A PERÍCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS
SEVERO, Luiz Alberto¹
FERREIRA, Rafael Lopes²
RESUMO
O presente trabalho pretende abordar conceitos básicos a fim de compreender o que
pode ser considerado um Crime Ambiental, e como devem ser realizadas as perícias
para estes casos. Primeiramente faz uma abordagem da definição de Meio
Ambiente, a fim de despertar o entendimento do artigo como um todo. Tem por
objetivo geral a apresentação de conceitos básicos como Meio Ambiente, Crime
Ambiental, Perícia e Sanções Ambientais e Laudo Pericial. Já os objetivos
específicos estão relacionados com a análise do que são provas dentro do processo
criminal, examinar a perícia técnica como um meio de prova e verificar a
aplicabilidade da perícia técnica na área ambiental e as situações em que a perícia é
desnecessária. Apresenta a fundamental importância da perícia a fim de esclarecer
a verdade real sobre os crimes. O resultado que se pretende obter é a ampliação de
uma visão para melhorar a responsabilidade e a proteção do Meio Ambiente.
Palavras-chave: Crime ambiental, Meio Ambiente, Perícia.
1. INTRODUÇÃO
O presente estudo justifica-se em razão da pertinência do tema, considerando que o
meio ambiente é uma área que estabelece relações interdisciplinares, onde em
muitos casos o conhecimento técnico se faz fundamental para o esclarecimento dos
fatos.
______________________________________________________
¹Graduado em Processos Gerenciais pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER e Técnico Ambiental
pelo Instituto Positec. Acadêmico do curso de Gestão Ambiental, pós-graduação em Educação Ambiental e
Sustentabilidade, pós-graduação em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, pós-graduação em
Perícia e Auditoria Ambiental e pós-graduação em Direito Ambiental no Centro universitário Internacional –
UNINTER. Professor na área de Gestão Comercial e Ambiental pelo SENAC de Itajaí (SC) e pela Escola
Construindo Saber de Balneário Camboriú (SC).
²Gestor Ambiental (Faculdades Integradas Camões / PR), Especialista em Biotecnologia (Pontifícia
Universidade Católica - PUC/PR), orientador de TCC do Centro Universitário Internacional UNINTER.
2
Além disso, a proteção do meio ambiente é um direito difuso, cuja atribuição de
defender e preservar incumbe tanto ao Poder Público quanto a coletividade.
De uma maneira geral, todo crime deixa vestígios, sendo assim, é necessária
produção de provas, e estas podem ser conseguidas a partir da realização de um
exame técnico, que é denominado de perícia. A perícia é de extrema relevância uma
vez que, busca esclarecer a verdade real sobre os fatos, além de auxiliar o
magistrado na decisão do processo. Dependendo da importância dos fatos, existem
entendimentos que apontam que não há a necessidade da perícia, quando houver
no processo outros meios de prova que sejam suficientes para embasar a decisão.
Assim sendo, levantou-se a problemática: A perícia ambiental pode ser dispensada
para condenação por crimes ambientais?
Primeiramente serão tecidas algumas considerações sobre o Meio Ambiente e
seus Crimes Ambientais. Posteriormente o artigo versará sobre a prescindibilidade
da perícia nos crimes ambientais, abordando brevemente como se faz o Laudo
Pericial. Finalizando o trabalho serão apresentadas as considerações finais,
relatando as conclusões alcançadas, bem como a metodologia utilizada na
pesquisa.
2. DESENVOLVIMENTO
MEIO AMBIENTE E SEUS CRIMES
Quando se pensa em conceito de Meio Ambiente, inicialmente, cogita-se a
ideia de pesquisar na Constituição Federal de 1988 qual é a definição correta para o
termo, porém, a Constituição de 1988 apenas refere-se ao meio ambiente como
objeto de regulação e preservação; dispondo brevemente em seu Capítulo VI, no
artigo 225 que: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”.
O dicionário de ecologia e ciências ambientais define meio ambiente como a
“soma total das condições externas circundantes no interior das quais um
organismo, uma condição, uma comunidade ou um objeto existe. O meio ambiente
3
não é um termo exclusivo; os organismos podem ser parte do ambiente de outro
organismo” (ART, 1998).
Ainda no quesito legal, a Lei Federal 6.938/815, de 31 de agosto de 1981 (já
alterada pela Lei Federal 7.804, de 18 de julho de 1989) que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e
dá outras providências, estabelece pelo seu artigo 3º. Que se entende por: “I - meio
ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, além disso, desenvolver uma série de instrumentos
de trabalho. O conhecimento que gradualmente adquiriu com a experiência foi obtido
simultaneamente à construção da sua história, começando com a coleta e caça,
chegando até a agricultura, criação, indústria, artes e etc., onde através da aquisição
de um conhecimento cada vez maior sobre os mais profundos meandros da
natureza construindo seu meio ambiente e o ambiente.”
De acordo com a resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
306:2002: “Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influência e interações de
ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas.” (CONAMA 306:2002)
Percebe-se então que o meio ambiente é concebido, inicialmente, como as
condições físicas e químicas que juntamente com os ecossistemas formam o habitat
do homem. De acordo com EMÍDIO, (2006, p.127), do ponto de vista do processo de
transformação dos aspectos estruturais e naturais desse meio pelo próprio homem,
por causa de suas atividades e do seu social acaba produzindo bens e serviços
destinados a atender “as necessidades e sobrevivência de sua espécie”.
Como o espaço ocupado pelo homem está a todo o momento sofrendo
modificações relacionadas ou impostas pelo próprio homem, foi então criada a
norma da ISO (14001:2004) sobre o meio ambiente que diz: “O meio ambiente é
circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo,
recursos naturais, flora fauna, seres humanos e suas inter-relações.”
Essa norma referencia sobre a responsabilidade das organizações com o meio
e que faz com que as organizações e estudos passam a sofrer restrições e passa a
conscientizar que tudo está interligado no planeta, e mesmo com a pressão de
grupos ambientalistas e organizações internacionais que trabalham pela igualdade e
respeito à vida.
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A ação da espécie humana no meio ambiente tem uma característica qualitativa
e única, pois o ser humano tem um enorme potencial desequilibrador devido as
mudanças que provoca e que na maioria das vezes não são assimiláveis pelos
ecossistemas, ameaçando assim a permanência dos sistemas naturais. LAGO E
PÁDUA (1998) pontuam que há quatro fatores que contribui para este desequilíbrio,
são eles: maior poder de raciocínio, capacidade técnica, densidade populacional e a
atuação do homem sobre o meio ambiente tem como finalidade, não apenas a sua
reprodução física, mas, principalmente a satisfação de necessidades socialmente
fabricadas.
O crime ambiental é caracterizado por qualquer prejuízo ou dano causado aos
elementos que compõem o ambiente, ou seja, qualquer dano que ocorra na flora,
fauna, recursos naturais e patrimônio cultural. E ao violar esse direito, foi criado a Lei
n.º 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), que determina as
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao
meio ambiente. E diante de um crime ambiental, a ação civil pública (regulamentada
pela Lei 7.347/85) é o instrumento jurídico que protege o meio ambiente.
Pela lei n° 9.605/98, os crimes ambientais são classificados da seguinte
forma: nos artigos 29 a 37 classificam-se os crimes contra fauna; crimes contra a
flora encontram-se classificados no art. 38 a 53; já os crimes contra poluição e
outros crimes ambientais encontram-se nos art. 54 a 61; contra o ordenamento
urbano e o patrimônio cultural e contra a administração ambiental, são classificados
nos artigos 54 a 69.
Dessa forma, pode-se definir crime VASCONSELOS (2004, p.1) são
considerados crimes ambientais toda e qualquer ação que causar poluição de qualquer
natureza que resulte ou possa resultar em danos à saúde ou que provoque a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.
Além desses crimes, FARIA (2000, p.1) cita que de acordo com a legislação
federal e estadual específica há certa quantidade de material particulado e outros
componentes que podem ser emitidos para a atmosfera. Assim, se estas emissões
(poluição) estiverem dentro do limite estabelecido então não é considerado crime
ambiental, porém, se desobedecer à exigência da legislação ambiental está
cometendo um crime ambiental passível de punição por multa e/ou detenção de um
a seis meses.
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De acordo com FARIA (2000, p.3) pode ser considerado crime ambiental a
omissão ou sonegação de dados técnico-científicos durante um processo
de licenciamento ou autorização ambiental. Ou ainda, a concessão por funcionário
público de autorização, permissão ou licença em desacordo com as leis ambientais.
Há então necessidade de apurar a responsabilidade e constituir a condenação
por crimes ambientais, e VASCONCELOS (2014, p. 2) diz que:
O crescimento desmedido que ocorre em um mundo ainda analisado de forma
fragmentada e interindividualista implicaram o esquecimento de que o planeta é,
um sistema, o que importa dizer que nada funciona sozinho. A Terra é um
conjunto em que todos os elementos devem estar em harmonia. Assim, não é
possível admitir a destruição do meio ambiente por interesses econômicos, pois,
quanto mais lesado ele for, maior será a repercussão negativa disto na
economia e antes, na própria capacidade de sobrevivência humana, portanto, é
de extrema urgência a proteção penal deste bem de uso comum do povo.
Faltando agora a sociedade assimilá-la para que se diminua a degradação
ambiental, juntamente com as autoridades competentes que têm a
responsabilidade de aplica-la efetivamente. (VASCONCELOS, 2014, p. 2)
PERÍCIA E LAUDO PERICIAL
SOUZA e JÚNIOR (2014, p. 219) diz que se um crime deixa vestígios é
indispensável que seja realizado o exame de corpo de delito, ou outras perícias que
se fizerem necessárias para demonstrar a veracidade dos fatos ocorridos, ou seja,
para compor um meio de prova sobre algo. O entendimento doutrinário sempre
apontou para a necessidade destes exames periciais, atendendo o que dispõe o
Código de Processo Penal.
Sendo assim, perícia ambiental que é regida pelo Código de Processo Civil,
como as demais modalidades de perícia, e prevista nos artigos “420 a 439 da seção
VII – Da Prova Pericial” (capítulo VI –Das Provas) e o mesmo diz que é um meio de
prova utilizado em processos judiciais, sempre que na averiguação de verdade,
fazendo-se necessária a atuação de profissionais com conhecimentos técnico-
científicos especializado, que irá atender a demandas específicas advindas das
questões ambientais, onde o principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou o risco
de sua ocorrência.
O Dicionário Jurídico, perícia “é um meio de prova consistente no parecer
técnico de pessoa habilitada.” (GUIMARÃES, 2000, p.134). Já nas palavras de REIS
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e GONÇALVES (2010, p.132), perícia pode ser conceituada como “o exame
realizado por pessoas com conhecimentos específicos sobre matéria técnica útil
para o deslinde da causa, destinado a instruir o julgador”.
Em se tratando de legislação de proteção ao meio ambiente, BARBIERI (2010,
p. 283) a maior parte dos crimes previstos na referida lei deixa vestígios, sendo,
portanto indispensável à realização de perícia para comprovar a sua materialidade.
E quando a perícia técnica ambiental MARTINS JÚNIOR (2010, p.174), explica que
perícia “é um meio de prova, é um instrumento que estrutura a atividade
governamental e judicial na comprovação das irregularidades e/ou crime, punindo e
exigindo sua reparação ou impedindo preventivamente sua ocorrência”.
ARAÚJO (2000, p.174) diz que a perícia ambiental é uma atividade profissional
de relevante interesse social, de natureza complexa e ainda em fase inicial de
estruturação, exigindo uma prática multidisciplinar e atuação de profissionais
altamente qualificados por tratar questões ambientais, além de estudos e pesquisas
que fundamentem o desenvolvimento de seus aspectos jurídicos, teóricos e
metodológicos.
TANCREDI (2012), a perícia ambiental tem como objeto de estudo o meio
ambiente, nos seus aspectos abióticos, bióticos e socioeconômicos, abrangendo a
natureza e as atividades humanas, e é um meio de prova utilizado em processos
judiciais que irá atender a demandas específicas advindas das questões ambientais,
onde o principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua ocorrência.
Segundo CORREIA (2003, p. 4), a perícia ambiental é um meio de prova
utilizado em processos judiciais, sujeito à mesma regulamentação prevista pelo
Código do Processo Civil (CPC), com a mesma prática forense, mas que irá atender
a demandas específicas advindas das questões ambientais, onde o principal objeto
é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua ocorrência.
A complexidade da realização de perícia ambiental é confirmada pelos
resultados apresentados por Araújo (2004 apud SAROLDI, 2009, p. 111) referentes
às ações instauradas pela Promotoria de Justiça de Proteção ao Meio Ambiente da
Capital (Rio de Janeiro - RJ), no período de outubro de 1986 a abril de 2003, que
indicaram que somente em menos de 10% destas ações haviam sido proferidas
sentenças decorrentes da realização de perícia.
Sendo assim, a perícia ambiental como as outras modalidades de perícia, deve
ser realizada por técnico de comprovada idoneidade profissional e possuidor de
7
conhecimentos técnico-científicos especializados para verificação da complexidade
da verdade dos fatos denunciados (SAROLDI, 2009, p. 110).
A perícia é, neste sentido, um meio de prova e por assim ser, os peritos que
atuam na área ambiental desenvolvem relatórios que são chamados de laudos
periciais é uma parte das diversas fases do processo judicial, laudo pericial é uma
peça técnica forma que apresenta o resultado de uma pericia e nele deve ser
relatado tudo o que fora objeto dos exames levado a efeitos pelos períodos. Ou seja,
é um documento técnico formal que apresenta o resultado da perícia.
Segundo o Código Civil Brasileiro, laudo pericial é a materialização de prova
pericial que é dos tipos de prova judicial. Já na concepção de ZARZUELA (2000, p.
220), consiste na exposição minuciosa, circunstanciada, fundamentada e ordenada
das apreciações e interpretações realizadas pelo perito.
Na visão de YOSHITAKE, (2006, p. 3):
O laudo pericial tem a finalidade de apresentar a perícia e,
consequentemente, sua materialização instrumental, peculiaridade de ser
uma função de auxiliar eventual do juízo e destinado a fornecer
dados instrutórios, enquanto desenvolvida na fase instrucional do processo,
para formação dos elementos de prova que serão utilizados pelo magistrado
poder proferir sua sentença com a adequada fundamentação.
Portanto, MAGALHÃES (2009, p. 40) diz que a apresentação do Laudo Pericial
é fator de grande importância, pois mesmo que o perito tenha
realizado um excelente trabalho técnico ou científico se não apresentar de maneira
adequada e com boa estética, isento de erros, rasuras e rabiscos, a receptividade
por parte do juiz e das partes (advogados) pode ser afetada.
Já na visão de ALBERTO (2002, p.127) o laudo pericial é a expressão mais
adequada e visível para examinar a veracidade ou não da matéria, sendo este seu
objetivo inicial, para o autor o laudo pericial se distingue das demais por se
direcionar principalmente as provas, prestando informações para a ajuda na decisão,
mesmo quando se destine a liquidação de sentença.
Porém para GUIMARÃES (2000, p. 40) todo laudo pericial deve ser
rigorosamente revisado evitando erros de datilografados, falta de informações ou
algum provável erro de digitação. Após a verificação do documento, mesmo deve
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ser entregue cartório ou que serve ao juízo, acompanhado de petição endereçada
ao juiz e com a identificação dos autos.
Por ser um trabalho realizado por profissionais especialistas que devem estar
legalmente habilitado, CUNHA (2010, p. 188) como uma das diversas áreas em que
pode se atuar a atividades, como já relatado anteriormente torna-se difícil a
mensuração de todas as situações em que ela pode enquadrar e tem como seu
principal objetivo é concretizar uma prova visando obter a verdade e capturando
informações necessárias para que a justiça possa julgar.
Por isso, SAROLDI (2009, p.156 - 157) define o laudo pericial como um
documento processual oficial utilizado como instrumento técnico-opinativa, devendo
ser redigido de forma clara e concisa, apresentando os resultados e considerações
sobre o local, no entanto o especialista deve utilizar o mínimo de termos técnicos
tornando o mesmo de fácil entendimento, proporcionando uma fácil leitura ao juiz,
pois nos casos de danos o perito deve apresentar a forma de cálculo.
Para TANCREDI (2012, p. 7), a perícia ambiental tem como objeto de estudo o
meio ambiente, nos seus aspectos abióticos, bióticos e socioeconômicos,
abrangendo a natureza e as atividades humanas, e é um meio de prova utilizado em
processos judiciais que irá atender a demandas específicas advindas das questões
ambientais, onde o principal objeto é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua
ocorrência.
Segundo CORREIA (2003, p. 4), a perícia ambiental é um meio de prova
utilizado em processos judiciais, sujeito à mesma regulamentação prevista pelo
Código do Processo Civil (CPC), com a mesma prática forense, mas que irá atender
a demandas específicas advindas das questões ambientais, onde o principal objeto
é o dano ambiental ocorrido, ou risco de sua ocorrência.
A complexidade da realização de perícia ambiental é confirmada pelos
resultados apresentados por ARAÚJO (2004 apud SAROLDI, 2009, p. 111)
referentes às ações instauradas pela Promotoria de Justiça de Proteção ao Meio
Ambiente da Capital (Rio de Janeiro - RJ), no período de outubro de 1986 a abril de
2003, que indicaram que somente em menos de 10% destas ações haviam sido
proferidas sentenças decorrentes da realização de perícia.
A perícia ambiental, assim como as outras modalidades de perícia, deve ser
realizada por técnico de comprovada idoneidade profissional e possuidor de
conhecimentos técnico-científicos especializados para verificação da complexidade
9
da verdade dos fatos denunciados (SAROLDI, 2009, p. 110). Não se pode perder de
vista que uma perícia, na temática ambiental ou não, tem objetivo preciso, qual seja,
produzir prova de determinado fato. A perícia é, neste sentido, um meio de prova.
Segundo ALMEIDA (2000, p. 41), laudo é o resultado da perícia em conclusões
escritas e fundamentadas, onde serão apontados os fatos, circunstâncias, princípios
e parecer sobre a matéria submetida a exame do especialista, adotando-se
respostas objetivas aos quesitos.
Como a legislação não prescreve a forma com que os laudos devam ser
apresentados os autores TANCREDI (2012, p. 6 e 7) fala que o laudo deve ter
requisitos extrínsecos como:
Forma escrita e subscrita pelo autor; e intrínsecas, ser completo, claro,
circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. Um laudo completo deve
conter três fases. A primeira fase, geralmente denominado “histórico”,
consiste na síntese das alegações e posições conflitantes das partes.
Segue-se a ela uma coisa expositiva, de modo a restaurar a coisa sujeita a
exame, com todos os dados pertinentes, as operações realizadas, fatos e
circunstâncias ocorridos no curso das diligências. A última fase deverá ser
conclusiva (parecer), apresentando as respostas às indagações. O laudo
pode ser instruído com documentos, plantas, croquis, fotografias, pesquisas
ou quaisquer outras peças elucidativas e/ou complementares. TANCREDI
(2012, p. 6 e 7)
A perícia ambiental possui como objeto de estudo o meio ambiente, em seus
aspectos abióticos, bióticos e socioeconômicos, abrangendo a natureza e as
atividades humanas.
Conclui-se, portanto que a Perícia Ambiental tem como função indicar
providências para recompor um bem lesado, visto que prova pericial consiste em
exame, vistoria e avaliação, que, de modo geral, só são promovidos por profissional
habilitado no assunto em que a perícia está envolvida. Como o juiz não é
conhecedor de todas as, em muitos caos não necessita de todos os itens da
estrutura pericial, pois depende do estudo que está sendo feito, pois depende do
dano que está sendo causado no meio ambiente.
SANÇÕES AMBIENTAIS
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Em frente a defesa e a análise do processo por Poder Público, haverá a
possibilidade do deferimento de provas especifica e justificadamente requeridas pelo
interessado, por oportunidade da defesa. Havendo controvérsia jurídica apontada
serão necessárias atribuir algumas infrações administrativas que no âmbito
ambiental são chamados de sanções ambientais que de acordo TRENNEPOHL
(2006, p- 38 e 39):
Sanções administrativas impende fazer um esclarecimento. Quando da
constatação da infração administrativa, em regra, o agente atuante,
competente para deflagrar o procedimento apuratório no âmbito da
administração lavra um auto de infração em que se descreve a conduta
imputada ao autuado, se apresenta o seu enquadramento normativa e se
indica a sanção supostamente adequada ao caso.
De acordo com o decreto n. 6.514/2008 limitou-se a reproduzir as sanções
administrativas elencadas no art. 72 da Lei n. 9.605/98. Inovou ao trazer
detalhamentos para sua aplicação prática no âmbito do exercício do poder de polícia
ambiental:
Já SILVA (1963, p.1402-3) afirma que:
Sanção significa o meio coercitivo, disposto pela própria lei, para que se
imponha o seu mando, ou a sua ordenança. Assim, sanção e coercibilidade
têm significados idênticos, tendentes ambos a assinalar as vantagens ou as
penalidades decorrentes do cumprimento ou da falta de cumprimento do
mando legal. Em princípio, toda norma legal traz a própria sanção, em
virtude do que há sempre uma vantagem, ou uma pena ligada ao seu fiel
cumprimento ou à sua transgressão. Por ela é que se torna efetiva a
coação, asseguradora do direito, pela qual se convoca a proteção do poder
público.
As sanções ambientais podem ser de diferentes âmbitos, podendo ser
consideradas:
- Civis: as lesões causadas ao meio ambiente, e sua reparação é priorizada
pelos dispositivos da legislação brasileira, portanto, as indenizações referentes a
danos causados ao sistema geográfico só podem ser admitidas quando se
considerar inviável a recuperação do ambiente, levando em consideração que se o
dano atingir alguma comunidade, esta também deverá ser indenizada (SAROLDI,
2009, p.103).
Dentre estes, os principais dispositivos legais, referente a recuperação de
danos, relacionados a Sanções Civis são: art. 225 da Constituição Federal 1988,
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relata que aquele que explorar o meio ambiente está obrigado a recuperá-lo na
mesma proporção exigido por órgão público, na forma da lei; e o art. 4º da Lei
Federal 6.938/81, que trata da imposição do poluidor da obrigação de indenizar os
danos causados ao usuário, da contribuição pela utilização dos recursos minerais e
naturais do meio ambiente com fins econômicos (SAROLDI, 2009, p.103).
- Administrativas: impostas aos responsáveis pelas lesões causadas ao meio
ambiente são determinadas ao agente causador pela esfera estadual (RJ) pela Lei
nº 3.467, de 14 de setembro de 2000, e na esfera Federal pelo Decreto nº 6.514, de
22 de julho de 2008, onde é aplicado ao infrator com: advertência, multas de R$
50,00 (cinqüenta reais) que podem chegar a 50.000,000,00 (cinqüenta milhões de
reais ) dependendo da gravidade da devastação causada, multas diárias, suspensão
parcial ou total das atividades, demolição da obra, entre outras penalidades que
podem ser aplicadas ao agente causador (SAROLDI, 2009, p. 103-104).
Para que aconteça a aplicação da penalidade ao infrator, as sanções
administrativas devem analisar de acordo com o art. 4º do Decreto nº 6.514/2008, os
seguintes aspectos: a gravidade dos fatos visando os motivos da infração e as
consequências que venham a causar a saúde pública e ao meio ambiente, os
antecedentes do causador e sua situação econômica (SAROLDI, 2009, p.103).
- Penais: previstas nas leis de crimes ambientais e pode ser aplicada a pessoa
física e jurídica (SAROLDI, 2009, p.105). Para pessoa física as penas aplicadas são;
pena privativa de liberdade quando o criminoso não oferece periculosidade a
sociedade, pena restritiva de direitos onde o infrator prestará serviço comunitário,
tarefas gratuitas entre outros trabalhos realizados em benefício da sociedade, e
multa que deve ser paga com valor calculado segundo código penal de acordo com
art. 18 Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal 9.605/98) (SAROLDI, 2009, p.105-
107).
Em relação à pessoa jurídica as sanções aplicadas são; multa, pena restritiva
de direito e prestação de serviço à comunidade, com um diferencial da pena
aplicada a pessoa física, que se tratando de pessoa jurídica o mesmo deve custear
projetos ambientais, execução de obras de recuperação de áreas degradadas e
manutenção do espaço público (SAROLDI, 2009, p.105-107).
Dessa forma, pode-se dizer que a sanção é uma pena administrativa prevista
em lei e deve ser imposta por autoridade pública competente e deve ser aplicada em
regulamento ao procedimento administrativo ambiental, assegurando-se ao acusado
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o contraditório e a ampla defesa, independentemente da solução de processo
criminal ou civil.
3. METODOLOGIA
A metodologia é explicativa e quantitativa, através de pesquisa bibliográfica, onde
foi também optado pela teoria de THIOLLENT (2002), que é relacionado os objetivos
do conhecimento, obtenção de informações para aumentar a aprendizagem, onde
através desta metodologia pode-se resolver os problemas e produzir mais
conhecimentos.
Este estudo foi realizado sobre temas ambientais, como: Crime ambiental, Meio
Ambiente e Perícia. Objetivo deste estudo busca compreender a inter-relação e
conscientização sobre os impactos ocorridos, como também uma gestão eficiente
para articulação dos problemas causados pelo homem em suas ações.
A metodologia é explicativa e quantitativa, através de pesquisa bibliográfica e
publicações, relacionando os objetivos e tendo obtenção de informações para
aumentar o conhecimento.
Também foi realizada revisão bibliográfica de publicações que abordam temas de
impactos ao meio ambiente, onde esta revisão possibilitou entender que o ser
humano é um instrumento de causas, mas também de soluções para multiplicação
de ações sustentável.
Na metodologia explicativa é o que esta sendo apresentado neste trabalho,
explicando cada tema conforme pesquisa bibliográfica.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com (CRUZ, 2006, p.7), entende-se por crime ambiental “que os
crimes contra o meio ambiente, assim como os demais crimes, podem deixar marcas
e vestígios, o trabalho do Perito Criminal da área ambiental consiste na coleta,
análise e interpretação das informações visualizadas, organizadas em um
documento que irá auxiliar e compor o conjunto das provas”.
Já a perícia é considerada uma área de atuação que se iniciou em antigas
civilizações onde apenas um homem realizava todos os papéis que atualmente são
desenvolvidos por especialistas dedicados a cada área. O Laudo Pericial tanto
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ambiental como contábil, são analisados inicialmente com igualdade em sua forma
de apresentação.
O Laudo é um instrumento que deve apresentar uma formalística impecável
para qualquer que seja seu estudo tanto Contábil como Ambiental, evitando erros e
rasuras que podem vir a afetar a receptividade da defesa das partes. O Laudo
Pericial em sua linha de elaboração possui várias estruturas, que são elaboradas na
medida em que se surgem suas necessidades, se estruturando por meio da
evolução da matéria e também através do conhecimento e experiência dos
profissionais que a realizam.
A Perícia de Meio Ambiente, assim como qualquer trabalho na área ambiental,
deve ser preferencialmente efetuada por uma equipe multidisciplinar de Peritos, e
que atuem interdisciplinarmente. Em função disto, os Institutos de Criminalística
devem procurar diversificar as formações universitárias dos seus membros.
O trabalho constituiu-se de análise de referencial bibliográfico. Os materiais
pesquisados foram: livros, artigos, leis e demais publicações, bem como em sítios
disponíveis na rede mundial de computadores. A referida pesquisa foi realizada por
meio do método indutivo, o qual, segundo PASOLD (2005, p. 238) “consiste em
pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma
percepção ou conclusão geral”.
Por fim, a pesquisa visa apresentar considerações finais acerca do tema,
buscando expor posicionamento referente à necessidade imperiosa da perícia ou
sua dispensa.
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