quem despreza uns e
protege outros é o deus de Abrão que não criou mulher, nem homem, nem coisa
alguma.
**********
Se fosse sacerdote de outro deus, o Abrão não aceitaria a benção, por ser um “deus
estranho”.
Se fosse sacerdote do mesmo deus, então este deus já era conhecido, já havia culto a
ele e houve injustiça quando escolheu proteger Abrão, que não era melhor que os
demais adeptos do mesmo deus.
Se você disser que Abrão foi protegido por ser descendente de Noé, o salvador da
semente humana, respondemos que o rei de Salem também era descendente dele;
que todo mundo era – e, de acordo com a bíblia, até nós o somos, e nem por isso
reivindicamos proteções extras.
Se você disser que Abrão foi escolhido por obedecer às regras do deus, perguntamos:
Que regras são estas que, até este ponto da narrativa não vimos nenhuma?
Se disser que Abrão foi escolhido por ser virtuoso, nós sentimos pena pela sua
ingenuidade.
Imagine, leitor! Agradecer a Deus por facilitar a derrota dos inimigos, os quais também
eram seres humanos, com os mesmíssimos deveres e direitos!!! Que sofriam da
mesma maneira para ter filhos e criá-los! Que desbravavam terras, plantavam,
colhiam, padeciam calor, frio, sede, fome, dor, doença e comiam com o “suor do seu
rosto”.
Se foi ele quem fez tudo e todos, não tem sentido entregar uns nas mãos de outros.
De acordo com o que aprendemos nos ensinamentos de Cristo, fica claro que aquele
deus não existia, que era criação da mente doentia de Moisés – ou, se existia não era
um ser de luz, não tinha poderes e só se aproveitava do que Deus Autêntico criou.
**********
Respondeu Abrão:
Continuo sem filhos, não me concedeste descendência. Eis que um servo de minha
casa, o damasceno Eliezer será meu herdeiro.
E o deus garantiu que Abrão teria um filho e sua descendência seria muito grande (15.
1 a 5).
O que ele fez de tão positivo, a ponto de receber alguma recompensa, diretamente do
deus?
Estamos acompanhando palavra por palavra e, até este ponto da narrativa, ele não fez
coisa alguma que merecesse uma estátua, uma taça ou uma medalhinha que seja;
nada que sirva de bom exemplo, nenhum serviço prestado à humanidade nem em
benefício de outra pessoa.
2- Abrão acreditou que viria a ter descendência, e “esta fé mereceu a ele o título de
justo, agradável ao deus”, de acordo com os exegetas.
No entanto, estes mesmos exegetas não viram – ou fingiram não ver – que, logo mais
adiante, o deus veio “pessoalmente” dizer que Abrão teria um filho – mas Abrão riu e
não acreditou, chegando a pensar: “Um homem com cem anos poderá ainda ter um
filho? E Sarai, com noventa anos, poderá ainda dar à luz?”
O pensamento foi tão vivo, que o deus chegou a detectá-lo!
**********
57- E Jeová repetiu que ia dar a ele a terra de Canaã por herança.
E “a tua posteridade será peregrina em terra alheia, será reduzida à escravidão, será
afligida por 400 anos. Mas eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; depois sairão
de lá com grandes riquezas. (15. 13 e 14)".
Comentário: As terras de Canaã não iam ser de Abrão e descendentes para sempre?
(ver nota 53) Por que enfrentar escravidão em terra alheia antes de receber o
“presente”?
2- Ele diz que as terras de Canaã serão de Abrão “por herança”. Mas, que significado
tem isso?
Bem... Se herança é bem que passa de pai para filho ou de ancestrais para as
gerações mais novas, então Jeová não tinha direito nenhum de “dar por herança” a
terra de Canaã,
§ Segundo: o pai de sangue de Abrão era Taré, que morreu sem lhe haver deixado
terra alguma. Aliás, veio ele também, Taré, para comer de graça nas terras dos
cananeus. (11: 31 e 32)
§ Quinto, a terra de Canaã não era do pai de Abrão e, para ser herança, teria de vir
do pai de sangue de Abrão ou, por testamento, do verdadeiro dono – e Canaã não o
nomeou herdeiro de nada;
§ Sexto, as terras de Canaã, por herança, ficariam para os filhos de Canaã, é claro!
– e jamais para Abrão, a não ser que Abrão as comprasse e as pagasse – ou que as
roubasse. Mas estas últimas hipóteses, não poderiam ter o nome de herança.
Os intérpretes do “livro sagrado” dizem que a punição dos cananeus e dos amorreus
consistiu em passar as suas terras às mãos dos hebreus!
Punição por quê, Meu Deus Verdadeiro? Pelo pai ter visto o avô Noé nu? Neste caso,
médicos e enfermeiros serão todos amaldiçoados, porque vêem pacientes pelados
todos os dias. Também vêem gente sem roupa pintores de nus artísticos, fotógrafos,
farmacêuticos, esteticistas, prostitutas...
Aliás, se Jesus, o Grande Jesus, perdoou a prostituta com a famosa frase: “Atire a
primeira pedra aquele que estiver sem pecado” (João: 8. 4 a 7), como é que o Moisés
vai assim, sem mais nem menos amaldiçoando gente e seus descendentes por
séculos e séculos e deixando por isso mesmo?
3- Jeová previu o futuro! Eta deus sabido! Avisou que a posteridade de Abrão seria
escrava, mas que ia fazer os hebreus saírem muito ricos da servidão.
É fácil “prever” um fato depois que ele aconteceu. No momento em que Moisés
escreveu esta “profecia”, os 400 anos de escravidão haviam acabado e os hebreus
saíram sim, muito ricos, quase sem poder carregar tudo o que roubaram dos egípcios;
esta história será contada em Êxodo.
Se Jeová tivesse poder para proteger alguém, por que não evitou que os afilhados se
tornassem escravos, a ter de libertá-los depois?
Interessante é que mais tarde, Deus não apareceu nem ao próprio Jesus, que recebeu
a mais elevada das missões planetárias!
Ou, se aconteceram contatos face a face, Jesus nunca os alardeou para não humilhar
ninguém.
Que diferença entre Jesus e os antepassados de Moisés que, por dá cá aquela palha,
estavam “falando” com o deus e fazendo o maior escarcéu para que todos ficassem
sabendo.
O Anjo Gabriel aparece a Maria falando sobre a vinda de Jesus. (Luc: 1. 26 a 33).
Nada de aparecer Deus!
Em sonho, José é avisado pelo Anjo para fugir para o Egito com a família.(Mat: 2.14).
Nada de aparecer Deus!
Em sonho, José é avisado da morte de Herodes e que já retornar à sua terra. (Mat: 2.
19 e 20). Nada de aparecer Deus!
No batizado de Jesus, o Espírito Santo desceu sobre ele em forma de uma pomba.
(Luc: 3. 21). Nada de Deus!
Para Jesus veio um Anjo confortá-lo na hora de sua angústia maior – e não Deus.
(Luc. 22. 43).
Maria viu dois anjos no lugar onde estivera o corpo de Jesus. (João: 20. 11 a 13).
Nada de aparecer Deus!
Um anjo apareceu a Pedro na prisão, livrando-o das correntes. (Atos: 9 a 11). Nada de
aparecer Deus!
“Jamais tendes ouvido a voz nem visto a forma do Pai que me enviou”. (João :5. 37)
“Rei dos reis, a quem homem algum jamais viu nem é capaz de ver”. (Tim: 6. 16).
“Não me poderás ver a face, porque ninguém verá a minha face e viverá”. (Êx: 33: 20
a 23)
“Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. (1-João: 4. 8) (Se
Deus é amor, é possível senti-lo – mas é impossível vê-lo. Alguém terá visto o amor
andando pela rua? Alguém terá batido um papinho com o amor em pessoa, olhando
em seus olhos?).
**********
58- “Naquele mesmo dia fez o Senhor aliança com Abrão dizendo: À tua
descendência dei esta terra, desde o Egito até o grande rio Eufrates: o heteu, o
ferezeu, o amorreu, o cananeu e o jebuseu”. (15. 18 a 21)
Comentário: Aqui, a mesma coisa de sempre: Todos os aqui citados são descendentes
de Canaã, filho de Cão que, por sua vez, era filho de Noé.
Difícil crer na maneira como o Moisés já se justificava por, mais de um milênio depois,
querer passar a perna nos cananeus e se apossar pessoalmente daquelas terras
como se tivessem sido dadas de presente pelo deus a seus antepassados.
Certamente eram terras muito boas, em relação às demais terras conhecidas de
Moisés.
“A paciência do deus tem limites. Se o réu não se corrigir, o deus aplica o castigo. A
punição dos amorreus consistiu em passar suas terras às mãos dos hebreus”.
Pelamordedeus! Cadê seu senso de justiça e retidão dos exegetas? Cadê sua
inteligência, seu raciocínio, seu equilíbrio? Terão seus valores sido ofuscados pelo
medo de pecar e, por este motivo, endossam e justificam tantas babaquices? Vamos
nos deter nas suas palavras:
a) A paciência do deus tem limites (!) Que deus é este cuja paciência tem uma
medidazinha curta como se fosse gente? Paciência significa “ciência da paz”. Assim,
como colocar em dúvida a paz e a mansidão de Deus Único, Grandioso,
Soberanamente Justo e Bom? Não, este deuseco que eles colocaram com estopim
curto não é Deus Verdadeiro, cuja paciência é eterna e ilimitada para com os nossos
erros.
b) Se o réu não se corrigir... Que réu é este? De quem estão falando? Será que
passaram pra outro assunto e nós nos perdemos no caminho? Não. Eles estão
falando ainda na prole de Canaã, filho de Cão, aquele que viu o pai sem roupa e,
deste “crime” seus descendentes não têm como se livrar! Será que as novas gerações
da família de Cão continuaram espiando o velho sem roupa, por todos os séculos e
séculos amém? Sim, só se for isso, porque é impossível que alguém possa modificar o
fato do Noé ter sido visto pelado tantos séculos depois.
c) A punição dos amorreus consistiu em passar suas terras às mãos dos hebreus.
Que disparate!
c-1)Pra começar, os amorreus tiveram suas terras roubadas pelos hebreus. Roubadas,
sim, senhores! – e não passadas calmamente, conforme os exegetas dão a entender.
c-2) Pra continuar, Jeová seria diabólico se cobrasse das novas gerações, um pecado
cometido pelos seus velhos, por pior que fosse tal pecado.
c-3) E, pra terminar, a prole de Canaã viveu em paz naquelas terras –, não obstante
Jeová dá-las de presente a uns e outros –, até que Moisés enfiasse na cabeça que as
queria para si porque era naquele pedaço de deserto que pretendia fundar seu reino.
Aí foi um inferno, porque, mesmo depois de morto Moisés, seu veneno continuou
agindo e suas ordens de arrasar as terras dos cananeus e tomá-las para si acabaram
se concretizando.
**********
59- Sarai, mulher de Abrão era estéril e; tendo uma serva egípcia de nome Agar, disse
ao marido: Toma a minha serva e assim me edificarei com filhos por meio dela. E
Abrão aceitou. Então Sarai tomou Agar, a serva egípcia, e deu-a por mulher a Abrão,
depois de haver com ele habitado dez anos na terra de Canaã (16.1 a 3).
Comentário: Agar, a serva egípcia, veio naquele lote, lembra? Naquele lote de
escravos que o faraó deu a Abrão para livrar-se do “pecado” de ter tomado Sarai por
mulher.
Bela maneira de ser tratada uma escrava nas mãos dos hebreus: entregue assim, sem
mais nem menos para servir como repasto sexual e desprezível reprodutora!
Se Agar queria ou não, se ela preferia se casar e ter filhos para si, ninguém perguntou
porque os sentimentos de uma escrava não interessavam aos donos. Ah, que
diferença de Deus Verdadeiro!
Não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher,
2- Certamente a escrava foi forçada por não ter como recusar, por não ter quem a
protegesse. Assim, este ato brutal teria sido um estupro, com a cumplicidade de Sarai!
Belo casal!
Ainda que eu fale a língua dos anjos, se não tiver amor serei como o bronze que soa,
ou como o sino que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça os
mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé que transporte montanhas,
se não tiver amor, nada serei. Ainda que eu distribua os meus bens entre os pobres;
ainda que entregue meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me
aproveitará”. (Cor: 13. 1 a 3).
3- Notar que Jeová não veio a Abrão falar para ter paciência, pois Sarai viria a ter um
filho, conforme nossa nota 56.
Segundo o “livro sagrado”, após o deus prometer um filho a Abrão, este acreditou e
isso lhe foi levado em conta. (15: 6)
Se, de fato, o deus havia prometido filhos a Abrão através de Sarai, não tinha sentido
fazer filhos na escrava só para ter descendência; ele teria sabido esperar. Ou Abrão é
igual ao deus, “cuja paciência tem limites”?
4- O deus, mesmo “sabendo”, que Abrão viria a ter um filho dentro do casamento, não
veio alertar que possuir a escrava era errado.
O faraó pecou ao tomar Sarai, mas Abrão tomar a escrava por mulher foi certo... Ou
para o deus, escrava não era gente?
E não digam que escrava era propriedade do dono e patati, patatá. Esta prosa não
vale para o Autor Verdadeiro da Vida.
5- E quem pode provar que Sarai queria mesmo que Abrão tivesse filhos através de
Agar?
Quem garante que não foi o Abrão quem se apossou da bela escrava, escondidinho
de Sarai?
Não terá Moisés, ao escrever a história do seu povo, encontrado o meio descrito para
justificar a atitude do Pai Abrão por ter tido filho com uma serva, cuja nacionalidade
que veio depois a ser odiada pelos judeus?
6- Notar que fazia dez anos que moravam em Canaã; que ali matavam a fome e
enriqueciam sem pagar aluguel, sem contribuir com trabalho e sem que fossem
importunados pelos legítimos donos do chão.
Ora, ora! A qual direito “vigente” se referiam os comentaristas? Às leis sujas, fugazes e
interesseiras dos homens? Onde estava o deus, que não apareceu pra falar que
escrava era ser vivo, sentinte e pensante, digno de respeito e consideração? Que,
acima das leis humanas prevaleciam as divinas?
60- Abrão possuiu a escrava e ela concebeu. Diz a bíblia que se vendo grávida, a
escrava desprezou Sarai, a esposa de Abrão. Nervosa, esta brigou com Abrão,
dizendo: “Julgue o Senhor entre mim e ti” (16. 4 e 5).
Comentário: Vamos supor que a história bíblica esteja absolutamente certa. Neste
caso, perguntamos:
Não foi isso que ela mesma tramou? Não foi ela, Sarai, quem entregou Agar, como se
fosse uma mercadoria desprezível ao marido para que a engravidasse? E agora,
quando Agar ficou grávida, a Sarai achou ruim?
Isso é incoerente num casal escolhido a dedo do deus para ensinar a retidão e a
justiça... Mas haverá algo não incoerente nesta história sagrada?
2- Supondo que Sarai tenha mesmo ficado bravinha com o fato, significa que ela não
entregou, de boa vontade, a escrava ao marido.
Pela reação da esposa, é possível que os fatos tenham se passado de outra maneira.
Veja, leitor, se assim não fica melhor:
3- Sim, pois quem pode provar que a escrava humilhou Sarai? Se mulher escrava
valia menos que nada, Agar não teria muitas oportunidades para sapatear em cima da
dona.
Abrão não queria nada com Agar; foi Sarai quem o obrigou a dormir com aquela
escrava jovem e linda! Coitado dele, teve de fazer aquilo que lhe causava
repugnância!
E a Sarai! Estava tão contentinha vendo crescer a barriga da belíssima escrava que
ficou grávida do marido dela! A culpada pela briga foi Agar, que humilhou Sarai.
**********
61- “Respondeu Abrão a Sarai: A tua serva está nas tuas mãos, procede como melhor
te parecer. Sarai humilhou-a e ela fugiu de sua presença”. (16. 6)
Depois, sentindo inveja pela barriga da escrava e ciúme por dividir o marido, Sarai
demonstra todo seu egoísmo: torna-se odienta, maledicente e briguenta. E se vinga
com crueldade.
Oito antivirtudes concomitantes! São muitas antivirtudes a uma afilhada do deus, que
escolheu o casal justamente para que guardassem o caminho do Senhor e
praticassem a justiça e o juízo. (18. 19).
E, irada, Sarai maltratou a outra. De que maneira terá humilhado Agar, a ponto desta
fugir dali?
Amareis o estrangeiro que peregrina entre vós, como se fosse vós mesmos (Lev. 19:
34).
**********
62- Agar fugiu e parou junto a uma fonte no deserto, onde um anjo do Senhor a
encontrou e disse: “Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos. Darás à luz
um filho, a quem chamarás Ismael, porque o Senhor te acudiu na tua aflição”.
Comentário: Talvez porque uma escrava não merecesse a atenção do deus “em
pessoa”, o narrador foi coerente! Sim! Aleluia! Aqui, quem aparece não é o deus – e
sim um anjo, ou enviado, ou emissário, ou entidade de luz, ou guia espiritual, como
queiram. Um Ser Elevado, sim senhor!
E, como Agar era clarividente e clariaudiente, enxergou e ouviu o mensageiro de luz.
2- E aconteceu a única coisa sublime até o presente ponto desta saga: uma escrava
desprezada pelo preferido do deus de mentira foi socorrida por um Mensageiro de
Deus de Verdade!
3- E veja o conselho do anjo – o mesmo conselho que daria Jesus: “Volta e humilha-
te”.
Lindo! Que doçura de palavras! Parece o próprio Jesus dizendo: “Se alguém te ferir na
face esquerda, oferece a outra; aceita a humilhação e vinde a mim, que te aliviarei”.
Pela primeira vez, algo sublime aconteceu nesta epopéia que tem sido uma relação de
sujeiras.
Não pagando o mal com o mal; antes, bendizendo, pois, para isto fostes chamados.
(Pd: 3. 9)
Agar tinha alcançado certa elevação espiritual e, por isso mereceu ser socorrida por
uma entidade de luz.
5- Agar teve sim, um filho, Ismael, o qual se casou com uma egípcia e se tornou o pai
de todos os árabes.
CAPÍTULO 6
ABRAÃO (2)
64- Quando Abrão chegou aos noventa e nove anos apareceu o deus, de novo.
65- Em sinal à aliança que seria feita, falou: “todo macho entre vós será circuncidado.
Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e
vós. Será circuncidado tanto o escravo comprado a qualquer estrangeiro que não for
da tua estirpe; será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro;
a minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua”.(17. 9 a 14).
Comentário: Eis o deus aparecendo e fazendo aliança perpétua outra vez, tudo de
novo, como se apresentasse alguma novidade!
Gozado é que agora, ele vem exigindo um sinal da aliança na carne dos favoritos –
mas até agora, não cumpriu a promessa de dar-lhes as terras de Canaã. Nem vai
cumprir.
2- Por que mudar o nome? Que diferença faz Abrão (com a) ou Abraão (com aa), se a
pessoa é a mesma, com as mesmas qualidades e defeitos de antes? Se pelo menos
houvesse leve perspectiva de mudança, seria um nome novo para um novo homem.
Mas sem mudar absolutamente nada na personalidade, qual é o objetivo?
E, só pra satisfazer à sua curiosidade, os outros favoritos a terem nome trocado serão:
Sarai, que se chamará Sara; e Jacó, cujo nome será Israel.
3- Circuncisão! Retirar a pele do prepúcio! Isso é cirurgia de fimose! Belo sinal Jeová
inventou para saber quem pertencia à raça protegida! Será que Deus de Verdade
precisa disso pra distinguir o José do João?
Além disso, o sinal é só pros homens, que possuem prepúcio. Mulher não tem
prepúcio, não recebe sinal nenhum. Decerto não precisa ser reconhecida, porque
mulher é desprezada por este deus de mentira.
4- Jesus, no entanto, que veio com objetivo de acabar com as leis mosaicas e com as
aberrações levadas a efeito pelos “santos patriarcas”, aboliu a circuncisão,
substituindo-a pela pureza de afetos, pela elevação dos sentimentos. O Mestre falava
em “circuncisão espiritual”.
Em Jesus, nem circuncisão nem incircuncisão tem valor algum; o que vale é o amor e
a fé. (Gal: 5. 6).
Foi alguém chamado estando circuncidado? Não desfaça a circuncisão. Foi alguém
chamado estando incircunciso? Não se faça a circuncisão. (Cor: 7. 18)
Pois a circuncisão não é coisa alguma, nem a incircuncisão – mas o ser nova criatura.
(Gal: 6. 15)
Qual é a utilidade da circuncisão? Ela só tem valor se praticares a lei. Se fores, porém,
transgressor da lei, a tua circuncisão já se tornou incircuncisão. Se um incircunciso
observa os preceitos da lei não será ele considerado circuncidado?” (Rom: 2. 25 a 26).
5- Aqui, Moisés inventou a circuncisão. Adiante, veremos que o próprio filho de Moisés
não era circuncidado!
6- Aqui, quem fosse circuncidado passava a ser afilhado do deus. Páginas depois,
porém, tomaremos conhecimento de um fato bárbaro: homens circuncidados,
obedientes, movidos pelas melhores intenções, foram trucidados por neto e bisnetos
de Abraão, sem que o deus lhes desse a mínima proteção.
**********
66- O deus mudou também o nome de Sarai para Sara. (17. 15).
Comentário: Pronto! O nome dela já foi mudado. Este é o maior “milagre” que este
deus sabe fazer: modificar nome de gente.
2- Interessante! Jeová dá importância demais a Sarai; ele se ocupa muito com ela, em
comparação às outras mulheres da bíblia.
Por quê, se ele não costuma dar a mínima ao sexo frágil? Por quê, se ela não serve
de exemplo a ninguém?
Com certeza Sarai – agora Sara – cantava de galo no lugar do marido e ai de quem a
enfrentasse! Decerto, até Jeová respeitava – ou temia – o gênio dela.
**********
67- O deus prometeu abençoar Sara e dar-lhe um filho, que se chamaria Isaque.
Abrão riu consigo: “A um homem de cem anos há de nascer um filho? Sara dará à luz
com seus noventa anos?” (17. 16 a 19).
Comentário: Não esquecer este pensamento do Abraão: “Sara dará à luz com seus
noventa anos?” Porque veremos a seguir, que um rei se “apaixona” por ela depois
deste fato, quando ela estiver mais velha ainda!
2- Se Abraão duvidou que Sara viesse a ter filhos, por que eu deveria acreditar?
**********
68- E continuou o deus: “Estabelecerei com Isaque aliança perpétua para com sua
descendência”. (17. 19)
Comentário: Vem aí outro favorito que “verá” a face do deus e falará com ele, apesar
de Jesus, Paulo de Tarso, Jeremias e o próprio Moisés garantirem que ninguém viu
Deus Verdadeiro e ninguém ouviu sua voz.
Acontece que este deus que vivia surgindo a qualquer um não era o original – só
imitação. E vem com a mesma lenga lenga: vai lhe dar de presente as terras de
Canaã.
Aliás, vamos analisar: O deus disse que daria as terras de Canaã a Abrão e sua
descendência.
Toda esta terra que vês, eu ta darei a ti e à tua descendência, para sempre. (13: 15)
À tua descendência dei estas terras, desde o rio do Egito, até o Eufrates. (15: 18)
Mas o leitor verá que Abraão morrerá sem se tornar dono das terras cananéias, nem
de terra nenhuma. Só conversa!
Verá também que Isaque, apesar de Moisés garantir que Jeová lhe daria as terras dos
cananeus, morrerá sem se apossar de terra nenhuma. Só papo!
Aí, o deus vai prometer as mesmas terras a Jacó, que virá a ser filho de Isaque.
E acabou não dando terra a ninguém! Quem quiser que vá lutar por elas, que vá
conquistar seu espaço, que vá invadir território alheio, que do deus não saiu nem um
palmo de chão. Nem poderia, né? Ele não tinha terra nenhuma e, se quisesse
presentear alguém, teria de ir pedir a Deus Verdadeiro – e com este não se brinca!
Este não faria injustiça para beneficiar este ou aquele, em prejuízo de outros.
**********
69- Num dia, o Abraão estava parado à porta da tenda, quando viu Jeová e dois anjos
à sua frente. Todo contente, Abraão inclinou-se, prostrou-se por terra; lavou-lhes os
pés cansados e deu-lhes de comer pão, um novilho assado, coalhada com leite e eles
comeram. (18. 1 a 8).
Comentário: Jeová e os anjos comeram! São tão físicos, que sentem cansaço nos pés,
necessitam lavar-se, bebem e comem um novilho inteiro com pão! Eta povo divino
comilão!
2- E quem garante que este deus e anjos não eram só viajantes que por ali passavam
por acaso e se aproveitaram do engano de Abraão e da sua hospitalidade?
**********
70- Aquele deus falou que daí a um ano, Sara teria um filho. E diz o narrador:
“Ora, Sara e Abraão eram idosos, avançados em idade e para Sara tinha cessado de
ocorrer aquilo que é próprio das mulheres”.
Sara, que estava atrás da porta, ouviu o que disse Jeová e riu, duvidando:
“Para Deus há coisa demasiadamente difícil? Daqui a um ano voltarei, e Sara terá um
filho”. (18. 10 a 14)
Comentário: Não, para Deus de Verdade nada há demasiadamente difícil. Mas para o
deus de mentira não se pode dizer o mesmo.
2- Segundo o próprio Moisés, que quer nos fazer crer dos “prodígios” do deus, Sara
era tão velha, que nem se lembrava o que era menstruação.
3- Sim, Deus Verdadeiro poderia ter feito milagre, mas... Por que o faria? Se fosse
para ter filhos, ELE os teria dado na época certa. Afinal, se o “sagrado casal” seria
escolhido na velhice para ser pais de todos os judeus, o deus já deveria estar sabendo
disso muitos anos antes, antes ainda do nascimento de ambos e não teria permitido
que Sara fosse estéril.
Se a fez estéril é porque não era para ser mãe e fim! Mas Moisés elegeu Abraão “pai”
dos hebreus e quer, de todo jeito, que ele tenha um filho, não importando quão ridícula
possa ser a história inventada.
4- Se Sara duvidou que viria a ser mãe, por que nós outros somos obrigados a crer
nesta história da carochinha? Mas acompanhemos isso tudo e ver o que acontece.
**********
71- O deus falou que havia escolhido Abraão e descendência para que guardassem o
caminho do Senhor e praticassem a justiça e o juízo. (18. 19).
Comentário: Como fazer justiça, como ser imparcial quem foi mentiroso e ladrão no
caso faraó?
Quem foi injusto e cruel com o próprio filho Ismael como veremos adiante?
“Sou contra os profetas que pregam suas próprias palavras e afirmam: ‘Deus disse”.
(Jer. 23: 31)
2- O deus que visitou Abraão disse ter escolhido Abraão e descendência para...
O filho que lhe nasceu era com uma escrava. Mas Sara, a esposa, não aceitou o
menino como seu filho; por isso, não foi tido como descendência. E Jeová não sabia
disso?
Ele deve ter ficado vermelho de vergonha quando falou em descendência e Abraão
explicou em voz baixa, que o único filho que tinha era com uma escrava. Foi então que
Jeová deu uma risadinha amarela e falou que Abraão teria descendência, pois Sara
teria um filho... Teve de remendar como pôde, né?
Ah, falando em filho com uma escrava, lembrei! O leitor recorda de uma passagem lá
atrás, que não comentamos, onde Abraão reclamava por não ter tido descendência.
A passagem é a seguinte:
Dizia Abraão: Continuo sem filhos, não me concedeste descendência. Eis que um
servo de minha casa, o damasceno Eliezer será meu herdeiro. (15: 2)
Lembra? Pois só agora caiu a ficha. Está na cara que este menino, o damasceno
Eliezer era filho de sangue de Abraão com outra escrava. Sim, ele não protegeria um
servo qualquer; não legaria sua enorme fortuna a uma pessoa de classe inferior à sua.
Pois nem o Ismael, que era reconhecidamente seu filho, Abrão fez herdeiro...
**********
Comentário: Aqui não diz que alguns homens de Sodoma eram pecadores. Diz que
todos eles eram pecadores e maus.
Até que ponto homens, mulheres e crianças eram pervertidos sexualmente, conforme
Moisés afirma de modo velado?
Ah, sim, desculpe, leitor! Mesmo que as mulheres sodomitas fossem umas santinhas
com olhar atoleimado imóvel para o céu, rosário nas mãos, coroinha e tudo, o Moisés
não daria o braço a torcer. Para ele, mulher não era santa, nem gente, nem animal,
nem objeto.
**********
73- Tendo se levantado, os homens partiram e chegaram a Sodoma. Abraão foi com
eles para os encaminhar. (18: 16).
Aí, o Senhor ficou na dúvida: contava ou não a Abraão o que estava por fazer? E, por
fim, decidiu contar, desde que Abraão havia sido escolhido para guardar o caminho
reto da justiça e do direito. (18: 17 a 19).
Comentário: Os homens foram a Sodoma; mas esta parte não ficou bem explicada,
porque não se sabe se foram os quatro – o deus, os dois anjos e Abraão – ou se foram
somente os anjos, porque depois, na hora da briga, somente os anjos se encontravam
em Sodoma.
Eta deusinho despoderado! Não sabia ao menos onde ficava a cidade que estava para
destruir, necessitando de um guia humano! E se errasse o caminho e destruísse a
cidade errada?
E este é o deus que Moisés nos apresentou como criador dos céus e da terra!
3- E, por cima, ficou na dúvida: contava ou não contava a Abraão o que estava por
fazer?
E este é o deus que Moisés quer nos enfiar goela abaixo, como “o todo poderoso”!
4- Jeová precisava ouvir clamor para saber que algo estava errado! Ele precisava
“descer” para ver se, de fato estava ocorrendo conforme lhe disseram!
Daí ser heresia o simplesmente admitir como verdadeiro o fato de Deus não saber o
que estava acontecendo e precisar ver de perto para ter certeza.
O deus não sabia o que ocorria em Sodoma! E lá, os homens agiam às claras, em
conjunto, sem se esconder.
Ocultar-se-ia alguém em esconderijo, de modo que eu não o veja? (Jer. 23: 24).
Assim diz o dicionário; portanto, há algum erro na afirmação bíblica porque, veja bem:
Moisés mentiu ao dizer que em Sodoma e Gomorra todos eram maus e pecadores, ou
terá mentido quando disse que havia quem clamasse por causa do pecado da
população?
**********
74- O deus ficou ao lado de Abraão enquanto aqueles outros dois – os “homens -
anjos” – partiram para Sodoma. E Abraão tentou convencer Jeová para não destruir os
sodomitas, dizendo: “Destruirás o justo com o ímpio? Longe de ti o fazeres tal coisa.
Fará injustiça o Juiz de toda a terra?” (18. 22 a 32).
Comentário: Jeová não desceu para ver se os clamores que subiam até ele tinham
fundamento? Por que agora ficou junto a Abraão, enquanto os outros dois foram saber
o que acontecia?
Do jeito como são fracos os poderes deste deus, é preciso chegar pertinho e ver com
os próprios olhos senão, não chega a conclusão nenhuma.
“Quem conheceu a mente do Senhor? E quem terá sido seu conselheiro?” (Rom: 11.
34 a 36).
3- Como é que pode um deus que escolhe um humano para que pratique a “justiça e o
direito” (nota 71) não ter equilíbrio ele próprio, desconhecer a justiça e se exceder?
O mesmo deus que falou para o Caim, quanto aos desejos de destruir um único ser
humano: “a ti cumpre dominá-los” (nota 20), agora não se domina quanto aos desejos
de destruir todos os habitantes de quatro cidades: Sodoma, de Gomorra, de Adama e
de Seboim! (Dt. 29: 22).
4- Ou aquele deus que ali chegou não era deus nenhum? Quem seria? Um viajante
que por ali passava? Um finório que se aproveitou da boa hospitalidade?
5- E tem uma coisa que não encaixa: o deus ia destruir as cidades por causa dos
moradores que agiam de maneira oposta ao bem.
E Deus Autêntico sabe também que a morte do corpo físico não resolve o problema,
pois, o espírito continua vivo onde quer que se encontre. Neste caso, por que matar?
Não seria melhor mandar alguém pra ensinar o certo, assim como fez quando mandou
o Mestre Jesus?
Se os conhecia, foi muita burrice haver colocado os ruins tudo junto, num mesmo
espaço, numa mesma cidade. Poderia ter esparramado eles pelo mundo que, assim,
sua influência negativa seria diluída entre os bons... Se é que havia gente boa...
E, se não conhecia os espíritos que estava fazendo nascer naquelas cidades, que
deus era ele? Foi preciso esperar nascer e crescer, esperar pecar, ver a natureza dos
pecados pra depois tomar providências. Que “grande” deus!
**********
75- Os dois anjos – aqueles que vieram com Jeová – chegaram em Sodoma e ficaram
hospedados na casa de Ló.
Lavaram-se e jantaram, mas, antes que se deitassem para pernoitar, os moradores de
Sodoma chamaram por Ló, pois queriam abusar dos visitantes. O dono da casa não
permitiu, mas os homens do lugar queriam arrombar a porta.
Ló ofereceu à sanha dos moradores da cidade, as suas duas filhas virgens: “Tenho
duas filhas ainda virgens, eu as trarei; fazei o que bem quiser com elas, mas a estes
homens nada façais porque se encontram sob meu teto”.
Os dois anjos cegaram os homens que estavam lá fora e convidaram Ló e sua família
a saírem dali, porque iam destruir a cidade. De madrugada saíram Ló, sua esposa e
as duas filhas do casal. (19. 1 a 15).
Comentário: Estes “anjos” não parecem anjos. Têm corpo físico; andam, lavam-se,
comem, dormem e teriam sido vítimas de agressão sexual, se Ló não os tivesse
defendido. Não têm nada de angelical, assim como o deus que estava com eles. Mas
parece que houve algo inusitado, como veremos na anotação seguinte.
2- Ló daria as duas filhas virgens em troca dos hóspedes! Isso cabe na sua cabeça,
leitor? Imagine, duas filhas – virgens ou não – sendo estupradas dezenas, centenas
de vezes e sendo mortas com certeza, para proteger dois desconhecidos que bem
poderiam ser dois bandidos de passagem pela região.
Não obstante, se nesta altura da narração, a honra de uma mulher não tinha o menor
valor veremos, bem lá adiante, que as coisas mudam de figura, quando se trata dos
dodóis do deus: Jacó e seus filhos enganaram e mataram de maneira covarde todos,
absolutamente todos os homens de uma cidade inteira, pra “salvar a honra” de Diná.
E, aí os exegetas “explicaram” que a honra de Diná era muitíssimo importante; falam
em ultraje e na vingança que foi justa.
3- E diz o “texto sagrado” que, ao raiar a aurora, os anjos tiveram de insistir com Ló
para que abandonasse a cidade: “Levanta-te! Toma tua mulher e tuas filhas para que
não pereças no castigo da cidade”.
E, se os homens eram anjos, por que o Ló tinha de fugir para ser salvo, se anjo tem
poderes para salvar em quaisquer circunstâncias?
**********
76- Como a família de Ló se demorasse, os dois anjos pegaram-nos pela mão a ele,
sua mulher e as duas moças; tiraram-nos e os puseram fora da cidade.(19. 16).
De mãos dadas, dificultariam ainda mais a saída por não poder correr livremente em
meio à escuridão da madrugada, ainda porque para andar depressa ou correr,
ninguém precisa dar a mão a ninguém – exceto a crianças pequenas.
Quem morava no lugar eram Ló e família; os “anjos” não. Assim, quem conhecia bem
o terreno em que pisavam eram Ló e família; os “anjos” não. Como foi que os “anjos”
conduziram os outros cidade afora – e não o contrário?
2- “os dois anjos pegaram-nos pela mão... tiraram-nos e os puseram fora da cidade”.
A impressão que fica neste trecho: “tiraram-nos e os puseram fora da cidade” é que foi
muito fácil colocar a família em segurança; parece que os dois visitantes pegaram a
família pela mão e voaram para fora da cidade. Ou que desmaterializaram a família e
a materializaram longe dali.
Por extraterrestres... é possível. Há de tudo neste mundo, assim como há Ets positivos
e negativos.
CAPÍTULO 6
ABRAÃO (2)
(Continuação)
“Não olhes para trás, nem pares; foge para a montanha, para que não pereças”.
Ló respondeu: “Não posso ir para a montanha, pois temo que o mal me apanhe e eu
morra. Eis uma cidade onde posso me refugiar. Ela é pouca coisa, permite que eu fuja
para lá e lá viverei”.
Um dos homens disse: “Dar-te-ei mais esta graça: não destruirei a cidade da qual
falas. Apressa-te, refugia-te nela, pois nada posso fazer enquanto não tiveres chegado
lá”.
Quando o sol se erguia sobre a terra, Ló entrou na cidade chamada Zoar (ou Segor).
Então o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra e morreram todos
os seus moradores.
A mulher de Ló, porém, olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal. (19. 17 a
26).
Não olhes para trás, nem pares; foge para a montanha, para que não pereças.
A mulher de Ló, porém, olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal.
Se os visitantes fossem seres angelicais, Ló e família poderiam ter olhado para trás
tranqüilamente, desde que os anjos tinham poderes suficientes para neutralizar algum
mal que pudesse vir. Qual a relação entre o “olhar para trás” e a vida deles? Que
perigo pode haver para a integridade física de alguém, o simplesmente ver de longe
um fato ocorrer?
Antes de vigorar o regime das leis, os pecados não eram levados em conta.”(Rom: 5.
13).
E qual de nós, pessoas do século XXI, mais disciplinadas que aquelas da antiguidade
distante, sabendo que nossa cidade está sendo destruída, suportaríamos fugir sem
dar uma olhada para saber o que está acontecendo?
Ah! Olharíamos sim! É difícil crer que alguém vencesse a tentação; e é difícil acreditar
que haja quem recrimine e castigue tão duramente àquela que voltou o olhar em
direção ao lar e às filhas casadas que lá ficavam. Afinal, a natureza humana é
imperfeita e Deus Verdadeiro sabia disso muitíssimo bem.
Aquele que estiver sem pecado, que atire a primeira pedra.” (João: 8. 4 a 7).
Fica a certeza de que o deus de Moisés não é o mesmo Deus Verdadeiro apresentado
por Jesus, porque a diferença é marcante. Enquanto o primeiro age igual criança
mexilona, curiosa, ignorante e má, o outro dá aulas de maturidade, benevolência,
virtudes e equilíbrio que o anterior nem sonhava que pudessem existir.
2- Se o descrito ocorreu de fato, certamente os visitantes eram seres extraterrestres
que usaram naquelas cidades algum produto, cujo fogo produzido tivesse, como efeito
colateral, transformar o corpo de quem o fixasse em substância pétrea, a partir da
retina. Ou então, a mulher de Ló ficou “petrificada” de medo, teve um colapso mortal e
o caso passou para a história como se ela tivesse virado pedra no sentido literal. O
impossível é crer num deus que se diverte transformando em sal quem quer saber o
que está acontecendo lá atrás.
O Filho do homem veio para salvar a alma dos homens – e não para destruí-las. (Luc:
9. 56).
3- A mulher não poderia ter sido castigada por desobediência porque, se o pior – o
merecimento para ser salva – estava feito, no quê uma olhada para trás poderia anular
o mérito? Aliás, ela não estava desobedecendo a ordens; olhou para trás num impulso
interior, num ato mecânico, até mesmo devido ao instinto de sobrevivência e isso
jamais poderia ser considerado “pecado”, ainda mais numa situação aflitiva daquelas.
Se alguém for surpreendido em falta, corrigi-o com brandura e guarda-te para que
também não sejas tentado. (Gal: 6. 1)
4- E como saber que a mulher virou sal? Poderia ter se transformado nalguma coisa
que não fosse sal. Talvez a aparência o fosse, mas quem voltou para verificar? Quem
comeu um bocadinho para saber que era salgada?
b) Vamos que ela tenha tropeçado e caído; ou que tenha enfiado um espinho no
pé e parou pra retirar o estrepe; ou que tenha parado para descansar e o fogo que
alcançou a cidade a atingiu também. Neste caso, ela se virou carvão – e não sal.
Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém olhou para trás.
d) E, por fim, podemos supor que os anjos que não eram anjos a tenham
raptado. Caso fossem extraterrestres, podem tê-la abduzido. Mas se fossem simples
mortais, podem tê-la roubado com fins matrimoniais. A única certeza é que ela saiu de
casa, mas que em algum ponto do caminho, apartou-se dos companheiros. O que
aconteceu ninguém pode afirmar com certeza e, tudo o que for afirmado fica no campo
das conjeturas.
6- A bíblia da Editora Paulus, ao se referir à estátua em questão, mostra que, neste
ponto, os pios exegetas mantiveram o juízo, pois não tiveram a coragem de expor-se
ao ridículo arriscando uma justificativa para o fato. Dizem eles, à página 56:
Da realidade deste fato não se pode duvidar, ainda que ignoremos a maneira exata de
sua realização. A mulher olhou para trás contrariando a ordem do anjo e foi punida
com a morte; seu cadáver, devido às incrustações salinas daquela região onde
existem verdadeiras montanhas de sal, pôde ser petrificado facilmente.
Podem os senhores nos indicar em qual lugar do mundo, mesmo onde existam
montanhas de sal, um cadáver se petrifica facilmente, transformando-se em pedra de
sal?
8- Atenção para estas palavras: “apressa-te, pois nada posso fazer enquanto não
tiveres chegado”.
9- Que urgência era esta, por que tamanha correria, se as cidades poderiam ser
destruídas ao meio dia, ou amanhã, ou na próxima semana?
Ou a bomba deixada seria uma espécie de bomba-relógio com hora marcada para
explodir e, daí a pressa?
10- E que fim levaram os visitantes? Voltaram para as cidades em destruição?
Desapareceram no ar depois de saber que a família estava em segurança? A bíblia
não diz palavra alguma a respeito.
11- Como saber que o que destruiu as cidades foi fogo e enxofre, se as testemunhas
não olharam para trás? E como se soube que choveu – isto é, que veio de cima a
destruição –, se os três sobreviventes não puderam olhar e quem olhou não pôde
contar? A destruição poderia ter vindo do seio da cidade, de algum aparelho
previamente colocado na casa do próprio Ló, naquele espaço de tempo entre o convite
para a fuga – no começo da noite – e a fuga propriamente dita – de madrugada.
12- Se os visitantes fossem seres divinos a serviço de Deus Mesmo, não precisariam
de fogo e enxofre para destruir seres humanos; matá-los-iam simplesmente, sem
destruir casas e nem ao menos a grama da terra.
Sendo de outro planeta, usariam talvez algum produto ou aparelho, como parece ter
sido usado.
13- E, que explosão estranha era aquela para fazer um corpo humano virar sal ou algo
semelhante? Estes fatos não combinam com obra angélica e não têm explicação, sem
recorrer a seres interplanetários – ou ao ridículo.
14- Veja o texto bíblico: “apressa-te, refugia-te nela, pois nada (eu) posso fazer
enquanto não tiveres chegado lá”.
Então, o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra. (19: 22 e 19:
24).
As pessoas foram trocadas durante a narrativa: de início era eu; depois era ele, o
Senhor. No final, ficamos sem saber quem destruiu as cidades – os anjos ou o deus.
A primeira, que nos parece impossível é que as explosões tenham sido obra do deus e
dos anjos.
A segunda é que tenham sido obra de extraterrestres com auxílio de algum aparelho.
Estas notas mostram que nem todos acreditam piamente na “palavra do senhor”, uma
vez que os próprios religiosos dão seu ponto de vista: o fato terá sido um fato natural –
abalo sísmico com conseqüentes combustões de betume e explosões de gás – nada
de divino.
Se tudo não passou de fato natural, então a terceira versão é a seguinte: os visitantes
eram serem humanos comuns mais cultos que os demais; previram o fenômeno e
trataram salvar-se, salvando também a família que os hospedou.
Cadê o milagre?
**********
78- De madrugada, Abraão foi olhar para o lugar de Sodoma e Gomorra “e viu que, da
terra subia fumaça, como a fumarada de uma fornalha”.(19. 27 e 28).
Quando o sol se erguia sobre a terra, o Senhor fez chover enxofre e fogo sobre
Sodoma e Gomorra. A mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de
sal. (19. 23 a 26).
O termo: quando o dia nasceu, supõe que o sol está começando a botar os olhos pra
fora; que seus raios já são sensíveis, que a escuridão está desaparecendo.
E o termo de madrugada supõe as últimas horas da noite, quando tudo está ainda
escuro feito um veludo negro.
A destruição das cidades começou quando o dia nasceu e Abrão viu o fato acontecer
de madrugada – isto é, num momento anterior ao próprio fato. Deu pra sentir a
diferença?
4- Quando o sol se erguia sobre a terra, Ló entrou na cidade e o Senhor fez chover
enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra – e morreram todos os seus moradores. A
mulher de, Ló porém, olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal. (19. 23 a
26)
Ora, se o sol estava se erguendo, muitas outras pessoas puderam ver o espetáculo
desde que na antiguidade, as mulheres se levantavam muito cedo para as primeiras
providências domésticas, o preparo do pão e o armazenamento da água.
Por quê?
**********
Morando numa caverna longe da civilização, as moças não tinham como arranjar
marido e ter filhos. Planejaram ter filhos do próprio pai (!).
Embebedaram-no por duas noites seguidas e, a cada noite, uma delas se deitou com
Ló, sem que ele se lembrasse do fato na manhã seguinte. “Assim, ambas conceberam
do próprio pai”.
Moabe deu origem aos moabitas; Bem-Ami deu origem aos amonitas (19. 30 a 38).
Comentário: Incesto! O deus, “poderoso” como era, bem que podia ter arranjado
marido pras moças. Afinal, Ló era protegido e primo do maior dos protegidos. Vamos
relembrar os fatos:
Ló foi resgatado das mãos do rei inimigo na ocasião em que Abraão perseguiu os
guerreiros com 318 homens.
Ora, se Ló era merecedor de tanta atenção, por que Jeová não providenciou dois
genros pra ele? Para quem destruiu cidades e salvou uma família, seria extremamente
fácil trazer dois rapazes para se casar com as raparigas. Mas não fez isso! Como pôde
permitir que elas mantivessem relações com o próprio pai e dele tivessem filhos?
Conforme já foi dito, em toda a longa epopéia da “sagrada família hebréia”, Jeová
conseguiu modificar o nome de três pessoas – de resto, mais nada! Nem arranjar um
“bom partido” para as meninas ele conseguiu!
2- Jeová não tomou providência no sentido de arranjar marido para as moças – mas
“amaldiçoou” os bebês que nasceram destas uniões incestuosas e sua prole! Teremos
oportunidade de ver que os moabitas e os amonitas – descendentes de Ló com as
duas filhas – tiveram suas terras invadidas por Moisés e seus fugitivos.
E, como Deus Autêntico não amaldiçoa seus filhos seja Caim, Cão, Canaã, Ló ou
filhos de Ló concluímos que, em verdade, este incesto foi um jeito sutil do Moisés
justificar a invasão às terras dos descendentes de Ló, o qual pegou carona na
preferência do deus. Tipo assim: “filhos de incesto não têm direito a terras produtivas;
estas terras serão de Moisés que, ele sim é gente fina, gente boa, de origem pura”!
Os exegetas – aqueles que têm obrigação de arranjar desculpas para tudo o que está
escrito – disseram no rodapé da bíblia das Paulinas, quando se tratou da embriaguez
de Noé:
“Ignorando a força do vinho e não acostumado a bebê-lo, Noé foi superado pela
embriaguez; sem culpa, porém”.
“Ló não pode ser inocentado da embriaguez, que leva à perda da razão”.
Dois pesos, duas medidas para medir pessoas com os mesmos direitos.
Todas as pessoas têm os mesmos direitos, mas nem todas são ascendentes de
Moisés.
**********
80- Deixando Ló, voltamos a Abraão que viajou com Sara para Neguebe e moraram
em Gerar.
Lá, Abraão mentiu como fez no Egito: “Ela é minha irmã; e Abimeleque, o rei de Gerar,
mandou buscá-la”. Deus, porém, veio a Abimeleque em sonhos de noite e disse: “Vais
ser punido de morte por causa da mulher que tomaste, porque ela tem marido”.
Ora, Abimeleque ainda não a havia possuído e explicou que foi o próprio Abraão quem
garantiu ser Sara sua irmã. E continuou explicando: “Com sinceridade de coração e na
minha inocência foi que fiz isso”. E Jeová lhe respondeu no sonho: “Bem sei que, com
inocência fizeste isso; daí o ter impedido eu de pecares e não permiti que a tocasses.
Agora, devolve a mulher a seu marido, pois ele é profeta, intercederá por ti e viverás.
Se, porém não a restituíres, certamente morrerás tu e tudo o que é teu”.
De manhã, o rei contou aos servos o que lhe acontecera e, a seguir, chamou Abraão:
“O que é isso que me fizeste? Em que pequei contra tu para trazeres tamanho pecado
sobre mim e meu reino? Tu fizeste o que não se deve fazer. Que estavas pensando ao
fazer tais coisas?”.
E o Abraão respondeu que tinha medo de morrer por causa de sua mulher e que por
isso havia mentido. (20. 1 a 11).
2- Abraão ofereceu Sara, enganando a outro rei como fez ao faraó. Percebe-se a
ausência de pudor, tanto em Sara quanto em Abraão.
“Aquele que pratica maldade contra seu irmão procede do diabo”. (1-João: 3. 8)
Ora, se Jeová sabia do problema, por que deixou que o rei fosse enganado? E por que
não apareceu também ao faraó no primeiro episódio? Ao faraó, porém, puniu com
“grandes pragas”, sabendo que ele também era inocente (notas 46 e 47).
O amor não pratica o mal contra o próximo. O cumprimento da lei é o amor.(Rom: 13.
10).
Se alguém disser: ‘Amo a Deus’ e trair seu irmão, é mentiroso; aquele que não ama o
próximo a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (1-João: 4. 20)
És indesculpável quando julgas os outros, pois praticas as próprias coisas que
reprovas nos outros. (Rom: 2. 1).
4- Jeová protege a mentira, a traição, a falta de pudor e a covardia. Será este o nosso
Deus?
5- Veja leitor, que interessante: Na nota 71 quando, por ocasião da visita do “Senhor e
dos dois anjos”, o deus falou que Sara teria um filho. Tanto Abraão quanto Sara
duvidaram, pois Sara era tão velha, que nem tinha mais menstruação.
Na nota 67, quando o deus fez a promessa de Sara ter um filho, Abraão duvidou e
falou consigo mesmo: “Sara dará à luz com seus noventa anos?”.
Sara passava dos noventa anos nesta ocasião em que Abraão a ofereceu ao rei.
Nesta idade, qualquer mulher não passa de uma velha decrépita, enrugada, cabelos
brancos, nariguda, desdentada, queixuda, pelancuda, seios flácidos e pendentes,
pernas cheias de varizes e estrias – isso no 3º milênio, quando o belo sexo conta com
as facilidades dos produtos de beleza, das massagens, do silicone, da cirurgia
plástica, da lipoaspiração, etecétera e tal...
Na época de Sara, a velhice seria bem mais cruel e acentuada. Em tal decadência
física, como poderia atrair olhares de desejos de algum homem e até do próprio rei,
que teria a seus pés as mais belas jovens?
Deus veio a Abimeleque em sonhos de noite e disse: “Vais ser punido de morte por
causa da mulher que tomaste, porque ela tem marido... Ora, Abimeleque ainda não a
havia possuído...”.
Se o deus veio falar com o rei em sonhos e ele ainda não havia possuído Sara, é
porque se deitou sozinho, sem ela.
Mas por que dormiria sozinho, se podia se deitar com a mulher recém adquirida,
acabada de chegar?
Boa pergunta! Vamos dar tratos à bola e podemos descobrir outra mentira... desculpe!
Outra criatividade mosaica:
É possível que, em audiência pública com o rei, Abraão tenha oferecido “sua bela e
insinuante irmã” e contando tantas maravilhas, que despertou o interesse do outro, o
qual aceitou o preço estipulado para possuí-la.
Depois do negócio fechado, ela chegou pro rei numa roupa esvoaçante, rosto e
cabelos cobertos por fino véu para esconder as rugas, a flacidez, as carnes vazias, a
pele murcha e caída. Mas o rei que, se fosse tonto não seria rei, exigiu que ela se
descobrisse, considerando que tinha o direito de ver aquilo pelo qual pagou preço tão
alto. E o susto real deve ter sido grande ao ver a beldade acabada de ser adquirida.
A raiva que o monarca sentiu deve ter sido muito grande, porque o rei foi dormir sem
tocar a velha e, mal amanheceu, mandou chamar Abraão para desfazer o negócio,
pegar seu dinheiro de volta, visto que tinha sido enganado: a mercadoria era saldo de
péssima qualidade e nem mesmo numa liquidação encontraria quem se dispusesse a
adquiri-la.
O finório do cornífero aceitou a mulher, mas cobiçoso como era, não devolveu a
quantia recebida.
E o fato passou para a bíblia de maneira “criativa”, distorcida e cheia de falhas, como
se Jeová tivesse aparecido em sonhos para alertar o rei, o qual estava muitíssimo
interessado em Sara...
Que pena que não houve quem registrasse o fato de maneira correta para a
posteridade!
Tu, homem de Deus, foge da cobiça. Segue a justiça, a piedade, o amor, a mansidão.
(Tim: 6. 11).
Interessante é que certos podres, Moisés não procura esconder; sente até estranho
prazer em relatá-los, como se fosse grande mérito pertencer a família tão velhaca.
Quem faz injustiça receberá injustiça em troca; e nisso não há proteção a pessoa
alguma. (Col: 3. 25)
Nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem ladrões herdarão o reino dos céus.
(Cor: 6. 9 e 10)
CAPÍTULO 6
ABRAÃO (2)
(Continuação)
81- O Abraão explicou ao rei Abimeleque: “Por outro lado ela é, de fato, minha irmã,
filha de meu pai, e não de minha mãe; e veio a ser minha mulher”. (20. 12)
Se o homem se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe e vir a nudez
dela, e ela vir a dele, torpeza é; serão eliminados do meio de seu povo; quem
descobre a nudez da irmã levará sobre si a iniqüidade. (Lev. 20: 17).
Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe. (Deut: 27.
22).
Quando Moisés escreveu estes trechos, havia esquecido que Abraão, o pai da sua
raça, era irmão de sangue de Sara, a mãe da sua raça.
Esqueceu que o casal, maldito e torpe, ao invés de eliminado do povo, veio dar origem
ao povo “escolhido”!
Que belos “pais” tiveram os hebreus! Que bonito casal foi “selecionado” para dar
partida ao “seu” povo! Ele, mentiroso, ladrão, alcoviteiro e chifrudo; ela, mentirosa,
ladrona e prostituta – e ambos, incestuosos!
2- No caso de Ló (nota 79), os filhos do incesto serão desprezados pelo deus, como
veremos ainda. No caso do Abraão, o filho que nascerá desta união – fruto de incesto
também – será outro dodói do deus!
Dois pesos e duas medidas. Um peso e uma medida para a “venerável família”, outros
para as pessoas comuns.
**********
82- E falou ainda Abraão ao rei: “Quando eu andava errante, disse a ela: Este favor
me farás em todo lugar em que entrarmos; dirás a meu respeito: Ele é meu irmão”.(20.
13).
**********
Para ser justo, deveria recusar as riquezas, considerando as mentiras que usou contra
o rei.
E pensar que Jeová o escolheu “para que guardasse o caminho reto e praticasse a
justiça e o juízo...” (18. 19).
Não possuais ouro nem prata, nem cobre, nem bagagem, nem duas túnicas, nem
sandálias, nem bordão porque digno é o operário de seu alimento. (Mat: 10. 9 e 10)
“Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?” (Mar: 8. 36).
“Quão dificilmente entrará nos céus o que tem riquezas! É mais fácil passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus”. (Luc: 18.
24 e 25).
3- Para eles, tudo era fácil demais, bastando que houvesse dinheiro em jogo.
Veja só: Sara foi oferecida ao rei pelo próprio marido e, ao invés de se sentir ofendida,
aceitou de boa vontade servir de pasto aos apetites de um estranho. No entanto,
bastou receber riquezas estonteantes para que fosse reintegrada e justificada perante
o público linguarudo!
E os exegetas das Paulinas justificam que, por causa da riqueza que o casal de
mentirosos recebeu, foi rapidinho “apagar, perante os outros, a mácula que poderia
cair sobre ti pelo fato ocorrido. ‘Estas riquezas que entrego ao teu irmão mostrará a
todos que tua honestidade não sofreu dano e que tua honra será restabelecida.’”
(página 41).
Até os intérpretes sagrados caem no logro! Até eles se deixam envolver quando há
dinheiro em jogo! Até eles têm as vistas turvadas, a consciência e a língua silenciadas
em presença do simples retinir do ouro!
Foi por causa dela que Abraão se tornou o milionário descomunal com lugar cativo na
bíblia porque, por si mesmo, pelo próprio trabalho, pelo próprio valor, pelas próprias
virtudes, Abraão não teria conseguido uma linha sequer no “livro dos livros”.
Foi a esposa quem impulsionou o primeiro dos patriarcas mosaicos para o alto, para
fora do anonimato.
**********
84- E, orando, Abraão curou Abimeleque, sua mulher e servas, de sorte que elas
pudessem ter filhos, porque o Senhor havia tornado estéreis todas as mulheres da
casa de Abimeleque, por causa de Sara. (20. 17 e 18)
2- O rei foi enganado pelo casal, nem chegou a tocar em Sara e, mesmo assim, foi
castigado!
3- Depois de receber aquela riqueza toda, Abraão contou cada moeda, contou cada
cabeça de gado, contou os escravos, sentindo-se satisfeito. Em seguida, com muita fé
no coração, caiu de joelhos em terra e orou fervorosamente pedindo pela felicidade do
rei.
O deus atendeu àquele pedido, invalidando o castigo de Abimeleque, da família e das
servas!
Inacreditável como Abraão tem poderes! Difícil de acreditar como ele leva Jeová
embaixo do sobaco! Consegue aplacar sua ira e anular um castigo que ele aplica! E
incrível como o deus atende na hora aos “rogos” de um mentiroso, ladrão, covarde,
estuprador, chantagista, despudorado, alcoviteiro, chifrudo e incestuoso (a cada
momento aumenta a lista).
4- O castigo que Jeová aplicou era as mulheres todas do castelo real – inclusive as
servas – se tornarem estéreis. Depois que Abraão orou, elas voltaram a ficar férteis!
Poderoso!
Para saber se uma mulher é estéril não é num dia, numa semana, num mês, nem num
ano. Uma mulher demora às vezes muitos anos para engravidar e, se engravidar não
é estéril, pois, se o fosse, tratamento nenhum conseguiria reverter o quadro,
considerando que seus óvulos são mortos, sem vida, impossibilitados de serem
fecundados.
A mulher é estéril ou não é estéril. Não existe possibilidade de uma mulher estéril
deixar de sê-lo. Mulher estéril é infecunda, totalmente incapacitada de gerar filhos.
No caso Abraão e Abimeleque, porém, tudo ocorreu em pouquíssimo tempo: o rei foi
dormir, sonhou e recebeu o aviso – tudo na mesma noite. E devolveu Sara pela
manhã.
O fuzuê inteiro aconteceu em questão de horas. Quantas? Entre doze e quinze horas,
no máximo.
Como saber que as mulheres do palácio real estavam estéreis em tão restrito espaço
de tempo?
Até para ter certeza que a mulher está grávida, é preciso passar um mês e meio no
mínimo, porque é a falta da menstruação (ocorrência mensal – daí, o nome
menstruação –, que pode atrasar alguns dias), o primeiro sinal de gravidez. As
mulheres do palácio real, portanto, poderiam ter ficado grávidas antes daquele fato e
só virem a descobrirem a gravidez depois do Abraão orar! Se é que ele orou, né?
Isso é ciência, é lei natural – e não milagre pra atribuir ao deus, à oração, à “bondade”
do dodoizinho.
Mesmo que fosse milagre, é preciso pensar nisso: o que as servas tinham a ver com a
história? Paga o inocente pelo pecador? Pagam as escravas pela mentira de Abraão?
Cadê a justiça do deus?
Além disso, ter um bando numeroso de filhos é prêmio para os hebreus; quem garante
que, para Abimeleque era uma dádiva também? Quem pode jurar que para as servas
do rei, ter filhos era a maior felicidade do mundo? Que castiguinho mais questionável!
5- Mas voltemos um pouco na questão do pagamento que o rei fez a Abraão. Isso faz
pensar:
Em lugar de Abimeleque ser um rei poderoso que teve riquezas suficientes para
comprar a “felicidade” própria e o silêncio dos de fora, se ele fosse um rei falido sem
condições de aplacar a ira do “deus” com o delicioso metal dourado, será que a Sara
voltaria para o marido com a “honestidade restabelecida” tão facilmente? Abraão
aceitaria a devolução da mercadoria na orelha e sem briga? Teria “orado” para
restabelecer a fertilidade no palácio?
Com estas e com outras do mesmo naipe, Abraão ficou arquimilionário. Por causa de
tanta riqueza, foi escolhido por Moisés e constituído patriarca de sua família, seu
ancestral número 1, o líder maior dos judeus. Tivesse ele sido um pobretão qualquer,
um Zé Ninguém, Moisés teria desenterrado sua história? Cremos que não, mesmo que
ele tivesse sido o mais virtuoso dos homens. Com dinheiro, qualquer espertalhão
serve como ancestral de um povo.
**********
85- – Nasceu Isaque, filho de Sara e Abraão, quando eles estavam bem velhinhos.
(21. 1 a 7)
Como se explica que Sara se tornou mãe quando já não tinha mais menstruação,
quando já não fabricava óvulos vivos nem mortos para que fossem fertilizados?
O deus de mentira não tem poderes para fertilizar óvulo que não existe. De um ovo
inexistente é impossível nascer um pintinho.
Os fatos indicam que os velhinhos foram à terra de Abimeleque para adotar, roubar, ou
exigir do rei um bebê, em troca da “oração” para aplacar a ira do deus.
Os fatos demonstram que o casal fez, deste menino que não era seu sangue, a sua
“descendência”.
Portanto, Abraão não foi patriarca dos judeus, pois não teve continuidade desde que
Isaque, seu “filho”, não tinha seu sangue.
Abraão foi sim, patriarca dos árabes porque Ismael, filho dele com a serva egípcia,
deu partida ao povo árabe.
3- Na nota nº 70, aquele deus que apareceu com dois “anjos” na casa de Abraão falou:
Muito bem! A Sara teve o “filho” – mas cadê Jeová que ia voltar e não voltou?
Ou terá voltado para pedir desculpas por não conseguir fazer Sara engravidar e
aconselhar a ir a Abimeleque buscar uma criança que adotaria como filho?
**********
86- Ismael, filho de Agar, passou a caçoar de Isaque. Sara mandou que o marido
rejeitasse a escrava e o filho dela:
“O seu filho com esta escrava não será herdeiro com Isaque, meu filho”.
Abraão não gostou de apartar-se de Ismael, mas veio Jeová e mandou que ele
obedecesse a Sara “porque através de Isaque será chamada a tua descendência, mas
também do filho da serva farei uma grande nação, por ser ele teu descendente”.
Naquela madrugada, Abraão despediu Agar e o filho Ismael, com pão e água. E eles
saíram errantes pelo deserto. (21. 8 a 14).
Comentário: Bonito, heim, deus! Você nutre preconceito contra as minorias sofredoras:
pobres, mulheres, filhos ilegítimos, estrangeiros e servos, para atender aos pedidos
dos hebreus ricos.
Ismael não era descendente de Canaã, o amaldiçoado, nem era filho de incesto e,
assim mesmo foi desprezado.
Ah, sim! Era filho de mulher estrangeira escrava e pobre, quatro coisas que Jeová não
suporta. Então, pode.
2- Bonito, heim, Abraão? Cheio de dinheiro roubado, mandou embora mulher e filho a
pão e água! E olhe que Ismael era seu primogênito, que os hebreus tanto valorizam.
3- Mesmo expulso, Ismael, era descendente legítimo de Abraão e, mesmo que não o
fosse, era um ser vivo e merecia ser respeitado e melhor tratado. Mas foi escorraçado,
injustiçado e saiu de mãos vazias sem coisa alguma do que tinha direito.
Decerto ia ficar pobre se desse ao filho alguma coisa mais substancial pra comer no
caminho, ou se lhe entregasse algumas moedas. Mas não! Mandou embora o filho
sem coisa alguma que garantisse sua subsistência. Medo de ficar pobre, ou medo de
apanhar da mulher?
4- E quem garante que o deus ordenou seguir as ordens de Sara de mandar Agar e o
filho embora? Quem ouviu? Não terá sido o próprio Abraão quem resolveu livrar-se de
ambos? De qualquer forma, foram separados Ismael e Isaque, dois irmãos.
5- Ismael foi circuncidado aos 13 anos tendo, pois, a marca da aliança. Depois foi
mandado embora do acampamento; foi desprezado um que carregava o sinal do deus
e este não ligou a mínima! Até aconselhou a mandá-lo embora mesmo.
E aí, deus? Era para circuncidar até os servos, lembra? Abrão esqueceu que Ismael
era seu filho e que carregava a marca. E você, deus, esqueceu também? Suas
normas são esquecidas com muita facilidade, até por você!
Que diferença de Jesus, que falou... Como é mesmo que Ele falou? Ah, sim:
“Passarão o céu e a terra, porém minhas palavras não hão de passar”. (Luc: 21. 33).
Eta, Jesus! Ele sim, não tinha dúvidas das coisas que falava e daquelas que fazia! Ele
sim, não voltava atrás e morreu sem mudar uma vírgula no discurso! Suas eram
imutáveis, por terem caráter divino, por virem de Deus Verdadeiro, de verdade!
6- Onde está o sentimento desta gente, a quem tanto faz um filho ser expulso a pão e
água como ficar no conforto e na riqueza? Além disso, foi o próprio deus quem
mandou Abraão aceitar as intrigas de Sara!
Este deus - ou seja, lá o que for que tenha usado indevidamente nome tão sublime - é
cruel tanto quanto Abraão e Sara. Estava certo Jesus ao dizer aos judeus: “O diabo é
vosso pai”. (João, 8. 44 a 47)
7- E vejamos o que diz o próprio Moisés, que está o tempo todo protegendo Isaque
contra Ismael:
Se um homem tiver duas mulheres, sendo que ama só uma delas, mas o primeiro filho
nasceu daquela a quem ele não ama, ele não poderá dar o direito de primogenitura ao
filho da mulher amada, porque o primeiro filho nasceu da outra. O filho da mulher não
amada será tido como primogênito, tocando-lhe porção dobrada de tudo quanto
possuir, porque o direito de primogenitura lhe pertence. (Deut. 21: 15 a 17).
Não importa que o primeiro seja filho da serva. O que importa é que ele nasceu antes
e, portanto, com os direitos de primeiro filho.
Onde estava Jeová na hora que o Ismael foi mandado embora sem nada, se já sabia
que o direito de primogenitura lhe pertencia e que ele tinha direito a porção dobrada de
tudo o que Abraão tinha?
Ou será que estas coisas, Jeová veio a aprender só mais tarde, depois de um pouco
de estudo sobre Leis?
**********
87- Agar e Ismael saíram pelo deserto e a água acabou logo. Ela se afastou para não
ver o menino morrer. Deus ouviu o clamor do Ismael e mandou um anjo em seu
auxílio, fazendo aparecer um poço com água, onde ambos mataram a sede. (21. 14 a
17)
Comentário: Não! O anjo não fez aparecer um poço com água. Ele pode tê-los feito
encontrar um poço com água, porque nem mesmo Deus de Verdade contraria as
próprias leis. Se acharam água é porque havia água por perto e algum ser superior os
levou a encontrá-la.
Ver nota nº 62 onde Agar, ao fugir de Sarai parou junto a uma fonte de água no
deserto, onde foi encontrada por um anjo. Pois apesar de raros, os poços existem no
deserto e pode ser que, nesta segunda oportunidade, Agar e o filho tenham se dirigido
à mesma fonte já anteriormente mencionada.
Interferência divina para encontrar um poço é possível – mas é erro supor que um
poço houvesse sido fabricado naquele momento.
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88- Abimeleque, acompanhado por Ficol, chefe de seu exército, foi falar com Abraão –
e desta vez, fê-lo jurar por Deus que não ia mentir (!). E Abrão jurou. (21. 22 a 24).
Comentário: Que vergonha ter de jurar que não ia mentir outra vez!
Coitado de você, heim deus? Passa cada vergonha! Que droga era o seu protegido!
Vê se toma cuidado na próxima vez que escolher alguém pra apadrinhar.
“Deus fez prosperar tanto Abraão, que até os reis procuram avidamente sua amizade”.
(!).
**********
89- Depois destes acontecimentos, Jeová colocou Abraão à prova: “Toma teu único
filho Isaque, e oferece-o em holocausto”.
90- Abraão amarrou o filho sobre um monte de lenha e, na hora em que ia matá-lo
com o cutelo, “do céu bradou o Anjo do Senhor”, que o impediu de matar o garoto. (22.
1 a 19)
Comentário: Isaque, filho único de Abraão? Que filho único é este? De onde tiraram
isso? Ismael não era filho também?
Mas não será absurdo se lembrarmos Jesus dizendo que aquele deus não era
nenhum ser divino, mas o próprio diabo.
3- Interessante é que o deus nem deu tchum pro coitado do Ismael, que foi
abandonado para morrer entre fome e sede no deserto, mas, em se tratando de
Isaque, acontecem coisas que até Jeová duvida! Manda matar e, na hora H, salva o
menino da morte! Que família cheia de mistérios e proteção teve o Moisés! Isso sim é
que é família!
4- Vejamos o fato sob outro prisma.
Está na bíblia deste jeitinho: “Abraão disse aos servos: Ficai aqui, que eu e o menino
vamos até lá sacrificar ao deus e depois voltaremos”. (22. 5).
Pelo depoimento de duas ou três testemunhas se estabelecerá o fato. (Deut. 19: 15).
**********
91- Sara morreu com 127 anos de idade, na terra de Canaã. Abraão falou aos filhos
de Hete (descendente de Canaã, o amaldiçoado): “Sou estrangeiro e morador entre
vós; dai-me a posse de sepultura para que eu sepulte a minha morta”. – e os filhos de
Hete responderam: “Sepulta numa das nossas melhores sepulturas a tua morta.” Além
de obter uma das melhores sepulturas para Sara, Abraão obteve também o campo e a
caverna que se encontrava no campo, obtendo o direito do campo e da caverna que
nele estava. (23. 1 a 20)
Comentário: Abraão podia ter ido procurar outro local onde sepultar Sara. Onde já se
viu um puro e abençoado usar o solo de impuros amaldiçoados para sepultura? Este
fato é curioso em se tratando de hebreus, que evitam o contato com toda e qualquer
“impureza”.
**********
92- – Depois de tanta amabilidade por parte dos cananeus, Abraão fez Isaque jurar
que não se casaria com moça de Canaã, mas que iria entre os seus parentes procurar
esposa. (24. 1 a 4)
Comentário: Sim senhor! Ele que se reconhece estrangeiro; ele que morava ali de
favor, por bondade dos cananeus, não permitiu que o filho se casasse com uma
cananéia! E é esta gente “justa e sem preconceitos” era a preferida de Jeová! Desta
maneira, mais qualidades se juntam à lista: povo ingrato e mal agradecido.
**********
93- “Cautela! Não voltes para lá, meu filho (referia-se a terra onde morou
anteriormente). O Senhor jurou que à minha descendência daria esta terra dos
cananeus”. (24. 1 a 7)
Comentário: Abraão odiava os cananeus, mas cobiçava sua terra; queria apossar-se
daquele solo, mas não queria para nora uma filha daquela gente. “Abominas os ídolos
e lhes roubas os templos?” (Rom: 2. 21 a 23).
“Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo” (Êx: 20. 17).
**********
94- O servo de Abraão saiu para a cidade de Naor, irmão de Abraão. Lá encontrou
Rebeca, que correspondia às expectativas de Abraão. O pai de Rebeca, depois de
ouvir o servo, consentiu que este levasse a filha para ser esposa de Isaque. (24. 10 a
67).
Comentário: O servo de Abraão falou ao pai de Rebeca sobre Isaque, dizendo que o
deus havia abençoado, tendo se tornado rico com ovelhas, camelos, bois, servos,
prata e ouro,
Para o deus, riqueza material é sinal de aliança. Mas grandeza espiritual ele
desconhece.
**********
95-Abraão casou-se outra vez, com Quetura e tiveram outros filhos: Zinrá, Jocsã,
Medã, Midiã, Sua e Jisbaque. Mas Abraão deu toda sua fortuna a Isaque; aos filhos
que teve com Quetura deu presentes e os enviou para as terras do oriente. (25. 1 a 6).
Comentário: Ao Isaque, Abraão fez seu herdeiro. Ao Ismael, deu pão e água e mandou
morrer no deserto. Aos outros filhos deu umas ninharias, mandou embora e não se
fala mais nisso
E Jeová permite! Cadê o amor de pai? Cadê a justiça de Jeová? Cadê que ele procura
preservar a união e o amor entre as suas criaturas?
A questão primordial, porém, não são as pessoas; não é a união, não é a família, não
é o amor, não é o sentimento, não são os filhos nem os pais. A questão primordial no
caso presente era proteger o Isaque a qualquer custo, porque Isaque era o
ascendente direto de Moisés. Só por isso.
E este ser, este deus pavorosamente injusto nos foi oferecido como objeto de
adoração!
2- A descendência inteira de Abraão seria abençoada, com terra e tudo – “... toda esta
terra eu darei a ti e à tua descendência para sempre” (13. 14 e 15). No entanto,
somente o Isaque foi escolhido para ser protegido pelo deus. Os meio irmãos de
Isaque não eram também filhos de Abraão? Não eram seu sangue? Não eram sua
descendência?
Repetimos, para que o leitor perceba o quanto somos conduzidos, sem que nos
permitam raciocinar:
Acontece que Moisés, o escritor desta saga, era descendente de Isaque – e não de
Ismael, nem dos outros meio irmãos. Por isso, Isaque recebeu a proteção de Moisés,
o qual acompanhou a trajetória da família, cercando-a de cuidados e criando para ela,
uma auréola de divindade, como se tudo fosse verdade inquestionável.
96- Morreu Abraão avançado em anos e foi reunido a seu povo.”(25. 8)”.
Comentário: Foi reunido a seu povo? Bem, é o que está escrito. Eles acreditavam
então que havia vida após a morte; que um espírito poderia rever os que o
antecederam na sepultura.
Por que uns e outros não crêem nisso, se está na bíblia que Abraão se reuniu ao seu
povo depois da morte? Estes uns e outros justificam dizendo que “reunir-se ao seu
povo” significa reencontrar-se no túmulo; significa que seus corpos, cadáveres novos e
esqueletos velhos vão se juntar embaixo da terra.
Em “... e a vida continua?” de A. Balbach, lê-se: “A vida dos seres animados e das
plantas depende da respiração. Subtraindo-se da planta o bióxido de carbono e o
oxigênio, ela morre. Assim, o homem possui um princípio vital que depende da
respiração. Esse fôlego não é entidade consciente pois, se fosse, a consciência do
homem estaria no nariz”.
E, de repente, Abraão juntou-se aos antepassados. Como pode acontecer uma coisa
destas, se só seu nariz era consciente?
**********
Comentário: Ismael, filho de Agar, ajudou a sepultar o pai desnaturado. Bonita lição de
perdão a quem o expulsou de casa a pão e água! E este foi o desprezado pelo Jeová.
E não abençoou também os outros filhos, que eram legítimos hebreus. Por quê?
Cada preferido do deus tem somente um filho abençoado, apesar dele viver
prometendo aliança perpétua com a descendência inteira. Pelo sintoma, Jeová não
consegue gostar de duas pessoas ao mesmo tempo; é um ou outro, que não cabem
dois no coração do deus.
CAPÍTULO 7
ISAQUE
98 - Isaque se casou com Rebeca, que era estéril. Mas o Isaque orou e o Senhor
ouviu as orações; ela concebeu e teve gêmeos. Isaque estava com sessenta anos
quando nasceram os gêmeos. (25. 21 a 26)
Comentário: Outra estéril! Já não chega a Sara? Cadê Jeová, que permite uma coisa
destas entre os dodóis?
“Na tua terra não haverá mulher que aborte nem estéril”.
(Ex: 23: 26)
Não. Para o Verdadeiro, nada é difícil, mas nem mesmo Deus Verdadeiro passa por
cima das próprias leis. E, se Ele não infringe regras, por que o deusinho se pavoneia
como se o fizesse?
Aqui, Moisés garante que a mulher de Isaque era estéril – e que, antes dela, Sara
também o era – mas não fala que foi castigo. Oh, não! Jamais um hebreu aceitaria que
suas mulheres não tivessem filhos como castigo por alguma coisa. Só mulher dos
outros.
4- Rebeca era estéril coisa nenhuma! Se o fosse, não teria filhos nunca, por mais que
o marido rezasse.
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99- Os gêmeos eram Esaú e Jacó. Esaú nasceu primeiro sendo, portanto, o
primogênito; ele era ruivo e tinha a pele toda coberta por pêlos. Jacó, o irmão gêmeo,
não tinha pêlos espalhados pelo corpo. (25. 25).
Os meninos cresceram. Esaú tornou-se um hábil caçador, correndo a estepe. Jacó era
um homem tranqüilo, morava sob tendas. (25: 27)
Comentário: Nas entrelinhas, Moisés deixa claro que Esaú era trabalhador: um hábil
caçador que corria pelas estepes à procura do que caçar.
Moisés deixa no ar também, que Jacó era preguiçoso, levando em conta que não lhe
atribuiu ocupação nenhuma, trabalho nenhum, passatempo nenhum. Habilmente, criou
para seu ancestral um adjetivo e um modo de vida até ajeitados: tranqüilo que morava
sob tendas – cuja tradução é: vagabundo que ficava em casa deitado na rede,
enquanto os outros trabalhavam.
100- Isaque, pai dos gêmeos, amava a Esaú, o filho peludo; Rebeca, a mãe, amava a
Jacó, o filho pelado. (25. 27 e 28).
101- Jacó estava cozinhando; Esaú chegou do campo cansado e travou-se este
diálogo:
“- Me deixes comer um pouco desse cozinhado, pois estou esmorecido” – pediu Esaú.
- Jura-me primeiro.”“.
Esaú jurou e, só então, Jacó, deu-lhe o cozinhado. Esaú comeu e saiu, desprezando o
direito de primogênito.”(25. 29 a 34)
Comentário: Como se valorizava o primeiro filho! Eram gêmeos, mas Esaú nasceu
antes, era o primogênito.
3- Mesmo negociando o direito, ninguém modificaria o fato do Esaú ter nascido antes.
Seria o mesmo que dizer: “Eu desprezo minha mãe e ela deixa de ser a pessoa que
me gerou.”
4- Notar o que está escrito: “Assim desprezou Esaú o seu direito de primogênito”.
Pergunta: Esaú desprezou seu direito? Não! Nada disso! – Vejamos outra vez as
palavras exatas de Esaú:
A história é que Moisés, o cronista, era descendente de Jacó – e não de Esaú. Está
visto que ele tinha de arranjar uma desculpa para trincar a imagem dos não
ascendentes e esculpir seus antepassados diretos com a melhor das pedras, em
prejuízo dos demais.
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102- Havendo fome na região, Isaque foi a Gerar visitar Abimeleque, o rei dos filisteus.
No caminho apareceu-lhe Jeová, que o mandou habitar na terra de Gerar. “Habita nela
e serei contigo e te abençoarei porque a ti e a tua descendência darei estas terras e
confirmarei o juramento que fiz a Abraão, teu pai”. (26. 1 a 4).
Comentário: Como fez seu pai Abraão, o Isaque procurou morada no lugar cujo rei era
Abimeleque, aquele velho conhecido de Abraão. (notas 80 a 84 e 88).
2- Isaque também viu o deus, que lhe forneceu diretrizes sobre onde morar. Até agora,
de acordo com a fábula criada por Moisés, já o viram: Adão, Eva, Caim, Abel, Noé,
Abraão, Sara e Isaque. No entanto, o próprio Moisés se desmente ao escrever: “Não
poderás ver minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá”.
(Êxodo 33: 20 a 23).
3- Notar que Jeová não dá diretrizes sobre a prática de virtudes: caridade, bondade,
honestidade, perdão. Suas orientações são sobre onde morar, quais os próximos
passos para ficar rico, como enganar os outros...
5- Finalmente por que o deus, ao invés de mandar Isaque morar nas terras de Gerar,
não fez chover no lugar onde ele estava? Ou ele não sabe fazer chover?
A verdade é que dentre os “poderes” de Jeová não está incluída a melhoria do clima,
porque este é assunto para Deus Verdadeiro.
Acaso ter-se-á encolhido a minha mão? Já não há força em mim? (Is: 50. 2).
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103- Multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e te darei todas estas
terras. (26. 4).
Comentário: Jeová vive dando farta descendência, mas é fato matemático: todo casal
com filhos tem descendência crescente! Não sabemos porque tanto bater na tecla de
que os favorecidos por Jeová terão grande descendência.
Só a título de exemplo:
Tendo em média 5 filhos por casal, em cada geração a descendência será sempre
cinco vezes maior que o número obtido anteriormente. Vamos aos números:
Quem tem 5 filhos terá 25 netos, 125 bisnetos, 625 trinetos, 3.125 filhos dos trinetos,
15.625 netos dos trinetos, 78.125 bisnetos dos trinetos, 390.625 trinetos dos trinetos -
e o número vai aumentando: de 1.953.125 pula para 9.765.625, que vai para
48.828.125, que aumenta para 244.140.625, que passa a ser 1.220.703.125.
Mas, graças a Deus Verdadeiro, morre gente quase na mesma proporção, senão
nosso planeta seria insuficiente para uma única família – não necessariamente semita.
O cálculo foi feito dando cinco filhos em média, por casal. À época que estamos
analisando porém, as mulheres tinham dez, quinze filhos ou mais. Nesta proporção,
não há vantagem nenhuma num deus que promete grande número de descendentes!
Qualquer família pode tê-lo, sem precisar de um deus exclusivo.
Notar que, no cálculo que fizemos, não foi somada a geração anterior. Consideramos
como se as gerações mais velhas fossem morrendo à medida que as novas gerações
fossem nascendo. Também não foram juntados os genros e as noras. Se juntássemos
avós, filhos, netos, noras e genros, os números seriam bem maiores que aqueles que
obtivemos.
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104- “Abraão obedeceu à minha palavra, guardou meus mandamentos, meus
preceitos e as minhas leis”.(26. 5).
Comentário: Quais palavras Abraão guardou? Quais preceitos? Quais leis? Ele foi
covarde, mentiroso, alcoviteiro, chantagista, injusto, estuprador, incestuoso, ladrão,
chifrudo, aproveitador e péssimo pai. Também foi vaidoso, mal agradecido, egoísta,
medroso, orgulhoso, cobiçoso, pão duro, injusto, ingrato, vingativo. Poucas
antivirtudes ficaram lhe faltando, mas, se procurarmos melhor veremos que ele foi um
dos maiores antivirtuosos, tendo ficado mais ou menos empatado com o neto Jacó, a
quem analisaremos em seguida.
Isso só se justifica se lembrarmos que, segundo Jesus, o deus Jeová era o próprio
diabo. Assim, Abraão terá prestado, realmente, cega obediência ao seu “mestre”.
(Mat: 5. 19).
Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da mesma lei? (Rom: 2.
21 a 23).
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Comentário: Tal pai, tal filho! O mesmo truque para não ser morto. Covarde!
Alcoviteiro! Aproveitador! Mentiroso! O cornífero contou esta mentira no mesmo lugar
onde o pai mentiu também: em Gerar, onde ainda reinava o mesmo Rei Abimeleque.
Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19:
11)
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106- “Abimeleque, rei dos filisteus, olhando pela janela viu que Isaque acariciava
Rebeca, sua esposa”.E descobriu tudo. A mentira foi descoberta, portanto, antes que o
rei tomasse Rebeca por mulher e depois Jeová mandasse alguma praga por castigo.
O rei mandou uma ordem ao povo: “Aquele que tocar neste homem ou em sua mulher,
morrerá.” (26. 8 a 11)
2- Por este fatio se nota que deus do rei era mais poderoso que o deus de Abraão e
Isaque porque, no episódio com Sara, o deus do rei avisou que ela era mulher do
Abraão nem chegou a tocá-la. E agora, no episódio com Rebeca, ele também
descobriu a mentira antes de cometer qualquer bobagem.
Não teve tanta sorte o faraó, cujo deus particular não avisou e ele teve de entregar
grandes riquezas a Abraão e a Ló, para ser perdoado por ter sido enganado.
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107- “Semeou Isaque naquela terra e, no mesmo ano, recolheu cem por um porque o
Senhor o abençoava. Enriqueceu, prosperou, ficou riquíssimo; possuía ovelhas e bois
e grande número de servos...” (26. 12 a 14).
Comentário: Falando assim, parece que foi grande a vantagem de Isaque, que foi
grande a proteção do deus.
Mas vejamos: Isaque estava naquela terra porque fugia da fome e, se fugia da
estiagem, não procuraria abrigo numa terra também árida, fustigada pela falta de
chuva.
Havendo bom solo, sol e chuva nas épocas certas, qualquer um que plante milho vai
colher ao menos, três espigas por pé contendo, no conjunto, muito mais de cem grãos
por cada grão plantado – ou seja, “cem por um”. Cadê o milagre?
E certamente não foi apenas Isaque no mesmo local e na mesma época, que colheu
bastante. Os outros habitantes colheram na mesma proporção, devido ao bom clima.
Cadê a vantagem do deus para com o Isaque?
Perguntamos:
Por que o deus não o “abençoou” lá onde morava, sem ter de ficar rico em terra
alheia?
Por que é preciso retirar o protegido de sua terra, para abençoá-lo? Sendo “poderoso”,
Jeová teria de provar seu poder em qualquer terra, em qualquer clima.
Parece que o deus aprendeu com os seus favoritos, a ser um aproveitador. Ele se
aproveita das obras de Deus Verdadeiro e as assina como suas. E há quem acredite.
Para Jeová há coisa demasiadamente difícil? (18. 10 a 14).
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108-– O Isaque passou a ser invejado e, por isso, entulharam os poços dos quais ele
se servia e que foram abertos por Abraão, seu pai. Quando Isaque estava rico, o rei
Abimeleque mandou-o sair de suas terras porque “estava mais poderoso” que ele.
Isaque saiu e acampou no vale de Gerar, onde habitou. (26. 14 a 16).
Comentário: Quem prova que ele foi mandado embora por estar rico e poderoso?
Daqueles tempos esquecidos não restou testemunha do poder e da riqueza de Isaque,
riqueza maior que do próprio rei!
É possível que tenha sido expulso por motivo bem menos digno. Não esquecer que foi
deste mesmo lugar que Sara, mãe dele, saiu com um “filho” nos braços, o qual
ninguém mais era que ele próprio, o Isaque.
Já vimos que é enorme a possibilidade de Isaque não ter sido filho de Abraão e Sara e
sim, de algum casal do reino de Abimeleque. É possível que Isaque tenha vindo ali,
não para procurar asilo contra a fome – e sim, para reclamar direitos que lhe tocavam
por herança de sangue.
É possível que, reclamando seus direitos, tenha causado mal estar entre os habitantes
e sido expulso.
E junto deste motivo pode ter havido muitos outros. Afinal, aprendeu com o pai
algumas “virtudes” que, colocadas em prática poderiam ter levado à expulsão. Se já
vinha brigando por causa dos poços, pode ter arranjado briga, perturbado a paz do
reino e, daí, ser convidado a sair.
É verdade que não se pode provar as hipóteses que estamos levantando – mas
ninguém prova, igualmente, que Isaque foi mandado embora somente por ter
enriquecido. Não esquecer que o autor desta redação foi Moisés que quis colocar seu
povo como o melhor dos povos, o único protegido por suas inúmeras qualidades.
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109- O rei Abimeleque foi ao acampamento de Isaque, o qual perguntou: “Por que
viestes a mim, se me odiais e me expulsaste do vosso meio?” E responderam: “Jura
que não nos fará mal, como também não te havemos tocado, e como te fizemos
somente o bem e te deixamos ir em paz...” (26. 26 a 29).
Comentário: O termo expulso que usei na anotação anterior não foi pesada nem
inconveniente, porque o próprio Isaque a usou, confirmando minhas suspeitas: “Por
que viestes a mim, se me odiais e me expulsaste do vosso meio?”
2- Além de confirmar que foi expulso, disse que era odiado. Ora, para ser expulso de
um lugar, não é preciso ser odiado. Um homem pode expulsar um cachorro de sua
porta, sem odiá-lo; pode expulsar um vendedor, um cobrador, um mendigo, sem sentir
ódio. Quando há ódio, porém, é porque há forte motivo.
O dicionário vem em nosso socorro enfatizando que ódio é algo muito mais forte que
simples antipatia:
Ódio = sentimento de profunda inimizade; paixão que conduz ao mal que se fez ou
que se deseja a outrem. Ira incontida; rancor violento e duradouro. Viva repugnância,
repulsa, horror.
Isaque não foi, pois, expulso por estar riquíssimo e poderoso conforme garante o texto
bíblico – mas por motivos que Moisés prefere ocultar por depor contra um protegido do
deus, o que significaria depor contra as próprias raízes.
Abimeleque, acompanhado por Ficol, chefe de seu exército, foi falar com Abraão – e
desta vez, fê-lo jurar por Deus que não ia mentir (!). E Abrão jurou. (21. 22 a 24).
Coitado de você, heim deus? Passa cada vergonha! Que droga era o seu protegido!
Vê se toma cuidado na próxima vez que escolher alguém pra apadrinhar.
Pois Jeová não escolheu com cuidado e veja o vídeo teipe daquela situação: Está o
deus, outra vez, em situação humilhante vendo o mais novo dodoizinho jurar que não
ia enganar de novo o rei!
4- Vejamos esta frase de Abimeleque: “Jura que não nos fará mal...” O pobre rei
estava tremendo de medo do Isaque. Por quê? O que teria aprontado o afilhado de
Jeová para despertar temor no monarca e preferir vê-lo bem longe dali?
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110-– Esaú, filho de Isaque casou-se aos 40 anos com Judite e com Basemate, que
vieram ser motivo de amargura para Isaque e Rebeca. (26. 34 e 35).
Comentário: Esaú era o mais velho dos gêmeos. Era aquele que trocou a
primogenitura pelo prato de sopa.
Suas esposas vieram a ser motivo de amargura aos pais dele, por serem
descendentes de Canaã, o amaldiçoado. Só por isso.
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111- Isaque estava velho e quase cego. Mandou Esaú caçar, preparar-lhe a comida e
dar-lhe de comer para que fosse abençoado por ele, antes que morresse. Rebeca
ouviu a ordem e mandou Jacó, o outro filho, buscar cabritos e fez ela a comida para o
marido. Desta maneira, o abençoado seria Jacó e não Esaú.
Jacó tinha poucos pêlos e cabelos, enquanto Esaú era peludo. Se o pai, quase cego, o
tocasse, saberia que Jacó o estava querendo enganar e, em lugar de bênção, teria
sua maldição.
Para enganar Isaque, Rebeca vestiu Jacó com roupas de Esaú, cobriu-o com peles de
cabra e mandou levar a carne ao pai. Este o apalpou para saber se era Esaú: “A voz é
de Jacó, mas as mãos são de Esaú” - pois estavam peludas, devido às peles que as
cobriam. Também pelo faro ele foi enganado, pois cheirou o filho e, como este estava
com roupas do irmão, pensou que era Esaú. E o abençoado foi Jacó. (27. 1 a 29).
2- Jacó é outro mau caráter a ser “protegido”! Incrível como Jeová é injusto! Ele aceita
as malandragens dos escolhidos, assina embaixo e ai de quem discordar!
3- Não seria a primeira vez que Jacó enganava o pai e isto fica evidente porque este o
apalpou e cheirou para ter certeza de tratar-se de Esaú. Jacó estava acostumado a
mentir... E este será o protegido do deus!
Aquele que pratica a maldade contra seu irmão procede do diabo. (1-João: 3. 8)
Aquele que não ama o irmão a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. (1-
João: 4. 20)
Tu, homem de Deus, foge dos tormentos da cobiça. Segue a justiça, a piedade, o
amor, a mansidão. (Tim: 6. 11)
Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19:
11)
5- E mais uma dúvida: Enganar a um cego através do tato e do cheiro não é tão fácil
quanto o Moisés pensava. Ainda mais quando se trata de aliar tato, olfato e audição!
Ora, o velho ouviu Jacó, reconheceu sua voz e, mesmo assim, foi enganado pelo tato
e pelo cheiro? É difícil acreditar, mormente se pensarmos o seguinte:
De que maneira a pele de cabra foi costurada nas mãos de Jacó, para não deixar
vestígios das emendas? Sim, porque se o ceguinho apalpou, teria de detectar os
cinturões táteis das costuras, caso estas não estivessem bem dissimuladas. E não
parece que estivessem, se tivermos em mente que costura sempre deixa impressões
detectáveis, ainda mais naquela época, quando as costuras eram muito grosseiras
devido à falta de confortos técnicos.
A pele foi colocada somente nas mãos e no pescoço, ou no corpo inteiro de Jacó? É
óbvio que tinha de ser no corpo todo, porque o velho poderia querer apalpar braços,
peito, costas e pernas, principalmente porque havia reconhecido a voz do filho
embusteiro.
O cheiro de roupa de Esaú seria suficiente para enganar ao cego? Absolutamente não.
O suor de uma pessoa tem o cheiro daquela pessoa; cheiro próprio característico,
diferente de todos os demais cheiros, fato que particulariza o indivíduo.
A roupa de Esaú continha o cheiro de Esaú; mas Jacó, por sua vez, certamente estava
suando naquele exato momento, pois se sentia nervoso pela possibilidade de vir a ser
desmascarado pelo pai, a quem estava tentando enganar. O cheiro do suor de Jacó
encobriria com certeza, o cheiro da roupa de Esaú.
Não, não seria fácil enganar a uma velha raposa do deserto através deste expediente.
O problema na verdade, não é com Isaque, nem com Jacó, nem com Esaú. O
problema é com o próprio Moisés, que jamais aceitaria ser descendente de um
segundo filho. Isso seria uma afronta para a pureza de sua estirpe!!! Para ser
descendente de um primogênito, veja o leitor as acrobacias que Moisés faz, preferindo
proceder de um ladrão, a proceder de um segundo filho.
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112- Mais tarde, sabendo que havia sido enganado, o velho estremeceu e contou a
Esaú o ocorrido: “Teu irmão veio com astúcia e tomou tua bênção”. Esaú pediu que
também fosse abençoado, mas o pai não tinha bênção a lhe dar. E falou: “Longe dos
lugares férteis e sem a água que cai do alto será tua habitação... Servirás o teu
irmão...” (27. 30 a 40).
Por este fato é fácil perceber que a já mencionada “troca” do direito de filho mais velho
por um prato de sopa foi uma tolice inventada por Moisés, desde que não foi levada a
sério por ninguém. Se o fosse, a família inteira não estaria agora interessada nos
mesmos direitos de primeiro filho. Esaú, portanto, poderia ter “desprezado” mil vezes
seus direitos de primogênito em troca de mil pratos de sopa, que continuaria a ter seus
direitos assegurados.
A história da sopa foi só bla, bla, bla; foi só um jeitinho a mais do qual Moisés lançou
mão para justificar a troca dos direitos.
2- Jacó mentiu e, por duas vezes passou o irmão para trás. E o deus passou a
proteger a este traidor!
4- O pai não podia desfazer o erro quando descobriu que havia sido enganado? Não
era ocasião pra aplicar um bom sermão na Rebeca e no Jacó, pela mentira? Mas
Jeová gostava mais de Jacó, porque Jacó viria a ser ascendente do Moisés – e não o
Esaú; então ficou o ladrão elevado a herói, ficou o dito pelo não dito, ficou tudo por
isso mesmo, não se fala mais nisso, a injustiça prevaleceu e fim!
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Comentário: E não era pra menos! O mesmo aconteceu entre Caim e Abel: por causa
do deus, dois irmãos passaram a se odiar. O próprio Jeová promovendo a divisão
entre os “seus” filhos!
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114- Esaú resolveu matar Jacó, quando o pai morresse. Mas Rebeca, “ouviu” o
pensamento de Esaú e preveniu Jacó. Mandou-o para Harã ficar na casa de Labão,
irmão dela e lá morar até passar o ódio de Esaú. E aconselhou o marido para que, na
hora da partida de Jacó, mandasse que se casasse com moça de lá – e não com
moça de Canaã, lugar onde moravam. (27. 41 28. 4).
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115- Esaú, o enganado, sabendo que o pai não via com bons olhos as moças de
Canaã, dirigiu-se à casa de Ismael e, além das duas mulheres cananenses que já
possuía, tomou para si outra mulher: Maalate, filha de Ismael. (28. 6 a 9).
Comentário: Para desgosto dos pais, Esaú casou-se pela terceira vez, com outra
gente detestada. Agora foi com uma filha de Ismael, o meio egípcio filho de Abraão
com a escrava Agar.
2- O tempo todo, a impressão que fica é que Moisés, narrador, deseja justificar Jacó e
condenar Esaú.
Sem motivos para denegrir a imagem de Esaú, o escritor lança mão de infantilidades
que, de jeito nenhum o conseguem. E que infantilidades são estas?
a) Esaú, quase a desmaiar de fome, não fez questão de trocar os direitos de primeiro
filho por um prato de sopa.
Não. Quem errou foi Jacó, pela ambição exagerada; errou justamente aquele que
Moisés insiste em proteger.
b) Isaque, quase cego e querendo abençoar seu primogênito foi enganado, de modo
que a bênção acabou ficando para Jacó, o segundo filho.
Não. Quem pecou outra Jacó, pela ambição que levou ao roubo; errou Jacó, a quem
Moisés insiste em dar de presente um deusinho particular - é um deus maléfico e sem
tem poderes, mas que não deixa de ser um amuleto.
Pergunta: Por que Moisés faz pender o fiel da balança para o lado de Jacó?
Dentre as mulheres de Jacó, Moisés vai proteger Lia, a “moça feia dos olhos
embaciados”, de quem Jacó não gostava. Lia foi ascendente de Moisés, é claro!
Dentre os filhos de Lia está Levi. Veremos, no episódio do Príncipe Siquém, que
Moisés justificou a carnificina levada e efeito por este senhor. E veremos outras vezes
Moisés protegendo abertamente os filhos de Levi, dos quais ele próprio é um rebento.
Tomando por este lado, Moisés simplesmente narrou maravilhas sobre si e sua árvore
genealógica.
CAPÍTULO 8
JACÓ – (1)
116- Jacó saiu em viagem, fugindo de Esaú. A primeira noite, Jacó passou-a ao relento
e sonhou com uma escada, cujo topo atingia o céu, por onde transitavam anjos. Em
sonho, o deus lhe disse: “Eu sou Jeová, Deus de Abraão e Deus de Isaque. A terra em
que estás deitado eu a darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será
numerosa como pó da terra. Eis que estou contigo e te guardarei e te farei voltar a
esta terra e não te desampararei”.(28. 10 a 15).
2- Jacó sonhou? E quem o garante? É difícil desmentir um sonho e a própria bíblia nos
dá a certeza que nem todos os sonhos “proféticos” aconteceram:
“Os falsos profetas proclamam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei!” (Jer:
23. 25).
Sou contra esses profetas que pregam a própria palavra e afirmam: ‘Deus disse’
Eu não os enviei, nem lhes dei ordem e eles, nenhum proveito trouxeram. (Jer: 23: 16
a 21; 30 e 32)
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117- Jacó acordou e disse: “Deus está neste lugar e eu não sabia...” (28. 15 e 16).
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118- – Tomou a pedra que lhe serviu de travesseiro e com ela fez a Coluna de Betel:
“Se Deus for comigo e me guardar nesta jornada, se me der pão para comer e roupa
que me vista de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então o Senhor
será meu Deus; esta coluna será a casa de Deus e, de tudo o que me conceder, darei
o dízimo”.(28. 18 a 22).
Não farás suborno, porquanto o suborno cega os olhos dos sábios. (Deut. 16: 19).
Casa de Deus? E ele precisa disso? O ser que fez o Universo, o que faria com uma
casa?
“Que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso? Sim, porque minha
mão fez todas as coisas que vieram a existir” (Isaías: 66. 1 a 3).
Não farás poste - ídolo, nem levantarás coluna, a qual o Senhor odeia. (Deut. 16: 21 e
22)
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119-– Jacó conheceu a prima Raquel, filha de Labão e permaneceu na casa deste.
(29. 9 a 14).
120- Labão, tio de Jacó, tinha duas filhas: Lia e Raquel. Lia, a mais velha, tinha os
olhos embaciados e feios, ao passo que “Raquel era formosa de porte e de
semblante”. Para casar-se com Raquel, Jacó serviu a Labão, de graça, por sete anos.
(29. 16 a 20).
121-– Depois, Jacó pediu que o tio lhe desse Raquel por esposa, conforme o
combinado. Labão aceitou, deu uma festa para comemorar o casamento, mas, à noite,
no quarto, em lugar de Raquel estava Lia, que ali foi conduzida pelo próprio pai. Sem
perceber, Jacó possuiu Lia. De manhã, ficou furioso com a troca e Labão explicou que
o costume era a mais velha casar primeiro. E prometeu entregar-lhe Raquel também,
se Jacó o servisse por mais sete anos. Jacó concordou e, depois de uma semana,
recebeu Raquel por esposa. Ali ficou por mais sete anos. Mas Jacó amava Raquel e
não Lia. (29. 21 a 30).
Comentário: Naquela noite em que Jacó sonhou com a escada, o deus lhe falou, entre
outras coisas: “Estou contigo, te guardarei para onde fores e não te desampararei”
(nota 116).
Jeová não ia desamparar Jacó; ia guardá-lo de todo mal, mas não conseguiu prever a
intenção de Labão, em substituir a noiva pela cunhada. Grande deus! Muitíssimo
poderoso mesmo! Depois de sete anos naquele lugar, nem ficou sabendo que era
costume casar a filha mais velha antes da caçula; nem percebeu que o velho ia fazer a
troca! Deixou que o Jacó fosse enganado e não o alertou sobre o que ia acontecer. Se
Jacó fosse depender da proteção do deus, estava frito.
Pergunta:
Onde estava o deus que não percebeu a troca, nem avisou que Lia estava no lugar de
Raquel?
Jeová induz os dodóis a passar a perna nos outros, mas não é capaz de descobrir
quando serão eles os logrados. Pobre deusinho! Bem limitado mesmo!
2- Aqui, Jacó se casou com duas mulheres, porém, adiante, o deus dá a Moisés a
seguinte norma: “Não tomarás outra como tua mulher, de sorte que seja rival da
primeira”.(Lev: 18. 18).
E aí, Moisés, como é que fica? Jacó errou em ter tomado duas esposas, ou errou o
deus em ditar esta lei?
Na época do Jacó, o deus não sabia que era errado o casamento bigâmico, ou a
bigamia era correta para os protegidos e errado só para os outros?
Deus não faz acepção de pessoas. (Atos: 10. 34)
**********
122- Por Lia ser desprezada, o Senhor fê-la fecunda e deu à luz: Ruben, Simeão, Levi
e Judá. (29. 31 a 35)
Se conseguisse tornar fértil uma mulher, teria feito Rebeca tornar-se mãe sem
necessidade do Isaque, marido dela, orar durante vinte anos.
E, por que resolver tornar fértil uma mulher depois de casada? Sendo o criador de
tudo, sendo o idealizador de todos os destinos saberia, de antemão, que Lia seria
esposa de Jacó e não seria amada porque era feia. Prevendo o futuro, poderia tê-la
feito bonita, ou tê-la feito fecunda ao nascer – e não torná-la fecunda por ser
desprezada.
Este deus continua tomando resoluções de última hora, sem planejamento. Por que
esperar os acontecimentos para só depois remediar os problemas que não conseguiu
prever?
2- Notar que as coisas acontecem no Velho Testamento sem uma causa justificada,
sem ser conseqüência de coisa alguma; qualquer um é escolhido, qualquer outro é
desprezado sem que suas atitudes e caracteres sejam levados em consideração. Tudo
“obra” do deus, cujos atos Moisés moldou à vontade, de modo a plasmar um Jeová
ridículo que “favorecia” alguns poucos a qualquer custo.
Já o dissemos, mas vamos repetir para que não se perca de vista os objetivos de
Moisés: Acontece que ele, autor da narrativa, teve por antepassados diretos:
Noé. Bonzinho, recebeu a missão de salvar-se a si, sua família e as espécies animais
do dilúvio.
Sara, esposa de Abraão. Boazinha e justa mas estéril, apesar de ser “mãe” da “raça
protegida”. Teve um filho aos cem anos, já sem ovulação, por “pura proteção do deus”.
Isaque, “filho” de Abraão com Sara. Justo e bonzinho. Por causa dele foram
desprezados Ismael e os outros irmãos.
Jacó: justo, bonzinho e protegido contra Esaú, o qual foi transformado em vilão por
Moisés.
Lia, esposa de Jacó; feia, mas boazinha e justa; uma coitadinha, desprezada pelo
marido. É claro que Moisés tinha de puxar a brasa para o seu peixe transformando-a
em “fecunda pela graça do deus” e desnecessárias outras justificativas.
Levi, filho de Lia. Veremos em Êxodo, que Moisés protegerá os levitas transformando-
os em sacerdotes do deus e recebedores dos dízimos, que vão enriquecê-los.
Notamos que Moisés torceu os fatos até chegar a si mesmo, um varão da casa de
Levi, filho de Lia, esposa de Jacó.
Observando estes detalhes, fica a certeza do quanto Moisés manipulou os fatos para
dar a si mesmo, origem quase divina.
Não se ocupem de genealogias sem fim; que se ocupem com o serviço de Deus, na
fé. (Tim: 1.4)
**********
123- – Raquel era estéril e queria filhos. Para tê-los, entregou a Jacó sua serva, de
nome Bila. (30. 1 a 4).
Que castigo, heim? E querem fazer crer que o deus realizava maravilhas...
2- Para ter filhos, Raquel entregou a Jacó sua escrava Bila, igual fez Sarai com Agar:
obrigou-a a dormir com o marido para ter filhos através da serva... Era uma
promiscuidade, uma mistura desordenada e confusa, um desrespeito aos sentimentos
das escravas, um toma lá esta mulher e dá cá um filho macho, de causar asco.
3- E mais: Raquel era a esposa preferida por Jacó que, por sua vez, era o preferido do
deus. Ora, na posição de afilhado, Jacó deveria ter muitos filhos com Raquel, e não
com Lia, a quem não amava.
Acontece que Jeová é novinho, ainda inexperiente, estagiário em fase de aprendizado
e por isso não tem conseguido fazer milagre nenhum. Mas deixe estar! Até agora, o
narrador está só fazendo um relato dos acontecimentos antes dele próprio nascer.
Quando Moisés aparecer em cena, o deus vai estar perito e “fazendo os maiores
prodígios”, conforme veremos.
4- Nesta narração, Moisés justifica a incoerência que estamos analisando: “Vendo que
Lia era desprezada, o Senhor fê-la fecunda”, dando a entender que a fertilidade era
compensação pela indiferença do marido, como se Jeová ligasse pra este tipo de
coisa; se ligasse, teria compensado Esaú por ser desprezado pela mãe e traído pelo
irmão.
**********
125 - Lia, a primeira esposa, para ganhar em número de filhos pegou sua serva Zilpa,
e a entregou a Jacó. Zilpa teve com Jacó, os filhos Gade e Aser. (30. 9 a 13).
Que maneira caridosa de tratar as escravas! Entregam ao marido para que tenham
descendência através delas. Depois se apossam das crianças, sem se importar com
os sentimentos das servas – elas sim, mães verdadeiras, que têm de entregar os filhos
para saciar o egoísmo das esposas dos patriarcas. Danem-se as escravas, desde que
as esposas do favorito do deus tenham crianças nos braços e farta descendência.
Esta prática foi um exemplo que receberam de Sara, a qual deu a escrava egípcia ao
marido e, de cuja união nasceu Ismael. Com uma ressalva: Lia e Raquel cuidaram
melhor dos filhos das escravas do que Sara, que expulsou a serva e o filho a pão e
água, sem direito a mais nada.
Não pode haver judeu nem grego; nem escravo, nem liberto; nem homem, nem mulher
porque todos sois um em Cristo. (Gal: 3. 28)
Não tomarás como tua mulher outra, de sorte que lhe seja rival. (Lev: 18. 18)
2- Interessante notar que Ismael, nascido de união ilegal entre Abrão e Agar, foi
expulso do acampamento, com o aval do deus. Aqui, Jacó se deita com esposas e
servas, sem que os filhos destas últimas sejam considerados ilegítimos. Jacó os
considerou a todos, com direitos iguais. Pelo menos uma qualidade encontramos em
Jacó. Arre!
**********
Tudo homem macho, ocê viu? Eta Jeová! Nenhuma mulher até agora! Isso é que é
deus batuta!
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127- De Lia nasceu uma filha, que se chamou Diná. (30. 21).
Comentário: – Epa! O que é isso? O deus dormiu de touca e nasceu uma menina!
Putis grilo, que raiva ele deve ter sentido quando foi espiar o nenê e lhe viu o sexo!
Fazer o quê né? Não tinha como mandar de volta, impossível trocar a mercadoria...
Reclamar com o responsável estava fora de cogitação, pois o responsável era ele
próprio.
“Já que tá, fica, mas que não me apareça outra!” – esta deve ter sido a fala de Jeová,
ao ver que errou feio.
2- Mas a menina nasceu de Lia, a quem Jacó não amava. Então, não tem importância.
Se fosse de Raquel aí sim, o pau ia quebrar!
3- Em verdade, muitas filhas devem ter nascido das esposas de Jacó. Em Gênesis 37:
35, a gente lê: “Levantaram-se os seus filhos e as suas filhas para o consolarem,
porém Jacó recusou ser consolado”.
Sim! As suas filhas! Se está escrito é porque havia filhas também! Quantas eram ao
todo? Só Deus Verdadeiro o sabe. Diná só recebeu registro na bíblia porque, com ela,
aconteceu um fato digno de nota e Moisés, desde agora, já foi preparando terreno,
colocando-a dentre a filharada. Não fosse isso...
**********
Comentário: Uai, uai! A Raquel não era estéril? Como foi que concebeu sem que o
Jacó orasse durante vinte anos? De repente, o deus faz uma estéril conceber? Quem
concebe não é estéril, e quem é estéril não concebe.
Moisés, o autor desta narrativa esquece o que já grafou e continua escrevendo de
maneira a desmentir-se a si mesmo. Ele usa a expressão estéril, que é forte, para
depois “desfazer” a esterilidade e melhor valorizar o deus... Vá, vá, sô!
**********
129- Raquel teve ainda outro filho, já em terras distantes, longe da casa de seu pai –
mas morreu no parto. Este último filho chamou-se Benjamim. (35. 16 a 20).
TOTAL: 13 filhos - e cremos que houve pelo menos igual número de filhas além de
Diná; mas as mulheres eram tidas como nulidades, nem ao menos dignas de registro
nas narrações mosaicas.
CAPÍTULO 8
JACÓ – (1)
(Continuação)
130- Depois do nascimento de José, Jacó quis retornar à terra de Canaã, de onde
viera.
O sogro Labão, para não se apartar das filhas e dos netos, pediu que Jacó
continuasse trabalhando com ele; que fixasse salário para si mesmo, que cobrasse
pelos serviços prestados.
Jacó fixou como salário o seguinte: seriam dele todos os animais “coloridos”: os
pintados, os listrados, os salpicados e os malhados nascidos e os que viessem a
nascer. E ficariam para o sogro os animais brancos e os negros nascidos e os que
viessem a nascer.
**********
131- Jacó usou um ardil para que as fêmeas “coloridas” dessem crias “coloridas”. E
manipulou para que os machos “coloridos” enxertassem as fêmeas brancas e pretas
de Labão, tendo crias “coloridas” também. Desta maneira, as fêmeas “coloridas”
tinham crias sempre “coloridas”; e as fêmeas pretas e brancas tinham crias igualmente
“coloridas”. Jacó manipulou de tal forma os rebanhos, que só nasciam filhotes
“coloridos”. Interferiu na cor das crias para se apoderar de rebanhos aumentados
grandemente quanto ao número. Jacó tornou-se assim, mais e mais rico; teve muitos
rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos. (30. 37 a 43)
Comentário: Ladrão! Mais uma prova de desonestidade na família, que parece não
gerar outra coisa.
Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem a mulher do teu próximo, nem os seus
servos, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu
próximo (Êx: 20. 17).
2- É certo que ele morou 20 com o sogro; mas ali esteve como fugitivo, escondendo-
se do irmão a quem roubou. Era interesse dele ficar nas terras do sogro, não sendo
obrigado a nada.
O administrador infiel é sagaz, tem tino apurado e maior sucesso financeiro porque
são mais hábeis que os filhos da luz. (Luc.: 16. 8)
3- Mesmo roubando da maneira descarada descrita por Moisés, Jacó continua a ser
predileto do “divino”! É preciso ser inteligente para perceber o quanto foi incoerente o
deus de Moisés? A impressão que fica é que o autor da narrativa acreditava que,
quanto mais astuto e larápio fosse o homem, maior proteção de Jeová conquistava... E
o pior é que no Antigo Testamento, este disparate é verdade! Nota-se que Moisés não
escondia as antivirtudes dos ancestrais – ao contrário, sentia certa felicidade maldosa
em narrá-las, como se escarnecesse dos justos que foram ludibriados.
Jesus sabia o que falava quando disse que Abraão, Isaque, Jacó e Moisés não eram
de Deus; que o deus deles era pai da mentira. (João, 8. 44 a 47).
Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19:
11)
**********
2- Mas o deus apareceu para o aconselhar. Jeová terá vindo dizer para cultivar a
honestidade e a devolver o que havia roubado?
Nã, nã, ni, nã, não! Não! Nada disso! Veio mandá-lo cair fora com o produto do roubo!
E este é o deus cultuado até hoje por “cristãos”, que não sabem que estão adorando,
fortalecendo e transmitindo energias a um deus-diabo que nada possui de divino; a um
deus pagão inventado por Moisés.
Quem faz injustiça receberá em troca a injustiça – e nisso não há proteção a pessoa
alguma. (Col: 3. 23 a 25)
3- Bem que o deus poderia ter mandado Jacó retornar antes de se apoderar da fortuna
do sogro. Mas não! Ficou esperando que o afilhado se abarrotasse à vontade e seus
rebanhos estufassem primeiro. Ora, nestas alturas, nem era preciso que o deus
sugerisse a fuga; o próprio Jacó, que não era bobo nem nada, sabia que seria suicídio
permanecer por mais tempo entre suas vítimas.
Aliás, em palavras nuas e cruas, foi isso mesmo que ocorreu: vendo que sogro e
cunhados acusavam-no abertamente, Jácó juntou a tralha e sumiu de cena. Fugiu, o
covarde!
Mas o Moisés tinha de romancear, né? Não ficava bonito falar que Jacó fugiu de
medo. Tinha de ter a “intervenção” do deus pra dar um toque de divindade ao
desandar para casa.
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133- Depois, Jacó falou com suas esposas dizendo que Labão o havia enganado e
que o nascimento das crias coloridas era a mão do deus favorecendo-o: “Deus tomou
o gado de vosso pai e deu a mim, pois, chegado o tempo em que o rebanho concebia,
vi em sonhos que os machos que cobriam as ovelhas eram listrados e malhados...” e
falou que a justiça estava sendo feita. (31. 4 a 13)
2- Aliás, não é de agora que Jacó vem mentindo, enganando, roubando. Basta lembrar
que conseguiu o direito de primogenitura em troca de um prato de sopa e que se fez
passar por Esaú para receber a bênção paterna. Quem rouba o irmão gêmeo não
roubaria o sogro?
3- E fala que se tratava de obra do deus! É claro que era - mas não de Deus
Verdadeiro e sim, daquele que sugere maldade, aquele ao qual Jesus se referiu: “Vós
sois do diabo” (João, 8. 44 a 47).
Aquele que pratica a maldade vem do diabo, porque o diabo pratica maldade desde o
princípio. (1-João: 3. 8)
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134- Além destas coisas, Jeová mandou o Jacó sair daquelas terras e retornar para
seus parentes. (31. 13).
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Comentário: Olha só! Elas queriam herança! Cheias de cupidez e ambição, tanto
quanto o marido.
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136- Jacó juntou esposas e filhos, juntou seu gado e seus bens para partir antes da
volta de Labão, que estava tosquiando ovelhas. Raquel furtou os ídolos domésticos do
pai. “Jacó logrou a Labão não lhe dando a saber que fugia”. Atravessou o Rio Eufrates
e rumou para a montanha de Gileade (31. 17 a 21).
137- Jacó foge para a Mesopotâmia e depois de três dias Labão foi avisado. Saiu ao
encalço dos fugitivos e os alcançou em Gileade. Mas, durante a noite, o deus falou a
Labão em sonhos: “Guarda-te de não falar a Jacó, nem bem nem mal.” (31. 21 a 24).
2- Quem é que pode afirmar o conteúdo do sonho de Labão? E quem pode jurar de
pés juntos que Labão teve tal sonho? É fácil declarar que ele sonhou com o deus
pedindo para não atacar o afilhado, quando sonho é uma vivência muito particular de
cada um, impossível de ser testemunhado.
E vai saber o tamanho da surra que o Jacó levou! Mas Moisés não deixaria registrado
que seu antepassado levou a pior.
Que pena que o Labão não possa desmentir o “sonho”. Não deixou ao menos uma
linha escrita contando, através de sua ótica, o que houve realmente no reencontro com
o genro.
**********
138-, Labão aproximou-se de Jacó, dizendo: “Que fizeste? Por que fugiste
furtivamente e me enganaste? Por que me lograste e levaste minhas filhas como
prisioneiras de guerra? Nem mesmo me deixaste beijar filhas e netos... Por que
furtaste os meus deuses?” (31. 26 a 30).
Comentário: Um pai e avô que nem pôde abraçar as filhas e beijar os netos em
despedida, sabendo que nunca mais os veria... E Jeová manda que a vítima cale a
boca para não melindrar o bandidão!
2- O sogro foi claro: Jacó enganou, furtou, logrou e fugiu. Insultos pesados e Jacó
poderia ter pedido retratação se as palavras não correspondessem à verdade. Por que
se calou?
3- Vamos ao roubo dos ídolos: Desde a criação do mundo até o presente fato, Moisés
não falou em ídolo algum. Adiante, ele vai falar muito na proibição de adorar ídolos,
inclusive nos 10 mandamentos.
Isso significa que, até o presente momento, o deus não tinha pensado no perigo que
os ídolos ofereciam a si mesmo; mas depois, deve ter pensado: “Vá que gostem mais
dos ídolos do que de mim? Vá que os ídolos façam mais milagres do que eu? Vá que
descubram que o impostor sou eu? É melhor acabar com os ídolos antes que eles
acabem comigo”.
Se Jeová tivesse pensado nisso antes, “teria vindo falar” para Raquel devolver as
estatuetas, ao mesmo tempo em que teria amaldiçoado Labão por ter e cultuar deuses
esculpidos.
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139- Jacó disse que não comunicou a partida por medo que o sogro quisesse reter
filhas e netos. Quanto aos deuses, garantiu que não os roubara. Os ídolos, porém,
estavam escondidos no acampamento, tendo Raquel sentada sobre eles, dizendo que
não ia se levantar porque estava menstruada. (31. 31 a 35).
3- E mais: Adão foi feito pelo próprio deus, a partir de uma imagem esculpida em
barro. De agora em diante, porém, será um dos pecados maiores o uso de imagens
esculpidas.
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140-, Jacó brigou com o sogro, dizendo que havia sido honesto naqueles anos e não
havia roubado as estatuetas. Falou dos prejuízos que teve, do trabalho na chuva e na
geada. “Se não fosse o Deus de Abraão, me despedirias de mãos vazias. Deus
atendeu ao meu pedido e te repreendeu ontem à noite”. (31. 36 a 42)
3- Mais uma vez lembramos Moisés, o qual deixou triste herança que até hoje
encontra “herdeiros” desonestos ávidos em observar seus preceitos. Talvez sejam
“herdeiros” honestos, mas simplórios, ingênuos e muito crédulos que percebem a
farsa, sabem que há algo que não encaixa, mas crêem ser “pecado” colocar em
dúvida a “palavra do deus” e calam a boca.
Aos herdeiros mal intencionados, Jesus deixou estas palavras: “Hipócritas! Fechais o
reino dos céus aos homens; vós não entrais, nem deixais entrar os que querem
entrar”.(Mateus 23: 13 a 28)
**********
141-Depois, Labão e Jacó fizeram um trato. Ergueram uma coluna que recebeu o
nome de Galeede, comemorando o tratado. Combinaram que, para além do local não
passaria Jacó para o lado de Labão, nem este para o lado de Jacó, com más
intenções. Disse Labão: “O deus de Abraão e o deus de Naor, julguem entre nós” (31.
43 a 53) (Naor e Milca eram os sogros de Jacó, pais de Rebeca).
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142- A caravana de Jacó seguiu seu caminho e anjos de Deus lhe saíram ao encontro.
Jacó disse ao ver os anjos: “Este é o acampamento de Deus.”. (32. 1 e 2)
2- Que importante, era o Jacó! Chegando ao “acampamento do deus” teve até comitê
de recepção formado por anjos!
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143- Daí, Jacó enviou mensageiros a seu irmão Esaú, na terra de Seir, território de
Edom, com a notícia de sua chegada e pedindo benevolência. Os mensageiros
regressaram dizendo que Esaú já estava a caminho acompanhado por quatrocentos
homens, vindo ao encontro de Jacó. Este ficou com medo e pediu ao deus que o
salvasse de Esaú que, com certeza, vinha com más intenções. “Livrai-me das mãos do
meu irmão Esaú; que ele não venha matar a mim, meus filhos e suas mães.” (32. 3 a
11)
Comentário: A consciência pesou heim, Jacó? Se estivesse limpa não sentiria medo,
não pediria benevolência nem rezaria pro deus salvá-lo das mãos do irmão. Covarde!
2- E quem falou que Esaú vinha com intenção de se vingar? A bíblia diz que notícia
recebida por Jacó foi que Esaú vinha ao encontro do irmão, em companhia de seus
homens. Só isso. Quem perverteu a notícia foi o próprio Jacó, cuja consciência nunca
esteve em paz naqueles vinte anos que passou escondido.
3- Interessante e suspeito: quem é recepcionado por um comitê de anjos não pediria
benevolência, nem tremeria de medo diante de um grupo de homens. Se sentiu medo
é porque não houve anjo nenhum a recebê-lo – ou, se houve, eram anjos opostos à
Luz.
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144- Para não ser morto, Jacó resolveu presentear o irmão com duzentas cabras,
vinte bodes, duzentas ovelhas, vinte carneiros, trinta camelas de leite com suas crias,
quarenta vacas, dez touros, vinte jumentas e dez jumentinhos. (32. 13 a 15).
Comentário: Estava rico o Jacó! Só um presentinho insignificante para o irmão são 580
animais! Pobre Labão, não é de admirar sua revolta contra o genro!
CAPÍTULO 9
JACÓ – (2)
146- Naquela noite, Jacó fez passar suas mulheres, seus onze filhos, servos e tudo o
que trazia para o outro lado do Rio Jaboque e ficou sozinho na margem anterior. (32:
22 e 23)
Comentário: O leitor se lembra que a soma dos filhos é treze incluindo o Benjamim,
que nasceu anos depois (nota 129). Até agora, porém, o total é doze. No entanto, Jacó
mandou seus onze filhos passar o rio.
Ah, sim, é a Diná. Com ela, eram doze os filhos de Jacó nesta época, quando
Benjamim não era nascido.
Moisés, que nutria pré-conceitos contra a mulher, que não as suportava, ignorou a
menina nesta passagem como se ela não existisse, como se não fizesse parte da
família, como se não fosse gente, como se fosse um saco de roupa suja e nada mais.
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147-, Ficando sozinho no lado de cá do rio, Jacó recebeu uma visita estranha: o
próprio deus! E brigaram os dois, lutaram corpo a corpo com murros e pontapés, a
noite inteira! O deus, vendo que Jacó era mais forte que ele (!), aplicou-lhe um golpe
na coxa deslocando-lhe a articulação. A partir daí, Jacó passou a mancar. (32. 22 a
24).
Comentário: Este fato bíblico só mereceu minha atenção por dois motivos:
a) Pela mudança do nome de Jacó para Israel. Aqui surgiram as designações para o
povo hebreu: filhos de Israel, israelitas...
b) Pela estranheza. Na verdade é um caso tão obscuro, tão esquisito, tão nebuloso e
mal contado, que seria melhor pular esta parte como se ela não existisse. Mas Moisés
achou que era acontecimento relevante e o deixou para a posteridade. E, já que está
escrito vamos a ele, e não me culpe pelo resultado:
b-1- O deus lutou corpo a corpo com Jacó. É possível criatividade maior? O que o
autor desta crônica quis provar com este fato? Que o deus era tão humano, forçudo e
briguento como quaisquer outros humanos? Ou que o Jacó era mais forte que o deus?
b-2- Que, por ter dado uma surra no deus, os semitas são privilegiados por todos os
séculos e séculos amém?
b-3- Que Deus Verdadeiro tudo pode, tudo controla, tem poderes ilimitados, mas Jacó
fez dele um ser fraco, mais frágil que um ser humano qualquer?
Assim, a mensagem que Moisés quis passar foi esta: Jacó é mais poderoso que o
Criador do Universo!
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148- Depois, o deus pediu: “Agora chega! Deixa-me ir, pois já rompeu o dia". (32. 26).
O Criador e Mantenedor das infindáveis galáxias, dos milhões de mundos, dos milhões
de sóis; Aquele que faz a Terra girar em torno do astro-rei produzindo as estações do
ano, Aquele que produz o dia e a noite, Aquele que mantém a Terra e os bilhões de
corpos celestes suspensos no Cosmos, na mais completa harmonia iria implorar para
que Jacó parasse de bater nele?
A partir de narrações bíblicas como esta, o povo é levado ao erro pelas autoridades
que, propositadamente, enfatizam o “poder” dos patriarcas, levando a crer que Jeová,
o deus de Moisés - este ser volúvel, fraco, temperamental e limitado como um humano
qualquer seja Deus Único e Verdadeiro.
Desta idéia errônea surgem explicações não verdadeiras fornecidas por pessoas tidas
conhecedoras do assunto que, em lugar de manter a fé nos fiéis, trazem-lhes maior
confusão. A este respeito, o jornal “Diário da Região” de S. José do Rio Preto (SP), de
22/10/2000, publica a opinião do Padre Geomar Santos, da Paróquia Menino Jesus de
Praga. Diz o jornal:
“O padre Geomar conforta as pessoas dizendo que a morte é um fato da vida e que
ninguém é responsável por isso - nem mesmo Deus. Eis as palavras do padre: ‘Deus
não quis a morte daquela pessoa, mas nem Deus pode tudo. Às vezes Ele não pode
evitar a dor, a doença ou a morte. Deus é limitado porque tudo faz parte do ser
humano. Nascer, crescer, ter doenças, ter um filho deficiente... e por fim, morrer”.
**********
149- “Disse Jacó: Não te deixarei ir, se não me abençoares”. (32. 26)
Comentário: Por que alguém ia querer a bênção de um deus fracóide feito este, sem
força nem pra vencer um homem? E que poder tinha este ser para abençoar alguém?
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150- O deus perguntou: “Como te chamas? Ele respondeu: Jacó”. (32. 27)
Comentário: Deus Verdadeiro é também Onisciente: tudo sabe, tudo vê, é o saber
absoluto – e não sabia quem era o homem à sua frente!
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151-O deus mudou o nome de Jacó para Israel porque: “Como príncipe lutaste com
Deus e prevaleceste”. (32. 28)
Comentário: Jacó ganhou a briga! É possível sim, dada a natureza deste deus.
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152-Jacó perguntou: “Como te chamas? Respondeu o outro: Por que perguntas meu
nome? E o abençoou. Aquele lugar chamou-se Peniel, pois disse Jacó: Vi Deus, face a
face...” Nasceu o dia; Jacó atravessou o rio mancando, por causa do golpe que o deus
deu na sua coxa. (32. 29 a 31)
Comentário: Noite fechada, escuridão completa. Como afirmar que viu o outro e sabia
quem era? Quem vê o quê no escuro?
E mais: Se o Jacó não sabia quem era o outro – e este não o disse – como ter certeza
que brigou com este ou com aquele? Como garantir que lutou com o deus e não com
o diabo? Como ter certeza que não brigou com um ladrão da estrada ou um mendigo
qualquer?
Não me poderás ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá.
(Êxo: 33: 20 a 23)
2- Alguém poderá retrucar que não era preciso claridade alguma, porque o deus
resplandecia, tinha luz própria...
Se assim não for, estamos sendo enganados pensando amar a Deus Onipotente,
Onipresente e Onisciente quando, na verdade, estamos cultuando a um ser tolo e
ignorante, menor ainda que nós mesmos.
Daí ser heresia e supremo desrespeito o simplesmente admitir como autêntico o fato
de Jacó ter tido uma luta corporal com Deus Verdadeiro.
3.1) Algum fato estranho teria ocorrido com Jacó naquele local.
3.2) Se aconteceu, que ensinamento nos traz? Como este fato pode nos tornar
melhores? Qual sua importância para constar no “Livro dos Livros”?
3.3) Se a luta aconteceu de verdade, uma certeza nós temos: não foi Deus Verdadeiro
quem se atracou com Jacó. O difícil está sendo acreditar que Jacó tenha vencido a
luta; nem aquela, nem outra qualquer ele venceria. Covarde como era, se soubesse
que haveria briga teria fugido na rapidez que as pernas lhe permitissem. Na carreira,
um passo em falso seguido de tombo poderia ter ofendido o nervo da coxa. Nada de
sobrenatural, nada de divino, nada de heróico.
3.4) Se foi um ser não humano, este ser tem todas as características de um espírito
das trevas – ou demônio materializado, como queiram. Afinal, foi Jesus quem disse: “O
diabo é vosso pai”.
3.5) Se foi Satã, então Jacó era manipulado pelas trevas - jamais por Deus Único e
Verdadeiro.
Um ser divino é contrário à violência, não brigaria feito cachorro na rua ou porco no
chiqueiro; não seria violento nem para provar sua existência, nem para dar mostras de
grandeza. A bem da verdade, quem briga da maneira descrita por Moisés não tem
grandeza alguma.
3.6) No entanto, mesmo um espírito das trevas que viesse perturbar, poderia ter sido
expulso através de oração e autoridade adquirida através de retidão moral - jamais
com briga corporal. Jesus foi tentado no deserto e livrou-se simplesmente dizendo
com a autoridade com que estava investido: “Retira-te Satanás!” (Mat: 4. 1 a 11).
4) Outro ponto que diminui a credibilidade do ocorrido: Como pôde Jacó, um pastor -
forte, mas não treinado a lutar corpo a corpo -, ter conhecimentos de técnicas, rapidez,
jogo de corpo e tamanha forma física para lutar por, pelo menos oito horas seguidas?
Record mundial! Numa luta entre lutadores profissionais, um deles pode perder por
nocaute logo no primeiro minuto. No caso do Jacó, porém, nenhum dos dois caiu e o
deus só pediu clemência quando o dia clareou. Até naquele momento estavam ambos
em igualdade, pois, se o outro estivesse apanhando de verdade, teria se manifestado
vencido muito antes.
5) Impossível garantir que a “luta” ocorreu, se mais ninguém esteve presente. João, o
Evangelista, diz que a conversa de uma só pessoa pode ser só papo furado e que
somente o testemunho de duas pessoas poderá ser levado a sério. (João: 8. 17).
6) Fácil também ter inventado outro nome para si próprio, dizendo-se príncipe que
lutou e ganhou a briga no murro! Já sabemos: ninguém ouviu, ninguém viu o que se
passou.
7) “Vi Deus face a face” – não houve testemunhas, mas sabemos que a declaração é
falsa e nos valemos da afirmação colhida da própria bíblia: ninguém viu Deus face a
face. (João: 5. 37).
8-1- Os comentaristas da Paulus concluíram que é uma narrativa misteriosa esta “luta
física corpo a corpo com o deus, na qual Jacó parece primeiramente vencer. Quando
reconhece o caráter sobrenatural de seu adversário, Jacó força-o a abençoá-lo. Mas o
texto evita o nome de Iahweh (Jeová) e o agressor desconhecido se recusa a dizer
seu nome. O autor utiliza uma velha história para explicar o nome de Fanuel por
peni’el, ‘face de deus’, e de dar uma origem ao nome de Israel. Ao mesmo tempo lhe
confere um sentido religioso: o Patriarca se agarra a Deus, força-o a abençoá-lo,
criando uma obrigação de Deus para os que usarão o nome de Israel. Assim, a cena
se tornou a imagem de um combate espiritual e da eficácia de uma oração
perseverante”. (S. Jerônimo Orígenes).
d) Falam também que o texto que traduziram evita falar o nome de Iahweh. Significa
que eles, os próprios exegetas perceberam a mancada. Ora, se o texto não especifica
que o fato se deu com Deus Verdadeiro, por que os leitores comuns da bíblia contam
esta história da carochinha como se fosse verdade irrefutável?
f) Enrolaram para explicar que Jacó “viu a face do deus” e a origem da palavra
Israel. Enrolaram e não explicaram.
Jacó voltou sozinho à outra margem do rio para “buscar os seus, se porventura
alguém tivesse permanecido aí. – alguém: um anjo em forma de homem. O anjo
representava o próprio Deus que assim quis pôr à prova o seu servo e deixar-se
vencer por suas preces”.
a) Eles começam dando uma explicação vazia: Jacó voltou pra verificar se alguém da
caravana havia deixado de atravessar o rio. Depois, colocam este alguém que Jacó foi
procurar como sendo um anjo... Um anjo representando o próprio Deus! Ora, que
tolice! Voltar pra ver se algum anjo tinha deixado de atravessar o rio! Sabe, não vou
comentar estas afirmações. São tão infantis e tão distantes da realidade, que
comentá-las vai me baixar ao mesmo nível. Portanto, deixa pra lá!
9- Mas, temos nós explicações tão humanas quanto foi humano o fato.
Para dar nossa explicação, começamos por nos perguntar:
a) Por que Jacó passou animais, pessoas e pertences para a outra margem e voltou
sozinho para aquele lado do rio? Logicamente, não foi à procura de alguém que
poderia se extraviar porque, se tal pudesse acontecer, Jacó tinha muitos servos que
poderiam ter retornado para fazer o serviço.
b) Jacó voltou sozinho porque quis estar a sós, mas por quê? O que ia fazer que não
podia ser visto?
9.1) Será que ele sabia que ali havia um ser violento e quis mostrar coragem, quis
atemorizar o outro e afugentá-lo, evitando que sua gente sofresse alguma influência
negativa?
Impossível! Noutra pessoa, isso faria sentido - mas Jacó jamais seria um herói,
medroso como era.
9.2) Se soubesse que ia se deparar com um ser briguento capaz de tanta violência,
Jacó não teria ficado sozinho. Ele era covarde demais para enfrentar qualquer perigo e
provou isso ao fugir de Esaú e de Labão. Outra pessoa teria mandado os escravos
ficarem com ele para ajudar na briga. Em se tratando de Jacó, porém, o mais provável
é que deixasse que os servos brigassem em seu lugar; que brigassem sozinhos,
enquanto ele ficava em segurança junto às mulheres. Ele era incapaz de um ato
heróico e mais uma vez está provando isso, pois é assim que está agindo na entrega
dos presentes a Esaú: está mandando os servos como escudo na frente, para só
depois mostrar a cara. Se alguém tiver de apanhar, que sejam os escravos. Não Jacó!
9.3) Se ele pensasse que Deus Verdadeiro fosse aparecer, teria preferido que a família
ficasse para ser abençoada também. Mas preferiu ficar sozinho, longe de todos.
9.4) Por que se escondia? O que ia fazer de reprovável? Notar que a bíblia não fala
que Jacó ficou sozinho para orar, meditar ou sacrificar ao deus. Atrás desta justificativa
portanto, ele não pode se esconder porque não tinha esta intenção. Se o tivesse,
Moisés teria alardeado – mas se cala! Por quê?
9.5) Ou Jacó terá inventado esta história de última hora ao se apresentar à família
todo sujo, rasgado e mancando, não obstante ostentar olhar tranqüilo de quem está
em estado de graça?
O leitor que nos perdoe, mas se estamos analisando os escritos de Moisés e nos
deparamos com certas lacunas, nós as preenchemos socorrendo-nos do raciocínio, da
análise profunda do que está escrito sem aceitar passivamente o que outras pessoas
dão como certo e acabado. Moisés tem muitos defensores, não precisa de mais um.
Vamos, portanto nos aprofundar e levantar o cascão grudado há tantos milênios, pois
é este nosso objetivo.
9.6) Este patriarca como vimos, é bastante prolífero e o fato se deve à natureza
ardente que o animava conseguindo facilmente, cumprir as obrigações conjugais para
com quatro esposas! Tomando por base esta natureza ardente deduzimos que,
naquela noite memorável, teria escolhido uma serva para com ela passar a noite. Teria
ordenado que ficasse escondida naquela margem do rio até que ele acompanhasse os
demais para o outro lado. E depois retornou sozinho.
9.7) Neste caso, a “briga” não foi briga. E quanto ao golpe na coxa, um ser elevado
não aleijaria um mortal numa briga corpo a corpo, que isso é próprio de seres
inferiores, com uma ressalva:
Até mesmo os seres inferiores e trevosos somente têm poderes para danificar os
mortais, se estes lhes abrirem as comportas com seu baixo padrão vibratório. Uma
entidade inferior até pode tentar prejudicar um ser humano mas não o conseguirá, se
este ser humano lhe fechar a entrada com orações, com atitudes nobres, com
pensamentos e sentimentos elevados, com amor pelos semelhantes... Virtudes que
Jacó desconhecia, pois que nunca ouvira falar nelas.
9.8.1) A serva apreciou ter sido escolhida. Considerando o fato desta maneira, fica
explicada a frase sussurrada em tom melodioso: “Agora chega! Deixa-me ir, pois já
rompeu o dia”.
9.8.2) A serva não gostou de ter sido escolhida, ficando assim explicada ainda melhor
a “briga”: Jacó tentando dominar a moça e esta lutando para se safar, justificando o
pedido ou talvez um grito desesperado: “Agora chega! Deixa-me ir, pois já rompeu o
dia ““.
Se o fato ocorreu conforme o relatado, errados estamos nós, que adoramos um ser
violento que se atarraca com um mortal sem causa justa e aparente; um ser briguento,
fraco e vulnerável. Não é vulnerável, porém, Aquele que se caracteriza por
Onipotência, Onipresença e Onisciência.
9.9) Continuemos: caso a serva não tivesse apreciado ter sido a escolhida e, como
Jacó não quisesse acabar o “combate” ela, entre puxões de cabelos, murros,
mordidas, joelhadas, tapas e chutes o teria acertado sem querer na parte frágil da
coxa.
Se ela conhecesse a técnica deste golpe, tê-lo-ia aplicado logo no início, se quisesse
se safar.
Um golpe na coxa a ponto de aleijar deve ter doído muito, muito. Com certeza, Jacó se
dobrou ao meio, franziu a cara inteira, urrou, afagou a perna dolorida e ficou bastante
tempo massageando o local. Nestas condições, não havia clima para continuar
“lutando” e, neste caso, o deus - ou a parceira - não pediria clemência, porque o
“combate” teria acabado por si. E, como Jacó não tinha mais condições físicas para
continuar “brigando”, ele não venceu, mas foi vencido - seja pelo deus, seja por uma
mulher.
9.11) De qualquer forma fica justificado o fato dele ocultar o nome do deus. Se falasse
a verdade, teria de explicar um ser divino com nome de mulher. Se soubesse que
alguém ia perguntar o nome do deus, Jacó teria inventado um nome; como não previu
não inventou e, na hora, não lhe ocorreu nome nenhum, felizmente! Caso houvesse
lhe ocorrido o nome Valdemar por exemplo, o deus Valdemar estaria sendo cultuado
ainda hoje.
9.12) Fica assim explicado também o fato da “luta” ter durado a noite inteira;
certamente houve alguns intervalos onde os “competidores” extenuados renovavam
suas forças com um cochilo.
10- Vamos nós agora oferecer asas à criatividade e imaginar o que aconteceu depois
do “combate”:
Criemos a cena:
Ele se aproximando todo descabelado, fraco, rasgado e sujo por ter rolado no chão.
Mancava, por causa da dor na perna. Sentia fortes dores e, mesmo assim ostentava
olhar calmo, descansado, satisfeito, tranqüilo, lânguido, sem mágoa contra quem o
machucou. Parecia estar em estado de graça.
Vendo aquela fisionomia sonhadora, suas esposas, filhos e servos rodearam-no
querendo saber o que houvera.
Para Jacó – finório, astucioso e malandro –, era fácil inventar; era fácil criar um deus
briguento que apanhou, que o deixou aleijado, que trocou seu nome e o abençoou. E
os ouvintes eram ingênuos demais para levantar suspeitas e creram.
Ou os ouvintes não seriam tão ingênuos? Neste caso, só Deus Verdadeiro sabe o
tamanho da briga de verdade que sobreveio com quatro esposas ciumentas. Ninguém
sabe, ninguém fez o registro por escrito... Que pena!
– Desobedeceste ao deus para que ele viesse a ti, tão furioso, ó Jacó?
– Oh, não! Sigo as ordens dele; sou bom, manso, justo e honesto. O deus não tem
nada a reclamar de mim.
– Não sei, ele não falou nada. Já chegou me agredindo, brigando, dando soco e
pontapé. Eu não queria, mas tive de me defender. Fazer o quê, né? Cê queria que eu
apanhasse e ficasse quieto?
–Também não sei. Acho que só queria saber o meu nome e descobrir qual de nós dois
é o mais forte. E eu sou o mais forte! Agora, ele não vem mais se meter a
engraçadinho comigo porque ficou com medo! Eta eu!
– Que estranho! Mas por que não o trouxeste para nos apresentar, ó Jacó?
Gostaríamos de conhecê-lo.
– Bem que eu insisti, mas ele não quis vir. Precisava fazer curativo nos machucados e
descansar um pouco porque tinha outras brigas a fazer. Mas prometeu que, quando
sobrar um tempinho, retornará para conhecer minha família. – e desconversou: –
Vamos, gente! Vamos matar uns bois, vamos fazer sacrifício, vamos agradecer ao
deus que me deixou aleijado e não se fala mais nisso!
**********
153- “Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o nervo do quadril na
articulação da coxa, porque o homem tocou na articulação da coxa de Jacó, no
quadril” (32. 32).
Hmmm... O Moisés se contradisse, porque não foi o deus e nem foi mulher, conforme
supusemos – foi um homem!
Mas tem nada não; em todos os tempos o mundo produziu seres com certa quedinha
para outros do mesmo sexo. Sodoma e Gomorra são exemplos disso.
2- Até hoje, os judeus não comem esta parte dos animais, por causa deste
acontecimento! O que tem a ver uma coisa com outra? Qual a importância do
ocorrido? Se comerem esta parte da perna do boi vão pro inferno?
**********
154- Esaú chegou com 400 homens. Com medo, Jacó dispôs suas mulheres e filhos
em forma, como num desfile de sete de setembro: à frente de tudo, colocou as duas
servas com seus filhos; depois seguiu Lia e seus filhos e, por fim, Raquel com o filho.
Mas Esaú não vinha com intenções de vingar-se. Ao contrário! Abraçou o irmão e,
depois de conhecer sua família, disse-lhe que recusava a caravana de presentes que
encontrou pela estrada; que não precisava daquilo, pois estava muito rico. E, só
depois de Jacó insistir muito, Esaú aceitou a oferta. (33. 1 a 11)
Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos. (Mat. 5.
6)
E aí, Jeová, como é que fica? Você não ligou pra ele, abandonou-o à sua sorte e,
mesmo assim ele superou as dificuldades e acabou mais poderoso que o dodói; tão
poderoso, que o gado que ganhara do irmão não lhe fariam falta! Isso prova que a sua
preferência e proteção não valiam mais do que seu desprezo e indiferença.
Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. (Luc: 17.
3).
2- De acordo com aquele restinho de bênção que sobrou, Esaú seria escravo do
irmão, viveria em terra estéril e seca. E nada disso aconteceu!
E agora, Moisés?
E agora, deus?
Vocês não notaram o chute fora do gol, ou esqueceram que o Esaú ia ser servo do
Jacó, ia ter de obedecê-lo em tudo?
3- Além de perder a bênção e o direito de primogenitura, o Esaú fez tudo que atrairia o
azar: Desobedeceu aos pais e casou-se com duas moças de Canaã, o amaldiçoado -
e com uma filha de Ismael, o desprezado!
4- Apesar das previsões contrárias, Esaú saiu-se bem e ei-lo chefiando um grupo de
400 homens, só para recepcionar um malandro fora da lei!
Há quem diga que Esaú saiu ao encontro do irmão com 400 homens armados, com a
intenção de massacrá-lo. No entanto, a bíblia não faz alusão nenhuma a homens
armados ou que Esaú viesse com intenção de vingar-se de Jacó/Israel. Diz apenas
que Esaú saiu ao encontro de Jacó com 400 homens. (32: 3 a 32 e 33: 1 a 9)
**********
155- Esaú ofereceu hospedagem ao irmão. Jacó aceitou, mas disse que era para o
Esaú ir à frente, que ele seguiria junto à caravana e o alcançaria mais adiante, em
Seir.
Esaú seguiu na frente para aguardar Jacó e comitiva que vinha a passos lerdos.
Pensando em auxiliar o irmão, Esaú quis deixar alguns de seus homens para ajudá-lo
no transporte dos rebanhos; Jacó agradeceu mas não aceitou. Quando Esaú e seus
homens desapareceram na distância Jacó, ao invés de seguir para Seir conforme o
combinado, desviou-se para Sucote, onde passou a morar. (33. 12 a 17)
Comentário: Mais uma vez o Jacó enganou o irmão! Ao invés de segui-lo conforme o
combinado, desviou e fugiu! O covarde caiu fora deixando Esaú esperando em vão.
Mas este não deve ter ficado surpreso, porque já conhecia de sobra as velhacarias de
Jacó, o qual não mudou naqueles anos todos. Continuou mentiroso.
O diabo, vosso pai, jamais falou a verdade porque nele não há verdade. (João : 8.44)
2- É evidente que Jacó não acompanhou Esaú para não ter de admirar as riquezas do
irmão o qual, aparentemente, conseguira muito mais que ele próprio. Medo de sentir-
se inferior na comparação! Vergonha por ter viajado tão longe em busca de riquezas e
estar de retorno aleijado e sem ter um lar onde descansar, enquanto o outro enriquecia
tranqüilamente ali mesmo, sem sofrimento, sem servir de empregado a ninguém.
Inveja daquele a quem roubou, o qual prosperou sem primogenitura, sem bênção, sem
proteção, sem aparições, sem promessas do falso deus. Com certeza, Esaú teve a
proteção de Deus Verdadeiro, o qual não promete; age.
Certamente Esaú deu boas gargalhadas ao notar que Jacó se safou para não ter de
admitir fracasso.
5- Há quem justifique Jacó por não ter acompanhado Esaú, dizendo que este ia levá-lo
a uma armadilha. No entanto, a bíblia não faz a menor menção destas segundas
intenções. Além disso, se Esaú quisesse vingar-se poderia tê-lo feito no momento do
encontro, pois estava acompanhado por centenas de homens.
6- Quanto a Israel, pelo que se deduz, foi à procura de Esaú, não para fazer as pazes
ou matar saudade – mas para mostrar o tanto de coisas que conseguiu roubar e o
quanto estava rico. Tentou impressionar o irmão, deixá-lo boquiaberto pelo tamanho de
seu poderio. Mas quem ficou de queixo caído foi ele próprio.
Se Esaú estivesse pobretão, Jacó/Israel aceitaria o convite e iria, cheio de si, ser seu
hóspede para humilhá-lo com seus haveres. Como o irmão estava em melhor
situação, Jacó saiu de fininho, cabeça baixa, rabinho entre as pernas, envergonhado,
com a inveja a lhe pesar na alma – e arrependido certamente, pelas 580 reses que
ofertou ao irmão ricaço.
Esta atitude é bem própria de Jacó, que até este ponto da narrativa não demonstrou
valor moral ou espiritual.
**********
156- Jacó viajou até Canaã. Ali, Diná saiu para ver a cidade. Foi vista por Siquém, filho
do príncipe Hamor, que a tomou para si e ela ficou morando com ele. Ciente da
irregularidade da situação, Siquém pediu ao pai que pedisse a jovem para sua esposa
legal. Hamor foi a Jacó e propôs o casamento dos filhos. Propôs que ele ficasse na
cidade, onde teria o que quisesse; que tomasse suas jovens para os homens de Jacó
e que Jacó desse suas jovens para esposas a eles. Prometeu casas, terras, presentes
e dote, bastando que Jacó aceitasse o casamento. (33. 18 a 20 e 34. 1 a 16)
Os cananeus por sua vez, donos da terra, não impedem aos hebreus de morarem no
local; não criam confusão, não os perturbam; ao contrário, aceitam passivamente sua
presença porque, como se observa, os descendentes de Canaã, o amaldiçoado, são
povo bom e pacífico.
2- Quando uma jovem solteira aceita morar com um rapaz, os pais dela obrigam que
ele a despose. Até aí tudo correu bem, desde que o pretendente de Diná foi com o pai
pedir a mão dela, sem que fosse obrigado a isso. Qualquer pai no lugar de Jacó
aceitaria o casamento mesmo sem dote, mesmo sem presentes. O incorreto seria a
filha ficar “sem honra” e sem marido.
3- Os donos da cidade ofereceram casa, terras, presentes e dote. O que mais o pai de
moça desonrada poderia querer? Ainda mais Israel, que estaria avaliando as
vantagens deste casamento.
Se alguém seduzir uma virgem pagará o seu dote e a tomará por mulher. (Ex: 22: 16)
**********
157- Jacó, porém, estava indignado, “pois Siquém havia violentado sua filha...” mas,
não demonstrou revolta e respondeu que Diná seria entregue como esposa de
Siquém, mas impôs uma condição: que o noivo e os homens da cidade fossem
circuncidados. Siquém e Hamor aceitaram a condição e foram circuncidados eles
próprios e todos os homens da cidade. (34. 17 a 24)
Comentário: Até aí, mais ou menos de regular. Uma coisa em troca de outra. Notar
que a família do noivo não estava com sentimento belicoso; ao contrário, tudo depôs
aos pés de Israel; tudo prometeu e até aceitou suas condições, mesmo que pesadas:
todos os seus homens passaram pela operação de fimose.
Uma observação que mais uma vez atesta as características desleais de Jacó: ele
estava indignado com a situação irregular da filha, mas não o demonstrou e aceitou o
casamento. Reagiu feito covarde como de costume: à frente dos visitantes, aceitou o
casamento – mas estava se sentindo ofendido e sem energia moral para mostrar
desagrado e só depois agiu, como veremos na próxima nota.
Perguntamos: Por que não se indignou diante dos interessados? Por que esperou que
se retirassem para expressar revolta?
As respostas são óbvias: Jacó não tinha coragem para reagir diante de ninguém;
jamais demonstrou intrepidez de modo a afrontar os perigos de frente. Era um
dissimulado, sempre o foi. Deixava a impressão de ser pacato, sensato, prudente. Mas
agia pelas costas, traindo sempre que podia.
Foi desta maneira que se apossou da bênção do pai. Foi sem dar na cara que se
assenhorou das riquezas de Labão. Foi sem demonstrar o que lhe ia na alma, que
concordou em acompanhar Esaú, quando já havia resolvido fazer um ângulo de 90
graus e sumir de vista.
Esperar que, diante do pretendente à mão de Diná ele deixasse falar seus verdadeiros
sentimentos seria exigir demais de quem sentia medo até de olhar o inimigo nos olhos.
E dizem que este cidadão enfrentou Deus Verdadeiro numa luta livre e saiu vencedor!
Quem acredita nisso?
**********
158- “No terceiro dia após a operação, quando os homens sentiam mais fortes as
dores, Levi e Simeão, filhos de Jacó, entraram na cidade e mataram os homens todos.
Mataram também o príncipe Hamor e Siquém. Resgataram Diná e a levaram dali”. (34.
25 e 26).
Comentário: !
a) Diná não era benquista, por ser mulher. O próprio Moisés a ignorou naquela
contagem dos filhos de Jacó que totalizava 12 e ele só considerou os 11 varões,
lembra? A mulher tinha menos valor que os animais, os quais não eram tidos como
filhos; mas como bens – e as mulheres, nem isso.
b) Admitamos que o rapaz não quisesse se casar com Diná. Não é correto lavar a
honra no sangue, mas vá lá! Que lavassem a honra no sangue do moço, se ele a
tivesse desprezado depois de usá-la. Mas não! Ele a queria por esposa; foi com o pai
até Jacó e, com toda boa vontade, fez o pedido. Israel, dissimulado, com medo de
engrossar a voz aceitou em troca de uma condição: converterem-se ao deus deles,
com circuncisão e tudo.
c) A condição foi aceita e todos os homens da cidade foram operados. Vamos analisar
aquela cirurgia:
Num tempo tão recuado, quais eram as comodidades médicas? Sem material
cirúrgico, como terá sido a operação? Com uma pedra afiada ou com um metal
cortante sujo e enferrujado, sem a mínima higiene. Sem antibiótico, sem antitetânica,
sem antitérmico, sem analgésico, aqueles homens estavam febris, prostrados e
inchados sem ter como se defender – e neste estado foram atacados e mortos de
maneira suja e desprezível pelos próprios que causaram aquele quadro lamentável de
saúde coletiva.
d) Israel fingiu aceitar o casamento; ele mentiu, traiu o combinado e matou aqueles
homens todos.
e) Moisés disse que quem levou a efeito a matança foram os filhos – e não ele.
Eu falo o que vi junto de meu Pai; vós, porém, fazes o que vistes em vosso pai. (João.
8: 38).
f) O que foi efetuado ali foi um massacre, um assassinato em massa, uma covardia
asquerosa e inominável ordenada pelo próprio Israel, pois, se não estivesse de
acordo, os filhos não teriam traído a palavra empenhada. O pai era respeitado pelos
filhos e eles não agiriam por si mesmos, ainda mais num ato superlativamente
pavoroso como aquele.
Observar que Moisés declara ter sido Levi um dos matadores dos homens enfermos,
sendo que Levi é ascendente direto de Moisés. Daí, o orgulho em contar suas
maldades, como fato heróico.
Não furtareis nem mentireis, não usareis de falsidade contra vosso próximo. (Lev. 19:
11)
Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo. (Êx: 20. 17).
Não matarás o inocente e o justo, porque não justificarei o ímpio. (Êx: 23: 7)
2- Diná estava morando com o rapaz por vontade própria porque, se não o quisesse,
teria fugido. Moisés não diz que ela estivesse amarrada ao pé da cama, nem trancada
no porão. Acrescente-se que já fazia três dias que os homens estavam enfermos,
febris, prostrados, sem ter como deter sua fuga e ela não fugiu; foi preciso que os
irmãos a buscassem – certamente à força, porque diz a bíblia: “tomaram Diná da casa
de Siquém”.
CAPÍTULO 9
JACÓ – (2)
Os homens foram todos assassinados. Moisés não conta, porém, o que foi feito das
mulheres idosas. Foram escravizadas? Decerto não, porque para pouca coisa serviam
as velhas da bíblia, que viviam mais de 130 anos. Com certeza foram abandonadas
junto aos cadáveres de marido e filhos sem ter como continuar vivendo, considerando
que Israel roubou absolutamente tudo o que possuíam.
Barbaridade! Em cima de crimes desta monta, foi constituído o povo de Israel! Foi em
cima de tantos cadáveres que se formou uma nação! E estes são os protegidos do
deus o qual, segundo Jesus, era o próprio diabo.
O que foi o Massacre dos Judeus sob ordens de Hitler, o Suicídio Coletivo comandado
por Tom Jones, a Invasão do Carandiru, o Crime da Candelária e a Chacina de
Matupá, o terrorismo de 11 de setembro em Nova York perto das atrocidades
comandadas por Jeová, o deus de Abraão, Isaque, Israel e Moisés?
3- A circuncisão era o sinal, a aliança entre o deus e o povo; através dela seriam
reconhecidos os protegidos do deus. Seriam circuncidados também os escravos e os
estrangeiros... “a aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua” (nota 65).
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? (Mar.: 8. 36)
Sois filhos de Abraão; contudo procurais matar-me, pois tenho falado a verdade e
assim não procedeu Abraão (que não falava verdade).
Vós, porém, fazei as obras que vistes em vosso pai. (o deus de mentira).
Se Deus fosse de fato vosso pai, certamente me havíeis de amar porque eu sim vim
de Deus.
Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da
mentira.
Perguntaram os judeus:
Respondeu Jesus:
Quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus. Entretanto, vós não o
tendes conhecido. Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia.
Perguntaram os judeus:
Respondeu-lhes Jesus:
(João: 8. 33 a 58).
Esmagou Abraão com o pé quando disse: “Antes que Abraão existisse, eu sou”.
É estranho que não se ouve conhecedor da bíblia se reportar a este diálogo. Por quê?
Os defensores do deus de Abraão, caso tenham lido este trecho, terão entendido? E
se entenderam, não o terão torcido para esconder a verdadeira natureza do deus aos
olhos dos fiéis?
E não adianta dizer que as palavras da bíblia são em sentido figurado, pois está
escrito com todas as letras, de modo irrespondível: ‘Sois do diabo, que é vosso pai.’
Ora, se Jesus não se referia ao deusinho, então estava aludindo a Abraão, que
também é chamado de “pai” pelos judeus.
Outra hipótese: os patriarcas eram médiuns e teriam a seu serviço algum espírito
trevoso para uso particular que agia de acordo com as suas vontades e que se fazia
passar por Deus Verdadeiro.
Hipótese final: não houve deus nem espírito trevoso. O próprio Moisés teria inventado
esta trama toda e teria passado para o papel uma história falsa. Nesta conjetura, o
deus teria sido ele mesmo.
De qualquer modo, seja lá quem for o deus: Abraão ou espírito das trevas ou Moisés,
foi classificado por Jesus como um ser satânico, contrário à luz, mentiroso, homicida.
**********
160- Jacó falou aos filhos: “Vós me deixastes aflito e me fizestes odioso entre os
cananeus, ferezeus e filisteus. Eles se reunirão e serei destruído com minha família”.
(34. 30)
Comentário: Israel ficou preocupadíssimo. Por que não dizer: ‘Israel ficou morrendo de
medo’?
Sim, se houve bronca, o medo foi o motivo da bronca: não porque os filhos foram
injustos, porque desonraram a palavra empenhada, porque traíram, mataram gente
inocente e pilharam seus bens. Não! Nada disso! Censurou os filhos por medo da
represália, conforme se lê nas “escrituras”!
Aliás, se Jacó ficou mesmo furioso contra a atitude dos filhos podia, ao menos em
parte, reparar o erro: que devolvesse o que haviam roubado e pronto! Mas não! O
espertinho ficou “bravo” com os filhos, mas carregou tudo o que pôde carregar.
**********
161- Responderam os filhos: “Abusaria ele de nossa irmã, como se fosse prostituta?”
(34. 31).
Comentário: Que prostituta é esta? A Diná estava por livre vontade em casa do noivo,
com quem ia se casar com o consentimento do pai, cuja condição foi aceita pela
família do noivo.
Era isso que estava fazendo Diná? Estaria entregando-se a mais de um, por dinheiro
ou relacionando-se com um único homem por amor?
2- E agora? Morto o noivo, Diná não se tornou - aí sim -, desonrada e sem marido,
uma “desfrutável”?
**********
162- Jeová mandou Jacó ir morar em Betel e fazer um altar “ao deus que te
apareceu”.(35. 1).
163- Então Jacó falou à família: Farei em Betel um altar ao deus que me apareceu
naquele dia... (35. 3).
Às vezes, Moisés fala como se houvesse mais de um deus, ou como se cada pessoa
possuísse um Criador só para si!
Por tal motivo, insistirmos: Quantos deuses existem? Cada pessoa, família ou povo
possui um deus exclusivo?
**********
164- “Lançai fora os deuses estranhos que há no vosso meio e purificai-vos”. (35. 2).
165- Os deuses foram entregues a Jacó, que os enterrou sob o carvalho em Siquém
(35. 4).
Raquel, esposa preferida de Israel, roubou os deuses do pai porque acreditava no seu
poder, estava acostumada a prestar-lhes culto. Jeová não ligou, nem deu bola, até
colaborou para que Labão não encontrasse as imagens no acampamento.
Quanto tempo faz que Raquel se apossou dos ídolos? Quantas coisas aconteceram
daí em diante? E só agora o deus manda livrar-se deles e, a partir deste ponto, não se
pode mais possuir imagens! Se fosse um erro, seria errado desde o início.
No dia em que Labão perseguiu Jacó e pediu de volta os ídolos, Jeová tinha saído pra
dar uma voltinha, com certeza, porque não ouviu coisa alguma, não viu o velho
revistando o acampamento, nem percebeu Raquel sentada em cima das estatuetas...
Ou terá pensado que ela estava mesmo menstruada? Sim, pode ser, porque é um
deus tão limitado! E não tem obrigação de saber tudo, né? Afinal, ele é um deus – um
deus qualquer – e não Deus Único e Verdadeiro.
Se fosse errado possuir imagens, Jeová teria feito Labão encontrá-las e removê-las
dali, com certeza. Mas concordou com a malandragem de Raquel, e só agora, depois
de tanto tempo, inventou que ter ídolos “faz mal”. Como explicar a mudança de
atitude?
Sou contra esses profetas que pregam sua própria palavra e afirmam: ‘Deus disse’.
3- E mais: Como é que as imagens podem ter alguma influência no decorrer da vida
de uma pessoa, de uma família, de um povo? Se as imagens tivessem alguma energia
maléfica, o próprio deuseco poderia neutralizar estas energias com seus “poderes”.
Afinal, para quem “fez” o dia e a noite, para quem “fez” céu, sóis, galáxias, buracos
negros..., seria fácil demais evitar algum poder negativo vindo de imagens. Sabemos
no entanto, que quem constrói é o amor; e quem destrói é o ódio – e não ídolos; não
amuletos, não bibelôs.
Os umbandistas têm altares com uma infinidade de imagens e quadros de índio, preto
velho, santo;
Lembrar que católicos e umbandistas têm vela, incenso, imagens e, nem por isso
perderão o céu, se praticarem o amor. E os espíritas que não ligam para imagens, e
nem os protestantes, que as abominam não ganharão o céu, caso pratiquem o ódio e
a vingança.
Mas, trair, enganar, matar os homens de uma cidade inteira, aprisionar suas crianças e
roubar os bens das velhinhas sobreviventes é correto para o deus de mentira.
6- Eu já disse lá atrás e vou repetir: Possuir ou moldar estátua é errado – mas o deus
fabricou uma estátua de barro, deu-lhe o nome de Adão e depois lhe deu vida, deu-lhe
poderes para ter filhos.
Eu não acredito nesta história de ninar criança, mas, segundo as “santas escrituras”,
somos todos descendentes de uma estátua de barro!
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166- O Jacó partiu para Betel, onde faria o altar. Na hora da partida, “o terror de Deus
invadiu as cidades circunvizinhas e ninguém perseguiu a Jacó e seus filhos”.(35. 5).
Heresia cometeu quem a escreveu e heresia comete quem acredita nela, supondo
tanta pequenez em Deus Verdadeiro.
Se alguém ensina uma doutrina contrariando o ensino da piedade, este alguém nada
entende; é um doente.
Tem a mente pervertida supondo que a piedade seja fonte de lucros. (Tim: 6. 3 a 5).
Há quem procure o “sentido oculto” nas palavras de Moisés como se ele falasse por
parábolas, quando seus escritos são claros, sem sentido oculto. Aqui, por exemplo:
Jacó enganou o povo; matou, roubou e escafedeu-se, enquanto o deus ficou
aterrorizando os inimigos. Cadê o sentido oculto? Cadê o sublime ensinamento?
“O velho Testamento está saturado de contradições e privilégios em favor de alguns
que aparecem falando diretamente com Deus, como se isso fora possível. Na obra
Ensinos Espiritualistas, do pastor Stainton Moses, Imperator faz a seguinte
observação”:
‘Fizestes Deus pronunciar palavras que Ele nunca pronunciou; atribuís-Lhe leis que
Ele reprovaria. Fizestes Deus regozijar-se punindo com mão cruel os filhos ignorantes.
Que desprezível fábula, que baixa e louca concepção nascida do espírito brutal,
grosseiro e limitado do homem.’
No entanto, estas criaturas que eram filhas “dele” também, agora são inimigas!
Ele esqueceu que falou: “Abrão - em ti serão benditas todas as famílias da terra” (12.
3), e sai ele mesmo, de arma em punho aterrorizando as famílias que jurou bendizer.
Conhecendo estes fatos, como condenar quem trai, mata e rouba, se na “palavra
sagrada” está enfatizado que trair, roubar e matar são atitudes desejáveis e
acobertadas pelo “ser supremo?”
Foi com uma chuva? Com granizo? Através de raios e trovões? Uma tempestade de
areia? Uma ventania? Fogo com fumaça? Ou o deus “em pessoa” apareceu falando
“buuuu!” e dando chibatadas no povo?
Moisés não conta nem dá detalhes, o que pode significar mais uma criatividade
mosaica.
É a quarta fuga de Jacó que a bíblia menciona. Isto é: todas as vezes que ele se mexe
de um lugar para outro, é fugindo. Ele não tem a coragem de enfrentar, feito macho, as
conseqüências de seus crimes. Fugir é mais fácil e menos arriscado. Quantas outras
vezes terá ele fugido e Moisés não contou?
Pela amostra, a narração das escapadas jacobinas não caberia num único livro.
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Comentário: Eis o deus aparecendo, de novo! E não me canso de escrever o que está
na própria bíblia:
Jamais tendes visto o Pai que me enviou. Jamais tendes ouvido a sua voz nem visto a
sua forma. (João: 5. 37)
2- O nome de Jacó foi mudado outra vez? Já não havia sido mudado por aquele outro
deus que lutou contra ele na beira do rio? Este deus de agora não ficou sabendo
daquele fato? Ninguém contou pra ele?
Parece que os deuses brigam entre si, ficam de mal e não põem em dia as novidades.
É preciso maior organização entre eles, senão vira bagunça. Por sorte, houve
coincidência e ambos os deuses lhe deram o mesmo nome. Se cada deus inventasse
um nome diferente, como ficaria? O Jacó ia ficar confuso, sem saber o próprio nome.
3- De qualquer modo, Moisés está faltando com a verdade. Se o nome foi mudado
agora, então não foi mudado naquela vez em que o deus e Jacó se atarracaram numa
briga. E vice-versa.
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169- E o deus falou: “A terra que dei a Abraão e a Isaque, dar-te-ei a ti e, depois, à tua
descendência”. (35. 11 e 12).
Comentário: Olha aí ele de novo, dando de presente a terra de Canaã, que não é dele!
Não deis ouvidos às palavras dos profetas; eles não falam o que vem da boca do
Senhor. (Jer. 23: 16)
2- E já que estamos falando nas terras de Canaã, vamos nos antecipar um pouco ao
Êxodo, livro de Moisés que virá em seguida:
Lá vai:
Apesar, porém, de tantos acontecimentos terem tido lugar ali, as pessoas parecem
normais; ninguém era gigante, ninguém encontrou gigantes, ninguém fala em gigantes
que ali morassem. A única vez que Moisés fala em seres gigantescos foi no início da
construção da humanidade, quando diz em Gênesis 6: 4: “Naquele tempo havia
gigantes na terra”. Lembra?
Mas isso foi antes do dilúvio (nota 25) e, no dilúvio, se morreu todo mundo, também
morreram os gigantes.
Pois bem: veremos em Êxodo, no momento em que os hebreus perambulavam pelo
deserto, que alguns homens foram – por ordem do deus, que nunca estivera ali, não
conhecia o lugar – espiar as terras de Canaã para saber o que havia nelas e
trouxeram a seguinte informação:
De onde apareceu este pessoal se, até agora, estamos entrando e saindo de Canaã,
acompanhando os afilhados do deus, e não demos de cara com nenhum gigante?
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170- Saíram de Betel e, antes de chegar a Efrata, Raquel teve mais um filho. (35. 16 a
17)
Comentário: Este é o Benjamim, 13º filho macho de Jacó. Como dissemos acima, ele
nasceu longe da terra de Labão.
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171- Raquel, porém, morreu no parto e o Moisés assim se expressou por escrito, em
relação à morte dela: “Ao sair-lhe a alma porque ela morreu...” (35. 18).
A grande maioria dos leitores da bíblia garante que nada existe além corpo do físico;
(ver nota 174).
No entanto, a bíblia fala em alma, significando que ela existe. A prova da existência da
alma está, portanto, no livro de cabeceira daqueles “entendidos” que garantem que
morreu, acabou tudo.
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172- Ruben, primeiro filho de Jacó “deitou-se com Bila, concubina de seu pai. E Israel
o soube". (35. 22).
Comentário: Diz o deus de Moisés: “Se um homem se deitar com a mulher de seu pai
serão mortos esta e aquele; seu sangue cairá sobre eles”. (Lev: 20: 11).
No entanto, fica por isso mesmo, ninguém foi morto – nem Ruben, nem Bila –; sangue
nenhum caiu sobre eles, não obstante Jacó/Israel tomar conhecimento do fato.
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Ah, sim! Foi da Diná que ele esqueceu! Justamente da Diná, que desencadeou a
maior, a mais suja e mais covarde carnificina contra os moradores da cidade de
Siquém. No episódio, para justificar a matança e o roubo, a Diná era importante, sua
honra não podia ficar maculada e patati, patatá – mas não serviu depois, nem mesmo
para constar entre os filhos do seu pai.
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174- Então morreu Isaque, pai de Esaú e Jacó, sendo recolhido ao seu povo. (35. 29)
Apesar de A. Balbach negar a sobrevivência do espírito, cada pessoa que morre - ou,
cada nariz que morre - é recolhido ao seu povo, segundo a bíblia...
2- Epa! Só agora morreu o Isaque? O leitor lembra daquele cego velho enganado pela
mulher e pelo filho? Pois é o próprio! Ele já estava bem velhinho e às portas da morte
quando foi enganado no episódio da bênção que ia dar a Esaú e acabou dando a
Jacó. E só agora morreu! Eta povo forte!
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175- De 35. 23 a 36. 19 Moisés fala os nomes de todos os filhos e descendência direta
de Jacó e de Esaú.
176- Esaú levou suas mulheres, filhos e filhas e todas as pessoas de sua casa, seus
rebanhos e tudo o que havia adquirido em Canaã para outra terra, apartando-se de
Jacó. Então, Esaú, que é Edom habitou no monte de Seir. (36. 6)
Comentário: O Esaú foi embora sem que o deus ligasse pra ele, não obstante ter na
própria carne o sinal do deus: a circuncisão – e do deus haver feito “aliança perpétua”
com o pai dele, o Isaque. Ora, Esaú, seus filhos e netos são descendência direta de
Isaque, tanto quanto Jacó/Israel e respectiva descendência.
2- Esaú passou a ter uma terra – muito extensa, aliás –, a Terra de Edom, e lá
permaneceu.
Justo ele, que seria escravo de Jacó, de acordo com aquela bênçãozinha de segunda
mão que recebeu! Justo ele, deserdado pelo pai, desprezado pela mãe, invejado pelo
irmão e abandonado pelo deus! Justo ele que, desobedecendo aos preconceitos do
deus bairrista, se casou com três filhas de amaldiçoados!
Esaú, esquecido neste tempo todo, acabou conquistando por si mesmo, pelos próprios
méritos, uma terra para si e sua descendência enquanto Israel/Jacó, a menina dos
olhos do deus, o biografado de Moisés, o dodói da mamãe acabou se asilando no
Egito para não morrer de fome; acabou levando sua descendência para a escravidão,
conforme veremos em Êxodo; foi condenado a ver seus filhos perambulando por 40
anos pelo deserto sem lar, sem pátria, sendo preciso invadir e roubar as terras que o
deus lhe prometeu!
Isso prova que Jeová, o deus de mentira, não tinha poder nenhum; que sua proteção
ou o seu desprezo não valiam grande coisa...
Os abençoados por ele sentiam-se tão seguros de si, tão senhores do próprio nariz,
que faziam as maiores bobagens para enriquecer: enganavam, mentiam, roubavam e
matavam, comprometendo a própria alma.
“Pois o que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a alma?” (Mat: 16.
26).
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Fom: Adolfo
To: Petros
De todas as coisas que você escreveu, embora infelizmente eu não conheça tudo,
seguramente esta é a sua obra prima.
Está sendo o livro mais instigante, interessante, ideologicamente revolucionário,
oportuno que já li nos meus últimos 12 anos.
Talvez ninguém teve a idéia, vontade ou coragem de vir derrubando, item a item como
você fez, a grande fantasia burlesca que sustenta o império das religiões da Terra,
com seus crimes, hipocrisias, fanatismos, dízimos e demais indisfarçáveis preferências
pela glória asquerosa de Mamom.
Você consegue deixar tudo tão óbvio ao desnudar o besteirol que, ousadamente,
tantos denominam a "Palavra de Deus".
Ao escrever o livro você enche o leitor atento da coragem necessária para proclamar o
fim do que é desnecessário e deve ruir diante do portal translúcido da nova era do
Espírito!
É um trabalho corajoso e certamente será polêmico. No entanto, é clamorosamente
necessário.
Ao ler o livro não podemos deixar de perguntar: "mas que raio de disciplina é essa,
denominada Teologia, que não percebe (será???) tanta incoerência e, ao contrário,
combina versículos para manter a ignorância e a deseducação espiritual dos
incautos?"
Como seu fã-leitor n.º 1 só tenho a te abençoar, a te desejar força nessa empreitada
literária, desejando muito que você prossiga com essa sua lucidez enviesada, que
incomoda os acomodados, mas que inspira e refrigera todo aquele que deseja o
advento da luz na consciência e no coração, a verdadeira ligação íntima com Deus
Verdadeiro.
Adolfo