TC 2019/2 | ISABELA CERQUEIRA ANDRADE
ARQUITETURA E URBANISMO| UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
O Retrot como ferramenta para requalicação de um
ícone comercial de Palmas - TO
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE PALMAS
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
O Retrofit como ferramenta para requalificação de um ícone comercial
de Palmas - TO
PALMAS - TO
NOVEMBRO - 2019
ISABELA CERQUEIRA ANDRADE
UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
O Retrofit como ferramenta para requalificação de um ícone comercial
de Palmas - TO
Trabalho de Curso apresentado
ao curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade
Federal do Tocantins, orientado
pelo Prof. Me. Rodrigo Botelho de
Hollanda Vasconcellos, como
parte dos requisitos para
obtenção do título de Arquiteta e
Urbanista.
PALMAS - TO
NOVEMBRO – 2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do Tocantins
A553n Andrade, Isabela Cerqueira.
Uma nova visão para a galeria Wilson Vaz:: o retrofit como
ferramenta para requalificação de um ícone comercial de Palmas - TO
. / Isabela Cerqueira Andrade. – Palmas, TO, 2019.
113 f.
Monografia Graduação - Universidade Federal do Tocantins –
Câmpus Universitário de Palmas - Curso de Arquitetura e Urbanismo,
2019.
Orientador: Rodrigo Botelho de Hollanda Vasconcellos
1. Galeria Comercial. 2. Retrofit. 3. Arquitetura Comercial. 4.
Requalificação. I. Título
CDD 720
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DEDICATÓRIA
A Deus, pelo dom da vida.
Aos meus pais, irmãs e sobrinho
que sem dúvida nenhuma, são os
grandes responsáveis por essa
vitória.
Aos familiares e amigos pelo
apoio e carinho.
Aos professores e colegas pelos
conhecimentos compartilhados.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por sua infinita bondade e que de diversas
formas me deu forças para que eu pudesse seguir em frente e agora
permite que eu realize mais este sonho.
Aos meus pais, Sandra e Joaldo, meus maiores exemplos, que
nunca mediram esforços ao fazer o possível e o impossível para minha
formação pessoal e profissional. Não consigo descrever o quanto amo
vocês.
Às minhas irmãs, Mariana e Giovana, que, sendo minhas melhores
amigas, sempre me incentivaram e me ajudaram em tudo que era
possível nessa jornada.
Ao meu sobrinho, Miguel, que com sua alegria contagiante me
incentiva diariamente a nunca desistir.
A minha cadelinha Maya, fiel e companheira, que sempre está ao
meu lado me fazendo companhia nos momentos de trabalho e lazer.
A todos familiares e amigos que sempre acreditaram no meu
potencial e torcem pelo meu sucesso.
Agradeço a oportunidade que tive de conhecer pessoas únicas,
meus colegas, que caminharam junto comigo nesta jornada com alegria
e companheirismo, obrigada por serem parte de algo tão especial para
mim.
Aos professores, por todos ensinamentos ao longo do curso.
Especialmente ao professor Roberto de Almeida Bottura pela orientação
inicial e ao professor Rodrigo Botelho de Hollanda Vasconcellos, por
continuar essa jornada comigo, com paciência e atenção, agradeço
pelas ideias e sugestões essenciais para a evolução do meu projeto.
E a todos que de alguma forma participaram ou contribuíram para
a realização deste trabalho.
RESUMO
Desde as civilizações mais antigas, o comércio e a cidade têm uma forte
ligação e dependência. Uma das tipologias comerciais que se destacou
foram as galerias comerciais, que ao longo do tempo, se tornaram um
importante lugar de trocas de mercadorias. E, mesmo após a
popularização dos shopping centers, as mesmas, não deixaram de existir,
ainda estão sendo construídas, apesar de que em alguns casos, por
diversos fatores, estão em decadência, como é o caso da Galeria Wilson
Vaz em Palmas-TO. Por se tratar de um edifício simbólico e de grande
importância comercial para a cidade, foi feito um estudo do histórico e
da sua evolução, para compreender seu apogeu e declínio. Buscou-se
ainda outros estudos de casos semelhantes para melhor compreensão
da situação. Diante do que foi percebido, propôs-se uma requalificação
da Galeria Wilson Vaz, aplicando-se os conceitos do Retrofit, buscando
resgatar a vitalidade do edifício através da arquitetura.
Palavras-chave: Galeria Comercial. Retrofit. Arquitetura Comercial.
ABSTRACT
From the earliest civilizations, commerce and city have a strong link and
dependence. One commercial typology that stood out was the
commercial galleries, which became an important place for trade in
goods. Even after the shopping malls popularization, they still exist, they
are still being built, although in some cases, due to several factors, they
are in decay, such as the Wilson Vaz Gallery in Palmas-TO. For the reason
that it’s a symbolic building and have a great commercial importance for
the city, a history and evolution study was made, to understand its apogee
and decline. Other similar case studies were also search for to better
understand the situation. Given what was observed, it was proposed a
requalification of Wilson Vaz Gallery, applying the concepts of Retrofit,
seeking to rescue the vitality of the building through architecture.
Keywords: Commercial Gallery. Retrofit. Commercial architecture.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 10
2 PROBLEMATIZAÇÃO .......................................................................... 11
3 JUSTIFICATIVA.................................................................................... 13
4 OBJETIVOS ......................................................................................... 14
4.1 Objetivo Geral ............................................................................ 14
4.2 Objetivos Específicos ................................................................. 14
5 METODOLOGIA ................................................................................. 14
6 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................... 15
6.1 Relação cidade e comércio .................................................... 15
6.1.1 Bazaars .................................................................................. 16
6.1.2 Ágora .................................................................................... 17
6.1.3 Mercados.............................................................................. 18
6.1.4 Fórum romano ...................................................................... 19
6.1.5 Praças de mercado ............................................................ 20
6.1.6 Feiras...................................................................................... 22
6.1.7 Edifícios de mercados ......................................................... 22
6.2 Galerias Comerciais .................................................................. 23
6.2.1 As galerias comerciais no Brasil .......................................... 30
6.3 Estudos de caso ......................................................................... 34
6.3.1 Conjunto Nacional .............................................................. 34
6.3.2 Les Galeries Maldà .............................................................. 41
6.3.3 Requalificação do Mercado Municipal de Pinheiros ...... 46
6.3.4 Time Out Market Lisboa ....................................................... 50
6.4 A Galeria Wilson Vaz ................................................................. 52
6.4.1 Localização e Contexto histórico ...................................... 52
6.4.2 Entorno .................................................................................. 60
6.4.3 Processo evolutivo ............................................................... 60
6.4.4 Opinião dos lojistas .............................................................. 68
6.4.5 Situação atual ...................................................................... 70
7 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ........................................................... 85
7.1 Retrofit.......................................................................................... 85
7.1.1 Definição e conceito .......................................................... 85
7.1.3 Aplicação na Galeria Wilson Vaz ...................................... 89
7.2 Adequações de uso .................................................................. 89
7.2.1 Lojas ....................................................................................... 90
7.2.2 Praça Gastronômica ........................................................... 90
7.2.2 Academia............................................................................. 90
7.2.3 Coworking ............................................................................ 91
7.2.4 Áreas comuns....................................................................... 92
7.2.5 Setorização e Fluxos ............................................................ 92
7.3 Programa de necessidades ...................................................... 95
7.4 Partido Arquitetônico ................................................................. 97
7.5 Sistema Construtivo e Estrutural ................................................ 98
7.6 Detalhes Técnicos .................................................................... 102
7.6.1 Dimensionamento dos reservatórios ................................ 102
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................ 105
REFERÊNCIAS ...................................................................................... 106
1 INTRODUÇÃO
A arquitetura comercial é o principal tema desta pesquisa, com
foco nas galerias comerciais, sendo o objeto final a elaboração de
projeto de requalificação, por meio do retrofit1, para a Galeria Wilson Vaz,
localizada na região nordeste da cidade de Palmas – TO.
No Brasil a tipologia de galerias comerciais começou a ser
disseminada por volta de 1880, e muitas delas no decorrer dos tempos,
passaram por mudanças para se adaptarem as transformações sociais e
de mercado, ou ficaram estagnadas e entraram em declínio.
Em Palmas a Galeria Wilson Vaz foi implantada em 1992, sendo a
pioneira, teve um período de apogeu, logo após a sua inauguração e
com o passar do tempo e o surgimento de novos empreendimentos
comerciais, entrou em declínio.
Para se compreender a atual situação da Galeria Wilson Vaz,
levando em conta o seu histórico, período de auge e posterior declínio,
foi realizado um estudo da galeria, dando ênfase a realidade em que
esteve inserida desde sua inauguração até os dias de hoje. O intuito foi
de buscar elucidar as causas da decadência e avaliar quais as melhores
possibilidades para resgatar a vitalidade do edifício através da
arquitetura.
Assim, este estudo tem como objetivo compreender o caso e
propor um projeto de requalificação, que possa atender às demandas
dos seus usuários, produzindo um espaço de lazer para potencializar a
vida urbana local. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica
acerca do tema e pesquisas de campo.
O tema mostra-se relevante por tratar de uma edificação pioneira
na cidade, que contribuiu para o desenvolvimento do comércio local e
1 Segundo o Michaelis Dicionário da Língua Portuguesa, Retrofit, que dizer:
“reabilitar ou reciclar prédios antigos e espaços urbanos, incorporando algo mais
moderno”.
10
que hoje está praticamente abandonada, podendo oferecer riscos para
lojistas e usuários.
No decorrer deste estudo será abordada a relação entre cidade e
comércio, desde o surgimento das primeiras tipologias de edifícios
comerciais até o surgimento das galerias no mundo e no Brasil.
Posteriormente foram feitos alguns estudos de caso, para depois se
analisar o caso específico da Galeria Wilson Vaz.
2 PROBLEMATIZAÇÃO
Com o passar do tempo, as galerias se tornaram um importante
lugar de troca: sejam elas de mercadorias ou simbólicas. Contudo, o
período que foi desde o seu aparecimento até o seu declínio no
continente europeu, que se deu a partir dos anos de 1880, durou menos
de cem anos.
Atualmente, mesmo após a popularização dos shopping centers,
as galerias não deixaram de existir, e ainda estão sendo construídas.
Porém em alguns casos, por diversos fatores, algumas dessas galerias
estão em decadência.
A Galeria Wilson Vaz, pioneira em Palmas - TO, e todo o espaço
público no seu entorno, tiveram grande relevância para o
desenvolvimento do comércio. Atualmente o empreendimento está em
processo de declínio, pois apesar da excelente localização, encontra-se
praticamente abandonada e vem perdendo a vitalidade, com poucas
lojas em funcionamento.
Diante da importância da galeria para os lojistas e usuários, e todo
seu valor para história do comércio na cidade, como a arquitetura pode
ajudar a recuperar e requalificar o edifício comercial em decadência?
11
Figura 1 – Galeria Wilson Vaz atualmente
Fonte: Autora, 2019
Figura 2 – Galeria Wilson Vaz atualmente
Fonte: Eliseu Lima, 2019
12
3 JUSTIFICATIVA
O tema Requalificação da Galeria Wilson Vaz por meio do Retrofit,
foi escolhido por mostrar-se pertinente para identificar, analisar e
esclarecer o comércio na cidade de Palmas-TO, em especial
compreender o apogeu e declínio da Galeria com o passar dos anos.
O Centro Comercial Wilson Vaz foi escolhido por tratar-se de um
edifício pioneiro e que teve grande importância na cidade, sendo
conhecido até como o primeiro shopping da cidade na época de sua
construção em 1992, num período em que Palmas passava por um
processo de implantação e fase inicial de crescimento.
Possui uma localização privilegiada, no principal centro financeiro
e comercial, com grande fluxo de pedestres e próximo de diversas ruas
comerciais consolidadas. Apesar de sua excelente localização, a maior
parte de suas salas comerciais estão vazias e o pouco uso que ainda
existe se encontra apenas nos estabelecimentos do térreo que tem suas
fachadas voltadas para a parte externa da edificação.
Mesmo sendo um local de grande importância para a cidade,
tanto do ponto de vista histórico quanto para o comércio local, a
estrutura do prédio está comprometida, o que prejudica ainda mais o seu
uso e a atração de lojistas e clientes.
Segundo Brito (2009), o declínio do Centro Comercial Wilson Vaz foi
inevitável, principalmente após o surgimento dos shoppings, sendo que
no ano de 2006, já era considerado como um espaço sem dinâmica
comercial.
Considerando todos os aspectos citados, verificou-se a
possibilidade de aprofundar o estudo em relação ao tema, buscando as
possíveis causas do declínio e por meio da arquitetura, apropriar-se do
equipamento e propor um projeto para atribuir qualidades novamente,
a fim de potencializar a vida urbana e o localonde está inserido, sendo
também um espaço de lazer para a população.
13
Além disso, a análise chama atenção para a importância do tema
para a cidade e serão disponibilizados mais conteúdos acerca do
assunto para futuros estudos.
4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
Apresentar uma proposta de projeto arquitetônico para
requalificação da Galeria Wilson Vaz, melhorando a vida urbana local.
4.2 Objetivos Específicos
• Realizar um estudo das relações entre cidade e comércio;
• Analisar o histórico das galerias comerciais;
• Avaliar o apogeu e declínio da Galeria Wilson Vaz;
• Compreender o estado atual da galeria;
• Identificar quais os novos usos possíveis para o local;
• Realizar o projeto arquitetônico sob o enfoque do retrofit.
5 METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos, se faz necessário um aprofundamento
do tema Galeria Comercial, sendo assim a pesquisa se desenvolve
seguindo algumas etapas, são elas:
1° Pesquisa Exploratória
Essa primeira etapa constitui-se na revisão bibliográfica, ou seja, a
construção teórica, contextualização, pesquisa e conceitos sobre o
tema, em fontes que pudessem contribuir para a pesquisa, como sites da
internet, livros, artigo, teses e ainda, pesquisa documental sobre leis,
14
normas, códigos que estão diretamente ligadas a construção de edifícios
voltadas para o comércio.
2° Pesquisa em Campo
Combinada a essas leituras, foram realizadas entrevistas com
lojistas da Galeria Wilson Vaz, para maior compreensão de seus
problemas, anseios e necessidades. Procurando interpretar a realidade
do local, e de que forma a arquitetura poderá melhorá-la.
Também será realizado um levantamento da situação atual do
edifício e análise do local (legislação, insolação, ventos), a partir de
observações in loco e fotografias.
3° Elaboração do Projeto
A última etapa do trabalho foi a realização de uma nova proposta
projetual para a galeria, partindo dos estudos que foram realizados.
6 REFERENCIAL TEÓRICO
Esse tópico trata do referencial teórico que servirá como
embasamento para o futuro projeto de Requalificação da Galeria Wilson
Vaz em Palmas-TO. Nesse referencial buscou-se teses, artigos e livros
acerca do tema a ser desenvolvido para se ter uma maior compreensão.
6.1 Relação cidade e comércio
Analisando a formação da palavra comércio, que tem sua origem
no latim commercium, que é a junção das palavras “com” que significa
algo como junto ou conjunto e “merx/merc” que é algo como mercado,
local de troca. Percebemos assim que comércio seria algo como “local
de troca onde pessoas se reúnem”.
Desde o início das civilizações, o comércio e cidade têm uma
relação de simbiose, ou seja, estão totalmente ligados e dependem um
15
do outro. É imprescindível que aconteçam encontros para que o
comércio se realize, com isso a necessidade de lugares para as trocas fez
com que a arquitetura comercial se transformasse com o passar do
tempo. Vargas (2001) em seu livro, Espaço Terciário: o Lugar, a Arquitetura
e a Imagem do Comércio, descreve os baazars árabes, a ágora grega,
os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais, as feiras, os
edifícios de mercados e os demais espaços públicos ao ar livre ou
interiores, planejados ou não, que eram os principais locais onde
ocorriam as atividades de trocas e consumo.
Além disso, esses locais possuíam também um importante papel
social, pois servia também como ponto de distração e divertimento, com
atrações como as famosas brigas de galo.
6.1.1 Bazaars
No Oriente Médio, os bazaars são considerados monumentos
públicos e fazem parte da sociedade islâmica. Nele convivem
harmonicamente diferentes classes sociais e sempre foi considerado um
lugar neutro para encontro de grupos opostos. Também era um local
onde além de mercadorias, eram negociadas opiniões, por isso sua
grande influência na política.
De acordo com Vargas (2001) os edifícios e habitações árabes têm
como característica, serem fechadas sobre si, voltadas para o interior,
com pátios internos e fachadas simples e interior decorado, isso devido
às tempestades de areia e ventos quentes.
O bazaar é “o coração da cidade islâmica, espaço público por
excelência” (VARGAS, 2001, p.109), no seu interior os sentidos são
estimulados por diversos odores de condimentos, cores e sons de ofertas
anunciadas. A autora destaca que as lojas são estreitas e abrem-se para
rua, atrás delas ou no andar superior estão os escritórios e depósitos. Na
frente há um toldo para proteger os clientes e vendedores. O bazaar se
caracteriza por milhares de lojas enfileiradas nas principais vias arteriais.
16
Ainda segundo a autora, a localização dos tipos de mercadorias
tinha uma funcionalidade como por exemplo, atividades incomodas
como tintureiros, serralheiros e açougueiros, permaneciam nas periferias
pelo cheiro, barulho, riscos de incêndio ou necessidade de mais espaço.
“Eugen Wirth comparou os velhos bazaars com blocos de
escritórios modernos e shopping centers do Ocidente.” (VARGAS, 2001,
p.114), isso porque o conceito é parecido nos dois casos, já que ambos
unem atividades diferentes no mesmo local, sendo algumas delas
atrativas e direcionadoras de fluxo.
6.1.2 Ágora
Na Grécia Antiga o espaço destinado para o comércio varejista
era a ágora, inicialmente surge como um espaço plano com funções
comerciais e de encontro público, e foi se tornando um espaço fechado
por edifícios. Segundo Vargas (2001), a partir do século V a.C em
decorrência do traçado viário também acabou adotando uma forma
retangular.
A ágora é descrita por Mumford (1998) como sendo um espaço
aberto, de propriedade pública, ao seu redor, muitas vezes os edifícios
surgem em uma ordem irregular e no meio as barracas ou cobertas
temporárias indicariam talvez o dia de feira.
A forma em U, de acordo com Vargas (2001), foi uma evolução da
forma retangular, dando mais permeabilidade ao centro. Essa
integração com o entorno fazia parte do conceito de cidade grega, mas
se perde com a influência romana, já que as ágoras romanas são
fechadas para isolar do ambiente da cidade e criar uma área de
tranquilidade.
Vargas (2001) destaca que além de um local de comércio,
funcionava também como um local onde os cidadãos se encontravam
para discutir política ou apenas conversar. Geralmente a ágora ficava
próxima à principal fonte de água, em um espaço barulhento e colorido.
17
Alguns comerciantes tinham lojas, barracas e tendas circundando a
ágora, com o tempo o nome ágora passou a estender-se para todo o
bairro mercantil.
A ágora tinha não apenas a função comercial, mas, como
destaca Mumford:
sua função mais antiga e persistente foi a de ponto de encontro
comunal. Como de hábito, o mercado era subproduto do
ajuntamento de consumidores, que tinham outras razões para se
reunirem além de fazerem negócios. (MUMFORD, 1998, p.166)
Mumford também destaca que a:
ágora era, acima de tudo, um lugar destinado à palavra; e
provavelmente, não existe sequer um mercado urbano em que
a troca de notícias e opiniões, pelo menos no passado, não
desempenhou um papel quase tão importante quanto a troca
de mercadorias. (MUMFORD, 1998, p.167)
Figura 3 – Ágora Grega em Atenas
Fonte: Historianninha, 2018
6.1.3 Mercados
Vargas (2001) descreve o mercado chinês também como um
grande espaço aberto com lojas e barracas, muito semelhante a ágora,
porém localizava-se perto das principais pontes da cidade, e as
características dessas ruas era a riqueza de atividades envolvendo
compradores, viajantes, lojistas e cidadãos. Entre as lojas também
18
aconteciam outras atrações como músicas, acrobacias, marionetes,
brigas de galo, pregações religiosas, enquanto os soldados mantinham a
ordem.
6.1.4 Fórum romano
Os Fóruns foram construídos, para atender as necessidades da vida
social, mesclando atividades comerciais, religiosas e políticas. Tiveram a
atenção dos imperadores romanos, que deram extrema atenção a
construção destes monumentais edifícios.
De acordo com Perez “os fóruns romanos tinham um papel
fundamental na evolução do comércio, e uma característica varejista,
que resultou num lugar ao ar livre, num típico centro de negócios.” (Perez,
2009, p.20). Segundo ele, o fórum romano era um espaço grande e
aberto, com linhas retangulares na parte central da cidade. Era um local
público, também utilizado para realizar as assembleias do povo.
Primeiramente, se tratava de um lugar aberto sem edifícios,
onde as pessoas se reuniam nos dias de mercado e nas festas
religiosas, para as eleições e outros acontecimentos públicos.
Com o passar do tempo, transformou-se no centro político, onde
se localizavam os edifícios civis e administrativos, assim como os
templos mais importantes. (PEREZ, 2009, p.20)
Perez (2009), conclui que o Fórum não era apenas para o uso
comercial, pois ali se reunia um público diverso e aconteciam jogos
públicos, entretenimento, apresentações teatrais, lutas de gladiadores e
corridas.
Conforme Vargas (2001), era um espaço descoberto que continha
o prédio do Senado e da Justiça em situação oposta ao lugar do
mercado. O Fórum de Trajano (Figura 4), um dos mais espetaculares,
possuía a basílica, espaços para o comércio e muitos outros edifícios.
“Alguns exemplos mostram uma modulação das lojas de 4 x 4 metros,
distribuídas ao longo de colunatas, como acontecia no Fórum das
Corporações de Óstia.” (VARGAS, 2001, p.130).
19
Figura 4 – Planta do Fórum de Trajano, Roma
Fonte: VARGAS, 2001, p.124
Percebe-se a evolução no planejamento e organização desse
espaço público, reservando áreas cada vez mais significativas para o
comércio, recreação e lazer. A autora destaca que já se pode até
comparar os fóruns com os atuais shoppings centers, onde as lojas
âncoras funcionam como os edifícios públicos.
6.1.5 Praças de mercado
A praça do mercado geralmente acontecia num local periférico
em relação a qualquer assentamento humano, ou seja, nas margens de
uma via de circulação importante, ou no encontro de vias e do lado
externo de muralhas. Inicialmente, eram periódicos para a troca de
excedentes, mas com o passar do tempo se tornaram permanentes e
tomaram posições mais centrais.
20
A cultura da praça inclui o mercado, que é o local do
espetáculo e cena de representações trágicas e cômicas que
se misturavam com a tolerância e imponência da cidade,
frequentemente perdida diante de uma incessante invasão de
multidões. (VARGAS, 2001, p.137)
Segundo Vargas (2001), as praças de mercado não requeriam
nenhum edifício, elas eram o próprio edifício, para o comércio acontecer
só necessitava do fluxo de pessoas. A sua localização priorizava facilitar
o deslocamento de pessoas, as mais representativas estavam nos
centros.
Conforme aponta Mumford:
“as praças de mercado não tinham lugar no novo traçado
urbano: nem os círculos de tráfego do plano barroco, nem a
interminável avenida em corredor do plano comercial favorecia
aquela concentração de pedestres”. (MUMFORD, 2004, p.470
apud BRAIDA, 2008, p.69)
Nas praças também são percebidas características que se
assemelham aos shoppings, como por exemplo os grandes átrios dos
templos modernos de consumo, que buscam reforçar a centralidade
para o comércio acontecer. Aleixo (2007), também destaca que as
praças de mercado mostram a tendência de especialização e profusão
dos espaços voltados para o comércio.
Figura 5 - Praça de Mercado de Lucca
Fonte: KATO,1980, p.129 apud ALEIXO, 2007, p.18
21
6.1.6 Feiras
Aleixo (2007), descreve que as feiras e praças de mercado eram
espaços da vida social, palco de manifestações, com as trocas de
mercadorias, apresentações teatrais, festas, entre outras atrações,
servindo como um espaço aberto ao devaneio e ao lúdico.
O autor também destaca que algumas feiras aconteciam em
acampamentos fora do domínio das muralhas, onde os artesãos e
mercadores expunham seus produtos. “Duravam semanas, eram uma
espécie de mercado contínuo e em geral, se especializavam em algum
artigo, como tecidos, vinhos, cereais, etc.” (ALEIXO, 2007, p.14)
Vargas (2001) também caracteriza as feiras basicamente como
encontros de mercadores, que duravam muitas semanas, e com o tempo
passaram a funcionar como mercados contínuos, que só paravam nos
períodos de mau tempo.
Eram locais muito animados, que atraiam pessoas de centenas de
quilômetros de distância para apreciá-las. Provocavam um fluxo de
caravanas quase permanente que viajava de feira para feira. Eram
montadas com uma série de tendas e barracas para expor as
mercadorias, havia também escritórios para empréstimo de dinheiro e
câmbio de moedas.
6.1.7 Edifícios de mercados
De acordo com Vargas (2001), os edifícios de mercado em geral
apresentam-se como uma galeria em volta de um recinto retangular ou
quadrado ou mais frequentemente como um espaço alongado de
implantação basilical, em geral dividido em duas ou três naves cobertas
e com um andar superior.
22
6.2 Galerias Comerciais
Diversos fatores contribuíram para o surgimento das arcadas entre
eles o contexto socioeconômico e político em Paris, no fim do século XVIII,
além disso, a evolução de tecnologias como o vidro e o ferro ajudaram
no desenvolvimento do seu padrão arquitetônico.
Vargas menciona um fato pontual que acontece no Palais-Royal,
onde:
Philippe d’Orléans, neto de Louis XIV, pressionado para
encontrar recursos para manter seu estilo de vida libertino,
decidiu dividir a periferia de seu jardim no Palais-Royal, em lotes
de butiques. Beneficiando-se da existência de um pátio coberto
que permitia também o acesso noturno, essas arcadas de pedra
serviram como ruas de compras e passagens cobertas.
(VARGAS, 2001, p.170)
Assim surgiu a Galerie du Bois, que foi a referência para as futuras
galerias. Este novo sistema multifuncional recriou o espaço urbano
central, permitindo o uso noturno com clubes e salões de jogos, lojas e
cafés, atraindo a exposição social, intelectual, artística e a vida política.
Figura 6 – Ilustração Galerie du Bois
Fonte: Wikimedia Commons, 1828
23
Aguerre e Landoni (1990, p.97 apud BRAIDA, 2008, p.72), destaca
que foi a Galerie D’Orléans que marcou uma nova etapa na evolução
das galerias comerciais, totalmente coberta por vidro, sendo o protótipo
das galerias do século XIX. A Galeria Vittorio Emanuele também pode ser
considerada como modelo, tanto por seu aspecto técnico, como por sua
grande carga simbólica.
Figura 7 - Galerie D’Orléans
Fonte: Eugène Atget, 1857
Figura 8 - Galeria Vittorio Emanuele
Fonte: Tripadvisor
Após esse primeiro momento, os especuladores imobiliários
passaram a ter o hábito de subdividir os imóveis, abrindo o interior das
quadras e possibilitando um maior número de lojas e apartamentos em
terrenos mais baratos. Com isso houve um grande enriquecimento, que
24
beneficiou principalmente comerciantes e banqueiros que de acordo
com Vargas (2001, p.174) “[...] iniciaram a construção de ilhas inteiras
perfuradas por essas famosas passagens como forma de celebrar sua
própria glória”
Para o comércio varejista, as passagens trouxeram mudanças na
tradição dos pequenos comércios. No fim do século XVIII, o comércio
passa a se preocupar em seduzir os novos clientes ricos e consumistas, a
decoração passa transformar o conceito do espaço de compra, como
forma de atrair os clientes.
Segundo Carvalho,
a hipótese de Lamas (2000) para o surgimento das galerias
reside, numa primeira etapa, da formação de uma rua de
serviços concedendo acesso para o interior do quarteirão aos
jardins privados. Em uma segunda etapa, a dimensão do jardim
privado diminui, aumenta a largura da via de circulação interna,
que passa a ser um espaço semi-coletivo. A evolução desse
modelo transformou o interior do quarteirão de um espaço
privado em espaço público onde, mais tarde, será também
acessível à rua, acolhendo assim serviços em geral e
transformando o interior do quarteirão em uma via pública de
propriedade privada. Portanto, o surgimento das galerias
comerciais está intrinsecamente ligado à evolução do
quarteirão no século XIX, mais especificamente à evolução do
seu interior. (CARVALHO, 2006, p.37, apud BRAIDA, 2008, p.70-71)
Para Vargas o surgimento das Passagens foi possível pela
convergência de diversos fatores:
[...] a disponibilidade pós-revolucionária de grandes parcelas de
terreno (no caso de Paris) ou a atuação do capital imobiliário
em associação com o Estado (como será visto em Bruxelas); a
afirmação de uma nova burguesia voltada para as finanças e o
comércio e com novos valores e novas necessidades; e os
avanços tecnológicos do vidro e do ferro. (VARGAS, 2001, p.176)
Em um relato cronológico, Schere apresenta uma das inserções das
galerias na história do espaço dedicado ao comércio na cidade.
Na Europa, a concentração do comércio no século XVIII e XIX
gera um novo tipo arquitetônico: a galeria. Em 1770 se constrói
em Londres a Royal Opera Árcade, galeria coberta com
pequenas clarabóias de vidro, que constituem um dos grandes
temas da arquitetura da Revolução Industrial.
Em 1819, também em Londres, se constrói a Burlington Arcade,
uma rua de negócios com o pé direito duplo. Em 1831 a Lowther
25
Arcade, uma rua com 75m de comprimento, 6m de largura e
10m de altura com clarabóias de vidro.
Em 1829 em Paris, se constrói a galeria Orléans, a primeira galeria
que une a leve estrutura metálica à transparência do vidro.
Em 1865 em Milão, se constrói a imponente galeria Vittorio
Emanuele II, que comunica a Piazza del Duomo com a Piazza
della Scala. Essa galeria tem 290m de comprimento, 15m de
largura e 28m de altura, com planta em cruz e um octógono no
centro, coberta por uma cúpula de ferro e vidro, a 48m de
altura. Esse será o modelo tomado pelo Bon Marché de Paris e
pelo Bon Marché argentino para seu projeto, por volta de 1890,
dentro da tônica de repetição de modelos urbanos e
arquitetônicos e formas de vida parisienses. (SCHERE, 1998, p.140,
tradução nossa, apud BRAIDA, 2008, p.73)
Essa cronologia feita por Schere também pode ser percebida no
desenho da evolução do formato das arcadas, entre 1800 e 1908,
apresentado por Geist.
Figura 9 - Evolução espacial das galerias entre1800-1908.
Fonte: GEIST 1983, p.100-101, apud BRAIDA, 2008, p.74, adaptado pela autora, 2019
A partir da ilustração (figura 9), Vargas (2001, p.179) também
descreve a evolução do desenho da cobertura das galerias: cobertura
em duas águas, (abóbada em ogiva); presença de lanternim; cobertura
em curva; e presença da cúpula.
26
As arcadas logo se tornaram importantes centros de atividade
local e marcaram o início do fenômeno da vida noturna, que
anteriormente era desconhecido, as passagens eram os únicos lugares
realmente iluminados durante a noite.
De acordo com Vargas (2001, p.179) o uso do vidro, que também
era muito utilizado nas coberturas das passagens, dava aos edifícios um
caráter híbrido, apagando o limite entre o interior e o exterior. Era um
meio caminho entre o privado e o público.
Uma característica comum que define as arcadas é a repetição
regular dos módulos comerciais, que marca o ritmo do deslocamento do
caminhante. Geralmente nas galerias o módulo comercial era formado
por “[...] uma loja no andar térreo com um andar elevado com janelas
retangulares. O ritmo das fachadas das vitrines é uma regra.” (VARGAS,
2001, p.181)
As passagens funcionam como um eixo visual contínuo, que atrai o
pedestre por possuir passagens em linha reta, servindo não só como um
atalho, mas deve oferecer estímulos para tirar os pedestres das ruas.
Internamente deve ser simétrica, para evitar divisões no fluxo de clientes
e evitar que alguns locais não consigam atrair clientes.
De acordo com Duarte:
Numa primeira aproximação, poderíamos considerar a galeria
coberta como uma loja de departamentos linear, com seus
departamentos alinhados ao longo de uma rua coberta. Cada
loja da galeria correspondendo, nesta aproximação, a um
departamento especializado e um ou mais tipos de mercadoria.
Contudo, a forma peculiar pela qual a galeria se insere no
tecido urbano resguardava a sua individualidade tipológica.
(DUARTE, 2006a, p.102, apud BRAIDA, 2008, p.69)
Perez (2009, p.44) descreve a galeria como um “edifício que possui
comércios situados em lojas com vitrines voltadas, geralmente, para o
espaço de circulação.”. O autor também destaca que a tipologia possui
acesso direto para a via pública, formando ligações diretas entre ruas.
Para a época, final do século XVIII, a característica peculiar dessa
tipologia foi a variedade de serviços e comércios no andar térreo e um
27
ou mais andares residenciais. Como exemplo, a Galerie Saint-Hubert
(Figura 10) possuía “[...] um subsolo para estocagem, o térreo com lojas
com mezaninos, dois andares de apartamentos e um ático escondido
pela cobertura de vidro da arcada.” (VARGAS, 2001, p.185)
Figura 10 - Galerie Saint-Hubert
Fonte: Wikimedia Commons, 2013
De acordo com Hertzberger (1999, p.76), o princípio da galeria
voltou a ser relevante quando houve uma demanda por áreas de
pedestres nos centros das cidades, devido a intensificação no volume do
trânsito.
As galerias típicas do século XIX passavam através de quadras,
como atalhos, e sua proposta básica era fazer com que as áreas
internas fossem usadas. Embora os edifícios fossem atravessados
por essas passagens, sua aparência exterior não era afetada: o
exterior, a periferia, continuava a funcionar de modo separado
e independente como uma fachada autônoma. Em muitos
projetos contemporâneos de caminhos cobertos para
pedestres, o exterior do complexo dentro do qual a atividade
está concentrada lembra as pouco convidativas paredes de
fundo de um edifício. Esta inversão -virar a massa do edifício de
dentro para fora - não passa de total perversão do princípio
orientador da galeria. (HERTZBERGER, 1999, p.76).
28
Em “Conditions for the Existence of the Arcade”, Geist defende a
teoria que uma arcada só floresce quando está localizada no centro da
cidade, onde a vida é mais intensa. Outros fatores também são a renda,
densidade, tamanho da população e a concorrência. (GEIST, 1983,
p.111, apud VARGAS, 2001, p.186)
Geist também aponta seis estágios mas que podem ser resumidos
em quatro períodos, a fase da inovação até 1820, a fase de crescimento
e expansão, de 1820 a 1860, a fase de amadurecimento e consolidação,
de 1860 a 1880, e a fase do declínio, a partir de 1880, quando começou
uma descaracterização do conceito e outros tipos de estabelecimento
passaram a ter domínio no comércio varejista.
Com o passar dos tempos algumas transformações começam a
trazer a perca de intimidade (monumentalidade), e o espaço deixa de
ser um ambiente de sonho e passa a condição de espaço de consumo,
o que aproxima as características dos futuros shoppings center.
Segundo Vargas (2001, p.195), enquanto em Paris as passagens
apresentavam sinais de esgotamento enquanto modelo, entrando numa
fase de amadurecimento e de forte concorrência entre elas, fora de Paris
o modelo tomava dimensões monumentais, se descaracterizando.
A escala das passagens foi se transformando com o
desenvolvimento de técnicas de construção e a criação das sociedades
de promoção imobiliária, que juntavam capital público e privado.
Passam a se tornar verdadeiras ruas, e se tornaram símbolo do progresso
da civilização.
Em 1926, a Galeria des Champs-Élysées Lido (Figura 11), mostra a
alteração do conceito da arcada: “[...] com o desaparecimento da luz
natural e a redução da altura pela instalação de forros falsos e iluminados
com néon, bem como pela individualização das lojas que perdem a
coerência formal e o seu ordenamento.” (VARGAS, 2001, p.202)
29
Figura 11 - Galeria des Champs-Élysées Lido
Fonte: Flickr, 2012
Nesses casos passa-se a ter a sensação de tristeza e monotonia
característico dos centros comerciais, com a valorização do consumo e
desvalorização da preocupação estética e qualidade ambiental. Assim
surgem os que podem ser considerados representantes dos primeiros
shoppings centers.
Para Vargas (2001, p.202-203), outro fator que colaborou para a
decadência das passagens é que devido ao fato de reunir em um único
edifício, apartamentos, lojas e artesãos e ter um caráter multifuncional,
com a racionalização de Haussman, as grandes vias arteriais passaram a
separar as residências dos comércios, com a parte residencial nos
interiores das quadras, assim o comércio perdeu a centralidade e passou
a se dispersar.
6.2.1 As galerias comerciais no Brasil
No Brasil, o surgimento das galerias acontece de forma tardia e
“[...] não se aproximará do significado e do esplendor arquitetônico
experimentado pelas demais cidades [...]” (VARGAS, 2001, p.278). Essas
galerias são diferentes das galerias europeias do século XIX, em relação
ao formato, tipo de empreendimento e razão de ser.
30
De acordo com Aguerre e Landoni, no que se refere às construções
das galerias nas Américas, “se caracterizou sempre pela vontade de
manter um caráter internacional e moderno” (1990, p.101, tradução
nossa, apud BRAIDA, 2011, p.82). Mas, hoje não são mais construídas com
esse propósito.
Em seu livro “Espaço Terciário: o Lugar, a Arquitetura e a Imagem
do Comércio”, Vargas (2001, p.278-279) identifica em São Paulo quatro
tipos, são eles:
• Edifício Conjunto: junta muitas atividades no mesmo espaço,
como comércio, restaurantes, escritórios, cinemas, garagens,
ruas internas e residências.
• Edifício Galeria: possui lojas no térreo tomando
características de ruas e permitindo a passagem de
pedestres.
• Edifício Comercial: tem todos os andares destinados ao uso
comercial e de serviços.
• A passagem: um caminho estreito cruzando as quadras, com
lojas de um ou dois lados.
Nesse período, por volta dos anos 1950, as galerias eram polos de
cultura da elite paulistana, contavam com lojas de alto luxo, bares e
restaurantes da moda e era local de encontro de intelectuais, artistas e
boêmios.
Segundo Vargas (2001, p.279), os dois primeiros tipos citados eram
feitos sem nenhum tipo de legislação. Só em 1957 a construção de
galerias na área central acabou passando a se tornar obrigatória nas
edificações que tivessem lotes lindeiros a determinadas ruas.
A partir disso, se imagina que muitas dessas galerias nasceram da
exigência da legislação urbanística, com ideais modernistas e elitizada
pela classe política e dos urbanistas. Já as passagens eram
regulamentadas por lei, que determinava a largura da passagem, altura
do pé direito e condições de iluminação.
31
Com o aumento da quantidade de veículos, e maior demanda por
estacionamentos, muitos comerciantes passam a ver melhores
oportunidades fora do centro. Assim o centro de São Paulo aos poucos
vai deixando de ser um polo cultural frequentado pela elite e passa por
um processo de degradação.
Da mesma forma acontece com as galerias, que passam a ser
abandonadas pelos comerciantes e usuários. “As lojas, quando não
ficavam vazias, eram subdivididas transformando-se em cubículos de um
comércio de baixo nível, tanto em termos de adaptação como de
lucratividade” (VARGAS, 2001, p.283)
Apesar do estado de algumas galerias e das lojas vazias, muitas
delas são conhecidas pelas mercadorias diferentes, raras e
especializadas que dificilmente são encontradas em outros locais. É o
que acontece na Galeria do Rock em São Paulo (Figura 12).
As transformações econômicas, sociais e culturais por que
passou a metrópole nas últimas cinco décadas estão alguma
maneira refletidas ali, naquele prédio elegante e modernista
inaugurado em 1963 como um centro comercial que tinha
como missão tentar frear o esvaziamento do centro, que já
perdia o protagonismo econômico para outras regiões da
cidade. (MELO, 2017)
Figura 12: Galeria do Rock – São Paulo
Fonte: Clayton Melo
32
Outro exemplo, também na cidade de São Paulo, é o Conjunto
Nacional, que foi construído na década de 1970 e já traz um modelo mais
semelhante a uma loja de departamento. Apesar da idade ainda
apresenta vitalidade, que Vargas (2001, p.287) defende ser devido a sua
localização altamente central e a existência de estacionamentos.
Mesmo com o surgimento dos shoppings centers, se tornou um cartão-
postal da cidade, por possuir um projeto permeável, com lojas no térreo
integradas ao entorno, cuidado com a fachada e suas propagandas,
que dão contemporaneidade ao centro.
Braida (2008, p.66) também defende que mesmo com o
surgimento dos shopping centers e dos condomínios fechados os
equipamentos urbanos característicos das cidades pré-industrial e
industrial não desapareceram por completo. Na cidade contemporânea
ainda há espaço para a permanência e proliferação, por exemplo, das
galerias comerciais.
Vargas (2001, p.287) traz uma interessante reflexão: “Talvez uma
das definições para uma boa arquitetura comercial seja sua capacidade
de resistir ao tempo, enfrentando as mudanças do varejo, facilitando as
adaptações e mantendo a vitalidade do negócio.”
Aguerre e Landoni (1990, p.101, apud BRAIDA, 2011, p.183-184),
destaca algumas características para o sucesso das galerias, que são:
• Ser facilmente apreendida pelo usuário;
• Ser capaz de criar um microclima desejado (agradável);
• Favorecer o consumo visual da mercadoria;
• Ser atraente (não somente do ponto de vista arquitetônico,
mas com relação aos odores, sons e imagens);
• Gerar o “efeito-surpresa” apresentado por Lynch, em sua
obra “A imagem da cidade”.
Assim podemos perceber que diversos fatores influenciam na
vitalidade de um edifício comercial como as galerias, e para se manter
a atividade, a edificação tem que acompanhar a evolução da cidade
33
e sociedade, atendendo as demandas do público e se adaptando as
novas necessidades que surgem.
6.3 Estudos de caso
6.3.1 Conjunto Nacional
O Conjunto Nacional é um edifício e centro comercial localizado
na área central da cidade de São Paulo, ocupando toda uma quadra
da avenida paulista e tem como característica a mistura de diferentes
usos em uma mesma estrutura urbana, sendo eles: residencial, comercial,
serviços e lazer.
Figura 13 – Conjunto Nacional
Fonte: ArchDaily
A relação entre os usos coletivos – comércio, lazer – e os usos
privados – residências – dá-se pela composição entre duas
lâminas: na lâmina horizontal, que ocupa toda a quadra na qual
se implanta o edifício -, encontra-se uma galeria comercial e na
lâmina vertical, a qual ocupa apenas uma parte da projeção
do terreno, encontram-se os apartamentos. As galerias
34
convergem para uma área central, onde uma rampa conduz
ao mezanino. Ali, há quatro entradas disponíveis (uma em cada
uma das ruas que formam a quadra onde se situa o prédio). A
lâmina superior conta com 25 pavimentos, que dispõem de três
entradas independentes.
A galeria proposta no Conjunto Nacional transformou-se em um
paradigma arquitetônico para projetos de edifícios similares na
área central de São Paulo durante a década de 1950.
(CONJUNTO NACIONAL, 2019)
De acordo com o site oficial do Conjunto Nacional, o edifício possui
restaurantes, escritórios e outros tipos de estabelecimentos de comércio
e prestação de serviços, além da maior livraria da América Latina em
área construída, a Cultura. Abrigou por muitos anos o Cine Astor e o
Restaurante Fasano. O Conjunto Nacional apresenta também uma
unidade da Caixa Cultural, em que ocorre exposições de arte e
apresentações de teatro e dança. Em 2005, a edificação foi tombada
pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
O arquiteto brasileiro David Libeskind, foi o autor do projeto e sua
construção teve início em 1955 e trouxe para a cidade uma grande
novidade à época: uma cúpula geodésica de alumínio, que foi
construída pelo engenheiro Hans Eger.
Figura 14 - Vista geral do Conjunto Nacional
Fonte: SEGAWA, Hugo Massaki, 1978
35
O site oficial do Conjunto Nacional destaca que o próprio
arquiteto, que faleceu em 2014 aos 85 anos, revelou alguns detalhes do
projeto do Conjunto Nacional:
“Para a realização do Conjunto Nacional, José Tjurs contratou
alguns arquitetos para apresentar ideias sobre o projeto e eu
também fui chamado. Lembro que ele me recebeu em seu
escritório, no Anexo do Hotel Excelsior, na Avenida Ipiranga, e
logo começou a me chamar de ‘menino’ por causa da minha
idade. Ele explicou que pretendia construir um hotel e um centro
comercial para exposições de indústrias em um grande terreno
na Avenida Paulista e me pediu para apresentar um estudo em
uma semana.
Na época, em 1955, a Avenida Paulista era inteiramente
residencial e a Rua Augusta já era o centro comercial onde
estavam as lojas chiques, pois ainda não existiam shoppings
centers. Assim, sugeri uma construção que cominasse uma
lâmina vertical, para apartamentos, e um jardim suspenso com
uma grande área comercial embaixo, que seria um
prolongamento da Rua Augusta. José Tjurs, assessorado por
profissionais do setor, aprovou a minha ideia.
O projeto era característico da arquitetura brasileira daquela
época, com ênfase no terraço-jardim e nos pilotis. A
composição arquitetônica era basicamente formada por duas
lâminas: uma horizontal, para uso comercial, que ocupava toda
a área do terreno, e outra, vertical, de apartamentos.
Separando as duas lâminas, havia os pilotis que se apoiavam
sobre o terraço-jardim que serve de cobertura de toda a área
comercial. Além dos pilotis, nesse terraço foram projetados um
salão de festas e uma cúpula geodésica para abrigar o conjunto
de rampas e elevadores do hall central”. (CONJUNTO
NACIONAL, 2019)
Luciana Brasil, destaca que a transição quase imperceptível entre
o espaço público do passeio – a cota da cidade – e o térreo do edifício,
promove relações ímpares nesse novo lugar criado pelo diálogo
estabelecido com o espaço coletivo. A cidade em expansão acolhe o
edifício, que por sua vez abriga as novas funções e necessidades
programáticas que passam a figurar na jovem metrópole, espécie de
simbiose urbana.
Com cerca de 150.000m² de área construída, está distribuído em
dois grandes volumes: um horizontal, que ocupa todo o terreno e outro
vertical, que se desenvolve sobre pilotis, sobre o terraço-jardim do bloco
horizontal.
36
Figura 15 – Esquema Conjunto Nacional
Fonte: Acervo Familiar Digital de Marcelo Libeskind
O setor comercial (volume horizontal), com área de 61.354.5142
metros quadrados, foi destinado a um centro de compras e serviços,
considerado o primeiro shopping center da América Latina e o maior da
América do Sul. Além disso, foi pensado como uma grande praça
pública, decisão de projeto que dá a esse pavimento características
urbanas. Já na parte vertical, as três torres com acessos independentes
permitem a coexistência de usos distintos como escritórios, consultórios e
residências.
A articulação com a cidade ao nível do solo, com as calçadas
em pedra portuguesa adentrando seus espaços internos de pé-
direito generoso por todas as quatro calçadas lindeiras,
demonstra a consciência do arquiteto sobre o novo papel do
edifício de caráter urbano, concebido como extensão do
espaço público. (BRASIL, 2015)
Conforme Viégas (2013), o edifício possui quatro galerias internas
que se encontram em um espaço central onde estão as prumadas de
circulação vertical, compostas por rampas, elevadores e escadas
rolantes. As rampas foram cobertas, no nível do terraço-jardim, por uma
cúpula geodésica que permite a passagem de luz natural.
37
Figura 16 – Corte do edifício
Fonte: ArchDaily, 2015
Figura 17 – Planta Baixa do 1°Subsolo
Fonte: ArchDaily, 2015
38
Figura 18 – Planta Baixa do Pavimento Térreo
Fonte: ArchDaily, 2015
Figura 19 – Planta Baixa do 1°Pavimento de lojas
Fonte: ArchDaily, 2015
39
Figura 20 – Planta Baixa do 2°Pavimento de lojas
Fonte: ArchDaily, 2015
Figura 21 – Planta Baixa do Pavimento tipo dos apartamentos
Fonte: ArchDaily, 2015
40
No final dos anos 70, devido a problemas administrativos, já
mostrava sinais de decadência e abandono. Na madrugada do dia 4 de
setembro de 1978, houve um grande incêndio no Conjunto Nacional,
resultado da má administração da empresa Horsa.
Em 1984, o grupo imobiliário Savoy comprou o que restava do
edifício e passou a administrá-lo, iniciando um período de recuperação
com a realização de diversas obras de restauração, iniciando pela
galeria.
Atualmente o prédio abriga 66 lojas, incluindo a tradicional Livraria
Cultura. Além disso, possui quatro restaurantes e duas salas de cinema,
atrações que ajudam a manter uma circulação diária de cerca de
45.000 pessoas.
Analisando o surgimento e histórico do edifício, percebe-se que
mesmo após um período de abandono e decadência, o mesmo
conseguiu se reestruturar e se modernizar para manter sua vitalidade.
Possivelmente um dos principais fatores para sua constante atividade é a
presença de diversos usos, que atraem públicos diversos e em horários
distintos. Além disso o edifício abriga muitos atrativos para cultura e lazer
que estimulam a presença de visitantes.
6.3.2 Les Galeries Maldà
A Galeries Maldà, localizada num bairro Gótico de Barcelona, é
uma das primeiras galerias da cidade, fundada em 1942, conforme diz
March (2017) foi projetada pelo arquiteto Josep Maria Sagnier, e
construída durante a primeira guerra nos jardins do palácio de Rafael
d'Amat i de Cortada, barão de Malda, original do século XVII.
41
Figura 22 – Galeries Maldà na década de 1940
Fonte: MARCH, 2017
Em 4 de dezembro de 1945, o cinema Maldà foi inaugurado em um
antigo salão do Palácio e em 1980 outro dos aposentos do palácio foi
convertido no espaço teatral Círcol Maldà, como já havia sido feito pelo
Barão de Malda em 1799. Antes de ser um cinema, o antigo salão tinha
sido um teatro de fantoches.
Durante uma reforma do cinema, em 2006, atrás da tela
apareceu entre outras ruínas, um nicho de uma antiga capela
construída durante a Guerra Civil pela Associação de Mulheres
Patrióticas Bascas. Tinha uma capacidade de cerca de
setecentas pessoas e celebravam-se missas e celebrações
religiosas clandestinas, como explicaram Albert Manent e Josep
Raventós na Igreja Clandestina da Catalunha durante a Guerra
Civil (1936-1939). (MARCH, 2017, tradução nossa)
Em suas instalações, há uma predominância maior de lojas de
moda e acessórios, incluindo moda infantil. Conta também com lojas de
decoração, bem como espaços dedicados para presentes, joias ou
bijuterias.
Pauné (2011) afirma que após cerca de quatro anos em stand by
devido às divergências entre os quatro proprietários e a lenta gestão das
licenças para obras municipais, o complexo comercial iniciou o trabalho
de melhoria e renovação interior. A primeira fase de construção
começou em setembro de 2011, em um dos corredores que levam à
Calle del Pi.
42
Figura 23 – Obra na Galeries Maldá
Fonte: PAUNÉ, 2011
A primeira fase envolve a demolição da superfície das paredes
e do telhado sem fechar os espaços afetados ao público. Foram
instalados andaimes e lonas que permitem aos clientes percorrer
os corredores abaixo dessas estruturas. "Estamos muito satisfeitos,
tanto pessoalmente como para a cidade, porque uma área
histórica como esta não poderia ser deixada a definhar", diz
Francisco Ocaña, presidente da associação empresarial das
galerias, que inclui uma dezena de lojas. (PAUNÉ, 2011, tradução
nossa)
Pauné (2011) afirma que o projeto de reforma dos arquitetos Pere
Brualla e Jordi Balaguer, é chamado Els carrers nous de Gòtic, com uma
durabilidade de 20 a 30 anos e é baseado em uma ideia do próprio Barão
Maldà, que construiu o palácio central no século XVII (localizado dentro
do bloco, não visível da rua). A característica mais marcante é a
sinalização de pavimentação e interior, que vai imitar os azulejos,
mobiliário urbano (bancos, vasos e cestos de lixo) e sinais de trânsito para
dar continuidade a rede rodoviária.
Os cinco acessos foram um pouco alargados, reduzindo a área das
primeiras lojas, e cada corredor será nomeado como por exemplo
“Carrer Baró de Maldà”, que é sinalizado com placas de mármore
branco assim como nas ruas de Barcelona. Os tetos serão cobertos com
tábuas onduladas de madeira e aproveitará a reforma para também
construir uma área de banheiro e um espaço central para sentar, ler ou
beber. O cinema e o teatro permanecerão abertos e serão
43
potencializados. Além disso, com a nova imagem aparecerão elementos
arquitetônicos que estavam escondidos pelas lojas, como uma torre,
vários tetos em caixotões e as escadas de acesso aos quartos nobres.
Figura 24 – Obra na Galeries Maldá
Fonte: PAUNÉ, 2011
Pauné destaca que além de melhorar desorientação causada
pelo layout atual e tentar pegar o dinamismo comercial do bairro, esta
reforma dará homogeneidade estética ao complexo. Outro objetivo,
mais pragmático, é se adaptar às normas vigentes e reparar vazamentos,
clarabóias rachadas e revestimentos soltos, causados pela falta de
manutenção do edifício.
Considerando que cerca de 70% das instalações estavam vazias,
Pauné (2011) relata que a reforma visava relançar as galerias, que tinham
uma imagem sem alma para a quantidade de vitrines vazias ou cobertas
e o layout labiríntico dos corredores.
Segundo Gutiérrez (2018), atualmente, a histórica Galeries Maldà,
no coração de Barcelona, procura uma nova estratégia para recuperar
o tempo de esplendor. Depois de anos em declínio, o centro comercial
está apostando em negócios exclusivos que ajudam a revitalizar as
vendas, como lojas especializadas no universo de Harry Potter, 'Game of
Thrones’ e 'Dragon Ball'.
44
Figura 25 – Entrada da Galeries Maldà atualmente
Fonte: Tripadvisor, 2019
Gutiérrez (2018) afirma que a empresa “Reino de Juguetes” está
por trás das novas iniciativas comerciais e em outubro de 2018, abriu a
loja Muggles Alley, dedicada à venda de produtos Harry Potter e depois
de anos com pouco movimento, foram formadas filas e aglomerações
dentro das galerias. Seis meses depois, o fenômeno se repetiu com a
abertura de um local centrado no mundo de 'Game of Thrones’.
Figura 26 – “Loja Reino de Juguetes” na Galeries Maldà
Fonte: Tripadvisor, 2019
45
Com essa nova estratégia, de acordo com Gutiérrez (2018), a
Galeries Maldà conseguiu alugar quase todas as instalações na área
renovada. Betina Aparicio, uma representante de parte da propriedade,
afirma que está buscando lojas especializadas para que as grandes
empresas multinacionais não as tornem competitivas, ela destaca que
"Uma loja de roupas dificilmente pode competir com cadeias como H &
M, Zara ou Mango”.
Entretanto, o principal obstáculo para crescimento são os
desentendimentos entre os proprietários, que já impediram que o
processo de renovação se estendesse por toda a galeria, e o resultado é
visível, já que apenas cerca de 30 lojas estão em funcionamento de um
total de 60.
Na galeria existem diversos negócios desde lojas de chocolates, o
cinema Maldà, até as lojas de recordações, algumas delas estão lá há
muitos anos e ainda estão abertas. Conforme relata Gutiérrez (2018), nos
últimos meses depois da abertura das lojas temáticas, houve um aumento
de cerca de 10% nas vendas e um aumento de compradores no local.
Observando os acontecimentos e a situação atual da galeria,
pode-se perceber que a reestruturação e implantação de novos usos
especializados (como também aconteceu no caso da Galeria do Rock),
podem resgatar o uso de galerias, e atrair pessoas para o edifício.
6.3.3 Requalificação do Mercado Municipal de Pinheiros – SP
O Mercado Municipal Engenheiro João Pedro de Carvalho Neto,
conhecido como Mercado Municipal de Pinheiros, localizado no bairro
de Pinheiros em São Paulo – SP, foi inaugurado em 10 de agosto de 1910.
Na época era conhecido como “Mercado dos Caipiras”, devido à sua
utilização por comerciantes e produtores do interior de São Paulo.
46
Figura 27 – Mercado de Pinheiros
Fonte: Arquivo Arq
Segundo Leal (2018), o prédio original do Mercado foi demolido
décadas depois de sua inauguração, devido a construção da Avenida
Brigadeiro Faria Lima. Em março de 1971, o mercado foi reinaugurado no
atual endereço. O novo edifício foi construído em dois andares, com
4.000 m² de área de vendas.
Figura 28 – Planta Pavimento inferior
Fonte: Arquivo Arq
47
Figura 29 – Planta Pavimento superior
Fonte: Arquivo Arq
Leal (2018) destaca que nos últimos anos, o mercado passou por
algumas obras de revitalização do espaço. Em 2006, foi construído um
deck (piso feito em madeira para dispor mesas ao ar livre) no segundo
andar.
Figura 30 - Deck ao ar livre que recebe mesas e cadeiras
Fonte: IWASHITA, Shoichi
Conforme descreve Leal (2018), atualmente, o mercado possui 39
boxes divididos em: empório (venda de cereais, grãos, condimentos e
48
especiarias, enlatados em geral entre outros), mercearia, frios e laticínios,
charutaria, quitanda (venda de frutas, verduras e legumes), açougue,
lanchonete, peixaria, avícola, cereais e floricultura. Também conta um
estacionamento gratuito de 1.742 m², com capacidade para 60 veículos.
“O prédio imponente acabava escondido entre o movimento da
Teodoro Sampaio e o também renascido Largo da Batata. Mas desde o
final do ano passado isso vem mudando e o espaço ganhou nova luz.“
(LEAL, 2018).
Segundo o site Catraca livre (2019), em 2014 se iniciou um
movimento de revitalização que reuniu eventos de comida de rua e
culminou na instalação da Comedoria Gonzales. Nela, o Chef Checho
Gonzales serve ceviches e alguns outros quitutes da culinária boliviana.
Já em 2018, o Chef Alex Atala trouxe um ar mais gourmet para o
mercadão e alguns boxes antigos passaram a ser ocupados pelo Instituto
Ata, cada um representando os cinco biomas brasileiros: Pampas,
Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado.
Logo em seguida o restaurante Mocotó também instalou um café
e trouxe alguns itens do seu famoso cardápio. Após todo esse processo,
o Mercado de Pinheiros ganhou destaque na mídia e o público
aumentou quase que 50%, segundo o Catraca Livre (2019).
Figura 31 – Mercado de Pinheiros atualmente
Fonte: IWASHITA, Shoichi
49
Deste modo, vemos que com a implantação de outras lojas com
novo design, foi atraído um novo público para o local, aumentando o
fluxo de clientes e assim até mesmo os antigos lojistas passam a vender
mais.
6.3.4 Time Out Market Lisboa
O Time Out Market Lisboa se encontra no mesmo edifício do
Mercado da Ribeira e segundo Freire (2018) teve início em 2014, quando
o grupo português que publica a revista Time Out na cidade conseguiu
a concessão de metade do Mercado da Ribeira e abriu o espaço para
os restaurantes contemplados por seus críticos gastronômicos com 4 ou 5
estrelas. Ali os restaurantes montaram pequenas filiais com cardápio,
porções e preços reduzidos.
Figura 32 – Time Out Market Lisboa
Fonte: Martinha Andersen, 2018.
50
Andersen (2008), descreve o local como um foodhall e área
gastronômica que tem os melhores restaurantes e chefs de Lisboa. O
espaço reúne mais de 30 restaurantes e comporta mais de 750 pessoas.
Nos stands estão alguns dos melhores restaurantes e chefs de Lisboa
representados. A proposta do local é que você possa escolher e pegar
alimentos e bebidas de um ou vários restaurantes de sua escolha, e se
sente na área de alimentação, onde você poderá interagir com outras
pessoas, com longas e modernas mesas comuns, incentivando as
pessoas a se sentarem juntas.
Figura 33 – Time Out Market Lisboa
Fonte: Sílvia Oliveira, 2018.
Segundo Oliveira (2018), funciona como uma grande praça de
alimentação com mesas coletivas que lotam nos finais de semana. A
excelente qualidade da comida, transformou o Mercado da Ribeira num
grande atrativo de público e um dos motivos também são os preços
acessíveis.
51
6.4 A Galeria Wilson Vaz2
6.4.1 Localização e Contexto histórico
O objeto de estudo, a Galeria Wilson Vaz, está localizado no centro
do Estado do Tocantins, na cidade de Palmas, considerada a última
capital brasileira planejada do século XXI, Brito (2009) afirma que a
cidade foi criada no ano de 1989, pós-concretização da criação do
Estado do Tocantins no dia 5 de outubro de 1988.
Figura 34 – Localização de Palmas
Fonte: Elaborado pela autora
Brito (2009) ressalta que Palmas, mesmo se tratando de uma cidade
planejada, não fugiu à regra da especulação imobiliária, se tornando um
espaço dominado por intervenção política contraditória. Assim o Estado
teve grande poder e passou a controlar a ocupação da cidade, já que
possuía a maior parte das terras, o que poderia ter sido positivo se não
tivesse tido a interferência partidária ideológica, somada a um desfalque
nos recursos financeiros gerando uma ocupação especulativa e rarefeita
na cidade, como podemos perceber no mapa (Figura 35).
2 A Galeria Wilson Vaz teve seu nome alterado pelo atual proprietário e passou
a se chamar Centro Empresarial Tukana, apesar de ser popularmente conhecida pela
antiga denominação.
52
Figura 35 – Mapa Densidade Populacional e centro comercial de Palmas - TO
Fonte: BRITO, 2009
53
Em entrevista concedida a Roberto de Almeida Bottura, o arquiteto
e urbanista Luis Hildebrando Ferreira Paz, ao ser questionado sobre a
ocupação da JK e o centro comercial, afirma que:
Na primeira licitação, o Siqueira já usou uma estratégia de
especulação imobiliária. Com os lotes em malha, ele vendia um
lote, deixava um vazio, vendia o seguinte, deixava outro vazio e
assim sucessivamente. Ficaram estes vazios para vender depois.
Sempre deixando vazio urbano. (PAZ, 2019)
Comprovando assim o controle da ocupação na cidade e a
especulação imobiliária. Questionado sobre como era a venda dos lotes,
ele afirmou que após a primeira licitação, houve uma reunião em que
Siqueira Campos (governador na época) determinou que fossem
selecionados os lotes do centro que seriam oferecidos em balcão e
então Hidelbrando selecionou uma faixa contínua de uma quadra
inteira.
O arquiteto relatou: “A gente vendia no balcão direto. Havia um
documento que você pode resgatar que a pessoa assinava que teria de
construir para não perder o lote. Isso assustava porque senão todo
mundo compraria” (PAZ, 2019).
Brito (2009) ressalta que o centro financeiro e comercial da cidade
começou a tomar força após o ano 1994, devido a aglomeração em
prédios próprios das instituições financeiras, em sua maioria na Avenida
JK, próximo à Praça dos Girassóis e restritamente no sentido leste da
capital. Nessa área da cidade se percebe que o fluxo de pedestres é
bem maior comparado a outros locais, e isso se deve a dinâmica do
centro financeiro, que valoriza o local e seu entorno.
O autor também destaca que o lado oeste não possuía a mesma
dinâmica financeira da área leste, possui apenas uma agência do Banco
do Brasil e uma agência do Unibanco. Sua dinâmica principal está
concentrada sobre o comércio de papéis e hotelaria. Mas os dois lados
possuíam centros comerciais principais da cidade. Na ACNO (Área
Comercial Norte Oeste) I, o Centro Comercial Turim, que até 1996 foi um
dos principais centros comerciais da cidade.
54
Brito (2009) afirma que o desenvolvimento comercial deste centro
se deve, em grande parte, pelo agrupamento de trabalhadores em
barracos de madeiras construídos nas quadras: ACNO 1, 11, ACSU-NO
(Área Comercial e Serviço Urbano Norte Oeste) 10, ACSU-NE (Área
Comercial e Serviço Urbano Norte Leste) 10 e ACNE 11. Os moradores da
ACSU-NO 10 e ACSU-NE 10 estavam todos morando provisoriamente no
local, por ser uma área era destinada aos estabelecimentos públicos
federais.
Inserido nesse contexto, em 1992, foi inaugurado o Centro
Comercial Wilson Vaz, que na época chegou a ser considerado pela
população o primeiro shopping center da capital.
Figura 36 – Galeria Wilson Vaz em 1992
Fonte: Thenes Pinto, 1992.
O Centro Comercial Wilson Vaz até o ano de 1996, foi o principal
sub-centro comercial do Plano Básico da cidade de Palmas.
Após esta data, principalmente com a instalação do Palmas
Shopping e do Free Shopping, a decadência deste centro foi
inevitável, chegando em 2006 como um local pouco
frequentado (BRITO, 2009).
55
Brito (2009) faz uma interessante colocação ao perceber que na
época (final da década de 1980) a política de comercialização no Brasil,
já estava focada nos shoppings e Palmas, que é considerada uma
cidade de arquitetura modernista, mesmo assim absorveu os centros
comerciais já ultrapassados.
Então o autor conclui que os processos produtores de uma cidade
acontecem por uma temporalidade que obedece a própria dinâmica
da construção espacial. A transformação da natureza em um espaço
modificado pelo homem, mesmo em uma cidade planejada, levaria
tempo, foi o que permitiu no estágio inicial apenas a construção de
centros comerciais, preservando os espaços mais elitizados para o
segundo estágio que já era o da cidade com seus traçados formados.
Em Palmas os dois primeiros shoppings foram inaugurados em 1996,
ou seja, passaram mais de seis anos para que a cidade recebesse os
primeiros shoppings, no período em que as áreas do chamado Plano
Diretor já estavam mais ocupadas por moradias definitivas, substituindo
os antigos barracões usados pelos construtores dos edifícios públicos e,
as principais avenidas já estavam asfaltadas facilitando o tráfego no
centro da cidade. Assim se confirma o pensamento de Santos, ao afirmar
que:
um grande supermercado ou shopping center seriam incapazes
de existir se não fossem servidos por vias rápidas,
estacionamentos adequados e acessíveis, sistemas de
transportes públicos com horários regulares e conhecidos e se,
no seu próprio interior, as atividades não estivessem
subordinadas a uma coordenação. (SANTOS, 1996, p. 145).
Por volta de 2001, em Palmas já existiam alguns centros comerciais
e shoppings, como podemos ver em um folheto da época divulgado
pela Prefeitura da cidade (figuras 37 e 38). Nele podemos perceber que
já existiam pequenos shoppings e algumas galerias e o comércio era um
setor em constante crescimento.
56
Figura 37 – Caderno sobre Palmas - Comércio
Fonte: PALMAS, 2001.
Figura 38 – Caderno sobre Palmas - Comércio
Fonte: PALMAS, 2001.
Para Brito (2009) outro aspecto a ser levado em consideração é a
origem da população, porque isto influenciou na vida cotidiana. Para
tanto, com a formação do quadro de funcionários do Estado por meio
57
de concurso público, possibilitou que estas vagas fossem ocupadas por
pessoas vindas dos grandes centros urbanos e, foram estes moradores
que buscavam mais os shoppings por já terem este costume em suas
cidades, se contrapondo as pessoas vindas do interior, que na maioria
tinha hábitos mais ligados ao campo.
Foi a partir do ano de 1995 que uma outra migração começou
a chegar em Palmas, o que proporcionou uma nova forma de
apropriação da cidade, pois, os trabalhadores da construção
civil em sua maioria já estavam relocados para a região de
Taquaralto e para a Vila Independência e, a população que
começava a chegar em Palmas era pessoas com poder
aquisitivo melhor e mais exigentes (BRITO, 2009).
Como Palmas teve uma forma de ocupação heterogênea, com a
população de maior poder aquisitivo morando predominantemente nas
áreas centro-sul, os shoppings acabaram por se estabelecer mais
próximos dessas regiões, que são onde se localiza a maior parte do
público-alvo.
Com o surgimento dos shoppings, gradativamente as galerias
foram entrando em decadência, “apresentando no ano de 2006 como
espaços sem dinâmica comercial” (BRITO, 2009). De acordo com Villaça:
os shoppings vêm apresentando, entretanto, uma participação
significativa no prosseguimento do esvaziamento dos centros
principais de nossas metrópoles, embora o declínio desses
centros tenha se iniciado antes da vulgarização dos shoppings.
Como os centros principais tradicionais atraíam clientela de alta
renda e os shoppings também, os últimos têm contribuído mais
para o prosseguimento do esvaziamento dos centros principais
do que dos subcentros (VILLAÇA, 2001, p. 308 apud BRITO, 2009,
p.12).
Maricato também ressalta que “a cada nova grande avenida
imobiliária, cada novo grande shopping center, corresponde algum
declínio de negócios tradicionais” (MARICATO, 2001, p. 139 apud BRITO,
2009, p.13), assim percebemos que um dos principais motivos para o
declínio dos antigos centro comerciais, não só em Palmas, como em
outras cidades, foi o surgimento de novos grandes empreendimentos
como shoppings centers.
58
Figura 39 – Localização da Galeria Wilson Vaz na cidade
Fonte: Google Earth, 2016 (Elaborado pela autora)
59
6.4.2 Entorno
Atualmente, o entorno do edifício se caracteriza
predominantemente por comércios e algumas quadras residenciais
próximas, conforme o mapa abaixo (Figura 40). É uma região da cidade
que já está praticamente toda ocupada, e possui muitos moradores e
bastante movimento no setor comercial.
Figura 40 – Mapa de usos do entorno
Fonte: Elaborado pela Autora, 2019
6.4.3 Processo evolutivo
Para se compreender melhor todo o processo evolutivo e os
motivos da situação atual da Galeria Wilson Vaz, foram pesquisadas
diversas fontes que pudessem trazer informações históricas e vivências,
entre eles os próprios lojistas, sendo muitos deles pioneiros da galeria.
60
O edifício foi construído ocupando um quarteirão inteiro na região
central da cidade (figura 41), anteriormente a área era composta por 10
lotes (1 a 10), sendo que os mesmos foram remembrados3 no ano de 1991,
através de processo com a devida aprovação pela prefeitura, resultando
em um lote que passou a ser denominado 1-A, com área total de
6.400m², e de uso Comercial destinado ao comércio e serviço central, de
acordo com documentação referente ao imóvel consultada na
Prefeitura de Palmas.
Figura 41 – Mapa de localização do lote
Fonte: GEO Palmas (editado pela autora)
Apesar do Memorial Descritivo da quadra apresentar que uma das
vias lindeiras ao lote foi aprovada como exclusiva para pedestres,
podemos constatar que a mesma se encontra pavimentada e com fluxo
de veículos. As demais vias lindeiras ao lote (Av. LO-3, NS-2 e SE-11)
também estão todas pavimentadas e com fluxos de veículos. Assim
3 Remembramento – é a junção de dois ou mais lotes ou glebas urbanas,
resultando em um novo lote ou gleba. Art. 6º, inciso IX, alínea “d”, da Lei 468/94 que
aprova o Plano Diretor Urbanístico de Palmas (PDUP) e dispõe sobre a divisão do solo do
Município, para fins urbanos.
61
podemos perceber que o edifício está cercado de vias por todos os
lados, facilitando o acesso e fluxo de pessoas.
Vale destacar ainda, que o prédio possui dois bolsões de
estacionamentos, um voltado para a Avenida LO-3, e outro para a Av.
NS-2, facilitando o acesso de clientes e lojistas ao empreendimento.
Posteriormente, em 1992, ano da inauguração da Galeria, foi
emitido o alvará de licença de “habite-se” parcial, para liberação do
alvará de funcionamento das lojas do pavimento térreo, conforme
documento que segue.
Figura 42 – ‘Habite-se” Parcial Nº0293/92
Fonte: Prefeitura de Palmas (Resolve Palmas)
62
A área onde o empreendimento foi implantado, é bem próxima ao
Palácio Araguaia4, que na época era considerado um ponto de
referência para a cidade, por ser uma das maiores edificações e devido
a sua importância político administrativa, assim podemos perceber que
a edificação estava localizada em uma área privilegiada da nova
capital.
No ano de 1994, próximo a galeria, estava também um importante
supermercado da cidade, “O Caçulinha”, localizado na mesma quadra
(figura 43), e como se tratava de um dos maiores na época, atraia muitos
moradores. Outro comércio importante na quadra foi a Valadares Home
Center, loja de materiais para construção, aberta em 1990.
Figura 43 – Alguns comércios pioneiros do entorno
Fonte: Elaborado pela autora
4Palácio Araguaia - Sede do Governo Estadual do Tocantins, inaugurada em
março do ano de 1991.
63
Conforme relato de um dos lojistas mais antigos da galeria,
proprietário da loja de móveis “Ponto do Escritório”, ele foi o terceiro lojista
a se instalar no local, e destacou que no início a quadra não possuía
pavimentação asfáltica, só por volta de 1994/5 que foram pavimentadas
algumas vias. De acordo com ele e alguns outros lojistas pioneiros, além
da galeria, existiam alguns comércios espalhados no entorno e muitos
lotes vagos, que com o passar dos anos foram sendo ocupados.
Figura 44 – Entorno da Galeria em 1992
Fonte: Thenes Pinto, 1992
Podemos notar que logo após sua criação a cidade de
desenvolveu rapidamente, passando a oferecer melhor infraestrutura
para receber novos comércios e moradores, podemos perceber essa
evolução através das fotos presentes em um caderno sobre Palmas,
divulgado pelo Estado do Tocantins, que mostra o desenvolvimento e a
ocupação da região central.
64
Figura 45 – Caderno de divulgação de Palmas
Fonte: PALMAS, 2000
Em entrevista com a proprietária da loja “A Caiçara” que
inicialmente no ano 1994, ocupava uma sala na galeria e posteriormente
expandiu seu negócio, chegando a ocupar quatro salas. Atualmente
possui um ponto comercial próprio na mesma rua da galeria. Ela
destacou que no início o edifício era muito movimentado, com grande
parte das salas ocupadas, sendo considerado o ”point” da cidade, um
verdadeiro shopping e muito frequentado por grande parte da
população.
Segundo ela o movimento era intenso, mas depois da inauguração
do Palmas Shopping ela sentiu que o fluxo de pessoas foi dividido. Outro
lojista pioneiro na galeria considera ainda que o movimento de clientes
hoje pode ser considerado cerca de 50 a 60% do que já foi um dia.
O proprietário da sapataria Borges (que inicialmente trabalhou
como funcionário na sapataria do falecido Senhor Hugo, desde o início
da galeria e atualmente é proprietário de uma sala), relatou que na
galeria existiam diversos tipos de comércio, como bar, restaurante,
65
relojoaria, alfaiataria, barbearia, papelaria, farmácia entre outros.
Destacou ainda, que existiam também muitos vendedores ambulantes
próximos a galeria, o que confirma o fato ter existido um grande fluxo de
pessoas.
Segundo informações da administração da Galeria, em 2010, um
novo empresário assumiu a administração do edifício, que passou a se
chamar Centro Empresarial Tukana. Segundo lojistas, na época surgiram
comentários de que haveria uma possível reforma e melhorias no prédio
para modernizá-lo, no entanto até o momento nada nesse sentido foi
realizado.
Analisando imagens de períodos distintos, podemos perceber que
a galeria passou por pequenas mudanças nas fachadas, com a troca de
revestimento e cores, conforme fotos a seguir.
Figura 46 – Fachada norte em 2011
Fonte: Google Earth, 2011
Figura 47 – Fachada nordeste em 2011
Fonte: Google Earth, 2011
66
Figura 48 – Fachada nordeste em 2017
Fonte: Google Earth, 2017
Figura 49 – Fachada nordeste em 2019
Fonte: Eliseu Lima, 2019
Figura 50 – Fachada Sul em 2011
Fonte: Google Earth, 2011
Figura 51 – Fachada Sul em 2016
67
Fonte: Google Earth, 2016
Figura 52 – Fachada Sul em 2019
Fonte: Eliseu Lima, 2019
6.4.4 Opinião dos lojistas
Em entrevistas realizadas com os atuais lojistas, quando
questionados sobre o motivo de estarem na galeria, grande parte deles
responderam que escolheram o local pela excelente localização, por ser
bem conhecido na cidade e pelo estacionamento gratuito bem
próximo. Os lojistas mais antigos afirmaram que escolheram o edifício
porque na época não tinham muitas opções, e permaneceram até hoje
devido a localização estratégica.
O principal defeito citado pelos lojistas é a falta de manutenção
da estrutura do edifício, consequente da má administração. Uma das
68
lojistas ressaltou que tem medo de algum dia ocorrer algum incêndio por
causa das instalações de gás que foram feitas de forma incorreta (figura
53).
Figura 53 – Instalação de gás na calçada
Fonte: Autora, 2019
Alguns lojistas também destacaram que o aluguel é caro e muitas
salas estão vazias (Figura 54), um deles inclusive sugeriu que o proprietário
reduzisse o valor do aluguel para atrair novos lojistas e assim aumentar o
fluxo de pessoas.
Figura 54 – Salas vazias no térreo
Fonte: Autora, 2019
69
Outra reclamação feita por alguns lojistas foi em relação a
mudança do nome do empreendimento feita pela nova administração,
que alterou de Centro Comercial Wilson Vaz para Centro empresarial
Tukana. Na opinião deles o novo nome não “pegou”, ninguém associa a
galeria ao atual nome, sendo usualmente denominada como “Wilson
Vaz”, que curiosamente é o nome do primeiro proprietário.
Quando questionados o que mudariam no edifício, alguns
propuseram uma reforma e manutenção do prédio, com a intenção de
atrair mais pessoas e outros sugeriram que fosse demolido e reconstruído
de outra forma.
Segundo os lojistas o empreendimento ainda mantém um bom
fluxo de clientes, por ser um local bastante conhecido, mas devido a
localização estratégica tem potencial para atrair ainda mais.
6.4.5 Situação atual
O edifício possui características típicas de uma galeria comercial,
possuindo corredores largos que funcionam como “avenidas internas”,
no pavimento térreo possui um corredor principal e dois que o cruzam,
ambos com 4,80 metros de largura, totalizando assim seis acessos. Os
múltiplos acessos permitem que os pedestres possam utilizar a galeria
para “cortar caminho”, além de permitir diferentes circuitos entre o seu
interior e a cidade.
As quatro escadas estão locadas nas duas extremidades do
corredor principal, sendo duas de cada lado. O segundo pavimento
também possui um corredor principal mais largo, com 4,80 metros de
largura e outros quatro perpendiculares mais estreitos, com 2,50 metros
de largura.
70
Figura 55 – Fachada Norte
Fonte: Autora, 2019
Figura 56 – Fachada Norte
Fonte: Autora, 2019
71
Figura 57 – Fachada Sul
Fonte: Autora, 2019
Figura 58 – Fachada Sul
Fonte: Autora, 2019
72
Figura 59 – Fachada Leste
Fonte: Autora, 2019
Figura 60 – Fachada Oeste
Fonte: Autora, 2019
73
Figura 61 – Corredor secundário Térreo
Fonte: Autora, 2019
Figura 62 – Corredor Principal 1º Pavimento
Fonte: Autora, 2019
74
O terreno possui 6.400,00 m², e um total de 11.868,88 m² de área
construída e 2.918,26 m² de área coberta, sendo 4379,40 m² no térreo,
4.379,40 m² no 1º pavimento e 3.092,76 m² no 2º pavimento. O
empreendimento possui 284 salas, sendo 108 no térreo, 104 no 1º
pavimento e o 2º pavimento que possuía 72 salas encontra-se interditado.
Atualmente apenas 66 salas no térreo e 4 no 1º piso estão em
funcionamento.
A volumetria do edifício é simples e racional, com forma regular
prismática e com marquises de 2,5 m em todas as fachadas. Os dois
andares superiores possuem janelas em todos os lados e o térreo possui
fachadas de comércios voltadas para as ruas. Sua forma realça a
horizontalidade do edifício, que é monótono e possui poucos atrativos
visuais.
Figura 63 – Volumetria e Marquise
Fonte: Autora, 2019
75
Figura 64 – Volumetria
Fonte: Eliseu Lima, 2019
Nas fachadas oeste e sul, estão localizados os dois bolsões de
estacionamento. Há uma grande massa arbórea próxima a fachada
oeste e alguns canteiros próximos ao lote, conforme a imagem aérea a
seguir.
Figura 65 – Vista Superior atual
Fonte: Eliseu Lima, 2019
76
A variedade de ramos de comércios ainda acontece na galeria,
porém em menor quantidade. Existe uma grande quantidade de
estabelecimentos de prestadores de serviços, destacando-se os ateliês
de costura, que predominam em um dos corredores (figura 44). Já nas
salas voltadas para o exterior a maioria é do ramo alimentício, como
restaurantes e lanchonetes.
Figura 66 – Corredor com predomínio de ateliês de costura
Fonte: Autora, 2019
Para compreender melhor os usos atuais e a grande quantidade
de salas vazias, foram elaboradas plantas esquemáticas indicando os
estabelecimentos presentes, separando os também em categorias
conforme imagens a seguir.
77
Figura 67 – Mapa de usos Térreo
78
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 68 – Mapa de usos1° Pavimento
79
Fonte: Elaborado pela autora
A partir das visitas de campo e análise dos mapas de usos,
percebe-se que a maior parte dos comércios ativos estão localizados nas
fachadas externas, que são mais visíveis e consequentemente atraem
mais clientes.
Este fato é confirmado ao se analisar os valores de locação das
salas, onde nota-se que as salas externas do térreo são muito mais
valorizadas em relação as outras (Tabela 1).
Tabela 1 – Valores aproximados para locação das salas
LOCAL VALOR
TÉRREO – EXTERNA (APROX. 80M²) R$3.000,00
TÉRREO – INTERNA De R$800,00 a R$900,00
1º PAVIMENTO De R$600,00 a R$700,00
2º PAVIMENTO Inativo
Fonte: Administração da Galeria, 2019 (Elaborado pela autora)
A partir das visitas in loco, também pode-se perceber as mudanças
no fluxo de pessoas conforme os períodos do dia, pois durante a manhã
e tarde parte dos restaurantes estão fechados ou com pouco movimento
e à noite, quando as outras lojas estão fechadas, os restaurantes já estão
um pouco mais movimentados, conforme imagens a seguir.
80
Figura 69 – Comparação movimento dia e noite
Fonte: Autora, 2019
81
Atualmente o edifício encontra-se praticamente abandonado,
com pinturas e revestimentos já desgastados, piso irregular e vários
sistemas necessitando manutenção. De acordo com os lojistas são
recorrentes os problemas nas redes elétricas e hidráulicas. Outro ponto
que torna a galeria pouco atrativa são os corredores escuros.
Figura 70 – Corredor Térreo
Fonte: Autora, 2019
Conforme informações contidas no site oficial do Ministério Público
Estadual, em junho de 2018 foi assinado um Termo de Ajustamento de
Conduta, proposto pela Promotora de Justiça Kátia Chaves Gallieta, que
atua na área de defesa da ordem urbanística. Nele, o representante do
Centro Empresarial Tukana assume perante o Ministério Público Estadual
(MPE), o compromisso de adotar uma série de medidas de segurança,
prevenção e combate a incêndio, apontadas pelo Corpo de Bombeiros.
O objetivo é garantir a segurança e a integridade física de centenas de
pessoas que trabalham e transitam no local.
82
As orientações do Corpo de Bombeiros contemplam medidas
gerais relativas ao prédio, bem como providências específicas para o
térreo, primeiro e segundo pavimentos. A administração terá que
implantar um sistema de detecção e alarme de incêndio, hidrantes e
chuveiros automáticos anti-incêndio (sprinklers). Também terá que ser
instalada uma central de gás no térreo e formada uma brigada de
incêndio.
As salas que não estão alugadas, não podem ser utilizadas para
depósito. Os corredores também precisam ficar livres, para o caso de
evacuação emergencial.
O acordo também estabelece que o segundo pavimento não
poderá ser utilizado comercialmente até que sejam feitas as adequações
às exigências contidas em projeto do Corpo de Bombeiros,
especialmente quanto ao telhado da construção. O Corpo de Bombeiros
se comprometeu também a realizar vistorias posteriormente, para
conferir se o acordo está sendo cumprido.
Segundo informações do Jornal do Tocantins, no dia 4 de julho de
2019, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), o corpo de
bombeiros embargou, interditou o Centro Comercial e solicitou que
todos os comerciantes desocupassem as salas em dez dias, bem como,
requereu a suspensão do fornecimento de energia e o uso dos botijões
de gás do prédio. Segundo eles, uma vistoria teria encontrado anomalias
e vícios que causam riscos para os ocupantes.
Em notícia veiculada no site oficial do G1 Tocantins, o corpo de
bombeiro afirma que o telhado da galeria poderia cair a qualquer
momento, e que desde 2011 eles cobram para que os proprietários
realizem obras de melhorias estruturais e a instalação dos sistemas de
prevenção a incêndios. Segundo eles, assim que o proprietário executar
as melhorias, o centro comercial será reaberto.
83
Figura 71 – Notícia veiculada em meio online
Fonte: G1 Tocantins
Figura 72 – Comerciantes no local durante interdição
Fonte: Jornal do Tocantins (Foto: Djavan Barbosa)
Conforme informações do Ministério Público do Tocantins (MPTO),
a administração da galeria informou aos Bombeiros, através de relatórios
acerca da realização parcial de reparos e de reformas que garantiriam
a segurança de comerciantes e consumidores.
Segundo Inquérito Civil Público instaurado pela 23ª Promotoria
de Justiça da Capital, responsável pela defesa da ordem
urbanística e defesa do consumidor, a “Galeria Tukana”
apresenta irregularidades que colocam em risco a segurança
dos frequentadores do local. A investigação demostrou que não
há sistema de segurança e de prevenção de incêndios na
galeria e que existem falhas em sua estrutura física. (MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TOCANTINS, 2019)
84
Posteriormente, segundo o Ministério Público do Tocantins (MPTO),
para que fosse evitada a interdição prevista para o dia 17 de julho de
2019, o órgão propôs um novo Termo de Ajuste de Conduta (TAC), no dia
16 de julho de 2019, tendo como compromissários a representante do
centro empresarial e o Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins. O
acordo estabeleceu uma série de condições à direção Centro
Empresarial Tukana.
Diante da manifestação de interesse em resolver todas as
irregularidades, ficou estabelecido no novo TAC que o centro
empresarial apresentará, nesta quarta-feira, 17, laudo técnico
que assegure que a estrutura da galeria, inclusive colunas, vigas
e lajes, são seguras e não correm risco de desabamento. Além
disso, deverá comprovar a realização de adequações
necessárias no funcionamento dos sistemas de segurança e de
prevenção e combate de incêndios, inclusive com a instalação
e funcionamento de hidrantes e alarme de incêndio.
(MINISTÉRIO PÚBLICO DO TOCANTINS, 2019)
Assim podemos perceber a importância e a necessidade de um
novo projeto para requalificação e melhoria das estruturas do edifício,
que possui um grande potencial comercial, devido a sua localização,
mas encontra-se abandonado e apresentando riscos para a população.
7 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
7.1 Retrofit
7.1.1 Definição e conceito
O conceito de retrofit, segundo Barrientos (2004) surgiu no fim da
década de 90 nos Estados Unidos e na Europa. Inicialmente era utilizado
na indústria aeronáutica, e se referia a atualização de aeronaves aos
novos e modernos equipamentos disponíveis no mercado e,
posteriormente, passou a ser empregado também na Construção Civil.
O retrofit é um recurso para requalificação de edifícios e espaços
urbanos, e de acordo com o Conselho Brasileiro de Construção
85
Sustentável (CBCS) (2013), o termo retrofit foi criado a partir da junção do
termo retro, do latim, que significa movimentar-se para trás e do termo fit,
do inglês, que significa ajustar-se, resultando na definição, em português:
“reconversão”.
De acordo com matéria publicada no blog Galeria da Arquitetura
(2018), “retrofitar”, segundo o Michaelis Dicionário da Língua Portuguesa
que dizer: “reabilitar ou reciclar prédios antigos e espaços urbanos,
incorporando algo mais moderno”. Sendo assim a solução vai além da
reforma, pois dá sobrevida a imóveis obsoletos, que muitas vezes já estão
até desocupados, e garante sua valorização no mercado imobiliário.
Segundo o CBCS (2013), no caso da construção civil, retrofit é uma
intervenção feita em um edifício com o objetivo de incorporar melhorias
e alterar seu estado de utilidade. Este conceito de recuperação de um
patrimônio que esteja subutilizado ou inutilizado, não acontece apenas
na escala da edificação, mas também no entorno urbano.
Barrientos (2004), afirma que a ideia diz respeito ao processo de
modernização e atualização de edificações, com o objetivo de torná-las
contemporâneas. Entende-se também que este conceito envolve
restauro e compatibilização de benfeitorias às necessidades de
desempenho dos usos tradicionais e inovadores da edificação.
Segundo a Norma de Desempenho (NBR 15.565), retrofit é a
"remodelação ou atualização do edifício ou de sistemas, através
da incorporação de novas tecnologias e conceitos,
normalmente visando a valorização do imóvel, mudança de
uso, aumento da vida útil e eficiência operacional e energética".
(CONSELHO BRASILEIRO DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, 2013)
Retrofit é um termo técnico utilizado nas áreas de Engenharia e
Arquitetura que significa atualização tecnológica, a fim de
valorizar edifícios antigos prolongando sua vida útil, seu conforto
e funcionalidade através da incorporação de avanços
tecnológicos e da utilização de materiais de última geração.
(BARRIENTOS, 2004)
Barrientos (2004), destaca também que o retrofit não se limita
apenas restauração de edifícios antigos de valor arquitetônico e
86
tombados pelo patrimônio histórico. Sendo assim, edifícios de pouco mais
de 15 anos podem necessitar de alterações em seus sistemas.
Para Caio Sergio Calfat Jacobe, diretor da CJ&N Real Estate
Consulting, o retrofit: é a moderna face do antigo, o
renascimento no lugar da destruicão. Edifícios decadentes
ganham fachadas renovadas e valorizadas, estabelecendo um
diálogo com modernas instalacões, comodidade e conforto
tecnológico do século XXI, convivendo em harmonia com
fachadas bem trabalhadas, afrescos e detalhes de
acabamento restaurados de séculos anteriores. A aparência
pode não mudar, mas os valores certamente mudam, embora
a edificacão e todas as suas referências permanecam
preservadas. (BARRIENTOS, 2004)
Na Europa, esta modalidade construtiva de reformas e
reabilitações tem se tornado rotineira, e chega a 50% das obras. Em
países como a Itália e a França, este índice aumenta para 60%
(Arquitetura.com.br,2010 apud MORAES; QUELHAS, 2012). Segundo
Moraes e Quelhas (2012), estes países têm utilizado o método de
reabilitação em edificações residenciais, comerciais e industriais, com o
objetivo de valorizar velhas edificações, prolongando sua vida útil por
meio da incorporação de avanços tecnológicos e utilização de materiais
e processos de última geração. Além disso é considerada uma prática
mais econômica e eficiente do que a demolição.
Qualharini (2000 apud MORAES; QUELHAS, 2012) descreve o retrofit
como sendo o processo de interferir em um bem, que foi executado em
padrões impróprios para as necessidades atuais.
Assim, retrofit, em sua forma original, é qualquer tipo de reforma,
a renovação completa de uma edificação, uma intervenção a
um patrimônio, ou seja, colocar o velho em forma de novo
preservando seus valores estéticos e históricos originais, além de
trabalhar com o conceito de sustentabilidade, na medida em
que busca preservar os elementos que caracterizam a
edificação ao invés de simplesmente descartá-los. (MORAES;
QUELHAS, 2012, p.449)
Para Croitor (2009), o retrofit pode ser utilizado não somente em
edificações antigas, mas se aplica também, quando há interesse do
empreendedor pela substituição de sistemas prediais ineficientes e/ ou
87
inadequados, pela mudança de uso do imóvel ou, também, quando as
edificações se encontram inacabadas e abandonadas.
Para Moraes e Quelhas (2012), diversos fatores justificam o uso do
processo do retrofit, destacando-se:
• Aproveitamento da infraestrutura existente no entorno e da
sua localização;
• Impacto na paisagem urbana;
• Preservação do patrimônio histórico e cultural;
• Déficit habitacional e a sustentabilidade ambiental;
• Mais econômica e eficiente do que a demolição seguida de
uma reconstrução.
Em matéria publicada na revista Homefy, Amanda Tiedt e Fabiola
Cordeiro (2018), explicam que o retrofit também está ligado à
preservação da memória de determinado tempo-espaço, com a
reutilização de uma edificação. Para que isso aconteça, se deve buscar
novas soluções para fachadas, instalações elétricas e hidráulicas,
circulação, proteção contra incêndio, entre outros.
As autoras também relatam que normalmente se escolhe o retrofit
quando:
1. A recuperação do imóvel é mais barata do que o custo final
de uma obra nova.
2. Se quer construir em uma região específica, e não existe mais
terrenos disponíveis.
3. No caso de uma edificação histórica, essa intervenção cria
condições para novas funções e facilita o seu uso. (TIEDT;
CORDEIRO, 2018)
Segundo elas, o retrofit exige que se encontrem soluções para que
mesmo em uma edificação antiga, se obedeça às normas vigentes. O
objetivo dessas intervenções não é apenas estético, pois além de
valorizar o imóvel, possibilita modernizações e adequações para novos
usos.
Tiedt e Cordeiro (2018) ressaltam que o retrofit pode realizar
alterações radicais na edificação, como a inserção de estruturas
metálicas ou a troca de vidros e janelas.
88
As etapas de uma obra de retrofit geralmente são: demolição
controlada, reforço na estrutura, fechamento e vedação,
acabamentos, substituição e modernização da elétrica,
telefonia e dados, hidráulica e ar condicionado, piso elevado
(se necessário) e, por fim, os acabamentos da fachada e do
paisagismo. (TIEDT; CORDEIRO, 2018)
7.1.3 Aplicação na Galeria Wilson Vaz
Para a Galeria Wilson Vaz foi proposto o retrofit por se tratar de uma
edificação que além de estar em decadência, já é uma construção
relativamente antiga, e que atualmente não atende às normas atuais,
como por exemplo o acesso de pessoas com necessidades especiais,
sistemas de segurança e proteção contra incêndio.
Outro fator importante é a grande simbologia local do edifício, por
se tratar de uma das primeiras galerias comerciais de Palmas, localizada
no centro da cidade em uma região que já é bem desenvolvida e
estruturada.
Por estes motivos, viu-se a demanda de manter o prédio, e
recuperar seu uso e a vitalidade local, por meio do retrofit, já que seu
objetivo principal é dar espaço para as tecnologias atuais e tornar o local
mais seguro, mantendo suas características originais e esta seria a forma
mais vantajosa de requalificar a Galeria Wilson Vaz.
7.2 Adequações de uso
Principalmente devido a localização do edifício, no centro
comercial e financeiro da capital, onde predomina o comércio, foram
propostas, além do tradicional comércio já existente, outras atividades
que se adequam ao local e que podem atrair um grande público para
o empreendimento, não só em horário comercial e de maior fluxo, mas
em outros horários do dia.
89
7.2.1 Lojas
Para o térreo, pensou-se em manter as salas externas das fachadas
norte e sul com lojas, que é uma tipologia já existente no local e que atrai
um bom público, esse uso foi mantido apenas na parte externa pois suas
vitrines estão voltadas para as avenidas, o que atrai mais clientes.
Dessa forma, os lojistas que ocupam o edifício atualmente podem
manter seus comércios no prédio. Cada loja conta com um lavabo e um
depósito exclusivo, além disso, caso o lojista demande mais espaço, tem
a possibilidade de alugar mais de um módulo de loja e remover as
divisórias.
7.2.2 Praça Gastronômica
Na parte interna do térreo, com acesso principal pela fachada
leste, se propõe uma praça gastronômica, que funcionará de forma
semelhante ao que acontece no Time Out Market Lisboa dentro do
mercado da Ribeira em Lisboa (Ver item 6.3.4).
Aplicando a referência para a Galeria Wilson Vaz, foi proposto um
grande salão com pé direito triplo, que permite integração visual com os
demais pavimentos, além disso, possui entradas de iluminação natural.
O ambiente propõe diversos tipos de mesas, desde individuais até
grandes mesas compartilhadas e os restaurantes têm em seus cardápios,
pratos típicos da culinária tocantinense e da região norte do país,
servidos a preços populares, semelhante ao que também acontece no
festival gastronômico de Taquaruçu.
7.2.2 Academia
Ao propor a academia, a ideia foi trazer para o edifício um
estabelecimento que principalmente devido a localização central na
90
cidade, atrairá muitas pessoas que trabalham ou moram na região, e até
mesmo outros usuários da galeria. Além disso seria um público fixo e
durante diversos períodos do dia.
A academia ocupa parte do térreo e primeiro pavimento, com sua
fachada principal voltada para a Avenida NS-02, que também possui um
bolsão de estacionamento que facilita o acesso dos usuários.
A fachada principal possui permeabilidade visual com o exterior,
funcionando como uma vitrine que atrai os usuários. No interior da galeria
os ambientes da academia também se integram visualmente com os
outros usos.
7.2.3 Coworking
A galeria desde o seu início, sempre foi um local que atraiu
empresas, lojistas e escritórios, porém com o passar do tempo e com a
decadência da galeria, o local não se tornou atrativo para este público.
A nova proposta da galeria, busca atrair novamente os empresários e
profissionais liberais de diversas áreas, em um espaço de coworking, que
é um ambiente de trabalho que vem se popularizando atualmente.
Segundo Pinheiros (2014), coworking é um tipo de escritório
compartilhado por vários profissionais de diferentes empresas e ramos
empresariais. Os profissionais dividem o espaço físico, conversando,
trocando experiências e aumentando seu networking5.
Coworking é o “fenômeno” de trabalhadores reunidos em um
espaço compartilhado ou colaborativo por uma ou mais das
seguintes razões: reduzir custos resultante da infraestrutura
compartilhada, fazer parte de uma comunidade de
empreendedores e extrair ao máximo a colaboração das mais
diversas áreas de conhecimento, ou seja, a interdisciplinaridade.
Assim, para compreender o que são esses espaços de
coworking é necessário conhecer o espaço fisicamente e o
contexto social, econômico e tecnológico no qual se insere.
(DEGUZMAN e TANG, 2010, apud NOVAES, 2013).
5 Networking: rede de contatos que o profissional se relaciona durante sua
carreira profissional.
91
Considerando a localização da Galeria Wilson Vaz se pode
perceber a predominância de edifícios comerciais na região, o que
torna o local atrativo para o estabelecimento de edifícios comerciais.
Com a inserção do coworking, a galeria atrairá uma grande
movimentação de usuários, principalmente durante o horário comercial.
O coworking estará localizado no 1° e 2° pavimento, dispondo
desde salas privadas, até um grande ambiente de trabalho
compartilhado, contando também com áreas comuns e ambientes de
descontração, como por exemplo a sala de jogos.
7.2.4 Áreas comuns
Para atender a todos os clientes, usuários e comerciantes, foram
distribuídos banheiros também nas áreas comuns de todo o edifício, já
que atualmente existem sanitários apenas no interior das lojas. Para
facilitar a locomoção dos usuários, também foi proposta a circulação
vertical dividida em quatro blocos de escadas e dois blocos de
elevadores. Para a academia foi acrescentado um sistema de elevador
e escada independentes, para uso exclusivo de seus usuários.
Além disso, existem rampas em todos os pequenos desníveis do piso
e todo o edifício é acessível para portadores de mobilidade reduzida,
diferente do estado atual, que não possui rampas e os portadores de
necessidades sequer conseguem chegar até o 1° e 2° pavimento.
7.2.5 Setorização e Fluxos
Os usos foram distribuídos no edifício levando em consideração a
sua estrutura e a modulação já existente, na tentativa de manter o
máximo possível da estrutura atual.
92
Os ambientes que demandavam maiores áreas livre de pilares,
como a academia e a praça gastronômica, foram colocados no centro
do edifício que foi remodelado e possui maior vão livre.
A praça gastronômica tem sua fachada principal voltada para o
leste por ser a orientação com menor incidência solar, permitindo assim
o uso do vidro em maior quantidade.
As circulações verticais (escadas e elevadores) foram posicionadas
no centro do edifício, priorizando atender a norma de saídas de
emergência (NBR 9077), considerando as larguras das escadas e
distâncias máximas a serem percorridas.
As imagens abaixo ilustram como estão setorizados os usos no
edifício e como acontecem os fluxos dos diferentes usuários.
Figura 73 – Usos e Fluxos Térreo
Fonte: Autora, 2019
93
Figura 74 – Usos e Fluxos 1° Pavimento
Fonte: Autora, 2019
Figura 75 – Usos e Fluxos 2° Pavimento
Fonte: Autora, 2019
94
7.3 Programa de necessidades
LOJAS
AMBIENTE USO ÁREA
Loja Módulo para loja 36x 34m²
Lavabo Lavabo para loja 36x 3m²
Depósito Depósito para loja 36x 3m²
ACADEMIA
AMBIENTE USO ÁREA
Recepção dos alunos, atendimento e área de
Recepção principal 106m²
espera
Área de trabalho para setor administrativo da
Administração 46m²
academia
Copa Copa para uso dos funcionários 23m²
Alongamento e Área com equipamentos e espaço livre para
269m²
Aquecimento alongamento
Área de exercícios de
Área livre para exercícios de solo 132m²
solo
Musculação Área com equipamentos de musculação 397m²
Sala de professores Sala para uso exclusivo dos professores 23m²
Sala de reunião Sala para uso exclusivo dos professores 23m²
DML Depósito de material de limpeza 23m²
Vestiários Separados por sexo 2x 43m²
Recepção de alunos e atendimento, voltada
Recepção secundária 50m²
para o interior da galeria
Sala de acupuntura - 36m²
Sala de avaliação Sala de avaliação física 16m²
Sala de luta - 69m²
Sala de spinning - 69m²
Sala de dança - 69m²
Sala de jumping - 69m²
Sala do nutricionista Sala para atendimento do nutricionista 16m²
Estúdio de Pilates - 46m²
Sala de Yoga - 36m²
Sala de Ginástica - 46m²
Lanchonete Lanchonete para o público da academia 35m²
95
Loja de artigos Loja de itens voltados para o esporte
35m²
esportivos (suplementos, roupas, acessórios ...)
Circulação Corredores, rampas e escadas -
PRAÇA GASTRONÔMICA
AMBIENTE USO ÁREA
Área de alimentação com mesas de diversos
Praça gastronômica 921m²
tamanhos
Restaurantes Módulo para restaurantes 6x 42m²
Lavabo Lavabo para restaurantes 6x 3m²
Despensa Despensa para restaurantes 6x 3m²
Palco Palco elevado para apresentações -
Apoio palco Apoio para armazenar equipamentos 27m²
COWORKING
AMBIENTE USO ÁREA
Recepção Área de recepção 219m²
16x
Sala para uso privativo de empresas ou
Sala privada 21m²+
individual
2x 33m²
8x 43m²
Sala de reunião privada Sala de reunião privada + 2x
33m²
Estúdio Fotográfico Espaço para fotografia 3x 23m²
Área comum 1°pav. Área para descanso e lanches rápidos 104m²
Administração Sala para atendimentos relacionados ao
45m²
Coworking coworking
Área de Espera - 230m²
Coworking Área de trabalho compartilhada 683m²
Auditório Auditório para 90 pessoas 2x 152m²
Apoio Auditório - 2x 9m²
Sala de Brainstorm Ambiente dinâmico para reuniões em grupo 3x 23m²
Copiadora - 23m²
Copa Copa de apoio para os usuários 2x 22m²
Sanitário Separado por sexo 2x 43m²
Sala de jogos Ambiente para jogos e descontração 69m²
222m² +
Área comum 2°Pav. Área de convivência dos usuários
268 m²
Lanchonete - 23m²
96
ÁREAS COMUNS
AMBIENTE USO ÁREA
Circulação Escada, corredores e elevadores -
Acesso para carga e descarga dos restaurantes
Corredor de serviço 4x 67m²
e lojas
Administração Galeria
Área para atendimento de usuários e lojistas 45m²
Wilson Vaz
Sala de monitoramento Central de segurança 22m²
Sanitários Separados por sexo 6x 30m²
Área para condensadoras de ar condicionado
Laje técnica 4x 304m²
e outros equipamentos
Central de gás Área para armazenamento de botijões de gás 2x 5m²
7.4 Partido Arquitetônico
Considerando a nova proposta para o edifício já existente, com as
alterações de usos, surgem novas demandas, sendo assim as decisões de
projeto partiram do princípio da funcionalidade, buscando projetar
ambientes que atendessem as necessidades dos usuários e se
encaixassem nos módulos estruturais e espaços que o edifício permite.
Desta forma, o partido arquitetônico teve como princípios:
• Modulação estrutural, aproveitando parte da estrutura já
existente;
• Flexibilidade de alguns ambientes, como lojas e restaurantes,
que podem ter suas divisórias removidas sem prejudicar a
estrutura para serem ampliados;
• Permitir a interação entre os usuários do edifício;
• Acessos ao edifício por todas as fachadas;
• Aberturas para aproveitamento de iluminação natural;
• Uso de novas tecnologias estruturais;
• Zoneamento e setorização adequados dos usos para
proporcionar maior interação entre as atividades e os
usuários.
97
A ideia central foi “abrir” o edifício com um grande átrio central,
que permite a entrada de luz natural, e acaba com a sensação dos
corredores escuros e pouco atrativos. Outra preocupação foi destacar
as entradas da galeria, recuando as entradas nas fachadas norte e sul e
usando vidro nas entradas leste e oeste.
Além disso foram adicionados alguns volumes na forma do edifício
para quebrar a monotonia das antigas fachadas, e mudar a forma de
“caixa”. Esses novos volumes são dois pórticos em estrutura metálica com
revestimento em ACM e os volumes das escadas que sobressaem a atual
forma. Parte das marquises foram mantidas nas fachadas norte e sul,
transformando-as em jardineiras.
No entorno do edifício foram dispostos caminhos que facilitam o
acesso ao edifício e também a uma pequena praça externa que possui
playground infantil e uma academia ao ar livre para adultos e idosos.
Para melhorar a circulação dos pedestres na calçada, foi proposta
uma ampliação das calçadas nas fachadas leste e oeste, sendo que no
sentido leste, uma das vias (Rua SE 2) foi transformada em calçada,
restando apenas uma via de mão única, retornando parte do que era
previsto no projeto inicial da quadra, onde algumas vias já eram
destinadas apenas para pedestres.
7.5 Sistema Construtivo e Estrutural
A proposta é manter a estrutura já existente nas áreas do edifício
que serão preservadas, fazendo apenas reforços estruturais onde for
necessário. Na parte central do prédio será feita uma nova estrutura, já
que serão necessários vãos maiores. O esquema abaixo indica as áreas
que serão mantidas e demolidas.
98
Figura 76 – Modificações Térreo
Fonte: Autora, 2019
Figura 77 – Modificações 1° Pavimento
Fonte: Autora, 2019
99
Figura 78 – Modificações 2° Pavimento
Fonte: Autora, 2019
A edificação atualmente tem toda sua estrutura em concreto
armado, e para a intervenção, foi proposto o uso de estruturas metálicas
(vigas, pilares e treliças) nas áreas que serão demolidas e reformuladas.
A escolha do novo tipo de material se deu principalmente por permitir
que fossem feitos grandes vãos no interior do edifício.
Para as novas lajes foi pensada o “Steel Deck”, que segundo Silva,
é um sistema onde as chapas de aço perfiladas têm tanto a função de
fôrma no momento da execução da laje, como de armadura positiva
após a cura do concreto. Além disso é capaz de vencer maiores vãos
com menor espessura e menor peso na estrutura, reduzindo também os
gastos com fundação.
100
Figura 79 – Esquema Laje Stell Deck
Fonte: ArcelorMittal
A cobertura foi pensada em estrutura metálica com telha
termoacústica que por possuir duas camadas de telha e o interior em EPS
(Figura 80), favorece a acústica do ambiente e proporciona melhor
conforto térmico. A cobertura também possui algumas aberturas de vidro
que permitem a entrada de luz natural, reduzindo-se os custos com
iluminação artificial.
Figura 80 – Telha Termoacústica
Fonte: Isomil
Outra forma de aproveitamento da luz natural foi com a instalação
de placas solares para geração de energia.
O material utilizado nas aberturas em vidro, tanto da cobertura,
como das fachadas, foi o vidro “Low-E”, que em sua fabricação recebe
uma camada extrafina de metal de baixa emissividade em um dos lados,
101
essa fina camada filtra os raios solares intensificando o controle de
transferência de temperaturas entre ambientes, sem impedir a
transmissão luminosa. O esquema abaixo demonstra como o material
funciona (Figura 81).
Figura 81 – Esquema Vidro Low-E
Fonte: Anavidro, 2014
7.6 Detalhes Técnicos
7.6.1 Dimensionamento dos reservatórios
O cálculo dos reservatórios de água foi feito com base nas tabelas
do autor Hélio Creder, no livro Instalações Hidráulicas e Sanitárias. Onde
se tem como base para o cálculo o tipo de uso e a área do edifício,
conforme tabelas a seguir:
102
Figura 82 – Tabela para taxa de ocupação
Fonte: Creder, 2006
Figura 83 – Tabela consumo diário
Fonte: Creder, 2006
103
Os cálculos foram feitos desconsiderando-se as áreas de
circulação, conforme segue:
1 pessoa___________ 5m²
X ___________ 9,194,69m²
X= 9,194,69/5
X= 1838,9 pessoas -> 1840 pessoas
CD=CPxN
*CD= Consumo Diário
*CP= Consumo Percapita
*N= Número de ocupantes
CD=CPxN
CD= 50x 1840
CD= 92.000 Lts/dia
Considerando a reserva para dois dias:
92.000x2=184.400 Lts
Incluindo a reserva técnica de incêndio:
184.400+30%=239.200 Lts
Reservatório superior 40%= 95.680 Lts = 95.7m³
Reservatório inferior 60%=143.520 Lts = 143,6m³
Para a proposta, foram utilizados dois reservatórios superiores, cada
um com capacidade de 50.000 litros cada (50m³), além de um
reservatório inferior com capacidade de 150.000 litros (150m³).
104
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pesquisa bibliográfica e estudos de casos realizados, foi
possível aprofundar o conhecimento a respeito de comércio e galerias
comerciais, levando em consideração a evolução histórica.
Ao longo deste trabalho foram estudadas galerias comerciais em
busca de soluções para requalificar a Galeria Wilson Vaz, analisando
casos semelhantes em outros locais, além de todo o histórico da galeria
e sua situação atual.
A ferramenta utilizada, foi o Retrofit, que consiste em reabilitar ou
reciclar prédios antigos e espaços urbanos, incorporando algo mais
moderno. O conceito se encaixou perfeitamente ao caso da galeria
Wilson Vaz, pois a mesma necessita de modificações para se adaptar as
necessidades atuais e trazer maior conforto para os usuários.
Durante toda a pesquisa e o desenvolvimento do projeto
arquitetônico buscou-se mostrar que é possível devolver a vitalidade a
um edifício e seu entorno por meio da arquitetura, trazendo novos usos e
tornando-o mais agradável e convidativo.
Pessoalmente, desenvolver este projeto foi muito satisfatório, pois o
tema escolhido me mostrou que a arquitetura é capaz de contribuir com
o desenvolvimento do comércio e da cidade, além de influenciar
diretamente no bem-estar do usuário.
105
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tukana-apresentava-problemas-nao-resolvidos/7743190/. Acesso em: 5
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urbanismo/237/conjunto-nacional-de-david-libeskind-302145-1.aspx.
Acesso em: 6 jun. 2019.
110
C D E
GALERIA WILSON VAZ 01/04
OBRA: COMERCIAL
ENDEREÇO: ACSE 11 (104 SUL), CONJ. 04, LOTE 1-A
ÁREAS UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
TEMA: O Retrot como ferramenta para requalicação
Do Terreno: 6.400,00 m²
de um ícone comercial de Palmas - TO
Da Construção: 12.942,67 m²
ALUNA: Isabela Cerqueira Andrade
Térreo: 4.607,12 m²
1° Pavimento: 4.349,05 m²
Prof. Arq. Me. Rodrigo Botelho
Planta Baixa Térreo N 2° Pavimento: 3.986,50 m² ORIENTADOR:
de Hollanda Vasconcellos
Escala: 1:150 Data: NOVEMBRO/2019
Escala 1:150 Conteúdo:
PLANTA BAIXA TÉRREO
GALERIA
WILSON VAZ
E D C
Fachada Oeste Fachada Leste
Corte A
Escala 1:150
C D E
Fachada Leste Fachada Sul
Fachada Norte Fachada Sul
GALERIA WILSON VAZ 02/04
OBRA: COMERCIAL
ENDEREÇO: ACSE 11 (104 SUL), CONJ. 04, LOTE 1-A
ÁREAS UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
TEMA: O Retrot como ferramenta para requalicação
Do Terreno: 6.400,00 m²
de um ícone comercial de Palmas - TO
Da Construção: 12.942,67 m²
ALUNA: Isabela Cerqueira Andrade
Térreo: 4.607,12 m²
Planta Baixa 1° Pavimento 1° Pavimento: 4.349,05 m²
Prof. Arq. Me. Rodrigo Botelho
Escala 1:150 N 2° Pavimento: 3.986,50 m² ORIENTADOR:
de Hollanda Vasconcellos
Escala: 1:150 Data: NOVEMBRO/2019
Conteúdo:
PLANTA BAIXA 1° PAVIMENTO
CORTE A
PERSPECTIVAS
GALERIA
WILSON VAZ
C D E
Interior Praça Gastronômica Interior Praça Gastronômica
Corte B
Escala 1:150
C D E
Interior Praça Gastronômica Interior Academia
Interior Coworking Área comum
GALERIA WILSON VAZ 03/04
OBRA: COMERCIAL
ENDEREÇO: ACSE 11 (104 SUL), CONJ. 04, LOTE 1-A
ÁREAS UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
TEMA: O Retrot como ferramenta para requalicação
Do Terreno: 6.400,00 m²
de um ícone comercial de Palmas - TO
Da Construção: 12.942,67 m²
ALUNA: Isabela Cerqueira Andrade
Térreo: 4.607,12 m²
Planta Baixa 2° Pavimento 1° Pavimento: 4.349,05 m²
Prof. Arq. Me. Rodrigo Botelho
Escala 1:150 N 2° Pavimento: 3.986,50 m² ORIENTADOR:
de Hollanda Vasconcellos
Escala: 1:150 Data: NOVEMBRO/2019
Conteúdo:
PLANTA BAIXA 2° PAVIMENTO
CORTE B
PERSPECTIVAS
GALERIA
WILSON VAZ
C D E
B A
A
Corte E
Escala 1:150
N
Planta de Cobertura
Escala 1:200
A B Atual x Proposta: Fachada Norte
Corte C
Escala 1:150 Atual x Proposta: Fachada Sul
A B
GALERIA WILSON VAZ 04/04
OBRA: COMERCIAL
ENDEREÇO: ACSE 11 (104 SUL), CONJ. 04, LOTE 1-A
ÁREAS UMA NOVA VISÃO PARA A GALERIA WILSON VAZ:
TEMA: O Retrot como ferramenta para requalicação
Do Terreno: 6.400,00 m²
de um ícone comercial de Palmas - TO
Da Construção: 12.942,67 m²
ALUNA: Isabela Cerqueira Andrade
Térreo: 4.607,12 m²
1° Pavimento: 4.349,05 m²
ORIENTADOR: Prof. Arq. Me. Rodrigo Botelho
2° Pavimento: 3.986,50 m²
Atual x Proposta: Fachada Sudeste de Hollanda Vasconcellos
Corte D Escala: Indicada
Conteúdo:
Data: NOVEMBRO/2019
Escala 1:150 PLANTA DE COBERTURA
CORTES C, D e E
PERSPECTIVAS
GALERIA
WILSON VAZ
GALERIA
WILSON VAZ