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Arqueólogos Estudam A Transição Da Vida Nômade para o Sedentarismo

Arqueólogos estão estudando como as antigas populações indígenas da Amazônia transitaram de um estilo de vida nômade para um estilo de vida sedentário, escavando sítios arqueológicos na Reserva Amanã no Amazonas. Uma pesquisadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP faz parte desta pesquisa, que busca entender como as comunidades indígenas passaram a ocupar os mesmos lugares por períodos mais longos e começaram a cultivar a terra preta. Os achados
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Arqueólogos Estudam A Transição Da Vida Nômade para o Sedentarismo

Arqueólogos estão estudando como as antigas populações indígenas da Amazônia transitaram de um estilo de vida nômade para um estilo de vida sedentário, escavando sítios arqueológicos na Reserva Amanã no Amazonas. Uma pesquisadora do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP faz parte desta pesquisa, que busca entender como as comunidades indígenas passaram a ocupar os mesmos lugares por períodos mais longos e começaram a cultivar a terra preta. Os achados
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Arqueólogos estudam a transição da vida nômade para o sedentarismo

Pesquisa realizada na Amazônia conta com participação de doutoranda do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP
Editorias: Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas - URL Curta: jornal.usp.br/?p=88396

Com o esforço dos arqueólogos, a história de ocupação da Amazônia está sendo desvendada. Outras escavações já foram realizadas pela
equipe – Foto: Amanda Lelis
.
Como terá acontecido a transição da vida nômade para o sedentarismo na Amazônia? Para responder a esta e a outras perguntas sobre os
modos de vida das antigas populações indígenas, arqueólogos estão investigando, em parceria com pesquisadores do Instituto Mamirauá, a
mudança nas formas de habitar a Amazônia durante o primeiro milênio antes de Cristo. A pesquisadora Márjorie Lima, do Museu de
Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, compõe o grupo.
Em abril, foi realizada atividade de campo em uma área da Reserva Amanã, no Amazonas, para coleta de informações com os moradores de
comunidades ribeirinhas e análise das áreas onde será feita uma escavação arqueológica, programada para o segundo semestre deste ano.

“Arqueologicamente sabemos que durante um período antigo as pessoas se mudavam com maior frequência, não moravam em um único
lugar por muito tempo. A partir desse período vemos que em algumas regiões isso começa a mudar e as pessoas começam a morar por mais
tempo em uma área. Elas tornam-se então mais sedentárias e, em alguns casos, começam a formar os solos de terra preta”, comenta Márjorie.

Os diferentes vestígios arqueológicos estão no acervo do Laboratório de Arqueologia do Instituto Mamirauá, em análise pelos pesquisadores
– Foto: Amanda Lelis
A pesquisadora explica que este período é caracterizado como cultura ou tradição Pocó-Açutuba e, até 2005, pensava-se que só ocorria na
região do Pará, onde foi conhecida na década de 1980 pelos arqueólogos alemães Peter e Paul Hilbert. A partir desta data, foram
identificadas cerâmicas semelhantes, a partir de estudos arqueológicos, também no Amazonas, próximo ao encontro dos rios Negro e
Solimões e posteriormente, em 2008, na região da Reserva Amanã, localizada no município de Maraã.

“Apesar de sabermos que, nesse momento, as pessoas começaram a ocupar os lugares por maior tempo, não sabemos ao certo como isso
aconteceu. Se elas formavam aldeias próximas, se ocupavam esse lugar por um tempo e depois escolhiam outro para ocupar, se ocupavam
uma parte do ano (como o período de chuvas) e em outro se mudavam mais. São muitas possibilidades”, comenta a arqueóloga. De acordo
com ela, os vestígios desse período são principalmente cerâmicas finas, bem elaboradas e resistentes, com presença de pintura vermelha,
preta, alaranjada e amarela.

Entender o ontem para planejar o amanhã


Márjorie ressalta que muitas demandas atuais da sociedade podem ter suas soluções nos modos de vida das populações antigas. “Minha
escolha por um período tão antigo da história é por ser uma forma de entender os nossos problemas atuais de ocupação e regularização de
terras, de busca por recursos naturais. Essas populações antigas utilizavam vários recursos e várias fontes de forma diferente, promovendo
um equilíbrio ‘sustentável’, tal qual muitas comunidades ribeirinhas fazem hoje. Quero entender melhor o passado para conseguir falar sobre
o presente”, conta.
Marjorie e outros pesquisadores estiveram em comunidades tradicionais para avaliar potenciais sítios arqueológicos – Foto: Amanda Lelis
Uma informação que os arqueólogos já possuem sobre essas sociedades indígenas é o conhecimento da utilização intensiva de recursos
naturais vegetais, como as castanheiras. De acordo com a pesquisadora, em estudos anteriores sobre este período, já foram encontradas
grandes quantidades de castanhas em sítios arqueológicos. Esta informação pode demonstrar, por exemplo, que as populações dessas aldeias
indígenas utilizavam e manejavam uma série de espécies, já que, além das castanhas, as palmeiras também têm grande frequência nos
vestígios encontrados.

Descobertas sob a terra


No segundo semestre deste ano, está programada uma escavação arqueológica em um dos sítios visitados durante a viagem realizada em
abril. Esta ação conta com o financiamento da Fundação Moore. Pela pesquisa, serão contempladas três áreas em comunidades localizadas no
Lago Amanã e uma no Rio Japurá. A equipe de arqueólogos reúne especialistas em diferentes áreas, como análise de vestígios arqueológicos
botânicos, líticos (relativos a pedras) e cerâmicos.

Além do Instituto Mamirauá e da USP, também estarão na escavação pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da
Universitat Pompeu Fabra, de Barcelona, na Espanha. “Há um grupo de profissionais interessados na formação da paisagem
antrópica [resultante da ação do homem] do sítio e seu entorno. Esse estudo terá como perguntas a configuração e formação das áreas de
florestas antrópicas, aquelas florestas formadas e transformadas a partir da ação humana: a permanência, tipo e frequência dos usos de
plantas no registro arqueológico, a partir da análise de restos macro e microbotânicos, como amido, sementes e carvões. Além disso, há a
proposta de uma análise que contemple essas paisagens nos dias atuais, a partir das pessoas que moram nestas comunidades atualmente”,
destaca Márjorie.
.

Uma série de pesquisas arqueológicas na região do médio curso do Rio Solimões vem sendo desenvolvida há cerca de dez anos pelo Instituto
Mamirauá – Foto: Amanda Lelis
.
A pesquisa é o projeto de doutorado de Márjorie pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do MAE, em parceria com o Instituto
Mamirauá.
Para que ocorra o envolvimento desta equipe multidisciplinar de diferentes instituições, o estudo também conta com recursos financeiros da
Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para custeio de bolsas de estudo, além do apoio
à expedição de campo pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio do Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de
Unidades de Conservação (Demuc).

Amanda Lelis | Assessoria de Comunicação do Instituto Mamirauá

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