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TCC Qualidade de Energia - Distorções Harmônicas

Este documento trata de um trabalho de conclusão de curso apresentado ao SENAI sobre distorções harmônicas na qualidade de energia elétrica. O trabalho foi desenvolvido por Pedro Leopoldo em 2010 sob a orientação do professor Agenor Michelini. Aborda conceitos sobre distorções harmônicas e suas causas, efeitos e métodos de mitigação.

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TCC Qualidade de Energia - Distorções Harmônicas

Este documento trata de um trabalho de conclusão de curso apresentado ao SENAI sobre distorções harmônicas na qualidade de energia elétrica. O trabalho foi desenvolvido por Pedro Leopoldo em 2010 sob a orientação do professor Agenor Michelini. Aborda conceitos sobre distorções harmônicas e suas causas, efeitos e métodos de mitigação.

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SENAI

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

RONALDO MAIA COSTA

QUALIDADE DE ENERGIA:

distorções harmônicas

PEDRO LEOPOLDO

2010
RONALDO MAIA COSTA

QUALIDADE DE ENERGIA:

distorções harmônicas

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – CFP/GD, como requisito parcial à
obtenção do certificado de Técnico em
Eletrotécnica.

Orientador: Agenor Michelini

PEDRO LEOPOLDO

2010
SENAI

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDISTRIAL

QUALIDADE DE ENERGIA:

distorções harmônicas

Trabalho de conclusão de curso apresentado


ao SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – CFP/GD, como requisito parcial à
obtenção do certificado de Técnico em
Eletrotécnica.

Orientador: Agenor Eugênio Michelini

Pedro Leopoldo, de 2010

Aprovado com nota

BANCA EXAMINADORA:

ORIENTADOR: Prof.

AVALIADOR: Prof.
“Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica:
a vontade.”
(Albert Einstein)

“Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que


podemos solucioná-los.”
(Isaac Asimov)

“Quando aprendi todas as respostas da vida, mudaram as perguntas”.

(Charles Chaplin)
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 2.1: Tensão e corrente através de um elemento linear genérico de

circuito...........................................................................................................19

FIGURA 2.2: Interferência indutiva devido à corrente harmônica no neutro

causando interferência indutiva em cabo telefônico...............................................20

FIGURA 3.1: Sinal com sobretensão transitória.....................................................27

FIGURA 3.2: Sinal com afundamento de tensão....................................................28

FIGURA 3.3: Sinal com sobretensão momentânea................................................29

FIGURA 3.4: Sinal interrompido momentaneamente..............................................29

FIGURA 3.5: Exemplo de distorção harmônica......................................................32

FIGURA 3.6: Sinal com inter-harmônicos...............................................................33

FIGURA 3.7: Sinal com micro-cortes......................................................................33

FIGURA 3.8: Exemplo de sinal com ruído eletromagnético...................................34

FIGURA 3.9: Sinal com flutuação...........................................................................35

FIGURA 4.1 - Onda deformada e suas componentes harmônicas...................... .39

FIGURA 4.2 - A corrente no neutro........................................................................42

FIGURA 4.3 Forma de onda e espectro de um sinal praticamente senoidal....... .43

FIGURA 4.4 Forma de onda e espectro de um sinal fortemente distorcido.......... 43

FIGURA 4.5 - Forma de onda de corrente e seu espectro ....................................45

FIGURA 4.6 - Forma de onda e espectro de um sinal praticamente senoidal.......46

FIGURA 4.7 - Forma de onda e espectro de um sinal fortemente distorcido ........46

FIGURA 4.8 - Forma de onda com diferença significativa entre fator de potência e
cós..........................................................................................................................48

FIGURA 4.9 Aumento das perdas devido à redução do FP (com potência ativa
constante). .............................................................................................................49
FIGURA 4.10 Efeito do aumento do FP na ampliação da disponibilidade de potência
ativa........................................................................................................................51

FIGURA 4.11 Corrente de entrada e tensão de alimentação de retificador


alimentando filtro capacitivo. Espectro da corrente. ..............................................52

FIGURA 5.1. Envelope da corrente de entrada que define um equipamento como


classe D..................................................................................................................54

FIGURA 6.1: Ciclo positivo atuando na magnetização de um material

ferromagnético........................................................................................................65

FIGURA 6.2: Energia que não é devolvida num ciclo de magnetização

Completo...............................................................................................................66

FIGURA 6.3: Efeito da harmônica de seqüência negativa gerando binário

resistente................................................................................................................67

FIGURA 6.4 Área de seção e diâmetro de fio de cobre.........................................70

FIGURA 6.5 Resposta em freqüência de cabo trifásico (10 km)...........................70

FIGURA 6.6 Perfil de tensão ao longo do cabo na freqüência de ressonância.....71

FIGURA 6.7 Resposta no tempo de cabo de transmissão a uma entrada com


componente na freqüência de ressonância...........................................................71

FIGURA 6.8 Circuitos equivalentes para análise de ressonância da linha com


capacitor de correção do fator de potência...........................................................72

FIGURA 6.9 Formas de onda relativas aos circuitos da FIGURA 6.8: (a) - superior;
(b) - intermediário; (c) - inferior..............................................................................73

FIGURA 6.10 - Consumo de um motor monofásico de 1/6 cv..............................75

FIGURA 6.11 - Dispositivo de controle semicondutor da corrente e da tensão....75

FIGURA 6.12 - Formas de onda no circuito com dispositivo de controle..............76

FIGURA 6.13 Circuito retificador trifásico, com carga RL......................................78

FIGURA 6.14 Tensão de saída de retificador ideal...............................................78

FIGURA 6.15 Tensões e corrente de entrada com carga indutiva ideal e espectro da
corrente..................................................................................................................79

FIGURA 6.16 Topologia de retificador trifásico, não-controlado, com carga


indutiva.............................................................................................................80
FIGURA 6.17 Distorção na tensão devido ao fenômeno de comutação..............81

FIGURA 6.18 Diagrama elétrico de RCT..............................................................81

FIGURA 6.19 Formas de onda e espectro da corrente em RCT..........................82

FIGURA 6.20 Variação do valor eficaz de cada componente harmônica em relação à


fundamental..........................................................................................................82

FIGURA 6.21 Retificador monofásico com filtro capacitivo..................................84

FIGURA 6.22 (a)Corrente de entrada e tensão de alimentação de retificador


alimentando filtro capacitivo. (b) Espectro da corrente.........................................84

FIGURA 6.23 Tensão na entrada (superior) e corrente de linha (inferior) em


retificador trifásico com filtro capacitivo................................................................85

FIGURA 6.24 - Circuito retificador carregador totalmente controlado, com indutância


série......................................................................................................................86

FIGURA 6.25 - Circuito típico de um variador de velocidade...............................87

FIGURA 6.26 - Circuito típico de uma fonte de alimentação monofásica............88

FIGURA 6.27 - Corrente absorvida e espectro harmônico para uma máquina de


soldar típica...........................................................................................................88

FIGURA 7.1 - Circuito típico de um instrumento de valor médio medindo um sinal


senoidal.................................................................................................................90

FIGURA 7.2- Circuito típico de um instrumento de valor médio medindo um sinal

com harmônicas....................................................................................................90

FIGURA 7.3 - Circuito de entrada típico de um instrumento de valor eficaz


verdadeiro.............................................................................................................91

FIGURA 7.4 - Sinais com diferentes graus de distorção e valores medidos pelos
instrumentos..........................................................................................................92

FIGURA 8.1 Circuito com presença de harmônicas..............................................96

FIGURA 8.2 Circuito equilibrado sem harmônicas................................................98

FIGURA 8.3 - Os sinais 1 e 2 têm o mesmo valor eficaz, mas apresentam fatores de
crista muito diferentes..........................................................................................104

FIGURA 8.4 - Emprego de indutância para atenuação de todas as

harmônicas..........................................................................................................105

FIGURA 8.5 - Emprego de Filtro de Harmônicas Ativo LC..................................107


FIGURA 8.6 - Emprego de Filtro de Harmônicas Ativo LC Compensado...........108

FIGURA 8.7 - Ligação típica de um filtro ativo de harmônicas............................109

FIGURA 8.8- Exemplo real de atuação de um filtro ativo....................................111

FIGURA 8.9 - Transformador para confinamento de 3ª harmônica e suas


múltiplas...............................................................................................................113

FIGURA. 8.10- Transformador para confinamento de 5ª e 7ª harmônicas.114


LISTA DE TABELAS

TABELA 4.1 - Valores para os sinais 1, 5 e T da figura 4.1..................................40

TABELA 4.2 - Ordem, freqüência e seqüência das harmônicas...........................40

TABELA 4.3 Efeitos das harmônicas nos motores................................................41

TABELA 4.4 Exemplo de corrente harmônica em um dado sinal..........................45

TABELA 4.5 Análise comparativa da redução de perdas devido ao aumento do

FP...........................................................................................................................49

TABELA 4.6 Economia (potencial) de energia com compensação de harmônicos em


diferentes alocações..............................................................................................50

TABELA 4.7 Comparação da potência ativa de saída .........................................52

TABELA 5.1Limites para as Harmônicas de Corrente..........................................56

TABELA 5.2 Limites de Distorção da Corrente para Sistemas de Distribuição (120 v


a 69kV)..................................................................................................................58

TABELA 5.3 Limites de Distorção da Corrente para Sistemas de Sub-distribuição


(69001V a 161kV).................................................................................................58

TABELA 5.4Limites de distorção de corrente para sistemas de alta tensão (>161kV)


e sistemas de geração e co-geração isolados......................................................59

TABELA5.5 Limites de distorção de tensão..........................................................59

TABELA 7.1Comparação entre diferentes tipos de sinais e de instrumentos.......94

TABELA 8.1 - TABELA 31 da NBR 5410/97, capacidades de condução de

Corrente................................................................................................................98

TABELA 8.2 - Fatores de correção aplicáveis a circuitos trifásicos a 4 condutores,


onde é prevista a presença de correntes harmônicas de 3ª ordem. .................102

TABELA 8.3 – Valores relativos aos sinais da FIG 8.3......................................104


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS


ACA AUSTRALIAN COMMUNICATIONS AUTHORITY
ANEEL AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA
ANSI AMERICAN NATIONAL STANDARD INSTITUTE
ASD ADJUSTABLE SPEED DRIVERS
AS/NZS AUSTRALIAN/NEW ZELANDS STANDARDS

BT BAIXA TENSÃO

C CAPACITÂNCIA
CA CORRENTE ALTERNADA
CBMA COMPUTER AND BUSINESS EQUIPMENT
MANUFACTURERS ASSOCIATION
CC CORRENTE CONTINUA
CENELEC COMMISSION EUROPÉAN POUR LA NORMALISACION
ELÉCTRIQUE
CIGRÉ CONSEIL INTERNATIONNALE DES GRANDS RÉSEAUX
ELÉCTRIQUES A HAUTE TENSION

D POTÊNCIA DE DISTORÇÃO
DCHI DISTORÇÃO DE CORRENTE HARMÔNICA INDIVIDUAL
DNAEE DEPARTAMENTO NACIONAL DE ÁGUAS E ENERGIA
ELÉTRICA
DTD DISTORÇÃO TOTAL DE DEMANDA
DTH DISTORÇÃO HARMÔNICA TOTAL
DTHI DISTORÇÃO DE TENSÃO HARMÔNICA INDIVIDUAL

EEC EUROPEAN ECONOMIC COMMUNITY


ELETROBRÁS CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A
EMC ELECTROMAGNETIC COMPATIBILITY
EPRI ELECTRIC POWER RESEARCH INSTITUTE

FP FATOR DE POTÊNCIA

GCPS GRUPO COORDENADOR DO PLANEJAMENTO DOS


SISTEMAS ELÉTRICOS

Hz FREQÜÊNCIA

I CORRENTE
IEEE INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELETRONIC
ENGINEERS
IEC INTERNATIONAL ELECTROTECHINICAL COMMISSION
ISO INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR
STANDARDIZATION
ITIC INFORMATION TECHNOLOGY INDUSTRY COUNCIL
I1 CORRENTE EFICAZ FUNDAMENTAL
IEF CORRENTE EFICAZ
IN CORRENTE DE ORDEM N
IRMS CORRENTE EFICAZ

L INDUTÂNCIA

NE NORMA EUROPÉIA
NEMA NATIONAL ELECTRICAL MANUFACTURERS ASSOCIATION

P POTÊNCIA MÉDIA
PAC PONTO DE ACOPLAMENTO COMUM À REDE PÚBLICA
PBQ PROGRAMA BRASILEIRO DE QUALIDADE E
PRODUTIVIDADE
PCC POINT OF COMMON COUPLING
PLC CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL
PMS PLANO ESPECIAL DE MELHORIA DA EFICIÊNCIA DO
SETOR ELÉTRICO
PWM MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO

Q POTÊNCIA REATIVA
QEE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA

R RESISTÊNCIA
RMS ROOT MEAN SQUARE

S POTÊNCIA APARENTE

TDH TAXA DE DISTORÇÃO HARMÔNICA TOTAL


TDHI TAXA DE DISTORÇÃO HARMÔNICA TOTAL DE CORRENTE
TDHU TAXA DE DISTORÇÃO HARMÔNICA TOTAL DE TENSÃO
THFU FATOR HARMÔNICO TOTAL DE TENSÃO
THFI FATOR HARMÔNICO TOTAL DE CORRENTE

U TENSÃO
UIE UNION INTERNATIONNALE DÊS APPLICATIONS DE
L’ELECTRICITÉ
UPS’S UNINTERRUPTABLE POWER SUPPLIES
U1 TENSÃO EFICAZ FUNDAMENTAL
UEF TENSÃO EFICAZ
UN TENSÃO DE ORDEM N
URMS TENSÃO EFICAZ
SUMARIO

1.INTRODUÇÃO...................................................................................................16

2.UM POUCO DA HISTÓRIA...............................................................................17

3.QUALIDADE DE ENERGIA...............................................................................21

3.1CONCEITO DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA................................22

3.2TIPOS DE DISTÚRBIOS.................................................................................26

3.2.1 – VARIAÇÕES INSTANTÂNEAS DE TENSÃO.........................................26

3.2.2 – VARIAÇÕES DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO................................27

3.2.3 – VARIAÇÕES SUSTENTADAS DE TENSÃO...........................................30

3.2.4 – DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO.............................................................30

3.2.5 – DISTORÇÃO DA FORMA DE ONDA......................................................31

3.2.6 – FLUTUAÇÕES DE TENSÃO...................................................................34

3.2.7 – VARIAÇÕES MOMENTÂNEAS DE FREQÜÊNCIA .................................35

3.3 – BREVE HISTÓRICO DA QUALIDADE DE ENERGIA NO BRASIL...........36

4.HARMÔNICA DEFINIÇÃO ...............................................................................39

4.1 ORDEM, FREQÜÊNCIA E SEQÜÊNCIA DAS HARMÔNICAS.....................40

4.2FATOR DE POTENCIA...................................................................................46

4.2.1DESVANTAGENS DO BAIXO FATOR DE POTÊNCIA (FP) E DA ALTA


DISTORÇÃO DA CORRENTE.............................................................................48

4.2.2PERDAS.......................................................................................................49

4.2.3CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO............................................................51

5 NORMAS RELATIVAS À CORRENTE DE LINHA: FATOR DE POTÊNCIA E


HARMÔNICAS DE BAIXA FREQÜÊNCIA .........................................................53

5.1FATOR DE POTÊNCIA...................................................................................53
5.2NORMA IEC 1000-3-2: LIMITES PARA EMISSÃO DE HARMÔNICAS DE
CORRENTE (<16 A POR FASE).........................................................................53

5.3RECOMENDAÇÃO IEEE PARA PRÁTICAS E REQUISITOS PARA CONTROLE


DE HARMÔNICAS NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA: IEEE-519........57

6 EFEITOS E CAUSAS DE HARMÔNICAS NO SISTEMA DE ENERGIA

ELÉTRICA..........................................................................................................60

6.1EFEITOS DE HARMÔNICAS EM COMPONENTES DO SISTEMA

ELÉTRICO.........................................................................................................60

6.1.1MOTORES E GERADORES......................................................................61

6.1.2 – PERDAS NO COBRE.............................................................................62

6.1.3PERDAS NO FERRO.................................................................................63

6.1.4 – PERDAS MECÂNICAS...........................................................................67

6.1.5TRANSFORMADORES..............................................................................68

6.1.6CABOS DE ALIMENTAÇÃO......................................................................68

6.1.7CAPACITORES..........................................................................................72

6.1.8EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS............................................................73

6.1.9APARELHOS DE MEDIÇÃO......................................................................74

6.1.10RELÉS DE PROTEÇÃO E FUSÍVEIS......................................................74

6.2CAUSAS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA....................................................74

6.2.1CONVERSORES........................................................................................77

6.2.2FORMAS DE ONDA EM CONVERSORES IDEAIS...................................77

6.2.3A COMUTAÇÃO.........................................................................................79

6.2.4REATOR CONTROLADO A TIRISTORES (RCT)......................................81

6.2.5FORNO DE ARCO......................................................................................83
6.2.6RETIFICADORES COM FILTRO CAPACITIVO........................................84

6.2.7 RETIFICADOR CARREGADOR................................................................85

6.2.8 VARIADOR DE VELOCIDADE.................................................................86

6.2.9FONTE DE ALIMENTAÇÃO MONOFÁSICA.............................................88

6.2.10MÁQUINA DE SOLDAR ELÉTRICA........................................................89

7MEDIÇÕES DE HARMÔNICAS.......................................................................89

7.1 INSTRUMENTOS CONVENCIONAIS DE VALOR MÉDIO..........................89

7.2INSTRUMENTOS DE VALOR EFICAZ VERDADEIRO ...............................91

7.3CENTRAIS DE MEDIÇÃO .............................................................................94

8COMO LIDAR COM AS HARMÔNICAS .........................................................95

8.1DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES DE FASE E NEUTRO NA


PRESENÇA DE HARMÔNICAS.........................................................................95

8.2FATOR DE DESCLASSIFICAÇÃO..............................................................102

8.3FATOR DE CRISTA......................................................................................104

8.4INDUTÂNCIA................................................................................................105

8.5 FILTRO PASSIVO LC..................................................................................107

8.6FILTRO (CONDICIONADOR) ATIVO...........................................................109

8.7TRANSFORMADORES DE SEPARAÇÃO..................................................112

8.7.1 TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO PARA 3A HARMÔNICA E SUAS


MÚLTIPLAS.......................................................................................................113

8.7.2TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO PARA 5A E 7A HARMÔNICAS E


SUAS MÚLTIPLAS............................................................................................114

9 CONCLUSÃO..................................................................................................116

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................119
BIBLIOGRAFIA..................................................................................................120

APENDICE..........................................................................................................121

ANEXO................................................................................................................127
16

1. INTRODUÇÃO

Os dispositivos semicondutores, com os avanços tecnológicos das últimas décadas,


tornaram-se abundantes e acessíveis. Entre estes, os interruptores de potência
passaram a ser constituintes importantes dos inumeráveis e variados tipos de
equipamentos eletro-eletrônicos.
O funcionamento desses equipamentos implica na conversão, de uma forma à outra,
da energia elétrica que lhes é disponibilizada. Dessa forma, os equipamentos eletro-
eletrônicos ao funcionarem causam perturbações harmônicas no sistema elétrico ao
qual estão conectados. Para o sistema elétrico esses equipamentos são vistos como
cargas não lineares e devido a sua vasta utilização são fontes de seus distúrbios.
Após esta análise são apresentados as principais normas e recomendações
internacionais a respeito do tem a em questão seguido dos efeitos desta em alguns
componentes do sistema elétrico, tais como motores, geradores, transformadores,
cabos de alimentação entre outros. Finalizando com a apresentação das soluções
clássicas para a redução de distúrbios harmônicos.
17

2. UM POUCO DA HISTÓRIA

Apesar do estudo da eletricidade e magnetismo ter iniciado há um pouco mais


de dois séculos, uma vez que só no ano de 1800, Alessandro Giuseppe
Anastasio Volta (Como, 18 de Fevereiro de 1745 — Como, 5 de Março de1827)
desenvolveu uma pilha elétrica, dando origem ao estudo da eletrodinâmica, e
em1831, Michel Faraday (Newington, Surrey, 22 de Setembro de 1791 — Hampton
Court, 25 de Agosto de 1867), ter descoberto como produzir eletricidade a partir do
magnetismo, é inegável que o progresso alcançado pela civilização atual está
intimamente ligado ao processo de geração, transmissão e utilização da energia
elétrica. As primeiras instalações elétricas que se tornaram comercialmente viáveis
foram feitas em 1882, por Thomas Alva Edison (Milan, 11 de Fevereiro de 1847
West Orange, 18 de Outubro de 1931) na cidade de Nova York, eram em corrente
continua e se destinavam primariamente à iluminação pública e doméstica, em
substituição ao gás. Em contrapartida, Ernst Werner Von Siemens (Lenthe, perto de
Hannover, 13 de Dezembro de 1816 — Berlim, 6 de Dezembro de 1892), em uma
exposição industrial realizada em Frankfurt, na Alemanha, em 1891, mostrou a
conveniência da associação da geração hidráulica de energia elétrica com sistemas
funcionando com corrente alternada. A linha de alta-tensão implementada tinha
tensão da ordem de 15 kV, com freqüência de 25 Hz, sendo que um transformador
reduzia a tensão para 110 V. O primeiro sistema completo de produção, transporte e
distribuição de energia elétrica em corrente alternada data de 1893.
No entanto, nos Estados Unidos a proposta de sistemas elétricos em corrente
alternada demorou algum tempo para ser adotada, entretanto graças à simplicidade
e alta eficiência demonstrada pelo motor de indução à corrente alternada,
patenteado por Nikola Tesla (Nicolas Tesla) (Smiljan, Croácia, 9 de Julho de 1856 —
Nova Iorque, 7 de Janeiro de 1943), a corrente alternada surgia como uma
alternativa muito interessante para a tração elétrica e futura substituição de
máquinas a vapor em atividades industriais. Apesar dessas vantagens somente em
1910, o sistema elétrico em corrente alternada trifásico torna-se padrão nos Estados
Unidos, sendo depois estendido a outros países, principalmente devido às
vantagens da transmissão de energia a grandes distâncias em alta tensão.
Durante várias décadas a grande maioria dos receptores ligados às redes de
18

energia elétrica consistia em cargas lineares. Entretanto em qualquer sistema físico


real está sujeito a presença de distorções e ruídos que normalmente contribuem
para a deterioração das características deste sistema, por exemplo, um amplificador
deveria fornecer idealmente em sua saída uma réplica do sinal de entrada
multiplicado por uma constante. No entanto sua saída contém também sinais
adicionais ausentes na sua entrada, que são os ruídos e distorções gerados no
processo de amplificação. Distorção é o nome genérico dado aos erros introduzidos
em um sinal alternado de entrada quando o mesmo sofre algum processamento
como, por exemplo, amplificação, filtragem, equalização, multiplicação, etc. O sinal
de saída contém o sinal original somado às componentes de erro que podem ser
lineares ou não lineares. A distorção é sempre uma medida relativa a um sinal de
referência ou sinal de entrada. Não havendo sinal de entrada não há distorção.
Distorção linear é o nome dado quando o sinal de saída não possui componentes de
freqüências além daquelas presentes no sinal de entrada. A distorção linear muda à
relação de amplitude e fase entre as diversas componentes de freqüência de
entrada e saída. Por essa razão, e uma vez que a fonte de tensão de alimentação,
em regime permanente, possua a forma de onda senoidal, conforme a Equação 1-1.

u(t) =Usen(_t) (1)

As corrente consumidas também apresentam forma de onda senoidal com a


mesma frequência, podendo, entretanto, apenas encontrar-se defasadas
relativamente à tensão obedecendo a Equação 1-2.

i t = Isen _t + _ (2)
19

Do exposto temos na FIG. 2.1 o gráfico de defasagem entre tensão e

corrente:
FIGURA. 2.1: Tensão e corrente através de um elemento linear genérico de
circuito.
É comum dizer, examinando-se a FIG. 2.1, que a corrente está adiantada de um
ângulo _ em relação à tensão, pois a amplitude máxima I da corrente é atingida em
um instante anterior àquele no qual a tensão atinge a sua amplitude máxima U.
De forma análoga, a corrente estaria atrasada de um ângulo _ em relação à tensão
na situação em que a amplitude máxima I da corrente fosse verificada em um
instante posterior àquele no qual a tensão atinge a sua amplitude máxima U. A
corrente adiantada indica que a impedância do circuito é capacitiva, enquanto que a
corrente atrasada é característica de uma impedância de natureza indutiva. Neste
gráfico temos que T corresponde ao período dos sinais de tensão e corrente.
Distorção não linear ou harmônica é uma forma de distorção onde o sinal de
saída contém, além das componentes de freqüência do sinal original, componentes
de freqüência que não estão necessariamente presentes no sinal de entrada. As
novas freqüências geradas são múltiplos inteiros da freqüência de entrada.
Antigamente predominavam cargas lineares com valores de impedância fixo,
como por exemplo, iluminação incandescente, cargas de aquecimento, motores sem
controle de velocidade. Entretanto com o desenvolvimento da eletrônica de potência
e o crescente progresso no desenvolvimento de cargas controladas por tiristores, os
equipamentos ligados aos sistemas elétricos evoluíram, melhorando em rendimento,
controlabilidade e custo, permitindo ainda a execução de tarefas que não eram
possíveis anteriormente. Contudo, esses equipamentos têm a desvantagem de
20

funcionarem com cargas não-lineares, consumindo correntes não senoidais, e dessa


forma poluindo a rede elétrica com harmônicos.
Os dispositivos geradores de harmônicos encontram-se presentes em todos
os setores industriais, comerciais e domésticos. A conseqüência imediata disso, é
que as tensões nas barras mais próximas dessas cargas poderão ficar distorcidas.
Nas barras mais próximas das grandes centrais geradoras, devido aos altos níveis
de curto-circuito, as medições efetuadas por analisadores harmônicos ou
osciloscópios, mostram que as tensões têm menos que 1% de distorção. Entretanto,
à medida que os pontos de medições se distanciam das centrais geradoras e se
encaminham para as cargas elétricas, as distorções de tensão aumentam. Os
primeiros relatos de problemas de distorções harmônicas datam,aproximadamente,
do período entre 1930 e 1940. Provavelmente, o primeiro equipamento a ser
“acusado” de causar problemas harmônicos, foi o transformador e as primeiras
vítimas foram as linhas telefônicas, que sofriam interferências indutivas.

FIGURA. 2.2: Interferência indutiva devido à corrente harmônica no neutro


causando interferência indutiva em cabo telefônico.

Harmônicas é um fenômeno contínuo, e não deve ser confundido com outros


fenômenos de curta duração, que duram apenas alguns ciclos como, por exemplo,
transientes, picos de sobre-tensão e sub-tensão, estes não são harmônicas. Estas
perturbações no sistema podem normalmente ser eliminadas com a aplicação de
21

filtros de linha. Entretanto, estes filtros de linha não reduzem ou eliminam correntes
e tensões harmônicas.
A presença de harmônicas nos sistemas de potência resulta em um aumento
das perdas relacionadas com o transporte e distribuição de energia elétrica, em
problemas de interferências com sistemas de comunicação e na degradação do
funcionamento da maior parte dos equipamentos ligados à rede, sobretudo aqueles
(cada vez em maior número) que são mais sensíveis por incluírem sistemas de
controle microeletrônicos que operam com níveis de energia muito baixos. Os
prejuízos econômicos resultantes destes e de outros problemas dos sistemas
elétricos são bastante elevados, e por isso a questão da qualidade da energia
elétrica entregue aos consumidores finais é hoje, mais do que nunca, objeto de
grande preocupação. Segundo um relatório do EPRI (Electric Power Research
Institute) os problemas relacionados com a qualidade da energia e quebras no
fornecimento de energia custam à economia dos Estados Unidos mais de 119 mil
milhões de dólares por ano.
Normas e recomendações internacionais relativas ao consumo de energia
elétrica, tais como IEEE 519, IEC 61000, EN 50160 entre outras, limitam o nível de
distorção harmônica nas tensões com os quais os sistemas elétricos podem operar,
e impõem que os novos equipamentos não introduzam na redes harmônicas de
corrente de amplitude superior a determinados valores. Dessa forma fica
evidenciada a importância em resolver os problemas dos harmônicos, quer para os
novos equipamentos a serem produzidos, quer para os equipamentos já instalados.

3. QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA

Qualidade é o requisito que diz se um produto ou serviço possui as características


necessárias para que se alcance o resultado desejado, o qual também deve possuir
a qualidade esperada. Dentro desse âmbito, este conceito pode ser aplicado a tudo
que é gerado pelo ser humano em termos materiais, abrangendo desde a fabricação
de um produto até a sua entrega ao consumidor final.
A conceituação da qualidade para áreas específicas ainda é uma grande dificuldade
mundial, principalmente diante da necessidade de globalização das
22

economias. A necessidade de harmonizar nomenclaturas e terminologias, bem como


normas e regulamentos são um dos grandes desafios do momento.
Padrões de qualidade também se aplicam ao fornecimento de energia elétrica. A
Qualidade da Energia Elétrica – QEE vem sendo estudada há algum tempo,
entretanto ainda não existe um consenso mundial sobre a sua conceituação
ou sobre a terminologia a ser empregada para descrever os distúrbios associados à
falta de qualidade.

3.1. CONCEITO DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA

Em geral, a qualidade de um produto ou serviço é um atributo que informa ao


consumidor o quanto este produto é bom. Alguns requisitos devem ser mantidos por
um sistema de alimentação para que seja considerado adequado ao suprimento de
energia elétrica. No caso específico da energia elétrica, a qualidade da energia esta
associada à ausência de variações de tensão, ou seja, a inexistência de desvios
significativos na magnitude, freqüência ou pureza da forma de onda da tensão ou da
corrente que possam resultar em falha ou operação incorreta de algum equipamento
do consumidor.
No Brasil, a qualidade de energia elétrica está associada à conformidade da
tensão e às condições do fornecimento, que formam as condições técnicas e a
qualidade dos serviços de energia elétrica. Em outros países e mercados comuns o
conceito de qualidade de energia está associado a outros parâmetros do sistema,
alguns exemplos são:
• Europa: utiliza o conceito de voltage quality;
• Estados Unidos: emprega o termo power quality;
• África do Sul: usa a terminologia quality of supply;
• Colômbia: emprega o termo calidad de la potencia.
A necessidade de suprir energia com tensão e freqüência de valores fixos foi
reconhecida desde o início da indústria de energia. O reconhecimento da existência
de problemas incentivou o desenvolvimento de normas que contribuíram para a
redução das ocorrências existentes. Com o crescimento do uso de motores elétricos
e iluminação elétrica ampliou-se as expectativas sobre a qualidade da energia
elétrica fornecida. Foi durante os anos 30 que as empresas de energia elétrica
23

perceberam que deveriam prestar mais atenção aos distúrbios causados nas linhas
de distribuição pelos equipamentos dos consumidores. A popularização dos
aparelhos de ar condicionado durante a década de 50 inseriu um novo problema,
pois a corrente de partida dos primeiros modelos de compressores causava queda
significativa no valor da tensão, afetando outros equipamentos.
A mais velha menção do termo power quality, como é utilizado nos Estados
Unidos da América – EUA, foi feita em uma publicação de 1968 que detalhava um
estudo elaborado pela marinha desse país para especificação de requisitos de
energia para equipamentos eletrônicos. Na década de 70 a qualidade de potência
começou a ser mencionada como um dos alvos dos projetistas de sistemas
industriais de potência, juntamente com segurança, confiabilidade e baixos custos
iniciais e de operação. Nessa mesma época, o termo qualidade de tensão começou
a ser empregado nos países escandinavos e na União Soviética, com referencia a
variações lentas na magnitude da tensão.
É evidente o interesse mundial no estabelecimento de normas para a solução
dos problemas que afetam a qualidade de energia elétrica. Existem normas emitidas
por organizações privadas sem fins lucrativos tais como associações de fabricantes,
laboratórios, organizações de usuários entre outros. Estas não possuem poder legal.
E existem as legislações emitidas por agências reguladoras ou órgãos
governamentais. No âmbito internacional prevalecem as normas IEC, que é um
órgão internacional de normas e conformidades no campo de eletrotecnologia, com
sede na Suíça.
Nos EUA, a normalização é desenvolvida por diversos organismos, entre eles
o IEEE e a ANSI, além de organizações de fabricantes de equipamentos, como a
National Electrical Manufacturers Association – NEMA e o Information Technology
Industry Council – ITIC, mais conhecido como Computer and Business Equipment
Manufacturers Association – CBEMA. A ANSI é uma instituição de fomento que
trabalha no consenso entre os diversos grupos que se dedicam a elaborar normas a
nível nacional, e encoraja a utilização das normas internacionais, desde que
atendam aos interesses do mercado norte-americano. Possui participação em
organismos internacionais como o IEC e a International Organization for
Standardization – ISO.
Na comunidade Econômica Européia – CEE (European Economic Communiy
24

– EEC), os produtos comercializados devem passar por um processo de aprovação


para receber a marca de conformidade (CE marking) com as diretrizes européias e
com as normas harmonizadas.
Na Austrália os produtos comercializados devem ser pré-aprovados para entrar no
mercado e poder utilizar a marca de aprovação (C-tick), sendo que a Australian
Communications Authority – ACA é o órgão responsável pela elaboração das
normas a serem seguidas. Austrália e Nova Zelândia adotam as mesmas normas
(Australian/New Zelands Standards – AS/NZS), com apenas alguns desvios.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT é o organismo
responsável pela elaboração de normas em geral (Norma Brasileira – NBR). A fim de
compatibilizar muitas das normas existentes internacionalmente, a ABNT é
associada ao IEC. Desta forma, todas as normas IEC sem equivalente nacional
aplicam-se ao país.
O Institute of Electrical and Eletronic Engineers – IEEE define o termo power
quality como o conceito de alimentação e aterramento de equipamento sensível de
forma que a operação do mesmo seja adequada, considerando também a poluição
harmônica causada pelas cargas. O International Electrotechinical Commission –
IEC emprega o termo Compatibilidade Eletromagnética (Electomagnetic
Compatibility – EMC) para descrever a habilidade de dado equipamento ou sistema
em funcionar de forma satisfatória no meio eletromagnético sem introduzir distúrbios
eletromagnéticos intoleráveis a qualquer outro equipamento ou sistema que esteja
no mesmo meio.
Nacionalmente, o conceito de qualidade de energia elétrica associa-se basicamente
à qualidade da tensão e do serviço de fornecimento da mesma. Até o presente, a
legislação existente contempla apenas aspectos referentes à
continuidade e conformidade no que diz respeito aos limites de variações da tensão
fornecida. Entretanto, estudos estão sendo desenvolvidos para ampliar esta
abrangência de modo a englobar outros aspectos que influem diretamente na
qualidade da energia tendo em vista a diversidade de novas tecnologias que são
continuamente conectadas à rede elétrica. Nos dias atuais, são a sensibilidade e o
desempenho dos equipamentos utilizados pelo consumidor que têm definido como
está a qualidade da energia fornecida. Com o avanço da tecnologia e a redução dos
custos de fabricação, um número cada vez maior de equipamentos com circuitos
25

eletrônicos mais sensíveis estão sendo adquiridos pelos consumidores, os quais


desejam que estes funcionem de forma adequada.
Desse modo podemos inferir que o conceito de qualidade de energia elétrica
esta intimamente associada ao funcionamento adequado e seguro dos
equipamentos, de forma a garantir o conforto desejado aos usuários, sem afetar o
meio negativamente. Podemos, dentro desse aspecto, avaliar a qualidade de
fornecimento de energia elétrica considerando a disponibilidade, a conformidade,
restaurabilidade e flexibilidade.
Podemos conceituar a disponibilidade como a capacidade do sistema elétrico
para fornecer energia na quantidade desejada pelos consumidores e sem
interrupção. O consumidor tem o direito de utilizar a energia elétrica no momento em
que deseje, na quantidade necessária e durante o tempo preciso, ou seja, a energia
deve sempre estar disponível, o fornecimento deve ser continuo, ou ter o menor
índice de interrupções necessárias e permitidas pela legislação vigente.
A conformidade corresponde ao fornecimento de energia com o mínimo de
flutuações e distorções na tensão e na freqüência da rede. Esta característica é
fortemente afetada pelo tipo de carga ligada à rede.
A restaurabilidade compreende a capacidade do sistema em reparar uma
falha, reduzindo ao mínimo o tempo de duração da interrupção. Este atributo está
associado diretamente à política de manutenção da empresa e à sua estrutura de
atendimento a ocorrência de pane na rede. A flexibilidade está associada à
capacidade do sistema elétrico para assimilar alterações em sua estrutura ou na
carga atendida. Apesar da grande importância desses atributos na caracterização da
qualidade do serviço de fornecimento de energia elétrica não podemos restringir
esta qualidade somente ao ato de entrega do produto ao cliente com as
características descritas. E, além disso, devemos levar em consideração que o nível
de tensão de fornecimento de energia pode ser afetado por fatores externos, como
tempestades, ventos fortes, relâmpagos, queda de árvores, falha em equipamentos,
pequenos animais, entre tantos outros. Internamente podemos considerar, por
exemplo, flutuações na carga ou alterações nas instalações. Neste aspecto, a
qualidade de energia não pode, evidentemente, ser considerada somente como de
responsabilidade das empresas de energia elétrica, visto que os sistemas de
potência são afetados pelas mais diversas ocorrências, inclusive pelos
26

equipamentos das unidades consumidoras, que muitas vezes possuem cargas


significativas que causam distúrbios a rede. Por conta disso, estão sendo estudadas
e desenvolvidas legislações e normas que melhor traduzam as necessidades
brasileiras, compreendendo o produto energia elétrica e o serviço de fornecimento,
que abrange as áreas técnica e comercial.

3.2. TIPOS DE DISTÚRBIOS

Em um sistema elétrico trifásico ideal, as tensões em qualquer ponto deveriam ser


perfeitamente senoidais, equilibradas, e com amplitude e freqüência constantes.
Qualquer desvio, fora dos limites estabelecidos na legislação vigente, caracteriza um
problema de qualidade da energia elétrica. Os distúrbios são usualmente divididos
de acordo com a duração da ocorrência e a amplitude da distorção. Assim, a norma
do IEEE classifica os distúrbios em sete grupos, que são: variações instantâneas de
tensão, variações momentâneas de tensão, variações sustentadas de tensão,
variações momentâneas de freqüência, distorção da forma de onda, desequilíbrio de
tensão e flutuação de tensão.

3.2.1. VARIAÇÕES INSTANTÂNEAS DE TENSÃO

Variações instantâneas de tensão (transients) são eventos indesejados de natureza


momentânea, caracterizados por alterações muito rápidas da tensão com duração
de subciclos que, em geral, dependem da quantidade de energia armazenada nos
elementos conectados e do comportamento transitório do sistema para retornar ao
seu modo de operação.
27

FIGURA. 3.1: Sinal com sobretensão transitória.

Estas variações são subdivididas em dois grupos: surtos de tensão e transitórios


oscilatórios da tensão. Os surtos de tensão (impulsive transients) são ocorrências
que implicam em uma alteração súbita do valor da tensão, cuja polaridade é
geralmente unidirecional. As principais características deste tipo de distúrbio são
tempo de subida, tempo de queda e valor de pico da tensão. Este tipo de fenômeno
é causado pela operação de cargas do consumidor, principalmente iluminação, e
podem excitar a freqüência natural do sistema, levando ao aparecimento de
transitórios oscilatórios (oscillatory transients) que consistem de súbitas alterações
na tensão ou na corrente de operação do sistema que inclui valores de polaridade
positiva e negativa, ou seja, a tensão ou corrente alterna a polaridade do valor
instantâneo muito rapidamente. Podem ser causados por vários tipos de eventos
como energização de transformadores ou bancos de capacitores.

3.2.2. VARIAÇÕES DE TENSÃO DE CURTA DURAÇÃO

As variações de tensão de curta duração ou variações momentâneas de tensão


(short duration voltage variations) são variações no valor da tensão que apresentam
curta duração, inferior a um minuto, geralmente causadas por curtos circuitos no
sistema elétrico, operação de cargas com corrente de partida elevada, perda
28

intermitente de conexões, entre outras. São classificadas de acordo com a duração


e com a forma de variação da tensão. Quanto à duração são subdivididas em:
• Curtíssima Duração (instantaneous): duração entre meio ciclo e trinta ciclos;
• Curta Duração (momentary): duração entre trinta ciclos e três segundos;
• Temporária (temporary): duração entre três segundos e um minuto.
Quanto à forma da ocorrência, podem ser classificadas como subtensões
momentâneas, sobretensões momentâneas e interrupções momentâneas de tensão.
As subtensões momentâneas ou afundamentos momentâneos de tensão (voltage
sags ou dips) são identificados como reduções no valor da tensão, inferiores a 10%
do valor nominal, com duração de meio ciclo e um minuto.

FIGURA. 3.2: Sinal com afundamento de tensão.

As sobretensões momentâneas ou elevações momentâneas de tensão (momentary


overvoltage ou voltage swells) são definidas por um aumento no valor da tensão na
freqüência do sistema, duração entre meio ciclo e um minuto, e cuja elevação de
tensão fica acima de 110% da tensão nominal.
29

FIGURA. 3.3: Sinal com sobretensão momentânea.

As interrupções momentâneas de tensão (short duration interruptions) ocorrem


quando o valor da tensão cai a valores inferiores a 10% do nominal por período
inferior a um minuto.

FIGURA. 3.4: Sinal interrompido momentaneamente.


30

3.2.3. VARIAÇÕES SUSTENTADAS DE TENSÃO

As variações sustentadas de tensão ou variações de tensão de longa duração


(long duration voltage variation) são alterações no valor eficaz da tensão que
possuem duração superior a um minuto. Em geral, são causadas pela entrada e
saída de grandes blocos de cargas, linhas de transmissão e equipamentos de
compensação de potência reativa (banco de capacitores e reatores). A American
National Standard Institute – ANSI possui uma norma, a ANSI C84.1-1982 Voltage
Ratings for Power System and Equipaments, que especifica limites de tolerância
esperados no sistema elétrico, de forma que uma variação de tensão é considerada
de longa duração quando os limites estabelecidos nessa norma são excedidos por
período superior a um minuto. As variações sustentadas de tensão são classificadas
como subtensão sustentada, sobretensão sustentada e interrupção sustentada de
tensão.Subtensões sustentadas (undervoltages) são reduções no valor da tensão
para valores a 90%, podem ser causadas por energização de grandes cargas,
desenergização de bancos de capacitores ou mesmos por sobrecargas nos
circuitos. Sobretensão sustentada (overvoltage) são elevações no valor eficaz da
tensão acima de 110%. São resultados de eventos com características inversas aos
que causam as subtensões, tais como: desligamento de grandes cargas e
energização de bancos de capacitores. Interrupção sustentada de tensão (sustained
interruption) ocorrem quando a tensão de suprimento é mantida em zero por período
superior a um minuto. São normalmente permanentes, requerendo a intervenção do
operador para restaurar o sistema.

3.2.4. DESEQUILÍBRIOS DE TENSÃO

Desequilíbrio de tensão (voltage imbalance) é definido como o máximo desvio


da média das tensões das três fases, dividida pela tensão de cada fase, em valores
percentuais. Pode também ser definido em função das componentes simétricas,
utilizando-se a razão entre a componente de seqüência negativa ou zero e a de
seqüência positiva. É importante verificar a defasagem entre as tensões de fase que,
quando diferentes de 120°, podem causar desequilíbrios significativos no sistema
31

elétrico. Podem ser causados por cargas monofásicas em circuitos trifásicos ou


resultado do desligamento de fusíveis de fase de um banco de capacitores trifásico.

3.2.5. DISTORÇÃO DA FORMA DE ONDA

As distorções da forma (wave form distortion) de onda são definidas como o


desvio do sinal ideal senoidal de tensão na freqüência da rede, caracterizado pelo
conteúdo espectral do desvio. Existem diversos tipos de distorções da forma de
onda como será visto a seguir.Compensação de corrente contínua (dc offset) é a
presença de tensão ou corrente contínua (CC) no sistema de corrente alternada
(CA). Pode ser resultado de distúrbios geomagnéticos ou como efeito de ratificação
de meia onda. Distorção harmônica (harmonic distortions) é o distúrbio na forma de
onda da tensão ou corrente em função da interferência de outras ondas com
freqüência igual a múltiplos inteiros da freqüência nominal do sistema. Em geral é
medida pela Distorção Harmônica Total – DTH, que representa a distorção
percentual em relação à corrente fundamental do sistema. A norma IEEE 519-1992
Harmonic in Power System estabelece limites para a distorção harmônica de
corrente e de tensão em circuitos de distribuição e transmissão e define também a
Distorção Total de
Demanda – DTD (Total Demand Distortion - TDD), na qual a distorção é expressa
como um percentual da corrente de carga no ponto de acoplamento comum para a
demanda máxima, para facilitar a avaliação comparativa considerando o
comportamento da carga.
32

FIGURA. 3.5: Exemplo de distorção harmônica.

Interharmônicas (interharmonics) são tensões ou correntes com componentes


de freqüência que não são múltiplos inteiros da freqüência da rede de suprimento.
São causados basicamente por conversores estáticos de freqüência, conversores,
motores indutivos e dispositivos a arco.

FIGURA. 3.6: Sinal com inter-harmônicos.


33

Cortes na tensão (notchings) são descontinuidades periódicas no valor instantâneo


da tensão, cujos componentes de freqüência são normalmente altas, sendo
geralmente causados pela operação normal de dispositivos eletrônicos de potência
(conversores) durante a comutação da corrente entre as fases do sistema. Algumas
vezes são seguidos de transitórios oscilatórios e têm sido também analisados como
distorção harmônica devido à sua natureza periódica.

FIGURA. 3.7: Sinal com micro-cortes.

Ruídos (noises) são sinais elétricos indesejáveis com conteúdo espectral inferior a
200kHz superposto à tensão ou corrente do sistema elétrico nos condutores de fase
ou de neutro ou em linhas de sinal. Podem ser causados por dispositivos de
eletrônica de potência, circuitos de controle, equipamentos a arco, cargas com
retificadores de estado sólido e operações de geradores.
34

FIGURA. 3.8: Exemplo de sinal com ruído eletromagnético.

3.2.6. FLUTUAÇÕES DE TENSÃO

Flutuações de tensão (voltage fluctuation) são rápidas alterações sistemáticas


da envoltória da tensão ou uma série de alterações randômicas na tensão que
normalmente não excede a faixa de 90% a 110%, segundo a norma ANSI C84.1-
1992. É um fenômeno eletromagnético. A International Electrotechinical Commission
– IEC, em sua norma IEC 61000-3-3 Electromagnetic compatibility (EMC) – Part
3: Limits – Section 3: Limitation of voltage fluctuations and flicker in low –
voltage supply systems for equipament with rated current _ 16 A, define vários
tipos de flutuações de tensão. São normalmente causados por cargas que podem
apresentar variações contínuas e rápidas na magnitude de sua corrente.
35

FIGURA. 3.9: Sinal com flutuação.

Algumas vezes se faz a utilização do termo cintilação (flicker) para se referir à


flutuação de tensão. Em verdade, cintilação é o resultado do impacto da flutuação de
tensão em cargas de iluminação (lâmpadas) que são perceptíveis ao olho humano,
ou seja, é a impressão visual resultante da variação do fluxo luminoso nas lâmpadas
elétricas submetidas às flutuações de tensão do sistema elétrico.

3.2.7.VARIAÇÕES MOMENTÂNEAS DE FREQÜÊNCIA

Variações momentâneas de freqüência (power frequency variations) são pequenos


desvios do valor da freqüência fundamental do sistema elétrico em
relação ao valor nominal decorrentes do desequilíbrio entre a geração da energia
elétrica e a demanda solicitada pela carga. Está diretamente relacionada com a
velocidade rotacional dos geradores. Pequenas variações na freqüência ocorrem
quando o balanço dinâmico entre a carga e a geração se altera. Assim, a sua
duração e magnitude dependem essencialmente da dimensão do desequilíbrio
ocorrido, da característica dinâmica da carga e do tempo de resposta do sistema de
geração às variações de potência. Podem ser causados por faltas no sistema de
transmissão ou desconexão de grandes blocos de cargas ou de um grande grupo de
geradores.
36

3.3. BREVE HISTÓRICO DA QUALIDADE DE ENERGIA NO BRASIL

No Brasil a primeira menção sobre qualidade de energia elétrica foi feita no Código
de Águas, através do Decreto n° 24.643, de 10 de julho de 1934, estabelecendo que
o fornecimento de energia devesse ser feito de forma adequada. Na década de 70,
as principais causas de reclamações por parte dos consumidores no que diz respeito
à qualidade do fornecimento de energia elétrica se referia às interrupções de
alimentação. Assim, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica –
DNAEE identificou a necessidade de conceituar “serviço adequado” e definir
parâmetros para delimitação dos níveis de tensão e acompanhamento da qualidade
do fornecimento de energia elétrica. Em abril de 1978, o DNAEE editou as portarias
n° 046, sobre a continuidade de serviço, e n° 047, sobre os níveis de tensões de
fornecimento e os limites de variações das tensões em geral, com a finalidade de
regulamentar as “condições técnicas e a qualidade do serviço de energia elétrica” a
serem observadas pelas empresas de energia elétrica. Ainda em 1978, as Centrais
Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRÁS publicou o documento Critérios e
Metodologias para o Atendimento de Consumidores com Cargas Especiais.
Este documento propôs critérios, procedimentos técnicos e limites relacionados com
o controle de distúrbios de natureza quase-permanente (distorções harmônicas,
flutuações e desequilíbrios de tensão) causados por cargas não-lineares, visando a
redução do impacto da operação destas sobre outras que estivessem eletricamente
próximas. Teve duas revisões, uma em 1984 para a inclusão das experiências
operacionais das empresas de energia elétrica e outra em 1993 para incorporar as
experiências dos grupos de trabalho compostos na Conseil Internationnale des
Grands Réseaux Eléctriques a Haute Tension – CIGRÉ, na Union Internationnale
dês Applications de l’Electricité – UIE, na International Electrotechinical Commission
– IEC e no Institute of Electrical and Eletronics Engineers – IEEE, além de atualizar
em relação às novas experiências das empresas de energia elétrica.
Em abril de 1980 o DNAEE lançou a Portaria n°031, que estabelecia os índices
relativos à continuidade de serviços referentes ao suprimento de energia. E em 1989
foi editada a Portaria n° 04 com o objetivo de revisar a Portaria DNAEE n°
37

047/78, redefinindo os limites de variações de tensões que deveriam ser


observados, entretanto não foram estabelecidas penalidades para a não
observância destes limites. Em 1992, diante das mudanças ocorridas no País devido
à globalização das economias, criou-se o Programa Brasileiro de Qualidade e
Produtividade – PBQ e o Plano Especial de Melhoria da Eficiência do Setor Elétrico
– PMS. Com a implantação deste último, percebe-se a importância dos índices de
continuidade de fornecimento definidos na Portaria DNAEE de n° 046/78 para
avaliação do desempenho do sistema elétrico. Diante deste novo contexto, o
DNAEE cria através da Portaria n° 293/92, um grupo de trabalho para reavaliar os
índices existentes e adequá-los à nova realidade. E em 1996, foi lançado pelo Grupo
Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos – GCPS um novo documento
que compatibilizou os documentos existentes sobre a operação e o planejamento do
atendimento de consumidores com cargas especiais, neste mesmo ano ocorreu o I
Seminário Brasileiro sobre Qualidade de Energia Elétrica. Este documento foi
atualizado em 1997, contendo limites, responsabilidades, e procedimentos aplicáveis
a consumidores que causavam distúrbios a redes de transmissão e subtransmissão,
com tensão igual ou superior a 13,8kV.
Em agosto de 1997 o DNAEE lança o Manual da Implantação da Qualidade
do Fornecimento de Energia Elétrica, objetivando o detalhamento matemático da
Portaria DNAEE n° 163/93, através do estabelecimento das fórmulas dos índices de
qualidade e da discriminação da metodologia para obtenção dos parâmetros
envolvidos e para a coleta dos respectivos dados de formação. Apresentou também
o modo de implantação do modelo, descrevendo de forma detalhada a abrangência
e as formas de organização e gerenciamento dos dados a serem coletados, bem
como o estabelecimento dos procedimentos de sua coleta, transmissão, tratamento,
apresentação, etc.
Em janeiro de 2000, a ANEEL editou a Resolução n° 024, que estabeleceu as
disposições relativas à continuidade da distribuição de energia elétrica. Durante este
ano é implantado em escala piloto o projeto ARGOS, que é um sistema on line de
Monitoração de Interrupção de Energia Elétrica. Ao final deste ano foi editada a
Resolução ANEEL n° 456 com vistas a consolidar diversas portarias do DNAEE e
atualizar as disposições relativas às condições gerais fornecimento de energia
38

elétrica. Esta resolução unifica as legislações existentes sobre o relacionamento


entre as empresas de energia elétrica e os consumidores.
Em dezembro de 2001, entrou em vigor a Resolução ANEEL n° 505 visando à
atualização das disposições referentes à conformidade dos níveis de tensão de
energia elétrica, através da revisão das premissas definidas nas Portarias DNAEE n°
047/78 e n° 04/89. Esta resolução se apresenta como um grande avanço com
relação à monitoração e controle das transgressões de tensão. A resolução define
metodologias para acompanhamento dos níveis de tensão, como: forma de
medição, critérios de amostragem e indicadores individuais e coletivos. Desta forma
o órgão regulador poderá acompanhar mensalmente como esta o nível da tensão
que as empresas de energia elétrica estão ofertando ao mercado consumidor.
Todos os problemas de qualidade de energia apresentados além de levarem
à operação incorreta de alguns equipamentos, podem também danificá-los. Sendo a
interrupção do fornecimento, incontestavelmente, o mais grave, uma vez que afeta
todos os equipamentos ligados à rede elétrica, à exceção daqueles que sejam
alimentados por UPS´s (Uninterruptable Power Supplies – sistemas de alimentação
ininterrupta) ou por geradores de emergência.
Dentre os distúrbios e a qualificação de um padrão de qualidade da energia, a
sub-área harmônicos encontra-se numa posição de destaque. De fato, em se
tratando de um sistema elétrico, as tensões de suprimento às instalações
consumidoras devem, por contrato, serem perfeitamente senoidais. No entanto, esta
condição ideal jamais será encontrada na prática, visto que, as tensões e as
correntes encontram-se distorcidas. Este desvio é usualmente expresso em termos
das distorções harmônicas de tensão e corrente, e normalmente causadas pela
operação de cargas com características não-lineares. De uma forma geral, as
concessionárias de energia elétrica fornecem uma tensão cuja forma de onda é
muito próxima da senoidal. A conexão de uma carga não-linear à rede elétrica, como
por exemplo, um forno de indução, ocasionará a circulação de uma corrente, que se
apresentará sob uma forma de onda não senoidal, e, por conseguinte, correntes
harmônicas serão produzidas.
A priori, estas correntes se propagam pelo sistema elétrico provocando distorções
de tensão em diversos pontos e ocasionando aquecimentos anormais em
transformadores, banco de capacitores, condutores neutros, motores de indução,
39

interferências em equipamentos eletrônicos de controle, comunicação,


microcomputadores, etc.
Considerando que, atualmente têm surgido cargas sensíveis a tais anomalias,
existe uma preocupação, principalmente por parte das concessionárias de energia
elétrica, em minimizar, e se possível, eliminar os impactos e os efeitos provocados
pelas componentes harmônicas.

4. Harmônica - Definição

Uma tensão ou corrente harmônica pode ser definida como um sinal senoidal cuja
freqüência é múltiplo inteiro da freqüência fundamental do sinal de alimentação. A
forma de onda de tensão ou de corrente em um dado ponto de uma instalação pode
ter o aspecto do sinal T que está mostrado na FIG. 4.1(onda deformada).
Observando essa situação, vemos que o sinal T é a soma ponto a ponto dos sinais 1
e 5 formados por senóides perfeitas de amplitudes e freqüências diferentes,
chamadas de harmônicas. Com efeito, é possível construir o sinal T a partir dos
valores dos sinais 1 e 5 indicados na TAB4.1.

FIGURA 4.1 – Onda deformada e suas componentes harmônicas.


40

TABELA 4.1 - Valores para os sinais 1, 5 e T da FIG. 4.1.

Dessa forma, podemos dizer que um sinal periódico contém harmônicas quando a
forma de onda desse sinal não é senoidal ou, dito de outro modo, um
sinal contém harmônicas quando ele é deformado em relação a um sinal senoidal.

4.1 ORDEM, FREQÜÊNCIA E SEQÜÊNCIA DAS HARMÔNICAS

Os sinais harmônicos são classificados quanto à sua ordem, freqüência e seqüência,


conforme indicado na TABELA4.2:

TAB4.2 - Ordem, freqüência e seqüência das harmônicas.


41

Em uma situação ideal, onde somente existisse um sinal de freqüência


60 Hz, apenas existi ria a harmônica de ordem 1, chamada de fundamental .

Ordem Freqüência (Hz) Seqüência


Observando-se a TABELA 4.2, vemos que há dois tipos de harmônicas:
• Ímpares
• Pares

TAB4.3 Efeitos das harmônicas nos motores

As ímpares são encontradas nas instalações elétricas em geral e as pares existem


nos casos de haver assimetrias do sinal devido à presença de componente contínua.
A seqüência pode ser positiva, negativa ou nula (zero). Tomando-se como exemplo
um motor assíncrono trifásico alimentado por quatro condutores (3F + N), as
harmônicas de seqüência positiva tenderiam a fazer o motor girar no mesmo sentido
que o da componente fundamental, provocando, assim, uma sobre corrente nos
seus enrolamentos, que provocaria um aumento de temperatura, reduzindo a vida
útil e permitindo a ocorrência de danos ao motor. Essas harmônicas de seqüência
positiva provocam, geralmente, aquecimentos indesejados em condutores, motores,
transformadores, etc.
As harmônicas de seqüência negativa fariam o motor girar em sentido contrário ao
giro produzido pela fundamental , freando assim o motor e também causando
aquecimento indesejado. Por sua vez, as harmônicas de seqüência
nula, zero ou também conhecidas como homopolares, não provocam efeitos
no sentido de rotação do motor, porém somam-se algebricamente no condutor
neutro. Isso implica que podem ocorrer situações em que pelo condutor neutro
pode circular uma corrente de terceira ordem que é três vezes maior do que a
42

corrente de terceira ordem que percorre cada condutor fase (FIG. 4.2). Com isso,
ocorrem aquecimentos excessivos do condutor neutro, destruição de bancos de
capacitores, etc.

FIGURA. 4.2 - A corrente no neutro é de terceira ordem com amplitude três vezes
maior do que a corrente de terceira ordem de cada uma das fases (supondo as
correntes fundamentais das fases de mesma amplitude = sistema equilibrado
na freqüência fundamental ).

O chamado “espectro harmônico” permite decompor um sinal em suas componentes


harmônicas e representa-lo na forma de um gráfico de barras, onde cada barra
representa uma harmônica com sua freqüência, valor eficaz e defasagem.
O espectro harmônico é uma representação da forma de onda no domínio da
freqüência. Teoricamente, o espectro harmônico de um sinal deformado qualquer
chegaria ao infinito. Na prática, geralmente l imita-se o número de harmônicas a
serem medidas e analisadas por volta da ordem número 40, uma vez que,
raramente, os sinais acima dessa ordem são significativos a ponto de poderem
perturbar o funcionamento de uma instalação.
A FIG. 4.3 mostra a forma de onda e o espectro harmônico de um sinal
praticamente senoidal, enquanto que a FIG. 4.4 apresenta uma forma de onda
bastante distorcida, repleta de harmônicas, sobretudo as de ordem 3, 5, 7 e 9.
Em uma instalação elétrica onde haja a presença predominante de sinais em
corrente alternada, o espectro apresenta apenas harmônicas de ordem ímpar,
43

enquanto que as harmônicas de ordem par são encontradas nas instalações com
sinais deformados em corrente contínua.

FIGURA. 4.3 Forma de onda e espectro de um sinal praticamente senoidal

FIGURA. 4.4 Forma de onda e espectro de um sinal fortemente distorcido

A THD é definida em conseqüência da necessidade de se determinar


numericamente as harmônicas presentes em um dado ponto da instalação.
Há duas formas de se quantificar a THD:
44

Onde h1, h2,..., hn representam o valor eficaz das harmônicas de ordem


1, 2, ..., n. A THDr representa o grau de distorção harmônica total em relação ao
sinal total, enquanto que a THDf indica a distorção harmônica total em relação à
componente fundamental . Em ambas as equações, é possível verificar que, na
ausência de componentes harmônicas (h2, h3,..., hn = 0), a THD = 0. Dessa forma,
devemos buscar nas instalações elétricas os valores de THD mais próximos de zero
possíveis. No Brasil, não há ainda valores normalizados para THDf nas instalações
elétricas. Nesse caso, uma sugestão é adotar, por exemplo, os valores máximos
expressos na norma IEEE 519-2 . São definidos dois valores para THD, sendo um
para tensão (THDU) e outro para corrente (THDI), os quais indicam,
respectivamente, o grau de distorção das ondas de tensão e corrente, quando
comparadas com as senóides puras.
É importante lembrar que a distorção de corrente, indicada pela THDI, é provocada
pela carga, ao passo que a distorção de tensão (THDU) é produzida
pela fonte geradora como conseqüência da circulação de correntes distorcidas
pela instalação. Isso provoca uma espécie de “ efeito de bola de neve” uma vez
que, se a tensão é deformada, as correntes nas cargas também se deformam e, se
as correntes se deformam, as tensões se deformam mais ainda e assim por diante
(lembre-se de que U = Z x I).
Para exemplificar, vamos determinar o valor de THDf para um sinal de corrente
que possua as seguintes características medidas em um dado ponto do circuito:
45

TAB4.4 Exemplo de corrente harmônica em um dado sinal

A FIGURA. 4.5 mostra o sinal de corrente e o seu respectivo espectro relativo ao


exemplo anterior. Deve-se notar que a onda em questão é bastante deformada
em relação a uma senóide pura, o que pode ser verificado pelo alto valor de THDf
obtido.

FIGURA. 4.5 - Forma de onda de corrente e seu espectro (THDf = 74,5%).


46

Para uma maior sensibilização em relação ao significado do valor de THDf e a forma


de onda associada, a FIG. 4.6 mostra uma onda quase senoidal pura, com THDf =
2,5%, enquanto que a FIG. 4.7 mostra uma onda distorcida com
THDf = 79,1%.

FIGURA. 4.6 - Forma de onda e espectro de um sinal praticamente senoidal (THDf =


2,5%).

FIGURA. 4.7 - Forma de onda e espectro de um sinal fortemente distorcido (THDf =


79,1%).

4.2. FATOR DE POTENCIA

Normalmente, utilizamos os termos fator de potência e cós σ_ como sinônimos, o


que somente é apropriado no caso de não existirem harmônicas no circuito, ou seja,
47

se os sinais forem senoidais puros. O fator de potência (FP) é a relação entre a


potência ativa e a potência aparente definido para um sinal periódico não senoidal:

O cós φ é a relação entre a potência ativa e a potência aparente definido para cada
uma das componentes harmônicas (senoidais):

Geralmente, mede-se o cós φ da componente fundamental e o fator de potência do


sinal deformado (total). Neste caso, em circuitos que apresentam valores de fator de
potência e cós φ muito diferentes entre si possuem uma forte quantidade de
harmônicas tanto de corrente quanto de tensão. Isso pode causar aquecimentos
excessivos generalizados na instalação e, sobretudo, sérias avarias em bancos de
capacitores. Ao contrário, valores muito próximos de fator de potência e cós φ
indicam a pequena presença de harmônicas nos circuitos.
A FIG. 4.8 mostra as formas de onda de tensão e corrente verificadas em um dado
ponto de uma instalação, onde pode-se observar na indicação do instrumento os
valores de fp = 0,70 e cós φ = 0,87. Repare como a forma de onda da corrente é
bastante distorcida (repleta de harmônicas).
48

FIGURA. 4.8 - Forma de onda com diferença significativa entre fator de potência e
cós φ

4.2.1. DESVANTAGENS DO BAIXO FATOR DE POTÊNCIA (FP) E DA ALTA


DISTORÇÃO DA CORRENTE

Esta análise é feita partindo-se de duas situações. Na primeira supõe-se constante a


potência ativa, ou seja, parte-se de uma instalação ou carga dada, a qual precisa ser
alimentada. Verificam-se algumas conseqüências do baixo FP. Na segunda
situação, analisando a partir dos limites de uma linha de transmissão, verifica-se o
ganho na disponibilização de energia para o consumo.

Podem ser citadas como desvantagens de um baixo FP e elevada distorção, dentre


outros, os seguintes fatos:

A máxima potência ativa absorvível da rede é fortemente limitada pelo FP; As


harmônicas de corrente exigem um sob redimensionamento da instalação elétrica e
dos transformadores, além de aumentar as perdas (efeito pelicular); A componente
de 3a harmônica da corrente, em sistema trifásico com neutro, pode ser muito maior
do que o normal; O achatamento da onda de tensão, devido ao pico da corrente,
além da distorção da forma de onda, pode causar mau-funcionamento de outros
equipamentos conectados à mesma rede; As componentes harmônicas podem
excitar ressonâncias no sistema de potência, levando a picos de tensão e de
corrente, podendo danificar dispositivos conectados à linha.
49

4.2.2. PERDAS

As perdas de transmissão de energia elétrica são proporcionais ao quadrado da


corrente eficaz que circula pelos condutores. Assim, para uma dada potência ativa,
quanto menor for o FP, maior será a potência reativa e, conseqüentemente, a
corrente pelos condutores. A FIG. 4.9 mostra o aumento das perdas em função da
redução do FP.

FIGURA. 4.9 Aumento das perdas devido à redução do FP (com potência ativa
constante).

A TAB 4.5 mostra um exemplo de redução de perdas devido à elevação do FP.


Toma-se como exemplo uma instalação com consumo anual de 200MWh, na qual
supõe-se uma perda de 5%. e se eleva o FP de 0,78 para 0,92. Observa-se uma
redução nas perdas de 28,1%.

TABELA4.5 Análise comparativa da redução de perdas devido ao aumento do FP

Situação 1 Situação 2

Fator de potência 0,78 0,92

Perdas globais (%) 5 3,59

Perdas globais (MWh/ano) 10 7,18

Redução das perdas 28,1%


50

Uma outra questão relevante, e que será discutida mais detalhadamente em outros
capítulos deste texto, refere-se a se fazer a correção do FP em cada equipamento
individualmente ou apenas na entrada de uma instalação. A TAB [4.6] estuda o
caso de um edifício comercial com uma instalação de 60 kVA. Verifica o efeito de
uma compensação em quatro situações (em termos do posicionamento do
compensador): no primário do transformador; no secundário do transformador de
entrada (o que elimina as perdas adicionais neste elemento); em centrais de cargas
(sub-painéis); e em cada carga. A compensação em cada carga faz com que a
corrente que circula em todo o sistema seja praticamente senoidal (FP~1). Fazendo-
se a compensação de um grupo de cargas, as harmônicas circulação por trechos
reduzidos de cabos. Com a compensação no secundário do transformador, a
corrente será distorcida em toda a instalação, mas não no transformador. Com uma
compensação na entrada, apenas o fornecedor de energia será beneficiado. A TAB
4.6 mostra resultados deste estudo.

TABELA4. 6 Economia (potencial) de energia com compensação de harmônicos em


diferentes alocações

Posicionamento da Primário trafo Secundário trafo Central de Equipa-


compensação de entrada de entrada cargas mento

Perdas totais sem


8148 8148 8148 8148
compensação (W)

Perdas totais com


8125 5378 4666 3346
compensação (W)

% total de perdas com


13,54 8,96 7,78 5,58
compensação

Redução de perdas para


23 2770 3482 4802
carga de 60kVA (W)

% de redução de perdas /
0,04 4,62 5,8 8,0
60kVA
51

4.2.3. CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO

Analisemos agora o caso do sistema de transmissão, para o qual a grandeza


constante é a potência aparente, uma vez que é ela que define a capacidade térmica
das linhas.

Uma análise fasorial só pode ser aplicada para grandezas senoidais e de mesma
freqüência. Assim, o triângulo de potência pode ser usado em análises dentro destas
condições, ou seja, quando as ondas de tensão e/ou de corrente são não-senoidais
a análise só será correta se for feita uma combinação de fasores relativos a cada
componente harmônica.

Um baixo FP significa que grande parte da capacidade de condução de corrente dos


condutores utilizados na instalação está sendo usada para transmitir uma corrente
que não produzirá trabalho na carga alimentada. Mantida a potência aparente (para
a qual é dimensionada a instalação), um aumento do FP significa uma maior
disponibilidade de potência ativa, como indicam os diagramas da FIG. 4.10.

FIGURA. 4.10 Efeito do aumento do FP na ampliação da disponibilidade de potência


ativa.

Uma análise análoga pode ser feita em termos de uma instalação existente, a qual
poderia ser utilizada para alimentação de uma carga de maior potência, ou para uma
quantidade maior de cargas.

Consideremos aqui aspectos relacionados com o estágio de entrada de fontes de


alimentação. As tomadas da rede elétrica doméstica ou industrial possuem uma
corrente (RMS) máxima que pode ser absorvida (tipicamente 15A nas tomadas
domésticas). A FIG. 4.11 mostra uma forma de onda típica de um circuito retificador
52

alimentando um filtro capacitivo. Notem-se os picos de corrente e a distorção


provocada na tensão de entrada, devido à impedância da linha de alimentação. O
espectro da corrente mostra o elevado conteúdo harmônico.

FIGURA. 4.11 Corrente de entrada e tensão de alimentação de retificador


alimentando filtro capacitivo. Espectro da corrente.

TABELA4.7 Comparação da potência ativa de saída

Convencional PF corrigido

Potência disponível 1440 VA 1440 VA

Fator de potência 0,65 0,99

Eficiência do corretor de
100% 95%
FP

Eficiência da fonte 75% 75%

Potência disponível 702 W 1015 W

Nota-se que o baixo fator de potência da solução convencional (filtro capacitivo) é o


grande responsável pela reduzida potência ativa disponível para a carga alimentada.
53

5 NORMAS RELATIVAS À CORRENTE DE LINHA: FATOR DE POTÊNCIA E


HARMÔNICAS DE BAIXA FREQÜÊNCIA

5.1FATOR DE POTÊNCIA

A atual regulamentação brasileira do fator de potência [2.1] estabelece que o mínimo


fator de potência (FP) das unidades consumidoras é de 0,92. A partir de abril de
1996 o cálculo do FP deve ser feito por média horária. O consumo de reativos além
do permitido (0,425 VArh por cada Wh) é cobrado do consumidor. No intervalo entre
6 e 24 horas isto ocorre se a energia reativa absorvida for indutiva e das 0 às 6
horas, se for capacitiva.

Conforme foi visto anteriormente, as componentes harmônicas da corrente também


contribuem para o aumento da corrente eficaz, de modo que elevam a potência
aparente sem produzir potência ativa (supondo a tensão senoidal). Assim, uma
correta medição do FP deve levar em conta a distorção da corrente, e não apenas a
componente reativa (na freqüência fundamental).

5.2.NORMA IEC 1000-3-2: LIMITES PARA EMISSÃO DE HARMÔNICAS DE


CORRENTE (<16 A POR FASE)

Esta norma [2.2] refere-se às limitações das harmônicas de corrente injetadas na


rede pública de alimentação. Aplica-se a equipamentos elétricos e eletrônicos que
tenham uma corrente de entrada de até 16 A por fase, conectado a uma rede
pública de baixa tensão alternada, de 50 ou 60 Hz, com tensão fase-neutro entre
220 e 240 V. Para tensões inferiores, os limites não foram ainda estabelecidos
(1996).

Os equipamentos são classificados em 4 classes:

Classe A: Equipamentos com alimentação trifásica equilibrada e todos os demais


não incluídos nas classes seguintes.

Classe B: Ferramentas portáteis.


54

Classe C: Dispositivos de iluminação, incluindo reguladores de intensidade


(dimmer).

Classe D: Equipamento que possua uma corrente de entrada com a forma mostrada
na FIG. 2.1. A potência ativa de entrada deve ser inferior a 600W, medida esta feita
obedecendo às condições de ensaio estabelecidas na norma (que variam de acordo
com o tipo de equipamento). Um equipamento é incluído nesta classe se a corrente
de entrada, em cada semi-período, se encontra dentro de um envelope como
mostrado na fig. 5.1, num intervalo de pelo menos 95% da duração do semi-período.
Isto significa que formas de onda com pequenos picos de corrente fora do envelope
são consideradas dentro desta classe.

FIGURA. 5.1. Envelope da corrente de entrada que define um equipamento como


classe D.

Independentemente da forma da corrente de entrada, se um equipamento for


enquadrado nas classes B ou C, ele não será considerado como de classe D. Isto
também vale para aparelhos que contenham motor CA nos quais se faça ajuste de
velocidade por controle de fase (SCR ou Triac).

Estes limites não se aplicam (ainda estão em estudo) a equipamentos de potência


maior do que 1kW, utilizados profissionalmente.
55

Para as harmônicas de ordem superior a 19, observa-se globalmente o espectro. Se


este estiver dentro de um envelope com decaimento monotônico, ou seja, se suas
componentes diminuírem com o aumento da frequência, as medições podem ser
restritas até a 19a harmônica. As correntes harmônicas com valor inferior a 0,6% da
corrente de entrada (medida dentro das condições de ensaio), ou inferiores a 5 mA
não são consideradas.

A TAB 5.1 indica os valores máximos para as harmônicas de corrente, com o


equipamento operando em regime permanente. Para o regime transitório, as
correntes harmônicas que surgem na partida de um aparelho e que tenham duração
inferior a 10 s não devem ser consideradas.

Já para as harmônicas pares entre a 2a e a 10a e as ímpares entre a 3a e a 19a,


valores até 1,5 vezes os dados pela TAB.5.1 são admissíveis para cada harmônica,
desde que apareçam em um intervalo máximo de 15 segundos (acumulado), em um
período de observação de 2 minutos e meio.

Os valores limites para a classe B são os mesmos da classe A, acrescidos de 50%.

Para tensões menores sugere-se usar a seguinte expressão para encontrar o novo
valor dos limites das harmônicas:

(2.1)
56

TABELA5.1Limites para as Harmônicas de Corrente

Classe C
Ordem da Classe A Classe B Classe D (>10W, Classe
(>25W)
Harmônica <300W) D
Máxima Máxima
% da
n corrente [A] corrente [A] [mA/W] [A]
fundamental

Harmônicas
Ímpares

3 2,30 3,45 30.FP 3,4 2,3

5 1,14 1,71 10 1,9 1,14

7 0,77 1,155 7 1,0 0,77

9 0,40 0,60 5 0,5 0,40

11 0,33 0,495 3 0,35 0,33

13 0,21 0,315 3 0,296 0,21

15<n<39 3 3,85/n 2,25/n

Harmônicas
Pares

2 1,08 1,62 2

4 0,43 0,645

6 0,3 0,45

8<n<40
57

5.3.RECOMENDAÇÃO IEEE PARA PRÁTICAS E REQUISITOS PARA


CONTROLE DE HARMÔNICAS NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA: IEEE-
519

Esta recomendação (não é uma norma) produzida pelo IEEE [2.4] descreve os
principais fenômenos causadores de distorção harmônica, indica métodos de
medição e limites de distorção. Seu enfoque é diverso daquele da IEC, uma vez que
os limites estabelecidos referem-se aos valores medidos no Ponto de Acoplamento
Comum (PAC), e não em cada equipamento individual. A filosofia é que não
interessa ao sistema o que ocorre dentro de uma instalação, mas sim o que ela
reflete para o exterior, ou seja, para os outros consumidores conectados à mesma
alimentação.

Os limites diferem de acordo com o nível de tensão e com o nível de curto-circuito do


PAC. Obviamente, quanto maior for a corrente de curto-circuito (Icc) em relação à
corrente de carga, maiores são as distorções de corrente admissíveis, uma vez que
elas distorcerão em menor intensidade a tensão no PAC. À medida que se eleva o
nível de tensão menores são os limites aceitáveis.

A grandeza TDD (Total Demand Distortion) é definida como a distorção harmônica


da corrente, em % da máxima demanda da corrente de carga demanda de 15 ou 30
minutos. Isto significa que a medição da TDD deve ser feita no pico de consumo.

Harmônicas pares são limitadas a 25% dos valores acima. Distorções de corrente
que resultem em nível cc não são admissíveis.
58

TABELA5.2 Limites de Distorção da Corrente para Sistemas de Distribuição (120 v a


69kV)

Máxima corrente harmônica em % da corrente de carga (Io - valor da componente


fundamental)

Harmônica ímpares:

Icc/Io <11 11<n<17 17<n<23 23<n<35 35<n TDD(%)

<20 4 2 1,5 0,6 0,3 5

20<50 7 3,5 2,5 1 0,5 8

50<100 10 4,5 4 1,5 0,7 12

100<1000 12 5,5 5 2 1 15

>1000 15 7 6 2,5 1,4 20

TABELA5.3 Limites de Distorção da Corrente para Sistemas de Sub-distribuição


(69001V a 161kV)

Limites para harmônicas de corrente de cargas não-lineares no PAC com outras


cargas

Harmônica ímpares:

Icc/Io <11 11<n<17 17<n<23 23<n<35 35<n TDD(%)

<20 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5

20<50 3.5 1,75 1,25 0,5 0,25 4

50<100 5 2,25 2 0,75 0,35 6

100<1000 6 2,75 2,5 1 0,5 7,5

>1000 7.5 3,5 3 1,25 0,7 10


59

TABELA5.4Limites de distorção de corrente para sistemas de alta tensão (>161kV) e


sistemas de geração e co-geração isolados.

Harmônica ímpares:

Icc/Io <11 11<n<17 17<n<23 23<n<35 35<n THD(%)

<50 2 1 0,75 0,3 0,15 2,5

>50 3 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75

Para os limites de tensão, os valores mais severos são para as tensões menores
(nível de distribuição). Estabelece-se um limite individual por componente e um limite
para a distorção harmônica total.

TABELA5.5 Limites de distorção de tensão

Distorção individual THD

69kV e abaixo 3% 5%

69001V até 161kV 1,5% 2,5%

Acima de 161kV 1% 1,5%


60

6 EFEITOS E CAUSAS DE HARMÔNICAS NO SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA

A análise aqui feita baseia-se no texto da recomendação IEEE-519 que trata de


práticas e requisitos para o controle de harmônicas no sistema elétrico de potência.
No referido texto são identificadas diversas referências específicas sobre os
diferentes fenômenos abordados. Qualquer sinal de corrente ou de tensão, cuja
forma de onda não seja senoidal, pode provocar danos na instalação elétrica em que
está presente e/ou em seus componentes e aparelhos a ela conectados.
Há vários efeitos provocados pelas harmônicas, sendo que alguns podem ser
notados visualmente, outros podem ser ouvidos, outros são registrados por
medidores de temperatura e ainda há os casos em que se necessitam utilizar
equipamentos especiais para detectá-los. Os principais efeitos observados em
instalações e componentes submetidos à presença de harmônicas são:
aquecimentos excessivos, disparos de dispositivos de proteção, ressonância,
vibrações e acoplamentos, aumento da queda de tensão e redução do fator de
potência da instalação, tensão elevada entre neutro e terra, etc.
Em conseqüência dos efeitos mencionados, podem haver problemas associados ao
funcionamento e desempenho de motores, fios e cabos, capacitores, computadores,
transformadores, etc.

6.1.EFEITOS DE HARMÔNICAS EM COMPONENTES DO SISTEMA ELÉTRICO

O grau com que harmônicas podem ser toleradas em um sistema de alimentação


depende da susceptibilidade da carga (ou da fonte de potência). Os equipamentos
menos sensíveis, geralmente, são os de aquecimento (carga resistiva), para os quais a
forma de onda não é relevante. Os mais sensíveis são aqueles que, em seu projeto,
assumem a existência de uma alimentação senoidal como, por exemplo, equipamentos
de comunicação e processamento de dados. No entanto, mesmo para as cargas de
baixa susceptibilidade, a presença de harmônicas (de tensão ou de corrente) podem
ser prejudiciais, produzindo maiores esforços nos componentes e isolantes.
61

6.1.1.MOTORES E GERADORES

O maior efeito dos harmônicos em máquinas rotativas (indução e síncrona) é o


aumento do aquecimento devido ao aumento das perdas no ferro e no cobre. Afeta-se,
assim, sua eficiência e o torque disponível. Além disso, tem-se um possível aumento do
ruído audível, quando comparado com alimentação senoidal.

Outro fenômeno é a presença de harmônicos no fluxo, produzindo alterações no


acionamento, como componentes de torque que atuam no sentido oposto ao da
fundamental, como ocorre com o 5o , 11o, 17o, etc. harmônicos. Isto significa que tanto
o quinto componente, quanto o sétimo induzem uma sexta harmônica no rotor. O
mesmo ocorre com outros pares de componentes.

O sobre-aquecimento que pode ser tolerado depende do tipo de rotor utilizado. Rotores
bobinados são mais seriamente afetados do que os de gaiola. Os de gaiola profunda,
por causa do efeito pelicular, que conduz a condução da corrente para a superfície do
condutor em freqüências elevadas, produzem maior elevação de temperatura do que os
de gaiola convencional.

O efeito cumulativo do aumento das perdas reflete-se numa diminuição da eficiência e


da vida útil da máquina. A redução na eficiência é indicada na literatura como de 5 a
10% dos valores obtidos com uma alimentação senoidal. Este fato não se aplica a
máquinas projetadas para alimentação a partir de inversores, mas apenas àquelas de
uso em alimentação direta da rede.

Algumas componentes harmônicas, ou pares de componentes (por exemplo, 5 a e 7a,


produzindo uma resultante de 6a harmônica) podem estimular oscilações mecânicas em
sistemas turbina-gerador ou motor-carga, devido a uma potencial excitação de
ressonâncias mecânicas. Isto pode levar a problemas de industriais como, por exemplo,
na produção de fios, em que a precisão no acionamento é elemento fundamental para a
qualidade do produto.

O aumento das perdas leva á chamada desclassificação das máquinas. Nas


máquinas elétricas, as perdas podem ser divididas, fundamentalmente, em três
grandes grupos:
62

• Perdas no cobre;
• Perdas no ferro;
• Perdas mecânicas.
Em um contexto técnico-economico uma máquina deve ter as suas perdas tão
pequenas quanto possível. Por outro lado, quando uma máquina é projetada para,
no máximo, funcionar com um determinado nível de perdas, é óbvio que tal valor
não deve ser ultrapassado em regime permanente. Como sabemos as perdas da
máquina condicionam o seu aquecimento, e em consequência o maior ou menor
esforço solicitado aos materiais isolantes. Mais ainda, o maior ou menor
aquecimento da máquina tem também implicações diretas sobre os valores das
impedâncias dos seus circuitos elétricos, e logo sobre as suas quedas de tensão
internas. A seguir veremos como os harmônicos provocam o aumento das perdas
nas máquinas.

6.1.2.PERDAS NO COBRE

São perdas que existem em todos os circuitos elétricos da máquina quando


percorridos por correntes elétricas, São provocadas pelo efeito de Joule e logo
dadas por R.I 2 . A resistência R, de cada enrolamento, tem de ser o valor “a
quente”.
No caso dos enrolamentos das máquinas percorridos por correntes alternadas, o
valor da resistência destes deve ainda ter conta o efeito pelicular.
As perdas no cobre, como se pode concluir da expressão 2 R.I são diretamente
proporcionais ao quadrado da corrente. Se do termo contínuo.
Como facilmente se conclui da expressão, sendo a corrente não senoidal, e portanto
contendo termos harmônicos, o seu valor eficaz será superior ao que seria se fosse
senoidal, ou seja, se somente existisse o termo fundamental. Em
conseqüência desse acréscimo na corrente temos um acréscimo nas perdas. Por
outro lado, a existência de harmônicos nas grandezas elétricas das máquinas
também altera o valor da resistência dos circuitos elétricos devido ao efeito pelicular,
que será explicado a seguir.
A corrente contínua tende a distribuir-se uniformemente por toda a seção reta
63

do condutor. No entanto, quando a freqüência aumenta o campo magnético próximo


do centro do condutor aumenta a reatância local. Como conseqüência, a corrente
tende a circular preferencialmente pela periferia do condutor diminuindo-se assim a
área efetiva de circulação da corrente e desse modo aumenta-se o valor da
resistência e das perdas no cobre. Esse fenômeno que implica o aumento da
resistência de um condutor devido ao aumento da freqüência da corrente que o
percorre é o efeito pelicular.
As perdas no cobre, tendo em conta a circulação das correntes harmônicas e
o aumento do valor da resistência, serão dadas por:

Que serão, evidentemente, superiores à:

Que seria o valor das perdas caso existisse somente a componente fundamental.

6.1.3.PERDAS NO FERRO

As perdas no ferro são aquelas que se verificam por histerese e por correntes
de Faucault que são devidas á variação da densidade de fluxo magnético no ferro
das máquinas. A variação no tempo do fluxo magnético origina o aparecimento de
um campo elétrico no seio dos materiais magnéticos. Estes podem constituir
circuitos fechados, nos quais se induzem f.e.m.’s proporcionais á freqüência do fluxo
magnético indutor. Estas f.e.m.´s. irão originar correntes elétricas, as correntes de
Faucault, que ao percorrerem os circuitos fechados, geram perdas por efeito de 75
Joule. A energia assim dissipada constitui as perdas por correntes de Faucault, com
boa aproximação, estas perdas podem ser expressas por:
64

Onde:
• K f é uma constante de proporcionalidade cujo valor depende das unidades
usadas, do volume do ferro e da sua resistividade;
• B max é a indução máxima;
• f é a freqüência;
• é a espessura da chapa.
Quando o campo magnético não é senoidal, e portanto contém termos harmônicos,
então o fluxo magnético variável no tempo (ou espaço) conterá também, além do
termo fundamental, um conjunto de termos harmônicos. As f.e.m.’s induzidas no
material magnético terão igualmente uma componente fundamental e um conjunto
de termos harmônicos, ocorrendo o mesmo com as correntes originadas sobre o
circuitos fechados que se formam no material magnético.
As perdas devido ás correntes de Faucault serão então dadas pela soma das perdas
provocadas pela componente fundamental com as perdas originadas por cada uma
das componentes harmônicas. E devido ao efeito pelicular a resistência dos
referidos circuitos fechados aumenta á medida que aumenta a frequência dos
sucessivos termos harmônicos. Por outro lado o valor de max B diminui á medida
que aumenta a ordem do harmônico,e o valor das constantes f K também se altera.
As perdas por histerese são freqüentemente referidas no estudo de máquinas
elétricas, uma vez que em conjunto com as perdas por correntes de Faucault
representam as designadas perdas no ferro de uma máquina. Estas perdas podem
ser calculadas pela expressão:

Onde:
• K hist é uma constante de proporcionalidade que depende das caracteristicas e
volume de ferro e das unidades usadas;
• f é a freqüência;
• Bn max é a indução máxima. O expoente n varia entre 1,5 e 2,5, sendo 2 um valor
freqüente. Da Equação 4, podemos concluir que se um determinado material
65

magnético é magnetizado por meio de uma corrente contínua, as perdas por


histerese são nulas devido a sua dependência direta da freqüência. Isso é verdade
pois para um determinado material ferromagnético existe uma relação peculiar entre
a indução magnética e os valores do campo elétrico que os cria, a que se dá o nome
de ciclo histerético. Este ciclo revela a energia envolvida durante o processo de
magnetização do material ferromagnético. Admitamos a magnetização de um
determinado material ferromagnético através da utilização de uma corrente
alternada. Durante essa magnetização, numa primeira fase, a corrente elétrica de
magnetização na sua alternância positiva vai crescendo até ao seu valor máximo, e,
em consequência o campo magnético acompanha este crescimento atingindo
também o seu valor máximo como mostra a FIG. 6.1.

FIGURA. 6.1: Ciclo positivo atuando na magnetização de um material


ferromagnético.

De forma análoga é possível verificar que algo de semelhante ocorre durante a


alternância negativa da corrente de magnetização. Desse modo podemos concluir
que durante um ciclo de magnetização, uma quantidade de energia, proporcional á
área do ciclo histerético, não é devolvida, sendo gasta no trabalho de orientação dos
domínios magnéticos. Parte desta energia é dissipada sob a forma de calor,
constituindo as chamadas perdas por histerese.
66

FIGURA. 6.2: Energia que não é devolvida num ciclo de magnetização


completo
Quando a corrente magnetizante que cria o campo magnético é senoidal, com
uma frequência f, existem f ciclos de magnetização por segundo. Em conseqüência
teremos uma dissipação de energia por histerese f vezes superior á dissipada num
só ciclo. Quando a corrente magnetizante não é senoidal, e portanto possui além do
termo fundamental alguns termos harmônicos de freqüência múltipla da
fundamental, as perdas por histerese são dadas pelas perdas correspondentes ao
termo fundamental acrescidas das devidas a cada um dos termos harmônicos. É
importante que se tenha presente que o valor máximo atingido pelas correntes
harmônicas é muito inferior ao da componente fundamental e que a sua frequência é
superior aumentando com a ordem do harmônico. Assim, é fácil de perceber que
para a corrente de magnetização de 5ª ordem, por exemplo, se dão 5f ciclos de
magnetização, mas que, muito provavelmente, a energia não devolvida no total é
inferior a não devolvida para o termo fundamental, uma vez que o ciclo histerético
terá uma menor área devido ao menor valor da corrente, e logo menores valores de
Hmáx e de Bmáx. A conclusão principal a retirar é que as perdas no ferro aumentam
quando no sistema estão envolvidas grandezas periódicas não senoidais.
Como constatamos, a presença de grandezas harmônicas nas máquinas elétricas
conduz a um aumento das perdas globais das máquinas e consequentemente a um
aumento da sua temperatura de funcionamento, obrigando a desclassificação destas
para se garantir a segurança dos isolamentos.
A capacidade de uma determinada máquina para suportar as consequências
dos harmônicos depende dos seus aspectos construtivos e dos efeitos que os
67

harmônicos produzem, essencialmente no seu aquecimento extra e em particular


nos sobreaquecimentos localizados que em geral se fazem sentir nos rotores das
máquinas rotativas. Além deste problema surgem ainda os problema dos binários
harmônicos motores ou de frenagem e ainda a possibilidade de vários harmônicos
distintos criarem binários de oscilação pendular.

6.1.4.PERDAS MECÂNICAS

As perdas mecânicas das máquinas elétricas resultam fundamentalmente de


atritos nas escovas e nos mancais e da potência necessária para fazer o
arrefecimento da máquina. No caso das máquinas rotativas, estas perdas podem ser
aumentadas por ação de binários resistentes originados por harmônicos de
sequência negativa. Quando, por exemplo, no circuito elétrico do estator do motor de
indução trifásico com o rotor em gaiola de esquilo, se fazem circular correntes
harmônicas, resulta que no circuito elétrico do rotor as f.e.m ’s induzidas também
conterão termos harmônicos.

FIGURA. 6.3: Efeito da harmônica de seqüência negativa gerando binário


resistente.
Os termos harmônicos das correntes do estator podem ter uma sequência positiva,
negativa ou nula, e consequentemente, as f.e.m´s induzidas no rotor
também poderão ser de sequência positiva negativa ou nula, dando origem a
68

correntes nas mesmas condições. Como consequência, os binários originados na


máquina, um para cada harmônico, podem ter o sentido positivo, negativo ou nulo,
ou seja poderão existir binários motores ou resistentes.

6.1.5.TRANSFORMADORES

Também neste caso tem-se um aumento nas perdas. Harmônicos na tensão aumentam
as perdas ferro, enquanto harmônicos na corrente elevam as perdas cobre. A elevação
das perdas cobre deve-se principalmente ao efeito pelicular, que implica numa redução
da área efetivamente condutora à medida que se eleva a frequência da
corrente.Normalmente as componentes harmônicas possuem amplitude reduzida, o
que colabora para não tornar esses aumentos de perdas excessivos. No entanto,
podem surgir situações específicas (ressonâncias, por exemplo) em que surjam
componentes de alta freqüência e amplitude elevada.Além disso o efeito das reatâncias
de dispersão fica ampliado, uma vez que seu valor aumenta com a
freqüência.Associada à dispersão existe ainda outro fator de perdas que se refere às
correntes induzidas pelo fluxo disperso. Esta corrente manifesta-se nos enrolamentos,
no núcleo, e nas peças metálicas adjacentes aos enrolamentos. Estas perdas crescem
proporcionalmente ao quadrado da freqüência e da corrente.Tem-se ainda uma maior
influência das capacitâncias parasitas (entre espiras e entre enrolamento) que podem
realizar acoplamentos não desejados e, eventualmente, produzir ressonâncias no
próprio dispositivo.

6.1.6.CABOS DE ALIMENTAÇÃO

Em razão do efeito pelicular, que restringe a secção condutora para componentes de


freqüência elevada, também os cabos de alimentação têm um aumento de perdas
devido às harmônicas de corrente. Além disso tem-se o chamado "efeito de
proximidade", o qual relaciona um aumento na resistência do condutor em função do
efeito dos campos magnéticos produzidos pelos demais condutores colocados nas
adjacências.

A FIG. 6.4 mostra curvas que indicam a seção transversal e o diâmetro de condutores
de cobre que devem ser utilizados para que o efeito pelicular não seja significativo
69

(aumento menor que 1% na resistência). Note que para 3kHz o máximo diâmetro
aconselhável é aproximadamente 1 ordem de grandeza menor do que para 50Hz. Ou
seja, para frequências acima de 3 kHz um condutor com diâmetro maior do que 2,5 mm
já começa a ser significativo em termos de eleito pelicular.Além disso, caso os cabos
sejam longos e os sistemas conectados tenham suas ressonâncias excitadas pelas
componentes harmônicas, podem aparecer elevadas sobre-tensões ao longo da linha,
podendo danificar o cabo.

Na FIG. 6.5 tem-se a resposta em freqüência, para uma entrada em tensão, de um


cabo de 10 km de comprimento, com parâmetros obtidos de um cabo trifásico 2 AWG,
6 kV. As curvas mostram o módulo da tensão no final do cabo, ou seja, sobre a carga
(do tipo RL). Dada a característica indutiva da carga, esta comporta-se praticamente
como um circuito aberto em frequências elevadas. Quando o comprimento do cabo for
igual a ¼ do comprimento de onda do sinal injetado, este "circuito aberto" no final da
linha reflete-se como um curto-circuito na fonte. Isto repete-se para todos os múltiplos
ímpares desta freqüência. As duas curvas mostradas referem-se à resposta em
freqüência sem e com o efeito pelicular. Nota-se que considerando este efeito tem-se
uma redução na amplitude das ressonâncias, devido ao maior amortecimento
apresentado pelo cabo por causa do aumento de sua resistência. Na FIG. 6.5 tem-se a
perfil do módula da tensão ao longo do cabo quando o sinal de entrada apresentar-se
na primeira freqüência de ressonância. Observe que a sobre-tensão na carga atinge
quase 4 vezes a tensão de entrada (já considerando a ação do efeito pelicular). O valor
máximo não ocorre exatamente sobre a carga porque ela não é, efetivamente, um
circuito aberto nesta freqüência de aproximadamente 2,3 kHz
70

FIGURA. 6.4 Área de seção e diâmetro de fio de cobre que deve ser usado em função
da freqüência da corrente para que o aumento da resistência seja menor que 1%.

FIGURA. 6.5 Resposta em freqüência de cabo trifásico (10 km).


71

FIGURA. 6.6 Perfil de tensão ao longo do cabo na freqüência de ressonância.

Na FIG. 6.7 tem-se a resposta no tempo de uma linha de 40 km (não incluindo o efeito
pelicular), para uma entrada senoidal (50Hz), na qual existe uma componente de 1% da
harmônica que coincide com a freqüência de ressonância do sistema (11 a). Observe
como esta componente aparece amplificada sobre a carga. À medida que aumenta o
comprimento do cabo a ressonância se dá em freqüência mais baixa, aumentando a
possibilidade de amplificar os harmônicos mais comuns do sistema.

FIGURA. 6.7 Resposta no tempo de cabo de transmissão a uma entrada com


componente na freqüência de ressonância.
72

6.1.7.CAPACITORES

O maior problema aqui é a possibilidade de ocorrência de ressonâncias (excitadas


pelas harmônicas), podendo produzir níveis excessivos de corrente e/ou de tensão.
Além disso, como a reatância capacitiva diminui com a freqüência, tem-se um aumento
nas correntes relativas às harmônicas presentes na tensão.As correntes de alta
freqüência, que encontrarão um caminho de menor impedância pelos capacitores,
elevarão as suas perdas ôhmicas. O decorrente aumento no aquecimento do
dispositivo encurta a vida útil do capacitor. A FIG. 6.8 mostra um exemplo de correção
do fator de potência de uma carga e que leva à ocorrência de ressonância no sistema.
Na FIG. 3.6 são mostradas as FIG.s relativas à tensão e às correntes da fonte nos
diferentes circuitos. Considere o circuito (a), no qual é alimentada uma carga do tipo
RL, apresentando um baixo fator de potência. No circuito (b), é inserido um capacitor
que corrige o fator de potência, como se observa pela forma da corrente mostrada na
FIG. 6.9 (intermediária). Suponhamos que o sistema de alimentação possua uma
reatância indutiva, a qual interage com o capacitor e produz uma ressonância série
(que conduz a um curto-circuito na frequência de sintonia). Caso a tensão de
alimentação possua uma componente nesta freqüência, esta harmônica será
amplificada. Isto é observado na FIG. 6.9 (inferior), considerando a presença de uma
componente de tensão de 5a harmônica, com 3% de amplitude. Observe a notável
amplificação na corrente, o que poderia produzir importantes efeitos sobre o sistema.

(a) (b) (c)

FIGURA. 6.8 Circuitos equivalentes para análise de ressonância da linha com capacitor
de correção do fator de potência.
73

FIGURA. 6.9 Formas de onda relativas aos circuitos da FIG. 6.8: (a) - superior; (b) -
intermediário; (c) - inferior.

6.1.8.EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS

Alguns equipamentos podem ser muito sensíveis a distorções na forma de onda de


tensão. Por exemplo, se um aparelho utiliza os cruzamento com o zero (ou outros
aspectos da onda de tensão) para realizar alguma ação, distorções na forma de onda
podem alterar, ou mesmo inviabilizar, seu funcionamento.

Caso as harmônicas penetrem na alimentação do equipamento por meio de


acoplamentos indutivos e capacitivos (que se tornam mais efetivos com a aumento da
freqüência), eles podem também alterar o bom funcionamento do aparelho.
74

6.1.9.APARELHOS DE MEDIÇÃO

Aparelhos de medição e instrumentação em geral são afetados por harmônicas,


especialmente se ocorrerem ressonâncias que afetam a grandeza medida.

Dispositivos com discos de indução, como os medidores de energia, são sensíveis a


componentes harmônicas, podendo apresentar erros positivos ou negativos,
dependendo do tipo de medidor e da harmônica presente. Em geral a distorção deve
ser elevada (>20%) para produzir erro significativo.

6.1.10.RELÉS DE PROTEÇÃO E FUSÍVEIS

Um aumento da corrente eficaz devida a harmônicas sempre provocará um maior


aquecimento dos dispositivos pelos quais circula a corrente, podendo ocasionar uma
redução em sua vida útil e, eventualmente, sua operação inadequada.

Em termos dos relés de proteção não é possível definir completamente as respostas


devido à variedade de distorções possíveis e aos diferentes tipos de dispositivos
existentes.

A referência é um estudo no qual se afirma que os relés de proteção geralmente não


respondem a qualquer parâmetro identificável, tais como valores eficazes da grandeza
de interesse ou a amplitude de sua componente fundamental. O desempenho de um
relé considerando uma faixa de freqüências de entrada não é uma indicação de como
aquele componente responderá a uma onda distorcida contendo aquelas mesmas
componentes espectrais. Relés com múltiplas entradas são ainda mais imprevisíveis.

6.2.CAUSAS DE DISTORÇÃO HARMÔNICA

Genericamente, são consideradas cargas lineares aquelas constituídas por


resistências, indutâncias e capacitâncias, onde as formas de onda de tensão e
corrente são sempre senoidais.
75

Por exemplo, se a carga é um motor de 1/6 de cv, rendimento de 80% e fator de


potência 0,85, a tensão e corrente possuem a forma de onda da FIG. 6.10

FIGURA. 6.10 - Consumo de um motor monofásico de 1/6 cv.


A eletrônica de potência disponibilizou para os escritórios e indústrias diversos
equipamentos capazes de controlar o produto final : iluminação variável, velocidade
ajustável, etc.
Desse modo, aproximadamente 50% da energia elétrica passa por um dispositivo de
eletrônica de potência antes que seja finalmente utilizada.
Essa eletrônica faz uso de diodos, transistores e tiristores, sendo que praticamente
todos eles operam em modo de interrupção.
Isso significa que funcionam essencialmente em dois estados:

FIGURA. 6.11 - Dispositivo de controle semicondutor da corrente e da tensão


76

A) ESTADO DE CONDUÇÃO
Corresponde a um interruptor fechado. A corrente pelo dispositivo pode alcançar
valores elevados, porém a tensão é praticamente nula e, portanto, a dissipação de
potência no dispositivo é muito pequena.
B) ESTADO DE BLOQUEIO
Corresponde a um interruptor aberto. A corrente pelo dispositivo é muito pequena e
a tensão é elevada e, portanto, a dissipação de potência no dispositivo também é
muito pequena nesse estado.
Todos os semicondutores de potência passam rapidamente de um estado para outro
através de circuitos que consomem, tipicamente, menos de 5W.
A FIG. 6.11 mostra um dispositivo para controlar a corrente em uma carga linear
constituída por uma resistência e uma indutância. A tensão é interrompida pelos
semicondutores e deixa de ser senoidal .
A corrente é nula em determinados intervalos de tempo. O usuário pode controlar os
instantes de condução e, portanto, pode variar a tensão e a corrente no circuito. Ao
resultar na circulação de correntes não senoidais pelo circuito, fala-se então em
distorção harmônica e cargas não lineares FIG 6.12

FIGURA. 6.12 - Formas de onda no circuito com dispositivo de controle


77

Serão apresentados a seguir equipamentos e fenômenos que produzem contaminação


harmônica no sistema elétrico. Quando se fizer referência ao termo ideal, significa que
está sendo desconsiderada os efeitos indutivos do sistema de alimentação, ou seja,
considera-se a alimentação feita a partir de uma fonte ideal.

6.2.1.CONVERSORES

Serão vistos aqui alguns casos típicos de componentes harmônicas produzidas por
conversores eletrônicos de potência, tais como retificadores e controladores CA
(corrente alternada).

6.2.2.FORMAS DE ONDA EM CONVERSORES IDEAIS

A FIG. 6.13 mostra um retificador a diodos alimentando uma carga do tipo RL, ou seja,
que tende a consumir uma corrente constante, caso sua constante de tempo seja muito
maior do que o período da rede.

Na FIG.s 6.14 tem-se a forma de tensão de saída do retificador, numa situação ideal.
Supondo uma corrente constante, sem ondulação sendo consumida pela carga, a
forma de onda da corrente na entrada do retificador é mostrada na FIG. 6.15

As amplitudes das componentes harmônicas deste sinal seguem a equação :

onde:

h é a ordem harmônica;

k é qualquer inteiro positivo;

q é o número de pulsos do circuito retificador (6, no exemplo).


78

FIGURA. 6.13 Circuito retificador trifásico, com carga RL.

FIGURA. 6.14 Tensão de saída de retificador ideal.


79

FIGURA. 6.15 Tensões e corrente de entrada com carga indutiva ideal e espectro da
corrente.

6.2.3. A COMUTAÇÃO

Uma forma de corrente retangular como a suposta na FIG. 6.15 pressupõe a não
existência de indutâncias em seu caminho, ou então uma fonte de tensão infinita, que
garante a presença de tensão qualquer que seja a derivada da corrente. Na presença
de indutâncias, como mostrado na FIG. 6.16, no entanto, a transferência de corrente de
uma fase para outra não pode ser instantânea. Ao invés disso, existe um intervalo no
qual estarão em condução o diodo que está entrando e aquele que está em processo
de desligamento. Isto configura um curto-circuito na entrada do retificador. A duração
deste curto-circuito depende de quão rapidamente se dá o crescimento da corrente pela
fase que está entrando em condução, ou seja, da diferença de tensão entre as fases
que estão envolvidas na comutação.
80

FIGURA. 6.16 Topologia de retificador trifásico, não-controlado, com carga indutiva .

Formas de onda típicas, indicando o fenômeno da comutação.A FIG. 6.17 mostra um


resultado experimental relativo a um retificador deste tipo. Neste caso a corrente não é
plana, mas apresenta uma ondulação determinada pelo filtro indutivo do lado
CC(corrente continua). Mesmo neste caso pode-se notar que as transições da corrente
de entrada não são instantâneas e que durante as transições, nota-se uma perturbação
na tensão na entrada do retificador. O valor intantâneo desta tensão é a média das
tensões das fases que estão comutando, supondo iguais as indutâncias da linha. Este
"afundamento" da tensão é chamado de "notching".Como se nota, a distorção na
tensão ocorre devido à distorção na corrente associada à reatância da linha.
81

FIGURA. 6.17 Distorção na tensão devido ao fenômeno de comutação.

6.2.4.REATOR CONTROLADO A TIRISTORES (RCT)

A FIG. 6.18 mostra o circuito de um RCT, elemento utilizado para fazer controle de
tensão no sistema elétrico. Isto é feito pela síntese de uma reatância equivalente, que
varia entre 0 e L, em função do intervalo de condução do par de tiristores. A forma de
onda da corrente, bem como seu espectro estão mostrados na FIG. 6.19. Observe a
presença de harmônicos ímpares. À medida que o intervalo de condução se reduz
aumenta a THD da corrente.

FIGURA. 6.18 Diagrama elétrico de RCT.


82

FIGURA. 6.19 Formas de onda e espectro da corrente em RCT.

A corrente obedece à seguinte expressão:

(4.2)

a é o ângulo de disparo do SCR, medido a partir do cruzamento da tensão com o zero.


Vi é o valor de pico da tensão.

As componentes harmônicas (valor eficaz) existindo para todas as componentes


ímpares. A FIG. 6.20 mostra o comportamento de algumas harmônicas em função do
ângulo a. Note que a terceira componente pode atingir quase 14% do valor da
fundamental.

FIGURA. 6.20 Variação do valor eficaz de cada componente harmônica em relação à


fundamental.
83

6.2.5.FORNO DE ARCO

As harmônicas produzidas por um forno de arco, usado na produção de aço, são


imprevisíveis devida à variação aleatória do arco. A corrente do arco é não-periódica e
sua análise revela um espectro contínuo, incluindo harmônicas de ordem inteira e
fracionária. Entretanto, medições indicam que harmônicas inteiras entre a 2a e a 7a
predominam sobre as demais, sendo que sua amplitude decai com a ordem.

Quando o forno atua no refino do material, a forma de onda se torna simétrica,


desaparecendo as harmônicas pares. Na fase de fusão, tipicamente, as componentes
harmônicas apresentam amplitude de até 8% da fundamental, enquanto no refino
valores típicos são em torno de 2%.

6.2.6.RETIFICADORES COM FILTRO CAPACITIVO

Conforme já foi visto, a grande parte dos equipamentos eletrônicos possuem um


estágio de entrada constituído por um retificador monofásico com filtro capacitivo. este
tipo de circuito produz na rede correntes de forma impulsiva, centrados
aproximadamente no pico da onda senoidal. O circuito está mostrado na FIG. 6.21. Na
FIG. 6.22 tem-se formas de onda da tensão e da corrente, obtidas por simulação, bem
como o espectro da corrente. Nota-se a grande amplitude das harmônicas, produzindo,
certamente, uma elevada THD.

Situação semelhante ocorre com entrada trifásica, quando são observados 2 impulsos
de corrente em cada semi-ciclo, como mostra a FIG. 6.23. Nota-se, mais uma vez, a
significativa distorção que pode ocorrer na forma da tensão devido à queda de tensão
que ocorre na reatância da linha.
84

FIGURA. 6.21 Retificador monofásico com filtro capacitivo.

(a) (b)

FIGURA. 6.22 (a)Corrente de entrada e tensão de alimentação de retificador


alimentando filtro capacitivo. (b) Espectro da corrente.
85

FIGURA. 6.23 Tensão na entrada (superior) e corrente de linha (inferior) em retificador


trifásico com filtro capacitivo.

6.2.7.RETIFICADOR CARREGADOR

Os retificadores carregadores trifásicos são compostos por uma Ponte de Graetz


que pode utilizar diodos não controlados, diodos e tiristores semicontrolados ou
tiristores totalmente controlados, com forte geração de quinta e sétima harmônicas,
conforme i lustrado na FIG. 20.
No caso do exemplo, a taxa de distorção de corrente é de 30%, sendo 28% para a
5ª harmônica, 5% para a 7ª e 6% para a 11ª, podendo-se desprezar as
demais componentes.
86

FIGURA. 6.24 - Circuito retificador carregador totalmente controlado, com indutância


série.
6.2.8.VARIADOR DE VELOCIDADE

Os variadores de velocidade conquistaram espaço no mercado nos últimos anos,


sobretudo pelas suas elevadas qualidades na partida dos motores, com
economia de energia e contribuindo para o aumento da vida útil dos mesmos.
O variador de velocidade é uma carga muito poluidora, com alto conteúdo de
harmônicas, alcançando valores de distorção de corrente superiores a 100%,
o que significa que a soma das harmônicas supera o valor da fundamental .
A FIG. 21 mostra um variador de velocidade típico, com sua forma de onda bastante
deformada e um amplo espectro harmônico, com destaque para 81% de 5ª
harmônica, 74% de 7ª, 42% de 11ª, além da presença de correntes de 13ª, 17ª e 19ª
ordens. A onda de corrente gerada pelo variador também apresenta um elevado
fator de crista (2,8), o que sugere uma atenção especial no caso de se utilizar
transformador para alimentação desses equipamentos.
87

FIGURA. 6.25 - Circuito típico de um variador de velocidade.

6.2.9.FONTE DE ALIMENTAÇÃO MONOFÁSICA

Esse tipo de carga é o mais disseminado nas instalações elétricas em geral, uma
vez que qualquer equipamento eletrônico possui sua própria fonte de alimentação.
Tratam-se de fontes comutadas, de baixo custo, que integram computadores
pessoais, fotocopiadoras, impressoras, aparelhos de fax e secretárias eletrônicas,
centrais telefônicas, etc.
Nos locais onde há grandes concentrações desses equipamentos, como nos
edifícios comerciais e de escritórios, por exemplo, existe uma grande presença
de harmônicas que podem afetar severamente a operação e o desempenho das
instalações elétricas. A FIG. 6.26 mostra um circuito típico de uma fonte monofásica,
onde prevalecem a 3ª harmônica com 78% e a 5ª com 44%, além da presença da 7ª
e 9ª também. O destaque é para a taxa de distorção global de 93% e para o elevado
fator de crista (2,4). Atenção especial deve ser dada à circulação de corrente de 3ª
harmônica e suas múltiplas pelo condutor neutro de circuitos 3F+N.
88

FIGURA. 6.26 - Circuito típico de uma fonte de alimentação monofásica.

6.2.10.MÁQUINA DE SOLDAR ELÉTRICA

Trata-se de uma carga que apresenta um consumo de energia instável e sobre


apenas uma fase. Conforme indicado na FIG. 6.27, a forma de onda da corrente
gerada pela máquina de soldar tem uma certa semelhança com a forma da fonte de
alimentação monofásica, porém seu tempo de consumo de energia
é maior, uma vez que sua passagem por zero é de menor duração.
A taxa de distorção global é de 58% devida, sobretudo, à presença marcante da 3ª
harmônica (56%), com discreta presença (9%) das harmônicas de ordem 5ª e 7ª.

FIGURA. 6.27 - Corrente absorvida e espectro harmônico para uma máquina de


soldar típica
89

7 MEDIÇÕES DE HARMÔNICAS

Os instrumentos usuais de medição de tensão e corrente são projetados e


construídos para uma adequada leitura de sinais perfeitamente senoidais (que estão
cada vez mais raros de serem encontrados). No caso da presença de harmônicas,
as leituras desses aparelhos podem apresentar erros grosseiros que levam o
profissional a tirar conclusões erradas sobre o circuito analisado.
Para entendermos um pouco mais em detalhe o motivo pelo qual os instrumentos
convencionais não são adequados quando existem harmônicas, vamos comparar o
princípio de funcionamento desses aparelhos com o dos instrumentos específicos
para ler sinais distorcidos.

7.1.INSTRUMENTOS CONVENCIONAIS DE VALOR MÉDIO

Os instrumentos portáteis mais usuais são os multímetros e alicates amperímetro


que foram projetados e vem sendo fabricados há anos, época em que os sinais
presentes nas instalações eram predominantemente senoidais e pouco se sabia ou
se ouvia falar em harmônicas. Esses instrumentos são chamados de “ valor médio” e
possuem um desenho otimizado em termos de construção / desempenho / preço,
fazendo com que eles possam medir sinais senoidais corretamente com os erros
típicos associados à classe de exatidão do equipamento.
Quando o sinal não é senoidal, o resultado da medição pode ser muito diferente do
valor eficaz real da tensão ou corrente que se está medindo. A explicação para essa
diferença está no método de medição que se utiliza para
calcular o valor eficaz.
Os instrumentos de valor médio empregam a relação que existe entre o valor eficaz
e o valor médio em meio período para calcular o valor eficaz do sinal. Esse tipo de
instrumento utiliza sempre o coeficiente 1,11 que relaciona o valor eficaz com o valor
médio em meio período de um sinal senoidal, ou seja, o valor médio de um sinal
retificado. É importante entendermos que esse coeficiente somente é válido quando
o sinal é senoidal .
90

A FIG. 7.1 mostra um circuito típico utilizado pelos equipamentos convencionais.


Basicamente, o circuito é constituído por uma ponte de diodos
que retifica o sinal, um circuito amplificador que multiplica o sinal por 1,11 e
um circuito que calcula o valor médio. O resultado é um número que coincide
com o valor eficaz, independentemente da freqüência e do valor do sinal, desde que
o sinal não contenha harmônicas.

FIGURA. 7.1 - Circuito típico de um instrumento de valor médio medindo um sinal


senoidal
A FIG. 7.2 mostra o mesmo instrumento anterior, porém submetido a um sinal
distorcido (com harmônicas). No caso dessa forma de onda, a relação entre o valor
eficaz e o valor médio do sinal retificado é igual a 2,1, sendo que o amplificador do
instrumento multiplica o sinal sempre por 1,11.
No caso desse circuito, a indicação do multímetro seria 116V, enquanto que o valor
correto deveria ser 220V, ou seja, um erro de mais de 50% na indicação. Uma
situação como essa pode explicar porque algumas vezes disjuntores com corrente
nominal 15A abrem um circuito onde se mede 12 A com um instrumento
convencional. Na realidade, a corrente nesse caso pode ser de 18 A!
91

FIGURA. 7.2- Circuito típico de um instrumento de valor médio medindo um sinal


com harmônicas.

7.2.INSTRUMENTOS DE VALOR EFICAZ VERDADEIRO (“ TRUE RMS” )

Os instrumentos de valor eficaz verdadeiro, também chamados de TRUE


RMS, surgiram como conseqüência da necessidade de se medir o valor eficaz de
sinais que não eram senoidais, ou seja, que continham harmônicas.
Os circuitos de entrada desses multímetros e alicates amperímetros podem
variar em função do fabricante do aparelho. Uns aplicam a fórmula matemática
para cálculo do valor eficaz, outros calculam o aquecimento efetivo, etc.
A FIG. 7.3 mostra um exemplo de circuito de um instrumento de valor eficaz
verdadeiro, onde podemos ver dois transistores e um amplificador operacional .
Quando o aquecimento produzido por um sinal em corrente contínua é equivalente
ao gerado pelo sinal alternado que se deseja medir, o circuito operacional deixa
passar um valor de contínua equivalente ao valor de alternada. Esse é o Valor Eficaz
Verdadeiro do sinal .
92

FIGURA. 7.3 - Circuito de entrada típico de um instrumento de valor eficaz


verdadeiro.
Uma especificação importante no caso dos aparelhos de valor eficaz verdadeiro é a
sua largura de banda. Ela refere-se à faixa de freqüências do sinal dentro da qual o
medidor é capaz de realizar medidas confiáveis. Essa largura de banda é similar a
um filtro passa-baixa. Normalmente, é necessário um equipamento de medição de,
pelo menos, 1kHz (até a 17ª harmônica) de largura de banda para realizar medições
de formas de onda distorcidas em ambientes comerciais e industriais.
Como exemplo, a FIG. 7.4 mostra três sinais medidos com instrumentos de
valor eficaz verdadeiro e de valor médio, considerando-se ambos com a mesma
classe de exatidão. Pode-se observar que à medida que o sinal se deforma, o erro
do instrumento de valor médio vai aumentando.
93

FIGURA. 7.4 - Sinais com diferentes graus de distorção e valores medidos pelos
instrumentos.
A TAB7.1 resume, para três tipos de sinais, os erros que se podem cometer
utilizando instrumentos de medição de valor médio (convencionais) e de valor eficaz
verdadeiro (true rms).
94

TABELA7.1Comparação entre diferentes tipos de sinais e de instrumentos

7.3.CENTRAIS DE MEDIÇÃO

A central de medição PM500 concentra em uma só caixa compact 96x96 mm,todas


as medições necessárias ao monitoramento de uma instalação elétrica.Ela substitui
vantajosamente os indicadores analógicos
Modular e evolutiva, responde de maneira eficaz a necessidade. O usuário escolhe
as funções uteis para ele.os módulos podem ser agrupados em lugares não importa
em qual momento para responder a novas necessidades ou para expor os
investimentos.
Aplicações:
Alocação de custos
Monitoramento á distancia da instalação
Monitoramento das harmônicas

CM3000 e CM4000
Os CM’s são centrais de medição com performance que oferecem numerosas
possibilidades de medição e uma integração assegurada nos sistemas graças à sua
conectividade Ethernet e seu servidor Web incluso.
Aplicação:
Alocação dos custos
Monitoramento à distancia da instalação
Análise exaustiva da qualidade de energia
95

Verificação da fatura
Manutenção preventiva

Micrologic:centro de medição integrada ao disjuntor


Para as novas instalações, a unidade de controle micrologic H,integrada ao disjuntor
de potencia Masterpact,é particularmente interessante no caso de uma medição no
início da instalação ou sobre a saída.
Permite:
Medição das correntes,tensões,potencia ativa e reativa
A medição de THD e THF em corrente e tensão
Afixar componentes harmônicos em amplitude e em fase até a gama 51 em corrente
e tensão
Registro das formas de onda (osciloperturbografia).

8.COMO LIDAR COM AS HARMÔNICAS

8.1.DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES DE FASE E NEUTRO NA


PRESENÇA DE HARMÔNICAS
Pensando no jeito que tradicionalmente determinamos a bitola dos condutores
de uma instalação elétrica qualquer, o que muda no cálculo quando os fios e
cabos são percorridos por correntes harmônicas de diferentes ordens?
É preciso aumentar a seção dos condutores devido à presença das harmônicas?
Para dimensionar os cabos com harmônicas, vamos lembrar, primeiramente, como
determinar a seção dos condutores sem harmônicas. Para tanto, valem os seis
critérios de dimensionamento de um circuito de acordo com a NBR 5410, a saber:
seção mínima, capacidade de corrente, queda de tensão, sobrecarga, curto-circuito
e contato indireto (apenas para esquemas TN).
Para a aplicação desses critérios, é necessário definir a chamada corrente de
projeto (IB). Na prática, essa é a maior corrente eficaz prevista de circular num dado
96

circuito. Essa corrente de projeto é a corrente nominal do circuito afetada por todos
os fatores que se possa imaginar numa instalação, tais como:
fator de demanda, fator de reserva, etc. É a partir dessa corrente de projeto que se
entra na tabela de capacidade de condução dos cabos, que se calcula a
queda de tensão no circuito e que se escolhe o dispositivo de proteção contra
sobrecarga.
Na era “ pré-harmônica” das instalações elétricas, era só obter IB e pronto!
Se o circuito em questão fosse trifásico com neutro, quase sempre era considerado
equilibrado (corrente no neutro como igual a zero), determinava-se a seção dos
condutores de fase e escolhíamos a seção do neutro como sendo metade da
fase.No entanto, quando existirem harmônicas em um dado circuito, elas devem ser
consideradas em conjunto na obtenção do valor de IB para aquele
dimensionamento. Além disso, dependendo da ordem da harmônica, no caso de
circuitos trifásicos com neutro, ao invés da corrente no neutro ser próxima de zero,
ela poderá ser até três vezes o valor da fundamental da corrente de fase! Isso
significa que, nestes casos, a seção do neutro deverá ser maior do que a dos
condutores de fase.
Cálculo da corrente de projeto IB em circuitos com presença de harmônicas
O valor eficaz da corrente total resultante em um circuito percorrido por correntes
harmônicas de ordem 1, 2, 3, 4, ... , n é dado por:

Exemplo de dimensionamento
Seja um circuito de 2 fases que alimenta um quadro de distribuição de um setor de
uma instalação, conforme indicado na FIG. 8.1
97

FIGURA. 8.1 Circuito com presença de harmônicas


As correntes que estão presentes nesse circuito são de ordens 1 (fundamental), 3
(terceira harmônica), 5 (quinta) e 7 (sétima), com intensidades (valores eficazes) de,
respectivamente, 110 A, 57 A, 25 A e 17 A. Nessas condições, qual o valor da
corrente de projeto IB a considerar no cálculo da seção dos condutores desse
circuito?
Solução:

Note que é esse valor de IB que devemos utilizar para os dimensionamentos


dos condutores pelos critérios de capacidade de corrente, queda de tensão e
sobrecarga.Supondo que esse circuito esteja sozinho no interior de um eletroduto
aparente, com temperatura ambiente de 30°C e que sejam utilizados condutores
com isolação em PVC, determinar a seção desses condutores.
Solução:
Aplicando-se diretamente a TAB31 da NBR 5410/97 (ver TAB8.1), método de
instalação B1, coluna de 2 condutores carregados (os fatores de correção por
agrupamento e temperatura são, nesse caso, iguais a 1), obtemos: SF = 50mm2.
Observe que, se o presente dimensionamento fosse realizado sem levar em
consideração a presença das harmônicas, mas tão somente o valor da corrente
fundamental (110 A), a seção dos condutores resultaria em SF = 35mm2. Esse
cálculo, na prática, significa que os condutores iriam operar em regime de
98

sobrecarga, com a conseqüente redução de sua vida útil e com o eventual risco
desse sobreaquecimento provocar um futuro dano à integridade da instalação.
TABELA 8.1 – TAB.31 da NBR 5410/97, capacidades de condução de corrente, em
ampères, para métodos de referência A1, A2, B1, B2, C e D. Condutores isolados,
cabos unipolares e multipolares cobre e alumínio, isolação de PVC. Temperatura no
condutor - 70°C, Temperatura ambiente - 30°C e do Solo - 20°C.

Sejam agora as mesmas correntes do exemplo anterior, porém percorrendo um


circuito com 3 fases e neutro.
99

FIG. 8.2 Circuito equilibrado sem harmônicas

As correntes em cada fase são exatamente iguais, tanto a fundamental quanto as


harmônicas. Vamos determinar a corrente de projeto e dimensionar os condutores.
Solução:
Em relação à corrente de projeto IB que percorre as fases não há nenhuma
diferença no cálculo em relação ao exemplo anterior e seu valor eficaz é de 127 A.
A grande diferença neste caso, refere-se à corrente que irá circular pelo condutor
neutro (IN). Como se sabe, as correntes de ordem 3ª e seus múltiplos
que circulam pelas fases somam-se algebricamente. No caso de nosso exemplo,
temos apenas a corrente de terceira ordem (57 A). Desse modo, a corrente eficaz
que percorrerá o neutro será:

Note que esse valor é 35% (171/127) maior do que a corrente de fase e 55%
(171/110) maior do que a corrente fundamental.Vejamos como ficam os
dimensionamentos dos condutores nesse caso, mantendo as mesmas condições de
instalação já descritas no exemplo anterior.
CONDUTORES DE FASE
Como temos um circuito 3F + N com corrente circulando no neutro, trata-se então de
4 condutores carregados. Como na TAB31 da NBR 5410/97 (ver TAB8.1), temos 2
ou 3 condutores carregados, supomos que os condutores a serem dimensionados
100

compõem 2 circuitos de 2 condutores carregados cada um. Assim, temos um fator


de correção por agrupamento igual a 0,8 (conforme
TAB35 da NBR 5410/97) e a corrente fictícia de projeto IB’ = 127 / 0,8 = 153 A.
Entrando com esse valor na TAB8.1, coluna de 2 condutores carregados, vemos que
a seção dos condutores de fase será de SF = 70mm2.
CONDUTOR NEUTRO
No caso do condutor neutro, a corrente de projeto a considerar será IN = 171 A, o
que resulta em uma corrente fictícia de projeto de 171 / 0,8 = 214 A, a qual nos leva
a uma seção do condutor neutro de SN = 95mm2.
Observe que, se realizarmos o presente dimensionamento sem levar em
consideração a presença das harmônicas, mas tão somente o valor da corrente
fundamental (110 A), a seção dos condutores resultaria em SF = 35mm2. Neste
caso ainda, se realizarmos o dimensionamento como “ antigamente” , a
tendência seria reduzir o neutro para 25mm2, conforme a TAB.44 da NBR 5410/97.
Em resumo, veja a grande diferença entre os dimensionamentos considerando ou
não a presença de harmônicas:

Na prática, considerando a presença de harmônicas, a especificação dos condutores


desse circuito seria 3 x 70 mm2 + 1 x 95 mm2. Parece estranho especificar a seção
do neutro maior que a das fases, mas na era das harmônicas é isso mesmo o que
ocorre.
Ainda em relação ao dimensionamento desse circuito, vejamos como ele seria
realizado se utilizarmos o item 6.2.6.4 da NBR 5410/97, que remete o cálculo para o
uso da TAB45 da mesma norma.
Neste caso, é preciso determinar a porcentagem de terceira harmônica na corrente
de fase (p). Em nosso caso, como visto anteriormente, a corrente total
101

de fase (valor eficaz) é igual a 127 A e a corrente de terceira harmônica é igual


a 57 A, o que resulta em uma porcentagem p = (57 / 127) x 100% = 45%.Com esse
valor de p, a TAB45 nos fornece um fator de correção f = 0,86, sendo a escolha da
seção com base na corrente de neutro, ou seja:

Entrando com 199 A na TAB.8.1, método B1, coluna de 3 condutores carregados,


encontramos a seção do condutor de 95 mm2, mesmo valor obtido
pelo outro modo de calcular indicado. Observe que o texto é claro ao prescrever que
aquela prescrição (uso da TAB8.2) é válido admitindo-se que os 4 condutores do
circuito (3F + N) sejam de mesmo material e tenham a mesma seção nominal .
Na prática, isso significa que esse circuito seria especificado, de acordo com a NBR
5410/97 como sendo 3 x 95 mm2 + 1 x 95 mm2. O texto a seguir reproduz as
prescrições da NBR 5410/97 no que diz respeito ao dimensionamento de circuitos
na presença de harmônicas.
Determinação das seções nominais de circuitos trifásicos considerando a presença
de harmônicas As prescrições que se seguem aplicam-se a circuitos trifásicos a 4
condutores, onde o desequilíbrio entre fases é inferior a 50% e onde é prevista a
presença de correntes harmônicas de 3ª ordem nos condutores fase, admitindo-se
que os 4 condutores sejam de mesmo material e tenham a mesma seção nominal .
A TAB8.2 dá os fatores de correção que aplicados às capacidades de correção
relativas a 3 condutores carregados (tabelas 31, 32, 33 e 34), fornecem os valores
correspondentes a 4 condutores carregados, quando a corrente no condutor neutro
é devida a harmônicas.
102

TABELA8.2 - Fatores de correção aplicáveis a circuitos trifásicos a 4 condutores,


onde é prevista a presença de correntes harmônicas de 3ª ordem.

1. A TAB.8.2 foi originalmente obtida para cabos tetrapolares e pentapolares, mas


pode, em princípio, ser utilizada para circuitos com cabos unipolares ou condutores
isolados.
2. A corrente (I) a ser utilizada para a determinação da seção dos 4 condutores do
circuito, utilizando as tabelas 31, 32 ou 34 (colunas de 3 condutores carregados) é
obtida pelas expressões:
- escolha pela corrente de fase: I = IB
- escolha pela corrente de neutro:

onde:
IB = corrente de projeto do circuito
p = porcentagem da harmônica de 3ª ordem (TAB45)
f = fator de correção (TAB45)

8.2.FATOR DE DESCLASSIFICAÇÃO

As subestações de baixa tensão são especialmente sensíveis às harmônicas de


corrente que provocam sobreaquecimentos e possíveis defeitos nos equipamentos.
Historicamente, a potência nominal e o calor que um transformador dissipa em
regime de plena carga são calculados com base na hipótese de que o sistema é
composto por cargas lineares que, por definição, não produzem harmônicas. No
103

entanto, se pelo transformador circular uma corrente que contenha harmônicas, ele
sofrerá um aquecimento adicional, que poderá levá-lo a uma avaria.
O fator K é um fator de desclassificação definido para os transformadores que indica
quanto se deve reduzir a potência máxima de saída quando existirem harmônicas. A
expressão matemática aproximada mais usual para o fator K é definida por:

E a máxima potência fornecida por um transformador é dada por:

Para a utilização dessa expressão, deve-se determinar, por medição (no caso de
instalações existentes) ou por cálculo (no caso de projetos), o valor de pico e a
corrente eficaz em cada fase do secundário do transformador, calcular então as
médias desses valores e com elas entrar na expressão anterior.
Assim, por exemplo, se o fator K determinado para um certo transformador de
potência nominal 1000 kVA vale 1,2, então a máxima potência que esse
equipamento poderia fornecer sem que houvesse seu sobreaquecimento seria
igual a 1000 / 1,2 = 833 kVA.
A expressão para a determinação do valor de K é aproximada, uma vez que ela não
considera todas as componentes harmônicas existentes na instalação.No entanto,
ela permite uma adequada aproximação para se determinar a máxima
potência disponível por um transformador sujeito à influência da distorção na forma
de onda de corrente. Uma fórmula mais completa que define o fator K pode ser
obtida, por exemplo, no documento HD428.4 S1 da CENELEC. No capítulo 6, será
apresentada a forma prática de utilização do fator K para transformadores.
104

8.3 FATOR DE CRISTA

O fator de crista (FC) é definido como a relação entre o valor de pico e o valor eficaz
de um sinal, ou seja:

Quando um sinal é perfeitamente senoidal, essa relação é igual a:

Para entendermos melhor o efeito do fator de crista, vamos recorrer à observação


dos dois sinais de corrente indicados na FIG. 8.3. O sinal indicado
por número 1 corresponde à corrente na entrada de um conversor de freqüência
monofásico e o sinal 2 refere-se ao de uma senóide pura com valor eficaz igual ao
do sinal 1. Por medição, obtiveram-se os seguintes valores para os dois sinais:

TABELA8.3 - Valores relativos aos sinais da FIG. 8.3

Observando-se os valores da TAB.8.3, concluímos que, para um mesmo valor


eficaz, a corrente de pico pode ser muito diferente, dependendo do grau de
105

deformação da onda. No caso do exemplo, a corrente de pico do sinal 1 é quase três


vezes maior do que o do sinal 2, mesmo ambas tendo o mesmo valor eficaz. Isso
nos ensina que, nos circuitos onde há a presença de harmônicas, o valor eficaz da
tensão ou da corrente por si só é uma informação pouco significativa. Nesses casos,
é muito importante conhecermos o tipo de sinal que se está medindo, seu valor de
pico e sua distorção harmônica total.
Essa é a melhor forma de se quantificar o conteúdo de harmônicas em um dado
ponto de medida considerado. A visualização desses dados por meio de
um gráfico de barras permite ao profissional a realização de ações corretivas
em relação àquelas harmônicas que mais prejudicam a qual idade do sinal, a
instalação elétrica em geral e os componentes, equipamentos e máquinas e
dispositivos elétricos e eletrônicos presentes.

FIGURA. 8.3 - Os sinais 1 e 2 têm o mesmo valor eficaz, mas apresentam fatores de
crista muito diferentes.

8.4.INDUTÂNCIA
Trata-se de uma solução paliativa que atenua todas as harmônicas presentes
no ponto de instalação. Consiste na utilização de uma indutância (LF) em série,
entre a fonte de energia e a carga poluidora, conforme a FIG. 8.4.
106

FIGURA. 8.4 - Emprego de indutância para atenuação de todas as harmônicas.

Nesse caso, a indutância LF soma-se à indutância LS da fonte (transformador


ou gerador) e à dos cabos, o que significa uma redução (atenuação) no valor de:

resultando em

As principais vantagens da indutância são:


• É uma solução simples, confiável e de baixo custo;
• A bobina pode ser utilizada com qualquer tipo de fonte.
E as principais desvantagens são:
• Limitada eficiência;
• Grandes dimensões;
• Introduz uma queda de tensão na linha.
107

8.5 FILTRO PASSIVO LC

Essa solução consiste, geralmente, na inclusão de um filtro LC em paralelo com a


fonte poluidora. A FIG. 8.5 mostra uma ligação típica desse filtro, onde
também pode ser visto o emprego adicional de uma indutância (LF) para
amortecimento das harmônicas, conforme explicado anteriormente. Nesse caso, a
indutância LP e a capacitância CP são escolhidas de modo que a impedância do
filtro seja zero para a freqüência que se deseja eliminar e seja muito pequena para
outras freqüências próximas dessa, ou seja:

Por exemplo, se é necessário eliminar a 5ª harmônica, temos:

Neste exemplo, com o produto LP x CP calculado, obtemos:


• Para a harmônica de 5ª ordem (300 Hz), a impedância em paralelo (LP+CP) é igual
a zero e a corrente nessa freqüência flui apenas entre a fonte poluidora e os
componentes LP+CP, não afetando assim as eventuais cargas a montante do filtro.
• Para a harmônica de 7a ordem, se ela existir, a impedância do filtro ainda é baixa e
parte da corrente em 420 Hz é atenuada.
• Para as harmônicas superiores à 7a ordem, prevalece o valor da reatância indutiva
de LP (a reatância capacitiva de CP tende a zero, pois Xc = 1/ 2 fC).
108

FIGURA. 8.5 - Emprego de Filtro de Harmônicas Ativo LC combinado com indutância


para atenuação de uma harmônica específica (no exemplo, a 5a harmônica

O filtro de harmônicas passivo LC descrito anteriormente, é chamado de filtro não


compensado, porém há, genericamente, um outro tipo de filtro passivo, chamado
de filtro de harmônicas compensado (FIG. 8.6), que é particularmente
recomendado para instalações onde seja utilizada uma fonte
de substituição de energia como, por exemplo, grupos geradores.A indutância
adicional (LA) instalada em paralelo com o filtro LC reduz a energia capacitiva que
precisa ser fornecida pelo grupo gerador por causa da presença da capacitância
introduzida pelo filtro, tanto na partida quanto em regime permanente.
Isso faz com que não seja necessário haver um sobre dimensionamento do grupo
gerador para compensar a energia capacitiva da instalação e evita problemas de
mau funcionamento do gerador (acelerações e desacelerações bruscas).
109

FIGURA. 8.6 - Emprego de Filtro de Harmônicas Ativo LC Compensado, combinado


com indutância para atenuação de uma harmônica específica.

As principais vantagens dos filtros de harmônicas passivos LC são as seguintes:


• Simples e confiáveis;
• A indutância de compensação (LA) pode ser instalada a qualquer momento;
• Desempenho muito satisfatório, sobretudo na freqüência sintonizada, obtendo-se,
via de regra, THDI 5%;
• Aumento do fator de potência da instalação, uma vez que a introdução do capacitor
(CP) compensa parte da energia indutiva dos componentes existentes. Por sua vez,
os filtros de harmônicas passivos LC apresentam algumas desvantagens:
• Limite de espectro de atuação, ou seja, o filtro elimina apenas o sinal harmônico
sintonizado e atenua outras harmônicas próximas, mas não é eficaz para uma banda
mais larga de sinais;
• Depende da fonte de alimentação, pois o uso de filtro compensado é obrigatório no
caso da presença de grupos geradores;
• Funciona adequadamente apenas se não houver alteração nas cargas durante a
vida da instalação, uma vez que, a mudança das cargas pode provocar alteração no
espectro harmônico da instalação, fazendo com que a freqüência de sintonia
previamente estabelecida para o filtro seja diferente do novo valor existente.
110

8.6 FILTRO (CONDICIONADOR) ATIVO


O filtro (ou condicionador) ativo é usualmente ligado em paralelo entre a fonte e a
carga poluidora, conforme a FIG. 8.7

FIGURA. 8.7 - Ligação típica de um filtro ativo de harmônicas.


Esse filtro analisa cada uma das fases continuamente, em tempo real ,monitorando
a corrente de carga ICH. Dessa análise, obtém-se o espectro harmônico, que é a
indicação da presença da fundamental e de todas as demais componentes
harmônicas do sinal .
O condicionador então gera um sinal de corrente (IFA) que é igual à diferença
entre a corrente total de carga (ICH) e a fundamental (ICH1). Essa corrente (IFA),
que é a soma das correntes harmônicas defasadas de 180°, é injetada na carga de
forma que a resultante no ponto de ligação do filtro ativo será uma corrente senoidal
semelhante (forma de onda e intensidade) à fundamental da fonte.
Com esse funcionamento, não existe a circulação de correntes harmônicas no
trecho entre a fonte e o nó A da FIG. 8.7, o que assegura que outros eventuais
equipamentos ligados nesse trecho da instalação não irão ser afetados pela
presença da carga harmônica.
Os filtros ativos, que via de regra empregam transistores IGBT no módulo de
potência, são geralmente projetados para cobrir uma faixa do espectro harmônico
(tipicamente de H2 a H25 - 2ª à 25ª harmônicas), são relativamente
simples de instalar e podem ser conectados em qualquer ponto da instalação,
111

visando a compensação das harmônicas geradas por uma ou várias cargas não
lineares.
Assim, um filtro ativo pode estar localizado:
• Junto às cargas que geram grande quantidade de harmônicas, assegurando que a
filtragem seja realizada localmente;
• Junto aos quadros de distribuição, realizando uma compensação parcial das
harmônicas ou;
• Junto ao quadro geral da instalação, para prover uma compensação geral das
correntes harmônicas.
Idealmente, um filtro ativo deveria ser instalado no ponto de origem da geração da
harmônica, pois assim teríamos as seguintes vantagens:
• Não circulação de correntes harmônicas pela instalação elétrica, o que pode afetar
os demais componentes;
• Redução das perdas por efeito Joule nos cabos, componentes em geral e da carga
no transformador ou gerador;
• Redução da seção dos condutores.
No entanto, o local ideal para a localização dos condicionadores ativos deve ser
identificado a partir de um levantamento completo dos níveis de poluição harmônica
presentes na instalação e de um estudo técnico e econômico que considere a
influência da presença ou não das harmônicas num dado trecho
da instalação. Para se ter uma melhor idéia do funcionamento do filtro ativo de
harmônicas, vamos observar a FIG. 8.8, onde são indicadas as formas de onda reais
obtidas em uma aplicação desse dispositivo.
112

FIGURA. 8.8- Exemplo real de atuação de um filtro ativo.

8.7.TRANSFORMADORES DE SEPARAÇÃO

Os transformadores, geralmente utilizados como elementos de modificação de


tensões e correntes, também são empregados em algumas ocasiões para modificar
o regime do neutro da instalação, para isolar galvanicamente trechos
de circuitos ou ainda como medida auxiliar na proteção contra contatos diretos
113

Mais recentemente, os transformadores vêm sendo também aplicados na área de


harmônicas, sobretudo por sua propriedade de poder isolar as cargas da fonte. Com
isso, é possível confinar os equipamentos problemáticos em termos
de geração de harmônicas em um dado setor da instalação, evitando que os
mesmos prejudiquem o restante do sistema a montante do transformador.
Os transformadores utilizados especificamente para o confinamento e controle
das harmônicas não devem ser encarados como equipamentos convencionais,
uma vez que estão submetidos a um aquecimento excessivo (maiores perdas), o
que faz com que sofram um maior fator de desclassificação (K), além de estarem
sujeitos a um maior nível de ruídos, vibrações, etc.
Dependendo da forma como são ligados os enrolamentos primário e secundário de
um transformador, ele torna-se mais adequado para o confinamento de certas
ordens de harmônicas, conforme veremos a seguir.

8.7.1.TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO PARA 3A HARMÔNICA E SUAS


MÚLTIPLAS

A utilização de transformadores com a ligação triângulo/estrela provocará o


confinamento da terceira harmônica e suas múltiplas inteiras. Essa solução é
muito vantajosa, uma vez que a terceira harmônica e suas múltiplas não irão
poluir a instalação a montante do ponto onde foi instalado o transformador.
Com isso, os diversos componentes da instalação situados antes do transformador
podem ser dimensionados sem nenhuma preocupação adicional
em relação às harmônicas, sobretudo o condutor neutro. O emprego de
transformadores triângulo/estrela é particularmente recomendado para a
alimentação de quadros que atendam principalmente a equipamentos que possuam
fontes monofásicas, tais como computadores pessoais, máquinas de fax,
copiadoras, eletrodomésticos em geral, etc. (FIG. 8.9)
114

FIGURA. 8.9 - Transformador para confinamento de 3ª harmônica e suas múltiplas.

8.7.2.TRANSFORMADOR DE SEPARAÇÃO PARA 5A E 7A HARMÔNICAS E


SUAS MÚLTIPLAS

Se as cargas geradoras de harmônicas são trifásicas, predominam principalmente


as harmônicas de ordem 5a e 7a. Nesses casos, uma técnica recomendada para
segregação dessas harmônicas consiste na utilização de um transformador com
duplo secundário, onde se realiza um defasamento angular de 30° entre os
enrolamentos. Outra solução consiste no emprego de dois transformadores com
diferentes ligações de forma a também se obter um
defasamento de 30° entre as tensões (FIG. 8.10). Com essa defasagem entre os
secundários, as correntes harmônicas dos dois conjuntos de cargas estão
defasadas e a montante (primário) se somam. Como resultado, obtém-se uma
redução da taxa de distorção da corrente (THDI) e, em particular, das harmônicas de
ordem 5a e 7a. Isso porque, com essa defasagem angular, as harmônicas de ordem
5a e 7a de um dos enrolamentos estão em oposição de fase em relação às mesmas
ordens de harmônicas do outro enrolamento. O mesmo ocorre com as harmônicas
de 17a e 19a ordem e, portanto, utilizando-se essa configuração, as primeiras
harmônicas que podem aparecer são de ordem 11a e 13a. Para que esta aplicação
possa oferecer resultados satisfatórios, os transformadores devem alimentar apenas
115

cargas trifásicas em ambos os secundários. Além disso, as cargas poluidoras devem


apresentar características similares (mesmo espectro harmônico) nas duas
distribuições e os carregamentos dos dois transformadores (ou enrolamentos
secundários) precisam ser praticamente iguais para que a soma das correntes no
primário seja muito próxima de zero. O emprego desse arranjo é particularmente
recomendado para a alimentação de quadros que atendam principalmente a
equipamentos do tipo retificadores trifásicos, variadores de velocidade,

etc.

FIGURA. 8.10- Transformador para confinamento de 5ª e 7ª harmônicas.


116

CONCLUSÃO

A presença de distorções harmônicas em sistemas de energia elétrica não é um fato


recente, datam de um período relativamente próximo ao de implantação do primeiro
sistema completo de produção, transporte e distribuição de energia elétrica em
corrente alternada. Entretanto somente nas últimas décadas do século XX foi que
organizações internacionais tentam elaborar normas técnicas visando limitar os
distúrbios harmônicos. Isso devido ao impacto causado por estas nos setores
residencial, comercial e principalmente no setor industrial.
Podemos afirmar que uma das principais causas para que limites fossem
estabelecidos foi, no setor residencial, o crescente número de aparelhos contendo
dispositivos eletrônicos, no setor comercial, a utilização crescente de computadores,
impressoras, fotocopiadoras entre outros equipamentos, e no setor industrial devido,
principalmente, a utilização de dispositivos de controle de processos onde uma
parada de produção pode gerar grandes prejuízos.
De um modo geral a preocupação em minimizar a presença de harmônicas nestes
setores deu-se devido à utilização cada vez maior de dispositivos com grande
sensibilidade a variações de níveis de tensão e ou corrente iniciada no final da
década 70 do século passado propagando-se pelas décadas de 80, 90 até os dias
atuais. Neste período dispositivos que se utilizam de circuitos eletrônicos que
possuem como fonte de alimentação fontes chaveadas tornaram-se mais populares
e acessíveis principalmente as classes onde a renda familiar não é tão elevada,
como por exemplo, temos os aparelhos de televisão, presente em quase todos os
lares brasileiros, equipamentos de áudio, dimmers, lâmpadas fluorescentes e seus
reatores eletrônicos, estabilizadores de tensão, no-breaks, forno de microondas e
mais recentemente a popularização de computadores impulsionada pelo programa
de inclusão digital do governo denominado de computador para todos.
Todos estes dispositivos além de serem vitimas das distorções harmônicas, tendo
seu correto funcionamento comprometido além da possibilidade de inutilização,
dependendo do quanto forem sensíveis a variações, são também geradores de
harmônicas.
117

A tendência é uma popularização e utilização cada vez maior destes dispositivos por
parte dos setores residencial e comercial visando maior comodidade e conforto por
parte do primeiro, e maior eficiência e produtividade por parte do segundo. No setor
industrial tendo em vista à competitividade e maiores lucros, a qualidade, a
produtividade e a utilização racional e eficiente de matéria prima e demais recursos
em processos cada vez mais refinados de produção, que em alguns casos pode ser
ininterrupta, impulsionam a utilização de dispositivos sensíveis a harmônicas como,
por exemplo, dispositivos de controle microprocessados. Entretanto este setor
também se utiliza de dispositivos causadores de harmônicas, como por exemplo,
motores, máquinas de solda e fornos a arco e a indução, ou seja, temos no mesmo
setor as influencias e as causas do distúrbio, evidentemente que isso também
ocorre, em menor proporção, nos outros dois setores.
Na atual fase de desenvolvimento de nossa sociedade onde a necessidade de
energia elétrica “limpa”, ou seja, sem distúrbios, é crescente, no entanto é
praticamente impossível que qualquer um dos setores citados esteja livre das
harmônicas, entretanto pode-se adotar medidas para, ao menos, minimiza-las. No
caso de projetos a serem implantados cabe ao projetista informa-se quais cargas
serão instaladas e se estas são causadoras ou sensíveis às harmônicas, e desse
modo elaborar circuitos de alimentação adequados a cada uma delas de modo que
a influência entre circuitos seja a mínima possível respeitando normas e ou
recomendações existentes adequada a carga a ser instalada. Essa medida pode ser
aplicada nos setores residencial, comercial e industrial. No caso de instalações já
existentes a medida a ser adotada compreende, quando possível, a relocação das
cargas e ou a utilização dispositivos de proteção e ou redução dos níveis existentes
tais como os filtros passivos, ativos ou a combinação destes, o filtro híbrido.
Por fim, podemos perceber que a tendência é um aumento da presença de
distúrbios harmônicos nos sistemas de energia elétrica, isso devido a grande
proliferação de dispositivos que se utilizam de eletrônica de potência, cargas não
lineares, atrelados a rede elétrica. Desse modo é natural que sejam realizados
novos estudos para a elaboração de novos parâmetros para limites de distorção que
sejam compatíveis com os novos dispositivos que incorporem em sua constituição
novas tecnologias, distintas de seus antecessores. No que diz respeito ao cenário
brasileiro existe a necessidade de se elaborar parâmetros que levem em
118

consideração os fatores que norteiam o nosso mercado que, evidentemente são


distintos dos mercados para o qual as recomendações e normas que temos como
referência.
119

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

"Manual de orientação aos consumidores sobre a nova legislação para o


faturamento de energia reativa excedente". Secretaria executiva do Comitê de
Distribuição de Energia Elétrica - CODI, Minas Gerais, 1995.

Ivo Barbi e Alexandre F. de Souza, Curso de "Correção de Fator de Potência de


Fontes de Alimentação". Florianópolis, Julho de 1993.

IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric


Power System. Project IEEE-519. Outubro 1991.

"IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric


Power Systems." Project IEEE-519. October 1991.
120

BIBLIOGRAFIA

CASTRO, Gleston Seis soluções para lidar com harmônicas em inversores de


freqüência.Disponível em

http://www.mecatronicaatual.com.br/secoes/leitura/19 Acesso em
20 Março 2010

O que são harmônicas e harmônicas na rede elétrica.Disponível em


http://www.aditivocad.com/apostilas.php?de=harmonicas_instalacoes_eletricas
Acesso em 14 Janeiro 2010

CASTRO, Gleston Mecatrônica Atual - Ano 6 - Edição 35 - Ago./Set/07.

MORENO, Hilton e catrim,Ademaro.”Qualidade de energia – HARMÔNICAS”.

Procobre Brasil. 1998

CRESTANI, Mauro "Com uma terceira portaria, o novo fator de potência já vale em
Abril". Eletricidade Moderna, Ano XXII, n° 239, Fevereiro de 1994.
121

APÊNDICE

Medições realizadas no quadro de distribuição do almoxarifado da Empresa A


Caso1

Valor obtido: 48 ampères THD: 33,01

Medições realizadas no CCM (Entrada de alimentação do CCM) da Empresa A

Caso 2

Valor obtido: 256 ampères THD: 61,25

Medições realizadas no CCM (alimentação de injeção do forno) da Empresa B

Caso 1

Valor obtido: 119 ampères THD: 55,33

Medições realizadas no CCM (alimentação das soft start’s ,inversores) da Empresa


B Caso 2

Valor obtido: 173 ampères THD: 63,22

Obs.: Medidas realizadas com os filtros desligados, medidas realizadas com o


CM3000 e analisador de qualidade de energia trifásica Fluke 433.

Execução:

Nos casos caso2 da Empresa A e caso 2 da Empresa B foi utilizado o filtro ativo pois
necessitava de um melhor desempenho na filtragem das harmônicas da linha.

No caso 1 da Empresa A adicionaram ao circuito uma impedância de 3 a 5% , que


atuou principalmente nas harmônicas de 5ª e 7ª ordem, amortecendo também uma
parte da harmônica de 3ª ordem.
122

No caso 1 da Empresa B foram adicionados filtros passivos LC (não compensado)


que eliminou as harmônicas de 5ª e 7ª ordem que reduziu a THD a um valor
adequado pela norma +/- 10% na linha.Não foi necessário utilizar filtro passivo LC
compensado pois, na Empresa B não é utilizado nenhum tipo de grupo de gerador
de energia.
123

Espectro harmônico sem a impedância

Espectro harmônico com a impedância


124

Espectro harmônico sem o filtro ativo

Espectro harmônico com o filtro ativo


125

Espectro harmônico sem o filtro LC(não compensado)

Espectro harmônico com o filtro LC(não Compensado)


126

Espectro harmônico sem o filtro ativo

Espectro harmônico com o filtro ativo


127

ANEXO - RELATÓRIO DE HARMÔNICAS

1. Constatação:
Através da análise de energia realizada, verificamos o seguinte:
1.1 Quanto as medições do transformador marca Siemens potência 750 kVA / 15 kV
– 127 / 220 V, há desequilíbrio de corrente de 15% entre as fases X2 (S) em relação
as fases X1 ( R ) e X3 ( T );
1.2 Constatamos também que o Transformador analisado encontra-se com o
carregamento de 84% em relação a sua potência nominal, tendo ainda uma
pequena folga de 16%.
1.3 Observamos que o Fator de Potência encontra-se em 0,93i sendo que o Min.
definido por norma da concessionária de energia elétrica é de 0,92i.

2. Recomendações:
Recomendamos que sejam realizados alguns itens para regularização das
pendências verificadas: Quanto aos ítens:
2.1.1 Realizar estudo e medições das cargas parciais e remanejo das mesmas a fim
de equilibrar as correntes nas fases R, S e T do transformador, para proporcionar
melhor desempenho elétrico do mesmo;
2.1.2 Melhorar a refrigeração do cubículo do transformador, pois atualmente
encontra-se á 45ºC. Sugerimos a instalação de ventilação forçada no cubículo do
TR, visto que o desempenho deste equipamento depende também de sua
refrigeração.
2.1.3 Quanto ao valor do Fator de Potência medido, consideramos adequado pela
amostragem que realizamos, mas ,insuficientes para fornecimento de relatório
conclusivo.

3. Descritivo técnico da análise de energia:


3.1Objetivo:
Realização de medições de grandezas elétricas no Transformador 750 kVA / 15 kV –
127/220V, e análise dos valores obtidos.
128

3.1.1 Medição de Tensão

Nesta medição são registrados os valores Min.s, Máx.s e também a média de tensão
por fase, conforme o intervalo de integração programado no registrador. Em anexo
estão os gráficos com registros do período de produção (carga) e período sem
produção.
Conforme Resolução nº 505/2001, para unidades consumidoras atendidas em
tensão superior a 1kV, a tensão contratada com a concessionária ou ONS, no ponto
de entrega ou de conexão, deve situar-se entre 95% e 105% da tensão nominal do
sistema elétrico (uma variação máxima de 5%).

3.1.2 Medição de Corrente

São registrados os valores Min.s, Máx.s e também a média de corrente por fase.Esta
medição tem como objetivo principal verificar os possíveis desequilíbrios entre fases,
uma vez que um desbalanceamento muito acentuado provoca aumento na corrente
RMS de neutro, dentre outras. Os gráficos com registros do período de produção e
período sem produção estão em anexo.

3.1.3 Medição de Fator de Potência

Se o fator de potência da carga está em atraso, de modo que a corrente I fica em


atraso de um ângulo L1, sobre a tensão, então a corrente de linha IL, que é a soma
vetorial de I e Ic, fica com avanço de fase devido à adição da componente Ic, e o
fator de potência aumenta. Se Ic se faz igual à distância (ac), o fator de potência se
torna igual a 100%. A Resolução nº 456/2000 permite um Fator de Potência Min. de
0,92, tanto indutivo como capacitivo, para instalações elétricas.
O não atendimento destes limites implica em multas cobradas pela concessionária
de energia, além das perturbações técnicas típicas deste não cumprimento.
129

3.1.4 Medição de Distorção Harmônica.

No Brasil ainda não existe uma norma regulamentadora de Distorções Harmônicas


Totais em Baixa Tensão. A norma consultada para nortear a monitoração desta
grandeza é a norma americana IEEE 519/1992, que apresenta os seguintes limites:

- Tensão L Distorção Harmônica Total máxima = 5%


- Corrente L Distorção Harmônica por Fase máxima = 10%

3.1.5 Potência.

Nesta medição será analisada a potência instalada no circuito. Verificar-se-á


individualmente o comportamento da composição de potência no que diz respeito à:
_ Potência Aparente: A linha de alimentação fornece a maquina e ou equipamento a
potência que é calculada numericamente pela proporcionalidade direta do produto
da corrente nominal pela tensão eficaz instalada no circuito.
_ Potência Ativa: A maior parte desta é transformada em potência mecânica útil,
onde pode-se verificar seu módulo no circuito de alimentação da máquina e/ou
equipamento avaliado.
_ Potência Reativa: Esta componente da potência não efetua trabalho útil, a não ser
a criação de campo magnético no circuito da máquina e/ou equipamento avaliado.
As concessionárias de energia elétrica efetuam a tarifação sobre a medição do
quociente da potência útil por intervalo de tempo, ou seja, Watt/hora, comumente
conhecido como kW/h. A unidade consumidora também é responsável pelo controle
dentro dos níveis permitidos de potência reativa corrigindo seu fator de potência toda
vez que este encontra-se fora da normalidade, sob pena de pagamento de tarifa
adicional pelo uso inadequado da energia elétrica.
130

4. RELATÓRIOS RESUMIDOS:
ANÁLISE GERAL (Integração = 1 minuto)

4.1. EQUIPAMENTO: QGBT-X

Intervalo considerado: sexta-feira 02/03/2010 16:48:40,70 até sexta-feira 02/03/2010


17:06:24,09 Máx.s, médios e Min.s de tensões e correntes por fase. Não
considerados registros em queda e volta de energia. Tensão zero considerada:
12,69 V

Fase A: tensões [V] Correntes [A]


Média 124,70 Média 1,25 k
Mín. 124,28 17:01:00,01 02/03/2010 Min. 1,18 k 17:06:24,09 02/03/2010
Máx. 125,17 16:58:00,01 02/03/2010 Máx. 1,30 k 16:59:00,01 02/03/2010
Fase B: tensões [V] Correntes [A]
Média 124,31 Média 1,46 k
Min. 123,84 17:01:00,01 02/03/2010 Min. 1,40 k 17:06:24,09 02/03/2010
Máx. 124,89 16:58:00,01 02/03/2010 Máx. 1,50 k 16:49:00,01 02/03/2010
Fase C: tensões [V] Correntes [A]
Média 121,41 Média 1,32 k
Min. 120,95 17:01:00,01 02/03/2010 Min. 1,25 k 17:06:24,09 02/03/2010
Máx. 122,03 16:52:00,01 02/03/2010 Máx. 1,37 k 16:59:00,01 02/03/2010

Fora de ponta Ponta


FASE kWh kWh(g) kVArh kVAh FP kWh kWh(g) kVArh kVAh FP
A 43,707 0,000 15,333 46,318 0,943 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000
B 48,368 0,000 23,653 53,842 0,898 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000
C 44,687 0,000 16,295 47,565 0,939 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000
Total 136,763 0,000 55,282 147,513 0,927 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000
131

Reservado Total
FASE kWh kWh(g) kVArh kVAh FP kWh kWh(g) kVArh kVAh FP
A 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 43,707 0,000 15,333 46,318 0,943
B 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 48,368 0,000 23,653 53,842 0,898
C 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 44,687 0,000 16,295 47,565 0,939
Total 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 136,763 0,000 55,282 147,513 0,927

Potências médias, por fase e trifásicas, no intervalo


FASE kW kVAr kVA FP
A 147,872 51,857 156,701 0,943
B 163,662 80,054 182,192 0,898
C 151,185 55,134 160,924 0,939
Total 462,719 187,046 499,094 0,927

Potências aparentes por fase, segundo Máx.s e Min.s trifásicos


FASE kVA(max) Horário kVA(min) Horário
A 162,193 02/03/2010 16:59:00,01 148,711 02/03/2010 17:06:24,09
B 187,305 02/03/2010 16:59:00,01 174,334 02/03/2010 17:06:24,09
C 167,033 02/03/2010 16:59:00,01 152,800 02/03/2010 17:06:24,09
3f 515,788 02/03/2010 16:59:00,01 475,038 02/03/2010 17:06:24,09

Demandas máximas por horário

Fora de ponta [kW] Ponta [kW] Reservado [kW]


02/03/2010 16:59:00,01 479,375
02/03/2010 16:49:00,01 476,856
02/03/2010 16:51:00,01 476,840

Fora de ponta [kVAr] Ponta [kVAr] Reservado [kVAr]


02/03/2010 16:53:00,01 190,991
02/03/2010 16:58:00,01 190,918
02/03/2010 16:59:00,01 190,359
132

4.2 EQUIPAMENTO: TRANSFORMADOR 750 kVA / 15 kV / 127/220V

Intervalo considerado: quarta-feira 28/02/2010 15:00:39,21 até sexta-feira


02/03/2010 16:36:06,52 Valores, Máx.s, médios e Min.s de tensões e correntes por
fase. Não considerados registros em queda e volta de energia.
Tensão zero considerada: 12,69 V.

Fase A: tensões [V] Correntes [A]


Média 128,08 Média 1,21 k
Min. 125,04 13:56:00,04 01/03/2010 Min. 806,00 06:30:00,07 02/03/2010
Máx. 131,03 06:34:00,07 02/03/2010 Máx. 1,53 k 15:24:00,01 28/02/2010

Fase B: tensões [V] Correntes [A]


Média 125,73 Média 1,40 k
Min. 122,40 13:56:00,04 01/03/2010 Min. 919,39 06:30:00,07 02/03/2010
Máx. 129,13 06:34:00,07 02/03/2010 Máx. 1,81 k 15:24:00,01 28/02/2010

Fase C: tensões [V] Correntes [A]


Média 125,81 Média 1,37 k
Min. 122,53 15:56:00,00 01/03/2010 Min. 928,79 06:30:00,07 02/03/2010
Máx. 129,43 06:34:00,07 02/03/2010 Máx. 1,72 k 15:24:00,01 28/02/2010

Fora de ponta
FASE kWh kWh(g) kVArh kVAh FP kWh kWh(g) kVArh kVAh FP
A 5,579 k 0,000 2,019k 5,933k 0,940 1,676 k 0,000 595,172 1,779 k 0,942
B 6,313 k 0,000 2,390k 6,750k 0,935 1,897 k 0,000 706,801 2,024 k 0,937
C 6,038 k 0,000 2,570k 6,562k 0,920 1,830 k 0,000 758,461 1,981 k 0,923
Total 17,931 k 0,000 6,981k 19,242k 0,931 5,403 k 0,000 2,060 k 5,783 k 0,934
133

Reservado Total
FASE kWh kWh(g) kVArh kVAh FP kWh kWh(g) kVArh kVAh FP
A 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 7,256 k 0,000 2,614 k 7,712 k 0,940
B 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 8,210 k 0,000 3,097 k 8,775 k 0,935
C 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 7,868 k 0,000 3,329 k 8,543 k 0,920
Total 0,000 0,000 0,000 0,000 1,000 23,335 k 0,000 9,042 k 25,025 k 0,932

Potências médias, por fase e trifásicas, no intervalo


FASE kW kVAr kVA FP
A 146,332 52,732 155,544 0,940
B 165,579 62,470 176,971 0,935
C 158,680 67,143 172,301 0,920
Total 470,592 182,347 504,686 0,932

Potências aparentes por fase, segundo Máx.s e Min.s trifásicos


FASE kVA(max) Horário kVA(min) Horário
A 194,421 28/02/2010 15:24:00,01 104,860 02/03/2010 06:30:00,07
B 224,422 28/02/2010 15:24:00,01 118,004 02/03/2010 06:30:00,07
C 213,446 28/02/2010 15:24:00,01 119,406 02/03/2010 06:30:00,07
3f 632,154 28/02/2010 15:24:00,01 342,171 02/03/2010 06:30:00,07

Demandas máximas por horário


Fora de ponta [kW] Ponta [kW] Reservado [kW]
28/02/2010 15:24:00,01 590,276 01/03/2010 23:49:00,00 546,966
28/02/2010 15:40:00,00 588,344 01/03/2010 23:41:00,03 538,710
28/02/2010 15:57:00,09 587,120 01/03/2010 23:50:00,00 534,726

Fora de ponta [kVAr] Ponta [kVAr] Reservado [kVAr]


28/02/2010 15:57:00,09 230,671 01/03/2010 23:49:00,00 222,007
28/02/2010 15:40:00,00 230,547 01/03/2010 23:50:00,00 217,566
28/02/2010 15:56:00,09 229,096 01/03/2010 18:13:00,05 213,425
134

TENSÃO:
135

CORRENTE:
136

FATOR DE POTÊNCIA:
137

POTÊNCIA APARENTE TOTAL E POR FASE


138

RELATÓRIOS RESUMIDOS DE HARMÔNICA:

Relatório Global de harmônicas

Os valores de Máx.s e Min.s exibidos são os primeiros a serem localizados no


arquivo.

Sinal considerado: Corrente - fase B

Número total de registros 297

Registro com maior DHT

Registro 237 06:30:00,09 de 02/03/2010

DHT calculada: 13,13 %

Registro com menor DHT

Registro 111 09:30:00,00 de 01/03/2010

DHT calculada: 5,57 %

Registro com maior no. de componentes

Registro 93 06:30:00,02 de 01/03/2010

Número de componentes harmônicas 8

Registro com menor no. de componentes

Registro 1 15:10:00,03 de 28/02/2010

Número de componentes harmônicas 4

Registro com harmônica de mais alta ordem

Registro 20 18:20:00,09 de 28/02/2010

Harmônica de mais alta ordem 13


139

ANÁLISE DE HARMÔNICAS: COMPARATIVO DE HARMÔNICAS DE TENSÃO


ENTRE FASES:
140

ANÁLISE DE HARMÔNICAS: COMPARATIVO DE HARMÔNICAS DE CORRENTE


ENTRE FASES:
141

ANÁLISE DE HARMÔNICAS: SINAL DE TENSÃO ENTRE FASES:


142

ANÁLISE DE HARMÔNICAS: SINAL DE CORRENTE ENTRE FASES

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