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4 - SAMPAIO - Literatura No Ceara PDF

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LITERATURA NO CEARÁ

Aíla Sampaio
Aíla Sampaio - LITERATURA NO CEARÁ
LITERATURA NO CEARÁ
Aíla Sampaio

LITERATURA NO CEARÁ

Fortaleza - Ceará
2019
Copyright © 2019 by INESP
Coordenação Editorial
João Milton Cunha de Miranda
Assistente Editorial
Rachel Garcia e Valquiria Moreira
Diagramação
Mario Giffoni
Capa
Totonho Laprovítera
Revisão
Lucia Jacó Rocha
Coordenação de impressão
Ernandes do Carmo
Impressão e Acabamento
Inesp

Edição Institucional da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará

VENDA E PROMOÇÃO PESSOAL PROIBIDAS

Catalogado na Fonte por: Daniele Sousa do Nascimento CRB-3/1023

S1921 Sampaio, Aíla.


Literatura no Ceará / Aíla Sampaio. -- Fortaleza:
INESP, 2019.
157p. ;24 cm.

ISBN: 978-85-7973-142-6

1. Literatura, Ceará, historia e crítica. I. Ceará.


Assembleia Legislativa. Instituto de Estudos e Pesquisas
sobre o Desenvolvimento do Estado. II Título.
Cdd 869.09

Permitida a divulgação dos textos contidos neste livro,


desde que citados autores e fontes.
Inesp
Av. Desembargador Moreira, 2807
Ed. Senador César Cals de Oliveira, 1º andar
Dionísio Torres
CEP 60170-900 – Fortaleza - CE - Brasil
Tel: (85)3277.3701 – Fax (85)3277.3707
al.ce.gov.br/inesp
[email protected]
Queres ser universal? Canta a tua aldeia.

Tolstói

A Sânzio de Azevedo, Batista de Lima, João Soares
Lobo e José Lemos Monteiro; à Vicência Jaguaribe e
Lourdinha Leite Barbosa e à memória de Nilto Maciel,
pelo tanto que me ensinaram.
Gratidão aos amigos que ajudaram na pesquisa
e na publicação, especialmente, a João Milton
Cunha, presidente do INESP, Luzia Batista, Totonho
Laprovítera, Zeca Lemos, Júlia Sampaio e Gylmar
Chaves.
APRESENTAÇÃO

V alorizar a história da literatura cearense


contribui para a formação de leitores mais
críticos, pois instiga o indivíduo a pensar so-
bre o cotidiano da sua comunidade e, prin-
cipalmente, impulsiona a atuação ativa na melhoria da
sua realidade. Colabora, assim, em médio e longo prazos,
para o desenvolvimento socio-cultural do Brasil.
O entendimento sobre a nossa literatura ajuda, in-
clusive, a fixar uma visão estética própria do Estado como
sendo uma expressão cultural que, além de ser uma for-
ma de lazer, constitui-se um espelho das expectativas do
poder do conhecimento.
Reconhecendo a importância do conteúdo apresen-
tado nesta obra, a Assembleia Legislativa do Estado do
Ceará, por meio do Instituto de Estudos e Pesquisas so-
bre o Desenvolvimento do Estado do Ceará (Inesp), dis-
ponibiliza para a população cearense a obra Literatura
no Ceará, de Aíla Sampaio, que estimula a cultura do
conhecimento, transformando-os cidadãos participes da
Literatura do estado do Ceará.

Deputado Estadual José Sarto


Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do
Ceará

Apresentação - 11
PREFÁCIO

O
livro, Literatura no Ceará, de autoria da
professora Aíla Sampaio, mesmo que tenha
enfrentado grandes obstáculos para nascer,
citando-se as escassas fontes de pesquisa,
conta de forma incrivelmente ampla, a história da nossa
literatura, com foco no movimento fortalezense, do sécu-
lo XVIII até dias atuais.
A obra aborda a formação dos clubes e demais es-
paços literários, das revistas, dos jornais, das academias,
dos eventos e dos prêmios. Uma história obtida por meio
de entrevistas orais com escritores e articuladores cultu-
rais, que, em sua maioria, escreveram para que a socie-
dade pudesse refletir e mudar as situações incômodas.
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, por
meio do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desen-
volvimento do Estado do Ceará (Inesp), oferta à socie-
dade cearense esta publicação que nos mostra o poder
transformador da leitura.

Prof. Dr. João Milton Cunha de Miranda


Presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o
Desenvolvimento do Estado do Ceará

Prefácio - 13
SUMÁRIO
Introdução 17
O Começo 19
Antecipação do Ideário Modernista 22
As Contendas 30
O Ideário Moderno 32
Geração de 60, Pós-Clã – Cada um por si e Deus por
todos 36
Movimentos Pós-Modernos – Geração de 70 41
Movimento Concreto 48
Críticos da Literatura 50
Anos 80 e 90 – Somatório de forças 54
Jornais de Distribuição Gratuita 62
Associações, Sociedades, Agremiações e Academias 64
Grupos e Revistas Contemporâneas – de 2000 até o pre-
sente 73
Grupos e Associações que se reúnem e atuam na
cidade 79
Antologias, Coletâneas e Livros Coletivos 87
Literatura Itinerante 92
Clubes de Leitura/Encontros 99
Espaços para a Literatura na Cidade 108
Prêmios e Eventos 117
Bienal Internacional do Livro 122
Prêmio Jabuti 128
Do Real Para o Virtual – Blogs, Sites e Redes
Sociais 132
Arremate 150
Bibliografia 152
Sumário - 15
INTRODUÇÃO

Não há pretensão de, com esta obra, contar toda a


história da literatura produzida no Ceará, mas, tão so-
mente, traçar um panorama das letras que chegam à ci-
dade de Fortaleza, desde o século XVIII aos nossos dias.
O que se reporta ao interior do estado é, certamente, o
que repercute na capital.
Traçar essas linhas não foi uma tarefa fácil, haja
vista a possibilidade de elencar nomes e obras e correr
o risco de omissões e esquecimentos, o que quase sem-
pre acontece em livros dessa natureza. Resolvi, então,
contar como se formaram clubes, grupos, agremiações,
revistas e academias, destacando nomes que deram re-
levo à arte da palavra em nossa terra, produzindo textos
nos mais diversos gêneros e/ou estudando-os, lendo-os,
divulgando-os, criticando-os. Procuramos resgatar revis-
tas e jornais publicados, desativados ou ainda na ativa,
bem como focalizar os eventos e os prêmios, apontando
espaços e iniciativas que funcionaram e/ou funcionam,
no sentido de estimular, premiar ou divulgar o escritor
da nossa terra.
Tentamos, dessa forma, perseguir todo movimen-
to feito em torno da literatura, considerando relevante
aquele ou aquela que nasceu em Fortaleza ou noutras

Literatura no Ceará - 17
cidades, mas que tem o seu trabalho produzido aqui. Em
contrapartida, consideramos inseridos, em nossa pesqui-
sa, cearenses que moram fora do nosso estado, mas se
mantêm ligados a ela pela vida e/ou pela obra. Não se
pretende, aqui, analisar obras ou valorá-las, mas tão so-
mente citá-las na produção do respectivo autor.
Muito do que aqui escrevo foi colhido em conversas
com escritores e articuladores culturais, especialmente,
Batista de Lima, Dimas Macedo, Gylmar Chaves, Juarez
Leitão, Laerte Magalhães, Hermínia Lima, Lourdinha
Leite Barbosa, Mileide Flores, Pedro Salgueiro, Poeta
de Meia-Tigela, Raymundo Netto, Pádua Lopes, Sânzio
de Azevedo e Zélia Sales, haja vista que algumas revis-
tas mais antigas e outras contemporâneas, bem como
alguns espaços, iniciativas, movimentos e agremiações
não constavam em nenhuma bibliografia.

18 - Aíla Sampaio
O COMEÇO

A literatura produzida no Ceará, sobretudo em For-


taleza, caracteriza-se pela formação de grupos, agremia-
ções, academias, não necessariamente com manifestos
ou vínculos estéticos, mas pela ideia de fortalecimento,
de resistência. Na visão de Batista de Lima, é uma “li-
teratura de mutirão”, ou seja, de “mobilização coletiva
para auxílio mútuo”. Essa união que se faz à força, como
diria o guru Augusto Pontes, tem mantido viva a histó-
ria que começou com Os Oiteiros, nome dado aos poetas
que, por volta de 1813 a 1817, participavam dos saraus
na casa do então governador Manoel Inácio de Sampaio.
O político, afeito à arte da palavra, fazia reuniões rega-
das a versos de Pacheco Espinosa, Costa Barros, Castro
e Silva, entre outros. Eram textos laudatórios, sempre em
louvor ao governante, que se mantinham manuscritos no
Palácio e não foram publicados no período.
O nome oiteiros, segundo o dicionário Aurélio, de-
signa “festa no pátio dos conventos, em que os poetas
glosavam os motes propostos pelas freiras”, o que já re-
vela o caráter de poesia palaciana1 dos textos. Não evoco
aqui a qualidade deles, mas tão somente registro que,
nas primeiras décadas do século XIX, quando o Arcadis-
1 Textos criados e declamados nos palácios, no século XV, com o objetivo de entreter a nobreza,
durante o reinado de D. Afonso V, rei de Portugal.

Literatura no Ceará - 19
mo dominava as produções artísticas, já havia o prenún-
cio de que a literatura floresceria no estado do Ceará.
De fato, tivemos a representação do estilo român-
tico, inicialmente, com Juvenal Galeno e seu livro Pre-
lúdios poéticos (1856), que trazia versos românticos e a
celebração de personagens do nosso povo, como o janga-
deiro e o pescador, motivo que se afirmaria em Lendas e
canções populares (1865). Embora seja José de Alencar
(1829-1877) o nome de maior destaque do romantismo,
em nível nacional, ele que, mesmo não vivendo no Ce-
ará, tinha-o como estado natal e utilizou como cenário
de duas obras suas: Iracema (1865) e O sertanejo (1875),
tivemos, além de Galeno, o poeta Joaquim de Sousa, que
já publicava, entre 1870 e1876, poemas no Jornal da Mo-
cidade, e Barbosa de Freitas, que tinha poemas musica-
dos e cantados em serenatas; os dois deram uma amostra
do que foi a poesia ultrarromântica no estado. Por volta
de 1883, despontaram os versos de Antônio Bezerra, An-
tônio Martins e Justiniano de Serpa, reunidos no livro
Três Liras. A obra conjunta marcou a presença do condo-
reirismo em nossa literatura, de modo que os três foram
denominados de “Poetas da Abolição”.
Entre o segundo e o terceiro momento romântico,
em 1972, surgiu uma agremiação mais filosófica do que
literária, que assinalou o início da estética realista: a
Academia Francesa, articulada por Rocha Lima, inspira-
da na Escola de Recife, onde Tobias Barreto difundia as
ideias positivistas e tecia críticas ao Romantismo. Fize-
ram parte do grêmio: Capistrano de Abreu, Rocha Lima,
João Lopes e Amaro Cavalcante; depois, juntaram-se a
eles: Clóvis Beviláqua, Tomás Pompeu e Souza Brasil.
Na crítica, destacou-se Araripe Júnior (que havia escrito

20 - Aíla Sampaio
romances românticos). Muitos dos acadêmicos publica-
vam seus textos no jornal maçom Fraternidade. As reu-
niões do grupo ocorriam na casa de Rocha Lima, situada
na frente do Passeio Público; depois, na sede localizada
na Rua Conde D’Eu. Dessas reuniões saíam as ativida-
des que desenvolviam: tribunas e conferências visando
a críticas à religião, criação da Escola Popular noturna
para os pobres e os trabalhadores. Extinguiu-se em 1875,
por conta de desentendimentos com o Clero, em função
da luta em favor da Maçonaria.
Pouco mais de uma década depois (1886), João Lo-
pes criou o CLUBE LITERÁRIO, e nele reuniu os poetas
românticos: Juvenal Galeno, Virgílio Brígido, Francisca
Clotilde, Martinho Rodrigues, José Carlos Júnior, en-
tre outros. A revista A Quinzena (1887 – 1888), editada
pelo grupo, publicava contos de Oliveira Paiva, narrati-
vas científicas do sanitarista/romancista Rodolfo Teófilo,
pregações críticas de Abel Garcia, bem como produções
de Paulino Nogueira (historiador) e Farias Brito (filóso-
fo). Em 1889 foi publicado o romance realista A Afilha-
da, de Oliveira Paiva, em folhetins do jornal Libertador
e, no ano seguinte, em volume, o romance naturalista A
Fome (1890), de Rodolfo Teófilo, seguido de outras obras
dentro da mesma corrente, como Os Brilhantes (1895) e
O Paroara (1899). Antônio Sales publicou, em 1890, seu
primeiro livro de poemas, Versos diversos, misturando,
segundo o crítico Sânzio de Azevedo (2010), “sentimento
romântico, construção algo neoclássica e leves prenún-
cios parnasianos”.

Literatura no Ceará - 21
ANTECIPAÇÃO
DO IDEÁRIO
MODERNISTA

No final do século XIX, no Café Java, situado em


uma das extremidades da Praça do Ferreira, reuniam-se
escritores e artistas. Foi lá que Antônio Sales e “meia
dúzia de amigos” idealizaram A Padaria Espiritual, fun-
dada em 1892. Foi ele quem elaborou o seu Programa
de Instalação, com 48 tópicos, alguns jocosos e irônicos,
reveladores do espírito do grupo. Os sócios do grêmio
eram chamados de “Padeiros”; o presidente era o “Pri-
meiro-forneiro”; as sessões chamavam-se “Fornadas”,
que aconteciam no “Forno”. O jornal editado por eles era
denominado O Pão.
Todos os componentes tinham um pseudônimo,
ou “nome de guerra”, como preferiam dizer. Como era
uma associação “de Rapazes de Letras e Artes”, reu-
nia, além de poetas como Antônio Sales (Moacir Jure-
ma) e Sabino Batista (Sátiro Alegrete), ficcionistas como
Adolfo Caminha (Félix Guanabarino) e Artur Teófilo
(Lopo de Mendoza); músicos, como os irmãos Henri-
que Jorge (Sarasate Mirim) e Carlos Vítor (Alcino Ban-

22 - Aíla Sampaio
dolim), e um pintor, Luís Sá (Corrégio Del Sarto). Joa-
quim Vitoriano (Paulo Kandaslaskaia), como não tinha
nenhum desses talentos, figurava como guarda-costas.
Durante a vigência, a agremiação passou por duas
fases. A primeira, de 1892 a 1894, era cheia de espírito
e pilhéria, época em que, da sacada de um prédio, um
“padeiro” fazia discursos, com barbas postiças, quando
foram Padeiros-mores Antônio Sales (1892 e em 1894);
e Jovino Guedes (Venceslau Tupiniquim). A segunda,
de 1894 a 1898, mais séria, embora as brincadeiras não
tenham desaparecido completamente; foram Padeiros-
-mores: José Carlos Júnior (Bruno Jacy), por dois anos,
e Rodolfo Teófilo (Marcos Serrano), por igual período. O
jornal O Pão teve seis números em 1892; vinte e quatro
em 1895 e seis em 1896.
As obras publicadas pelos padeiros seguiam dife-
rentes tendências: havia românticos: Sabino Batista,
Antônio de Castro (Aurélio Sanhaçu), Álvaro Martins
(Policarpo Estouro), Temístocles Machado (Túlio Guana-
bara), entre outros; e realistas: Adolfo Caminha (A Nor-
malista (1893), Rodolfo Teófilo e Artur Teófilo, além de X.
de Castro (Bento Pesqueiro). Sem classificação quanto
ao estilo, destacaram-se, ainda, na ficção, José de Carva-
lho (Cariri Baraúna) e Eduardo Sabóia (Brás Tubiba). Já
Antônio Sales começava a escrever versos parnasianos.
O Simbolismo cearense ocorreu durante a Padaria,
inspirado em obras portuguesas, especialmente nas de
Antônio Nobre, e não nas brasileiras, como afirma Sân-
zio de Azevedo no livro A Padaria Espiritual e o Simbo-
lismo no Ceará (1983). São exemplos representativos:
Phantos (1893), de Lopes de Filho, e Dolentes (1897), de
Lívio Barreto, este último, livro póstumo.

Literatura no Ceará - 23
O Estatuto da Agremiação2, elaborado por Antônio
Sales, mostra o bom humor do grupo, o espírito crítico,
sobretudo, ao academicismo, demonstra preocupação
social e antecipa algumas das características do Moder-
nismo de 22. Seguem-se os artigos:
1) Fica organizada, nesta cidade de Fortaleza, capital da
“Terra da Luz”, antigo Siará Grande, uma sociedade de
rapazes de Letras e Artes, denominada Padaria Espiri-
tual, cujo fim é fornecer pão de espírito aos sócios em
particular, e aos povos, em geral.
2) A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-Mor
(presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Ga-
veta (tesoureiro), de um Guarda-livros na acepção intrín-
seca da palavra (bibliotecário), de um Investigador das
Coisas e das Gentes, que se chamará Olho da Providên-
cia, e demais Amassadores (sócios). Todos os sócios terão
a denominação geral de Padeiros.
3) Fica limitado em vinte o número de sócios, inclusive a
Diretoria, podendo-se, porém, admitir sócios honorários
que se denominarão Padeiros-livres.
4) Depois da instalação da Padaria, só será admitido
quem exibir uma peça literária ou qualquer outro traba-
lho artístico que for julgado decente pela maioria.
5) Haverá um livro especial para registrar-se o nome co-
mum e o nome de guerra da cada Padeiro, sua natura-
lidade, estado, filiação e profissão a fim de poupar-se à
Posteridade o trabalho dessas indagações.
6) Todos os Padeiros terão um nome de guerra único, pelo
qual serão tratados e do qual poderão usar no exercício
de suas árduas e humanitárias funções.
2 Estatuto transcrito do livro Literatura Cearense, de Sânzio de Azevedo (1976).

24 - Aíla Sampaio
7) O distintivo da Padaria Espiritual será uma haste de
trigo cruzada de uma pena, distintivo que será gravado
na respectiva bandeira, que terá as cores nacionais.
8) As fornadas (sessões) se realizarão diariamente, à
noite, à excepção das quintas-feiras, e aos domingos, ao
meio-dia.
9) Durante as fornadas, os Padeiros farão a leitura de pro-
duções originais e inéditas, de quaisquer peças literárias
que encontrarem na imprensa nacional ou estrangeira e
falarão sobre as obras que lerem.
10) Far-se-ão dissertações biográficas acerca de sábios,
poetas, artistas e literatos, a começar pelos nacionais,
para o que se organizará uma lista, na qual serão desig-
nados, com a precisa antecedência, o dissertador e a víti-
ma. Também se farão dissertações sobre datas nacionais
ou estrangeiras.
11) Essas dissertações serão feitas em palestras, sendo
proibido o tom oratório, sob pena de vaia.
12) Haverá um livro em que se registrará o resultado das
fornadas com o maior laconismo possível, assinando to-
dos os Padeiros presentes.
13) As despesas necessárias serão feitas mediante finta
passada pelo Gaveta, que apresentará conta do dinheiro
recebido e despendido.
14) E proibido o uso de palavras estranhas à língua ver-
nácula, sendo, porém, permitido o emprego dos neolo-
gismos do Dr. Castro Lopes.
15) Os Padeiros serão obrigados a comparecer à fornada,
de flor à lapela, qualquer que seja a flor, com excepção
da de chichá.

Literatura no Ceará - 25
16) Aquele que durante uma sessão não disser uma pi-
lhéria de espírito, pelo menos, fica obrigado a pagar no
sábado café para todos os colegas. Quem disser uma pi-
lhéria superiormente fina, pode ser dispensado da multa
da semana seguinte.
17) O Padeiro que for pegado em flagrante delito de plá-
gio, falado ou escrito, pagará café e charutos para todos
os colegas.
18) Todos os Padeiros serão obrigados a defender seus
colegas da agressão de qualquer cidadão ignáro e a tra-
balhar, com todas as forças, pelo bem-estar mútuo.
19) É proibido fazer qualquer referência à rosa de
Maiherbe e escrever nas folhas mais ou menos perfuma-
das dos álbuns.
20) Durante as fornadas, é permitido ter o chapéu na ca-
beça, exceto quando se falar em Homero, Shakespeare,
Dante, Hugo, Goethe, Camões e José de Alencar porque,
então, todos se descobrirão.
21) Será julgada indigna de publicidade qualquer peça
literária em que se falar de animais ou plantas estranhos
à Fauna e à Flora brasileiras, como: cotovia, olmeiro,
rouxinol, carvalho etc.
22) Será dada a alcunha de “medonho” a todo sujeito
que atentar publicamente contra o bom senso e o bom
gosto artísticos.
23) Será preferível que os poetas da “Padaria” externem
suas idéias em versos.
24) Trabalhar-se-á por organizar uma biblioteca, empre-
gando-se para isso todos os meios lícitos e ilícitos.

26 - Aíla Sampaio
25) Dirigir-se-á um apelo a todos os jornais do mundo,
solicitando a remessa dos mesmos à biblioteca da “Pa-
daria”.
26) São considerados, desde já, inimigos naturais dos Pa-
deiros - o Clero, os alfaiates e a polícia. Nenhum Padeiro
deve perder ocasião de patentear seu desagrado a essa
gente.
27) Será registrado o fato de aparecer algum Padeiro com
colarinho de nitidez e alvura contestáveis.
28) Será punido com expulsão imediata e sem apelo o
Padeiro que recitar ao piano.
29) Organizar-se-á um calendário com os nomes de to-
dos os grandes homens mortos, Haverá uma pedra para
se escrever o nome do Santo do dia, nome que também
será escrito na Ata, em seguida à data respectiva. 30) A
“Avenida Caio Prado” é considerada a mais útil e a mais
civilizada das instituições que felizmente nos regem, e,
por isso, ficará sob o patrocínio da Padaria.
31) Encarregar-se-á um dos Padeiros de escrever uma
monografia a respeito do incansável educador Professor
Sobreira e suas obras.
32) A “Padaria” representará ao Governo do Estado con-
tra o atual horário da Biblioteca Pública e indicará um
outro mais consoante às necessidades dos famintos de
idéias.
33) Nomear-se-ão comissões para apresentarem rela-
tórios sobre os estabelecimentos de instrução pública e
particular da Capital relatórios que serão publicados.

Literatura no Ceará - 27
34) A Padaria Espiritual obriga-se a organizar, dentro do
mais breve prazo possível, um Cancioneiro Popular, ge-
nuinamente cearense.
35) Logo que estejam montados todos os maquinismos, a
Padaria publicará um jornal que, naturalmente, se cha-
mará O Pão.
36) A Padaria tratará de angariar documentos para um
livro contendo as aventuras do célebre e extraordinário
Padre Verdeixa.
37) Publicar-se-á , no começo de cada ano, um almana-
que ilustrado do Ceará contendo indicações uteis e inú-
teis, primores literários e anúncios de bacalhau.
38) A Padaria terá correspondentes em todas as capitais
dos países civilizados, escolhendo-se para isso literatos
de primeira água.
39) As mulheres, como entes frágeis que são, merecerão
todo o nosso apoio excetuadas: as fumistas, as freiras e as
professoras ignorantes.
40) A Padaria desejaria muito criar aulas noturnas para a
infância desvalida; mas, como não tem tempo para isso,
trabalhará por tornar obrigatório a instrução pública
primada.
41) A Padaria declara desde já guerra de morte ao ben-
degó do “Cassino”.
42) É expressamente proibido aos Padeiros receberem
cartões de troco dos que atualmente se emitem nesta Ca-
pital.
43) No aniversário natalício dos Padeiros, ser-lhes-á ofe-
recida uma refeição pelos colegas.

28 - Aíla Sampaio
44) A Padaria declara embirrar solenemente com a sec-
ção “Para matar o tempo” do jornal “A Republica”, e, as-
sim, se dirigirá à redação desse jornal, pedindo para aca-
bar com a mesma secção.
45) Empregar-se-ão todos os meios de compelir Mané
Coco a terminar o serviço da “Avenida Ferreira”.
46) O Padeiro que, por infelicidade, tiver um vizinho que
aprenda clarineta, pistom ou qualquer outro instrumento
irritante, dará parte à Padaria que trabalhará para pôr
termo a semelhante suplício.
47) Pugnar-se-á pelo aformoseamento do Parque da Li-
berdade, e pela boa conservação da cidade, em geral.
48) Independente das disposições contidas nos artigos
precedentes, a Padaria tomará a iniciativa de qualquer
questão emergente que entenda com a Arte, com o bom
Gosto, com o Progresso e com a Dignidade Humana.
Amassado e assado na “Padaria Espiritual”, aos 30
de Maio de 1892.
A agremiação deixou de existir no ano de 1898.
A repercussão do movimento ecoa até os nossos
dias. Além de dissertações e teses defendidas sobre ele,
foi publicada, em 2005, a primeira edição do livro É pra
Ler ou pra Comer?, de Socorro Acioli, pela Editora De-
mócrito Rocha, contando a história do grupo. Há também
um documentário – A Padaria Espiritual3 – realizado pelo
escritor e cineasta Felipe Barroso, em 2009, com a parti-
cipação de Sânzio Azevedo, Gilmar de Carvalho, Batista
de Lima e Regina Pamplona Fiúza.

3 Em 2012, a X Bienal Internacional do Livro do Ceará teve como tema “Padaria Espiritual – O
Pão do Espírito para o Mundo”, prestando homenagem aos 120 anos da agremiação.

Literatura no Ceará - 29
AS CONTENDAS

Retomando a linha do tempo, bem antes de a Padaria


ter-se desfeito, houve desentendimento entre os padeiros
Temístocles Machado e Álvaro Martins, que saíram da
agremiação e fundaram outra: o CENTRO LITERÁRIO,
em 1894, aos poucos, o Centro agregou mais associa-
dos que a Padaria, e as publicações na Revista Iracema,
criada pelos centristas, congregou um bom volume de
publicações. Fizeram parte do novo grupo: os dois dissi-
dentes – Temístocles Machado e Álvaro Martins – mais:
Pápi Júnior, Viana de Carvalho, Bonfim Sobrinho, Quin-
tino Cunha, Frota Pessoa, o Barão de Studart, Rodrigues
Carvalho, Soares Bulcão, F. Wayne, Martinho Rodrigues,
Alba Valdez, Eurico Facó, Júlio Olímpio e José Albano
que, anos depois, iria embora para a Europa. Embora
muito se tenha falado da rivalidade entre as duas agre-
miações, os jornais da época publicavam que os sócios
de uma associação iam às festas da outra. Dolor Barreira
(1948) em sua História da literatura cearense, ao falar so-
bre o assunto, afirma que alguns “padeiros” foram sócios
dos dois grêmios ao mesmo tempo, como foi o caso de
Jovino Guedes e Ulisses Bezerra.
Destacaram-se: Antônio Sales, que já escrevia ver-
sos parnasianismos na Padaria Espiritual; Alf. Castro,

30 - Aíla Sampaio
pernambucano radicado em Fortaleza; Cruz Filho, com
o livro Poemas dos belos dias (1924); Júlio Maciel, autor
de Terra mártir (1918); Carlos Gondim, com os Poemas
do Cárcere (1923); Antônio Furtado, Irineu Filho e Mário
Linhares, Otacílio de Azevedo e Carlyle Martins. O Pa-
dre Antônio Tomás, embora seja contemporâneo desses
poetas, escrevia versos de tendência romântica e só os
publicava esparsamente, sem reuni-los em livro, o que
somente foi feito após a sua morte. Já rompendo com a
estética da perfeição formal, surge Mário da Silveira,
com a prática do verso livre. Seu livro, Coroa de rosas
e espinhos, foi publicado em 1922, após a sua morte. O
grupo de desfez em 1904.

Literatura no Ceará - 31
O IDEÁRIO
MODERNO

De acordo com Raymundo Netto (2014), o moder-


nismo cearense teve sua primeira manifestação com Má-
rio da Silveira (1899-1921), autor do poema Laus Puris-
simae, e com Jáder de Carvalho e Edigar de Alencar, na
coletânea Os Novos do Ceará no Primeiro Centenário da
Independência, em 1922, que também apresentava poe-
mas com características modernas.
Em 1925, atendendo a convite do jornalista Gilberto
Câmara, o poeta paulista, Guilherme de Almeida, este-
ve em Fortaleza e fez palestra do teatro José de Alencar,
anunciando o ideário modernista. Dois anos depois, veio
a lume o livro O Canto novo da raça (1927), dos poetas:
Jáder de Carvalho, Franklin Nascimento, Sidney Neto
e Mozart Firmeza, dedicado ao poeta Ronald de Carva-
lho, com 40 páginas não numeradas. Segundo Sânzio
de Azevedo (2010), a obra não é de todo inovadora. Ele
afirma que “Jáder de Carvalho e Franklin de Nascimen-
to são radicalmente novos, apesar de, no primeiro, ha-
ver ainda umas maiúsculas que lembram o Simbolismo.
Sidney Neto não compromete a escola, mas seu estilo,
em versos de forte conotação patriótica, é mais enfático

32 - Aíla Sampaio
do que seria de se esperar. Mozart Firmeza, à maneira
do Ribeiro Couto dos primeiros tempos, está mais para
penumbrista, com seus versos em surdina (AZEVEDO,
2010). Note-se, outra vez, que os poetas se reúnem numa
publicação, como a somar forças e talentos para fazer vi-
ver a literatura.
O cenário começa a adquirir novos contornos quan-
do, em 1928, Demócrito Rocha, que se apresentava no
mundo literário com o pseudônimo Antônio Garrido, fun-
da o jornal O Povo e abre espaço para a poesia. Filguei-
ras Lima, Edigar de Alencar, Heitor Marçal, Rachel de
Queiroz (na época escrevia poemas), Martins d’Alvarez,
Jáder de Carvalho, Franklin Nascimento, Sidney Neto
e Mozart Firmeza, Silveira Filho e Suzana de Alencar
Guimarães publicam textos notadamente modernistas
no suplemento MARACAJÁ (1929), do qual saíram dois
números. Alguns deles publicavam na Revista Antropo-
fagia, de São Paulo. Em 1931, sai um só número do novo
suplemento, denominado CIPÓ DE FOGO, onde escre-
viam os poetas já citados, João Jacques e Beni Carvalho.
Um ano antes, Raquel de Queiroz havia publicado o ro-
mance O Quinze (1930), que teve consagração nacional
na prosa regionalista que marcou a segunda fase moder-
nista brasileira.
A literatura continuava a ser produzida, mas sem
fidelidade ao estilo moderno: alguns expunham a sua
estética revolucionária; outros se mantinham ligados
ao Parnasianismo; outros, ainda, ao Simbolismo, quan-
do surgiu, nos anos 40, o Grupo Clã. As edições tiveram
início em 1943, e a revista Clã número zero foi publi-
cada em 1946, no mesmo ano em que saíram os livros:
Noite Feliz, de Fran Martins; Face iluminada, de Edu-

Literatura no Ceará - 33
ardo Campos; Roteiro de Eça de Queirós, de Stênio Lo-
pes, e Os Hóspedes, reunindo poemas de Aluízio Me-
deiros (1918-1971), Antônio Girão Barroso (1914-1990),
Otacílio Colares (1918-1990), Fran Martins (1913-1996)
e Artur Eduardo Benevides (1923-2014). Fizeram tam-
bém parte do grupo: Antônio Martins Filho (1904-2002),
Braga Montenegro (1907-1979), João Clímaco Bezerra
(1913-2006), Joaquim Alves (1894-1952), Lúcia Fernan-
des Martins (1924-2004), Moreira Campos (1914-1994)
e Mozart Soriano Aderaldo (1917-1995). Bem posterior-
mente entrariam no grupo Cláudio Martins (1910-1995),
Milton Dias (1919-1983), Durval Aires (1922-1992) e Pe-
dro Paulo Montenegro (1928-2019).
Embora a agremiação não tivesse estatuto nem se
assumisse como um grupo, além do número zero, foram
publicados, de 1948 a 1988, vinte e nove números da re-
vista Clã. Sânzio de Azevedo, no livro Literatura Cearen-
se (1976, p. 427), afirma que “o Grupo Clã veio trazer,
como contribuição mais importante às nossas letras, a
definitiva implantação do Modernismo no Ceará, numa
época em essa corrente já não precisava dos rasgos ico-
noclastas de outros tempos”.
Sobre a importância do grupo para a cultura cea-
rense, Artur Eduardo Benevides, um de seus fundadores,
declarou:

O Grupo Clã, responsável, em grande


parte, pela literatura cearense nos últimos
trinta anos, procurou, por todos os meios,
criar em Fortaleza um clima cultural em
que escritores e artistas pudessem atingir
status profissional e recebessem, ao lado
de vantagens pecuniárias, o estímulo ne-
cessário à produção literário. É inegável
34 - Aíla Sampaio
que houve uma tênue transformação, so-
bretudo através do prestigiamento social
de prosadores, poetas e artistas, mas a li-
teratura é, ainda, um ‘áspero’ ofício. (BE-
NEVIDES, 1976, p. 10)

Destaquem-se os nomes de Moreira Campos (1914-


1994), contista hiper-realista, autor de O Puxador de
Terço (1969), Contos Escolhidos (1971), Os 12 Parafusos
(1978), 10 Contos Escolhidos (1981); sua Obra Completa
foi publicada, em dois volumes, em 1996, pela Editora
Maltese, São Paulo, com organização de Natércia Cam-
pos; e o poeta Arthur Eduardo Benevides (1923-2014),
com seu memorável Noturnos de Mucuripe & Poemas de
Êxtase e Abismo (1996).
Fora do contexto dos grupos, Emília Freitas publi-
cou A Rainha do Ignoto em 1899, o primeiro romance
fantástico cearense. Em 1980 saiu a segunda edição em
1980, por iniciativa do escritor Otacílio Colares.

Literatura no Ceará - 35
GERAÇÃO DE 60,
PÓS-CLÃ – CADA
UM POR SI E DEUS
POR TODOS

Caio Porfírio Carneiro, em artigo publicado na re-


vista ParaMamíferos N. 1, diz que a geração de 60 era de
gente talentosa, que navegava meio à deriva no mundo
no que diz respeito aos movimentos novos no campo das
letras. Não havia um grupo que fizesse a integração, en-
tão, era cada um por si e Deus por todos. Referimo-nos,
pois, a José Alcides Pinto, Caio Porfírio Carneiro, Juarez
Barroso, José Maia, Mário Pontes, Durval Aires e Fran-
cisco de Carvalho, escritores profícuos que seguiram
carreira solo, aos quais acrescento os nomes de Caetano
Ximenes Aragão, Jorge Tufic e Mário Gomes.
Caio Porfírio manteve intensa criação em São Pau-
lo, onde mora. Juarez Barroso, embora já premiado,
morreu quando escrevia o seu primeiro romance; Mario
Pontes enveredou pelo jornalismo e José Maria, embora
ótimo contista, permaneceu inédito em livro. Durval Ai-
res, contista e romancista, depois da passagem pelo Clã,
36 - Aíla Sampaio
lançou, junto a Egberto Guilhon, o primeiro jornalzinho
cearense em cores: Sete Dias. Porfírio, em pareceria com
Mario Cardoso e Kerginaldo Rodrigues, lançou o tablói-
de Ceará, do qual saíram apenas dois números, dadas as
dificuldades de manterem-se vivas as nossas letras num
período nada fácil. Caetano Ximenes Aragão deixou
marcado o seu nome com Romanceiro de Bárbara (escri-
to originalmente entre julho de 1975 a agosto de 1978),
publicado em 1990; trata-se de um poema que celebra a
revolucionária Bárbara de Alencar. Jorge Tufic (nascido
no Acre, mas radicado no Ceará, por sua vez, manteve-se
produtivo até 2018, ano de sua morte, com a inquietação
estética que caracteriza todas as suas obras, das quais
destaco: Varanda de pássaros (1956), Chão sem mácula
(1966), Faturação do ócio (1974), Quando as Noites Vo-
avam (1999), Guardanapos pintados com vinho (2008),
Agendário de sombras (2009).
Embora sem fazer parte de grupos e avesso à mí-
dia, o poeta Francisco Carvalho (1927-2013), seguindo
a carreira de funcionário público em Fortaleza, deixou
grande legado para a nossa literatura, com vasta e quali-
tativa produção literária. Publicou, entre outras dezenas
de obras: Canção Atrás da Esfinge (1956); Do Girassol e
da Nuvem (1960); A Concha e o Rumor (2000); O Silên-
cio é uma Figura Geométrica (2002); Centauros Urbanos
(2003); Memórias do Espantalho (2004); Corvos de Alu-
mínio (2007); Mortos Não Jogam Xadrez (2008). Ele teve
quatro poemas seus musicados pelo cantor Raimundo
Fagner, em 2004, no LP Donos do Brasil.
Já José Alcides Pinto (1933 – 2008) teve 40 livros
editados, entre os quais: Cantos de Lúcifer (1966); Os Ca-
tadores de Siri (1966); O Acaraú – Biografia de um Rio

Literatura no Ceará - 37
(1979); Ordem e Desordem (1982); Guerreiros da Fome
(1984): Estação da Morte, O Enigma e O Sonho (roman-
ces que formam a trilogia); Tempo dos Mortos; Editor de
Insônia (1964); Equinócio (teatro, 1973), entre outros. Fi-
cou conhecido como o “Poeta Maldido”, por conta de sua
verve ácida, por vezes erótica e profana; foi, sobretudo,
um espírito rebelde que se identificou com o surrealismo
e a temáticas sexo e morte.
Mário Gomes (1950-2014), do mesmo período, mas
deslocado por conta de seu desequilíbrio psíquico, fez-se
o poeta andarilho e era sempre visto na Praça do Ferreira
ou no Centro Cultural Dragão do Mar, vestido com pale-
tó e calçando sapato social, ostentando seu corpo sujo e
encurvado, invariavelmente bêbado e delirante. Come-
çou a escrever poemas em tenra idade, sempre marcados
pela ironia e pelo anseio de ser livre, recebendo, por isso,
o apelido de “Poeta Descomunal”. Morreu aos 67 anos,
deixando oito livros publicados.
No final dos anos 60, retoma-se a tradição dos grupos
e surge, em 1968, o SIN (de sincretismo) sob os auspícios
dos poetas Roberto Pontes, Horácio Dídimo, Pedro Lyra,
Linhares Filho e Rogério Bessa, visando à renovação das
letras cearenses. O primeiro publicou o seu primeiro li-
vro de poesia, Contracanto, pelas Edições SIN, no mesmo
ano de fundação do grupo. Desfez-se em 1969, deixando
publicada uma Sinantologia, com textos dos fundadores e
de outros escritores que aderiram ao movimento. Os fun-
dadores seguiram o seu caminho pela trilha das letras.
Rogério Bessa investiu mais na carreira docente na UFC;
Horácio Dídimo, do mesmo modo, mas sempre escre-
vendo e publicando, inclusive com expressiva passagem
pelo Neoconcretismo, como falaremos adiante. Linhares

38 - Aíla Sampaio
Filho, além da carreira docente, dedicou-se à crítica li-
terária e à poesia, que lhe inspirou, dentre os tantos li-
vros publicados, Sumos do tempo (1968), Voz das coisas
(1979), Frutos da noite de trégua (1983), Tempo de colhei-
ta (1987), Andanças e marinhagens (1993), Notícias de
Bordo (2007), Cantos de Fuga e Ancoragem (2007), Itine-
rário: 45 anos de poesia (2015). Já Roberto Pontes, dedi-
cando-se à docência e aos estudos literários, fez jus à aus-
piciosa estreia com Contracanto (1968), e publicou, entre
outras obras, Lições de espaço (1971), Temporal (1976),
Memória corporal (1982), Verbo encarnado (1996), Breve
Guitarra Galega (2002), Hierba Buena/Erva Boa (2007),
Cinquenta poemas escolhidos pelo autor (2010), Lições de
tempo & Os movimentos de Cronos (2012). Verbo encar-
nado e 50 Poemas escolhidos pelo autor tiveram a belíssi-
ma publicação em formato de minilivro no ano de 2014.
Pedro Lyra, por sua vez, além de construir sólida carrei-
ra docente em Fortaleza e, depois, no Rio de Janeiro, e
afirmar-se como ensaísta, publicou expressiva obra em
versos, com incursões que vão do soneto a experiências
vanguardistas; pode-se destacar, entre muitas: Sombras
– Poemas da dúvida (1967), Doramor – Uma trajetória da
paixão (1969), Decisão – Poemas dialéticos (1983/1985),
Desafio – Uma poética do amor (1991/2001/2002), Argu-
mento – Poemythos globais (2006), Ideações – 30 Sonetos
conceptuais (2012), Poderio – Um poema jurídico em 75
Autos (2013), Protesto – Estados de Ser (2014), Situações –
Mini-Anti-Parábolas da Civilização e da Ética (2015).
Retomando a literatura dos anos 60, registramos
que, já no final deles, em 12 de abril de 1969, tem iní-
cio O Clube dos Poetas Cearenses, criado por alunos do
Colégio Liceu do Ceará. Os encontros ocorriam na Casa
de Juvenal Galeno, coordenada por Nenzinha, filha do
Literatura no Ceará - 39
patriarca da nossa poesia. Entre os fundadores estão:
Carneiro Portela, Pádua Lima e João Bosco Dantas. As
atividades que empreendiam eram diversificadas: orga-
nização e publicação de antologias, publicações de tex-
tos em revistas e jornais, realização de eventos como a
“Semana de Estudos de Literatura Cearense” e o “Festi-
val de Poesias”. Foram lançadas quatro antologias, ten-
do sido a última em 1981, publicada pela Secretaria da
Cultura do Ceará, com organização de Carneiro Portela,
capa de Rosemberg Cariry sobre desenho de Luiz Cari-
mai. Tiveram participação, além dos fundadores citados,
Cândido B. C. Neto, Dimas Macedo, Alex Studart, Ed-
milson Caminha Jr., Juarez Leitão e Mário Nogueira.
Fizeram, ainda, parte do Clube: Vicente Freitas,
Márcio Catunda, Guaracy Rodrigues, Stênio Freitas,
Costa Senna, Ricardo Guilherme, Aluísio Gurgel do
Amaral Jr. e Mário Gomes, que, segundo depoimentos,
chegou a dormir muitas vezes na casa.
Distante dos grupos e das contendas, em 1956 foi
publicado o primeiro livro de Antônio Gonçalves da Sil-
va, o Patativa do Assaré, ‘poeta matuto’ do interior, que
sabia mais de versificação do que muitos acadêmicos
da capital. À Inspiração Nordestina (1956), seguiram-se
Cantos do Patativa (reedição de Inspiração Nordestina
com acréscimos, 1967), Patativa do Assaré: novos poe-
mas comentados (1970), Cante lá que eu canto cá (1978),
Ispinho e Fulô (1988) e Aqui tem coisa (1994).
Deslocada dos grupos locais, teve expressão tam-
bém a poeta Ieda Estergilda de Abreu, com as publica-
ções: Mais um livro de poemas (1970), Apostilas Poéti-
cas, (1980), Grãos - poemas de lembrar a infância (1985)
e A véspera do grito (2001).
40 - Aíla Sampaio
MOVIMENTOS
PÓS-MODERNOS –
GERAÇÃO DE 70

Com o legado dos anteriores, os anos 70 mantiveram


o caráter de coletividade da nossa literatura. Em 1971 foi
criada a Associação Profissional dos Escritores do Ceará
pelos escritores Jáder de Carvalho (primeiro presidente),
Artur Eduardo Benevides, Carlyle Martins, Ciro Colares,
Antônio Girão Barroso, Cândida Galeno, Abdias Lima,
entre outros que mantiveram a entidade até o início dos
anos 80. Em 1984, ela foi reativada por Roberto Pontes e
Oswald Barroso. Há poucos registros da sua existência e
das atividades que desenvolveu nos dois períodos.
Sempre incomodado com o pouco espaço para pu-
blicação de textos dos escritores cearenses, Nilto Ma-
ciel passou a editar e enviar para diversas cidades do
Brasil o jornalzinho mimeografado Intercâmbio quando,
em 1974 conheceu Carlos Emílio Lima e nasceu a ideia
de uma revista literária que suprisse a falta de espaço
para publicação de textos dos novos escritores. Depois
de várias reuniões e tentativas de criar um novo perió-
dico, a Revista Saco surgiu, finalmente, em 1976, como

Literatura no Ceará - 41
uma publicação mensal de cultura. A partir do nº 5, tor-
nou-se “uma revista nordestina de cultura”, apesar de,
desde o primeiro número, publicar colaborações de es-
critores de todo o Brasil e até do exterior. Reunia escri-
tores de postura antiacadêmica e revolucionária, como:
Manoel Raposo (1933), Jackson Sampaio (1941), Nilto
Maciel (1945) e Carlos Emílio Correia Lima (1956), seus
fundadores, e circulava, cada edição, com 6 mil exem-
plares. Fechou em 1977, com o fascículo nº 7, por conta
de falta de anúncios publicitários (os que existiam eram
dos livreiros que faziam parte do grupo) e consequentes
problemas de distribuição, que era limitada às bancas
de Fortaleza e região. Fala-se também que as contendas
entre os líderes do grupo contribuíram para o fim dele.
Alexandre Barbalho (2000) declara ter sido contra a ideia
de circulação nacional, bem como não apoiou o caráter
comercial e empresarial que ela acabou tomando. Diz ele
que “Queria uma coisa independente, marginal, alterna-
tiva, feita por escritores novos e sem vez no mercado edi-
torial” (BARBALHO, 2000) e com outro formato estético.
O primeiro número foi distribuído pela Distribuido-
ra Cultural de Publicações; já o segundo ficou por conta
da Distribuidora Edésio, ambas de Fortaleza. As cinco
edições seguintes foram entregues à empresa carioca
Superbancas, a mesma que fazia a distribuição do Jornal
do Brasil; a revista pôde ser encontrada nas bancas de to-
das as capitais do Brasil até o rompimento do contrato da
empresa distribuidora. Foi feita uma Campanha em For-
taleza - “Vamos deixar O Saco morrer?” -, convocando
os escritores para uma reunião aberta, no dia 11 de abril
de 1977, na sede da Associação Cearense de Imprensa, a
fim de pensar a continuidade da publicação. Como pou-

42 - Aíla Sampaio
cos compareceram (apenas 15), segundo Barbalho, até
mesmo Carlos Emílio Correia Lima e Nilto Maciel, dois
dos quatro editores da revista faltaram, não houve como
dar seguimento ao periódico. Após o fechamento, Ma-
ciel, inspirado na Revista Ficção, do Rio de Janeiro, criou
uma nova revista “feita por escritores novos e sem vez
no mercado editorial”: a Literatura (1991), aberta para
todas as tendências literárias e para escritores nacionais
e estrangeiros.
Ressaltamos a produção literária de Carlos Emílio,
criador das Rodas de Poesias, recitais no Centro Cultural
Dragão do Mar, e editor de várias publicações literárias,
como a já citada revista O Saco, a revista Cadernos Rio-
arte (1985); o jornal Letras&Artes (1990) e a revista Ar-
raia PajéurBR4 (2012). Publicou os romances: A Cacho-
eira das Eras, A Coluna da Clara Sarabanda (1979), Além
Jericoacoara, o observador do Litoral (1982), Pedaços da
História Mais Longe (1997), Maria do Monte, O romance
inédito de Jorge Amado (2008). Contos: Ofos (1984), O
romance que explodiu (2006). Ensaio: Virgilio Varzea: os
olhos de paisagem do cineasta do Parnaso (2002), entre
outros.
Dois anos depois, em 14 de julho de 1979, publicou-
-se o “Manifesto SIRIARÁ”, posicionando-se “contra a
ritualística de um passado literário que formal e conteu-
disticamente não mais representa a realidade nordestina
do momento”. [...] “Somente dentro dessa roupagem nos
permitem lançar nacionalmente nossa ‘mercadoria’”. Os
remanescentes do CLUBE DOS POETAS e do SACO,
junto a outros jovens – os poetas Rogaciano Leite Filho,
Nirton Venâncio, Oswald Barroso, Adriano Espínola, en-
tre outros - criaram, então, um movimento literário en-

Literatura no Ceará - 43
volvendo “todos os autores do Ceará, independente de
estilos, crenças e ideologias”, como disse certa noite, no
Estoril, Rogaciano a Aírton Monte. Surgiu o Grupo SI-
RIARÁ que, de acordo com o Manifesto, se posicionava:
1) Contra a ritualística de um passado que formal e con-
teudisticamente não mais representa a realidade nordes-
tina do momento. Viva Graciliano, José Américo, Zé Lins
do Rego, O Quinze, de Rachel, João Cabral, Grupo Clã...
Viva. Como lição, roteiro, experiência. Superação, não
supressão. A seca e o sonho continuam. A favor de um
texto terra (conteúdo); de um texto mestiço (forma); de
um texto Siriará (intenção e linguagem).
2) Contra o colonialismo interno do sul e a condenação
regionalista da literatura nordestina. A favor de uma li-
teratura sem vassalagem, nordestinagem, inferioridade.
Pensar e sentir o Nordeste e ter o direito de perguntar
pelo Brasil. E não somente o Nordeste, território à parte.
3) Contra modelos e formas de pensar e escrever impor-
tados – impostados, impostos – pastagem alienante da
culturália tupiniquim mal pensante. A favor de uma lite-
ratura brasileira brasílica. Autóctone. Sem totens nem ta-
bus. Sem “fervor reverencial” à cultura da solene mamãe
Europa e adjacências e/ou do executivo caubói do Ari-
zona. O universo situado a partir de um discurso e uma
linguagem crítica que reflitam a nossa própria situação/
condição histórica. Pensar e sentir o Brasil no mundo. E
o mundo no Brasil. A favor de uma escritura nordestina/
brasileira, brasileira/planetária. Força centrípeta e cen-
trífuga da linguagem. Da literatura. Da História. Da sa-
bedoria cosmo-nativa.

44 - Aíla Sampaio
4) Contra toda forma de opressão, de repressão políti-
ca e/ou cultural. Fora, fuuu – a máscara policialesca da
moral e dos bons costumes (literários). Fora a censura
planaltina. Fora, fuuu – todas as patrulhas. E todos os
pulhas ideológicos e literários. Queremos a verdade e a
sinceridade. Ainda que tarde. Pra tudo rimar com Liber-
dade. A favor de uma literatura de combate, de questio-
namento, de indagação. De si mesma. Do indivíduo. Da
sociedade. Do Brasil D. R. isto é, Depois de Rosa. Aqui e
sempre. AVE, PALAVRA”.
O Manifesto, antes da publicação, foi assinado pe-
los escritores: Adriano Epínola, Antonio Rodrigues de
Sousa, José Batista de Lima, Airton Monte, Carlos Emílio
Correa Lima, Eugênio Leandro, Fernanda Teixeira Gur-
gel do Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan Fer-
reira, Jackson Sampaio, Joyce Cavalcante, Lydia Teles,
Paulo Barbosa, Paulo Veras, Rogaciano Leite Filho, Ro-
semberg Cariry, Sílvio Barreira, Márcio Catunda, Mary-
se Sales Silveira, Marly Vasconcelos, Natalício Barroso
Filho, Nilto Maciel, Nirton Venâncio e Oswald Barroso.
Maciel (2006) afirma que o grupo, além de editar
livros, promoveu um seminário, com a leitura e discus-
são de textos dos seus membros; participou de encontros
com estudantes; publicou uma revista-antologia e um
suplemento especial no jornal O Povo, edição de mais
de vinte mil exemplares, criteriosamente elaborado, com
fotografias, biografias, depoimentos e textos de todos os
seus integrantes, além do manifesto. Surgiram propos-
tas, como a veiculação de um jornal e a organização de
uma antologia de escritores cearenses, que, entretanto,
não se realizaram. Dimas Macedo, no ensaio Literatura e
Escritores Cearenses, assegura que o Grupo Siriará não

Literatura no Ceará - 45
deixou “uma contribuição significativa, enquanto movi-
mento de renovação estética e literária. Foi uma atitude
muito mais do que um grupo literário com disposição de
aglutinar uma proposta concreta de ação ou coisa que o
valha” (MACEDO, 2011).
Nesse contexto, se destaca Rogaciano Leite Filho
(1954-1992) jornalista e poeta, figura marcante da boe-
mia e do meio cultural cearense nas décadas de 70 e 80.
Incentivava os novos escritores e abria espaço para eles
nos jornais. Como jornalista, construiu sólida carreira no
jornal O Povo, editando o Caderno Vida & Arte e escre-
vendo a coluna Em Off. Em 1984, ele organizou uma An-
tologia com os poemas de José Alcides Pinto – José Alci-
des Pinto – Antologia Poética, publicada pela Secretaria
de Cultura. Deixou publicados dois livros: Pão Mofado
(1975, poemas), em parceria com Alberto Castelo Bran-
co, prefaciado por Jáder de Carvalho e com ilustrações
de Mino e Heloísa Juaçaba; e A História do Ceará passa
por essa rua, uma compilação de textos publicados no
jornal O Povo, após sua morte, retratando personagens
importantes da história cearense que dão nome às ruas e
contando a trajetória deles: estão presentes fatos históri-
cos como o assassinato do Major Facundo, o fuzilamento
de Feliciano Carapinima no Centro de Fortaleza, a ma-
nifestação de 25 de março pela liberdade dos negros, en-
tre tantos. Esse livro foi editado em 2002 pela Editora
Demócrito Rocha. No Centro Cultural Dragão do Mar, a
praça de apresentação em baixo da passarela tem o seu
nome.
Outra figura lendária da nossa cidade é a do médico
Aírton Monte (1949-2012), que estreou, no gênero con-
to, com o volume O Grande Pânico (1979), mas exerci-

46 - Aíla Sampaio
tou outros gêneros, como a poesia e a crônica, na coluna
que assinava do caderno Vida & Arte do Jornal O Povo.
Destaque-se Moça com flor na boca: crônicas escolhidas
(2005), livro que ficou durante alguns anos com indica-
ção de leitura para prova do vestibular da Universidade
Federal do Ceará.

Literatura no Ceará - 47
MOVIMENTO
CONCRETO

O Ceará foi o estado que mais contribuiu para a atu-


ação do Concretismo no país, depois de São Paulo e do
Rio de Janeiro, de acordo com Damasceno (2012). Duas
Mostras de Arte Concreta no estado, em 1957 e 1959,
projetaram nacionalmente os nossos poetas que aderi-
ram ao movimento na época. É sabido que José Alcides
Pinto recebia cartas de Haroldo de Campos, louvando a
iniciativa dos cearenses e o envolvimento deles com o
ideário nascente, o que mostra a conexão dos nossos es-
critores com o que acontecia de novo no sudeste do país.
Antônio Girão Barroso marca o início da vanguarda
nessas paragens ao escrever Modernismo e Concretismo
no Ceará (1978), em que descreve a recepção do movi-
mento pelos nossos escritores. Escreveu também poemas
concretistas que podem ser lidos nas obras: Alguns Poe-
mas (1938), Os Hóspedes, (1946), Novos Poemas (1950).
Já José Alcides Pinto, o primeiro a trazer as ideias do
movimento, mostra as influências da nova estética nas
obras escritas na década de 50: Noções de Poesia e Arte
(1952), Pequeno Caderno de Palavras (1953), Cantos de

48 - Aíla Sampaio
Lúcifer (1954), As Pontes (1955), sobretudo, em Concreto:
Estrutura Visual-Gráfica (1956).
Embora tardias do ponto de vista cronológico, as
obras Concretemas (1983), de Pedro Henrique Saraiva
Leão, e A Nave de Prata (1991), de Horácio Dídimo, tam-
bém ilustram a presença do concretismo na literatura
aqui produzida. Em Tempo de Chuva (1967), Tijolo de
Barro (1968), Passarinho Carrancudo (1980), A palavra
e a PALAVRA (1980), de Dídimo, há a presença de po-
emas concretos em meio a outras tendências que ele
exercita sempre em poemas curtos e inquietantes. Pedro
Henrique Saraiva Leão, com Concretemas (1983), como
o próprio título anuncia, faz o marco da estética em nosso
estado. Não totalmente fora do estilo aludido, mas dialo-
gando com ele sem compromisso, destacam-se também,
de sua lavra, Ilha da canção (1983), Poeróticos (1984),
Meus Eus (1995) e Trívia: 1 livro fora do com/um (1996).
Pedro Lyra, com sua série de poemas postais, também
incursiona pelo movimento; a primeira foi lançada em
Fortaleza e no Rio de Janeiro em 1970.

Literatura no Ceará - 49
CRÍTICOS DA
LITERATURA

O estudo da literatura produzida no Ceará, iniciado


com Dolor Barreira, tem na figura do professor e poeta
Rafael Sânzio de Azevedo a expressão maior. Ele ocupa
a Cadeira nº 1 da Academia Cearense de Letras, cujo
Patrono é Adolfo Caminha, e é autor de mais de 25 livros
(poesia, ensaio, historiografia literária e biografia): Lite-
ratura Cearense (1976), Aspectos da Literatura Cearen-
se (1982), A Padaria Espiritual e o Simbolismo no Ceará
(2ª ed. 1996), que foi sua tese; Adolfo Caminha: vida e
obra (2ª ed. 1999), O Parnasianismo na Poesia Brasileira
(2004), Breve História da Padaria Espiritual (2011), Re-
lendo Guilherme de Almeida (2012), O Modernismo na
Poesia Cearense (2ª ed. 2012), Rodolfo Teófilo e a Saga
de Jesuíno Brilhante (2013). Organizou Parnasianismo
(2006) para a Global Editora de São Paulo, que editou
também Alberto de Oliveira (2007), ambos em coleções
dirigidas por Edla van Steen. Tem reeditado livros de
Adolfo Caminha, entre os quais A Normalista (1998),
para a Ática, de São Paulo. Foi agraciado com a Medalha
Tomás Pompeu, da Academia Cearense de Letras, con-
ferida por serviços prestados ao longo de 40 anos. Seus
livros são ricas fontes de pesquisa para estudantes de Le-
50 - Aíla Sampaio
tras e leitores comuns que valorizam a memória literária
da sua terra.
F.S. Nascimento também dedicou estudos às nossas
letras, tendo, sobretudo em Diretrizes da Linguagem Poé-
tica (2005), contribuído com percuciente estudo sobre os
movimentos literários ocorridos no Ceará, desde o Mo-
dernismo, com O Canto Novo da Raça, os suplementos
Grupo Maracajá e Cipó de Fogo, até escritores contem-
porâneos, deslocados de agremiações, mesclando, por-
tanto, modernos e pós-modernos de outros estados e do
nosso, como Mário de Andrade e José Telles.
Nilto Maciel (1945-2014) um dos fundadores da re-
vista O Saco (1976) e dos principais articuladores do Si-
riará, foi, por sua vez, não apenas um escritor de ampla
criação, com domínio do trabalho de linguagem tanto no
conto como na novela e no romance, foi um crítico lite-
rário bastante arguto. Além de incentivar a aparição de
novos nomes, depois de aposentar-se em Brasília, voltou
para Fortaleza e empreendeu, desde então, uma verda-
deira militância. Publicava e enviava os seus livros pelo
correio a escritores e leitores; do mesmo modo, comprava
ou recebia livros dos que se lançavam e os presentava
com resenha na página virtual Literatura sem Frontei-
ra ou na Revista Literatura, que editou de 1992 a 2008.
Deixou publicadas 23 obras nos gêneros conto, romance,
novela e crítica literária. Entre as suas atividades como
crítico, catalogou os contistas, resenhou livros, sobretudo
da turma nova que lhe enviava livros, publicando ativa-
mente ensaios sobre o escritor cearense. Destaquem-se:
Panorama do Conto Cearense, ensaio (2005); Contistas
do Ceará: D’A Quinzena ao Caos Portátil, (2008), Pele e
Abismo na escritura de Batista de Lima (Organização de

Literatura no Ceará - 51
artigos, 2006). Já José Alcides Pinto deixou a sua contri-
buição com Política da Arte I e II (1981, 1986) e com os
inúmeros prefácios que escreveu para autores conterrâ-
neos, bem como resenhas para jornais.
Aos estudos de Azevedo, Nascimento e Maciel,
agregam-se obras de estudiosos da nossa literatura,
como o professor e romancista José Lemos Monteiro, que
escreveu com percuciência sobre três escritores cearen-
ses: O universo mí(s)tico de José Alcides Pinto (1979), O
discurso literário Moreira Campos (1980) e O compromis-
so literário de Eduardo Campos (1981), além de ter prefa-
ciado várias obras de escritores da terra. José Batista de
Lima, professor, poeta e contista, autor de livros de poe-
mas, contos e ensaios, entre os quais: Moreira Campos:
A escritura da ordem e da desordem (1993), Os vazios
repletos (1993), O fio e a meada (2000), que é incansá-
vel divulgador da nossa literatura, escrevendo, semanal-
mente, artigos sobre obras recém-publicadas na capital
cearense em coluna do Jornal Diário do Nordeste. Dimas
Macedo, poeta e jurista, que já publicou várias obras
com artigos sobre escritores da terra, por vezes, incluin-
do seus nomes junto aos nacionais: Leitura e Conjuntura
(1984), Ossos do Ofício (1992), Crítica Imperfeita, (2001),
Crítica Dispersa (2003), Ensaios e Perfis (2004), A Letra e
o Discurso (2006, 2ª ed. 2014), Crítica e Literatura (2008),
Resenhas e Perfis (2016), entre várias.
Vianney Mesquita, autor de duas dezenas de livros,
destaca-se como crítico da nossa literatura com: Impres-
sões – Estudos de Literatura e Comunicação (1989), Res-
gate de Ideias (1996), Os Versos Ecléticos de Vasques Filho
- Estudo Introdutório. (1998); Fermento na Massa do Texto
(2001); Repertório Transcrito (2003), Arquiteto a Posteriori

52 - Aíla Sampaio
(2013), R.H.F.- Tributo ao Mestre que Ensinou Fazendo
(2014 – com Karla Farias), Nuntia Morata (2014), Esbo-
ços e Arquétipos (2016), Encontro de Contas - Balanço de
Crônicas e Juízos Literários (2017), Reservas da minha
Étagère – Aproximações Literocientíficas (2017), bem
como com prefácios e artigos em livros e revistas cientí-
ficas. Teoberto Landim, poeta e romancista, autor de seis
livros de ensaios, alterna estudos sobre obras literárias
diversas, inclusive as cearenses em: Seca: a estação do
inferno (1992), Trocando em Miúdos (1984) e Ideia, pra
que te quero (2004). Já Dias da Silva dá a sua contribui-
ção com Ficção e Poesia (Organizador, 1981), e com os
10 volumes de Da Pena ao Vento, cujo primeiro volume
foi publicado em 1981. Ele publica também apreciações
críticas no jornalzinho Binóculo, de que é editor.
O jornalista Raymundo Netto, autor de Cadeiras na
calçada – um conto no passado (2004) tem sido, além de
articulista de jornal, um pesquisador e grande divulga-
dor de obras e eventos literários de Fortaleza. Mantêm-
-se igualmente ativos, resenhando e prefaciando obras
de escritores da terra: Lourdinha Leite Barbosa, Linhares
Filho, Hermínia Lima, Sarah Diva Ipiranga, Juarez Lei-
tão, Aíla Sampaio, Vládia Mourão, Carlos Emílio Correia
Lima, Pedro Salgueiro, Carlos Augusto Viana e o poeta
de Meia-Tigela.
A crítica universitária permanece atenta, não sendo
raras as dissertações de Mestrado que saem da UFC com
estudos sobre Moreira Campos, Pedro Henrique Saraiva
Leão, Pedro Lyra, José Alcides Pinto, Roberto Pontes e os
diversos movimentos literários.

Literatura no Ceará - 53
ANOS 80 E 90 –
SOMATÓRIO DE
FORÇAS

A literatura produzida nos anos 80 foi marcada por


dinamismo e união, por um somatório de forças que fa-
zia dos escritores verdadeiros militantes da palavra. Na
área do jornalismo, o poeta e boêmio Rogaciano Leite Fi-
lho agitava o meio cultural da cidade e abria espaço no
Jornal O Povo para a literatura produzida na terrinha,
dando visibilidade especialmente aos estreantes. No
ambiente universitário, sobretudo dos cursos de Letras e
Comunicação, a palavra de ordem era criar! Em 1982, o
escritor cearense Adriano Espínola lançou do terraço do
edifício do hotel Savanah, em frente à Praça do Ferrei-
ra, o seu livro de poemas Lote Clandestino. Retomando o
gesto, em 1983 foi organizada uma Chuva de Poesias no
Centro da Cidade. Como era o período em que se dava
a anistia e a redemocratização do Brasil, os escritores se
reuniram nos altos dos prédios no entorno também da
Praça do Ferreira e lançavam panfletos com poemas de
vários escritores cearenses, ajudados por um helicóptero.

54 - Aíla Sampaio
Podiam-se ouvir os gritos que vinham de cima do prédio:
“Poetas pelas Diretas!”.
No Crato, também o desejo de fermentar a cultura
se manifestava com uma turma de artistas e produtores
culturais cearenses que se reuniam, nas férias de janeiro
de 1979, com o objetivo de criar um movimento artístico
e cultural novo e um jornal que tivesse boa circulação
para unir a arte popular tradicional à dos artistas con-
temporâneos. O nome – Nação Cariri – foi escolhido para
homenagear os índios Cariris e a luta deles contra os co-
lonizadores, na chamada Confederação dos Cariris.
O grupo fundador é quase o mesmo que fazia o
movimento “Por Exemplo”, que lhe foi anterior: Rosem-
berg Cariry foi um dos fundadores, ao lado de Jackson
Bantin, José Wilton (Dedê), Cleivan Paiva, Teta Maia,
José Roberto França, Emérson Monteiro, Geraldo Ura-
no, Pachelly Jamacaru, Zé Nilton, Luiz Carlos Salatiel,
Stênio Diniz, Jefferson de Albuquerque Jr., Valmir Pai-
va, Luiz Karimai e Decas. Foram colaboradores: Tiago
Araripe, Hermano Penna, Francisco Assis do S. Lima (de
São Paulo); Ronaldo Brito (de Recife) e Oswald Barroso,
Firmino Holanda, Marta Campos, Itamar do Mar e Car-
los Emílio Correa, entre outros (em Fortaleza). Durante a
segunda fase do jornal, entre outros, colaboraram: Nata-
lício Barroso, o livreiro Gabriel José da Costa, Fernando
Néri, Floriano Martins, Rejane Reinaldo, Joana Borges,
Fátima Magalhães, Juarez Carvalho, Pingo de Fortale-
za, Ronaldo Cavalcante, Diogo Fontenelle, Nilze Costa e
Silva, Ronaldo Lopes, Alan Kardec e Luciano Maia.
O grupo criou o jornal com o seu mesmo nome –
NAÇÃO CARIRI, que era distribuído em várias cidades
do interior cearense e em algumas capitais brasileiras,
Literatura no Ceará - 55
por meio de seus correspondentes. Mas foi em Fortaleza
que o periódico se afirmou, atuando nas áreas de música
(promoção de shows, editoria de discos), teatro (peças em
sindicatos, bairros e campanhas políticas progressistas),
literatura (publicações e recitais públicos), artes plásti-
cas (ilustrações de livros e exposições) e cinema (reali-
zação de curtas-metragens sobre cultura popular). Como
editora, publicou vários livros de autores cearenses, bem
como álbuns de desenho, cartazes e folhetos.
O objetivo primordial do movimento era dialogar
com as manifestações de vanguarda ao mesmo tempo em
que enaltecia a cultura popular e os artistas do povo que
tiveram espaço e foram divulgados, com grande reper-
cussão. Patativa do Assaré (1909-2002) tinha presença
marcante nas páginas do jornal e deu grandes contribui-
ções também em recitais e shows promovidos pelo grupo.
Os Grupos literários proliferaram na cidade, sobre-
tudo no ambiente universitário, com a promoção de reu-
niões, encontros, saraus e, deles, quase sempre saía uma
publicação. No início dos anos 80, circularam as revis-
tas Recanto e Pássaro, essa última, fundada por Laerte
Magalhães, Vanderllou e Rogéria Vasconcelos, teve dois
números publicados, nos anos de 1980 e 1981. Ambas fo-
ram ilustradas por Carlos Brasil. É contemporânea delas
a revista O Porão, que teve dois números publicados: um
em 1980 e outro em 1981; seus editores e fundadores, La-
erte Magalhães, Vanderllou e Rogéria Vasconcelos pri-
mavam igualmente pela seleção de textos e pelo projeto
estético, daí o subtítulo “Literatura Visual”. Já a revista
COMBOIO VIDA & ARTE promovia reuniões no espaço
da cantina do Curso de Comunicação da UFC, nos finais
de tarde de sábado, para leitura de textos, especialmen-

56 - Aíla Sampaio
te, poemas. Foram publicados três números da revista,
com folhas soltas encaixadas numa capa com bolso; os
textos eram todos ilustrados. As duas primeiras, em 1982
e a terceira em 1983. Além dos fundadores: Laerte Ma-
galhães, Adércio Leite, Chico Leite, Stênio Freitas, publi-
caram na revista: Diogo Fontenele, Mário Nogueira, Aíla
Sampaio, Marisa Biasoli, Juarez Leitão, Oscar Bezerra
Jr., Costa Sena, Lúcia Fontenele, Theophilus, Guimarães
dos Reis, Nirton Venâncio, entre outros. No primeiro nú-
mero, participaram 16 poetas e treze ilustradores. No
segundo (1982), participaram 10 poetas. Em 1983 saiu
a terceira, com 36 escritores, entre poetas e contistas, e
20 ilustradores. A novidade do terceiro número é que os
textos em prosa vinham encadernados, grampeados na
capa. Só os poemas continuavam em folhas soltas. O
grupo adotava o slogan: “Era só o que faltava” e a logo-
marca era um garoto num jumento com dois caçuás.
O nome, Comboio - Vida & Arte, inclusive, inspi-
rou o jornalista e poeta Rogaciano Leite Filho a criar, de-
pois, um caderno de cultura no jornal O Povo com o título
“Vida & Arte”, que existe até hoje.
É praticamente do mesmo período o Grupo CEIA
LITERÁRIA, fundado a 1º de maio de 1981, pelo profes-
sor e escritor Valdemir Mourão, contando com a colabo-
ração de outros professores, como: Felipe Filho, Fernan-
do Câncio, Genuíno Sales, Livardo Barbosa, Auriberto
Cavalcante, Oscar Costa Filho, Carneiro Portela, Line-
te Alcântara, Luciano Jucá, a quem se juntaram, poste-
riormente, Ednardo Gadelha, Frederico Régis, Carlos
Vazconcelos, Marina Fernandes, Luciano Jucá, Airton
Soares, Pedro Wilson Rocha, Ana Craveiro, Alley Kerth,
Oliveira Jr., Carla Vítor e Getúlio. O grupo mantém cor-

Literatura no Ceará - 57
respondentes espalhados pelo Brasil e pelo exterior e se
mantém ativo até hoje. http://ceialiteraria.blogspot.com.
br/
Por que Ceia? Eles respondem: “é uma alusão à
Santa Ceia: o Mestre, os doze Apóstolos e um número
ilimitado de fiéis. A CEIA LITERÁRIA constitui-se de um
Mestre de obras, doze Operários e um número ilimitado
de Serventes, com uma nomenclatura inspirada no tra-
balhador da construção civil”. A Ceia editou semestral-
mente coletâneas literárias, como Cais de Nós, O Lago
das Vozes, Sétima Ceia, Ceia Maior, entre outras. Edi-
tou também o jornalzinho Construção, que depois virou
Folha da Ceia uma publicação mais informal, feita em
xerox. Realizou também vários seminários e concursos
literários. Promoveu lançamentos no Estoril, em bares,
reuniões aos sábados, em lugares sempre diversos. Os
componentes, hoje, se encontram esporadicamente, fa-
zendo questão de manter o grupo vivo, embora não ativo
como em outros tempos.
O COIOTE - foi um grupo formado em 1987 por
alunos de Letras da UFC: José Ney, Luzinete Fernandes,
Américo Saraiva, Maira Barreto, Everton Alencar, Cé-
lia Cruz, Rogéria Pereira, Roderic Szasz, Garcia Júnior,
Ghil Brandão, Cristina Carvalho e Carlos Ely (único que
não era de Letras) esses os mais constantes. Havia os
de frequência esporádica, mas igualmente envolvidos,
como Denise Sidou, Glaucia Andrade, Elvis Marcelino,
Dulce Lane Oliveira, Araceli Sobreira. Filosofia: praticar
arte. Fundaram o Jornal Coiote, cujo nome foi inspira-
do no romance homônimo de Roberto Freire. Nem todos
eram escritores, por isso faziam também eventos, como
calouradas e saraus literários. A duração foi a do curso,

58 - Aíla Sampaio
três anos e meio. O Coiote Inspirou o Centro Artístico
Moreira Campos, criado por Dulce Lane Oliveira, que
se reunia um sábado por mês, na Casa Juvenal Galeno,
e a Academia da Incerteza, criado por Roderic e Everton
Alencar, com criações mais voltadas para temáticas pe-
numbrosas, noturnas, sombrias.
Em outra ambiência e focado mais na literatura
feminina, surgiu, em 1985, o GRUPO SEARA, formado
por escritoras cearenses, que se reuniam para discutir
a produção literária feminina. Eram dez escritoras, al-
gumas estreantes, entre elas: Ângela Barros Leal Farias,
Beatriz Alcântara, Christina Cabral, Dulce Maria Viana,
Fernanda Benevides, Glícia Rodrigues, Isa Magalhães,
Marly Vasconcelos, Mary Ann Leitão Karam e Regine
Limaverde. O grupo estreou no suplemento-literário “O
Povo Cultura”, do Jornal O Povo, no domingo de 29 de
setembro de 1985.
Foram publicadas sete revistas com o nome homô-
nimo do grupo – Revista Seara. A primeira, um ano após
a primeira reunião, saiu em maio de 1986 com o Mani-
festo Seara como editorial. A segunda, no segundo se-
mestre do mesmo ano. Em 1987 saíram duas: uma em
homenagem à Clarice Lispector e outra com a colabora-
ção de escritores de nome nacional, como Olga Savary
e Nelly Novaes Coelho. As seguintes contaram com a
colaboração de outras escritoras cearenses e de outros
estados: Tereza Tenório, Raine Limaverde, Ana Maria
Falcão, Stela Maris Rezende, Lúcia Serra, Glyce Sal-
les, Marisa Biasoli, Leila Miccolis, Nilze Costa e Silva,
Darcy França, Moema Tavares, Aíla Sampaio, Luciene
Silveira, Stella Leonardos, Noemi Elisa Aderaldo, Érika
Ommundsen-Pessoa, lvna Hitzschky, Rita Ramos, Elia-

Literatura no Ceará - 59
ne Ataíde, Tânia Diniz, Stella Câmara, Inez Figueredo.
A última revista foi publicada em 1991 e extinguiu-se o
grupo.
A ESPIRAL também foi criada fora do ambiente
universitário, nos anos 90, por diversos escritores cea-
renses, a maioria já experiente, que sentia falta de um
veículo de publicação dos seus textos literários e acadê-
micos, como poemas, contos, crônicas e artigos. A revista
tinha como editor João Dummar Filho e, como coorde-
nadora geral, Beatriz Alcântara. Faziam parte do Con-
selho Editorial: Lourdinha Leite Barbosa, Noeme Elisa
Aderaldo, Francisco Nóbrega e Diogo Fontenele. Publi-
cavam-se textos de Autores do Grupo Espiral: Lourdinha
Leite Barbosa, Noeme Elisa Aderaldo, Francisco Nóbre-
ga, Diogo Fontenele, João Dummar Filho, Juarez Leitão
Lena Osmmundsen, Heloísa Barros Leal, Glícia Rodri-
gues, Wellington Alves, Marly Vasconcelos, Inez Figuei-
redo, Inês Romano, Dimas Macedo. Publicaram como
convidados: Arthur Eduardo Benevides, Aíla Sampaio,
Fausto Nilo, Linhares Filho, Adriano Espínola, Eduardo
Diathay B. De Menezes, Horácio Dídimo, Luciano Maia,
José Alcides Pinto, Dina Avesque, Sânzio de Azevedo,
Pedro Henrique Saraiva Leão, Carlos D’Alge, Paulo de
Tarso Pardal, Fernanda Benevides, entre outros. Ao todo
foram publicadas cinco revistas, entre os anos de 1995 e
2000. O Grupo fez algumas Rodas de Poesia na Bienal
do Livro.
O grupo POESIA PLURAL que se reunia no início
dos anos 90 para falar de literatura. Entre os compo-
nentes, estão: Margarita Solari, Gylmar Chaves, Arlene
Holanda, José Batista de Lima, Diogo Fontenelle, Jorge
Pieiro, Natércia Campos, Dimas Macedo, Lindacy, Lu-

60 - Aíla Sampaio
ciola Maia, Glícia Rodrigues, Juarez Leitão, Barros Pi-
nho e Helena Lutéscia. Destaquem-se a romancista e
contista Natércia Campos (1938-2004), autora de um dos
melhores romances brasileiros – A Casa (1999) e do volu-
me de contos Iluminuras (1988); e o poeta Barros Pinho
(1939-2012), com Planisfério (1969); Corisco (2001) Car-
ta do Pássaro (2004) e 70 poemas para orvalhar o outono
(2011), entre outros.
AFINIDADES ELETIVAS é o nome de uma revista
editada por Alexandre Barbalho “intermitentemente ao
longo dos anos 90”, começou como um panfleto quase ar-
tesanal, para publicação de textos de escritores que tinham
afinidades estéticas: Carlos Augusto Lima, Lira Neto, Paulo
Fraga, Alexandre Rocha, Manoel Ricardo de Lima, Willis
Santiago Guerra, Alexandre Barbalho, Jorge Piero, Ale-
xandre Veras, Valdo Aderaldo, entre outros. Além de con-
tar, em sua composição gráfica, com amostras do trabalho
de artistas plásticos como Aléxia Brasil, Barrinha, Eduardo
Frota, Cardoso, Kazani, além de fotos de gente como Tiago
Santana, Celso Oliveira e Solón Ribeiro.

Literatura no Ceará - 61
JORNAIS DE
DISTRIBUIÇÃO
GRATUITA

A militância da literatura se revela nas publicações


feitas por conta dos próprios editores para distribuição
gratuita. São jornais xerografados ou impressos, em pa-
pel-ofício duplo, com artigos, poemas, contos, entrevistas
e crônicas, que são enviados pelos Correios ou distribuí-
dos de mão em mão em livrarias, escolas, universidades
e bares. Registramos alguns deles:
Mensageiro da Poesia – Edição artesanal em papel
com notícias culturais e seleção de poemas de autores
cearenses feitas pelo poeta Sinésio Cabral. O Jornal foi
enviado gratuitamente para a casa dos escritores. O úl-
timo deles circulou em maio de 2012, pouco depois da
morte do poeta. O Jornalzinho completou em suas mãos
302 exemplares. A edição nº 303 foi concluída pelo filho
Genésio Cabral e distribuída ainda em maio.
Catolé – Jornalzinho xerografado em papel A4, edi-
tado por Batista de Lima, Dias da Silva e João Lemos
durante dois anos (1997 e 1998) e distribuído gratuita-
mente.
62 - Aíla Sampaio
Binóculo – começou a ser editado em 1999 pelos po-
etas e cronistas José Batista de Lima e Dias da Silva, com
seleção de textos seleção de poemas de autores cearense.
É enviado gratuitamente, para a casa dos escritores ca-
dastrados no endereçário dos editores. Desde o seu lan-
çamento até o momento já foram feitos 181 números.
O Pão – Jornal impresso distribuído pelo poeta Lu-
ciano Maia, César Barreto, Elmar Arruda, Carlos Paiva
e Gervásio de Paula nos anos 90, numa retomada do
ideário da Padaria Espiritual. Editado por Carlos Paiva
e tendo o poeta do Jaguaribe como redator-chefe, o pe-
riódico tinha como “desaconselhadores editoriais” além
dos fundadores, Audifax Rios, Paulo de Tarso Pardal, e
Virgílio Maia, entre outros. Tinha correspondentes em
várias cidades do Ceará, algumas capitais do país e al-
guns países de língua espanhola. Foram publicadas 50
edições: a primeira em 30 de maio de 1992 e a última em
20 de outubro de 1998.
Instituto Brasileiro de Divulgação – jornalzinho feito
em papel xerografado com poemas de escritores cearen-
ses, editado e distribuído gratuitamente pelo jornalista
e poeta Vicente Alencar desde 1997. A tiragem é de 100
exemplares mensais.
Volante (Veículo Original Litero Alternativo Nasci-
do Totalmente Emancipado) – Jornal impresso bimestral,
editado e distribuído gratuitamente pelo Poeta de Meia-
-Tigela nos anos de 2008 e 2009, com poemas e contos,
sempre no espírito mutante e revolucionário do editor.

Literatura no Ceará - 63
ASSOCIAÇÕES,
SOCIEDADES,
AGREMIAÇÕES E
ACADEMIAS

Em 15 de Agosto de 1894, foi fundada a ACADE-


MIA CEARENSE, anterior à fundação da Academia Bra-
sileira de Letras, que só se deu em 1857. Foi, inicialmen-
te, presidida por Tomás Pompeu de Sousa Brasil Filho.
Os 27 primeiros acadêmicos foram: Barão de Studart,
Justiniano de Serpa, Farias Brito, Drummond da Cos-
ta, José Fontenele, Álvaro de Alencar, Benedito Sidou,
Franco Rabelo, Antônio Augusto de Vasconcelos, Pedro
de Queirós, Virgílio de Morais, José Barcelos, Antônio
Bezerra, Eduardo Studart, Adolfo Luna Freire, Eduardo
Salgado, Alcântara Bilhar, Antônio Fontenele, Antônio
Teodorico da Costa, Padre Valdevino Nogueira e Henri-
que Thébergue.
A agremiação passou por três momentos distintos
que marcaram a sua afirmação: o primeiro, de 15 de
agosto de 1894, quando foi fundada, até 17 de julho de
1922, período em que Justiniano de Serpa fez a reorga-
64 - Aíla Sampaio
nização com o nome de Academia Cearense de Letras
- ACL, ampliando as vagas para as atuais 40 cadeiras.
Após a morte de Justiniano de Serpa, em 1923, houve
um período de ostracismo, até 1930, quando foi realizada
a reunião de reorganização, com o modelo que permane-
ce até o presente, com as instalações no Palácio da Luz.
A primeira edição da Revista da Academia Cearense de
Letras foi publicada em 1896, com periodicidade anual
até 1914. Teve um longo período sem edições e somente
a partir da última reforma voltou à publicação anual.
É nas instalações do Palácio da Luz que se reúnem,
mensalmente, os acadêmicos da ACL e de mais quatorze
outras entidades do gênero literário, entre elas, a Acade-
mia Cearense de Língua Portuguesa. Sua biblioteca tem
o montante de 25.000 livros, e as instalações, reformadas
na gestão do presidente, o bibliófilo José Augusto Bezer-
ra, e entregues aos escritores e à população cearense em
fevereiro de 2017, estão sempre abertas para reuniões,
lançamentos, encontros literários e afins.
São os escritores que ocupam as 40 cadeiras da
Academia atualmente: Sânzio de Azevedo, José Batista
de Lima, Carlos Augusto Viana, Murilo Martins, Edu-
ardo Diatahy, Virgílio Maia, Marly Vasconcelos, Révia
Herculano, Grecianny Cordeiro, Pádua Lopes, Tales de
Sá Cavalcante, Ednilo Soárez; Dimas Macedo, José Au-
gusto Bezerra, Manfredo Ramos, Ernando Uchoa Lima,
Sadoc de Araújo, Beatriz Alcântara, Paulo Bonavides,
Ângela Gutierrez (atual presidenta), Juarez Leitão, Cid
Carvalho, Regine Limaverde, César Ásfor Rocha, Lucia-
no Maia, Pedro Henrique Saraiva Leão, Lúcio Alcântara,
César Barros Leal, Giselda Medeiros, Ubiratan Aguiar,
Linhares Filho, Maria de Lourdes Dias Leite Barbosa,

Literatura no Ceará - 65
Napoleão Maia, Noemi Elisa Aderaldo, Flávio Leitão,
João Soares, Teoberto Landim, Mauro Benevides, Laéria
Fontenele e Durval Aires Filho. Destacamos: Marly Vas-
concelos, com Água Insone, (1973), Coração de Areia,
(romance, 1982), Cãtygua Proençal, (poemas, 1985), Sala
de Retratos, (poemas 1998) e Azul-cobalto (2002), Beatriz
Alcântara, professora, ensaísta, contista e poeta, publi-
cou, entre outras obras, Água da Pedra, (1997), O Portal
e a Passagem (1999), Amor Nos Trópicos (2000), Folha
de Prata (2002), Livre Sintonia (2005), Autos de Natal em
Fortaleza, (2007); Ângela Gutierrez, atual presidenta da
agremiação, autora do romance O mundo de Flora (1990),
Canção da menina (poemas, 1997), Os sinos da encarna-
ção ( romance, 2012) e O Silêncio da Penteadeira, (con-
tos dramáticos, 2016), entre outras obra; José Augusto
Bezerra, fundador e primeiro Presidente da Associação
Brasileira de Bibliófilos, autor de O Espírito do Sucesso,
um romance épico lançado em 2004, entre outros. Lour-
dinha Leite Barbosa, autora do livro de contos A arte de
engolir palavras (2002), Protagonistas de Rachel:  cami-
nhos e descaminhos (ensaio, 1999), 100 Anos de Rachel
de Queiroz: vida e obra. (Organização: Lourdinha Leite
Barbosa e Cleudene de Oliveira Aragão, 2010) e Barão
de Comocim (biografia romanceada, 2016); Regine Li-
maverde, com 19 livros publicados, eles, Rio em cheia,
(poemas, 1980); Ressurgências (poemas, 1982); Estre-
la de vidro, (poemas, 1983); Mar de sargaços (poemas
1985); Poemas quaternários (poemas, 1990); Kaleidosko-
pion (poemas, 1994); O limo e a várzea (poemas, 1998);
Mais coração do que carne e osso (poemas, 2005); Ritos
do entardecer (poemas, 2007); As leves e duras quedas do
amor (contos, 1992), Eternas Lanternas do Tempo (2007),
e Canção do amor inesperado (2014); Mudança de es-
66 - Aíla Sampaio
tação (poemas, 2019); Pádua Lopes, jornalista e roman-
cista, autor de Safira não é flor, cuja narrativa mescla
literatura de viagem com jornalismo cultural num belo
jogo de ficção; e Révia Herculano: Aurora Escassa (poe-
mas, 1998), Dedé Demais (infantil, 1999), O Silêncio das
Araras (romance, 2000), Voando com Isabelhinha (infan-
til, 2002), Foguete de Papel (infantil, 2006), Chão Aberto
(romance, 2008), A Galera do Bem (infantojuvenil, 2010),
Solo Sagrado (Romanceiro, 2013) e Por Serdes Vós Quem
Sois, no prelo.
AFL – ACADEMIA FORTALEZENSE DE LETRAS - foi
fundada em 14 de Junho de 2002 e tem, entre os seus
objetivos, a valorização da língua e da literatura nacio-
nais e reunir “literatos de reconhecida representativida-
de”, residentes na cidade de Fortaleza-Ceará. Tem 40
(quarenta) cadeiras, ocupadas, atualmente, por: Fernan-
da Quinderé, Vicente Alencar, Giselda Medeiros, João
Soares Neto, Leda Maria, Cybele Pontes, José Augus-
to Bezerra, Beatriz Alcântara, Murilo Martins, Manoel
Crisóstomo, Révia Herculano, Antonio Colaço Martins,
Inez Figueiredo, Ednilo Gomes de Soárez Cid Carvalho,
Ednilo Gomes de Soárez, Juarez Leitão, José Batista de
Lima, Leda Costa Lima, Leda Maria Souto, Lúcia Lusto-
sa, Roberto Gaspar, José Luis Lira, Matusahila Santiago,
João Dummar Filho. Destaque-se e escritora e atriz Fer-
nanda Quinderé, autora de Mulher Azul (poemas, 2002)
e Bodas de solidão (2007) entre outros.
ALANE – ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO NOR-
DESTE - foi fundada em 27 de janeiro de 1978, no intui-
to de promover o desenvolvimento e a preservação dos
valores culturais da Região Nordeste do Brasil. Agrega
escritores, atores, pintores e músicos. Inicialmente era

Literatura no Ceará - 67
denominada Academia de Letras e Artes do Nordeste
Brasileiro, cuja sigla era ALANB, mudou sua denomina-
ção e a sigla passou a ser ALANE. No início, havia 60
acadêmicos no seu núcleo-sede, em Recife, e outros em
vários estados do Nordeste, cada um com 15 membros. É
uma academia itinerante, sem sede própria, realizando
suas reuniões literárias em Cafés, Livrarias ou na casa
de um dos componentes. A seção Ceará foi implantada
em 1996, quando uma comissão de Pernambuco veio ao
nosso estado com tal objetivo. Participaram, nesse início:
Arthur Eduardo Benevides, Luciano Maia, Virgílio Maia,
Carlos D’Alge, Dimas Macedo, Linhares Filho, Giselda
Medeiros, Regine Limaverde, Juarez Leitão, Batista de
Lima, José Alves Fernandes, Mírian Carlos, Sinésio Ca-
bral e César Barreto. O primeiro presidente foi Arthur
Eduardo Benevides, em longo mandato, a que se seguiu
Lourdinha Leite Barbosa, que era a sua vice, ficando, o
poeta, como Presidente de Honra. Com a reformulação
em 2003, a Academia angariou novos acadêmicos e hoje
tem 40 membros que se reúnem às segundas quartas de
cada mês, no Ideal Clube. Fazem parte da ALANE-CE
atualmente: Lourdinha Leite Barbosa, Inez Figueiredo,
Beatriz Jucá, Carlos Augusto Viana, Dina Avesq, Aíla
Sampaio, Carlos Augusto Viana, Luciano Maia, Noeme
Elisa Aderaldo, Wania Dummar, Geraldo Jesuíno, José
Batista de Lima, Roberto Galvão, José Maria Chaves,
Flávio Leitão, Francisco Nóbrega, Beatriz Ancântara, Ré-
via Herculano, Vicente Alencar, Terry Araújo, Francisco
Nóbrega, Virgílio Maia, Laéria Fontenele, Linhares Fi-
lho, Giselda Medeiros, Diogo Fontenele, Socorro Pinhei-
ro, Carlos Emílio Correia Lima, Leo Mackellene, Ricar-
do Guilherme, entre outros. Publica a Revista Urupema,
fundada durante a presidência de Lourdinha Leite Bar-
68 - Aíla Sampaio
bosa (Biênios 2004/2005 e 2006/2007, tendo reassumido o
posto em 2018). Destacamos: José Batista de Lima, poeta
e contista, autor de O pescador de Tabocal (1997), e Ja-
neiro é um mês que não sossega (2002), livros de contos,
e Miranças (1977), Os Viventes da Serra Negra (1981),
Engenho (poemas, 1984), Janeiro da Encarnação (1995),
O sol de cada coisa (2008), Tiborna (2014), Concerto para
espantos (2015) e Assim falou Sipaúbas (contos, 2019).
Hermínia Lima, poeta de lírica amorosa e sensual, auto-
ra de Uma palavra marcada – Emoção e consciência na
poética de Pedro Lyra (ensaio, 1999), Sangria Azul (Po-
emas, 2002) e Sendas do Sacrário (Poemas, 2013). Inez
Figueiredo, autora dos livros de poemas O Poeta e a Pon-
te (1997) e Estrela, Vida Minha (2004), da coletânea de
contos de Palavra por aí, à ventura (2013) e do romance
Há um Deus na minha casa dos sonhos (2018).
ACLJ – ACADEMIA CEARENSE DE LITERATURA E
JORNALISMO – Fundada em 2011, congrega 40 escri-
tores e jornalistas cearenses, “não necessariamente os
melhores, desde que alguns sejam ótimos e que todos
sejam bons, e que nenhum deles se possa apontar entre
os piores”, como se lê no Blog da agremiação. Sua mis-
são é “Defender as letras, as artes e a mídia cearenses,
prestigiar seus atuais ícones, preservar a memória dos
antigos, procurar e incentivar novos valores”, bem como
“constituir-se em fórum permanente de debates sobre a
literatura e a mídia nacionais, de modo a gerar relatórios
abalizados e pareceres conclusivos com a sua opinião
oficial”. Cid Carvalho ocupa a cadeira 1 e é titular vitalí-
cio. Entre os 40 literatos e jornalistas cearenses que com-
põem a plêiade estão: Luciano Maia, Totonho Laprovíte-
ra, Edinilo Soares, Vicente Alencar, Vianney Mesquita,

Literatura no Ceará - 69
Cândido Albuquerque, Karla Karenina e Alana Alencar,
entre outros.
SOBRAMES – SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDI-
COS ESCRITORES – Regional Ceará – foi fundada em
24 de agosto de 1982. Seu primeiro presidente foi o
médico escritor Emmanuel de Carvalho Melo. O grupo
faz reuniões às segundas-feiras de cada mês, promove
palestras e publica anualmente uma coletânea. Com-
ponentes: Flavio Leitão, Marcelo Gurgel, Celina Côrte
Pinheiro, Antônio Tomaz Ramos, Ana Margarida Arru-
da Rosemberg, José Alves da Rocha Filho, Sílvio Araújo,
Isaac Furtado, Glauco Sobreira, José Maria Chaves, Pau-
lo Ferreira, Sebastião Diógenes Pinheiro, entre outros,
dos quais se podem destacar Fernando Antônio Siqueira
e Jesus Irajacy, cujas obras, em voo solo, têm linhagem e
projeto estético, embora a carreira de escritor esteja colo-
cada em segundo plano. Destacamos Flávio Leitão – au-
tor de A Ventura de Gamalielzinho (2016) e outros contos
e Retórica de Circunstâncias (discursos, 2016). Jesus Ira-
jacy Costa – contista e poeta premiado em vários concur-
sos literários, autor de Contos farpados (2011), Vestígios
(poemas, 2018) e O dorso do sol (poemas, 2018). Fernan-
do Siqueira, contista, autor de O Tatuador de Palavras
(2006), vencedor na categoria contos do prêmio Osmun-
do Pontes de 2005, e Ao Lado do Morto (2008), vencedor
na categoria contos do prêmio Unifor de 2007.
AJEB – ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS ESCRITO-
RAS – Seção Ceará – é uma entidade cultural criada em
1970, pela escritora paranaense Hellê Vellozo Fernandes,
quando de sua participação num encontro mundial da
AMMPE (Asociación Mundial de Mujeres Periodistas y
Escritoras, no México. Há coordenadorias em quase todos

70 - Aíla Sampaio
os estados brasileiros, e o Ceará está entre os mais atu-
antes. Uma escritora cearense foi presidente nacional no
quadriênio 2002/2006: Giselda Medeiros. Há, anualmen-
te, a publicação da Antologia Policromias, com texto das
associadas, onde sempre constam os nomes das escritoras
Maria Helena do Amaral Macedo, Zenaide Braga Marçal,
Maria Luisa Bomfim, Celina Côrte Pinheiro, Evan Gomes
Bessa, Giselda de Medeiros, Gizela Nunes da Costa, Ma-
ria Argentina Austregésilo de Andrade, Elinalva Alves de
Oliveira, Maria Amélia Barros Leal, Rejane Costa Barros,
Rosa Virgínia Carneiro de Castro, Rita Maria Lopes Gue-
des Santos, Maria do Socorro Cavalcanti, Maria Nirvanda
Medeiros, Francinete de Azevedo Ferreira, Neide Azeve-
do, Neide Freire, Ione Arruda, Argentina Andrade.
SOCIEDADE AMIGAS DO LIVRO – SAL – No ano de
1961, Helena Rangel de Alencar reuniu-se, em sua casa,
à Av. Santos Dumont, 1245, com outras onze mulheres -
Diva Muniz de Aragão, Elba Oliveira Martins, Emelvira
Bravo Sá, Heloísa Ferreira Juaçaba, Lourdes Brito Morei-
ra, Madalena Ribeiro Pinheiro, Maristela Benevides Alen-
car, Olga Monte Barroso, Suzana da Costa Ribeiro, Taís
Costa Ribeiro Mendonça e Zilca Costa Lima Silva - e com
elas fundou a Sociedade. No mês de agosto do mesmo
ano, na residência de Nadir Papi de Saboya, a primeira
diretoria da SAL tomou posse, sendo Helena Aguiar eleita
a primeira presidente da entidade. Conselheiros convida-
dos: Artur Eduardo Benevides, Manuel Eduardo Pinheiro
Campos e José Maria Moreira Campos. O grupo perma-
nece ativo, atualmente composto por quarenta mulheres,
de diferentes profissões - escritoras, professoras, advoga-
das, artistas, médicas, donas de casas -, trabalhando em
conjunto para unir esforços a fim de colaborar com a co-

Literatura no Ceará - 71
munidade de Fortaleza e promover, sobretudo ao menos
favorecidos, o acesso ao livro, às artes, à música e à educa-
ção. As reuniões são mensais para troca de informações,
comentários, debates sobre livros e promoção de palestras.
Componentes atuais: Cybele Pontes, Bernadete Bezerra,
Lourdinha Leite Barbosa, Wânia Dummar, Beatriz Jucá,
Suzana da Costa Ribeiro, Nádia Ribeiro, Neide Azevedo,
Giselda Medeiros, entre tantas.
ACADEMIA MARIA ESTER DE LEITURA E ESCRITA -
AME – Criada em 2004 pelo diretor do Colégio Maria Es-
ter, Luiz Pereira Lemos, “reafirmando o espírito inovador
e revolucionário dos cearenses”. É composta por 25 estu-
dantes. As vagas surgem quando os alunos concluem o
ensino médio. Já foram lançadas as coletâneas: Momentos
Poéticos, Inquietude, O Sonho e a Realidade e Momento
Literário com textos produzidos pelos alunos acadêmicos.
São muitas as Academias e Agremiações ligadas
à literatura, na capital e no interior do estado, entre as
quais se pode citar, ainda: União Brasileira de Trovado-
res - Seção Fortaleza, Ala Feminina da Casa de Juvenal
Galeno, Academia Metropolitana de Letras de Fortale-
za e Academia Feminina de Letras do Ceará, Academia
Ipuense de Letras, Ciências e Artes, Academia Maraca-
nauense de Letras, Academia Sobralense de Estudos e
Letras, Academia Limoeirense de Letras, Academia de
Letras de Crateús, Academia Camocinense de Ciências,
Artes e Letras. Academia Quixadaense de Letras, Acade-
mia Quixeramobinense de Letras, Academia de Letras e
Artes de Caucaia, Academia Tauaense de Letras, Acade-
mia dos Cordelistas do Crato, Academia Varzealegrense
de Letras, Academia de Ciências, Letras e Artes de Colu-
minjuba, entre muitas outras.

72 - Aíla Sampaio
GRUPOS E REVISTAS
CONTEMPORÂNEAS
– DE 2000 ATÉ O
PRESENTE

LITERAPIA – Veículo de publicação dos componentes da


Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - SOBRA-
MES, aberta, a partir da terceira edição, também para
textos de outros escritores cearenses. Foi fundada e é edi-
tada pelo poeta e médico Pedro Henrique Saraiva Leão
desde 1996, quando ele cunhou o termo que dá título ao
periódico. Diz ele que Literapia “Significa terapêutica,
terapia, tratamento pela literatura. Cura ou alivia, como
a fisioterapia, embora exercitando não a musculatura,
mas o intelecto, a cortiça cerebral. Método indolor, agra-
dável, sua aplicação exige apenas um livro e um leitor.”
(LEÃO, In: O Povo, 2013)
CAOS PORTÁTIL, UM ALMANAQUE DE CONTOS – Re-
vista criada em 2005 pelos escritores Jorge Pieiro e Pe-
dro Salgueiro. Publica desde escritores clássicos (vivos
ou mortos), os contistas mais experientes (alguns com
vários livros publicados), aos mais jovens, inclusive (e

Literatura no Ceará - 73
sobretudo) inéditos em livro. São editores-chefes: Jorge
Pieiro (Jorge Alan Pinheiro Guimarães) mentor de vários
projetos literários a partir de cursos ministrados, contis-
ta premiado e Assessor de Cultura do Estado, autor de
dezenas de obras, entre as quais: neverness (poesia: le-
tra&música / resto do mundo 1996), fragmentos de pa-
naplo (contemas: do autor 1989), galeria de murmúrios
(ensaio: tempo molequin 1995), caos portátil (contemas:
letra&música 1999), e Pedro Salgueiro – contista também
premiado, organizador de obras coletivas como Almana-
que de contos cearenses (Recife: Ed. Bagaço, 1997), que
lançou praticamente todos os contistas que surgiram no
Ceará na década de 1990, e O cravo roxo do diabo: O
Conto Fantástico no Ceará, autor, entre outros, dos livros
Brincar com armas (2000), Dos valores do inimigo (2005),
Inimigos (2007) e Fortaleza voadora (2007).
No Comitê editorial figuram os nomes dos dois edi-
tores, de Nilto Maciel, Raymundo Netto (romancista,
contista e ensaísta), Geraldo Jesuíno (contista e artista
visual, autor do belíssimo livro de contos Brumas, 2016),
Pedro Henrique Saraiva Leão (poeta). Os contistas Tér-
cia Montenegro e Dimas Carvalho são uns dos principais
colaboradores.
Sublinhem-se os nomes de Jorge Pieiro, Pedro Sal-
gueiro e Raymundo Netto como grandes articuladores
da cultura do estado, com ações visíveis sobretudo na
capital cearense. Netto e Pieiro, ao assumirem cargos na
Pasta de Cultura do governo estadual, incrementaram os
editais e promoveram ações no sentido de manter viva
a literatura cearense. Uma dessas ações, articulada por
Raymundo Netto e Túlio Monteiro, ocorreu em 26 de ou-
tubro de 2007, quando, pela Secretaria da Cultura – rea-

74 - Aíla Sampaio
lizaram a Feira do Sebo, na Praça do Ferreira, com “pro-
gramação cultural temática e livros a preços acessíveis”
(NETTO, 2007). Foi realizada, então, a terceira Chuva
de Poesias, reunindo poemas de cerca de 100 autores ce-
arenses, reeditando o evento dos anos 80 ao fazerem-se
lançar cerca de 100.000 panfletos de um helicóptero que
sobrevoava o Centro.
FORTALEZA VOADORA – Editada por Ruy Vasconcelos,
a revista teve número único e foi publicada pela Secreta-
ria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) em 2006.
GAZUA – Editada pelos poetas Diego Vinhas, Eduardo
Jorge, Henrique Dídimo e Júlio Lira. O primeiro número
saiu em 2006, depois do número zero em ano anterior.
Eduardo Jorge e Henrique Dídimo trabalham com víde-
opoesia, com clip-poemas entre outros diálogos da litera-
tura com outras linguagens.
CORSÁRIO – (revista e editora) Foi idealizada, em 2005,
pelo poeta Mardônio França, que desejava ampliar os es-
paços para publicação de poemas, cartas e videopoemas,
atividade já iniciada no grupo de arte Parafernália, a que
ele pertencia. Em 2006, ela já apareceu no mundo virtual
(www.corsario.art.br), fazendo os laços entre a literatura
e a internet. Em 2007, passou a atuar como editora, e
lançou o livro de poemas Tris, de Ylo Barroso, inclusive
adotado pelo Colégio Lourenço Filho. Em 2010, firmou
uma parceria com a Fotossíntese:.Arte:.Comunicação, e,
com o Prêmio Literário para Autor Cearense, foi possível
publicar três números das revistas (2011, 2012 e 2016) e
mais 18 livros.
ParaMAMÍFEROS – Revista da “prole” de Glauco So-
breira, Jesus Irajacy, Nerilson Moreira, Pedro Salguei-

Literatura no Ceará - 75
ro, Raymundo Netto e Tércia Montenegro, com ilustra-
ções de Glauco Sobreira, dedicada a “animais de sangue
quente, que gostam de correr riscos, atrevidos por na-
tureza e com sensório aguçado”. Foram publicados três
números: 2001, 2010 e 2011, com a mesma proposta de
publicação de artigos, entrevistas, poemas e contos de
escritores estrangeiros e brasileiros (sobretudo cearen-
ses). O quarto está previsto para 2017.
MAMBEMBE – Revista que publica sobre Música, Lite-
ratura, Teatro, Educação. Metamorfose Urbana Galeria
ìcone Vitrine, pura irreverência. É dirigida por Francisco
Carlos Pontes, que publicou três números, respectiva-
mente, em 2008, 2009 e 2010.
MUTIRÃO – Editada (ou orquestrada) pelo maestro Po-
eta de Meia-Tigela, em versão digital e impressa. Prima
pelo projeto visual e pela diversidade dos colaboradores.
A primeira foi publicada em 2014 e, a segunda, em 2016,
reunindo contos, poemas, brincadeiras, desenhos e foto-
grafias, tecendo sempre o diálogo entre as palavras e as
imagens.
PINDAÍBA – É definida como “uma produção alternati-
va adulta” e foi idealizada por um grupo de estudantes
do Centro de Humanidades da UFC e artistas que fre-
quanta(va)m o Benfica, tendo, assim, forte ligação com o
bairro e sua boemia. Editada pelos escritores André Dias,
Manoel Carlos, Claudio Bentemuller e Augusto Azeve-
do, essa revista impressa já está na quarta edição, reu-
nindo sempre escritores, quadrinistas e ilustradores, com
matéria especial sobre um nome das letras da terrinha.
Opõe-se a objetivos mercantis e coloca-se como uma pu-
blicação marginal.

76 - Aíla Sampaio
DaSUBSTANSIA – É editada por Nathan Matos Maga-
lhães e Roberto Menezes, a partir de 2013, com artigos,
ensaios, traduções, poemas, contos e entrevistas. Os 3
números publicados trazem nomes diferentes da litera-
tura cearense/brasileira e estrangeira: No primeiro, a
entrevista é com o contista Pedro Salgueiro; nas seguin-
tes, com Valter Hugo Mãe, e Nome Jaffe. Os ilustradores
também variam nos números. Compuseram as capas: no
primeiro, Simone Barreto; no segundo, o artista visual
Nestor Jr.; no terceiro, o americano Chad Wys. Atual-
mente, não está publicando, mas volta a qualquer hora.
http://www.editorasubstansia.com.br/revista-substansia
PROPULSÃO – A revista se propõe como “um projeto vi-
vificante das artes escritas, visuais e sonoras, que pul-
sam no cenário contemporâneo. Existimos pela busca de
produção original, com o intuito de gerar sinergia, co-
nexões entre ideias e pessoas”. Faz chamada para pu-
blicação de Prosema (prosa, poema, tradução), Artesania
(artes visuais e urbanas) e Mostrares (propagação de co-
letivos, companhias, espetáculos – música, dança, teatro,
peformance). É editada por Amanda Vaz Teixeira (do Pa-
raná), LiLê Santos e Nathalia Cardoso (do Ceará) e tem
no Conselho Editorial: Anna Dikenstein (EUA), Bárbara
Costa Ribeiro (do Amapá mas residente no Ceará); Car-
los Nóbrega (Ceará) e Maria T. Nocerino (ITA), além do
apoio editorial (divulgação, publicidade, suporte técnico)
de dois cearenses: Lucas Diniz e Lídia Silveira. A núme-
ro 1 (2017) conta com as participações, dentre outras, de
Carlos Nóbrega (poesia), Hugo Pontes (poemas visuais),
Jorge Pieiro (minicontos), e dá espaço para fotografia e
artes visuais em geral. Há uma bela entrevista com a es-

Literatura no Ceará - 77
critora argentina Pola Oloixarac. https://www.revistapro-
pulsao.com/
CADERNO DE CULTURA DO DIÁRIO DO NORDES-
TE – Suplemento do jornal Diário do Nordeste (fundado
em 19/12/1981), cuja primeira edição circulou na cida-
de de Fortaleza em 02/01/1983, tendo como editor Luís
Sérgio Santos, cargo assumido, anos depois (1986), pelo
jornalista e escritor Carlos Augusto Viana. O suplemen-
to destinava-se à publicação de artigos e resenhas so-
bre obras literárias, filmes, artes visuais e afins, poemas,
trechos de crônicas, contos e romances, com circulação
aos sábados. O conteúdo era produzido pelo editor e por
colaboradores: professores, universitários, acadêmicos
e profissionais das letras em geral. O Caderno circulou
até 18.12.2011. A partir de 24.12.2011, o mesmo suple-
mento passou a circular com o título Caderno Ler até
31.08.2013.

78 - Aíla Sampaio
GRUPOS E
ASSOCIAÇÕES
QUE SE REÚNEM E
ATUAM NA CIDADE:

GRUPO CHOCOALHO – Foi criado em 4 agosto de


1984, pelo escritor, poeta, jornalista e professor Auriberto
Vidal Cavalcante, com o objetivo de divulgar a literatu-
ra cearense. Reúne poetas, escritores, artistas plásticos,
jornalistas, fotógrafos e músicos com o objetivo de defen-
der e divulgar a cultura e a produção cultural, especial-
mente a cearense. Edita e lança livros e jornais. Promove
exposições, recitais em fábricas, praças públicas e esco-
las, além de festivais de poesia. Aceita colaboradores de
qualquer lugar do Brasil e remete livros e jornais produ-
zidos por eles a quem solicitar. O grupo é coordenado
por Cavalcante. Outros membros: Cristina Cavalcante,
Gelma Lima, Alanna Cavalcante, Gerardo Frota (Pardal),
Paulo Paiva, Milena Marques, Edmilson Torres, Nonato
Nogueira, Stênio Freitas, Vidal Cavalcante, Arleni Por-
telada, Lins Albuquerque, Silas Façanha, Barros Alves,

Literatura no Ceará - 79
Manoel Arruda, Sônia Nogueira. Blog do Grupo Choca-
lho: grupochocalho.blogspot.com
CLUBE DO BODE – Confraria que reúne poetas, músi-
cos, jornalistas, amigos e leitores na Livraria Livro Téc-
nico, na Rua do Dom Joaquim, nas tardes de sexta para
bater papo. Os fundadores: Barros Pinho, Almir de Cas-
tro, Mariano Freitas, Giordane Carvalho, Juarez Leitão,
Tarcila Machado, Hélio Catunda entre outros poucos. O
anfitrião é o livreiro Sérgio Braga. Componentes: Audi-
fax Rios, Carlos Augusto Viana, Sérgio Braga, Erasmo Pi-
tombeira, João Soares Neto, Giordane Carvalho, Falcão,
Narcélio dos Anjos, José Telles, Gylmar Chaves, Fran-
cisco Bezerra (Bezerrinha) Dimas Carvalho e Tatiana Ri-
beiro. Há um livro de atas, para registrar as presenças e
alguma coisa digna de nota que aconteça ou seja falada.
Com a partida repentina de Audifax e Telles, em 2016,
ficaram lacunas que só a obra deixada como legado pode
tentar preencher.
TAPIOCA AMIGA – Grupo sem formação definida, que
se encontra desde 2014, nas últimas quartas-feiras do
mês, na varanda do apartamento do poeta Juarez Leitão.
Juntam-se escritores, políticos e jornalistas que, a con-
vite dele, lá vão: José Batista de Lima, Gylmar Chaves,
Pedro Henrique Saraiva Leão, Lúcio Alcântara, entre ou-
tros. A conversa dura duas horas ou mais, em torno de
assuntos ligados à cultura. São servidos: café, tapioca,
suco e bolo. O álcool está excluído. Juarez Leitão é uma
figura alegre e bem articulada em nossa cidade, sobretu-
do, um agregador. Ele é autor de 29 obras, entre poesia,
livros didáticos, ensaios, crônica histórica. Seus títulos
mais destacados são: Tangenciais (1987); Ignis, o Inven-
tário da Paixão (1993); crônica histórica sobre a boemia

80 - Aíla Sampaio
cearense; Sábado, Estação de Viver (2000); Praça do
Ferreira, República do Ceará Moleque (2002); Fortaleza
no Tempo das Pensões Alegres (2015). Destacamos tam-
bém Dimas Carvalho Muniz, contista e poeta de fôlego,
autor de obras como: Frauta Ruda (1988), Agreste Ave-
na, (1993), Mínimo Plural (1998); Marquipélago (2004),
Uma Sombra No Espelho (2013); e Duas Odes, Quator-
ze Fragmentos, (2015), de poemas; e Histórias de Zoolo-
gia Humana (2000), Fábulas Perversas (2003), Pequenas
Narrativas (2006) e Insônias, Delírios, Pesadelos (2010),
de contos, 55 Sonetos (2017), Cadastro dos Desesperados
(2018), entre outros livros de ensaios e infantojuvenis.
TERÇA LITERÁRIA – É um encontro para a leitura de
obras, que ocorre na segunda terça de cada mês, desde
2000, sob a coordenação de Vicente Alencar e Margarida
Alencar, na Academia Cearense de Letras, onde poetas
e contistas se reúnem para ler seus textos e ouvir os dos
demais. A frequência média de cada encontro é de 30
pessoas.
QUINTA LITERÁRIA – Evento promovido pelo Curso de
Direito da Unifor, coordenado pela professora Ivanilda
Souza, acontece na última quinta-feira do mês (três ve-
zes a casa semestre), em um dos auditórios do Bloco A
da Universidade, desde 2011, com debates sobre obras
que façam o diálogo entre o Direito e a Literatura. Após
o debate, um escritor da terra é homenageado com pe-
formance de seus textos. Já passaram por lá: Dimas Ma-
cedo, Aíla Sampaio, Paola Benevides, Teoberto Landim,
José Batista de Lima e muitos outros.
ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE ESCRITORES (ACE)
– Fundada 12 de setembro de 2007, com o objetivo de
divulgar a literatura cearense. A ACE se reúne mensal-
Literatura no Ceará - 81
mente no último sábado do mês, na Casa Juvenal Ga-
leno, e promove lançamentos de livros, palestras, con-
cursos, participações na Bienal do Livro, Festival Vida &
Arte e na Flip-Festa Literária de Parati. Entre as realiza-
ções, constam: Concurso Literário Eduardo Campos de
Crônicas e Contos; edição da Antologia de Contos e Crô-
nicas Eduardo Campos; lançamento e distribuição do jor-
nal FormAção Literária e do folheto didático Novo Acordo
Ortográfico; instalação da sede da associação no SIN-
DILIVROS, para funcionamento da secretaria executiva;
criação do site www.escritores ace.com.br, com a loja vir-
tual do escritor e conseguiu a nomeação de dois asso-
ciados para o Conselho Estadual de Cultura (CE). Teve
participação efetiva nos Fóruns de Cultura Cearense,
entre eles o FLEC; na implantação da campanha “Seus
cupons velem livros”, com o objetivo de divulgar a lite-
ratura cearense por meio dos escritores da ACE. Criou
a Coordenação Literária e a Assessoria Literária para os
escritores cearenses; a Diretoria de Artes Cênicas e o
Concurso Literário Rachel de Queiroz de Conto e Poesia.
Lançou também antologias como Cartografia da palavra
livre (2017) e criou o Projeto literário edições em coauto-
ria, com 25 livros lançados, totalizando 125 autores pu-
blicados. Fazem parte da ACE, aproximadamente, 280
associados inscritos, mas apenas cerca de 35 frequentam
a reunião e participam dos eventos: Silas Falcão, Eudis-
mar Mendes, Eugênia Carra’h, Lucirene Façanha, Nice
Arruda, Núbia Brilhante, Sônia Nogueira, Francisco de
Assis Almeida Filho, Francisco de Assis Clementino Fer-
reira-Tizim, Abmael Ferreira Martins, Alberto Marques,
Francisco Torres, Eduardo Fontenelle, Danilo Fontenelle,
Gilberto Carvalho, Celia Oliveira, Rita Guedes, Eduar-
do Cruz, Antonio Miranda, Cirlene Seúbal, Clara Setú-
82 - Aíla Sampaio
bal, Vanessa Passos, José Rubens, Marcelo Leal, Victória
Franco Nogueira, Carlos Dantas, Chico Neto, Zélia Sa-
les, Francisco Diniz, Gevandir Muniz.  Na gestão de Si-
las Falcão como presidente, foi criada a FLIACE - Festa
Literária da ACE – iniciada em 2017 - promovida sempre
na última semana de novembro na galeria Benficarte do
Shopping Benfica, 2º piso. De 25 a 29 de novembro, será
realizada a IV edição do evento. Outra realização dessa
gestão é a festa junina poeta Juvenal Galeno (IV edição
em 2019), realizada em junho, na casa de Juvenal Ga-
leno. Destacamos os escritores: Silas Falcão é produtor
cultural, contista, cronista e editor. Publicou nas antolo-
gias Abraço literário e Papo literário, Prêmio Ideal Clube
de Literatura. Publica suas crônicas em sites e periódi-
cos, e tem inédito o livro de microcontos O coleciona-
dor de dedos. É o criador da Fliace-festa literária da ACE
e do selo o Luazul, com dezenas de publicações, entre
elas, a coletâneas Cinco inscrições da mortalidade (2018)
e Último ensaio (2019), além de vários livros de outros
escritores cearenses. Eudismar Mendes - Sangue sobre o
asfalto (contos, 2004), Máscaras da face (contos, 2007),
Avó de cães mestiços (crônicas, 2011), Conchita e outras
memórias (crônicas, 2013), O fantástico voo do pássaro
pintor (conto infanto-juvenil, 2015), participação na an-
tologia de contos Fez-se dezembro em nós (2018). Rosa
Firmo Beserra Gomes - publicou, entre outras obras, No-
breza de Uma Mulher Sertaneja (memórias, 2003); Chu-
vas de Verão (Poemas, 2005); Prisioneira do sol no ocaso
– Vislumbrando uma luz (autobiografia, 2006); Os Can-
tos do luar (poemas, 2008); O Rosário de Quitaiús (Histo-
riografia, 2010); Chiquinho de Domingos - Um sertanejo
sonhador (ensaio, 2011); Sendas Perfumadas (pequenas
ideias viscerais, autoestima, 2012); No Ritmo do meu
Literatura no Ceará - 83
rastro – Histórias coligidas (crônicas, 2013); O Laborioso
Apascentador de Ovelhas - Mons. Alonso Benício Leite,
(ensaio) -2015; Veredas do Outono (poesia, 2016); Can-
ções- Exercício de Resignação ( poesia, 2016), Atravessar
Fronteiras (Relatos de Viagens, 2019). Lucirene Façanha
– participação nas antologias Cartografia da palavra livre
(2017) e Fez-se dezembro em nós (2018) Rosa Morena –
publicou: Movimentos Intransitivo (poemas, 2015); Jaci,
a filha da Lua (infantil, 2016); Micropoemas (poemas,
2018); Pedro, o menino do mar (infanto-juvenil, 2018), A
menina e a garça (infantil, 2019).
GRUPO LITERÁRIO PESCARIA - Criado na cidade de
Varjota pelo poeta Mailson Furtado, que funcionou entre
os anos de 2013 e 2016. Foram publicadas algumas edi-
ções de um jornal intitulado O Pescaria e a coletânea O
Cambo, com 11 autores, utilizando heterônimos, e reali-
zada uma feira literária na cidade.
REVISTA GENTE DE AÇÃO - Veículo de informação
cultural e política de Aracati, que circula em todo o Ce-
ará. Fazem publicações: Luciana Barroso, Juarez Leitão,
Silvânia Claudino, Barros Alves, Luciana Dias, Gilmar
de Carvalho, Antero Pereira, Dimas Macedo, Assis Mar-
tins, Aurora Miranda, Junior Bonfim, Zacharias Bezerra,
Marciano Ponciano e Edmilson Caminha. As fotos são
de Francisco Souza e Luiz Carlos e os desenhos são de
Dideus, que também faz a supervisão e a revisão. Desta-
que-se Dideus Sales, que tem publicados os seguintes li-
vros: Flores vivas e mortas, (1982, em parceria com Her-
nandes Pereira); Sertão de cabo a rabo, (1985); Minha
terra, minha gente, (1986, com Hernandes Pereira); Ma-
tuto do pé rapado (1987); Natureza, paz e poesia (1990,
em parceria com Hernandes Pereira); Nos cafundós do

84 - Aíla Sampaio
sertão (2002/2012); Veredas de sol (2005/2006); Jitiranas
de luz (2011); Poemas Telúricos, (2013) entre outros.
REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO ARMORIAL –
O Movimento foi criado por Ariano Suassuna, em 18 de
outubro de 1970, com foco na produção dos artistas po-
pulares para refletir a produção erudita. Poetas, músicos,
atores, cineastas, bailarinos e artistas plásticos se enga-
jaram, entre eles: Francisco Brennand e Gilvan Samico,
e poetas como Ângelo Monteiro e Marcus Accioly. No
Ceará, temos a Orquestra Armorial do Cariri, os artistas
visuais Côca Torquato e Audifax Rios, e o poeta Virgílio
Maia que, junto ao grupo do Jornal O Pão, criou o Co-
légio Nordestino de Heráldica Sertaneja. Em 1992, ele
lançou o livro Álbum de Iniciação à Heráldica das Mar-
cas de Ferrar Gado, partindo dos livros de Suassuna, bem
como pertinente referencial bibliográfico. A reedição do
livro foi feita em 2004. Virgílio pesquisou as “marcas das
freguesias de todos os atuais 184 municípios do Estado
do Ceará. Cada uma delas é apresentada no álbum, com
a devida explicação sobre seu significado – quando a
explicação existe, pois, como qualquer outra Arte, a he-
ráldica dos ferros também tem os seus mistérios”. Vir-
gílio Maia publicou criou o selo Curumim e publicou o
livro de sonetos Palimpsesto (1992), Via Sacra Sertaneja
(1996, ilustrado por Audifax Rios) e Recordel (2004), en-
tre outros títulos.
A POESIA É UM SACO – Grupo boêmio e literário que
se reúne no Beco do Cotovelo, em Sobral, para ler poesia
e tomar cerveja. De acordo com o poeta Inocêncio Melo,
nasceu do encontro de amigos que desejavam poetizar a
cidade: “.Somos uma metáfora da padaria espiritual [...]
Somos um grupo de poetas simpáticos às demais artes:

Literatura no Ceará - 85
música, poesia, pintura, teatro... Também aceitamos lei-
tores ou seja, amantes da palavra”. Tudo começou como
uma confraria em fevereiro de 2011. Fazem parte: Ino-
cêncio Melo, Luciano Bonfim, Dênis Melo, entre outros.
AESTROFE – Associação de Escritores, Trovadores e Fo-
lheteiros do Estado do Ceará – foi fundada em agosto de
2006 pelo cordelista por Klévisson Viana, atual presiden-
te da agremiação. Congrega poetas populares, folheteiros,
xilogravadores, capistas, folcloristas, declamadores, can-
tadores e cordelistas e amantes da cultura popular, que
propagam a literatura de cordel por todo o Brasil. Fazem
parte do grupo: Rouxinol do Rinaré, Evaristo Geraldo da
Silva, Lucarocas, Arievaldo Vianna, Zé Maria de Fortaleza,
Paiva Neves, Antônio Queiroz de França, Francisco Mel-
chiades e Sávio Pinheiro entre outros. A associação foi res-
ponsável pela curadoria da Feira do Sebo que aconteceu
em 2006 na Praça do Ferreira, e realizou a Feira Brasileira
do Cordel, a Feira do Cordel Brasileiro no Centro Dragão
do Mar e na Caixa Cultural Fortaleza. Coordena o Recital
“Cordel com a Corda Toda” no palco Rogaciano Leite do
Centro Dragão do Mar, evento que ocorre mensalmente.
Por meio do projeto “Ponto de cultura cordel com a corda
toda”, leva o cordel a escolas públicas, realizando palestras,
oficinas de cordel e xilogravura, aulas-espetáculo e recitais.
No contexto do cordel, destaca-se também Geraldo
Amâncio, poeta e cantador, autor dos livros A história de
Antônio Conselheiro (2010), Assim viveu e morreu Lam-
pião Rei do Cangaço (2013) e Pelos Caminhos das Trovas
(2013), além de três antologias sobre cantoria, em par-
ceria com o poeta e jornalista Wanderlei Pereira: De re-
pente cantoria (1994), Cantigas que vêm da terra (1997)
e Gênios da Cantoria (2009).

86 - Aíla Sampaio
ANTOLOGIAS,
COLETÂNEAS E
LIVROS COLETIVOS

Reiterando a constância de trabalhos grupais, des-


tacamos algumas Antologias e obras coletivas que dão
uma amostra dessa “literatura de mutirão” dos anos 90
até esse momento.
Antologia do Conto Cearense (1990) – Organizada por
Mary Ann Leitão Karan pelas edições Tukano. Prefácio
de Rachel de Queiroz e ilustrações de Mário Sanders.
O Talento cearense em Conto (1996) – Organizada pela
escritora cearense Joyce Cavalcante (radicada em São
Paulo). Editora Maltese.
O Talento cearense em Poesia (1996) – Organizada por
Joyce Cavalcante. Editora Maltese.
A poesia cearense do século XX (1996) – Organização,
Introdução e Notas de Assis Brasil, publicada pela Imago.
Almanaque de contos cearenses (1997) – Editada por
Pedro Salgueiro, Elisângela Matos, Tércia Montenegro.
Publicou contos de autores antigos e contemporâneos.

Literatura no Ceará - 87
Contos Cruéis (2006) – Organizada por Rinaldo Fernandes,
reúne 47 contos de escritores das narrativas mais cruéis da
literatura brasileira. A Dalton Trevisan e Lygia Fagundes
Telles se unem os cearenses Pedro Salgueiro, Tércia Mon-
tenegro e Carlos Gildemar Pontes, entre outros.
Massanova (2007) – Poesia brasileira contemporânea,
com projeto editorial de Carlos Emílio Correia Lima e
Luiz Carlos Falcão, capa de Mardônio França. Inaugura
o primeiro encontro da nova versão da Roda de Poesia
(do final dos anos 90) – Zonas Poéticas. Participaram da
publicação 34 poetas, entre eles, os organizadores, Ayla
Andrade, Poeta de Meia-Tigela, Marcelo Bittencourt,
Léo Mackellene, Ivaldo Ribeiro Filho, Frederico Régis e
Marina Araújo.
Encontos / desencontos (2007) – Coletânea de contos
organizada pelos escritores Manoel Carlos Fonseca de
Alencar e André Dias, pelo Edital da Secultfor/Funcet.
Entre os publicados, além dos organizadores, estão:
Marcelo Bittencourt, Claudio Portela, Guethner Gade-
lham Wirtzbiki, Tércia Montenegro, Nilto Maciel, Léo
Mackellene, Pedro Salgueiro e José Alcides Pinto.
Meio-dia – Alguma poesia de Fortaleza (2009) - antolo-
gia bilíngue de poemas e contos organizada por Diego
Vinhas, em que aparecem 12 poetas cearenses contem-
porâneos: Henrique Dídimo, Eduardo Jorge, Carlos Au-
gusto Lima, Rodrigo Magalhães, Rodrigo Marques, Diana
Mello, Virna Teixeira, Xênio Ruy Vasconcellos, Eli Castro,
Júlio Lira, Manoel Ricardo de Lima e Cândido Rolim.
Quantas de nós – Antologia de Mulheres (2011) – divi-
dida em cinco temas: Enquanto meu coração me enga-
na, Para fugir de mim, Dentro de toda menina, Pequenos
motivos para trair meu grande amor e Quantas de nós.
88 - Aíla Sampaio
Composta por seis mulheres que abordam o universo fe-
minino em suas narrativas. São cinco cearenses: Vânia
Vasconcelos, Cleudene Aragão, Maria Thereza Leite, e
Inês Cardoso; e uma baiana: Ruth de Paula.
O Cravo Roxo do Diabo (2011) – O conto fantástico no
Ceará – volumosa compilação de textos (contos e poe-
mas) fantásticos cearenses, organizada por Pedro Sal-
gueiro. A pesquisa foi feita por Alves de Aquino (O Poeta
de Meia-Tigela), o próprio Salgueiro e Sânzio de Azeve-
do. A apresentação é de Aila Sampaio.
Retratos de Abismo e outros voos (2014) – Antologia de
10 poetas cearenses contemporâneos lançada em 2014.
Bruno Mota Pinheiro, Diego Nogueira Silvério, Cícero
Almeira, Ylo Barroso, Renato Pessoa, Larissa Alhadef,
Larissa Freitas, Ítalo Oliveira, Wender Montenegro, El-
ton Danana.
Sarau da B1 (2016) – Coletânea de poesias organizada por
Samuel Denker com 29 poetas que frequentam o sarau.
Horas Noturnas (2014) – Coletânea com poemas de Ana
Cristina Souto, Cleody Virginia, Cris Menezes, Lucinei-
de Souto e Nanda Gois, apresentada por Aíla Sampaio e
lançada em 25 de outubro do mesmo ano, na Casa Juve-
nal Galeno.
O Cambo (2014) – Coletânea de poemas de 11 autores,
usando heterônimos, publicada na cidade de Varjota pelo
Grupo Literário Pescaria.
Cartografia da palavra livre (2017) – Coletânea publicada
pela ACE Edições, com textos de variados gêneros, de 41
escritores, entre eles: Bruno Paulino e Lucirene Façanha.
Fez-se dezembro em nós (2018) – Coletânea de poemas
publicada pela ACE Edições. Participantes: Eudismar

Literatura no Ceará - 89
Mendes, Eugênia Carra’h, Lucirene Façanha, Nice Ar-
ruda e Núbia Brilhante.
Cinco inscrições da mortalidade (2018) – Coletânea de
poemas publicada pela LuaAzul edições, com textos de
Renato Pessoa, Alan Mendonça, Bruno Paulino, Maílson
Furtado e Dércio Braúna.
Último Ensaio (2019) – Coletânea de contos e crônicas
de quatro jovens escritores - Eduardo Guerra, Lara Rove-
re, Vanessa Passos e Zeca Lemos. Publicação da LuaAzul
edições com prefácio de Aíla Sampaio.
Relicário (2019) - Coletânea de contos inéditos, entre-
vistas e textos críticos com curadoria do caderno Vida &
Arte, Projeto Letras & Livros. Participantes: Bruno Pauli-
no, Zélia Sales, Antônio LaCarne, Ayla Andrade e Argen-
tina Castro.
O olho de Lilith: antologia erótica de poesias cearenses
(2019) – Coletânea de jovens poetas cearenses publicada
pelo selo Ferina, da Pólen Livros. Participam: Mika An-
drade, Anna K. Lima, Ayla Andrade, Argentina Castro,
Sara Síntique, Vitória Régia, Jesuana Sampaio, Bianca
ribeiro, Suellen Lima, Nádia Camuça. Organizadora:
Mika Andrade, poeta que tem publicados: Descompasso
(digital. 2016); Poemas obsessivos (2017); Alguns versos
pervertidos e outros indecorosos (2018), além de partici-
pação em coletâneas, revistas e antologias.
Maracajá – Revista do Jornal O Povo, que saiu em seis
edições, em 2019, para comemorar o centenário do su-
plemento que marcou o modernismo cearense em me-
ados do século XX. Editados pelo jornalista e escritor
Raymundo Netto, as reedições homenagearam escritores
mortos e vivos, com a publicação de ensaios, poemas e

90 - Aíla Sampaio
contos, num movimento de valorização da literatura pro-
duzida no Ceará no passado e no presente.
Rastros de mentiras e segredos – Coletânea de contos
de cinco cearenses: Vânia Vasconcelos, Cleudene Ara-
gão, Maria Thereza Leite e Inês Cardoso; e uma baiana:
Ruth de Paula, lançada na Bienal do Livro, em Fortaleza,
2019. O tema é recorrente ao da Antologia Quantas de
nós (2011): as mulheres, “seus sentimentos e sensações,
amores e desamores, atrações e repulsas, sonhos e pesa-
delos, humor e humores, o passado e o presente, talvez o
futuro, a presença e a ausência do outro - o desconhecido
homem”, como assinalou a escritora Ângela Gutierrez na
apresentação da obra.
As cidades e os desejos (2018) – 25 trabalhos produzi-
dos por mulheres, “com novas interpretações sobre a car-
tografia das cidades e os olhares que nela permeiam, a
partir dos olhares de mulheres enquanto protagonistas
de suas histórias”. A seleção dos textos, ilustrações e fo-
tografias foi realizada a partir de chamada pública pro-
posta pela editora. O e-book foi lançado na LER - Salão
Carioca do Livro, em maio de 2018. Participam: Juliana
Berlim, Bruna Escaleira, Liziane Menezes, Renata Fro-
ta, Maria Amélia Mano, Raisa Christina, Tayná Fiúza,
Alana Lua, Amanda Machado, Luciana Brandão, Aline
Shinzato, Mariana Salomão Carrara, Thaís DSR, Tuyra
Maria, Natália Albertoni, Kah Dantas, Cecí Shiki, Victo-
ria Pina, Alice Name-Bomtempo, Naiana Gomes, Dhiôw
e Marissa Noana, Taís Bravo, Fádhia Salomão, Lívia Pra-
do e Viviane Nogueira.
Viagem de nós e de outros dias (2019) – Coletânea de crô-
nicas, contos e poemas de Célia Oliveira, Eduardo Luiz,
Gevandir Muniz, Maria Nirvanda e Sônia Nogueira.
Literatura no Ceará - 91
LITERATURA
ITINERANTE

Happenings, performances, saraus, recitais ou ape-


nas a leitura do texto literário são intervenções que visam
à encenação, ao compartilhamento, à doação da palavra
presa nos livros (ou nos arquivos virtuais) aos ouvidos
e aos olhos do público. Em Fortaleza, há vários grupos
envolvidos nesse movimento da palavra que vai aonde o
povo está.
O grupo IMAGEM faz performances literárias, seja
em quintais de quaisquer casas ou em esquinas no bairro
do Benfica, sob coordenação de Tito de Andreia e Lucas
Dib. O VERSO DE BOCA, fundado em 1999 e dirigido
pelo escritor Roberto Pontes e pela professora Elisabeth
Dias Martins, tem basicamente a mesma proposta, mas é
composto por estudantes do Curso de Letras da Univer-
sidade Federal do Ceará (UFC). Já se apresentou e se
apresenta em diversos eventos literários do Ceará e de
outros estados, estimulando o gosto pela audição de po-
esias e homenageando poetas representativos da língua
portuguesa. Integram atualmente o Verso de Boca: Ca-
rolina Sena, Daniel Pereira, Edson Silva, Leo Cerqueira,
Milene Peixoto, Carlos Henrique, Victória Vasconcelos,

92 - Aíla Sampaio
Wesley Viana, Kaio Tillesse, Denilton Nunes, Brenda
Nobre, Thaiany Santana e Thais Loiola, dirigidos pela
professora Elizabeth Dias. http://versodeboca.blogspot.
com.br/. São várias e diversas as manifestações:
POEMAS VIOLADOS – Grupo que declama poemas, de
modo peformático, criado em 14 de março de 2002 pela
contista Nilze Costa e Silva. A proposta é intercalar poe-
mas dos integrantes do grupo com músicas que se asse-
melhem às temáticas desenvolvidas na poesia. Locais e
eventos em que o grupo já se apresentou: Bienal Inter-
nacional do Livro, os Festivais Vida & Arte, no Estoril na
Praia de Iracema e no Centro de Arte e Cultura Dragão
do Mar. O grupo se mantém, mascom apresentações es-
porádicas. Alguns componentes: Bento Filho, José Lei-
te Netto, Ítalo Rovere, Expedito Maurício, Manuel Cé-
sar, Nilze Costa e Silva e Helena Damasceno. Músicos:
Elena Damasceno, Airaí Ribeiro e Rodrigo de Oliveira.
Destaque-se Nilze Costa e Silva, autora dos livros: Via-
gem (contos e crônicas, 1981); No Fundo do Poço (novela,
1981); O Velho (romance, 1983); O Esconderijo dos Anjos
(romance-reportagem, 1985); Dilúvio (contos), Fortaleza
Encantada (crônicas, 2007) Tudo por causa do sol (narra-
tivas, 2008), A mulher sem túmulo (romance, 2012), entre
outros.
MÚSICA E LITERATURA – Esse diálogo é permanente-
mente feito por Henrique Beltrão, autor dos livros de po-
emas: No ar um poeta (2014), Simples (2009), Vermelho
(2006) e do CD Plural, em parceria com outros cantores
(Pingo de Fortaleza, Aparecida Silvino, Joana Angélica,
Jord Guedes, Lorena Nunes, Simone Guimarães, Calé
Alencar, Edmar Gonçalves, Marcelo Kaczan (cantor do
Québec); Alan Mendonça, autor de De Peixes e Aquários

Literatura no Ceará - 93
(poemas de signos, 2015), A Desmedula da Seta (2012),
Angústias, Álcool e cheiro de cigarro (2006),  Varandas
(2004) e dos CDs intitulados: Enquanto a Cidade Dorme
(2007), Coração cinzeiro (2008), Mesmo que seja tarde
(2015) e Do Tempo Faltando um Pedaço (2015); e Eugê-
nio Leandro com os LPs  Além das frentes (1986) e Cata-
vento (1990), os CDs A cor mais bonita (1995), Castelo
Encantado (2002), À hora dos magos (2008) e Escrito nas
Jangadas (2016), o mais recente com poesia de Marcio
Catunda; Leandro é autor do livro de contos A Noite dos
Manequins (2011). 
CICLO DE PALESTRAS BÁRBARA DE ALENCAR – É
um projeto desenvolvido pelo poeta e escritor Gylmar
Chaves em escolas públicas urbanas e rurais, Assenta-
mentos, Comunidades Quilombolas e Indígenas. Consti-
tuído de palestra e lançamento de livro, objetiva desper-
tar no público presente a construção de um mundo mais
solidário a partir da vida humana e política de Bárbara
de Alencar. Nos últimos quatro anos, o projeto tem sido
contemplado pelo Edital Mecenas do Ceará e pela Lei
Federal de Incentivo à Cultura, que já possibilitaram a
realização, em Fortaleza e nos lugares de difícil acesso
do interior de nosso estado, mais de trezentas palestras,
além da distribuição gratuita do livro A Invenção de Bár-
bara de Alencar, para crianças “de todas as idades”.
Gylmar é autor de mais de vinte livros publicados
por editoras locais e nacionais e é o idealizador e coor-
denador da Coleção Pajeú, projeto editorial sobre a me-
mória histórica dos bairros de Fortaleza editada pela SE-
CULTFOR. Entre as suas obras mais conhecidas, estão:
Fortaleza Mirim (2014), Ceará de Corpo e Alma (2002),
Feira de São Cristóvão: O Nordeste é aqui (1999), Nossa

94 - Aíla Sampaio
Paixão Era Inventar Um Novo Tempo (1999), Fábrica do
Passado, (1991), Quase Que - cem poemas e suas possi-
bilidades afetivas (2017).
FLIACE – Festa Literária da Associação Cearense de es-
critores teve início em 2016 no espaço superior do Sho-
pping Benfica, com lançamentos de livros, declamações
de poesias, peformance de cordelistas, leitura, contação
de histórias e música. A programação conta com a co-
laboração de professores e escritores cearenses e passa
pela curadoria abalizada. O evento teve início na gestão
do escritor Silas Falcão como presidente da ACE e terá a
terceira edição em novembro de 2019.
VERSO DE BOCA – Grupo formado por estudantes do
Curso de Letras da UFC, criado e coordenado pelo poe-
ta Roberto Pontes e pela professora do Departamento de
Literatura Elizabeth Dias Martins, há aproximadamen-
te duas décadas, a partir da experiência deles no Grupo
Poesia Simplesmente, no Rio de Janeiro. Apresentam-se
em teatros, clubes, cafés literários, clubes e auditórios,
com performances de poemas e prosa poética, com espe-
cial atenção na modulação da voz, foco na dicção poética
e sutil expressão corporal. Integrantes: Silas Façanha,
Carolina Sena, Daniel Pereira, Leo Cerqueira, Milene
Peixoto, Carlos Henrique, Victória Vasconcelos, Kaio Til-
lesse, Brenda Nobre, Thaiany Santana. Atualmente, atu-
almente é um projeto da Secult/Arte-UFC.
SARAU CORPO-SEM-ÓRGÃOS – Criado por Renato
Pessoa e Jam´s Willame, é um sarau performático, que
amalgama poesia, música, teatro e filosofia; acontece na
Casa Arcadiana, que fica no Conjunto Ceará, mas há edi-
ções esporádicas em praças públicas, sempre na última
sexta-feira de cada mês.
Literatura no Ceará - 95
SARAU DA B1 – Acontece na Avenida Bulevar, em praça
pública, no terceiro sábado do mês – Janguruçu em São
Cristóvão –, com coordenação de Carlos Melo. Publicou
em 2016 um livro com “os poetas de lugar nenhum”, tur-
ma bem urbana do Samuel Denker, ex-coproprietário do
Brechó Literário Rimbaud.
TRÂNSITO DE LEITURAS; LITERATURA DE LUA –
Ocorria semanalmente na Livraria Lua Nova. Com o fe-
chamento da livraria em 2018, cessaram as atividades.
OFICINAS DE FANZINES – Fernanda Meireles, além
de fazer fanzines e pesquisar sobre o assunto, promove
oficinas em espaços diversos da cidade. Ela coordenou
a ONG Zinco - Centro de Estudo, Pesquisa e Produção
em Mídia Alternativa. Em seus estudos, ela cita grupos
de Zines em Fortaleza, como: Seres Urbanos; Zine Zero;
Demência Zine.
COLETIVO A LITERAÇÃO – Formado por estudantes de
Letras da UFC. Publicações esparsas nos primeiros zines
e publicações autorais.
SARAU DAS COISAS DE DENTRO – Idealizado pela
escritora Alana Alencar, autora do livro de poemas Deta-
lhes da alma de alguém (2017), com colaboração da atriz
Karla Karenina, autora de Era uma vez… (poemas, 1999),
do presidente da Academia Cearense de Literatura e Jor-
nalismo, Reginaldo Vasconcelos, e dos acadêmicos Paulo
Ximenes e Júlio César Soares. A primeira edição aconte-
ceu em abril e as seguintes em julho e outubro de 2019,
todas envolvendo poesia e música e artes cênicas. É um
evento itinerante.
SARAU MULHERES DO MUNDO – Leitura de textos
apenas de mulheres, poetas contemporâneas cuja voz é

96 - Aíla Sampaio
de resistência. Promovido pelo selo editorial Aliás, des-
de 2017, tem à frente as escritoras Anna K. Lima, autora
de Claviculário (poemas, 2017), Lisiane Forte, autora de
Liames (poemas, 2018) e Zonas abissais (poemas, 2019).
Participam também: Jéssica Gabrielle Lima, Isabel Cos-
ta, Mariana Amorim, Taciana Oliveira, Dávila Pontes, Taís
Bichara e Bruna Sombra, contando com poemas e prosa
poética de escritoras contemporâneas como Nina Rizzi,
Angélica Freitas, Sara Síntique, Rupi Kaur e Mika Andra-
de. É itinerante, já tendo se apresentado no Teatro José de
Alencar e no Sesc, entre outros lugares.
SARAU CASA DE POESIA – Teve início em 2015 e foi
retomado em 2019, com as poetas Luana Braga, Marta
Pinheiro e Carolina Capasso à frente. Acontece quinze-
nalmente. Na primeira quinzena de cada mês, o sarau
é itinerante, ocorre em bares, casas de festas, teatros e
lugares diversos. Na segunda quinzena, o grupo se apre-
senta sempre no Gentilândia bar, no bairro do Benfica. A
proposta do sarau é levar música, poesia e arte (com lan-
çamento de livros, discos e exposições de fotos e pintu-
ras) aos espaços da cidade. Luana Braga está, atualmen-
te, com a exposição literário-fotográfica “Nunca mais eu
digo: eu te amo” na Livraria Lamarca.
SARAU LAMARCA – Organizado por Francélio Alencar,
acontece todas as sextas-feiras, às 19h, na Livraria La-
marca, situada na Av. da Universidade, com leitura de
textos literários e performances artísticas.
COLETIVO MOCORORÓ LITERÁRIO – Fundado em
2015 por Augusto Secundino, para juntar pessoas que ti-
nham produção literária em Pacajus. Participantes: José
Valdir (trovas), Socorro Pinheiro (poemas), Nataly Pinho
(crônicas e outros gêneros), Eclê Gomes (poemas e peças
Literatura no Ceará - 97
de teatro), Augusto Secundino (cordel), Nágilo Menezes
(cordel e outros gêneros), Ana Célia (historiadora). O
grupo organiza estudos e eventos nas praças de Pacajus,
entre eles: o 1º e o 2º SALIPA - Sarau Literário de Paca-
jus (2017/2018) e o Mocororó na praça – encontro mensal
em que discutem e leem obras de autores previamente
escolhidos (nos encontros quinzenais). Realiza também
um programa em uma rádio local, que vai ao ar todos os
sábados. O coletivo está na fase final da edição do livro
Florilégio, com recursos de um edital feito da Secretaria
de Cultura da cidade.
FESTA LITERÁRIA DO CARIRI – A primeira foi realiza-
da no Crato, em agosto de 2018; e a segunda, em novem-
bro de 2019, com programação envolvendo literatura,
jornalismo cultural, artes visuais, música, dança e teatro.
A homenageada foi a escritora Ana Miranda: Participa-
ram: Pablo Manyé, Carolina Campos, Inês Cardoso, An-
derson Sandes, Ronaldo Correia de Brito, entre muitos
outros escritores, artistas visuais, professores, historiado-
res e jornalistas. A I FLIC teve a curadoria de Carolina
Campos. Coordenação de: Arlene Pessoa da Silva (Pró-
-Reitora de Extensão); Eneida Feitosa (Diretora do Cen-
tro de Humanidades); Pablo Manyé (Prof. Dr. do Centro
de Artes). Coordenação da Flic na UFCA: Robson Almei-
da (Pró-Reitor de Cultura); Anderson Sandes (Prof. do
Curso de Jornalismo). Coordenação da Flic na Escola de
Saberes de Barbalha-Esba: Jane Ferreira (Vice-Presiden-
te); Josier Ferreira (Diretor de Patrimônio Cultural).

98 - Aíla Sampaio
CLUBES DE
LEITURA/
ENCONTROS

CLUBE PONTO DE LEITURA ITINERANTE – O clube


teve início em 2016, a partir das andanças literárias de
Cris Menezes no Abraço Literário do Sesc, de seu amor
pelos livros e da sua necessidade de compartilhar leitu-
ra com amigos. Ela reuniu alguns e falou sobre a ideia
de criar um clube, fez pesquisas na net para conhecer
melhor o funcionamento de agremiações literárias pelo
Brasil e deram o primeiro passo. O objetivo era a troca
de experiências leitoras, que se ampliou no desejo de in-
centivar a leitura, sobretudo indo a escolas, e fazendo
campanha de doação de livros pelo estado. Atualmente,
o grupo conta com 18 participantes fixos, entre profes-
sores, enfermeiros, bibliotecárias, pessoas aposentadas e
na ativa, jovens e escritores. De acordo com Cris Mene-
zes, a idealizadora, “a amizade, o querer bem e o com-
partilhar a vida é o referencial do clube”. Participantes:
Nice Arruda, Terciana Martin, Tânia, Glória B, Lisieux B.
Simone Ferreira, Joseneide Lima, Fátima Alencar, Ma-
ria Teresa, José Eduardo, Maria Inês, Lucirene Façanha,

Literatura no Ceará - 99
Alque, Cris Menezes, Cássia Barroso, Leonilia Militão,
Socorro Almeida, Zélia Sales, Raymundo Netto, Glória
Jucá, Marvenier. Nos encontros, que ocorrem sempre
Lemos uma obra escolhida pelo mediador e fazemos a
discussão no encontro. Sempre digo que é um momento
prazeroso de leitura, bate-papo e grande aprendizado.
Destacamos Zélia Sales, com os livros de contos A ca-
deira de Barbeiro (2015) e O desespero do sangue (2018).
LEITURAS NA PRAÇA – Encontros mensais para leitura
de obras literárias. O projeto, que teve início em março
de 2017, é coordenado pela professora Maria Inês Pi-
nheiro Cardoso e ligado ao Curso de Letras/Coordenado-
ria de Extensão do Campus do Benfica da Universidade
Federal do Ceará. Na página da universidade, lê-se o
objetivo da ação: “O Projeto pretende fomentar a leitura
de textos literários nos espaços públicos da cidade, nota-
damente nos parques e praças de Fortaleza. A formação
de leitores é o objetivo principal, sendo o texto literário
o foco desta ação. Em nossos encontros mensais, convi-
dados especialistas em literaturas de distintas naciona-
lidades participam, realizando leituras e diálogos entre
os presentes e os textos, clássicos e contemporâneos, da
literatura mundial”.
AMOR EN-CENA – Criado inicialmente para debater o
tema do amor em obras da literatura, incluiu, nos últimos
tempos, obras que geram discussões políticas. Os encon-
tros se dão na Praça das Flores, geralmente, no último
sábado de cada mês. Os livros são indicados e votados
pelos participantes durante os encontros.
CAFÉ DAS ARTES – Ocorrem mensalmente no Café das
Artes do Espaço Cultural da Unifor. Reuniões nas tardes
de sábado para discutir obras nacionais e estrangeiras,
100 - Aíla Sampaio
que são escolhidas por votação. Há sempre sorteios de
livros.
CLUBE DE LEITURA DA LIVRARIA LAMARCA – Os
encontros ocorrem no primeiro sábado de cada mês, no
mezanino da Livraria Lamarca, a partir das 10h, para lei-
turas de obras clássicas a contemporâneas, definidas por
votação. As leituras são alternadas mensalmente entre
homens e mulheres.
LITERATURA EMPODERADA – Reuniões mensais para
debater obras de ficção e não ficção femininas e feminis-
tas, geralmente, no terceiro sábado do mês, às 14h, na
Livraria Lamarca. As leituras são propostas pelas organi-
zadoras do clube por sugestões dos membros, mulheres
e homens.
CLUBE DE LEITURA DA SUBLIME – Reuniões na Ca-
feteria Sublime para discutir temáticas literárias diver-
sas, no último sábado de cada mês, às 22h. As leituras
são escolhidas por votação.
CLUBE DE LITERATURA ERÓTICA DA SUBLIME –
Encontros na Cafeteria Sublime, mediados pela psicóloga
Camille Borges, na segunda terça-feira de cada mês, às
20h. Os livros são escolhidos ao final de cada encontro
por votação. 
CLUBE DE LEITURA JANE AUSTEN – Encontro para
leituras de obras da escritora britânica Jane Austen e
relacionadas a ela, geralmente, em praças e cafeterias,
a cada dois meses, em dias de domingo, às 10has. No
final de cada reunião, o grupo decide o próximo local, a
data e o livro a ser discutido. O grupo é aberto a qualquer
interessado.

Literatura no Ceará - 101


LEIA MULHERES e LEITURAS FEMINISTAS – Rodas
de conversa mensal que relacionam leituras com o
cotidiano e o feminismo, que acontece na Livraria
Cultura. Próximas leituras a serem discutidas sempre
escolhidas no final da reunião.
CLUBE DO QUADRINHO - Clube que reúne os aman-
tes dos quadrinhos para discutir, mensalmente, livros es-
colhidos por votação. As reuniões acontecem na Livraria
Cultura.
CLUBE DE LEITURA DA PENGUIN - Reunião para lei-
tura de clássicos da literatura e livros da editora Compa-
nhia das Letras. Encontros nas últimas segundas-feiras
de cada mês, às 19h, na Livraria Cultura.
CLUBE DE LEITURA VÓRTICE FANTÁSTICO – Leitura
de um livro por mês, obedecendo à sequência: de terror, fic-
ção científica e fantasia. Os livros são escolhidos por vota-
ção. Encontros em um sábado por mês, em locais variados.
LENDO CLÁSSICOS – Discussão em grupo do Facebook
e encontros presenciais esporádicos, sempre temáticos e
com degustação típica do país do livro escolhido.
CLUBE LITERATURA DA FLORESTA - Mediado por
Talles Azigon: encontros mensais, com temas variados,
na Floresta do Curió.
CLUBE MULHER E LITERATURA – Em Quixeramobim,
realiza encontros mensais para discutir livros de escritoras
que falem de empoderamento e liberdade feminina. En-
contros na Arena Rio Country. @clubemulhereliteratura
CLUBE INSPIRAÇÃO NORDESTINA (CNBNB) – Me-
diado por Talles Azigon. Encontros mensais, com temas
variados, no CNBNB.

102 - Aíla Sampaio


CLUBE PICNIC LITERÁRIO: Encontros quinzenais,
com temas diversos, em locais variados. @picnic_litera-
rio / https://m.facebook.com/literariopicnic/
BAZAR DAS LETRAS – Desde 2008 promove o diálogo
entre autores e público e incentiva o hábito da leitura de
obras literárias, através de lançamentos de livros, bate-
-papo com escritores e participação do público. Durante
muitos anos, quem ficou à frente do projeto foi escritor
Carlos Vazconcelos. Atualmente, o projeto tem como res-
ponsável Lucia Marques, que recebe mensalmente escri-
tores para lançamento de livros e bate-papo. É o primei-
ro projeto no Ceará que busca não apenas adquirir, mas
distribuir os livros dos autores. O Sesc compra 30 dos
livros do autor participante e cataloga 2 exemplares em
cada uma das suas bibliotecas existentes no Ceará. Ao
longo do tempo, já foram mais de 120 entrevistas, todas
registradas em vídeo.
ABRAÇO LITERÁRIO – Um grupo de poetas se encon-
tra uma vez por semana no SESC, às terças-feiras, para
ler autores e comentar. Objetiva democratizar o acesso
à leitura por meio do compartilhamento de experiências
literárias em rodas de conversa; o projeto acontece na
Unidade Fortaleza do Sesc.
ABRAÇO LITERÁRIO ITINERANTE – O grupo vai a co-
légios estaduais e/ou municipais com que o Sesc tenha
parceria, visando à formação de leitores e do gosto pela
literatura. São realizadas rodas de conversa e, espora-
dicamente, apresentações em eventos. Fazem parte do
Abraço: Eudismar Mendes, Silas Falcão, Inês Ramalho,
Ednardo, Lúcia Marques (Lucinha), Airton Soares, Car-
los Vazconcelos.

Literatura no Ceará - 103


CONVERSA COM O ESCRITOR – Acontece na última
sexta do mês em um colégio conveniado com o SESC.
Mediador: Silas Falcão. Objetiva a integração entre o es-
critor, o leitor e a obra por meio de palestras em escolas
públicas, com a visita de um escritor para bate-papo e
distribuição da obra com os alunos. A programação acon-
tece nas Unidades Fortaleza e Crato do Sesc e Centros
Educacionais Sesc Ler.
QUARTA LITERÁRIA – O projeto estimula a leitura e o
conhecimento das obras através de encontros mensais,
onde são realizadas rodas de conversa em que são traba-
lhados autores e obras da Literatura Nacional. A progra-
mação acontece nos Centros Educacionais Sesc Ler.
AUTORES EM CONTEXTO – Promove o diálogo entre
autores e público, incentivando o hábito da leitura, atra-
vés de encontros para lançamentos de livros, com dispo-
nibilização das obras nas bibliotecas dos Sesc Ceará.
BIBLIOSESC – Com esse projeto, o Sesc leva educação
e leitura aos bairros de Fortaleza e Região Metropolitana
através da sua biblioteca itinerante, o BiblioSesc.
SEMANA DO LIVRO INFANTIL – Para estimular o gosto
pela leitura, através de consultas e empréstimos de livros,
a Semana do Livro Infantil tem programação alusiva ao
Dia do Livro Infantil e acontece nas Unidades Fortaleza,
Crato, Juazeiro do Norte, Sobral e Iguatu do Sesc, Educar
Sesc Fortaleza e Centros Educacionais Sesc Ler.
SEMANA DO LIVRO E DA BIBLIOTECA – Disponibili-
zação do acervo para consultas e empréstimos, a Semana
do Livro e da Biblioteca procura estimular o gosto pela
leitura e visitação às bibliotecas. O projeto é realizado
durante o mês de outubro em celebração ao livro e à bi-

104 - Aíla Sampaio


blioteca, com programação nas Unidades Fortaleza, Cen-
tro, Crato, Juazeiro do Norte, Sobral e Iguatu do Sesc,
Educar Sesc Fortaleza e Centros Educacionais Sesc Ler.
CORDELTECA SESC – Disponibiliza-se o acervo de cor-
déis para consultas e empréstimo de livros e revistas so-
bre Literatura de Cordel para pesquisadores, estudantes
e usuários em geral.
FEIRAS, MOSTRAS E JORNADAS DE LITERATURA –
Busca incentivar o hábito da leitura de obras literárias,
por meio de contação de histórias, rodas de poesia e
apresentações artísticas com programação nas Unidades
Fortaleza, Centro, Sobral, Iguatu, Crato e Juazeiro do
Norte do Sesc e nos Centros Educacionais Sesc Ler.
DIA DA POESIA – É realizado em comemoração à data,
com recitais e performances em escolas, universidades,
centros comerciais, espaços e transportes públicos. A
programação acontece nas Unidades Fortaleza, Centro,
Crato, Sobral, Iguatu e Juazeiro do Norte do Sesc e nos
Centros Educacionais Sesc Ler.
PERFORMANCE POÉTICA – Lançamento de livretos de
poesia com distribuição gratuita, para incentivar a pro-
dução poética e a performance do autor. A programação
acontece nas Unidades Iguatu, Crato e Juazeiro do Nor-
te do Sesc.
A HORA DO CONTO – O projeto desperta o prazer pela
leitura, incentivando o contato com os livros através de
contação de histórias. A programação acontece nas Uni-
dades Fortaleza, Crato, Sobral, Juazeiro do Norte e Igua-
tu do Sesc, Educar Sesc Fortaleza, e Centros Educacio-
nais Sesc Ler.

Literatura no Ceará - 105


SESC CORDEL – Fomenta a Literatura de Cordel e Xi-
logravuras através de exposições, lançamentos e publi-
cações de livros. A programação acontece nas Unidades
Fortaleza, Centro, Crato, Iguatu e Juazeiro do Norte do
Sesc, Sesc Iracema e nos Sesc Ler Quixeramobim e São
Gonçalo do Amarante.
CÍRCULO DE LEITURA – Compartilhando vivências li-
terárias através do livro e da leitura, o projeto democra-
tiza o acesso à cultura por meio de rodas de conversa e
palestras com programação nas Unidades Centro, Crato,
Juazeiro do Norte e Sobral do Sesc e Centros Educacio-
nais Sesc Ler.
DO LIVRO AO CINEMA – O projeto estimula a leitu-
ra, estabelecendo interface entre a literatura e o cinema
através de debates que contextualizam a produção cine-
matográfica e a obra literária. A programação acontece
nas Unidades Fortaleza e Iguatu do Sesc.
LITERARTE: QUANDO A ARTE DIALOGA COM O
ENEM – Promove o intercâmbio entre vestibulandos,
comunidade e professores, por meio de palestras sobre
Arte, Cultura, Literatura e ENEM, contribuindo para o
acesso de alunos à Universidade Pública e Institutos de
Educação Federais com programação nas Unidades  For-
taleza e Centro do Sesc.
REDE SESC DE DESENVOLVIMENTO ARTÍSTICO-
-CULTURAL (LITERATURA) – Realiza, através da Lite-
ratura, atividades que proporcionam a ampliação do co-
nhecimento artístico-cultural através de oficinas, cursos
e palestras fundamentadas na Literatura. A programação
acontece nas Unidades Fortaleza, Centro, Sobral, Igua-
tu, Crato e Juazeiro do Norte  do Sesc e nos Centros Edu-
cacionais Sesc Ler.
106 - Aíla Sampaio
SEMINÁRIO REVELANDO A LITERATURA CEAREN-
SE – Palestras, recitais e depoimentos, sempre homena-
geando um escritor cearense.
ENCONTRO CEARENSE DE ESCRITORES – Promove
o intercâmbio entre escritores da capital e do interior por
meio de palestras, oficinas e rodas de conversa.
CAFÉ E FILOSOFIA – O projeto pretende despertar a
consciência filosófica sobre os fatos da vida cotidiana
através de palestras semanais.
CAMINHOS DA LEITURA – São realizados, mensal-
mente, diálogos entre literatura e as mais variadas possi-
bilidades interativas como teatro, música e cinema, com
ações que visam incentivar grupos escolares do ensino
fundamental e médio a pesquisar sobre o processo de
criação e de obras literárias.
CONTO PELA CURA – Sessões de contação de histórias
nas dependências pediátricas e quimioterápicas de hos-
pitais, proporcionando às crianças momentos afetuosos.
CONTO EM CENA – Apresentação ao público de contos
da literatura na forma de esquete teatral, seguido de dis-
cussão dos aspectos relevantes da obra.
CHÁ AFETOS - Encontro com papo temático promovido
pela Aliás Editora com a o objetivo de “recuperar o há-
bito de sentar na calçada para dividir histórias”. A ideia é
“criar uma possibilidade de atuação para tentar reverter
o processo de distanciamento dos indivíduos e de aban-
dono dos territórios afetivos). O primeiro encontro acon-
teceu no dia 7 de novembro de 2019, no Matinê 12, com
a escritora Tércia Montenegro numa conversa sobre o
vento, com mediação de Isabel Costa.

Literatura no Ceará - 107


ESPAÇOS PARA A
LITERATURA NA
CIDADE

PALÁCIO DA LUZ – No final do século XIX, o Café Java


reunia escritores cearenses e de lá saíam grandes ideias,
como, por exemplo, a da Padaria Espiritual. Toda cida-
de precisa de centros culturais, ambientes agregadores
onde possam conviver artistas experientes e estreantes.
Nos anos 80 o Restaurante Estoril foi ponto de encontro
de poetas, músicos, pintores e artistas em geral, tendo
até merecido um livro do poeta Luciano Maia em 1986.
Em Fortaleza, esses lugares de resistência ao cinza da
vida dão ainda o ar da graça nos nossos dias. São eles:
CASA JUVENAL GALENO – Henriqueta Galeno teve a
ideia de criar o Salão Juvenal Galeno em 1919, quando
o pai ainda estava vivo, como um modo de vincular seu
nome perenemente à literatura. No dia 27 de setembro,
aniversário do poeta, inaugurou-se o Salão Juvenal Ga-
leno na casa em que residiam, no Centro de Fortaleza,
e onde, a partir de então, apresentavam-se poetas, artis-
tas locais e visitantes. Com o tempo, abrigou palestras e
reuniões, e passaram a frequentar o local escritores como:

108 - Aíla Sampaio


Mário da Silveira, Dolor Barreira, Filgueiras Lima, Eucli-
des da Cunha, Patativa do Assaré, Rachel de Queiroz, De-
mócrito Rocha, Quintino Cunha, entre outros, bem como
jovens escritores que apareciam timidamente mas reuni-
ões de grêmios estudantis. Cinco anos após a morte do
patriarca da nossa poesia, Henriqueta inaugurou o salão
nobre da instituição, que, a partir de então, passou a cha-
mar-se Casa de Juvenal Galeno, instituição oficial de cul-
tura, reconhecida pelo Governo e, até hoje, mantém-se de
portas abertas para reuniões de Academias, lançamentos
de livros, saraus, palestras e atividades afins. A Casa pos-
sui dois grandes auditórios: O principal, chamado Henri-
queta Galeno, tem capacidade para 120 pessoas e dispõe
de um palco com um piano de meia cauda e obras do pin-
tor Otacílio Azevedo. O outro auditório – chamado Nenzi-
nha Galeno – fica ao ar livre, sombreado por mangueiras,
com capacidade, também, para 150 pessoas.
CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE DE
FORTALEZA (CCBNB-Fortaleza) – Foi inaugurado em
julho de 1998 e, desde então, funciona como um lugar de
integração cultural, mantendo um diálogo com a cidade,
ao oferecer uma programação voltada para as artes cê-
nicas, cinema, exposições, oficinas, seminários, música
e programação educativa. De acordo com Régis Cunha,
“é um lugar de encontro dos vários públicos, que podem
refletir livremente sobre a nossa cultura, em uma cons-
tante interlocução com produtores, artistas, instituições
de arte e educação nos seus mais diversos âmbitos”.
CENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURA
– Existe desde 1999. Foi uma idealização do, na época,
secretário de cultura Paulo Linhares, com projeto arqui-
tetônico de Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon. Vin-

Literatura no Ceará - 109


culado ao Porto Iracema das Artes, à Biblioteca Pública
Menezes Pimentel e à Escola de Artes e Ofícios Thomas
Pompeu Sobrinho, o Centro se coloca, desde a inaugura-
ção pelo governo do estado, como um lugar de encontro,
de fomento e difusão da arte e da cultura. Tem espaços
destinados a shows, peças de teatro, cinema, exposições
e lançamentos de livros, sediando os mais variados even-
tos culturais, inclusive as Rodas de Poesia realizadas nos
anos 90, coordenadas por Carlos Emílio Correia Lima e
Mardônio França, com o objetivo abrir espaço para a pro-
dução de poesias e para reunir público para ouvi-las. Os
encontros, nos finais das tardes de sábado, se transfor-
maram num laboratório de experiências artísticas, e os
poemas passaram a ser não apenas recitados, mas dra-
matizados e cantados, incentivando o surgimento de no-
vos grupos de performances. Culminou com a instituição
do Prêmio Dragão do Mar de Poesias, Performance Poéti-
ca e com a publicação de uma Antologia.
Em 2007, os organizadores das Rodas de Poesia res-
surgiram com o evento Zonas Poéticas, com a inclusão de
poetas de outros estados, sem o rótulo de “poesia cearen-
se”, vinculando o texto a outras linguagens e outros dis-
cursos. A antologia MassaNova marcou a primeira edição
do encontro, com a participação dos 34 poetas, do drama-
turgo Rafael Martins e o videomaker Henrique Dídimo.
O SALÃO DAS ILUSÕES – Une artesanato, literatura e
música, e junta pessoas que amam a cultura, a arte, e ten-
tam, sem apoio institucional ou patrocínio, manter acesa
a chama da cultura. Situa-se no centro da Cidade de
Fortaleza, no edifício Dona Bela (Coronel Ferraz 80, ao
lado da igreja do Pequeno Grande). No espaço, há uma
loja de roupas, decoração e presentes: a Boutique Com O

110 - Aíla Sampaio


Brechó Arara, O El Laricon, com culinária vegana, o Bar
Canal e A Sala Vazia, um lugar que abriga exposições de
obras de artistas, shows experimentais, sessões musicais,
estúdio de fotos e recitais de textos literários. Funciona
de quinta-feira a sábado.
ESPAÇO CULTURAL CASARÃO DO BENFICA – Bar e
casa de shows também aberta para saraus e lançamentos
de livros e revistas.
ANDAR DE CIMA (2011 a 2014) – Ateliê coletivo e espa-
ço independente, que, além de abrigar exposições de ar-
tes visuais, abre também para saraus literários. Situava-
-se na Rua Desembargador Leite Albuquerque, n° 1523,
mas não está mais aberto.
TEMPLO DA POESIA – Grupo de poetas que se reú-
ne aos sábados e mantém o palco aberto para recitação.
Fundado por Ítalo Rovere, Reginaldo Figueiredo, Nilze
Costa e Silva e Carlos Amaro em 4 de abril 2008, num
galpão no centro da Cidade de Fortaleza, tem como lema
os seus versos: “O amor de todo mundo para mudar o
mundo”. Os primeiros participantes dos eventos foram
Manuel César e Nilze com o grupo Poemas Violados,
Reginaldo Figueiredo, Ana de Lourdes e Carlos Arruda.
Frequentaram esporadicamente o Templo do centro da
cidade: Ana Cristina Souto, Luiz Henrique Rovere, Aíla
Sampaio, Solange Benevides, Talles Azigon, Sebastião
Mourão, Fernanda Benevides, entre muitos outros, já
que a rotatividade era imensa. Em alguns sábados, no
Templo do Centro da cidade, elegia-se o poeta homena-
geado, cujos versos eram lidos por todos. Destaco Fer-
nanda Benevides, autora dos livros de poemas: Folhas
ao Vento (1980); Poeira da Estrada (1985); Quando as
Musas Cantam (1990); A Rosa-Fênix (1997) e Chuvas de
Literatura no Ceará - 111
Outono (2010). Atualmente, o grupo se reúne na Vila de
Poetas Mundo, em Maranguape. Italo Rovere, Reginal-
do Figueiredo, Ana de Lourdes, Ray Lima, Jadiel Lima
são os responsáveis pelos encontros atualmente.
SESC - SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO – É uma
instituição privada, mantida pelos empresários do co-
mércio de bens, serviços e turismo, com atuação em todo
o Brasil. As atividades desenvolvidas abrangem as áreas
da Educação, Saúde, Lazer, Cultura e Assistência, pro-
movendo e difundindo “o direito de participação e acesso
à cultura”, por meio da realização de festivais, mostras,
seminários e projetos culturais. Conta com dois teatros
em Fortaleza: Teatros Sesc Emiliano Queiroz e Sesc Ira-
cema, e três no interior do estado: Teatro Patativa do As-
saré em Juazeiro do Norte, Teatro Adalberto Vamozzi no
Crato e o Teatro Sesc em Iguatu. Na área da Literatura,
são desenvolvidos os seguintes programas:
IDEAL CLUBE – Como uma diretoria atuante na área da
Cultura, o Clube é cenário de muitos lançamentos de li-
vros, reuniões de academias e cerimônias de posse, bem
como de encontros literários. Sua principal ação na área
das letras é o Prêmio Ideal de Literatura.
O Ideal Clube publica também, há duas décadas,
os Poemas de Mesa. Quinzenalmente, um poema de um
escritor cearense é publicado em um cartão-postal que
é colocado sobre as mesas do restaurante às sextas-fei-
ras. No final do ano, os poemas são compilados em uma
coletânea, e o lançamento dela acontece no restaurante
do clube, com a presença dos contemplados. As sextas
literárias já foram mais intensas, mas continuam a res-
surgir, reunindo escritores e propiciando papos regados
a literatura, ciceroneadas por Carlos Augusto Viana, com
112 - Aíla Sampaio
a presença constante de Luciano Maia, poeta do canto ao
Jaguaribe e outros afluentes, Ruy Câmara, autor de Can-
tos de outono: o romance da vida de Lautréamont (2003),
Virgílio Maia, Eduardo Pragmácio Filho, entre outros
convidados de mesma valia.
José Telles, como Diretor de Cultura, dinamizou os
eventos literários no Clube, ampliando os espaços para
lançamentos de livros e dinamizando o Prêmio, sobretu-
do com o apoio dos três últimos presidentes: Humberto
Cavalcante, Alcimor Rocha e Amarílio Cavalcante. Tel-
les deixou publicados seis livros de poemas - Conver-
sando (1996), Poemas Estivais (1997), Sermões de Pada-
ria (2001), O lacre do silêncio (2004), O solo das chuvas
(2008) e Silhueta das areias (2014) – e um de ensaios: A
palavra descalça (2013). Já Carlos Augusto Viana, editor
do Caderno de Cultura do jornal Diário do Nordeste por
muitos anos, além de escrever artigos e resenhas para
o periódico, facilitou e estimulou publicações sobre os
escritores da terra e, como atual gestor cultural do Ide-
al, continua a promover lançamentos de obras literárias
e a exercer função de coordenador do Prêmio. São pu-
blicações dele: Primavera Empalhada (1982), Inscrições
dos Lábios (2002), A Báscula do Desejo (2005), Côdeas
(2007). Entre os livros de ensaios está A tessitura poética
de José Telles, publicado em 2016. Jeff Peixoto, assessor
de comunicação do clube, publicou O Melhor Livro do
Ano (ensaio literário, 2008) e 96 Dias Embaixo da Cama
(romance, 2011) e O mal de Janine (romance, 2016).
O ESPAÇO O POVO DE CULTURA & ARTE – Situa-se
na sede do Jornal e promove lançamentos de livros, ofi-
cinas, encontros e debates mediante agendamento. O
Auditório da LIVRARIA CULTURA e da LIVRARIA SA-

Literatura no Ceará - 113


RAIVA realizam os mesmos eventos, sempre regados a
café e cheiro de livro. Nos início de 2018 a LIVRARIA
LAMARCA foi reinaugurada em um ponto central da na
Av. da Universidade (Ela já existia desde 2016 em outro
ponto da avenida). O espaço congrega diversos eventos
literários, lançamentos, saraus, clubes de leitura e vende
livros de escritores cearenses, substituindo, na memória
afetiva deles, a LIVRARIA LUA NOVA, que funcionava
no início da Av. Jovita Feitosa.
ARMAZÉM DA CULTURA – Editora de livros, guias, ca-
tálogos de arte e materiais afins, com “espaço de eventos
criado com a missão de propagar a informação, a cultura
e a literatura, desenvolvendo projetos editoriais de con-
teúdo e forma inovadores para os mercados de Educação
e Comunicação”. Albanisa Dummar, criadora e publisher
do espaço multicultural, que tem abrigado tanto lança-
mento de livros quanto vernissagens.
LIVRARIA ESCRITORES DO CEARÁ – Localizada no
bairro Dionísio Torres. A iniciativa foi do Acadêmico
Gonzaga Mota que, depois de abandonar a política, pas-
sou a dedicar-se à literatura, já tendo inclusive, lançado
sete livros de poemas, entre eles, Meus Poemas Ilustra-
dos (2019). A livraria faz concursos literários e doações
de livros para escolas públicas da capital e do interior do
Ceará. A escritora Nanda Gois, autora do livro de Poe-
mas em 5 Faces (2014) e do romance Brasiliana, a meni-
na em Riace (2017) é quem administra a livraria.
BIBLIOTECA DA ESCRITORA RACHEL DE QUEIROZ
– Localizada no andar superior da Biblioteca da Univer-
sidade de Fortaleza – Em 2017, a biblioteca de Rachel
de Queiroz, composta de 3.063 itens - 2.800 livros e 263
periódicos – passou a compor o acervo da Biblioteca
114 - Aíla Sampaio
Central da Unifor, possibilitando a pesquisadores e ao
público em geral o acesso a todos os títulos. O Instituto
Moreira Salles (IMS), no Rio de Janeiro, era detentor do
acervo desde 2006 e o doou à Fundação Edson Quei-
roz, por considerar a instituição qualificada para manter
o alto padrão de cuidados estabelecido pelo IMS. http://
www.acervo.ims.com.br/
A BIBLIOTECA ACERVOS ESPECIAIS – Localiza-se no
segundo andar do prédio da reitoria da Unibersidade de
Fortaleza e conta nove  mil volumes, entre livros e co-
leções raras nacionais e internacionais sobre Literatura,
Artes, História do Ceará, Biografias e Direito, entre ou-
tras áreas, compõem o acervo especial da universidade,
que é aberto ao público mediante agendamento de visita.
Aos livros raros comprados pela instituição juntaram-se
os doados por diversos colecionadores. Entre os volu-
mes estão: Dante con l´espositioni di Christoforo Landino
(1578); Geschichte in Brasilien (Maurício de Nassau) de
Gaspar Barleus (1659); Castrioto Lusitano de Raphael de
Jesus (1679); Publicações do Instituto Histórico e Geo-
gráfico Brasileiro, de 1840 a 1964; o Arquivo da História
do Ceará organizado por Thomaz Pompeu Gomes de Ma-
tos; o acervo de Francisco Pati, escritor, advogado e con-
selheiro da Bienal Internacional de São Paulo. A coleção
de livros de Francisco Matarazzo Sobrinho (1898-1977),
e a Coleção Os Sertões (inclusive a primeira edição) doa-
da pelo bibliófilo cearense Pádua Lopes e a rica Coleção
Brasiliana, um grupo de livros raros sobre o Brasil que
datam desde o século XVI, entre outras preciosidades.
Acesso gratuito. [email protected]
CORDELTECA – Criada em 2019, tem o objetivo de re-
conhecer a importância da literatura de cordel como pa-

Literatura no Ceará - 115


trimônio histórico-cultural e imaterial do povo cearense,
nordestino e brasileiro. O espaço, localizado na Bibliote-
ca da Unifor, disponibiliza o acervo de literatura de cor-
del para alunos, professores e público em geral, e é uma
referência para pesquisadores do Brasil e do mundo.
Acervo inicial: 2.140 cordéis (100 livros e 2.040 folhetos).
EDITORA ALIÁS - “Um coletivo editorial formado por
mulheres - de diferentes origens e saberes - que surgiu
no mundo para produzir livros, livros artesanais, zines
e novos suportes para as literaturas. Dez mulheres em-
penhadas e felizes em buscar audibilidade, vez, cor, ou-
vidos, abraços ao que - nós mulheres - quisermos ser.
Publicações de mulheres” (Texto reproduzido do Blog
da editora http://www.aliaseditora.com). A editora con-
fecciona objetos literários, realiza encontros, saraus,
debates, exibições, conversas e diversas ações em equi-
pamentos públicos e particulares. Fazem a Aliás: Isabel
Costa, Lisiane Forte, Anna K., Jéssica Gabrielle, Dávila
Pontes, Tassiana Oliveira, Bruna Sombra, Mariana Amo-
rim, Ingrid Saraiva e Tais Bichara. Entre as obras publi-
cadas: Boca de cachorro louco, de Kah Dantas; Não Sei
fazer amor, de Virgínia Munhoz.
MATINÊ 12 - Centro de Artes que está localizado no
Benfica e promove, shows, saraus, bate-papos e lança-
mentos de livros.
Outros espaços relevantes não se situam no chão,
mas em ondas sonoras e pixels: o programa de rádio Au-
tores & Ideias, apresentado por Lílian Martins, na rádio da
Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, que entrevis-
ta escritores cearenses; e o Cabeceira, da TV Assembleia,
apresentado pela jornalista Rosanni Guerra. Também o
Papo Literário, da TVC, apresentado por Mônica Silveira,
jornalista e escritora, segue o mesmo formato.

116 - Aíla Sampaio


PRÊMIOS E
EVENTOS

Os Prêmios Literários, bem como os editais, são im-


portantes para revelar ou confirmar o talento dos escrito-
res. Cada um tem os seus critérios de seleção e arbitra so-
bre a periodicidade, no caso dos públicos, dependente do
compromisso do gestor com as artes. Sem dúvida, as ins-
tituições que promovem prêmios e eventos que valorizam
as artes mostram o lastro (ou a falta dele) do seu gestor.
PRÊMIO CIDADE DE FORTALEZA – Promovido pela
Fundação Cultural durante a gestão de Claudio Pereira,
grande articulador Cultural que dirigiu a Fundação de
Fortaleza de 1986 a 1998. No ano de 1987, ele criou o Pro-
jeto Mão Dupla, em parceria com o livreiro piauiense Si-
nésio Cabral: a cada lançamento de livro de um cearense
em Teresina, um piauiense vinha lançar um livro em For-
taleza. A primeira dupla foi a poeta Aíla Sampaio, com o
livro Desesperadamente Nua, que foi lançado na livraria
Corisco, em Teresina, no dia 4 de março de 1988, e o poeta
piauiense, Nélson Nunes, que lançou Na Boca do Vulcão,
em Fortaleza, no dia 31 de março do mesmo ano.
PRÊMIO IDEAL DE LITERATURA – Criado pelo médico
e escritor José Telles, então diretor de Cultura do Ideal

Literatura no Ceará - 117


Clube, em 1997, para contemplar escritores cearenses e
incentivar, mediante concurso, a criação literária. Com
comissão avaliadora composta por dois professores uni-
versitários e dois escritores: um da Academia Cearense
de Letras e outro da Academia Brasileira de Letras, com
a coordenação do jornalista e escritor Carlos Augusto
Viana, já está na 19ª edição, sempre homenageando um
nome da nossa literatura. O Prêmio é anual e contem-
pla, alternadamente, os gêneros: poesia, conto e roman-
ce. Com a morte do poeta José Telles, em 2015, Carlos
Augusto Viana assumiu a pasta da Cultura do Clube e
continua a realizar o Concurso, bem como a Cerimônia
de entrega da obra inédita publicada e da Coletânea aos
vencedores, além do prêmio em dinheiro.
PRÊMIO OSMUNDO PONTES – Foi criado em 1995
a partir da iniciativa do escritor e acadêmico homôni-
mo, que afirmou, em testamento, o desejo de instituir o
prêmio como forma de incentivar a cultura. A premia-
ção acontece, anualmente, em parceria com a Academia
Cearense de Letras (ACL) e a Sociedade das Amigas do
Livro (SAL), contemplando os gêneros: conto, romance e
ensaio. Podem se inscrever os escritores cearenses ou ra-
dicados no Ceará. Os vencedores são contemplados com
publicação da obra e prêmio em dinheiro. De acordo com
Cybele Pontes, presidente da SAL, o objetivo do concurso
é valorizar o talento e a produção literária nas suas mais
diversas modalidades. O Prêmio já está na 21ª edição.
Escritores cearenses já contemplados: Eduardo Jorge,
Batista de Lima, José Telles e Diogo Fontenele (poemas);
Vânia Vasconcelos, Raymundo Netto e Carlos Vazconce-
los (contos); Cleudene Aragão (ensaio); Angela Gutier-
rez (romance). Destacamos Vânia Vasconcelos, contista

118 - Aíla Sampaio


baiana naturalizada cearense, que publicou: Mergulhos
(2003), Chão de Infância (infantil, 2010) e Desvios (2009).
EDITAIS - PRÊMIO LITERÁRIO PARA AUTORES CEA-
RENSES – Promovido pela Secretaria de Cultura do Ce-
ará, tem o objetivo de democratizar o acesso aos recursos
do Tesouro do Estado para, conforme a Lei nº 13.549, de
23, de dezembro de 2004, estimular a produção dos escri-
tores e editores residentes no Ceará. A Secretaria de Cul-
tura do Estado regulamenta as inscrições das propostas
e faz a seleção de projetos em 14 (quatorze) categorias,
com a ajuda de um corpo de jurados com conhecimento
específico em cada área. Entre as categorias estão: escri-
tores, editores, quadrinistas, pesquisadores, ilustradores,
cordelistas, artistas e autores(as) de projetos gráficos em
Literatura e Cultura.
PRÊMIO DE LITERATURA UNIFOR – Idealizado pelo
então diretor do Centro de Ciências Humanas da Uni-
versidade de Fortaleza, professor José Batista de Lima,
é promovido pela instituição desde 2006, e lançado, de
dois em dois anos, durante o MUNDO UNIFOR. É um
prêmio em nível nacional, aberto para inscrição de es-
critores de todo o Brasil, alternando os gêneros conto,
crônica, poesia e romance. Premiações: Obra inédita
- Ganha a publicação da Obra e viagem a Washington
(EUA), para visitar a Biblioteca Nacional do Congresso
Americano. Trabalho inédito – São vinte selecionados.
O primeiro lugar recebe passagem e hospedagem para
levar a coletânea publicada para a Biblioteca Nacional
no Rio de Janeiro; os demais têm o seu trabalho publi-
cado na coletânea e recebem 10 unidades dela. Escrito-
res cearenses contemplados: Carlos Augusto Viana, com
o livro de poemas Côdeas (2006), na mesma edição do

Literatura no Ceará - 119


Prêmio que Valdemar de Castro Pacheco venceu com o
poema inédito “Relembranças”; Fernando Siqueira, com
a coletânea de contos Ao Lado do Morto (2007), a mesma
edição em que Carmélia Aragão foi premiada com o con-
to “O gato de Alice”. No Prêmio de 2014, o vencedor na
categoria poema inédito foi Eduardo Fontes, com “Lem-
branças de uma Fortaleza-Moça”.
PRÊMIOS ANTÔNIO MARTINS FILHO E FRAN MAR-
TINS – Concedido, desde 2005, pela Academia Cearen-
se de Letras, para estimular a criação literária de jovens
escritores.
PRÊMIO SESC DE LITERATURA – Promovido anual-
mente desde 2003, alterna os gêneros romance e conto.
O seu objetivo é revelar novos talentos, promover a li-
teratura e identificar escritores inéditos, cujas obras te-
nham qualidade estética. Os autores são incluídos nas
programações literárias do Sesc e inseridos no mercado
editorial, já que os livros vencedores são publicados pela
editora Record e distribuídos para toda a rede de biblio-
tecas e salas de leitura do Sesc em todo o Brasil.
CONCURSO DE CONTOS – Promovido pelo Sesc a
cada dois anos, o Concurso de Contos tem o objetivo de
promover e incentivar a produção e publicação de tex-
tos literários de autores cearenses destinados ao públi-
co adulto. O autor, além de ser cearense, deve ter idade
igual ou superior a 18 anos e escrever um texto inédito
de duas a dez páginas.
CONCURSO LITERÁRIO DE FORTALEZA – Promovido
pela Secretaria de Cultura da Prefeitura, é lançado em
edital e se divide em três segmentos: o prêmio Oliveira
Paiva para obras de ficção em diversos gêneros (romance,

120 - Aíla Sampaio


conto, novela, peça teatral e literatura infantil); o Prêmio
Juvenal Galeno destinado à poesia, incluindo cordel; e o
prêmio Ciro Colares e o Aloísio Medeiros, que engloba a
crônica e as produções de crítica artística e literária.
TROFÉU SEREIA DE OURO – É uma premiação con-
cedida pelo Sistema Verdes Mares. O Troféu foi criado
pelo Chanceler Edson Queiroz em 1971, e, anualmente,
galardeia quatro personalidades cearenses que se des-
tacam nacionalmente nas áreas científica e cultural, e
que contribuem para o desenvolvimento social, tecnoló-
gico, econômico, cultural, e humano do Estado. Alguns
escritores cearenses tiveram o reconhecimento e foram
contemplados. Embora alguns deles tenham feito jus à
homenagem pela posição como jornalista, médico, bibli-
ófilo ou político de destaque, são nomes ligados à nossa
literatura e muitos estão (ou estiveram quando vivos) na
Academia Cearense de Letras:
1976 – Raimundo Girão
1977 – Rachel de Queiroz
1987 – Artur Eduardo Benevides
1989 – Cláudio Martins
1990 – Manoel Eduardo Pinheiro Campos
1996 – Gerardo Melo Mourão
1998 – Murilo de Carvalho Martins
2001 – Patativa do Assaré e Cid Carvalho
2006 – Pedro Henrique Saraiva Leão
2008 – Ana Miranda e Ubiratan Diniz de Aguiar
2009 – Isabel Lustosa
2010 – José Augusto Bezerra
2016 – Angela Maria Rossas Mota de Gutiérrez

Literatura no Ceará - 121


BIENAL
INTERNACIONAL
DO LIVRO

Foi criada em 1994 e, até a terceira edição, em 1998,


se chamava Feira Brasileira do Livro de Fortaleza (Febra-
livro). Em 2000 passa a se chamar de Bienal Internacio-
nal do Livro do Ceará. As Feiras/Bienais, até 2002 eram
organizadas diretamente do gabinete do secretário. A
partir de 2004, foi criada a Coordenadoria de Políticas de
Livro e Leitura (COPLA) e se criou a curadoria.
No ano de 2017, já se contabilizam 12 edições, to-
das com a ingerência é do governo estadual, que dispo-
nibiliza a verba. É um evento fundamental para as letras,
haja vista que dá protagonismo, às vezes durante mais
de uma semana, ao livro e ao escritor. Destaquemos os
eventos, em Fortaleza, um a um:
1994 – Realizada de 17 a 22 de março, no Centro de
Convenções, com a participação de 48 expositores, com
programação diversificada: exposições, lançamentos de
livros, seminários, painéis e a entrega do “Prêmio Ceará
de Literatura”. O escritor baiano Jorge Amado foi o ho-
menageado do evento.
122 - Aíla Sampaio
1996 – Realizada de 16 a 21 de abril, no Centro de Con-
venções, com a participação de 80 expositores. A progra-
mação de eventos contemplou palestras, oficinas infan-
tis, lançamentos de livros de autores cearenses, tardes
de autógrafos e shows. O homenageado do evento foi o
educador pernambucano Paulo Freire.
1998 – Realizada de 1º a 7 de outubro de 1998, no Centro
de Convenções, com 102 estandes: 200 editoras nacio-
nais e três internacionais - Ebradi (Portugal), Las Ame-
ricas (Cuba) e Fondo de la Cultura (México). A progra-
mação contemplou palestras, debates, mesas-redondas,
lançamentos de livros de autores cearenses, peças de te-
atro, oficinas de fabricação de livros, contação de histó-
rias, pinturas de rosto e o I Encontro dos Escritores Nor-
destinos. A escritora cearense Raquel de Queiroz foi a
patronesse do evento.
2000 – Realizada no período de 17 a 22 de outubro, reu-
nindo 113 estandes. Nesta edição, o evento ampliou a
participação internacional com estandes de sete países e
a presença de escritores estrangeiros. A Arena do Escri-
tor e o Pavilhão Infantil foram os espaços mais visitados.
O patrono foi o poeta popular Patativa do Assaré. Coor-
denação de Beatriz Furtado. Executivo: Daniel Heliênio.
2002 – Realizada entre os dias 4 e 13 de outubro, teve
como patrono o escritor paraibano Ariano Suassuna. A
programação constou de exposição sobre a cultura in-
dígena, com danças e pintura corporal, oficinas, mesas
redondas, vídeos e debates. Pela segunda vez, a Bienal
concedeu um estande à população indígena. As etnias
Tremembé, Tapeba, Jenipapo-Canindé, Pitaguari, Taba-
jara, Potiguara e Calabassa expuseram produtos artesa-
nais, promoveram diversas atividades culturais e passa-
Literatura no Ceará - 123
ram um abaixo-assinado pedindo demarcação de terras
e reconhecimento oficial de todas as etnias do estado.
Executivo: Daniel Heliênio.
2004 – Realizada de 28 de agosto a 7 de setembro, com
cerca de 300 expositores do Brasil e de diversos países
como Portugal, México, França, Alemanha, Espanha,
Cataluna, Galícia e País Basco. A programação compõe-
-se de oficinas de criação de textos, ilustração e poesia,
bem como de Palestras e debates. O tema: “Da Ibéria à
América: Travessias Literárias” Secretária de Cultura:
Claudia Leitão. Curadoras: Cleudene Aragão e Vânia
Vasconcelos.
2006 – Realizada 18 a 27 de agosto, com 133 estandes,
300 editoras, distribuidoras e livrarias do Brasil, México,
Espanha, Inglaterra e representantes da cultura árabe.
A programação também fora do Centro de Convenções:
“Bienal fora da Bienal”. O tema “Era Uma Vez... Mil e
Uma Histórias” foi inspirado na obra As Mil e Uma Noi-
tes e a escritora homenageada foi Nélida Piñon. Seis
escritores de língua árabe participaram da Bienal. Tam-
bém estiveram presentes: Nélida Piñon, Luís Fernando
Veríssimo, Affonso Romano Sant’anna, Ignácio Loyola
Brandão, Ziraldo, entre outros. Fabiano dos Santos Piú-
ba era o coordenador da COPLA, que utilizava a mesma
metodologia de escuta a um Conselho Consultivo. Foi a
primeira Bienal com uma produtora contratada.
2008 – Realizada de 12 a 21 de novembro. O tema: A
aventura cultural da mestiçagem, abrangendo duas co-
munidades linguísticas: a portuguesa e a espanhola e,
ainda, suas manifestações artísticas e culturais, totali-
zando 30 países situados em quatro continentes: África,
América, Ásia e Europa. A programação constou de pa-
124 - Aíla Sampaio
lestras, debates, leituras de poemas, encontros especiais,
lançamentos de livros, num conjunto de 9 salas: Arena
Jovem, Arte Postal & Poesia Visual, Artes e Ofícios, Cor-
del, Gravuras, Música, Rádio, Revistas e Vídeos. Nessa
Bienal, agregou-se o espaço físico da Universidade de
Fortaleza (UNIFOR). A figura homenageado foi o criador
de tipos, humorista e narrador Chico Anysio. Secretário
de Cultura: Auto Filho. Curador: Floriano Martins.
2010 – Realizada de 9 até o dia 18 de abril, com home-
nagem a centenário de nascimento da escritora cearense
Rachel de Queiroz, com o tema “O Livro e a Leitura dos
Sentimentos do Mundo”, com lançamentos de editoras
nacionais e estrangeiras, além de palestras, recitais de
poesia, shows e conversas com escritores. Presenças:
Carlos Heitor Cony, Emir Sader, Thiago de Mello, Ana
Miranda, Affonso Romano de Sant´Anna e Lira Neto,
que dividirão espaço com novos talentos da literatura na-
cional e cearense. Na Arena Infantil “O Menino Mági-
co” valorizou-se a literatura infantil, com a presença de
escritores como o criador da Turma da Mônica, Maurício
de Souza, o cartunista e criador do Menino Maluquinho,
Ziraldo; e escritores de gerações distintas, como Pedro
Bandeira, Marina Colasanti e Thalita Rebouças. Secre-
tário de Cultura: Auto Filho. Curadoria conjunta: Con-
selho: Karine David (Administração), Raymundo Netto
(Programação), Mileide Flores (Feira de livros) e Julian-
ne Larens (Produção).
2012 – Realizada de 8 a 18 de novembro no Centro de
Eventos, homenageando os 120 anos do movimento lite-
rário Padaria Espiritual com o tema: Com o tema “Padaria
Espiritual – O Pão do Espírito para o Mundo”. Pela pri-
meira vez, um Prêmio Nobel de Literatura, participou do

Literatura no Ceará - 125


evento: o escritor e dramaturgo nigeriano Wole Soyinka,
vencedor do Prêmio em 1986. Os homenageados foram:
o poeta, ficcionista e ensaísta cearense Rafael Sânzio de
Azevedo e o norte-riograndense José Cortez, ex-lavrador,
que saiu do sertão e, através da literatura, se tornou um
dos principais editores do Brasil, tendo fundado a Editora
Cortez. Lembrou-se, também, os 90 anos da Semana de
Arte Moderna e os centenários de Luiz Gonzaga e dos es-
critores Jorge Amado e Nelson Rodrigues. A programação
constou de mais de 500 atividades entre palestras, mesas-
-redondas, lançamentos de livros, exposições, shows lite-
romusicais, cineclubes, colóquios, convenções e debates.
Secretário de Cultura: Francisco Pinheiro. Curador: Edu-
ardo Fidelis (em projeto de Raymundo Netto).
2014 – Realizada no período de 6 a 14 de dezembro no
Centro de Eventos do Ceará, com o tema “Fortaleza de
Moreira Campos”, homenageando o contista José Maria
Moreira Campos, considerado um dos mais representati-
vos escritores cearenses. Outro homenageado, presente
ao evento, foi o escritor amazonense Mílton Hatoum, um
dos mais premiados e traduzidos escritores brasileiros.
A programação foi dividida em quatro eixos principais:
Infantil, Juventude, Homenagens a Moreira Campos e
Feira de Livros. Secretário de Cultura: Paulo Mamede.
Curadora: Mileide Flores.
2017 – Realizada de 4 a 23 de abril, no Centro de Even-
tos, com o tema: “Cada pessoa, um livro; o mundo, a bi-
blioteca”, homenageando não nomes, mas “o acervo lite-
rário universal, a cultura e a identidade brasileira como
patrimônio da humanidade”. Presenças: Affonso Roma-
no de Sant’Anna, Eliane Brum, Ignácio de Loyola Bran-
dão, Márcia Tiburi, Marina Colasanti, Mary Del Priore

126 - Aíla Sampaio


e Valter Hugo Mãe estão entre outros. O secretário de
cultura do estado, Fabiano Piúba, destacou que a Bienal
de 2017 “incorpora as dimensões de cultura, educação,
social e econômica. É um evento de cunho cultural que
democratiza o acesso ao livro”. O destaque foi “a cara de
cearensidade” do evento. Secretário de Cultura: Fabiano
dos Santos Piúba. Curadores: Lira Netro, Cleudene Ara-
gão e Kelsen Bravos.
2019 – “As cidades e os livros” é o tema da XIII Bienal
Internacional do Livro do Ceará, realizada, de 16 a 25 de
agosto de 2019, no Centro de Eventos. Os livros home-
nageados são: “Terra Sonâmbula”, de Mia Couto: “La-
voura Arcaica”, de Raduan Nassar; “A casa”, de Natércia
Campos. Foram debatidos temas como a política do livro,
leitura, literatura e bibliotecas, no IX Encontro do Siste-
ma Estadual de Bibliotecas Públicas e no V Encontro de
Agentes de Leitura do Ceará. Destacaram-se, também, o
IV Encontro da Comunidade dos Países de Língua Portu-
guesa, o Encontro de Mediação de Leituras: Da oralida-
de ao livro na mão, o Encontro sobre Literatura e Gênero
e o Encontro de Blogs e Revistas Literárias. Secretário
de Cultura: Fabiano dos Santos Piúba. Curadores: Ana
Miranda, Inês Cardoso e Carlos Vazconcelos.

Literatura no Ceará - 127


PRÊMIO JABUTI

O Jabuti foi criado em 1958 e se afigura, desde en-


tão, como o prêmio de literatura mais tradicional no Bra-
sil. O seu diferencial está na abrangência das diversas
áreas envolvidas na criação de um livro, contemplando,
nos nossos dias, 27 categorias.
Todos os anos, editoras e escritores independentes
de todo o Brasil inscrevem suas obras e aguardam o ve-
redicto do corpo de jurados. A contagem dos votos acon-
tece aberta ao público e é dividida em duas etapas. Na
primeira, são selecionadas as 10 melhores obras em cada
uma das 27 categorias. Na segunda, definem-se os três
primeiros lugares de cada categoria.
Na página do Prêmio, lê-se: “É uma distinção que
dá ao seu ganhador muito mais do que uma recompensa
financeira. Ganhar o Jabuti representa dar à obra vence-
dora o lastro da comunidade intelectual brasileira, signi-
fica ser admitido em uma seleção de notáveis da litera-
tura nacional”.
A primeira cearense a ganhar o Prêmio Jabuti foi a
escritora Rachel de Queiroz, em 1969, na categoria Li-
vro Infantil, com O menino mágico. Em 1993 ela ganhou
na categoria Romance com Memorial de Maria Moura.
A segunda foi a escritora Ana Miranda, com Boca do
128 - Aíla Sampaio
Inferno (prêmio Jabuti de revelação), em 1989, depois,
em 2002, com Dias & Dias (que recebeu também o Prê-
mio da Academia Brasileira de Letras). Depois de morar
em Brasília, no Rio de Janeiro e em São Paulo, escolheu
viver no Ceará, como cidadã do mundo, e escrever. Es-
treou como romancista em 1989, com Boca do Inferno.
É extensa a sua bibliografia: Poemas: Anjos e Demônios
(1978); Que seja em segredo (antologia poética) (1998);
Prece a uma aldeia perdida (2004). Romances e nove-
las: Boca do Inferno (1989; O Retrato do Rei (1991); Sem
Pecado (1993); A Última Quimera (1995); Clarice (nove-
la,1996); Desmundo (romance, 1996); Amrik (romance,
1997), (1997); Dias & Dias (2002); O peso da luz, Einstein
no Ceará (novela, 2013); Semíramis (2014); Xica da Silva
(2016), Livros infantojuvenis, Diário e Biografia.
Em 1999, o contemplado foi Gerardo Melo Mou-
rão, com Invenção do Mar, poema épico da nacionalida-
de brasileira. No ano de 2012, Sidney Rocha, cearense
radicado em Recife, foi o vencedor na categoria contos e
crônica, com o livro O destino das metáforas.
Tércia Montenegro, contista e romancista, recebeu
o Prêmio Jabuti em 2015 com o romance Turismo para
cegos. Suas publicações: O Vendedor de Judas (contos,
1998/2003), Linha Férrea (contos, 2001), Oliveira Paiva
(biografia, 2003), O resto de teu corpo no aquário (contos,
2005); Um pequeno gesto (infantil, 2006), O gosto dos no-
mes (infantil, 2006), Vítor cabeça-de-vento (infantil, 2008),
História de uma calça (infanto-juvenil, 2008), O tempo em
estado sólido (2012), Os espantos (2012), Meu destino exó-
tico (contos e crônicas, 2014), Turismo para cegos (roman-
ce, 2015), Rachel: o mundo por escrito (biografia, 2015);
participou da Antologia 25 mulheres que estão fazendo a

Literatura no Ceará - 129


nova literatura brasileira (2004), e das coletâneas Contos
Cruéis (2006), Quartas Histórias (contos baseados em nar-
rativas de Guimarães Rosa, 2006), Contos de agora (2007)
e Capitu mandou flores (2008). Com seu primeiro livro
de contos, ela ganhou a Bolsa para Escritores Brasileiros
da Biblioteca Nacional. Além de além de vencer muitos
concursos literários locais e nacionais, muitos prêmios se
sucederam: o Prêmio Portugal Telecom, O Prêmio Osmun-
do Pontes, Prêmio Fran Martins, Prêmio Redescoberta da
Literatura Brasileira, promovido pela Revista Cult, Prêmio
Ideal de Literatura, entre outros.
Socorro Acioli recebeu o Prêmio Jabuti de literatu-
ra infantil em 2013 com Ela tem olhos de céu. É autora
de biografias: Frei Tito (2001), Rachel de Queiroz (2003).
Obras infantis: O pipoqueiro João (1984), Bia que tan-
to lia (2004), É pra ler ou pra comer? (2005), A casa dos
Benjamins (2005), O peixinho de Pedra (2006), O anjo
do lago (2006); O mistério da professora Julieta (2008),
Tempo de Caju (2008), A Rendeira Borralheira (2009), A
quarta-feira de Jonas (2010), Tempo de Caju (2010), O
moleque de recados (2012), Ela tem olhos de céu (2012),
Plantou Palavra, Colheu Poesia (2014), Emília: a biogra-
fia não autorizada da Marquesa de Rabicó (2014), Diga
Astrasgud (2017). E infantojuvenis: Vende-se uma famí-
lia (2007), A Bailarina Fantasma (2010/2015); Inventário
de Segredos (2010), e Cabeça de Santo (2015), esse últi-
mo, indicado ao Jabuti em 2015, finalista do Prêmio São
Paulo, semifinalista do Oceanos e, nos Estados Unidos,
ganhou duas seleções. É também organizadora de anto-
logias com textos produzidos nas Oficinas que ministra.
Já Lyra Neto, jornalista, escritor e pesquisador, rece-
beu o Jabuti de 2014, na categoria Biografia, com Getúlio

130 - Aíla Sampaio


– Do governo provisório à ditadura do Estado Novo (1930-
1945) , um dos livros que compõem a trilogia sobre a vida
do ex-presidente Getúlio Vargas. Ele é também autor da
biografia da cantora Maysa, Maysa-Só numa multidão de
amores (2007); e do padre Cícero, Padre Cícero: poder, fé
e guerra no Sertão (2009), entre outros títulos de quali-
dade reconhecida. Foi indicado para o Jabuti três vezes:
obteve o terceiro lugar na categoria Biografia com Getúlio:
dos Anos de Formação à Conquista do Poder, 1882-1930,
o primeiro de três livros sobre o ex-presidente, em 2013;
ganhou em 2015 e ficou entre os finalistas em 2015.
Em 2018, o contemplado com o Jabuti, na categoria
poesia, foi Mailson Furtado, cearense de Varjota, com o
seu terceiro livro de poemas: À cidade, um poema épico
que canta a sua cidade natal, publicado de forma inde-
pendente. Ele já havia publicado Sortimento (poemas,
2012), Conto a Conto (contos, 2013) e Versos Pingados
(poemas, 2014). Veio depois do prêmio: Passeio pelas
ruas de mim (poemas visuais, 2018) e a participação nas
Coletâneas O Cambo (2014) e Cinco inscrições da Mor-
talidade (2018).
Outros cearenses já tiveram obras indicadas, como
Raymundo Netto, com Crônicas Absurdas de Segunda;
Pedro Salgueiro com o livro de contos Inimigos; Tércia
Montenegro, com o livro de contos O Tempo em Esta-
do Sólido. No ano de 2015, quatro cearenses - Ana Mi-
randa (com o romance Semiramis, sobre a vida de José
de Alencar), Socorro Acioli (com Cabeça de Santo), Lira
Neto (com o último livro da Trilogia sobre Getúlio Var-
gas), e Klévisson Viana (na categoria Adaptação, com O
Guarani em Cordel, baseado na obra de José de Alencar)
estiveram entres os finalistas das 57ª edição do Prêmio.

Literatura no Ceará - 131


DO REAL PARA O
VIRTUAL – BLOGS,
SITES E REDES
SOCIAIS

Alguns autores cearenses não participam de grupos


nem mantêm blogs na internet, mas publicam suas obras
em livros físicos, que são também divulgados nas redes
sociais. Entre eles, João Soares Lobo, com os livros de
poemas Andanças de Amor (2014) e Poemas do Céu e do
Inferno (2019); José Leite de Oliveira Jr., com Canção
(poemas, anos 80), O pictórico em Luzia-Homem (ensaio,
1993), Domingos Olímpio (biografia, 2003), O pictórico
na poesia de Cabo Verde: dos claridosos a Kiki Lima (en-
saio, 2010) e Cronos e Cromos (poemas, 2019); Lucineide
Souto, com o surpreendente romance Chame os meni-
nos (2004); Rodrigo Marques, pesquisador da literatura
cearense, que publicou Fazendinha (infantil, 2005), O
Livro de Marta (bilhetes de amor quebrado, 2011), An-
tônio Sales (biografia, 2016) e Literatura cearense: outra
história (2018). Sua tese de doutorado, A Nação vai à
Província: do romantismo ao Modernismo no Ceará foi

132 - Aíla Sampaio


premiada pela Universidade Federal do Ceará em 2015.
Maria Thereza Leite, com Mosaicos (contos, 2003), Pas-
sagem secreta para a rua (contos, 2008), e Avenida dos
ventos (contos, 2012); Tânia Dourado, com dois livros in-
fantis com repercussão nacional: Cadê a criança que es-
tava aqui? (2015) e Um vestido para Tutti (2018); Rejane
Costa Barros, autora de Águas do Tempo (poemas, 2016);
Diogo Fontenelle, com os livros de poemas Reticências
(1979); Enquanto o céu não cair (1981). Aquário do So-
nho/Sudário da Infância (1982), Incensório do Anoitecer
(1986); Roteiro do Encanto (1992), Lapidário do Lápis
(1999), Miragens (2014) e Encantares (2015) e Lampe-
jos (2018). Januário Bezerra, autor de Silhueta (poesia
e crônica, 2012); J. Udine Vasconcelos, cordelista e tro-
vador, autor de A Chegada de Patativa ao Céu (2002); O
Brasil da Esperança Vence o medo da Arrogância (2003);
Valdemir de Castro Pacheco, poeta, cronista e contista,
com os livros de contos A Onça de Birindiba e Outras
Onças (1987) e Vila dos Tuturubás (2015); e Carlos Gilde-
mar Pontes, autor de 21 livros publicados entre poemas,
contos, ensaios, crítica literária, dos quais destaco: Amor,
verbo de se fazer (poesia, 2013); Seres ordinários: o anão
e outros pobres diabos na literatura (ensaio, 2014); A es-
sência filosófica do amor (fragmentos, 2014) Poesia na
bagagem (antologia poética, vol. 1, 2018) e oito cordéis.
É fato que, desde o surgimento da internet, primei-
ramente invadida pela informação e pela publicidade, a
literatura foi ganhando mais espaço, propiciando o apare-
cimento de muitos escritores, que não tinham como publi-
car os seus trabalhos, e atraindo a atenção dos veteranos
que viam no mundo virtual a oportunidade de ampliar o
número de leitores. O intercâmbio de textos, bem como a

Literatura no Ceará - 133


possibilidade de interação, muito favoreceu a criação li-
terária que, ao ganhar as novas expressões e signos pró-
prios do mundo virtual, atraiu mais e mais adeptos. Assim,
ampliaram-se os espaços de publicação: Facebook, Insta-
gram, Twitter, Blogs de diversas plataformas, Pinterest etc.
e houve um verdadeiro boom de escritores.
Não se pode afirmar que tamanha profusão no
mundo virtual corresponda, em igual demanda, à qua-
lidade estética, mas, digamos, o aproveitamento da rede
para compartilhamento e socialização dos textos escri-
tos, bem como para a divulgação de eventos literários, já
é ponto positivo. Quem permanecerá nessa seara, como
um nome cuja obra atravessará os umbrais do tempo, não
podemos afirmar. Cabe-nos, nesse momento, mostrar
como a tecnologia beneficia a literatura.
A maior parte dos escritores cearenses, claro, não fi-
cou à margem desse processo. Além da ampla divulgação
de crônicas, poemas e da promoção de eventos como lan-
çamentos de livro e saraus nas redes sociais, ele aderiu
sobretudo aos blogs e sites, e, cada um a seu modo, criou
o seu espaço e deu a ele a sua cara. Conheçamos alguns:
JORNAL DA POESIA – Editado desde 1996 pelo poeta
Soares Feitosa, autor do livro de poemas Psi, a Penúl-
tima, poesia e ensaio (1997). Espaço de divulgação de
poetas brasileiros e estrangeiros, especialmente cearen-
ses, reunindo biografia, textos e fortuna crítica de cada
um. Os nomes dos autores, no Jornal, aparecem em or-
dem alfabética. Endereço: http://www.jornaldepoesia.
jor.br Destaque-se: Adriano Espínola, poeta de temática
social e urbana, que vai da poesia épica ao Haicai. São
importantes títulos: Fala Favela (1981), Lote Clandesti-
no (1982), Trapézios: Haicais (1984), Táxi (poema épico
134 - Aíla Sampaio
urbano, 1986), Praia Provisória (2006) e a coletânea de
contos, Malindrânia (2009).
PEDRO LYRA – Blog do crítico, tradutor e poeta, que
exercita do soneto à poesia de vanguarda. Professor Ti-
tular de Poética da Universidade Estadual do Norte Flu-
minense, em Campos-RJ. Entre dezenas de obras, publi-
cou: Poesia cearense e realidade atual (1975) e Antologia
poética (Visão do Ser) versão francesa (Vision de l´être)
em 2000 pela Editora l´Harmattan de Paris. Endereço:
http://www.almadepoeta.com/pedrolyra.htm
PALAVRA ENGENHOSA – Blog considerado o livro aber-
to da Professora Vicência Jaguaribe, que, depois de tanto
trabalhar o texto em sala de aula, como uma militante da
literatura, resolveu publicar os seus escritos – crônicas,
contos e poemas, muito à vontade “com a modernida-
de e com sua parafernália elétrico-eletrônica”. São obras
dela: Ancoragem em Porto Aberto (contos, 2010); Histó-
rias sem o “Era uma vez” (contos, 2012); Caleidoscópio.
(crônicas, 2015); Contato (poemas minimalistas, 2011);
Infantil: Carolina Trovão, Seu Colar de Corais e o Raiozi-
nho de Sol. (2010); A Dança dos Pirilampos (2010); Brin-
cando no Ritmo da Poesia (2010), entre outros.
LITERATURA SEM FRONTEIRAS – Era editado pelo
escritor Nilto Maciel, e contava com a publicação de ar-
tigos, resenhas, ensaios, contos, crônicas, poemas, prosa
poética, entrevistas, depoimentos, comentários curtos de
sua autoria. Endereço: http://literaturasemfronteiras.blo-
gspot.com.br/
MEMÓRIA DAS ÁGUAS – Espaço de divulgação da obra
do poeta Luciano Maia (1949), reconhecido pela quali-
dade estética de seus poemas, autor de 18 livros, entre

Literatura no Ceará - 135


eles, Seara (1994), Nau capitânia (1987), Rostro hermo-
so (1997), o antológico Jaguaribe, memórias das águas,
com 10 edições de 1982 a 2012, duas bilíngues (2001 e
2012) e uma com CD de poemas musicados (2010); em
2017, publicou Os longes (2017). Endereço:http://www.
lucianomaia-memoriadasaguas.com
TEOBERTO LANDIM: FICCIONISTA E CRÍTICO LI-
TERÁRIO – Espaço virtual onde o professor compartilha
seus poemas e artigos, bem como divulga as suas obras.
Além de livros de crítica literária, ele publicou dois ro-
mances: Busca (1985) e A próxima estação (2000); e dois
títulos de poemas: Noites acumuladas dos meus dias
(2013) e Agreste Avena (2015). Endereço: http://www.
teobertolandim.blogspot.com.br
LITTERIS – Blog da escritora Giselda Medeiros, autora
de um livro de contos, ensaios e cinco de poemas líricos
e amorosos: Alma Liberta (1986), Transparências (1989),
Cantos Circunstanciais (1996), Tempo das Esperas (2000)
e Ânfora do Sol (2010). Endereço: http://gispoesias.blo-
gspot.com.br
BLOG DO VICENTE ALENCAR – Divulga notícias sobre
eventos literários, poemas do escritor e textos de escrito-
res cearenses em geral. Endereço: http://vicentealencar.
blogspot.com.br/
DIMAS MACEDO: LITERATURA. ARTE. DIREITO –
Blog do jurista, poeta e ensaísta Dimas Macedo, autor de
oito obras com artigos sobre escritores cearenses, cinco
livros de ensaios e dez de poemas: A Distância de Todas
as Coisas (1980/2001), Lavoura Úmida (1990/2010), Es-
trela de Pedra (1994/ 2005), Liturgia do Caos (1996/2016),
Primeiros Poemas (2003), Vozes do Silêncio (2003), Sinta-

136 - Aíla Sampaio


xe do Desejo (2006), O Rumor e a Concha (2009), Guada-
lupe (2012), {Codicírio} (2018). Atualmente, vive para a
poesia, sua verdadeira pátria. Endereço: http://dimasma-
cedo.blogspot.com.br/ Macedo, em parceria com o poeta
e artista gráfico Geraldo Jesuíno, autor do livro de contos
Brumas (contos, 2016) e de inúmeros projetos gráficos
de obras literárias, criou o selo Poetaria, que chancela
publicações de escritores cearenses.
CASA DE TEATRO ZEFINHA e FLÁVIO PAIVA – Si-
tes do escritor Flávio Paiva. O primeiro foi desenvolvi-
do pela Pirambu Digital, uma cooperativa formada por
jovens que trabalham com tecnologias digitais. Neles,
constam artigos, ensaios, vídeos e publicações. Na área
da literatura, o escritor tem mais de 20 livros, entre li-
teratura infanto-juvenil, crônica e outros gêneros. Entre
eles, A festa do Saci (2007); Fortaleza de dunas andantes
a cidade banhada de sol (2007); Bulbrax – sociomorfo-
logia cultural de Fortaleza (2017) e 2019 – Código Aber-
to – autobiografia colaborativa (2019) Endereço: http://
casadeteatrodonazefinha.blogspot.com.br/ e http://www.
flaviopaiva.com.br
BLOG DO LAPROVÍTERA – Espaço virtual onde o artis-
ta plástico, arquiteto, letrista e cronista Totonho Laproví-
tera (1957), autor dos livros Valder Césio (1995), Causos
(2015) e De primeiro (2016), publica suas histórias, em
linguagem simples e coloquial, sempre com pitadas de
humor e revisitação da memória, bem como divulga os
eventos artísticos que ocorrem em Fortaleza. Endereço:
http://laprovitera.blogspot.com.br/
DE OLHOS ENTREABERTOS – Poemas, contos e prosa
poética da professora Aíla Sampaio (1965), autora dos
livros de poemas Desesperadamente Nua (1987) Amál-
Literatura no Ceará - 137
gama (1991), De olhos entreabertos (2012). Ensaios: Os
fantásticos mistérios de Lygia (2009), A Literatura em
Fortaleza (2019); Infantil: Gostar e Amar (2014) e Orga-
nizadora (em parceria com Ana Quezado, Elisabete Ja-
guaribe, Edvaldo Siqueira, Glauber Paiva Filho, 2019) da
coletânea Poética das Imagens. Endereço: http://literaila.
blogspot.com
A ARTE DE ENGOLIR PALAVRAS – Espaço virtual da
escritora Lourdinha Leite Barbosa, poeta, ensaísta e con-
tista. Endereço: http://lourdinhalb.blogspot.com.br/
A ARTE DO CONCEITO – Espaço onde Manuel Bulcão
Neto publica seus ensaios, artigos e textos literários de
outros escritores. Publicou os livros de ensaios literários:
As esquisitices do óbvio (2005), Sombras do Iluminismo
(2006), A eloquência do ódio (2009) e Contra o princípio
copernicano (E-book - formato ePUB -, Editora Emooby,
2012). Endereço http://artedoconceito.blogspot.com/
ENTRE PALAVRAS / TRANSITÓRIO DIAMANTE – Blog
do professor e escritor Inocêncio de Melo Filho. Publi-
cou, entre outros livros de poemas, Transitório Diamante
(2013) e De outra realidade das coisas perdidas (2018).
Endereço http://transitoriodiamante.blogspot.com
CORRESPONDÊNCIA – Poemas postais de Arlene Ho-
landa, autora de livros infantis e ilustradora. Já escreveu
mais de cinquenta livros, de variados gêneros literários,
entre eles, Cordel de Trancoso (2009), Caminho das ar-
tes (2012), O fantástico mundo do cordel (2011), Todas as
cores do negro (2013). Endereço: http://correspondencia-
-poesia.blogspot.com.br/
FABIANA GUIMARÃES – Poemas e narrativas infanto-
juvenis de Fabiana, autora de diversas obras infantis e

138 - Aíla Sampaio


infanto-juvenis, das quais destacamos Índio vive assim
(2012), Dona Biazinha (2014), A Menina da Renda Ver-
melha (2014). É autora da coleção A cor da gente (2015)
e grande divulgadora de eventos e lançamentos de livros
para crianças. Endereço: http://fabianaguimaraesrocha.
blogspot.com.br/
OLHAR PANORÂMICO e NIRTON VENÂNCIO – Espa-
ços de divulgação da obra do cineasta e poeta. Em ambos
se encontram poemas e textos em prosa dos seus livros:
Roteiro dos pássaros, Prêmio Filgueira Lima de Poesia
(1980), e Cumplicidade Poética (1985); Pequenas anota-
ções de viagens (2011); Poesia Provisória (2018). Finaliza
o livro Outras prosas, com textos selecionados de seu blog
Olhar Panorâmico. Endereços: www.olharpanoramico.
blogspot.com; http://nirtonvenancio.blogspot.com.br/
A. MIRANDA – Blog que divulga biografias e textos de
escritores cearenses. Endereço: http://www.antoniomi-
randa.com.br/poesia_brasis/ceara
NAS ESCURIDÕES COM ANA CRISTINA SOUTO E
OUTROS POETAS – Espaço em que Ana Cristina Souto,
poetisa inédita, publica os seus poemas e de outros poe-
tas brasileiros e estrangeiros.
Endereço: http://nasescuridoes.blogspot.com.br/
SIGNAGEM – Espaço do poeta da desconstrução sintáti-
ca e do experimentalismo: Cândido Rolim, autor de Rios
de Mim (1982), Arauto (1988), Exemplos Alados (1997),
Pedra Habitada (2002) e Camisa Qual (2008), Fragma
(2007). http://signagem.blogspot.com.br/ Publica tam-
bém na Revista Garupa http://revistagarupa.com/ e na
página Enfermaria 6 (Facebook) Endereço: https://www.
facebook.com/enfermaria6/?pnref=story

Literatura no Ceará - 139


RENATO PESSOA – Literatura, Filosofia e outras in-
tuições. Poeta e professor nascido em São Paulo, mas
radicado em Fortaleza. Blog para divulgação dos seus
poemas, crônicas e resenhas. Publicou: O Corpo Arcai-
co (2011), Solidão Singular (2012), A paisagem da febre
(2016). Em 2014 organizou em conjunto o livro Retratos
de Abismo e Outros Voos. O poeta organiza e participa do
projeto “Arte e resistência na periferia”, que realizou o
“sarau-encontro o corpo-sem-órgãos”. Endereço: http://
oblogdorenatopessoa.blogspot.com.br/.
LIVROS E BICHOS – Blog da escritora Tércia Montene-
gro, onde podemos encontrar crônicas, vídeos, fotos e re-
senhas, muitas publicadas no Jornal Rascunho, de Curi-
tiba, do qual é colaboradora, confirmando a sua paixão
pelos gatos, pela fotografia e pelas narrativas. Endereço:
https://literatercia.wordpress.com/page/2/
PERMANÊNCIAPROVISÓRIA – Blog de Luciano Bon-
fim, escritor criativo de narrativas bastante curtas, em for-
ma de móbiles, como é o título do seu primeiro livro. Faz
a hibridização da prosa com o verso, criando seu próprio
estilo. Dançando com Sapatos que incomodam (2002) e
Móbiles – histórias e considerações (prosa, 2007); Beber
água é tomar banho por dentro (poesia supostamente in-
fantil, 2006); Aliterar Versos 20/60 + alguns instantâne-
os (mezzo prosa mezzo poesia/híbrido de poesia, 2003).
Endereço http:// permanenciaprovisoria.blogspot.com
DÉRCIO BRAÚNA – Contista de fôlego, desencantador
dos “mistérios do verbo”, na leitura de Nilto Maciel. Pu-
blicou O pensador do jardim dos ossos (poemas, 2005),
Uma nação entre dois mundos: questões pós-coloniais
moçambicanas na obra de Mia Couto (estudo historio-
gráfico, 2005), A selvagem língua do coração das coisas
140 - Aíla Sampaio
(poemas, 2006), Metal sem Húmus (poesia, 2008), Como
um cão que sonha a noite só (contos, 2010), Nyumba-
-Kaya: Mia Couto e a delicada escrevência da nação mo-
çambicana (estudo historiográfico, 2014), A assombração
da história: história, literatura e pensamento pós-colonial
(estudo historiográfico, 2015), Aridez lavrada pela car-
ne disto (poesia, 2015), Como cavalos fatigados abrin-
do um mar (poesia, 2017), Escrevivências: livro de vidas
imaginografadas (poesia, com fotografias de Joel Neto,
2017), Sociedade dos poetas vivos (ensaios, 2018), Cinco
inscrições da mortalidade (poesia / em co-autoria com os
poetas Alan Mendonça, Bruno Paulino, Mailson Furtado
e Renato Pessoa, 2018), Em torno da narrativa (estudos
historiográficos; co-organizador, com Daniel Alencar,
Gilberto Gilvan, José Neto, 2019), Esta solidão aberta
que trago no punho (poesia, 2019). Endereço http://der-
ciopoeta.blogspot.com.br/
UMA ESCADA PARA O NADA (Um degrau para tudo e
uma escada inteira para o nada.) – Publica contos de po-
emas de Ayla Andrade, autora do livro de contos O mais
feliz dos silêncios (2014).
http://umaescadaparaonada.blogspot.com.br/
MEMÓRIA E PROJETO PRODUÇÕES - Blog do poe-
ta e ensaísta Carlos Augusto Lima, “não por nada. mas
apenas escrever e compartilhar algumas coisas. inéditos.
enfim… até porque “toda felicidade é memória e proje-
to”” Endereço: https://memoriaeprojeto.wordpress.com/
./AFETIVAGEM.] – Blog de Ruy Vasconcelos. [literatura.
[cinema. [fortaleza. tradução]. Poeta e ensaísta, biógra-
fo do poeta simbolista José Albano, Errante e Peregrino
(2000). Endereço http://afetivagem.blogspot.com.br/

Literatura no Ceará - 141


AlmanaCULTURA, do jornalista e escritor Raymundo
Netto, autor de Um Conto no Passado: cadeiras na cal-
çada (romance, 2005); Os Acangapebas (contos, 2012);
Crônicas Absurdas de Segunda (crônicas, 2015); Quan-
do o Amor é de Graça! (crônicas, 2019); Cronologia Co-
mentada de Juvenal Galeno (ensaio, 2010); Centro: o
coração malamado (ensaio, 2014); Padre Cícero: o filme
(ensaio, 2017); Nilto Maciel (perfil biográfico, 2017); An-
tologia HQ: quadrinhos para sala de aula (organização e
coautoria, 2018); História das Histórias em Quadrinhos
no Ceará (organização e coautoria) (ensaio, 2018). In-
fantojuvenis: A Bola da Vez (2008); A Casa de Todos e de
Ninguém ( 2009); Boto Cinza Cor de Chuva (2013); Os
Tributos e a Cidade (infanto-juvenil); A Galera se Liga
em Cidadania!, (infanto-juvenil); O Blog é um espaço de
divulgação de suas HQs e crônicas, para postar resenhas
e divulgar de eventos nas áreas da música, do teatro, do
cinema e da literatura. Raymundo já ganhou vários Edi-
tais de Incentivo às Artes da Secult/CE, projeto Prêmio
Sefin de Finanças Municipais, Prêmio Osmundo Pontes
da Academia Cearense de Letras e foi finalista para o
Prêmio Jabuti em 2016. Endereço: http://raymundo-net-
to.blogspot.com.br/
POETAS DE QUINTA – Blog para divulgação de livros,
textos em prosa e em verso, escritos por escritores cearen-
ses, como Silas Falcão, Frederico Régis, Carlos Nóbrega,
Carlos Vazconcelos, Aírton Soares, Poeta de Meia-Tigela
e Pedro Salgueiro. A página é editada pelo poeta Silas
Falcão. Endereço: http://poetasdequinta.blogspot.com.
br/2016/03/e5pelhos-ii.html
POETA DE MEIA-TIGELA – Editado pelo Poeta de
Meia-Tigela (Alves Aquino), uma das figuras mais in-

142 - Aíla Sampaio


trigantes da nossa literatura, autêntico desconstrutor da
sintaxe e promotor de mutações linguísticas. Sua produ-
ção literária não pode ser encaixada em gêneros. Publi-
cou: o primeiro movimento do Concerto n. 1nico em mim
maior para palavra e orquestra (2010); Girândola (2015);
Miravilha — liriai o campo dos olhos (2015). É um dos
maiores incentivadores das publicações coletivas. Publi-
cou dois livros em parceria: E5pelhos (em coautoria com
Carlos Nóbrega, Frederico Régis, Jorge Furtado e Lúcio
Cleto, 2016) e acidade (em coautoria com Carlos Nóbre-
ga, 2016). http://opoetademeiatigela.blogspot.com.br/
PLATAFORMA ISSUU – Espaço virtual para publicações
de livros eletrônicos, que abriga a o livro-revista compósi-
to: poesia, prosa, desenho, fotografia, editada pelo Poeta
de Meia-Tigela, com textos em prosa e verso de escritores
cearenses contemporâneos. Os dois números do livro-re-
vista Mutirão (2014 e 2016) podem ser lidos integralmente
no endereço, bem como livros de sua autoria e de autores
que fazem parte do projeto, como Carlos Nóbrega, Frede-
rico Régis, Dércio Braúna, Lúcio Cleto e Jorge Furtado.
https://issuu.com/opoetademeia-tigela/docs
TALLES AZIGON – Poemas, narrativas e dedos de prosa.
Poeta itinerante, que leva o verso e a contação de his-
tórias a escolas, espaços culturais, livrarias e bibliote-
cas. Faz parte dos projetos Baú de leitura vai ás escolas,
com o grupo caldeirão mágico de histórias (de maria rita
mota), premiado pela Secretaria de Cultura do Ceará. É
também ligado ao Templo da Poesia desde a sua criação.
Endereço: http://tallesazigon.blogspot.com.br/ Tales é o
criador e administrador da Livro Livre Curió - Biblioteca
Comunitária (2018). Para conhecer, acessar @livrolivre-
curio no Instagram.

Literatura no Ceará - 143


LÁ NAS MARINHEIRAS E OUTRAS CRÔNICAS – Es-
paço onde Bruno Paulino, autor de Lá na Marinheira
e outras crônicas (2012) e A menina da chuva (2013) e
Ofertório dos pássaros (2018), publica os seus textos e
artigos e resenhas sobre eles. Endereço: http://lanasma-
rinheiras.blogspot.com.br/
EM CIMA DAS ÁRVORES – Blog de Carmélia Aragão,
autora do livro de contos Vou esquecer você em Paris
(2007). Endereço: http://carmelia-aragao.blogspot.com.
br/
DIVINA POÉTICA HUMANA – Espaço virtual em que
Ana Vitória Andrade publica poemas e textos de prosa
poética de sua autoria. Para conhece, acessar @divina.
poetica.humana no Instagram.
PEQUENAS ETERNIDADES – Blog de crônicas de Zeca
Lemos (1998), que originou o livro Pequenas eternida-
des, publicado em 2016. Endereço: http://palavreares.
blogspot.com.br/. Em 2019, Zeca Lemos se tornou Book-
tuber, com um canal de resenhas de obras literárias no
Youtube. Endereço: http://youtube.com/zecalemos
O LIVRO DOS MAIS PEQUENOS SILÊNCIOS – Blog
do professor, músico da banda Trovador Eletrônico e es-
critor Leo Mackellene. Publicou: O livro das sombras ou
o livro dos mais pequenos silêncios (poemas, 2007) Como
gotas de óleo na superfície da água (romance, 2017); O
ovo da serpente (conto, 2019 ) Endereço: http://olivrodos-
maispequenossilencios.blogspot.com/
NO REINO DE MIRA – Blog do jovem escritor Mateus
Lins (1995), autor do romance O Reino de Mira, publica-
do em 2013. Endereço: http://reinodemira.blogspot.com.
br/

144 - Aíla Sampaio


TRANSPOÉTICAS (do que ultrapassa o verso… atraves-
sando linguagens) – Blog atual de Paola Benevides, com
crônicas, contos e poemas produzidos em Dublin, onde
mora atualmente. Endereço https://transpoeticas.wor-
dpress.com/author/paolabenevides/
BLOG DO KELMER – Espaço em que o escritor e ati-
vista cultural “com seu humor debochado, ora com so-
briedade e apreensão, comenta arte, literatura, compor-
tamento, sexo, política, religião, ateísmo, futebol, gatos
e, como não poderia deixar de ser, o feminino, esse gran-
de paixão do autor, presente em boa parte de sua obra”.
Publicou: Versos Safadinhos para Noites Românticas ou
Vice-versa (poemas, 2016), Trilha da Vida Loca (contos,
2017), Pensão das Crônicas Dadivosas (crônicas, 2018)
entre muitos outros. Endereço https://blogdokelmer.com/
BRÁULIO BESSA – Um fazedor de poesia – poeta nasci-
do em Alto Santo, sertão cearense, que tem inspiração na
poesia de Patativa do Assaré e no sertão, iniciou sua página
- “Nação Nordestina” - na internet em 2012 e seus vídeos
logo o projetaram nacionalmente, levando-o a, a partir de
2015, ser Consultor de Cultura Nordestina e a apresentar
um quadro intitulado Poesia com rapadura no programa
Encontro com Fátima Bernardes, na Rede Globo. Publicou:
Poesia com rapadura (2017), Poesia que transforma (2018),
Recomece (2018) e Um carinho na alma (2019). Bráulio via-
ja pelo Brasil todo fazendo Palestra-Espetáculo. Endereço
https://www.brauliobessa.com/
JARID ARRAES – Escritora, cordelista, poeta nascida em
Juazeiro do Norte e autora dos livros As Lendas de Dan-
dara (2015), Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis
(2017), Um buraco com meu nome (poesia, 2018) e Rede-
moinho em dia quente (contos, 2019). É curadora do selo
Literatura no Ceará - 145
literário Ferina, e desde 2014 mora em São Paulo (SP).
Criou o Clube da Escrita Para Mulheres em outubro de
2015, um projeto gratuito que se expandiu em 2017 e
se tornou um coletivo contando com a participação de
outras integrantes e escritoras. Publicou mais de 70 li-
vrinhos de Cordel, inclusive infantis. http://jaridarraes.
com/sobre/
NATALÍCIO BARROSO e CONVERSA DE ESCRITOR/
NATALÍCIO BARROSO – Blogs onde o escritor publica
seus poemas e artigos sobre sua obra. Publicou: Poemas
de abril (1987), O capacete de Aquiles (1997), A triste
sina do Imperial (1998), A Vida Amorosa de Marco Polo
(novela, 2006), A Tralha Grega e outras tralhas (coletâ-
nea com recriações/sínteses das mitologias greco-roma-
nas e judaico-cristãs por meio do roteiro de algumas das
principais obras literárias antigas, 2014), Leão de Ouro
(Ficção, 2016), A casa de Circe (romance juvenil, 2016),
entre outros. http://nataliciobarroso.blogspot.com/ http://
papodeumescritor.blogspot.com/
LEO PRUDÊNCIO – Blog em que o paulista, filho de ce-
arenses de Crateús, publica artigos sobre obras literárias,
poemas, crônicas e outros escritos. Publicou três livros
de poemas: Baladas para violão de cinco cordas (2014),
Aquarelas (haicais, 2016) e Girassóis maduros (2019).
Endereço: https://prudencioleo.wordpress.com/
ORGASMO SANTO – Textos de vida e morte – Blog onde
Kah Dantas publica resenhas, crônicas e prosa poética
com sua verve feminista e irônica. Publicou Boca de Ca-
chorro Louco (2016, livro autobiográfico sobre um rela-
cionamento abusivo). Endereço http://orgasmosanto.blo-
gspot.com/

146 - Aíla Sampaio


LEITURAS – Blog de José Leite Netto, contista e poeta
que se autodefine como “Poeta em um mundo caduco
e professor de literatura nas horas vagas”. Publicou: O
Relojoeiro (poemas, 2000), O Olho de Tebas (2004), Ver-
melho Sol de Canudos (poemas, 2005), O livro da chuva
(2007). Endereço http://leiturasjoseleitenetto.blogspot.
com/p/poemas.html
LEITURAS DA BEL – Blog da jornalista Isabel Costa,
jornalista do caderno Vida & Arte do jornal O Povo e in-
tegrante do Selo Editorial Aliás, onde se pode encontrar
notícias sobre eventos literários, resenhas, artigos e tex-
to literários em geral. Ela conta com a colaboração de
professores, escritores, poetas e estudiosos da literatura.
Endereço: http://blogs.opovo.com.br/leiturasdabel/
ALEXANDRIA – Blog do escritor e estudante de jorna-
lismo Alexandre Almeida onde se podem ler notícias de
eventos literários, resenhas, artigos, crônicas e entrevis-
tas, num exercício exato de jornalismo literário. Endere-
ço: https://alexandriabooks.wordpress.com
LAREANDO – Espaço virtual onde Lara Rovere ‘vira ver-
bo’ e compartilha poemas, crônicas, contos, fotografias,
vivências. Endereço: https://lareando.wordpress.com
CARLOS VAZCONCELOS – A INQUIETUDE DA BUS-
CA – Endereço: http://ainquietudedabusca.blogspot.
com/
MEUS LIVROS DOS OUTROS – Endereço: http://meus-
livrosdosoutros.blogspot.com/
ARCANOS GRÁVIDOS: Poesias & Outras águas – Blog
de Webston Moura, autor do livro de poemas Encontros
imprecisos: insinuações poéticas (2006).

Literatura no Ceará - 147


CARLOS VAZCONCELOS – A INQUIETUDE DA BUS-
CA - blog onde do escritor Carlos Vazconcelos publica
sua produção literária. Endereço: http://ainquietudeda-
busca.blogspot.com/; e MEUS LIVROS DOS OUTROS
– ensaios do escritor sobre obra literárias; ele define o
espaço como “Um blogue que aprecia literatura”. Ende-
reço: http://meuslivrosdosoutros.blogspot.com/. Vazcon-
celos é escritor premiado em vários concursos literários
locais e nacionais e publicou Mundo dos Vivos (contos,
2008) e Os Dias Roubados (romance, 2013), além de tra-
balhos em diversas coletâneas.
@CAPITULAR.BLOG - Espaço no Instagram para divul-
gação de textos de Mariah Costa, dicas de leitura e con-
teúdo jornalístico. Ela é autora do romance Seu silêncio:
toda história tem mais de um lado (2019).
@LIVROLIVRE.CE - Movimento de incentivo à leitura
e ao compartilhamento de livros de escritores cearenses.
@ESCRITORESCEARENSES - Espaço no Instagram
para publicação, em banners, de textos de escritores ce-
arenses.
Percebe-se, assim, que muitos escritores, mesmo
com livros lançados e nomes consagrados nas letras ce-
arenses, divulgam seus textos nas redes sociais, espaço
virtual democrático, onde veteranos e estreantes, com
produção literária representativa publicada ou inédita,
dividem e aglutinam atenções, interagindo com o público
leitor. Encontram-se facilmente perfis e textos de Adriano
Espíndola, Luciano Maia, Dimas Macedo, Claudio Por-
tela, Ricardo Kelmer, Valdemir de Castro Pacheco, Fer-
nanda Benevides, Claudia Carvalho, Maria Thereza Lei-
te, Luciano Dídimo (que administra o Instituto Horácio

148 - Aíla Sampaio


Dídimo de Arte, Cultura e Espiritualidade), Inocêncio de
Melo Filho, Vera Moraes, Raffael Barroso, Regina Barros
Leal, Lianne Bezerra, Zinah Alexandrino, Arminda Ser-
pa, Rejane Costa Barros, Araceli Sobreira Benevides (ra-
dicada em Natal, Rio Grande do Norte), Isa Magalhães,
Nirton Venâncio, Aíla Sampaio, Gylmar Chaves, Carlos
Gildemar Pontes (radicado em Cajazeiras, Paraíba), Pa-
ola Benevides (radicada em Dublin, na Irlanda), Carlos
Augusto Lima, Kah Dantas, Ana Vitória Andrade, Saulo
Vieites, Luana Braga, Mika Andrade, Lara Rovere, Rita
Carvalho, Nanda Gois, Li Lê Santos, Henrique Morei-
ra, Leonardo Nóbrega, Cândido Rolim, Vanessa Passos,
Solange Benevides, Aluísio Martins Rodrigues, Natércia
Pontes, Rejane Costa Barros, Atilano Ayres de Moura,
Jorge Pieiro, Ireleno Benevides, Túlio Monteiro, Mile-
na Bandeira, Urik Paiva, Aldir Brasil, José Leite Netto,
Januário Bezerra, Zeca Lemos, Paulo Lobão, Maria Inês
Ramalho, Lucineide Souto, Carlos Nóbrega, Nina Rizzi
(de Campinas-SP, mas atuante em Fortaleza), Frederico
Régis, Jorge Furtado, Alana Alencar, Lúcio Cleto, Gra-
ciele Callado, Kelson Oliveira, Tarso Pinheiro, Sara Sín-
tique, Ylo Barroso Fraga, Webston Moura, Mara Mara-
caba, Manuel Casqueiro (africano radicado no Ceará),
Paula Izabela, entre dezenas de outros.

Literatura no Ceará - 149


ARREMATE

A literatura continua muito viva no Ceará, sobretu-


do em Fortaleza. Das mesas do Ideal ao Janguruçu; do
Palácio da Luz às páginas virtuais, do Bebo do Cotovelo,
em Sobral, aos bares de Varjota, o trânsito da palavra é
livre. Procurei falar dos grupos e das agremiações, das
academias, das revistas e jornais literários, dos espaços
físicos e virtuais que estão abertos para a literatura, bem
como dos prêmios, saraus e demais atividades que movi-
mentam as letras em nossa cidade.
É possível que haja omissões, não por propósito
ou descuido, mas pela ausência de fontes de pesquisa.
O que escrevi está de acordo com a bibliografia de que
dispunha e com informações trocadas em conversas por
e-mails, Messenger, WhatsApp ou em mesas de cafés.
De qualquer modo, fica o registro de, pelo menos, gran-
de parte dos que fizeram e fazem acontecer a literatura
em nosso estado.
O mais importante é constatar que, apesar de todas
as crises e todos os ‘ismos’, Fortaleza permanece cantada
em prosa e verso, não como a “loira desposada do sol”,
de Paula Ney, mas como a cidade que anoitece e ama-
nhece resistindo ao marasmo da escuridão intelectual.
O interior do estado não deixa por menos. Foi o canto à

150 - Aíla Sampaio


cidade de Varjota que deu a Mailson Furtado o Prêmio
Jabuti em 2018. Dos poetas dos Oiteiros aos blogueiros e
arteiros virtuais, o que se percebe é a encarnação do ver-
bo, é o entendimento da vida reinventada pela literatura,
é o olhar plural da criação que agrega e potencializa a
predisposição para a arte da palavra.

Literatura no Ceará - 151


BIBLIOGRAFIA

AZEVEDO, Sânzio. Literatura Cearense. Academia


Cearense de Letras: Fortaleza, 1976.

AZEVEDO, Sânzio. A Padaria Espiritual e o Simbolismo


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ao Grupo Clã. In: Blog Literatura sem Fronteiras. (2010)
Disponível em: http://literaturasemfronteiras.blogspot.
com.br/2010/10/literatura-cearense-dos-oiteiros-ao.html.
Acesso em 27/01/2017

BARBAHO, Alexandre. Cultura e Imprensa Alternativa:


a revista de cultura O Saco Editora da Universidade
Estadual do Ceará, Fortaleza, 2000

BARREIRA, Dolor. História da Literatura Cearense.


Instituto do Ceará: Fortaleza, 1948

BENEVIDES, Artur Eduardo. Evolução da Poesia e


do Romance Cearense, Imprensa Universitária/UFC,
Fortaleza, 1976

152 - Aíla Sampaio


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CORDEIRO, Jaqueline Aragão. Nação Cariri. In: Blog


Coisa de Cearense (20016). Disponível em http://
coisadecearense.com.br/nacao-cariri/ Acesso em
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DAMASCENO, Kedma Janaína Freitas. A vanguarda


concretista no contexto da literatura cearense. Dissertação
de Mestrado – Universidade Federal do Ceará, 2012
Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/
riufc/8087/1/2012_dis_kjfdamasceno.pdf Acesso em
19/02/2017

DIÁRIO DO NORDESTE. História da Bienal. http://


diariodonordeste.verdesmares.com.br/cader nos/
caderno-3/historia-da-bienal-1.8344. Acesso em
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DAMASCENO, Kedma Janaina Freitas. A vanguarda


concretista no contexto da literatura cearense (Dissertação
de Mestrado) Universidade Federal do Ceará, 2012.
Disponível em: http://www.repositorio.ufc.br/handle/
riufc/8087?locale=en Acesso em 22/04/2019

LEÃO, Pedro Henrique. Literapia. In: Jornal O


POVO, 27.03.2013.Disponível em: http://www.
opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/02/27/
noticiasjornalopiniao,3013035/literapia.shtml. Acesso
em 06/03/2017

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MACEDO, Dimas. Literatura e Escritores Cearenses. In:
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MACIEL, Nilto. O Pessoal do Ceará: a novíssima literatura


cearense. 2006. Disponível em: http://www.cronopios.
com.br/content.php?artigo=7696&portal=cronopios
Acesso em 20/02/2017

MACIEL. Nilto. A revista O Saco e o Grupo Siriará. In:


__________ Literatura cearense: dos Oiteiros ao Grupo
Siriará. Fortaleza: Feira do Sebo, fevereiro de 2008

MACIEL, Nilto. Contistas do Ceará (Da Quinzena ao


Caos Portátil). Imprece Editorial: Fortaleza, 2008

NETTO, Raymundo. Os Princípios do Modernismo no


Ceará: esquecimento crônico. In; Blog AlmanaCultura. 23
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no-ceara.html Acesso em 15/01/2017

NETTO, Raymundo. “Do dia em que choveu poesia”. In:


Jornal O POVO, 2007.

SAMPAIO, Dorian e COSTA. Lustosa da. Anuário do


Ceará - Volume 1976. IOCE: Fortaleza, 1978

SESC 70 ANOS. Disponível em: http://www.sesc-ce.com.


br/index.php/cultura.html Acesso em 03/03/2016

154 - Aíla Sampaio


SEREIA DE OURO – 40 ANOS. SVM. Fortaleza, 2011

SILVEIRA, Crisneive. Literatura e boas discussões: veja


10 clubes de leitura para participar em Fortaleza In:
Tribuna do Ceará, 30/12/2018. Disponível em: https://
tribunadoceara.com.br/diversao/cultura/literatura-
e-boas-discussoes-veja-10-clubes-de-leitura-para-
participar-em-fortaleza/

UNIVERSIDADE FEDREAL DO CEARÁ - http://www.


acoesextensionistas.ufc.br/campus-do-benfica/cultura/
projeto-projeto-leituras-na-praca/

UNIFOR ONLINE - https://uol.unifor.br

ZARANZA, Gabrielle. Dos quadrinhos à literatura erótica,


veja roteiro de clubes de leitura em Fortaleza. In: Diário
do Nordeste. 23/01/2019. Disponível em: https://www.
opovo.com.br/vidaearte/exposicoesecursos/2019/01/dos-
quadrinhos-a-literatura-erotica-veja-roteiro-de-clubes-
de-leitura.html

Literatura no Ceará - 155


H ino N acional B rasileiro
Música de Francisco Manoel da Silva
Letra de Joaquim Osório Duque Estrada

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Brasil!


De um povo heróico o brado retumbante, Deitado eternamente em berço esplêndido,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos, Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante. Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte, Do que a terra mais garrida
Em teu seio, ó Liberdade, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
Desafia o nosso peito a própria morte! “Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Ó Pátria amada,
Idolatrada, Ó Pátria amada,
Salve! Salve! Idolatrada,
Salve! Salve!
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce, Brasil, de amor eterno seja símbolo
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, O lábaro que ostentas estrelado,
A imagem do Cruzeiro resplandece. E diga o verde-louro desta flâmula
– Paz no futuro e glória no passado.
Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso, Mas, se ergues da justiça a clava forte,
E o teu futuro espelha essa grandeza Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada,
Entre outras mil, Terra adorada
És tu, Brasil, Entre outras mil,
Ó Pátria amada! És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!
H ino do E stado do C eará
Letra: Thomaz Pompeu Lopes Ferreira
Música: Alberto Nepomuceno

Terra do sol, do amor, terra da luz! Tua jangada afoita enfune o pano!
Soa o clarim que a tua glória conta! Vento feliz conduza a vela ousada;
Terra, o teu nome, a fama aos céus remonta Que importa que teu barco seja um nada,
Em clarão que seduz! Na vastidão do oceano,
- Nome que brilha, esplêndido luzeiro Se, à proa, vão heróis e marinheiros
Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! E vão, no peito, corações guerreiros?!

Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Sim, nós te amamos, em ventura e mágoas!
Chuvas de prata rolem das estrelas... Porque esse chão que embebe a água dos rios
E, despertando, deslumbrada ao vê-las, Há de florar em messes, nos estios
Ressoe a voz dos ninhos... Em bosques, pelas águas!
Há de aflorar, nas rosas e nos cravos Selvas e rios, serras e florestas
Rubros, o sangue ardente dos escravos! Brotem do solo em rumorosas festas!

Seja o teu verbo a voz do coração, Abra-se ao vento o teu pendão natal,
- Verbo de paz e amor, do Sul ao Norte! Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Ruja teu peito em luta contra a morte, E, desfraldando, diga aos céus e aos ares
Acordando a amplidão. A vitória imortal!
Peito que deu alívio a quem sofria Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi o sol iluminando o dia! E foi, na paz, da cor das hóstias brancas!
Mesa Diretora
2019-2020

Deputado José Sarto


Presidente

Deputado Fernando Santana


1º Vice-Presidente

Deputado Danniel Oliveira


2º Vice-Presidente

Deputado Evandro Leitão


1º Secretário

Deputada Aderlânia Noronha


2ª Secretária

Deputada Patrícia Aguiar


3ª Secretária

Deputado Leonardo Pinheiro


4º Secretário
Literatura no Ceará é um livro sem
Mesa Diretora amarras, mesclado de contextos
2019-2020 literários. Hábil, cita e reafirma. A
Deputado José Sarto contento, não é ligeira nem longa
Presidente
sua leitura. Aliás, ler as palavras
Deputado Fernando Santana de Aíla, neste e nos outros livros
1º Vice-Presidente
de sua autoria, é percebê-las com
Deputado Danniel Oliveira sonoridades.
2º Vice-Presidente
Literatura no Ceará fornece-nos um
Deputado Evandro Leitão
1º Secretário estuário histórico de seus criadores,
Deputada Aderlânia Noronha absorvidos em travessias literárias,
2ª Secretária encontros esporádicos e reuniões

Aíla Sampaio - LITERATURA NO CEARÁ


Deputada Patrícia Aguiar reais e virtuais.
3ª Secretária
Aíla acaba de fundar, com este
Deputado Leonardo Pinheiro
4º Secretário livro, por meio da pesquisa, uma
neoacademia, erguida tão somente
da escrita, leituras, relatos e
descobertas, onde seus atores
têm falas atemporais. Academias,
saraus, movimentos literários,
poetas e escritores estão vivos nele.
Ave!
Gylmar Chaves

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ISBN: 978-85-7973-142-6

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