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Monografia Pós Graduação Cleia

Este documento apresenta um resumo da monografia "A Dimensão Espiritual na Antropologia de Viktor Frankl". A monografia discute como a Logoterapia de Frankl enfatiza a dimensão espiritual do ser humano, que é negligenciada por visões reducionistas. A dimensão espiritual é fundamental para encontrar sentido na vida e no sofrimento. A monografia revisa literatura sobre o tema e discute como a dimensão espiritual pode ser aplicada na clínica psicológica.

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Monografia Pós Graduação Cleia

Este documento apresenta um resumo da monografia "A Dimensão Espiritual na Antropologia de Viktor Frankl". A monografia discute como a Logoterapia de Frankl enfatiza a dimensão espiritual do ser humano, que é negligenciada por visões reducionistas. A dimensão espiritual é fundamental para encontrar sentido na vida e no sofrimento. A monografia revisa literatura sobre o tema e discute como a dimensão espiritual pode ser aplicada na clínica psicológica.

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  1

FAJOPA - FACULDADE JOÃO PAULO II

Cléia Soares Miranda

A DIMENSÃO ESPIRITUAL NA ANTROPOLOGIA DE VIKTOR FRANKL

Marília, SP

2014
  2
 

CLÉIA SOARES MIRANDA

A DIMENSÃO ESPIRITUAL NA ANTROPOLOGIA DE VIKTOR FRANKL

Monografia apresentada à FAJOPA - Faculdade João


Paulo II, para a conclusão do Curso de
Especialização em Análise Existencial e Logoterapia
Clínica / com ênfase em Clínica

Orientador(a): Heloísa Reis Marino

Marília, SP

2014
 3
 

Cléia Soares Miranda

A DIMENSÃO ESPIRITUAL NA ANTROPOLOGIA DE VIKTOR FRANKL

Monografia apresentada FAJOPA - Faculdade João Paulo II


para a conclusão do Curso de Especialização em Análise
Existencial e Logoterapia Clínica / com ênfase em Clínica.

Aprovado em _____/_____/_____

Banca Examinadora

__________________________________________

__________________________________________

__________________________________________
  4
 

Dedico este trabalho ao meu filho Gabriel, inspiração para mim.


 5
 

Agradeço ao meu esposo Hélio pelo apoio incondicional em quase 30 anos de


convivência.
6
 
 

“Se tomarmos os homens como eles são, então os tornaremos piores, mas se os
tomarmos como eles devem ser então os transformaremos naquilo que eles podem
ser.” ( Viktor Frankl)
 7
 

RESUMO

A Dimensão Espiritual na Antropologia de Viktor Frankl

Este trabalho sobre a espiritualidade na antropologia de Viktor E. Frankl apresenta


como recorte as contribuições da Logoterapia para uma discussão e reflexão sobre
a dimensão espiritual do ser humano, através da revisão de literatura. Sabe-se que o
conhecimento das dimensões bio-psico-social do homem é amplamente difundido no
campo das ciências humanas. Entretanto, faz-se necessário que consideremos
também a dimensão noética, denominada por Frankl de espiritual, como uma de
suas dimensões constitutivas. Dimensão esta que o caracteriza como ser humano.
Considerando que o estudo tridimensional do homem apresenta uma visão
reducionista, o principal objetivo deste estudo é refletir sobre as contribuições que os
estudos da Logoterapia tem feito na visão de homem no campo da Psicologia e
conseqüentemente no viver humano e em toda a sua plenitude.

Palavras-chave: Logoterapia. Noética. Dimensão bio-psico-social. Reducionista.


 8
 

ABSTRACT

A Spiritual Dimension in Anthropology of Viktor Frankl

This research project about spirituality in Viktor E. Frankl, presents as clipping the
contributions of the Logotherapy for a discussion and reflection on the spiritual
dimension of the human being, through literature review. It is known that the
knowledge of vision bio-psycho-social man is widespread in the field of human
sciences. However, it is necessary also to consider also the noetic field that Frankl
called by the “spiritual” as one of its dimensions. A dimension that characterizes it as
a human being. Whereas the three-dimensional study of man presents a reductionist
view, the main objective of this study is to present the contributions that Logotherapy
has been showing in man’s vision in the field of psychology and consequently in
human life and all its fullness.

Keywords: Logotherapia. Noetic. Bio-psycho-social dimension . Reductionist

 
9
 

Curso realizado pela FAJOPA – Faculdade João Paulo II – com parceria da


SOBRAL – Associação Brasileira de Logoterapia e Análise Existencial Frankliana e
apoio do Instituto Sagres – Conhecimento e Desenvolvimento.
10
 
 
11
 

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................12

1. VIKTOR EMIL FRANKL...................................................................................14

2. LOGOTERAPIA................................................................................................16

3.DIMENSÃO ESPIRITUAL................................................................................. 24

3.1 DIMENSÃO ESPIRITUAL E SENTIDO DA VIDA ................................ 28


3.2 DIMENSÃO ESPIRITUAL E RELIGIÃO............................................... 29
3.3 APLICAÇÃO NA CLÍNICA .................................................................... 31

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 34

REFERÊNCIAS ...................................................................................................36
12
 

APRESENTAÇÃO

O tema proposto neste trabalho é importante para servir de reflexão sobre a


visão tridimensional do homem segundo a Logoterapia de Viktor Emil Frankl
Entende-se a Logoterapia como uma Terapia que apela para a busca do
sentido da vida do homem. Assim, faz-se necessário refletir sobre a necessidade
que cada ser humano tem de achar o seu próprio sentido através da unicidade e
irrepetibilidade da sua existência. Nesse aspecto, observa-se a presença de uma
Psicologia reducionista que tenta explicar as neuroses humanas apenas do ponto de
vista bio-psico-social, negligenciando a dimensão espiritual que caracteriza a
essência do ser humano.
Ademais, pode-se afirmar que a fundamentação acerca da Logoterapia é
indispensável para o entendimento do sentido que há no sofrimento. O homem é
colocado diante da facticidade da vida, que mesmo lhe retirando suas expectativas
físicas e psíquicas, não retira dele o seu bem maior que é o ser com o privilégio de
decidir e escolher como passar pelo sofrimento, mesmo não podendo mudar as
circunstâncias à sua volta, mas sendo capaz de autodistanciar-se e transcender a
elas.
Um dos enfoques da Logoterapia é a terceira dimensão do homem, que é a
espiritual; exatamente o tema central a que se propõe este trabalho: A
Espiritualidade segundo a antropologia de Viktor Frankl. Uma espiritualidade que é
inerente ao ser humano e a dimensão que o caracteriza, diferenciando-o dos demais
seres. Ao negligenciar tal dimensão, produz-se uma sociedade que tende a justificar
seus atos e omissões pelo enfoque dos condicionamentos.
Desse modo, o presente trabalho tem o objetivo de apresentar algumas
contribuições sobre as particularidades dessa visão espiritual segundo a
Logoterapia. Apresentando também a diferença que o estudo dessa dimensão faz
na visão de homem; adentrando para uma reflexão sobre a dimensão ontológica do
ser humano, tão negligenciada na atualidade.
Inicialmente este trabalho apresenta alguns aspectos da vida de Viktor Emil
Frankl, o fundador da Logoterapia, para uma reflexão de como foi sua vivência na
prática daquilo que ele veio a sistematizar no campo da Psicologia, sendo
13
 

reconhecido posteriormente como a terceira escola vienense de Psicoterapia de


Viena.
Em seguida é apresentada a proposta da Logoterapia com alguns dos seus
principais conceitos para que se tenha uma melhor compreensão da dimensão
noética do ser humano, tema proposto nesta pesquisa.
O capítulo seguinte aborda o referencial teórico que embasa a dimensão
espiritual do homem, através dos livros de Viktor Frankl e livros de outros autores
que abordam o tema. A fundamentação teórica é apresentada de modo
indispensável neste trabalho; verificando os enfoques que reduz o entendimento do
humano e apresentando as contribuições da Logoterapia.
São abordados alguns aspectos do nosso atual contexto psicossocial que
serve como pano de fundo às justificativas de como o ser humano se apresenta e
como tem (re)agido diante do que lhe é posto socialmente; identificando o perfil do
indivíduo que se deixa condicionar pelas facticidades da vida e desconhece a força
desafiadora do seu espírito.
A seguir é apresentada a visão de pessoa que considera também a
dimensão espiritual na compreensão do ser humano, ou seja, o que está relacionado
ou aquilo que conseqüentemente está envolvido no comportamento humano quando
este é visto levando em conta tal dimensão e o fazer do profissional da Logoterapia,
mostrando seu modo de atuação dentro desta visão de homem abordada por Frankl.
Finalmente são apontadas algumas considerações finais sobre o tema
proposto.
 

 
14
 

1.VIKTOR EMIL FRANKL

Viktor Emil Frankl 1um vienense filho de família judia, nascido em 26/05/1905;
acreditava que mesmo diante de situações extremamente negativas, o ser humano
pode responder positivamente, porque há na sua constituição como ser, a dimensão
espiritual, que jamais adoece e que o caracteriza como humano. Teoria comprovada
mais tarde no período da segunda guerra quando Frankl fora preso em campos de
concentração nazistas e ratificou sua teoria, transformando a tragédia em triunfo
pessoal.
Com 4 anos já pensava na finitude da vida, fazia muitas perguntas.
Costumava ficar escondido debaixo das mesas para ouvir os debates científicos.
Aos 13 anos sente que é submetido a uma aprendizagem reducionista e começa a
contestar o que era dito em nome da ciência. Por volta dos 18 anos ele próprio
passou pela apatia e vazio existencial chegando numa vivência extrema de falta de
sentido para a vida.
Aos 23 anos já era médico formado pela Universidade de Viena, quando
introduziu o conceito de Logoterapia. Percebe que falta algo, pois só a Psicologia
não alcança a explicação completa do homem. Traz a resposta de re-humanizar o
entendimento sobre o homem. Sabia que a Logoterapia não seria um sucesso, muito
menos bem recebida no mercado, por exigir uma transformação interior de renúncia
ao ego, mas que seria profundamente produtivo em cada pessoa que a recebesse.
Foi diretor do Hospital neurológico e clinicava sem cobrar consultas,
preocupado com o alto índice de suicídio do pós-guerra. Dava orientação para a
juventude trabalhadora socialista, que na época vivia sob o terror do desemprego,
principalmente para judeus.
Frankl conseguiu reduzir a zero o número de suicídios, através de um
programa de aconselhamento a estudantes; pois acreditava que o homem precisa e
busca sentido na vida – tema que se torna o carro chefe da sua abordagem
logoterápica. Concluiu o curso de medicina com apenas 25 anos, recebendo a dupla
qualificação de neuro-psiquiatra. Foi chefe do pavilhão de mulheres com tendências
suicidas no Hospital Psiquiátrico de Viena. Trabalhou no Hospital Psiquiátrico Am
Steinhof e no Hospital Neurológico Maria Theresien. Conseguiu um visto para
                                                                                                                       
1
 Biografia baseada na leitura dos livros: “Logoterapia e Análise Existencial” e " A psicologia do Sentido da Vida"  
2
 Frase  de  Dan  Blazer  no  seu  livro  “Freud  versus  Deus”:  “Creio  que  a  psiquiatria  moderna  perdeu  sua  própria  
15
 

continuar sua especialização na America do Norte em plena pressão da guerra,


quando poderia exilar-se nos Estados Unidos, devido à perseguição aos judeus;
mas desistiu para cuidar dos pais. Foi encarregado do Departamento de neurologia
do Hospital Rothschild.
Termina uma de suas conferências caminhando em direção ao oficial nazista
que chegara para prendê-lo e levá-lo aos campos de concentração, onde seria
conhecido pelo número 119104. Após ser liberto do campo de concentração foi
nomeado Diretor do Hospital Policlínico Neurológico de Viena. Recebeu mais de
vinte doutorados honorários em diversos países do mundo. Foi professor de
Neurologia e de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena,
professor de Harvard, Pittsburgh, San Diego, Dallas. Doutor em medicina e Filosofia,
membro da Academia Austríaca de Ciências, recebeu o título de “Doutor Honoris
Causa" em dezoito universidades do mundo inteiro, recebeu o prêmio Oskar Pfister
Award da Associação Americana de Psiquiatria. Foi conferencista e professor em
mais de 193 universidades.
Dr. Viktor Emil Frankl foi bem descrito pelo professor João Batista Torello:
O que impressiona desde o início da obra de Viktor Frankl é a profunda
humanidade que dele se reflete, a intensidade de vida que dele se
desprende; qualidades não lhe diminuem em nada o valor propriamente
científico, antes o realçam. (Xausa, 2012, p. 36)

Mesmo sendo um fantástico desbravador da essência humana, considera-se


o menor de todos, ou seja, apenas aquele que buscou ir mais longe. Sobre sua
contribuição diz FRANKL (2010, p.VII) “Ao lado de Freud, eu não sou mais que um
anão, mas um anão que sobe nos ombros de um gigante para ver mais longe.”
Embora tenha realmente ele ido além dos “porões” do ser humano,
Quiséramos colocar neste trabalho tudo que Frankl fez em prol dos estudos
sobre o ser humano, teríamos uma enorme gama de textos para ser lido e ainda
assim, não faríamos justiça ao que representou sua contribuição.
16
 

2.LOGOTERAPIA

A ciência tentou separar o espírito da razão. Com as guerras, a ideia do ser


humano que pode tudo racionalmente passa a ser abalada. A racionalidade não
consegue explicar muitos questionamentos do homem. Mesmo a Psicologia, que se
torna ciência com o trabalho de Wundt, não dá conta de teorizar o homem na sua
totalidade, pois para na visão bio-psíquica.
Observa-se a presença de uma Psicologia que tenta explicar as neuroses
humanas apenas do ponto de vista bio-psico-social, negligenciando a dimensão
espiritual, que é o que caracteriza o cerne do humano. É certo que a ciência atua de
maneira bastante positiva em muitas áreas do conhecimento, mas ela não consegue
abarcar todos os aspectos que envolvem a vida humana, pois esta não é passível de
ser apreendida através de normas que acabam por desaguar num determinismo
científico. Surge então a Logoterapia de Viktor Frankl, que insatisfeito com o modo
como se compreendia o homem, percebe a limitação da ciência e propõe voltar à
Filosofia para entender o ser humano, uma vez que achava difícil uma compreensão
psicológica do homem sem uma influência filosófica.
A filosofia é extremamente importante, pois não é suficiente enxergar o
homem apenas na base de uma Psicologia; mas a profundidade da filosofia que
sustenta tal teoria faz grande diferença para a compreensão e visão de homem.
A Logoterapia tem por objeto de estudo o comportamento humano sob a ótica
espiritual; não no sentido religioso, mas na dimensão antropológica que caracteriza
a existência humana. Ela surge dentro movimento da Psiquiatria Existencial;
trazendo a visão da liberdade humana, da escolha individual e da consciência de
sua responsabilidade perante tais escolhas. Embora haja divergências em outros
pontos, a Logoterapia comunga estes três pontos com o Existencialismo. Tem sua
raiz ontológica e antropológica na filosofia dos teóricos Nicolai Hartmann e Max
Scheller, que considera o espírito como o centro da pessoa.
A Logoterapia nasce do rompimento com a Psicanálise por percorrer outra
estrada para além daquela que define o homem como um ser que caminha pelo
mundo sob a força dos impulsos. Os teóricos da Psiquiatria deram ênfase às
limitações impostas pelos condicionamentos bio-psico-social, mas para a
Logoterapia isto não é suficiente para explicar o comportamento do ser humano.
17
 

A Logoterapia é criticada pelo seu adentrar em “terras não palpáveis”, ou em


“terrenos misteriosos”, ou ainda, uma teoria que abarca o “campo imaginário”. Mas
tais críticas, não dá o valor merecido no fato de que o homem comum tem condições
de se conhecer, sem precisar que o outro o estude e o aponte quem ele é. Pois ele
próprio tem capacidade de sair de si mesmo e se conhecer, exatamente pela sua
condição de ser espiritual.
Logoterapia quer dizer “terapia do sentido” faz juz ao nome porque o homem
caminha na sua existência pela busca de sentido da vida. Um dos seus objetivos é
introduzir o logos (sentido) na psicoterapia; e um dos seus métodos é levar o sujeito
do ser, para o dever-ser. Ela não trata o sintoma ou a doença enquanto tal, mas o eu
do paciente que sofre. O ponto alto é a atitude do paciente para com a doença.
Ao depararmos com o momento em que apenas as psicoterapias não
bastavam para atender o sofrimento humano, a Logoterapia surge preocupada em
ajudar o ser humano a achar também o sentido desse sofrimento; descobrindo
depois, que, só poderia achar resposta nesta dimensão espiritual que chamou
também de noética.
Crítica-se o reducionismo das abordagens psicológicas que estudam o
homem e explicam as neuroses delimitando-o nos campos biológico e psicológico;
reduzindo-o a um aparato instintivo, de reflexos e estrutura psíquica, mas não
consideram aquilo que realmente o torna diferente dos animais e que é capaz de
sobrepor a qualquer variável, que é a sua dimensão espiritual. Tal visão acaba por
desvalorizar o homem em sua dimensão puramente humana.
Nas correntes psicológicas, o homem vem predeterminado psiquicamente
e/ou socialmente, tanto interna quanto externamente. Portanto, a pessoa é marcada
pelo determinismo, ou seja, pela sua limitação daquilo que fez ou deixou de fazer,
sem muita perspectiva de convertê-la em um caminho que lhe dê esperança.
A Logoterapia utiliza também a forma empírica para comprovar sua teoria, ou
seja, a dimensão ontológica do ser humano. Um bom exemplo observa-se dentro
dos campos de concentração nazista, quando o próprio Frankl ratificou sua teoria de
que o homem é capaz de encontrar sentido até mesmo experimentando os mais
difíceis momentos da vida por conta da capacidade desafiadora que há no seu
espírito. Ele aponta que:
A distinção de Maslow entre necessidades mais elevadas e mais baixas não
explica o fato que, quando as mais baixas não são satisfeitas, uma
necessidade mais elevada, o desejo de sentido, pode transforma-se na
18
 

mais urgente de todas. Tanto a satisfação quanto a frustração das


necessidades mais baixas podem provocar o homem a procura de um
sentido, devemos concluir que a necessidade de um sentido é independente
das outras necessidades.... Ainda que o alimento seja a condição
necessária para a sobrevivência, ele não é uma condição suficiente para
dar sentido a nossa vida. (Frankl, 2005, p/ 27)

Estudar esta dimensão humana implica em ver o homem com liberdade para
se posicionar diante dos condicionamentos da vida. A posição de homem livre
também implica em responder às questões vivenciais de maneira responsável. Ela
mostra que é possível vislumbrar um mundo onde o ser humano é chamado a
satisfazer seus desejos, impulsos, instintos, etc., mas não precisa ser determinado a
(re)agir dessa forma. Seu espirito (essência) não se deixa necessariamente
condicionar. Contudo essa liberdade não se identifica com a arbitrariedade, porque
ela tem um sentido. Liberdade não significa ausência de obstáculos, pelo contrário, é
recheada de limites próprios do humano, pois este não é onipotente. Mas mesmo
diante dos sofrimentos, situações que fogem ao seu controle, o homem tem
liberdade para decidir como viver em tais circunstâncias. O que mobiliza o homem
não é determinado, é livre. Uma vontade que o mobiliza não para sua satisfação,
mas para a busca de um sentido. Ou seja, a responsabilidade implica em realizar
sentido e valores. A liberdade é algo muito especial mas infelizmente, muitos
acabam por abdicar-se dela. Segundo FIZZOTTI (1998, p. 22): “Embora você tenha
na consciência o instrumento capaz de indicar que sentido tem uma situação
específica, você sempre será livre de seguir sua voz ou de não fazer caso dela, e
até mesmo, de reprimi-la.” O mérito e a culpa só existem por conta da
responsabilidade e da liberdade.
O ser humano é livre para escolher se deseja seguir ou não os
condicionamentos; para escolher seu modo de atuar no mundo, seu jeito de ver o
outro; não apenas uma liberdade de, mas liberdade para. Ele é livre para realizar,
para responder à vida e para se posicionar perante seus instintos, sua herança
genética e seu meio ambiente. De acordo com FRANKL :
O ser humano não é completamente condicionado e determinado; ele
mesmo determina se cede aos condicionamentos ou se lhes resiste. Ele
não simplesmente existe, mas sempre pode decidir qual será sua
existência, o que ele se tornará no momento seguinte. Uma das principais
características da existência humana está na capacidade de se elevar
acima dessas condições, de crescer para além delas. (2008, p.153)
19
 

O homem não está determinado a se comportar conforme os


condicionamentos, mas é capaz de responder pelas suas escolhas e não colocar
toda a culpa na responsabilidade do outro.
Só há responsabilidade porque somos responsáveis perante alguém.
(FRANKL, 2012, P.4) Quem quer que seja esse alguém, cada indivíduo tem a sua
própria resposta de acordo com sua escala de valores; bem como o seu próprio
convencimento sobre o “por que” é responsável. O homem pode ir além do que ele
é. A diferença está não apenas no homem ser livre de, mas ser livre para. Quando
se exime o homem da sua liberdade e responsabilidade, tira dele a sua dignidade.
Pode-se dizer que para se considerar o espiritual, precisa-se de certo grau de
tensão pelo fato de o homem estar em busca daquilo que ele ainda não alcançou e
daquilo que ele deveria ser. Na psicodinâmica, o sujeito procura adaptar-se à
realidade, ou seja, ele vive para buscar a homeostase e achar o seu lugar no meio.
Nesta concepção, todo comportamento é explicado através dos efeitos; ele tem uma
causa anterior. È uma dinâmica fechada, que se repete, porque a causa sempre
determina o resultado.
O ser humano sente-se otimista ainda que tenha de conviver com o que
FRANKL (2011, p.10) chamou de “tríade trágica”, que são a dor, culpa e a morte.
Pode-se ver sentido na vida mesmo encarando situações tão trágicas. O homem
pode transformar uma experiência que Ele não pode mudar. Isso explica o porquê
da palavra otimismo, pela capacidade de transformar o negativo em situações que
conspiram a seu favor. Não pode ser confundido com pensamento positivo, mas
uma capacidade inata, que na física cunhou-se o termo “resiliência.” A tríade trágica
nos permite: “1.Transformar o sofrimento numa realização humana; 2. extrair da
culpa a oportunidade; 3. fazer da transitoriedade da vida um incentivo para realizar
ações responsáveis” (2011, p 161).
Para Frankl o homem é um ser capaz de realizar valores. Eles estão
relacionados com as suas escolhas e proporcionam ao homem vivenciar o sentido
de forma concreta. FRANKL (1991, p. 28) aponta três caminhos na realização de
valores, para se chegar ao sentido da vida: Valores de criação – Quando criamos
um trabalho ou fazemos uma ação. Valores de experiência - Manifesta-se na
maneira de experimentarmos algo ou encontrarmos alguém. Valores de atitude –
Que é a nossa visão e posição frente às situações vividas e principalmente, frente
aos obstáculos.
20
 

Uma das características primordiais do ser humano na visão logoterápica é


ser único, distinto, inconfundível e irrepetível. É um indivíduo que se revela na sua
unicidade, ou seja, ninguém poderá reunir as mesmas possibilidades. É a
singularidade e irrepetibilidade da existência. O caráter de ser único nada mais é
que considerar o indivíduo um ser diferente de todos os outros indivíduos. O homem
é diferente de uma máquina, que a julgar pela sua marca de fábrica, sabemos o que
se pode esperar delas; até mesmo com determinadas raças de animais, quando
podemos presumir características específicas daquela raça. Não podemos
determinar o homem somente por ser homem; pois jamais poderíamos obter um
cálculo exato como na matemática; sempre ficaria algo que não pode ser contado,
devido à liberdade que lhe é peculiar para se posicionar de forma única e pessoal. A
vida humana tem um caráter insubstituível; é impossível que um homem seja
representado por outro, naquilo que só ele pode e deve realizar.
Na visão de FRANKL (2010, p.126) o homem é formado a partir de duas
áreas que o coloca numa situação natural: disposição e condição. A disposição é
aquilo que é dado e que não pode mudar, como a herança biológica e psíquica.
Configura-se na atitude de liberdade a resposta que o homem dá ao mundo; a
atitude adotada frente ao que é disposto. A condição é o que o meio traz, são as
circunstâncias de cada momento. Quando o homem revolta-se contra seu destino, é
porque não descobriu o sentido dele. Segundo FRANKL (2010, p.123), destino é
precisamente tudo aquilo que escapa essencialmente à liberdade do homem e que
não fica sob o seu poder nem sob a sua responsabilidade. Por isso, nem sempre
temos que nos opor à facticidade. O homem pode se ver dentro de situações
(in)esperadas pelo próprio motivo de estar existindo, sem que isto seja contrário à
sua dinâmica de desenvolvimento; o sofrer não precisa ser um inimigo.
Outra característica especificamente humana diz respeito ao
autodistanciamento. O homem é capaz de distanciar-se de si próprio, ele coloca-se
acima de determinada situação para que possa dominá-la, por exemplo através do
humor, pois a capacidade de rir da sua própria dificuldade, o faz tomar distância
entre seu próprio eu e a situação a que se encontra.
A autotranscendência também faz parte da essência do homem, este é
aberto ao mundo, pois volta-se para alguém ou algo diferente de si próprio; é
abertura para o mundo que pode ser tanto no nível horizontal, representado pelas
21
 

escolhas e possibilidades que a vida traz, quanto no nível vertical, que é a abertura
mais profunda em busca da relação com o Sagrado.
A autotranscendência é a orientação primordial do ser humano para a busca
do Supra-sentido, o sentido último da vida, que está para além da psique ou de
qualquer capacidade intelectual. O homem procura por um poder superior que vem
da sua busca pelo sentido último das coisas, para sentir-se pleno na sua existência.
Tal sentido leva-nos a concluir que nosso espírito possui a abertura para o Criador.
Através do espírito que podemos acessar a fagulha da divindade que está no
humano. Talvez por isso XAUSA(1988) afirma que a Logoterapia libera a
religiosidade da repressão científica, reconhecendo em Deus o sentido último da
existência.
Outra ponto identificador da Logoterapia refere-se ao vazio ou vácuo
existencial; percebido através do tédio (falta de interesse) e da indiferença (falta de
iniciativa). A existência humana, que ignora a dimensão espiritual, traz como
conseqüência, um contexto social carregado de atitudes desprovidas de sentido.
Trazendo a reboque, comportamentos que exaltam o biopsíquico e desconsiderando
a força que há na dimensão espiritual. Para HOZ “O homem converte-se em um ser
dirigido por outros, que aceita as ideias e utiliza as coisas sem preocupar-se por
compreender o seu sentido. A liberdade desaparece na atitude passiva diante da
abundância de informação não digerida.”
Os valores éticos e morais estão cada dia mais subjúdice. São colocados à
prova em todos os âmbitos sociais. Nos conflitos que colocam o homem moderno
frente a situações ambíguas que requer sua decisão, este prefere abrir mão de um
valor moral, em prol da satisfação do desejo pessoal. Parafraseando BLAZER (2001,
p. 159) podemos dizer que a sociedade moderna perde sua própria alma quando se
esquiva das preocupações sobre integridade, sentido e a transcendência.2
A discussão e os fatos giram em torno da ideia da não existência de valores
eternos, mas modificáveis conforme a cultura vigente. Os niilistas rejeitam a ideia de
existir uma verdade para todos, porém, como bem pontua SPONVILLE: (2007p.52)
“Se não houvesse uma verdade, não haveria conhecimento... Se não houvesse
valores não haveria direitos humanos nem progresso social e político... Toda paz
seria vã.” O ser humano necessita de uma verdade que universaliza, que delimite os
                                                                                                                       
2
 Frase  de  Dan  Blazer  no  seu  livro  “Freud  versus  Deus”:  “Creio  que  a  psiquiatria  moderna  perdeu  sua  própria  
alma  quando  se  esquivou  das  preocupações  sobre  a  integridade,  o  sentido  e  a  transcendência.”  
22
 

comportamentos, promovendo assim, a organização para o bem viver em


sociedade. Como bem pontua HOLANDA:
O relativo, em vez de constituir uma refutação do absoluto, na verdade,
necessita dele. Afinal, as coisas relativas apenas provam, documentam e
testemunham a existência do absoluto que as condicionou. Tanto o valor
quanto o sentido são aplicados às coisas na medida em que o são
assumidos em nome de algo mais elevado, por amor a alguém, num
sacrifício. E é exatamente aqui que consiste a verdadeira relatividade dos
valores.(Holanda, 2010)

Dentro deste contexto puramente bio-psico-social existe uma busca intensa


para encontrar a felicidade, que torna o ser egoísta e sem capacidade de amar, ou
seja, de renunciar aos seus desejos e planos em prol do doar-se/servir ao outro. Um
artigo publicado na Revista Psique Ciência e Vida cita a hipótese do filósofo Comte
Sponville e do historiador McMahon da seguinte maneira: “o fato de tanto se falar
sobre a felicidade é um sintoma de que o homem contemporâneo não é feliz”. Diante
da dificuldade de um consenso para o conceito do tema, acrescenta que “uma
felicidade ligada a uma extenuante busca existencial certamente levará muito tempo
e causará angústia”. O artigo finaliza sugerindo que cada um construa para si sua
própria felicidade. Com a falta de um parâmetro, a sociedade vem experimentando,
ao longo da história, uma degradação de valores éticos e morais e colocando o
homem acuado perante os condicionamentos, pois estes falam mais alto. Busca-se
uma razão para “ser feliz”. A felicidade não deve ser buscada mas acontece em
decorrência da realização dos valores e da consciência da vida como missão.
Outro aspecto conseqüente do vazio, diz respeito à perda dos significados.
Na visão de Frankl (2005, p.67) O sexo tornou-se desumanizado, busca-se alguém
para o mero prazer, fazendo do ser humano um objeto de uso pessoal. A relação
sexual torna-se um meio de compensar o vazio do calor humano, que é uma
necessidade natural, por isso é buscada com tanta intensidade, até mesmo em nível
puramente sexual, o que faz com que o outro indivíduo torna-se descartável,
impedindo uma relação de amor.
Com a descrença nos valores, vivemos na impressão de que a vida carece de
sentido. Nem a área educacional se mostra capaz de orientar as massas populares
a respeito da escala objetiva dos valores e dos não-valores. Importante a pontuação
de LUKAS: (1992, p.110) “Nós não somos responsáveis pela época em que
vivemos, mas somos responsáveis pela medida em que seguimos o seu espírito e
pela maneira como contribuímos para marcá-la.” Uma vez não existindo mais as
23
 

tradições que sempre serviram de apoio para o comportamento do ser humano, o


homem torna-se alguém vazio de sentido. Alguns paradigmas são quebrados em
nome do respeito às individualidades - como relacionamentos entre pais e filhos,
cônjuges, professores e alunos, liberação da sexualidade, etc. De modo que o valor
da instituição educacional, política e familiar, tem sido alvo de críticas e mudanças
bruscas; trazendo consequências profundas no seio da sociedade em geral, como a
solidão por exemplo. Com uma sociedade extremamente industrializada, as pessoas
acabam por experimentar um sentimento de solidão por estarem mais em contado
com as “máquinas” do que com outras pessoas.
Além do professor que ensinava aos seus alunos que o homem não passava
de um processo de combustão durante as aulas no contexto vienense de Frankl;
hoje podemos dizer que as explicações científicas da origem do homem nas
universidades, a postura diante da influência da mídia e o modo reducionista por
meio do qual as teorias psicológicas são apresentadas, contribuem grandemente
para o sentimento de frustração, o vazio existencial e a falta de sentido da vida.
A intensa busca por poder, dinheiro, sexo e status são sintomas de uma
sociedade que perdeu o sentido da vida. O homem que busca a satisfação pessoal
ou qualquer outra forma de preenchimento do vazio que venha a canalizar em si
próprio, continuam insatisfeitos.

3.DIMENSÃO ESPIRITUAL

A dimensão espiritual do homem sempre foi objeto de muitos


questionamentos ao longo da história, mas por muito tempo, não passou do campo
das teses, uma vez que o objeto de estudo que não pode ser apreendido pelo
homem, não poderia ser considerado ciência.
Quando Husserl apresenta o Método Fenomenológico - um jeito diferente de
valorizar a experiência humana e poder chamar de ciência não somente o que pode
ser medido, mas tudo aquilo que é experienciado pelo humano, quebrando o atual
paradigma imposto unilateralmente por longos anos - deparamos com a
possibilidade de cientificar, não apenas questões de cunho quantificável e
controlável, mas também as questões humanas mais profundas, os estados internos
percebidos por várias gerações, das quais o homem convive desde que habita o
24
 

mundo. A visão de Husserl foi importante porque ele sai do dualismo para chegar ao
que é puro; rompe com o positivismo e dá uma amplitude maior para analisar o
homem.
Com uma nova abordagem do que seja ciência, as vivências do homem
puderam ser estudadas em profundidade. Entra fazendo parte desse escopo, a
dimensão espiritual do homem, introduzida por Viktor E. Frankl, até então, rejeitada
no plano científico.
Como aponta CASTAÑON:
Uma vez que a ciência moderna se apresenta como atividade que
estabelece hipóteses sobre leis naturais através de experimentação e
formalização (se possível matematização), e que estas hipóteses testadas
também devem apresentar capacidade preditiva, sempre foi questionada
interna e externamente a possibilidade de investigação científica da psique,
consciência, ou de quaisquer das definições originais de objeto desta
disciplina (2006)

Se a psique encontrou, e ainda encontra alguma dificuldade em “se mostrar”,


imaginemos a dimensão do espírito, que é a parte mais profunda do homem!
Contudo, se formos adotar apenas o modelo cartesiano para investigarmos o ser
humano cientificamente, provavelmente arrastaremos por mais alguns séculos o que
representa a verdadeira essência do homem. Portanto, merece atenção o que
alguém já disse: Quanto mais rigor científico, menos humanidade se revela.
Sendo a Psicologia, reconhecida dentro da formalidade científica, o estudo
sobre a dimensão espiritual do homem ainda depara com preconceitos no âmbito
profissional, com a justificativa de falta de comprovação, uma vez que a dimensão
espiritual se encontra no campo do não quantificável. Este argumento leva-nos a
fazer alguns questionamentos para reflexão: Por que a Psicanálise é indispensável
na Psicologia, se aquela tem um dos seus maiores pilares teóricos, baseado num
mito (Édipo)? E como a teoria da libido foi aceita no mundo científico?
O homem não apenas faz ciência, ele é ciência. O método fenomenológico,
adotado pela Logoterapia, promove o olhar abrangente e compreensivo do homem,
ou seja, o homem estuda a si próprio; descreve-o para se chegar a si. A História
humana é científica, independente se alguém um dia parou para “medi-la”. A ciência
deve se calar em um dado momento, para que o “humano” possa assumir, ou seja,
todo ser humano é presenteado com uma auto compreensão ontológica, e a partir
desta auto compreensão, qualquer homem, por mais iletrado que seja, pode
compreender a si mesmo. A dimensão espiritual, não cabe na racionalidade da
25
 

pesquisa científica, mas mesmo sendo de difícil percepção pela ciência tradicional,
não quer dizer que ela não exista. A crítica de LUKAS (2006, p. 90) procede:
“Infelizmente a Psicologia, com sua rigorosa preocupação de ser científica, tende a
suprimir a alma e o lado espiritual no homem...”
A dimensão espiritual não é entendida como uma dimensão separada das
demais, mas o homem é uma unidade; não se concebe uma sem a outra. As três
dimensões (bio-psico-espiritual) formam uma unidade (FRANKL, 2011, p.33). A
figura abaixo é uma tentativa de visualizar, para um melhor entendimento das três
dimensões essenciais e explicar o homem segundo sua ontologia dimensional.
O espiritual, chamado por Frankl de dimensão noética, não é mais uma
dimensão, mas aquela que promove a unidade. As dimensões biológicas e
psicológicas estão num paralelismo, elas influenciam uma a outra, enquanto que
entre elas e a dimensão espiritual, constitutivamente existe um hiato – O espiritual
está numa posição antagônica; por isso o sujeito pode posicionar-se diante do seu
organismo bio-psíquico, seus sintomas, instintos ou qualquer outro determinismo.
Dimensão Ontológica do Homem:

PHISYS   PSYCHE  
 
NOÉTICO  

A cor azul representa a parte mais profunda e abrangente do ser humano, ou


seja, sua dimensão espiritual(ou no ética), sendo a parte que caracteriza o humano,
portanto, abrange toda a essência do homem.
O ser humano é composto de três dimensões, mas é a espiritual que garante
a unidade destas dimensões; ao mesmo tempo que é um modo de ser original e
dinâmico. Como aponta SCHELLER (2003, p. 45) “O espírito é o único ser incapaz
de se tornar objeto. É pura atualidade no sentido de que o seu ser se esgota na livre
realização de seus atos.” O espírito na pessoa faz dela ser humano. Segundo
GRIFFA (2009, p.188) “Os atos do espírito são de natureza pensante, voluntária,
embora também emotiva. As características do espírito são a liberdade, pela qual
tem autonomia diante dos laços e das pressões da vida; a objetividade, pela qual
26
 

pode ser determinado pela maneira de ser dos próprios objetivos; e por último, a
consciência de si, de forma que atinge o autodomínio e o recolhimento em si
mesmo”.
O humano é mais do que o bio-psíquico. Até porque, algumas explicações
escapam a estes dois planos, como: a origem dos valores, da generosidade, da
moral e do amor, a produção artística e a experiência religiosa, que fogem às
explicações no plano psiquiátrico; pois são inclinações que não podem derivar
somente do corpo e da psique.
De acordo com FRANKL (2010, p. 141) “Sempre que alguém sucumbe às
forças do seu meio-ambiente social que lhe modelam o caráter, - é precisamente
porque antes se deixou decair no aspecto espiritual.”.
Falar de dimensão espiritual é falar da essência do ser humano. Este é
sempre um poder ser; ele sempre se dirige para algo ou alguém diferente de si
mesmo; o que lhe confere a capacidade de superação, o que é o constitutivo do
modo de ser do humano.
É fato que o homem é bio-psíquico, entretanto, ele não é só isso, ele pode se
elevar por conta da sua dimensão espiritual; que é onde está sua liberdade. O
homem é sim um ser forçosamente condicionado pelo ambiente, mas tem a
capacidade acima do bio-psíquico, de responder livremente (espiritualmente) e agir
“fora do esquema”, ou seja, a pessoa pode ser mais forte do que seu destino
exterior. Em relação à sua experiência no campo de concentração nazista, FRANKL
pontua:
Não haveria ali um mínimo de liberdade espiritual no comportamento, na
atitude frente as condições ambientais ali encontradas? Será que a pessoa
nada mais é que o resultado de múltiplos determinantes e
condicionamentos, sejam eles de ordem psicológica ou social? Seria a
pessoa apenas produto aleatório de sua constituição física, da sua
disposição caracterológica e da sua situação social? E mais
particularmente, será que as reações psíquicas da pessoa a esse ambiente
estariam de fato evidenciando que ela não pode fugir às influencias dessa
forma de existência que ela foi submetida à força? Ela precisa
necessariamente sucumbir a tais influências? (2008, p.87).

Alguns filósofos atribuem a individualidade do homem na sua própria matéria,


influenciada pelas dimensões psíquicas e sociais. Contudo, a antropologia frankliana
atribui tal individualidade na sua dimensão espiritual, pela sua própria essência de
ser. À esta dimensão pertencem a capacidade de amar, realizar valores e
significados, decidir, escolher, aceitar e descobrir. A dignidade, por exemplo, é um
valor do espiritual, valor constitutivo/ontológico do sujeito, por isso a pessoa não a
27
 

perde, ainda que aja de alguma maneira que venha a ferir essa dignidade, ainda que
se depare com uma situação inevitável, a própria situação pode servir de
experiência para que o homem cresça interiormente para além de si mesmo. O ser
humano só se realiza à medida que vive em direção a um sentido a ser
concretizado.
O homem tem uma espiritualidade inconsciente que não pode ser confundida
com o intelectual. Tampouco pode ser confundido com espiritual no sentido religioso;
mesmo porque, a vida espiritual está presente no ser humano e não apenas no ser
religioso. Conforme a própria definição (SPONVILLE, 2007):
Espiritualidade é a nossa relação com o infinito ou com a imensidade, nossa
experiência temporal da eternidade, nosso acesso relativo ao absoluto (p.
189 )... O que posso testemunhar, de minha parte, é que ser ateu não
impede de servir-se do seu espírito, nem de desfrutar dele, nem de rejubilar-
se com ele...(p. 178)
Independente de se crer em Deus, o homem está aberto ao infinito, busca
pelo sentido da vida, vai além de si mesmo, está livre para amar... estas são
características que configuram a existência humana.

3.1 DIMENSÃO ESPIRITUAL E SENTIDO DA VIDA

O homem visto pela ótica da tridimensionalidade é alguém que precisa de


“algo” em função do que viver. A busca pelo sentido é uma demanda natural do
homem. Segundo FRANKL (2010, p. 163) “Por um lado a sociedade está frustrando
o desejo humano pela busca do sentido, e por outro, a psicologia está
negligenciando esse fato.”
O sentido não pode ser dado por ninguém a não ser descoberto pela própria
pessoa. O mais importante não é descobrir o sentido último da vida, porque este
está fora de nosso alcance como seres limitados que somos, mas descobrir o
sentido específico de cada situação da vida que é singular, pois cada ser humano
tem sua particular experiência e desafios vivenciais. Quando o ser humano não
encontra o sentido, torna-se existencialmente frustrado.
Ver um sentido na vida é o mesmo que ver um sentido no sofrimento. O ser
humano aceita o sofrimento, desde que veja nele um motivo para quê sofrer. A
pessoa que tem um sentido para a vida consegue passar por dificuldades,
acreditando que aquilo tem um por que, e sabe tirar partido nas situações onde, de
28
 

outro modo, não conseguiria enxergar a luz no final do túnel, que inevitavelmente,
vai cruzar nossas vidas. O espiritual do homem é capaz de mostrar-lhe essa luz,
pois não pode se contaminar com as patologias mais diversas que atingem o
biopsíquico do indivíduo.
Até no último suspiro o homem tem a oportunidade de vislumbrar sua vida
cheia de sentido, tanto sua vida quanto sua morte. FRANKL descreve situações
vividas no campo de concentração nazista, que ratificam a tese de que o homem
não precisa ser produto do seu meio:
De modo algum todos se animalizaram sob a pressão da fome, conforme se
ouve contar com tanta frequência e leviandade. Houve homens que
cambaleavam através de barracas de alojamento e por cima de locais de
chamada e distribuíam aqui uma boa palavra e ali um último pedaço de pão
aos seus companheiros. Este fato pode ser confirmado por quantos
prisioneiros de guerra tenham sobrevivido ao respectivo campo. Diante
disso já não se ousariam sustentar que a prisão, que o campo de
concentração, que, enfim, influências ambientais, sejam quais forem,
determinem o homem em seu comportamento de modo uniforme e
inevitável. (Frankl, 2011)

A ideia de sentido na Logoterapia traz a visão do homem que vive por uma
missão. O animal tem uma vida que simplesmente é dada, uma realidade que
precisa se manter para preservar a sobrevivência; as ações são causadas,
determinadas. Já para o homem, a vida é uma tarefa a cumprir, uma missão a
realizar. Quanto mais o homem perceber o caráter de missão que a vida lhe oferece,
mais a sua vida será cheia de sentido. Na visão frankliana ao invés do homem dizer:
“...Não posso esperar mais nada da vida!” deve dizer: “O que a vida espera de
mim?”

O sentido da VIDA é a própria VIDA

Como nos é dada Como missão, o que podemos ser

O esquema3 acima mostra que a própria vida se torna uma grande


oportunidade para vivermos experimentando o sentido que ela nos proporciona.
Encará-la como missão e buscar seu sentido através da realização dos valores
(conforme descrito na página 19), pode-se tornar o ponto alto da experiência de

                                                                                                                       
3
 Esquema  feito  pela  Professora  Heloísa  Marino.    
29
 

viver; a sabedoria popular confirma esta ideia quando diz que “Quem não vive para
servir, não serve para viver.”
Ao invés de reagir aos estímulos ou obedecer aos impulsos, o ser humano
responde às questões que a vida lhe impõe, realizando assim os significados que
lhes são oferecidos.

3.2 DIMENSÃO ESPIRITUAL E A RELIGIÃO

A espiritualidade na Logoterapia é aquela que independe da religião; a que


torna o homem autônomo diante de sua existência, podendo sair de si mesmo para
contemplar o que está para além do bio-psico. A religião (Não institucionalizada)
está presente em toda a história da raça humana, embora segundo FRANKL (2010,
p. 182) “existe lugar para uma religião personalizada dentro de uma religião
institucionalizada e vice-versa”. O ser religioso faz parte da natureza humana. Para
FEDELI (1917) a personalidade humana exprime a forma mais evoluída de
abordagem religiosa, a capacidade de recorrer a um verdadeiro projeto existencial, a
um programa que dê sentido à vida. Para GOTO:
O homem busca sentido no seu plano existencial e essa busca se
manifesta pelas capacidades humanas...Entretanto essas produções não
esgotam o potencial humano, ou seja, não satisfazem a sua busca...Ocorre
então a procura por um sentido último: o extremo significado é o religioso,
por ser aquele além do qual não pode haver outro sentido mais amplo e
profundo . (2004, p.67).

A instância religiosa está presente no ser humano desde os seus primórdios e


pode ser confirmada na pré-história da humanidade com a descoberta de indícios de
várias experiências religiosas ao longo das eras. O Salmista Rei Davi, que reinou
4
por volta de 990 a.C. já dizia:   “A minha alma tem sede de Deus” O homem tem a
necessidade natural de busca do Eterno.
De acordo com FRANKL (2010, p. 97) o homem experimenta a si mesmo
como alguém sempre interrogado; e a consciência o conduz nas respostas que a
vida lhe pergunta; esta voz é considerada como a voz que fala ao homem religioso,
daquele que experimenta a vivência de alguém que lhe fala; portanto, o homem que
tem uma conversa mais íntima consigo mesmo, e que cujo interlocutor é o próprio

                                                                                                                       
4
 Bíblia Sagrada. Nova Versão Internacional. Livro de Salmos capítulo 42 verso 2.
 
30
 

Deus, é um homem de ouvido mais agudo do que o não religioso. LUKAS (2006)
declara: “O homem não é nenhuma mistura de informações genéticas e conteúdos
de aprendizagem. No homem existe algo que não é deste mundo”.
É grande o número de profissionais da saúde, que deixam de promover a
“saúde psíquica”, por não darem a devida importância no aspecto religioso de seus
pacientes e agem até mesmo com preconceitos e ignorância quanto à influência
positiva que ela exerce na cura e qualidade de vida do ser humano. De acordo com
PAIVA (2000) foi feito um levantamento sobre crenças religiosas entre os cientistas
dos EUA em 1975; cabendo aos psicólogos o maior grau de irreligiosidade.
Conforme o mesmo autor as instituições de ensino superior daquele país, em sua
maioria, expressamente propagam ideias hostis à religião por conceberem a ideia de
que qualquer forma de busca à Deus seja contrário à ciência moderna. Como bem
coloca COLLINS (2007, p. 130) “uma compreensão moderna da ciência pode se
harmonizar com uma busca por Deus, pois é um atributo amplamente partilhado por
toda a humanidade”. Ainda que muitos males tenham sido causados em nome da
religião - embora atos de compaixão de grandiosidade inegável também tenham sido
abastecidos pela fé - de maneira alguma tal realidade pode ser desvinculada da vida
humana.
Viktor Frankl foi um dos primeiros a chamar a atenção para que os
profissionais da saúde se ocupassem com a questão espiritual e consequentemente
com a questão de Deus. Escreveu um livro5 para trazer à tona este tema que faz
parte da essência do ser humano. Se a religiosidade for negligenciada, então
correremos o risco de não conseguirmos diferenciar as patologias pseudo-religiosas
dos aspectos essenciais da autêntica humanidade do ser.

3.3. APLICAÇÃO CLÍNICA A PARTIR DA ANTROPOLOGIA FRANKLIANA

Como pontua FRANKL (2011, p. 135) “O papel do logoterapeuta consiste em


ampliar e alargar o campo visual do paciente de modo que todo o espectro de
sentido em potencial se torne consciente e visível para ele”, comparando a figura do
profissional da Logoterapia com a do oftalmologista que capacita-nos a enxergar o
mundo como ele é na realidade e não com a do pintor, que transmite-nos uma
                                                                                                                       
5
 “A  Presença  Ignorada  de  Deus”  
31
 

imagem do mundo como ele vê. Devemos colocar o paciente face a face com sua
condição real e consciência. É importante promover simultaneamente a motivação, o
interesse e o restabelecimento da capacidade de amar, trabalhar, perceber e sofrer,
trabalhando com sua patologia sem nenhum dano para si mesmo. Pode-se dizer que
os objetivos importantes a serem perseguidos na clínica é o de restaurar a
capacidade do homem para trabalhar, gozar a vida e recuperar a capacidade de
sofrer se for necessário; trazendo à consciência a espiritualidade inconsciente. O
fazer profissional do logoterapeuta tem um diferencial por conta da visão de homem:

Liberdade e responsabilidade - O logoterapeuta cria espaço para que o paciente


tenha uma consciência plena de sua responsabilidade; deixando que ele próprio
opte pelo que, perante quem e para que, ele se julga responsável; apenas o conduz
à esta visão de responsabilidade sem entrar no mérito pessoal da decisão; mas
leva-o a exercer com consciência e autonomia, que é próprio do ser livre e
responsável. Proporciona ao paciente exercer sua liberdade ainda que limitado por
alguma patologia.

Sentido da vida - O profissional da Logoterapia não diz ao paciente qual o sentido da


vida, mas o desafia a encontrar seu sentido único. FRANKL pontua que:
Perguntar qual o sentido da vida seria como perguntar a um campeão de
xadrez qual a melhor jogada do mundo. Simplesmente não existe algo como
o melhor lance à parte de uma situação específica num jogo e da
personalidade peculiar do adversário. O mesmo é válido para a existência
humana. (Frankl, 2010, p. 95).

É possível demonstrar que na vida existe um sentido e que ele é acessível a


qualquer pessoa e em qualquer situação; basta querer acha-lo.

Técnicas – Segundo FRANKL (2010, p.312) “Por muito que a técnica e a ciência
constituam partes integrantes da psicoterapia, esta sempre e em última análise, se
baseia menos na técnica do que na arte e menos em ciência do que na sabedoria.”
O importante é a visão com que as técnicas são abarcadas pelo analista existencial
e o como é conduzida esta técnica, seja ela qual for, e a relação que se mantém
com seu paciente.
32
 

Doença - O logoterapeuta distingue o que é humano do que é doentio. Não há uma


preocupação com a doença ou sintoma, mas se dirige à pessoa do paciente com a
intenção de mudar sua postura diante da enfermidade, pois muitas patologias são
em decorrência da postura frente à realidade posta.

Religião – XAUSA (1988) citando Jung afirma que: “Como sou médico, não tomo de
partida qualquer credo religioso, mas sim a Psicologia do homo religious”. Assim se
comporta o profissional da Logoterapia, que não sugere nenhuma crença pessoal ou
prescreve religião ao seu paciente, pois a clínica não é o espaço da pregação (ou
exortação moral) mas não ignora o fato de a religião (quando vivida sem fanatismo
ou presunção de detentores da verdade) poder ser um caminho que consiga
conduzir o homem ao encontro do sentido da vida.

Tensão x Equilíbrio - No intuito de contribuir com a saúde mental do paciente, o


profissional não tem receio de buscar certo grau de tensão, pois é no meio do
conflito que surge a chance da busca em direção a uma reorientação para o sentido
da vida.

Passado - Não fecha o foco apenas no passado, pois ele não decide todo o futuro
do ser humano; o homem não é um ser que foi e por isso é, mas também um ser
que pode vir a ser. A análise não é baseada em complexos psicológicos e traumas
do passado, pois o passado não pode ser alterado. Ele torna compreensível o
presente, mas ele não determina o futuro. Segundo LUKAS (2006, p.16) “De forma
alguma basta uma análise retrospectiva do seu passado, retrocedendo até sua
infância. Não é suficiente a mera solução de nós e complexos, pois tal solução só
lhe pode ocorrer quando se lhe abre um novo futuro, uma integração cheia de
sentido num mundo e num ambiente dotados de sentido.” Sendo assim, os erros do
passado tornam-se úteis para configurar um futuro melhor.
Parafraseando Frankl6 quando se referiu aos médicos, poderíamos dizer: “Eu
estou convencido de que as palavras milenares de Isaias – “Eis o que diz o nosso
Deus: Consolai o meu povo, consolai” – conservam ainda hoje em plena validade;

                                                                                                                       
6
 A  palavra    “  logoterapeutas”  foi  usada  para  substituir    “médicos”  no  texto  do  livro  “Psicoterapia  e  sentido  da  
vida”  P.315)  
33
 

mas não apenas em geral, e sim muito especial e diretamente para os


logoterapeutas”.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos considerar que estudar a Logoterapia modifica a nossa visão de


mundo, pois esta vai para além do olhar psicológico; consequentemente amplia o
jeito de ver o homem; incorporando uma nova (noo)dinâmica.
O especificamente humano não pode ser conhecido na sua autorealização,
nem na satisfação dos desejos, nem nos condicionamentos comportamentais, nem
na interação cultural ou no modo como ele é no mundo, mas na sua dimensão
espiritual. Se ignorarmos a dimensão espiritual do homem, poderá significar que não
existe nada mais além do seu mundo bio-psíquico.
Embora o fazer do profissional da Logoterapia tenha técnicas similares às
demais correntes psicológicas, a mesma se difere na visão de homem, conforme
abordado ao longo deste trabalho, que o faz enxergar o ser humano de modo mais
abrangente, no seu aspecto mais profundo e essencial, podendo ampliar o conceito
de ser humano baseado na dimensão que lhe é característica.
Finalmente podemos considerar que:
As necessidades superiores não necessitam estar condicionadas às
inferiores, mesmo diante da fome extrema o homem é capaz de repartir seu último
pedaço de pão.
A vontade de poder não é suficiente para motivar o ser humano, do contrário
Hitler não lançaria mão do suicídio, pois teria descoberto o sentido para sua vida
com e no poder que obteve.
A libido não responde à sua função nas circunstâncias de vazio existencial,
pois o mais galante dos amantes continua insaciável.
A teoria do inconsciente foi uma grande contribuição, mas não podemos
interpretá-la como justificativa para nossos erros, pois não podemos ser vítimas
daquilo que não sabemos.
Mesmo atingindo o ápice da (auto)realização, o homem carece de um
sentido para a vida.
34
 

Não pode ser o “id” que impulsiona o homem em direção a Deus, assim não
é a pessoa quem se decide. A religiosidade não pode estar ligada a elementos do
inconsciente arcaico ou coletivo, pois ir em busca de Deus representa uma decisão
pessoal do homem, prova é que existem aqueles que optam pelo ateísmo; portanto
esse inconsciente espiritual tem o poder de decisão, não é determinante, é
existente.
Estas disposições teóricas das correntes psicológicas mostram um homem
visto pela ótica incompleta do que realmente caracteriza o ser humano. A raiz
logoterápica vai além do que a ciência e a Psicodinâmica dizem deste homem, pois
leva em conta a dimensão que realmente o caracteriza, que é sua dimensão
espiritual; o que faz grande diferença e é fundamental para as propostas de
conhecimento, cura e “re-humanização” do ser humano.
35
 

REFERÊNCIAS

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CASTAÑON, G. (2006). O Cognitivismo e o Desafio da Psicologia Científica. Tese


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Eletrônicos:

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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pusf/v15n3/v15n3a08.pdf.
Acesso em: 15 novembro 2013.

XAUZA, Izar Aparecida de Moraes. Viktor Frankl entre nós. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2012. Disponível em: http://books.google.com.br/ Último acesso em :
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Diversos:

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Revista Psique Ciencia e Vida. Ano VII no 93 Editora Escala.

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