4 - SAMPAIO - Literatura No Ceara PDF
4 - SAMPAIO - Literatura No Ceara PDF
Aíla Sampaio
Aíla Sampaio - LITERATURA NO CEARÁ
LITERATURA NO CEARÁ
Aíla Sampaio
LITERATURA NO CEARÁ
Fortaleza - Ceará
2019
Copyright © 2019 by INESP
Coordenação Editorial
João Milton Cunha de Miranda
Assistente Editorial
Rachel Garcia e Valquiria Moreira
Diagramação
Mario Giffoni
Capa
Totonho Laprovítera
Revisão
Lucia Jacó Rocha
Coordenação de impressão
Ernandes do Carmo
Impressão e Acabamento
Inesp
ISBN: 978-85-7973-142-6
Tolstói
A Sânzio de Azevedo, Batista de Lima, João Soares
Lobo e José Lemos Monteiro; à Vicência Jaguaribe e
Lourdinha Leite Barbosa e à memória de Nilto Maciel,
pelo tanto que me ensinaram.
Gratidão aos amigos que ajudaram na pesquisa
e na publicação, especialmente, a João Milton
Cunha, presidente do INESP, Luzia Batista, Totonho
Laprovítera, Zeca Lemos, Júlia Sampaio e Gylmar
Chaves.
APRESENTAÇÃO
Apresentação - 11
PREFÁCIO
O
livro, Literatura no Ceará, de autoria da
professora Aíla Sampaio, mesmo que tenha
enfrentado grandes obstáculos para nascer,
citando-se as escassas fontes de pesquisa,
conta de forma incrivelmente ampla, a história da nossa
literatura, com foco no movimento fortalezense, do sécu-
lo XVIII até dias atuais.
A obra aborda a formação dos clubes e demais es-
paços literários, das revistas, dos jornais, das academias,
dos eventos e dos prêmios. Uma história obtida por meio
de entrevistas orais com escritores e articuladores cultu-
rais, que, em sua maioria, escreveram para que a socie-
dade pudesse refletir e mudar as situações incômodas.
A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, por
meio do Instituto de Estudos e Pesquisas sobre o Desen-
volvimento do Estado do Ceará (Inesp), oferta à socie-
dade cearense esta publicação que nos mostra o poder
transformador da leitura.
Prefácio - 13
SUMÁRIO
Introdução 17
O Começo 19
Antecipação do Ideário Modernista 22
As Contendas 30
O Ideário Moderno 32
Geração de 60, Pós-Clã – Cada um por si e Deus por
todos 36
Movimentos Pós-Modernos – Geração de 70 41
Movimento Concreto 48
Críticos da Literatura 50
Anos 80 e 90 – Somatório de forças 54
Jornais de Distribuição Gratuita 62
Associações, Sociedades, Agremiações e Academias 64
Grupos e Revistas Contemporâneas – de 2000 até o pre-
sente 73
Grupos e Associações que se reúnem e atuam na
cidade 79
Antologias, Coletâneas e Livros Coletivos 87
Literatura Itinerante 92
Clubes de Leitura/Encontros 99
Espaços para a Literatura na Cidade 108
Prêmios e Eventos 117
Bienal Internacional do Livro 122
Prêmio Jabuti 128
Do Real Para o Virtual – Blogs, Sites e Redes
Sociais 132
Arremate 150
Bibliografia 152
Sumário - 15
INTRODUÇÃO
Literatura no Ceará - 17
cidades, mas que tem o seu trabalho produzido aqui. Em
contrapartida, consideramos inseridos, em nossa pesqui-
sa, cearenses que moram fora do nosso estado, mas se
mantêm ligados a ela pela vida e/ou pela obra. Não se
pretende, aqui, analisar obras ou valorá-las, mas tão so-
mente citá-las na produção do respectivo autor.
Muito do que aqui escrevo foi colhido em conversas
com escritores e articuladores culturais, especialmente,
Batista de Lima, Dimas Macedo, Gylmar Chaves, Juarez
Leitão, Laerte Magalhães, Hermínia Lima, Lourdinha
Leite Barbosa, Mileide Flores, Pedro Salgueiro, Poeta
de Meia-Tigela, Raymundo Netto, Pádua Lopes, Sânzio
de Azevedo e Zélia Sales, haja vista que algumas revis-
tas mais antigas e outras contemporâneas, bem como
alguns espaços, iniciativas, movimentos e agremiações
não constavam em nenhuma bibliografia.
18 - Aíla Sampaio
O COMEÇO
Literatura no Ceará - 19
mo dominava as produções artísticas, já havia o prenún-
cio de que a literatura floresceria no estado do Ceará.
De fato, tivemos a representação do estilo român-
tico, inicialmente, com Juvenal Galeno e seu livro Pre-
lúdios poéticos (1856), que trazia versos românticos e a
celebração de personagens do nosso povo, como o janga-
deiro e o pescador, motivo que se afirmaria em Lendas e
canções populares (1865). Embora seja José de Alencar
(1829-1877) o nome de maior destaque do romantismo,
em nível nacional, ele que, mesmo não vivendo no Ce-
ará, tinha-o como estado natal e utilizou como cenário
de duas obras suas: Iracema (1865) e O sertanejo (1875),
tivemos, além de Galeno, o poeta Joaquim de Sousa, que
já publicava, entre 1870 e1876, poemas no Jornal da Mo-
cidade, e Barbosa de Freitas, que tinha poemas musica-
dos e cantados em serenatas; os dois deram uma amostra
do que foi a poesia ultrarromântica no estado. Por volta
de 1883, despontaram os versos de Antônio Bezerra, An-
tônio Martins e Justiniano de Serpa, reunidos no livro
Três Liras. A obra conjunta marcou a presença do condo-
reirismo em nossa literatura, de modo que os três foram
denominados de “Poetas da Abolição”.
Entre o segundo e o terceiro momento romântico,
em 1972, surgiu uma agremiação mais filosófica do que
literária, que assinalou o início da estética realista: a
Academia Francesa, articulada por Rocha Lima, inspira-
da na Escola de Recife, onde Tobias Barreto difundia as
ideias positivistas e tecia críticas ao Romantismo. Fize-
ram parte do grêmio: Capistrano de Abreu, Rocha Lima,
João Lopes e Amaro Cavalcante; depois, juntaram-se a
eles: Clóvis Beviláqua, Tomás Pompeu e Souza Brasil.
Na crítica, destacou-se Araripe Júnior (que havia escrito
20 - Aíla Sampaio
romances românticos). Muitos dos acadêmicos publica-
vam seus textos no jornal maçom Fraternidade. As reu-
niões do grupo ocorriam na casa de Rocha Lima, situada
na frente do Passeio Público; depois, na sede localizada
na Rua Conde D’Eu. Dessas reuniões saíam as ativida-
des que desenvolviam: tribunas e conferências visando
a críticas à religião, criação da Escola Popular noturna
para os pobres e os trabalhadores. Extinguiu-se em 1875,
por conta de desentendimentos com o Clero, em função
da luta em favor da Maçonaria.
Pouco mais de uma década depois (1886), João Lo-
pes criou o CLUBE LITERÁRIO, e nele reuniu os poetas
românticos: Juvenal Galeno, Virgílio Brígido, Francisca
Clotilde, Martinho Rodrigues, José Carlos Júnior, en-
tre outros. A revista A Quinzena (1887 – 1888), editada
pelo grupo, publicava contos de Oliveira Paiva, narrati-
vas científicas do sanitarista/romancista Rodolfo Teófilo,
pregações críticas de Abel Garcia, bem como produções
de Paulino Nogueira (historiador) e Farias Brito (filóso-
fo). Em 1889 foi publicado o romance realista A Afilha-
da, de Oliveira Paiva, em folhetins do jornal Libertador
e, no ano seguinte, em volume, o romance naturalista A
Fome (1890), de Rodolfo Teófilo, seguido de outras obras
dentro da mesma corrente, como Os Brilhantes (1895) e
O Paroara (1899). Antônio Sales publicou, em 1890, seu
primeiro livro de poemas, Versos diversos, misturando,
segundo o crítico Sânzio de Azevedo (2010), “sentimento
romântico, construção algo neoclássica e leves prenún-
cios parnasianos”.
Literatura no Ceará - 21
ANTECIPAÇÃO
DO IDEÁRIO
MODERNISTA
22 - Aíla Sampaio
dolim), e um pintor, Luís Sá (Corrégio Del Sarto). Joa-
quim Vitoriano (Paulo Kandaslaskaia), como não tinha
nenhum desses talentos, figurava como guarda-costas.
Durante a vigência, a agremiação passou por duas
fases. A primeira, de 1892 a 1894, era cheia de espírito
e pilhéria, época em que, da sacada de um prédio, um
“padeiro” fazia discursos, com barbas postiças, quando
foram Padeiros-mores Antônio Sales (1892 e em 1894);
e Jovino Guedes (Venceslau Tupiniquim). A segunda,
de 1894 a 1898, mais séria, embora as brincadeiras não
tenham desaparecido completamente; foram Padeiros-
-mores: José Carlos Júnior (Bruno Jacy), por dois anos,
e Rodolfo Teófilo (Marcos Serrano), por igual período. O
jornal O Pão teve seis números em 1892; vinte e quatro
em 1895 e seis em 1896.
As obras publicadas pelos padeiros seguiam dife-
rentes tendências: havia românticos: Sabino Batista,
Antônio de Castro (Aurélio Sanhaçu), Álvaro Martins
(Policarpo Estouro), Temístocles Machado (Túlio Guana-
bara), entre outros; e realistas: Adolfo Caminha (A Nor-
malista (1893), Rodolfo Teófilo e Artur Teófilo, além de X.
de Castro (Bento Pesqueiro). Sem classificação quanto
ao estilo, destacaram-se, ainda, na ficção, José de Carva-
lho (Cariri Baraúna) e Eduardo Sabóia (Brás Tubiba). Já
Antônio Sales começava a escrever versos parnasianos.
O Simbolismo cearense ocorreu durante a Padaria,
inspirado em obras portuguesas, especialmente nas de
Antônio Nobre, e não nas brasileiras, como afirma Sân-
zio de Azevedo no livro A Padaria Espiritual e o Simbo-
lismo no Ceará (1983). São exemplos representativos:
Phantos (1893), de Lopes de Filho, e Dolentes (1897), de
Lívio Barreto, este último, livro póstumo.
Literatura no Ceará - 23
O Estatuto da Agremiação2, elaborado por Antônio
Sales, mostra o bom humor do grupo, o espírito crítico,
sobretudo, ao academicismo, demonstra preocupação
social e antecipa algumas das características do Moder-
nismo de 22. Seguem-se os artigos:
1) Fica organizada, nesta cidade de Fortaleza, capital da
“Terra da Luz”, antigo Siará Grande, uma sociedade de
rapazes de Letras e Artes, denominada Padaria Espiri-
tual, cujo fim é fornecer pão de espírito aos sócios em
particular, e aos povos, em geral.
2) A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-Mor
(presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Ga-
veta (tesoureiro), de um Guarda-livros na acepção intrín-
seca da palavra (bibliotecário), de um Investigador das
Coisas e das Gentes, que se chamará Olho da Providên-
cia, e demais Amassadores (sócios). Todos os sócios terão
a denominação geral de Padeiros.
3) Fica limitado em vinte o número de sócios, inclusive a
Diretoria, podendo-se, porém, admitir sócios honorários
que se denominarão Padeiros-livres.
4) Depois da instalação da Padaria, só será admitido
quem exibir uma peça literária ou qualquer outro traba-
lho artístico que for julgado decente pela maioria.
5) Haverá um livro especial para registrar-se o nome co-
mum e o nome de guerra da cada Padeiro, sua natura-
lidade, estado, filiação e profissão a fim de poupar-se à
Posteridade o trabalho dessas indagações.
6) Todos os Padeiros terão um nome de guerra único, pelo
qual serão tratados e do qual poderão usar no exercício
de suas árduas e humanitárias funções.
2 Estatuto transcrito do livro Literatura Cearense, de Sânzio de Azevedo (1976).
24 - Aíla Sampaio
7) O distintivo da Padaria Espiritual será uma haste de
trigo cruzada de uma pena, distintivo que será gravado
na respectiva bandeira, que terá as cores nacionais.
8) As fornadas (sessões) se realizarão diariamente, à
noite, à excepção das quintas-feiras, e aos domingos, ao
meio-dia.
9) Durante as fornadas, os Padeiros farão a leitura de pro-
duções originais e inéditas, de quaisquer peças literárias
que encontrarem na imprensa nacional ou estrangeira e
falarão sobre as obras que lerem.
10) Far-se-ão dissertações biográficas acerca de sábios,
poetas, artistas e literatos, a começar pelos nacionais,
para o que se organizará uma lista, na qual serão desig-
nados, com a precisa antecedência, o dissertador e a víti-
ma. Também se farão dissertações sobre datas nacionais
ou estrangeiras.
11) Essas dissertações serão feitas em palestras, sendo
proibido o tom oratório, sob pena de vaia.
12) Haverá um livro em que se registrará o resultado das
fornadas com o maior laconismo possível, assinando to-
dos os Padeiros presentes.
13) As despesas necessárias serão feitas mediante finta
passada pelo Gaveta, que apresentará conta do dinheiro
recebido e despendido.
14) E proibido o uso de palavras estranhas à língua ver-
nácula, sendo, porém, permitido o emprego dos neolo-
gismos do Dr. Castro Lopes.
15) Os Padeiros serão obrigados a comparecer à fornada,
de flor à lapela, qualquer que seja a flor, com excepção
da de chichá.
Literatura no Ceará - 25
16) Aquele que durante uma sessão não disser uma pi-
lhéria de espírito, pelo menos, fica obrigado a pagar no
sábado café para todos os colegas. Quem disser uma pi-
lhéria superiormente fina, pode ser dispensado da multa
da semana seguinte.
17) O Padeiro que for pegado em flagrante delito de plá-
gio, falado ou escrito, pagará café e charutos para todos
os colegas.
18) Todos os Padeiros serão obrigados a defender seus
colegas da agressão de qualquer cidadão ignáro e a tra-
balhar, com todas as forças, pelo bem-estar mútuo.
19) É proibido fazer qualquer referência à rosa de
Maiherbe e escrever nas folhas mais ou menos perfuma-
das dos álbuns.
20) Durante as fornadas, é permitido ter o chapéu na ca-
beça, exceto quando se falar em Homero, Shakespeare,
Dante, Hugo, Goethe, Camões e José de Alencar porque,
então, todos se descobrirão.
21) Será julgada indigna de publicidade qualquer peça
literária em que se falar de animais ou plantas estranhos
à Fauna e à Flora brasileiras, como: cotovia, olmeiro,
rouxinol, carvalho etc.
22) Será dada a alcunha de “medonho” a todo sujeito
que atentar publicamente contra o bom senso e o bom
gosto artísticos.
23) Será preferível que os poetas da “Padaria” externem
suas idéias em versos.
24) Trabalhar-se-á por organizar uma biblioteca, empre-
gando-se para isso todos os meios lícitos e ilícitos.
26 - Aíla Sampaio
25) Dirigir-se-á um apelo a todos os jornais do mundo,
solicitando a remessa dos mesmos à biblioteca da “Pa-
daria”.
26) São considerados, desde já, inimigos naturais dos Pa-
deiros - o Clero, os alfaiates e a polícia. Nenhum Padeiro
deve perder ocasião de patentear seu desagrado a essa
gente.
27) Será registrado o fato de aparecer algum Padeiro com
colarinho de nitidez e alvura contestáveis.
28) Será punido com expulsão imediata e sem apelo o
Padeiro que recitar ao piano.
29) Organizar-se-á um calendário com os nomes de to-
dos os grandes homens mortos, Haverá uma pedra para
se escrever o nome do Santo do dia, nome que também
será escrito na Ata, em seguida à data respectiva. 30) A
“Avenida Caio Prado” é considerada a mais útil e a mais
civilizada das instituições que felizmente nos regem, e,
por isso, ficará sob o patrocínio da Padaria.
31) Encarregar-se-á um dos Padeiros de escrever uma
monografia a respeito do incansável educador Professor
Sobreira e suas obras.
32) A “Padaria” representará ao Governo do Estado con-
tra o atual horário da Biblioteca Pública e indicará um
outro mais consoante às necessidades dos famintos de
idéias.
33) Nomear-se-ão comissões para apresentarem rela-
tórios sobre os estabelecimentos de instrução pública e
particular da Capital relatórios que serão publicados.
Literatura no Ceará - 27
34) A Padaria Espiritual obriga-se a organizar, dentro do
mais breve prazo possível, um Cancioneiro Popular, ge-
nuinamente cearense.
35) Logo que estejam montados todos os maquinismos, a
Padaria publicará um jornal que, naturalmente, se cha-
mará O Pão.
36) A Padaria tratará de angariar documentos para um
livro contendo as aventuras do célebre e extraordinário
Padre Verdeixa.
37) Publicar-se-á , no começo de cada ano, um almana-
que ilustrado do Ceará contendo indicações uteis e inú-
teis, primores literários e anúncios de bacalhau.
38) A Padaria terá correspondentes em todas as capitais
dos países civilizados, escolhendo-se para isso literatos
de primeira água.
39) As mulheres, como entes frágeis que são, merecerão
todo o nosso apoio excetuadas: as fumistas, as freiras e as
professoras ignorantes.
40) A Padaria desejaria muito criar aulas noturnas para a
infância desvalida; mas, como não tem tempo para isso,
trabalhará por tornar obrigatório a instrução pública
primada.
41) A Padaria declara desde já guerra de morte ao ben-
degó do “Cassino”.
42) É expressamente proibido aos Padeiros receberem
cartões de troco dos que atualmente se emitem nesta Ca-
pital.
43) No aniversário natalício dos Padeiros, ser-lhes-á ofe-
recida uma refeição pelos colegas.
28 - Aíla Sampaio
44) A Padaria declara embirrar solenemente com a sec-
ção “Para matar o tempo” do jornal “A Republica”, e, as-
sim, se dirigirá à redação desse jornal, pedindo para aca-
bar com a mesma secção.
45) Empregar-se-ão todos os meios de compelir Mané
Coco a terminar o serviço da “Avenida Ferreira”.
46) O Padeiro que, por infelicidade, tiver um vizinho que
aprenda clarineta, pistom ou qualquer outro instrumento
irritante, dará parte à Padaria que trabalhará para pôr
termo a semelhante suplício.
47) Pugnar-se-á pelo aformoseamento do Parque da Li-
berdade, e pela boa conservação da cidade, em geral.
48) Independente das disposições contidas nos artigos
precedentes, a Padaria tomará a iniciativa de qualquer
questão emergente que entenda com a Arte, com o bom
Gosto, com o Progresso e com a Dignidade Humana.
Amassado e assado na “Padaria Espiritual”, aos 30
de Maio de 1892.
A agremiação deixou de existir no ano de 1898.
A repercussão do movimento ecoa até os nossos
dias. Além de dissertações e teses defendidas sobre ele,
foi publicada, em 2005, a primeira edição do livro É pra
Ler ou pra Comer?, de Socorro Acioli, pela Editora De-
mócrito Rocha, contando a história do grupo. Há também
um documentário – A Padaria Espiritual3 – realizado pelo
escritor e cineasta Felipe Barroso, em 2009, com a parti-
cipação de Sânzio Azevedo, Gilmar de Carvalho, Batista
de Lima e Regina Pamplona Fiúza.
3 Em 2012, a X Bienal Internacional do Livro do Ceará teve como tema “Padaria Espiritual – O
Pão do Espírito para o Mundo”, prestando homenagem aos 120 anos da agremiação.
Literatura no Ceará - 29
AS CONTENDAS
30 - Aíla Sampaio
pernambucano radicado em Fortaleza; Cruz Filho, com
o livro Poemas dos belos dias (1924); Júlio Maciel, autor
de Terra mártir (1918); Carlos Gondim, com os Poemas
do Cárcere (1923); Antônio Furtado, Irineu Filho e Mário
Linhares, Otacílio de Azevedo e Carlyle Martins. O Pa-
dre Antônio Tomás, embora seja contemporâneo desses
poetas, escrevia versos de tendência romântica e só os
publicava esparsamente, sem reuni-los em livro, o que
somente foi feito após a sua morte. Já rompendo com a
estética da perfeição formal, surge Mário da Silveira,
com a prática do verso livre. Seu livro, Coroa de rosas
e espinhos, foi publicado em 1922, após a sua morte. O
grupo de desfez em 1904.
Literatura no Ceará - 31
O IDEÁRIO
MODERNO
32 - Aíla Sampaio
do que seria de se esperar. Mozart Firmeza, à maneira
do Ribeiro Couto dos primeiros tempos, está mais para
penumbrista, com seus versos em surdina (AZEVEDO,
2010). Note-se, outra vez, que os poetas se reúnem numa
publicação, como a somar forças e talentos para fazer vi-
ver a literatura.
O cenário começa a adquirir novos contornos quan-
do, em 1928, Demócrito Rocha, que se apresentava no
mundo literário com o pseudônimo Antônio Garrido, fun-
da o jornal O Povo e abre espaço para a poesia. Filguei-
ras Lima, Edigar de Alencar, Heitor Marçal, Rachel de
Queiroz (na época escrevia poemas), Martins d’Alvarez,
Jáder de Carvalho, Franklin Nascimento, Sidney Neto
e Mozart Firmeza, Silveira Filho e Suzana de Alencar
Guimarães publicam textos notadamente modernistas
no suplemento MARACAJÁ (1929), do qual saíram dois
números. Alguns deles publicavam na Revista Antropo-
fagia, de São Paulo. Em 1931, sai um só número do novo
suplemento, denominado CIPÓ DE FOGO, onde escre-
viam os poetas já citados, João Jacques e Beni Carvalho.
Um ano antes, Raquel de Queiroz havia publicado o ro-
mance O Quinze (1930), que teve consagração nacional
na prosa regionalista que marcou a segunda fase moder-
nista brasileira.
A literatura continuava a ser produzida, mas sem
fidelidade ao estilo moderno: alguns expunham a sua
estética revolucionária; outros se mantinham ligados
ao Parnasianismo; outros, ainda, ao Simbolismo, quan-
do surgiu, nos anos 40, o Grupo Clã. As edições tiveram
início em 1943, e a revista Clã número zero foi publi-
cada em 1946, no mesmo ano em que saíram os livros:
Noite Feliz, de Fran Martins; Face iluminada, de Edu-
Literatura no Ceará - 33
ardo Campos; Roteiro de Eça de Queirós, de Stênio Lo-
pes, e Os Hóspedes, reunindo poemas de Aluízio Me-
deiros (1918-1971), Antônio Girão Barroso (1914-1990),
Otacílio Colares (1918-1990), Fran Martins (1913-1996)
e Artur Eduardo Benevides (1923-2014). Fizeram tam-
bém parte do grupo: Antônio Martins Filho (1904-2002),
Braga Montenegro (1907-1979), João Clímaco Bezerra
(1913-2006), Joaquim Alves (1894-1952), Lúcia Fernan-
des Martins (1924-2004), Moreira Campos (1914-1994)
e Mozart Soriano Aderaldo (1917-1995). Bem posterior-
mente entrariam no grupo Cláudio Martins (1910-1995),
Milton Dias (1919-1983), Durval Aires (1922-1992) e Pe-
dro Paulo Montenegro (1928-2019).
Embora a agremiação não tivesse estatuto nem se
assumisse como um grupo, além do número zero, foram
publicados, de 1948 a 1988, vinte e nove números da re-
vista Clã. Sânzio de Azevedo, no livro Literatura Cearen-
se (1976, p. 427), afirma que “o Grupo Clã veio trazer,
como contribuição mais importante às nossas letras, a
definitiva implantação do Modernismo no Ceará, numa
época em essa corrente já não precisava dos rasgos ico-
noclastas de outros tempos”.
Sobre a importância do grupo para a cultura cea-
rense, Artur Eduardo Benevides, um de seus fundadores,
declarou:
Literatura no Ceará - 35
GERAÇÃO DE 60,
PÓS-CLÃ – CADA
UM POR SI E DEUS
POR TODOS
Literatura no Ceará - 37
(1979); Ordem e Desordem (1982); Guerreiros da Fome
(1984): Estação da Morte, O Enigma e O Sonho (roman-
ces que formam a trilogia); Tempo dos Mortos; Editor de
Insônia (1964); Equinócio (teatro, 1973), entre outros. Fi-
cou conhecido como o “Poeta Maldido”, por conta de sua
verve ácida, por vezes erótica e profana; foi, sobretudo,
um espírito rebelde que se identificou com o surrealismo
e a temáticas sexo e morte.
Mário Gomes (1950-2014), do mesmo período, mas
deslocado por conta de seu desequilíbrio psíquico, fez-se
o poeta andarilho e era sempre visto na Praça do Ferreira
ou no Centro Cultural Dragão do Mar, vestido com pale-
tó e calçando sapato social, ostentando seu corpo sujo e
encurvado, invariavelmente bêbado e delirante. Come-
çou a escrever poemas em tenra idade, sempre marcados
pela ironia e pelo anseio de ser livre, recebendo, por isso,
o apelido de “Poeta Descomunal”. Morreu aos 67 anos,
deixando oito livros publicados.
No final dos anos 60, retoma-se a tradição dos grupos
e surge, em 1968, o SIN (de sincretismo) sob os auspícios
dos poetas Roberto Pontes, Horácio Dídimo, Pedro Lyra,
Linhares Filho e Rogério Bessa, visando à renovação das
letras cearenses. O primeiro publicou o seu primeiro li-
vro de poesia, Contracanto, pelas Edições SIN, no mesmo
ano de fundação do grupo. Desfez-se em 1969, deixando
publicada uma Sinantologia, com textos dos fundadores e
de outros escritores que aderiram ao movimento. Os fun-
dadores seguiram o seu caminho pela trilha das letras.
Rogério Bessa investiu mais na carreira docente na UFC;
Horácio Dídimo, do mesmo modo, mas sempre escre-
vendo e publicando, inclusive com expressiva passagem
pelo Neoconcretismo, como falaremos adiante. Linhares
38 - Aíla Sampaio
Filho, além da carreira docente, dedicou-se à crítica li-
terária e à poesia, que lhe inspirou, dentre os tantos li-
vros publicados, Sumos do tempo (1968), Voz das coisas
(1979), Frutos da noite de trégua (1983), Tempo de colhei-
ta (1987), Andanças e marinhagens (1993), Notícias de
Bordo (2007), Cantos de Fuga e Ancoragem (2007), Itine-
rário: 45 anos de poesia (2015). Já Roberto Pontes, dedi-
cando-se à docência e aos estudos literários, fez jus à aus-
piciosa estreia com Contracanto (1968), e publicou, entre
outras obras, Lições de espaço (1971), Temporal (1976),
Memória corporal (1982), Verbo encarnado (1996), Breve
Guitarra Galega (2002), Hierba Buena/Erva Boa (2007),
Cinquenta poemas escolhidos pelo autor (2010), Lições de
tempo & Os movimentos de Cronos (2012). Verbo encar-
nado e 50 Poemas escolhidos pelo autor tiveram a belíssi-
ma publicação em formato de minilivro no ano de 2014.
Pedro Lyra, por sua vez, além de construir sólida carrei-
ra docente em Fortaleza e, depois, no Rio de Janeiro, e
afirmar-se como ensaísta, publicou expressiva obra em
versos, com incursões que vão do soneto a experiências
vanguardistas; pode-se destacar, entre muitas: Sombras
– Poemas da dúvida (1967), Doramor – Uma trajetória da
paixão (1969), Decisão – Poemas dialéticos (1983/1985),
Desafio – Uma poética do amor (1991/2001/2002), Argu-
mento – Poemythos globais (2006), Ideações – 30 Sonetos
conceptuais (2012), Poderio – Um poema jurídico em 75
Autos (2013), Protesto – Estados de Ser (2014), Situações –
Mini-Anti-Parábolas da Civilização e da Ética (2015).
Retomando a literatura dos anos 60, registramos
que, já no final deles, em 12 de abril de 1969, tem iní-
cio O Clube dos Poetas Cearenses, criado por alunos do
Colégio Liceu do Ceará. Os encontros ocorriam na Casa
de Juvenal Galeno, coordenada por Nenzinha, filha do
Literatura no Ceará - 39
patriarca da nossa poesia. Entre os fundadores estão:
Carneiro Portela, Pádua Lima e João Bosco Dantas. As
atividades que empreendiam eram diversificadas: orga-
nização e publicação de antologias, publicações de tex-
tos em revistas e jornais, realização de eventos como a
“Semana de Estudos de Literatura Cearense” e o “Festi-
val de Poesias”. Foram lançadas quatro antologias, ten-
do sido a última em 1981, publicada pela Secretaria da
Cultura do Ceará, com organização de Carneiro Portela,
capa de Rosemberg Cariry sobre desenho de Luiz Cari-
mai. Tiveram participação, além dos fundadores citados,
Cândido B. C. Neto, Dimas Macedo, Alex Studart, Ed-
milson Caminha Jr., Juarez Leitão e Mário Nogueira.
Fizeram, ainda, parte do Clube: Vicente Freitas,
Márcio Catunda, Guaracy Rodrigues, Stênio Freitas,
Costa Senna, Ricardo Guilherme, Aluísio Gurgel do
Amaral Jr. e Mário Gomes, que, segundo depoimentos,
chegou a dormir muitas vezes na casa.
Distante dos grupos e das contendas, em 1956 foi
publicado o primeiro livro de Antônio Gonçalves da Sil-
va, o Patativa do Assaré, ‘poeta matuto’ do interior, que
sabia mais de versificação do que muitos acadêmicos
da capital. À Inspiração Nordestina (1956), seguiram-se
Cantos do Patativa (reedição de Inspiração Nordestina
com acréscimos, 1967), Patativa do Assaré: novos poe-
mas comentados (1970), Cante lá que eu canto cá (1978),
Ispinho e Fulô (1988) e Aqui tem coisa (1994).
Deslocada dos grupos locais, teve expressão tam-
bém a poeta Ieda Estergilda de Abreu, com as publica-
ções: Mais um livro de poemas (1970), Apostilas Poéti-
cas, (1980), Grãos - poemas de lembrar a infância (1985)
e A véspera do grito (2001).
40 - Aíla Sampaio
MOVIMENTOS
PÓS-MODERNOS –
GERAÇÃO DE 70
Literatura no Ceará - 41
uma publicação mensal de cultura. A partir do nº 5, tor-
nou-se “uma revista nordestina de cultura”, apesar de,
desde o primeiro número, publicar colaborações de es-
critores de todo o Brasil e até do exterior. Reunia escri-
tores de postura antiacadêmica e revolucionária, como:
Manoel Raposo (1933), Jackson Sampaio (1941), Nilto
Maciel (1945) e Carlos Emílio Correia Lima (1956), seus
fundadores, e circulava, cada edição, com 6 mil exem-
plares. Fechou em 1977, com o fascículo nº 7, por conta
de falta de anúncios publicitários (os que existiam eram
dos livreiros que faziam parte do grupo) e consequentes
problemas de distribuição, que era limitada às bancas
de Fortaleza e região. Fala-se também que as contendas
entre os líderes do grupo contribuíram para o fim dele.
Alexandre Barbalho (2000) declara ter sido contra a ideia
de circulação nacional, bem como não apoiou o caráter
comercial e empresarial que ela acabou tomando. Diz ele
que “Queria uma coisa independente, marginal, alterna-
tiva, feita por escritores novos e sem vez no mercado edi-
torial” (BARBALHO, 2000) e com outro formato estético.
O primeiro número foi distribuído pela Distribuido-
ra Cultural de Publicações; já o segundo ficou por conta
da Distribuidora Edésio, ambas de Fortaleza. As cinco
edições seguintes foram entregues à empresa carioca
Superbancas, a mesma que fazia a distribuição do Jornal
do Brasil; a revista pôde ser encontrada nas bancas de to-
das as capitais do Brasil até o rompimento do contrato da
empresa distribuidora. Foi feita uma Campanha em For-
taleza - “Vamos deixar O Saco morrer?” -, convocando
os escritores para uma reunião aberta, no dia 11 de abril
de 1977, na sede da Associação Cearense de Imprensa, a
fim de pensar a continuidade da publicação. Como pou-
42 - Aíla Sampaio
cos compareceram (apenas 15), segundo Barbalho, até
mesmo Carlos Emílio Correia Lima e Nilto Maciel, dois
dos quatro editores da revista faltaram, não houve como
dar seguimento ao periódico. Após o fechamento, Ma-
ciel, inspirado na Revista Ficção, do Rio de Janeiro, criou
uma nova revista “feita por escritores novos e sem vez
no mercado editorial”: a Literatura (1991), aberta para
todas as tendências literárias e para escritores nacionais
e estrangeiros.
Ressaltamos a produção literária de Carlos Emílio,
criador das Rodas de Poesias, recitais no Centro Cultural
Dragão do Mar, e editor de várias publicações literárias,
como a já citada revista O Saco, a revista Cadernos Rio-
arte (1985); o jornal Letras&Artes (1990) e a revista Ar-
raia PajéurBR4 (2012). Publicou os romances: A Cacho-
eira das Eras, A Coluna da Clara Sarabanda (1979), Além
Jericoacoara, o observador do Litoral (1982), Pedaços da
História Mais Longe (1997), Maria do Monte, O romance
inédito de Jorge Amado (2008). Contos: Ofos (1984), O
romance que explodiu (2006). Ensaio: Virgilio Varzea: os
olhos de paisagem do cineasta do Parnaso (2002), entre
outros.
Dois anos depois, em 14 de julho de 1979, publicou-
-se o “Manifesto SIRIARÁ”, posicionando-se “contra a
ritualística de um passado literário que formal e conteu-
disticamente não mais representa a realidade nordestina
do momento”. [...] “Somente dentro dessa roupagem nos
permitem lançar nacionalmente nossa ‘mercadoria’”. Os
remanescentes do CLUBE DOS POETAS e do SACO,
junto a outros jovens – os poetas Rogaciano Leite Filho,
Nirton Venâncio, Oswald Barroso, Adriano Espínola, en-
tre outros - criaram, então, um movimento literário en-
Literatura no Ceará - 43
volvendo “todos os autores do Ceará, independente de
estilos, crenças e ideologias”, como disse certa noite, no
Estoril, Rogaciano a Aírton Monte. Surgiu o Grupo SI-
RIARÁ que, de acordo com o Manifesto, se posicionava:
1) Contra a ritualística de um passado que formal e con-
teudisticamente não mais representa a realidade nordes-
tina do momento. Viva Graciliano, José Américo, Zé Lins
do Rego, O Quinze, de Rachel, João Cabral, Grupo Clã...
Viva. Como lição, roteiro, experiência. Superação, não
supressão. A seca e o sonho continuam. A favor de um
texto terra (conteúdo); de um texto mestiço (forma); de
um texto Siriará (intenção e linguagem).
2) Contra o colonialismo interno do sul e a condenação
regionalista da literatura nordestina. A favor de uma li-
teratura sem vassalagem, nordestinagem, inferioridade.
Pensar e sentir o Nordeste e ter o direito de perguntar
pelo Brasil. E não somente o Nordeste, território à parte.
3) Contra modelos e formas de pensar e escrever impor-
tados – impostados, impostos – pastagem alienante da
culturália tupiniquim mal pensante. A favor de uma lite-
ratura brasileira brasílica. Autóctone. Sem totens nem ta-
bus. Sem “fervor reverencial” à cultura da solene mamãe
Europa e adjacências e/ou do executivo caubói do Ari-
zona. O universo situado a partir de um discurso e uma
linguagem crítica que reflitam a nossa própria situação/
condição histórica. Pensar e sentir o Brasil no mundo. E
o mundo no Brasil. A favor de uma escritura nordestina/
brasileira, brasileira/planetária. Força centrípeta e cen-
trífuga da linguagem. Da literatura. Da História. Da sa-
bedoria cosmo-nativa.
44 - Aíla Sampaio
4) Contra toda forma de opressão, de repressão políti-
ca e/ou cultural. Fora, fuuu – a máscara policialesca da
moral e dos bons costumes (literários). Fora a censura
planaltina. Fora, fuuu – todas as patrulhas. E todos os
pulhas ideológicos e literários. Queremos a verdade e a
sinceridade. Ainda que tarde. Pra tudo rimar com Liber-
dade. A favor de uma literatura de combate, de questio-
namento, de indagação. De si mesma. Do indivíduo. Da
sociedade. Do Brasil D. R. isto é, Depois de Rosa. Aqui e
sempre. AVE, PALAVRA”.
O Manifesto, antes da publicação, foi assinado pe-
los escritores: Adriano Epínola, Antonio Rodrigues de
Sousa, José Batista de Lima, Airton Monte, Carlos Emílio
Correa Lima, Eugênio Leandro, Fernanda Teixeira Gur-
gel do Amaral, Floriano Martins, Geraldo Markan Fer-
reira, Jackson Sampaio, Joyce Cavalcante, Lydia Teles,
Paulo Barbosa, Paulo Veras, Rogaciano Leite Filho, Ro-
semberg Cariry, Sílvio Barreira, Márcio Catunda, Mary-
se Sales Silveira, Marly Vasconcelos, Natalício Barroso
Filho, Nilto Maciel, Nirton Venâncio e Oswald Barroso.
Maciel (2006) afirma que o grupo, além de editar
livros, promoveu um seminário, com a leitura e discus-
são de textos dos seus membros; participou de encontros
com estudantes; publicou uma revista-antologia e um
suplemento especial no jornal O Povo, edição de mais
de vinte mil exemplares, criteriosamente elaborado, com
fotografias, biografias, depoimentos e textos de todos os
seus integrantes, além do manifesto. Surgiram propos-
tas, como a veiculação de um jornal e a organização de
uma antologia de escritores cearenses, que, entretanto,
não se realizaram. Dimas Macedo, no ensaio Literatura e
Escritores Cearenses, assegura que o Grupo Siriará não
Literatura no Ceará - 45
deixou “uma contribuição significativa, enquanto movi-
mento de renovação estética e literária. Foi uma atitude
muito mais do que um grupo literário com disposição de
aglutinar uma proposta concreta de ação ou coisa que o
valha” (MACEDO, 2011).
Nesse contexto, se destaca Rogaciano Leite Filho
(1954-1992) jornalista e poeta, figura marcante da boe-
mia e do meio cultural cearense nas décadas de 70 e 80.
Incentivava os novos escritores e abria espaço para eles
nos jornais. Como jornalista, construiu sólida carreira no
jornal O Povo, editando o Caderno Vida & Arte e escre-
vendo a coluna Em Off. Em 1984, ele organizou uma An-
tologia com os poemas de José Alcides Pinto – José Alci-
des Pinto – Antologia Poética, publicada pela Secretaria
de Cultura. Deixou publicados dois livros: Pão Mofado
(1975, poemas), em parceria com Alberto Castelo Bran-
co, prefaciado por Jáder de Carvalho e com ilustrações
de Mino e Heloísa Juaçaba; e A História do Ceará passa
por essa rua, uma compilação de textos publicados no
jornal O Povo, após sua morte, retratando personagens
importantes da história cearense que dão nome às ruas e
contando a trajetória deles: estão presentes fatos históri-
cos como o assassinato do Major Facundo, o fuzilamento
de Feliciano Carapinima no Centro de Fortaleza, a ma-
nifestação de 25 de março pela liberdade dos negros, en-
tre tantos. Esse livro foi editado em 2002 pela Editora
Demócrito Rocha. No Centro Cultural Dragão do Mar, a
praça de apresentação em baixo da passarela tem o seu
nome.
Outra figura lendária da nossa cidade é a do médico
Aírton Monte (1949-2012), que estreou, no gênero con-
to, com o volume O Grande Pânico (1979), mas exerci-
46 - Aíla Sampaio
tou outros gêneros, como a poesia e a crônica, na coluna
que assinava do caderno Vida & Arte do Jornal O Povo.
Destaque-se Moça com flor na boca: crônicas escolhidas
(2005), livro que ficou durante alguns anos com indica-
ção de leitura para prova do vestibular da Universidade
Federal do Ceará.
Literatura no Ceará - 47
MOVIMENTO
CONCRETO
48 - Aíla Sampaio
Lúcifer (1954), As Pontes (1955), sobretudo, em Concreto:
Estrutura Visual-Gráfica (1956).
Embora tardias do ponto de vista cronológico, as
obras Concretemas (1983), de Pedro Henrique Saraiva
Leão, e A Nave de Prata (1991), de Horácio Dídimo, tam-
bém ilustram a presença do concretismo na literatura
aqui produzida. Em Tempo de Chuva (1967), Tijolo de
Barro (1968), Passarinho Carrancudo (1980), A palavra
e a PALAVRA (1980), de Dídimo, há a presença de po-
emas concretos em meio a outras tendências que ele
exercita sempre em poemas curtos e inquietantes. Pedro
Henrique Saraiva Leão, com Concretemas (1983), como
o próprio título anuncia, faz o marco da estética em nosso
estado. Não totalmente fora do estilo aludido, mas dialo-
gando com ele sem compromisso, destacam-se também,
de sua lavra, Ilha da canção (1983), Poeróticos (1984),
Meus Eus (1995) e Trívia: 1 livro fora do com/um (1996).
Pedro Lyra, com sua série de poemas postais, também
incursiona pelo movimento; a primeira foi lançada em
Fortaleza e no Rio de Janeiro em 1970.
Literatura no Ceará - 49
CRÍTICOS DA
LITERATURA
Literatura no Ceará - 51
artigos, 2006). Já José Alcides Pinto deixou a sua contri-
buição com Política da Arte I e II (1981, 1986) e com os
inúmeros prefácios que escreveu para autores conterrâ-
neos, bem como resenhas para jornais.
Aos estudos de Azevedo, Nascimento e Maciel,
agregam-se obras de estudiosos da nossa literatura,
como o professor e romancista José Lemos Monteiro, que
escreveu com percuciência sobre três escritores cearen-
ses: O universo mí(s)tico de José Alcides Pinto (1979), O
discurso literário Moreira Campos (1980) e O compromis-
so literário de Eduardo Campos (1981), além de ter prefa-
ciado várias obras de escritores da terra. José Batista de
Lima, professor, poeta e contista, autor de livros de poe-
mas, contos e ensaios, entre os quais: Moreira Campos:
A escritura da ordem e da desordem (1993), Os vazios
repletos (1993), O fio e a meada (2000), que é incansá-
vel divulgador da nossa literatura, escrevendo, semanal-
mente, artigos sobre obras recém-publicadas na capital
cearense em coluna do Jornal Diário do Nordeste. Dimas
Macedo, poeta e jurista, que já publicou várias obras
com artigos sobre escritores da terra, por vezes, incluin-
do seus nomes junto aos nacionais: Leitura e Conjuntura
(1984), Ossos do Ofício (1992), Crítica Imperfeita, (2001),
Crítica Dispersa (2003), Ensaios e Perfis (2004), A Letra e
o Discurso (2006, 2ª ed. 2014), Crítica e Literatura (2008),
Resenhas e Perfis (2016), entre várias.
Vianney Mesquita, autor de duas dezenas de livros,
destaca-se como crítico da nossa literatura com: Impres-
sões – Estudos de Literatura e Comunicação (1989), Res-
gate de Ideias (1996), Os Versos Ecléticos de Vasques Filho
- Estudo Introdutório. (1998); Fermento na Massa do Texto
(2001); Repertório Transcrito (2003), Arquiteto a Posteriori
52 - Aíla Sampaio
(2013), R.H.F.- Tributo ao Mestre que Ensinou Fazendo
(2014 – com Karla Farias), Nuntia Morata (2014), Esbo-
ços e Arquétipos (2016), Encontro de Contas - Balanço de
Crônicas e Juízos Literários (2017), Reservas da minha
Étagère – Aproximações Literocientíficas (2017), bem
como com prefácios e artigos em livros e revistas cientí-
ficas. Teoberto Landim, poeta e romancista, autor de seis
livros de ensaios, alterna estudos sobre obras literárias
diversas, inclusive as cearenses em: Seca: a estação do
inferno (1992), Trocando em Miúdos (1984) e Ideia, pra
que te quero (2004). Já Dias da Silva dá a sua contribui-
ção com Ficção e Poesia (Organizador, 1981), e com os
10 volumes de Da Pena ao Vento, cujo primeiro volume
foi publicado em 1981. Ele publica também apreciações
críticas no jornalzinho Binóculo, de que é editor.
O jornalista Raymundo Netto, autor de Cadeiras na
calçada – um conto no passado (2004) tem sido, além de
articulista de jornal, um pesquisador e grande divulga-
dor de obras e eventos literários de Fortaleza. Mantêm-
-se igualmente ativos, resenhando e prefaciando obras
de escritores da terra: Lourdinha Leite Barbosa, Linhares
Filho, Hermínia Lima, Sarah Diva Ipiranga, Juarez Lei-
tão, Aíla Sampaio, Vládia Mourão, Carlos Emílio Correia
Lima, Pedro Salgueiro, Carlos Augusto Viana e o poeta
de Meia-Tigela.
A crítica universitária permanece atenta, não sendo
raras as dissertações de Mestrado que saem da UFC com
estudos sobre Moreira Campos, Pedro Henrique Saraiva
Leão, Pedro Lyra, José Alcides Pinto, Roberto Pontes e os
diversos movimentos literários.
Literatura no Ceará - 53
ANOS 80 E 90 –
SOMATÓRIO DE
FORÇAS
54 - Aíla Sampaio
Podiam-se ouvir os gritos que vinham de cima do prédio:
“Poetas pelas Diretas!”.
No Crato, também o desejo de fermentar a cultura
se manifestava com uma turma de artistas e produtores
culturais cearenses que se reuniam, nas férias de janeiro
de 1979, com o objetivo de criar um movimento artístico
e cultural novo e um jornal que tivesse boa circulação
para unir a arte popular tradicional à dos artistas con-
temporâneos. O nome – Nação Cariri – foi escolhido para
homenagear os índios Cariris e a luta deles contra os co-
lonizadores, na chamada Confederação dos Cariris.
O grupo fundador é quase o mesmo que fazia o
movimento “Por Exemplo”, que lhe foi anterior: Rosem-
berg Cariry foi um dos fundadores, ao lado de Jackson
Bantin, José Wilton (Dedê), Cleivan Paiva, Teta Maia,
José Roberto França, Emérson Monteiro, Geraldo Ura-
no, Pachelly Jamacaru, Zé Nilton, Luiz Carlos Salatiel,
Stênio Diniz, Jefferson de Albuquerque Jr., Valmir Pai-
va, Luiz Karimai e Decas. Foram colaboradores: Tiago
Araripe, Hermano Penna, Francisco Assis do S. Lima (de
São Paulo); Ronaldo Brito (de Recife) e Oswald Barroso,
Firmino Holanda, Marta Campos, Itamar do Mar e Car-
los Emílio Correa, entre outros (em Fortaleza). Durante a
segunda fase do jornal, entre outros, colaboraram: Nata-
lício Barroso, o livreiro Gabriel José da Costa, Fernando
Néri, Floriano Martins, Rejane Reinaldo, Joana Borges,
Fátima Magalhães, Juarez Carvalho, Pingo de Fortale-
za, Ronaldo Cavalcante, Diogo Fontenelle, Nilze Costa e
Silva, Ronaldo Lopes, Alan Kardec e Luciano Maia.
O grupo criou o jornal com o seu mesmo nome –
NAÇÃO CARIRI, que era distribuído em várias cidades
do interior cearense e em algumas capitais brasileiras,
Literatura no Ceará - 55
por meio de seus correspondentes. Mas foi em Fortaleza
que o periódico se afirmou, atuando nas áreas de música
(promoção de shows, editoria de discos), teatro (peças em
sindicatos, bairros e campanhas políticas progressistas),
literatura (publicações e recitais públicos), artes plásti-
cas (ilustrações de livros e exposições) e cinema (reali-
zação de curtas-metragens sobre cultura popular). Como
editora, publicou vários livros de autores cearenses, bem
como álbuns de desenho, cartazes e folhetos.
O objetivo primordial do movimento era dialogar
com as manifestações de vanguarda ao mesmo tempo em
que enaltecia a cultura popular e os artistas do povo que
tiveram espaço e foram divulgados, com grande reper-
cussão. Patativa do Assaré (1909-2002) tinha presença
marcante nas páginas do jornal e deu grandes contribui-
ções também em recitais e shows promovidos pelo grupo.
Os Grupos literários proliferaram na cidade, sobre-
tudo no ambiente universitário, com a promoção de reu-
niões, encontros, saraus e, deles, quase sempre saía uma
publicação. No início dos anos 80, circularam as revis-
tas Recanto e Pássaro, essa última, fundada por Laerte
Magalhães, Vanderllou e Rogéria Vasconcelos, teve dois
números publicados, nos anos de 1980 e 1981. Ambas fo-
ram ilustradas por Carlos Brasil. É contemporânea delas
a revista O Porão, que teve dois números publicados: um
em 1980 e outro em 1981; seus editores e fundadores, La-
erte Magalhães, Vanderllou e Rogéria Vasconcelos pri-
mavam igualmente pela seleção de textos e pelo projeto
estético, daí o subtítulo “Literatura Visual”. Já a revista
COMBOIO VIDA & ARTE promovia reuniões no espaço
da cantina do Curso de Comunicação da UFC, nos finais
de tarde de sábado, para leitura de textos, especialmen-
56 - Aíla Sampaio
te, poemas. Foram publicados três números da revista,
com folhas soltas encaixadas numa capa com bolso; os
textos eram todos ilustrados. As duas primeiras, em 1982
e a terceira em 1983. Além dos fundadores: Laerte Ma-
galhães, Adércio Leite, Chico Leite, Stênio Freitas, publi-
caram na revista: Diogo Fontenele, Mário Nogueira, Aíla
Sampaio, Marisa Biasoli, Juarez Leitão, Oscar Bezerra
Jr., Costa Sena, Lúcia Fontenele, Theophilus, Guimarães
dos Reis, Nirton Venâncio, entre outros. No primeiro nú-
mero, participaram 16 poetas e treze ilustradores. No
segundo (1982), participaram 10 poetas. Em 1983 saiu
a terceira, com 36 escritores, entre poetas e contistas, e
20 ilustradores. A novidade do terceiro número é que os
textos em prosa vinham encadernados, grampeados na
capa. Só os poemas continuavam em folhas soltas. O
grupo adotava o slogan: “Era só o que faltava” e a logo-
marca era um garoto num jumento com dois caçuás.
O nome, Comboio - Vida & Arte, inclusive, inspi-
rou o jornalista e poeta Rogaciano Leite Filho a criar, de-
pois, um caderno de cultura no jornal O Povo com o título
“Vida & Arte”, que existe até hoje.
É praticamente do mesmo período o Grupo CEIA
LITERÁRIA, fundado a 1º de maio de 1981, pelo profes-
sor e escritor Valdemir Mourão, contando com a colabo-
ração de outros professores, como: Felipe Filho, Fernan-
do Câncio, Genuíno Sales, Livardo Barbosa, Auriberto
Cavalcante, Oscar Costa Filho, Carneiro Portela, Line-
te Alcântara, Luciano Jucá, a quem se juntaram, poste-
riormente, Ednardo Gadelha, Frederico Régis, Carlos
Vazconcelos, Marina Fernandes, Luciano Jucá, Airton
Soares, Pedro Wilson Rocha, Ana Craveiro, Alley Kerth,
Oliveira Jr., Carla Vítor e Getúlio. O grupo mantém cor-
Literatura no Ceará - 57
respondentes espalhados pelo Brasil e pelo exterior e se
mantém ativo até hoje. http://ceialiteraria.blogspot.com.
br/
Por que Ceia? Eles respondem: “é uma alusão à
Santa Ceia: o Mestre, os doze Apóstolos e um número
ilimitado de fiéis. A CEIA LITERÁRIA constitui-se de um
Mestre de obras, doze Operários e um número ilimitado
de Serventes, com uma nomenclatura inspirada no tra-
balhador da construção civil”. A Ceia editou semestral-
mente coletâneas literárias, como Cais de Nós, O Lago
das Vozes, Sétima Ceia, Ceia Maior, entre outras. Edi-
tou também o jornalzinho Construção, que depois virou
Folha da Ceia uma publicação mais informal, feita em
xerox. Realizou também vários seminários e concursos
literários. Promoveu lançamentos no Estoril, em bares,
reuniões aos sábados, em lugares sempre diversos. Os
componentes, hoje, se encontram esporadicamente, fa-
zendo questão de manter o grupo vivo, embora não ativo
como em outros tempos.
O COIOTE - foi um grupo formado em 1987 por
alunos de Letras da UFC: José Ney, Luzinete Fernandes,
Américo Saraiva, Maira Barreto, Everton Alencar, Cé-
lia Cruz, Rogéria Pereira, Roderic Szasz, Garcia Júnior,
Ghil Brandão, Cristina Carvalho e Carlos Ely (único que
não era de Letras) esses os mais constantes. Havia os
de frequência esporádica, mas igualmente envolvidos,
como Denise Sidou, Glaucia Andrade, Elvis Marcelino,
Dulce Lane Oliveira, Araceli Sobreira. Filosofia: praticar
arte. Fundaram o Jornal Coiote, cujo nome foi inspira-
do no romance homônimo de Roberto Freire. Nem todos
eram escritores, por isso faziam também eventos, como
calouradas e saraus literários. A duração foi a do curso,
58 - Aíla Sampaio
três anos e meio. O Coiote Inspirou o Centro Artístico
Moreira Campos, criado por Dulce Lane Oliveira, que
se reunia um sábado por mês, na Casa Juvenal Galeno,
e a Academia da Incerteza, criado por Roderic e Everton
Alencar, com criações mais voltadas para temáticas pe-
numbrosas, noturnas, sombrias.
Em outra ambiência e focado mais na literatura
feminina, surgiu, em 1985, o GRUPO SEARA, formado
por escritoras cearenses, que se reuniam para discutir
a produção literária feminina. Eram dez escritoras, al-
gumas estreantes, entre elas: Ângela Barros Leal Farias,
Beatriz Alcântara, Christina Cabral, Dulce Maria Viana,
Fernanda Benevides, Glícia Rodrigues, Isa Magalhães,
Marly Vasconcelos, Mary Ann Leitão Karam e Regine
Limaverde. O grupo estreou no suplemento-literário “O
Povo Cultura”, do Jornal O Povo, no domingo de 29 de
setembro de 1985.
Foram publicadas sete revistas com o nome homô-
nimo do grupo – Revista Seara. A primeira, um ano após
a primeira reunião, saiu em maio de 1986 com o Mani-
festo Seara como editorial. A segunda, no segundo se-
mestre do mesmo ano. Em 1987 saíram duas: uma em
homenagem à Clarice Lispector e outra com a colabora-
ção de escritores de nome nacional, como Olga Savary
e Nelly Novaes Coelho. As seguintes contaram com a
colaboração de outras escritoras cearenses e de outros
estados: Tereza Tenório, Raine Limaverde, Ana Maria
Falcão, Stela Maris Rezende, Lúcia Serra, Glyce Sal-
les, Marisa Biasoli, Leila Miccolis, Nilze Costa e Silva,
Darcy França, Moema Tavares, Aíla Sampaio, Luciene
Silveira, Stella Leonardos, Noemi Elisa Aderaldo, Érika
Ommundsen-Pessoa, lvna Hitzschky, Rita Ramos, Elia-
Literatura no Ceará - 59
ne Ataíde, Tânia Diniz, Stella Câmara, Inez Figueredo.
A última revista foi publicada em 1991 e extinguiu-se o
grupo.
A ESPIRAL também foi criada fora do ambiente
universitário, nos anos 90, por diversos escritores cea-
renses, a maioria já experiente, que sentia falta de um
veículo de publicação dos seus textos literários e acadê-
micos, como poemas, contos, crônicas e artigos. A revista
tinha como editor João Dummar Filho e, como coorde-
nadora geral, Beatriz Alcântara. Faziam parte do Con-
selho Editorial: Lourdinha Leite Barbosa, Noeme Elisa
Aderaldo, Francisco Nóbrega e Diogo Fontenele. Publi-
cavam-se textos de Autores do Grupo Espiral: Lourdinha
Leite Barbosa, Noeme Elisa Aderaldo, Francisco Nóbre-
ga, Diogo Fontenele, João Dummar Filho, Juarez Leitão
Lena Osmmundsen, Heloísa Barros Leal, Glícia Rodri-
gues, Wellington Alves, Marly Vasconcelos, Inez Figuei-
redo, Inês Romano, Dimas Macedo. Publicaram como
convidados: Arthur Eduardo Benevides, Aíla Sampaio,
Fausto Nilo, Linhares Filho, Adriano Espínola, Eduardo
Diathay B. De Menezes, Horácio Dídimo, Luciano Maia,
José Alcides Pinto, Dina Avesque, Sânzio de Azevedo,
Pedro Henrique Saraiva Leão, Carlos D’Alge, Paulo de
Tarso Pardal, Fernanda Benevides, entre outros. Ao todo
foram publicadas cinco revistas, entre os anos de 1995 e
2000. O Grupo fez algumas Rodas de Poesia na Bienal
do Livro.
O grupo POESIA PLURAL que se reunia no início
dos anos 90 para falar de literatura. Entre os compo-
nentes, estão: Margarita Solari, Gylmar Chaves, Arlene
Holanda, José Batista de Lima, Diogo Fontenelle, Jorge
Pieiro, Natércia Campos, Dimas Macedo, Lindacy, Lu-
60 - Aíla Sampaio
ciola Maia, Glícia Rodrigues, Juarez Leitão, Barros Pi-
nho e Helena Lutéscia. Destaquem-se a romancista e
contista Natércia Campos (1938-2004), autora de um dos
melhores romances brasileiros – A Casa (1999) e do volu-
me de contos Iluminuras (1988); e o poeta Barros Pinho
(1939-2012), com Planisfério (1969); Corisco (2001) Car-
ta do Pássaro (2004) e 70 poemas para orvalhar o outono
(2011), entre outros.
AFINIDADES ELETIVAS é o nome de uma revista
editada por Alexandre Barbalho “intermitentemente ao
longo dos anos 90”, começou como um panfleto quase ar-
tesanal, para publicação de textos de escritores que tinham
afinidades estéticas: Carlos Augusto Lima, Lira Neto, Paulo
Fraga, Alexandre Rocha, Manoel Ricardo de Lima, Willis
Santiago Guerra, Alexandre Barbalho, Jorge Piero, Ale-
xandre Veras, Valdo Aderaldo, entre outros. Além de con-
tar, em sua composição gráfica, com amostras do trabalho
de artistas plásticos como Aléxia Brasil, Barrinha, Eduardo
Frota, Cardoso, Kazani, além de fotos de gente como Tiago
Santana, Celso Oliveira e Solón Ribeiro.
Literatura no Ceará - 61
JORNAIS DE
DISTRIBUIÇÃO
GRATUITA
Literatura no Ceará - 63
ASSOCIAÇÕES,
SOCIEDADES,
AGREMIAÇÕES E
ACADEMIAS
Literatura no Ceará - 65
Napoleão Maia, Noemi Elisa Aderaldo, Flávio Leitão,
João Soares, Teoberto Landim, Mauro Benevides, Laéria
Fontenele e Durval Aires Filho. Destacamos: Marly Vas-
concelos, com Água Insone, (1973), Coração de Areia,
(romance, 1982), Cãtygua Proençal, (poemas, 1985), Sala
de Retratos, (poemas 1998) e Azul-cobalto (2002), Beatriz
Alcântara, professora, ensaísta, contista e poeta, publi-
cou, entre outras obras, Água da Pedra, (1997), O Portal
e a Passagem (1999), Amor Nos Trópicos (2000), Folha
de Prata (2002), Livre Sintonia (2005), Autos de Natal em
Fortaleza, (2007); Ângela Gutierrez, atual presidenta da
agremiação, autora do romance O mundo de Flora (1990),
Canção da menina (poemas, 1997), Os sinos da encarna-
ção ( romance, 2012) e O Silêncio da Penteadeira, (con-
tos dramáticos, 2016), entre outras obra; José Augusto
Bezerra, fundador e primeiro Presidente da Associação
Brasileira de Bibliófilos, autor de O Espírito do Sucesso,
um romance épico lançado em 2004, entre outros. Lour-
dinha Leite Barbosa, autora do livro de contos A arte de
engolir palavras (2002), Protagonistas de Rachel: cami-
nhos e descaminhos (ensaio, 1999), 100 Anos de Rachel
de Queiroz: vida e obra. (Organização: Lourdinha Leite
Barbosa e Cleudene de Oliveira Aragão, 2010) e Barão
de Comocim (biografia romanceada, 2016); Regine Li-
maverde, com 19 livros publicados, eles, Rio em cheia,
(poemas, 1980); Ressurgências (poemas, 1982); Estre-
la de vidro, (poemas, 1983); Mar de sargaços (poemas
1985); Poemas quaternários (poemas, 1990); Kaleidosko-
pion (poemas, 1994); O limo e a várzea (poemas, 1998);
Mais coração do que carne e osso (poemas, 2005); Ritos
do entardecer (poemas, 2007); As leves e duras quedas do
amor (contos, 1992), Eternas Lanternas do Tempo (2007),
e Canção do amor inesperado (2014); Mudança de es-
66 - Aíla Sampaio
tação (poemas, 2019); Pádua Lopes, jornalista e roman-
cista, autor de Safira não é flor, cuja narrativa mescla
literatura de viagem com jornalismo cultural num belo
jogo de ficção; e Révia Herculano: Aurora Escassa (poe-
mas, 1998), Dedé Demais (infantil, 1999), O Silêncio das
Araras (romance, 2000), Voando com Isabelhinha (infan-
til, 2002), Foguete de Papel (infantil, 2006), Chão Aberto
(romance, 2008), A Galera do Bem (infantojuvenil, 2010),
Solo Sagrado (Romanceiro, 2013) e Por Serdes Vós Quem
Sois, no prelo.
AFL – ACADEMIA FORTALEZENSE DE LETRAS - foi
fundada em 14 de Junho de 2002 e tem, entre os seus
objetivos, a valorização da língua e da literatura nacio-
nais e reunir “literatos de reconhecida representativida-
de”, residentes na cidade de Fortaleza-Ceará. Tem 40
(quarenta) cadeiras, ocupadas, atualmente, por: Fernan-
da Quinderé, Vicente Alencar, Giselda Medeiros, João
Soares Neto, Leda Maria, Cybele Pontes, José Augus-
to Bezerra, Beatriz Alcântara, Murilo Martins, Manoel
Crisóstomo, Révia Herculano, Antonio Colaço Martins,
Inez Figueiredo, Ednilo Gomes de Soárez Cid Carvalho,
Ednilo Gomes de Soárez, Juarez Leitão, José Batista de
Lima, Leda Costa Lima, Leda Maria Souto, Lúcia Lusto-
sa, Roberto Gaspar, José Luis Lira, Matusahila Santiago,
João Dummar Filho. Destaque-se e escritora e atriz Fer-
nanda Quinderé, autora de Mulher Azul (poemas, 2002)
e Bodas de solidão (2007) entre outros.
ALANE – ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO NOR-
DESTE - foi fundada em 27 de janeiro de 1978, no intui-
to de promover o desenvolvimento e a preservação dos
valores culturais da Região Nordeste do Brasil. Agrega
escritores, atores, pintores e músicos. Inicialmente era
Literatura no Ceará - 67
denominada Academia de Letras e Artes do Nordeste
Brasileiro, cuja sigla era ALANB, mudou sua denomina-
ção e a sigla passou a ser ALANE. No início, havia 60
acadêmicos no seu núcleo-sede, em Recife, e outros em
vários estados do Nordeste, cada um com 15 membros. É
uma academia itinerante, sem sede própria, realizando
suas reuniões literárias em Cafés, Livrarias ou na casa
de um dos componentes. A seção Ceará foi implantada
em 1996, quando uma comissão de Pernambuco veio ao
nosso estado com tal objetivo. Participaram, nesse início:
Arthur Eduardo Benevides, Luciano Maia, Virgílio Maia,
Carlos D’Alge, Dimas Macedo, Linhares Filho, Giselda
Medeiros, Regine Limaverde, Juarez Leitão, Batista de
Lima, José Alves Fernandes, Mírian Carlos, Sinésio Ca-
bral e César Barreto. O primeiro presidente foi Arthur
Eduardo Benevides, em longo mandato, a que se seguiu
Lourdinha Leite Barbosa, que era a sua vice, ficando, o
poeta, como Presidente de Honra. Com a reformulação
em 2003, a Academia angariou novos acadêmicos e hoje
tem 40 membros que se reúnem às segundas quartas de
cada mês, no Ideal Clube. Fazem parte da ALANE-CE
atualmente: Lourdinha Leite Barbosa, Inez Figueiredo,
Beatriz Jucá, Carlos Augusto Viana, Dina Avesq, Aíla
Sampaio, Carlos Augusto Viana, Luciano Maia, Noeme
Elisa Aderaldo, Wania Dummar, Geraldo Jesuíno, José
Batista de Lima, Roberto Galvão, José Maria Chaves,
Flávio Leitão, Francisco Nóbrega, Beatriz Ancântara, Ré-
via Herculano, Vicente Alencar, Terry Araújo, Francisco
Nóbrega, Virgílio Maia, Laéria Fontenele, Linhares Fi-
lho, Giselda Medeiros, Diogo Fontenele, Socorro Pinhei-
ro, Carlos Emílio Correia Lima, Leo Mackellene, Ricar-
do Guilherme, entre outros. Publica a Revista Urupema,
fundada durante a presidência de Lourdinha Leite Bar-
68 - Aíla Sampaio
bosa (Biênios 2004/2005 e 2006/2007, tendo reassumido o
posto em 2018). Destacamos: José Batista de Lima, poeta
e contista, autor de O pescador de Tabocal (1997), e Ja-
neiro é um mês que não sossega (2002), livros de contos,
e Miranças (1977), Os Viventes da Serra Negra (1981),
Engenho (poemas, 1984), Janeiro da Encarnação (1995),
O sol de cada coisa (2008), Tiborna (2014), Concerto para
espantos (2015) e Assim falou Sipaúbas (contos, 2019).
Hermínia Lima, poeta de lírica amorosa e sensual, auto-
ra de Uma palavra marcada – Emoção e consciência na
poética de Pedro Lyra (ensaio, 1999), Sangria Azul (Po-
emas, 2002) e Sendas do Sacrário (Poemas, 2013). Inez
Figueiredo, autora dos livros de poemas O Poeta e a Pon-
te (1997) e Estrela, Vida Minha (2004), da coletânea de
contos de Palavra por aí, à ventura (2013) e do romance
Há um Deus na minha casa dos sonhos (2018).
ACLJ – ACADEMIA CEARENSE DE LITERATURA E
JORNALISMO – Fundada em 2011, congrega 40 escri-
tores e jornalistas cearenses, “não necessariamente os
melhores, desde que alguns sejam ótimos e que todos
sejam bons, e que nenhum deles se possa apontar entre
os piores”, como se lê no Blog da agremiação. Sua mis-
são é “Defender as letras, as artes e a mídia cearenses,
prestigiar seus atuais ícones, preservar a memória dos
antigos, procurar e incentivar novos valores”, bem como
“constituir-se em fórum permanente de debates sobre a
literatura e a mídia nacionais, de modo a gerar relatórios
abalizados e pareceres conclusivos com a sua opinião
oficial”. Cid Carvalho ocupa a cadeira 1 e é titular vitalí-
cio. Entre os 40 literatos e jornalistas cearenses que com-
põem a plêiade estão: Luciano Maia, Totonho Laprovíte-
ra, Edinilo Soares, Vicente Alencar, Vianney Mesquita,
Literatura no Ceará - 69
Cândido Albuquerque, Karla Karenina e Alana Alencar,
entre outros.
SOBRAMES – SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDI-
COS ESCRITORES – Regional Ceará – foi fundada em
24 de agosto de 1982. Seu primeiro presidente foi o
médico escritor Emmanuel de Carvalho Melo. O grupo
faz reuniões às segundas-feiras de cada mês, promove
palestras e publica anualmente uma coletânea. Com-
ponentes: Flavio Leitão, Marcelo Gurgel, Celina Côrte
Pinheiro, Antônio Tomaz Ramos, Ana Margarida Arru-
da Rosemberg, José Alves da Rocha Filho, Sílvio Araújo,
Isaac Furtado, Glauco Sobreira, José Maria Chaves, Pau-
lo Ferreira, Sebastião Diógenes Pinheiro, entre outros,
dos quais se podem destacar Fernando Antônio Siqueira
e Jesus Irajacy, cujas obras, em voo solo, têm linhagem e
projeto estético, embora a carreira de escritor esteja colo-
cada em segundo plano. Destacamos Flávio Leitão – au-
tor de A Ventura de Gamalielzinho (2016) e outros contos
e Retórica de Circunstâncias (discursos, 2016). Jesus Ira-
jacy Costa – contista e poeta premiado em vários concur-
sos literários, autor de Contos farpados (2011), Vestígios
(poemas, 2018) e O dorso do sol (poemas, 2018). Fernan-
do Siqueira, contista, autor de O Tatuador de Palavras
(2006), vencedor na categoria contos do prêmio Osmun-
do Pontes de 2005, e Ao Lado do Morto (2008), vencedor
na categoria contos do prêmio Unifor de 2007.
AJEB – ASSOCIAÇÃO DE JORNALISTAS ESCRITO-
RAS – Seção Ceará – é uma entidade cultural criada em
1970, pela escritora paranaense Hellê Vellozo Fernandes,
quando de sua participação num encontro mundial da
AMMPE (Asociación Mundial de Mujeres Periodistas y
Escritoras, no México. Há coordenadorias em quase todos
70 - Aíla Sampaio
os estados brasileiros, e o Ceará está entre os mais atu-
antes. Uma escritora cearense foi presidente nacional no
quadriênio 2002/2006: Giselda Medeiros. Há, anualmen-
te, a publicação da Antologia Policromias, com texto das
associadas, onde sempre constam os nomes das escritoras
Maria Helena do Amaral Macedo, Zenaide Braga Marçal,
Maria Luisa Bomfim, Celina Côrte Pinheiro, Evan Gomes
Bessa, Giselda de Medeiros, Gizela Nunes da Costa, Ma-
ria Argentina Austregésilo de Andrade, Elinalva Alves de
Oliveira, Maria Amélia Barros Leal, Rejane Costa Barros,
Rosa Virgínia Carneiro de Castro, Rita Maria Lopes Gue-
des Santos, Maria do Socorro Cavalcanti, Maria Nirvanda
Medeiros, Francinete de Azevedo Ferreira, Neide Azeve-
do, Neide Freire, Ione Arruda, Argentina Andrade.
SOCIEDADE AMIGAS DO LIVRO – SAL – No ano de
1961, Helena Rangel de Alencar reuniu-se, em sua casa,
à Av. Santos Dumont, 1245, com outras onze mulheres -
Diva Muniz de Aragão, Elba Oliveira Martins, Emelvira
Bravo Sá, Heloísa Ferreira Juaçaba, Lourdes Brito Morei-
ra, Madalena Ribeiro Pinheiro, Maristela Benevides Alen-
car, Olga Monte Barroso, Suzana da Costa Ribeiro, Taís
Costa Ribeiro Mendonça e Zilca Costa Lima Silva - e com
elas fundou a Sociedade. No mês de agosto do mesmo
ano, na residência de Nadir Papi de Saboya, a primeira
diretoria da SAL tomou posse, sendo Helena Aguiar eleita
a primeira presidente da entidade. Conselheiros convida-
dos: Artur Eduardo Benevides, Manuel Eduardo Pinheiro
Campos e José Maria Moreira Campos. O grupo perma-
nece ativo, atualmente composto por quarenta mulheres,
de diferentes profissões - escritoras, professoras, advoga-
das, artistas, médicas, donas de casas -, trabalhando em
conjunto para unir esforços a fim de colaborar com a co-
Literatura no Ceará - 71
munidade de Fortaleza e promover, sobretudo ao menos
favorecidos, o acesso ao livro, às artes, à música e à educa-
ção. As reuniões são mensais para troca de informações,
comentários, debates sobre livros e promoção de palestras.
Componentes atuais: Cybele Pontes, Bernadete Bezerra,
Lourdinha Leite Barbosa, Wânia Dummar, Beatriz Jucá,
Suzana da Costa Ribeiro, Nádia Ribeiro, Neide Azevedo,
Giselda Medeiros, entre tantas.
ACADEMIA MARIA ESTER DE LEITURA E ESCRITA -
AME – Criada em 2004 pelo diretor do Colégio Maria Es-
ter, Luiz Pereira Lemos, “reafirmando o espírito inovador
e revolucionário dos cearenses”. É composta por 25 estu-
dantes. As vagas surgem quando os alunos concluem o
ensino médio. Já foram lançadas as coletâneas: Momentos
Poéticos, Inquietude, O Sonho e a Realidade e Momento
Literário com textos produzidos pelos alunos acadêmicos.
São muitas as Academias e Agremiações ligadas
à literatura, na capital e no interior do estado, entre as
quais se pode citar, ainda: União Brasileira de Trovado-
res - Seção Fortaleza, Ala Feminina da Casa de Juvenal
Galeno, Academia Metropolitana de Letras de Fortale-
za e Academia Feminina de Letras do Ceará, Academia
Ipuense de Letras, Ciências e Artes, Academia Maraca-
nauense de Letras, Academia Sobralense de Estudos e
Letras, Academia Limoeirense de Letras, Academia de
Letras de Crateús, Academia Camocinense de Ciências,
Artes e Letras. Academia Quixadaense de Letras, Acade-
mia Quixeramobinense de Letras, Academia de Letras e
Artes de Caucaia, Academia Tauaense de Letras, Acade-
mia dos Cordelistas do Crato, Academia Varzealegrense
de Letras, Academia de Ciências, Letras e Artes de Colu-
minjuba, entre muitas outras.
72 - Aíla Sampaio
GRUPOS E REVISTAS
CONTEMPORÂNEAS
– DE 2000 ATÉ O
PRESENTE
Literatura no Ceará - 73
sobretudo) inéditos em livro. São editores-chefes: Jorge
Pieiro (Jorge Alan Pinheiro Guimarães) mentor de vários
projetos literários a partir de cursos ministrados, contis-
ta premiado e Assessor de Cultura do Estado, autor de
dezenas de obras, entre as quais: neverness (poesia: le-
tra&música / resto do mundo 1996), fragmentos de pa-
naplo (contemas: do autor 1989), galeria de murmúrios
(ensaio: tempo molequin 1995), caos portátil (contemas:
letra&música 1999), e Pedro Salgueiro – contista também
premiado, organizador de obras coletivas como Almana-
que de contos cearenses (Recife: Ed. Bagaço, 1997), que
lançou praticamente todos os contistas que surgiram no
Ceará na década de 1990, e O cravo roxo do diabo: O
Conto Fantástico no Ceará, autor, entre outros, dos livros
Brincar com armas (2000), Dos valores do inimigo (2005),
Inimigos (2007) e Fortaleza voadora (2007).
No Comitê editorial figuram os nomes dos dois edi-
tores, de Nilto Maciel, Raymundo Netto (romancista,
contista e ensaísta), Geraldo Jesuíno (contista e artista
visual, autor do belíssimo livro de contos Brumas, 2016),
Pedro Henrique Saraiva Leão (poeta). Os contistas Tér-
cia Montenegro e Dimas Carvalho são uns dos principais
colaboradores.
Sublinhem-se os nomes de Jorge Pieiro, Pedro Sal-
gueiro e Raymundo Netto como grandes articuladores
da cultura do estado, com ações visíveis sobretudo na
capital cearense. Netto e Pieiro, ao assumirem cargos na
Pasta de Cultura do governo estadual, incrementaram os
editais e promoveram ações no sentido de manter viva
a literatura cearense. Uma dessas ações, articulada por
Raymundo Netto e Túlio Monteiro, ocorreu em 26 de ou-
tubro de 2007, quando, pela Secretaria da Cultura – rea-
74 - Aíla Sampaio
lizaram a Feira do Sebo, na Praça do Ferreira, com “pro-
gramação cultural temática e livros a preços acessíveis”
(NETTO, 2007). Foi realizada, então, a terceira Chuva
de Poesias, reunindo poemas de cerca de 100 autores ce-
arenses, reeditando o evento dos anos 80 ao fazerem-se
lançar cerca de 100.000 panfletos de um helicóptero que
sobrevoava o Centro.
FORTALEZA VOADORA – Editada por Ruy Vasconcelos,
a revista teve número único e foi publicada pela Secreta-
ria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) em 2006.
GAZUA – Editada pelos poetas Diego Vinhas, Eduardo
Jorge, Henrique Dídimo e Júlio Lira. O primeiro número
saiu em 2006, depois do número zero em ano anterior.
Eduardo Jorge e Henrique Dídimo trabalham com víde-
opoesia, com clip-poemas entre outros diálogos da litera-
tura com outras linguagens.
CORSÁRIO – (revista e editora) Foi idealizada, em 2005,
pelo poeta Mardônio França, que desejava ampliar os es-
paços para publicação de poemas, cartas e videopoemas,
atividade já iniciada no grupo de arte Parafernália, a que
ele pertencia. Em 2006, ela já apareceu no mundo virtual
(www.corsario.art.br), fazendo os laços entre a literatura
e a internet. Em 2007, passou a atuar como editora, e
lançou o livro de poemas Tris, de Ylo Barroso, inclusive
adotado pelo Colégio Lourenço Filho. Em 2010, firmou
uma parceria com a Fotossíntese:.Arte:.Comunicação, e,
com o Prêmio Literário para Autor Cearense, foi possível
publicar três números das revistas (2011, 2012 e 2016) e
mais 18 livros.
ParaMAMÍFEROS – Revista da “prole” de Glauco So-
breira, Jesus Irajacy, Nerilson Moreira, Pedro Salguei-
Literatura no Ceará - 75
ro, Raymundo Netto e Tércia Montenegro, com ilustra-
ções de Glauco Sobreira, dedicada a “animais de sangue
quente, que gostam de correr riscos, atrevidos por na-
tureza e com sensório aguçado”. Foram publicados três
números: 2001, 2010 e 2011, com a mesma proposta de
publicação de artigos, entrevistas, poemas e contos de
escritores estrangeiros e brasileiros (sobretudo cearen-
ses). O quarto está previsto para 2017.
MAMBEMBE – Revista que publica sobre Música, Lite-
ratura, Teatro, Educação. Metamorfose Urbana Galeria
ìcone Vitrine, pura irreverência. É dirigida por Francisco
Carlos Pontes, que publicou três números, respectiva-
mente, em 2008, 2009 e 2010.
MUTIRÃO – Editada (ou orquestrada) pelo maestro Po-
eta de Meia-Tigela, em versão digital e impressa. Prima
pelo projeto visual e pela diversidade dos colaboradores.
A primeira foi publicada em 2014 e, a segunda, em 2016,
reunindo contos, poemas, brincadeiras, desenhos e foto-
grafias, tecendo sempre o diálogo entre as palavras e as
imagens.
PINDAÍBA – É definida como “uma produção alternati-
va adulta” e foi idealizada por um grupo de estudantes
do Centro de Humanidades da UFC e artistas que fre-
quanta(va)m o Benfica, tendo, assim, forte ligação com o
bairro e sua boemia. Editada pelos escritores André Dias,
Manoel Carlos, Claudio Bentemuller e Augusto Azeve-
do, essa revista impressa já está na quarta edição, reu-
nindo sempre escritores, quadrinistas e ilustradores, com
matéria especial sobre um nome das letras da terrinha.
Opõe-se a objetivos mercantis e coloca-se como uma pu-
blicação marginal.
76 - Aíla Sampaio
DaSUBSTANSIA – É editada por Nathan Matos Maga-
lhães e Roberto Menezes, a partir de 2013, com artigos,
ensaios, traduções, poemas, contos e entrevistas. Os 3
números publicados trazem nomes diferentes da litera-
tura cearense/brasileira e estrangeira: No primeiro, a
entrevista é com o contista Pedro Salgueiro; nas seguin-
tes, com Valter Hugo Mãe, e Nome Jaffe. Os ilustradores
também variam nos números. Compuseram as capas: no
primeiro, Simone Barreto; no segundo, o artista visual
Nestor Jr.; no terceiro, o americano Chad Wys. Atual-
mente, não está publicando, mas volta a qualquer hora.
http://www.editorasubstansia.com.br/revista-substansia
PROPULSÃO – A revista se propõe como “um projeto vi-
vificante das artes escritas, visuais e sonoras, que pul-
sam no cenário contemporâneo. Existimos pela busca de
produção original, com o intuito de gerar sinergia, co-
nexões entre ideias e pessoas”. Faz chamada para pu-
blicação de Prosema (prosa, poema, tradução), Artesania
(artes visuais e urbanas) e Mostrares (propagação de co-
letivos, companhias, espetáculos – música, dança, teatro,
peformance). É editada por Amanda Vaz Teixeira (do Pa-
raná), LiLê Santos e Nathalia Cardoso (do Ceará) e tem
no Conselho Editorial: Anna Dikenstein (EUA), Bárbara
Costa Ribeiro (do Amapá mas residente no Ceará); Car-
los Nóbrega (Ceará) e Maria T. Nocerino (ITA), além do
apoio editorial (divulgação, publicidade, suporte técnico)
de dois cearenses: Lucas Diniz e Lídia Silveira. A núme-
ro 1 (2017) conta com as participações, dentre outras, de
Carlos Nóbrega (poesia), Hugo Pontes (poemas visuais),
Jorge Pieiro (minicontos), e dá espaço para fotografia e
artes visuais em geral. Há uma bela entrevista com a es-
Literatura no Ceará - 77
critora argentina Pola Oloixarac. https://www.revistapro-
pulsao.com/
CADERNO DE CULTURA DO DIÁRIO DO NORDES-
TE – Suplemento do jornal Diário do Nordeste (fundado
em 19/12/1981), cuja primeira edição circulou na cida-
de de Fortaleza em 02/01/1983, tendo como editor Luís
Sérgio Santos, cargo assumido, anos depois (1986), pelo
jornalista e escritor Carlos Augusto Viana. O suplemen-
to destinava-se à publicação de artigos e resenhas so-
bre obras literárias, filmes, artes visuais e afins, poemas,
trechos de crônicas, contos e romances, com circulação
aos sábados. O conteúdo era produzido pelo editor e por
colaboradores: professores, universitários, acadêmicos
e profissionais das letras em geral. O Caderno circulou
até 18.12.2011. A partir de 24.12.2011, o mesmo suple-
mento passou a circular com o título Caderno Ler até
31.08.2013.
78 - Aíla Sampaio
GRUPOS E
ASSOCIAÇÕES
QUE SE REÚNEM E
ATUAM NA CIDADE:
Literatura no Ceará - 79
Manoel Arruda, Sônia Nogueira. Blog do Grupo Choca-
lho: grupochocalho.blogspot.com
CLUBE DO BODE – Confraria que reúne poetas, músi-
cos, jornalistas, amigos e leitores na Livraria Livro Téc-
nico, na Rua do Dom Joaquim, nas tardes de sexta para
bater papo. Os fundadores: Barros Pinho, Almir de Cas-
tro, Mariano Freitas, Giordane Carvalho, Juarez Leitão,
Tarcila Machado, Hélio Catunda entre outros poucos. O
anfitrião é o livreiro Sérgio Braga. Componentes: Audi-
fax Rios, Carlos Augusto Viana, Sérgio Braga, Erasmo Pi-
tombeira, João Soares Neto, Giordane Carvalho, Falcão,
Narcélio dos Anjos, José Telles, Gylmar Chaves, Fran-
cisco Bezerra (Bezerrinha) Dimas Carvalho e Tatiana Ri-
beiro. Há um livro de atas, para registrar as presenças e
alguma coisa digna de nota que aconteça ou seja falada.
Com a partida repentina de Audifax e Telles, em 2016,
ficaram lacunas que só a obra deixada como legado pode
tentar preencher.
TAPIOCA AMIGA – Grupo sem formação definida, que
se encontra desde 2014, nas últimas quartas-feiras do
mês, na varanda do apartamento do poeta Juarez Leitão.
Juntam-se escritores, políticos e jornalistas que, a con-
vite dele, lá vão: José Batista de Lima, Gylmar Chaves,
Pedro Henrique Saraiva Leão, Lúcio Alcântara, entre ou-
tros. A conversa dura duas horas ou mais, em torno de
assuntos ligados à cultura. São servidos: café, tapioca,
suco e bolo. O álcool está excluído. Juarez Leitão é uma
figura alegre e bem articulada em nossa cidade, sobretu-
do, um agregador. Ele é autor de 29 obras, entre poesia,
livros didáticos, ensaios, crônica histórica. Seus títulos
mais destacados são: Tangenciais (1987); Ignis, o Inven-
tário da Paixão (1993); crônica histórica sobre a boemia
80 - Aíla Sampaio
cearense; Sábado, Estação de Viver (2000); Praça do
Ferreira, República do Ceará Moleque (2002); Fortaleza
no Tempo das Pensões Alegres (2015). Destacamos tam-
bém Dimas Carvalho Muniz, contista e poeta de fôlego,
autor de obras como: Frauta Ruda (1988), Agreste Ave-
na, (1993), Mínimo Plural (1998); Marquipélago (2004),
Uma Sombra No Espelho (2013); e Duas Odes, Quator-
ze Fragmentos, (2015), de poemas; e Histórias de Zoolo-
gia Humana (2000), Fábulas Perversas (2003), Pequenas
Narrativas (2006) e Insônias, Delírios, Pesadelos (2010),
de contos, 55 Sonetos (2017), Cadastro dos Desesperados
(2018), entre outros livros de ensaios e infantojuvenis.
TERÇA LITERÁRIA – É um encontro para a leitura de
obras, que ocorre na segunda terça de cada mês, desde
2000, sob a coordenação de Vicente Alencar e Margarida
Alencar, na Academia Cearense de Letras, onde poetas
e contistas se reúnem para ler seus textos e ouvir os dos
demais. A frequência média de cada encontro é de 30
pessoas.
QUINTA LITERÁRIA – Evento promovido pelo Curso de
Direito da Unifor, coordenado pela professora Ivanilda
Souza, acontece na última quinta-feira do mês (três ve-
zes a casa semestre), em um dos auditórios do Bloco A
da Universidade, desde 2011, com debates sobre obras
que façam o diálogo entre o Direito e a Literatura. Após
o debate, um escritor da terra é homenageado com pe-
formance de seus textos. Já passaram por lá: Dimas Ma-
cedo, Aíla Sampaio, Paola Benevides, Teoberto Landim,
José Batista de Lima e muitos outros.
ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE ESCRITORES (ACE)
– Fundada 12 de setembro de 2007, com o objetivo de
divulgar a literatura cearense. A ACE se reúne mensal-
Literatura no Ceará - 81
mente no último sábado do mês, na Casa Juvenal Ga-
leno, e promove lançamentos de livros, palestras, con-
cursos, participações na Bienal do Livro, Festival Vida &
Arte e na Flip-Festa Literária de Parati. Entre as realiza-
ções, constam: Concurso Literário Eduardo Campos de
Crônicas e Contos; edição da Antologia de Contos e Crô-
nicas Eduardo Campos; lançamento e distribuição do jor-
nal FormAção Literária e do folheto didático Novo Acordo
Ortográfico; instalação da sede da associação no SIN-
DILIVROS, para funcionamento da secretaria executiva;
criação do site www.escritores ace.com.br, com a loja vir-
tual do escritor e conseguiu a nomeação de dois asso-
ciados para o Conselho Estadual de Cultura (CE). Teve
participação efetiva nos Fóruns de Cultura Cearense,
entre eles o FLEC; na implantação da campanha “Seus
cupons velem livros”, com o objetivo de divulgar a lite-
ratura cearense por meio dos escritores da ACE. Criou
a Coordenação Literária e a Assessoria Literária para os
escritores cearenses; a Diretoria de Artes Cênicas e o
Concurso Literário Rachel de Queiroz de Conto e Poesia.
Lançou também antologias como Cartografia da palavra
livre (2017) e criou o Projeto literário edições em coauto-
ria, com 25 livros lançados, totalizando 125 autores pu-
blicados. Fazem parte da ACE, aproximadamente, 280
associados inscritos, mas apenas cerca de 35 frequentam
a reunião e participam dos eventos: Silas Falcão, Eudis-
mar Mendes, Eugênia Carra’h, Lucirene Façanha, Nice
Arruda, Núbia Brilhante, Sônia Nogueira, Francisco de
Assis Almeida Filho, Francisco de Assis Clementino Fer-
reira-Tizim, Abmael Ferreira Martins, Alberto Marques,
Francisco Torres, Eduardo Fontenelle, Danilo Fontenelle,
Gilberto Carvalho, Celia Oliveira, Rita Guedes, Eduar-
do Cruz, Antonio Miranda, Cirlene Seúbal, Clara Setú-
82 - Aíla Sampaio
bal, Vanessa Passos, José Rubens, Marcelo Leal, Victória
Franco Nogueira, Carlos Dantas, Chico Neto, Zélia Sa-
les, Francisco Diniz, Gevandir Muniz. Na gestão de Si-
las Falcão como presidente, foi criada a FLIACE - Festa
Literária da ACE – iniciada em 2017 - promovida sempre
na última semana de novembro na galeria Benficarte do
Shopping Benfica, 2º piso. De 25 a 29 de novembro, será
realizada a IV edição do evento. Outra realização dessa
gestão é a festa junina poeta Juvenal Galeno (IV edição
em 2019), realizada em junho, na casa de Juvenal Ga-
leno. Destacamos os escritores: Silas Falcão é produtor
cultural, contista, cronista e editor. Publicou nas antolo-
gias Abraço literário e Papo literário, Prêmio Ideal Clube
de Literatura. Publica suas crônicas em sites e periódi-
cos, e tem inédito o livro de microcontos O coleciona-
dor de dedos. É o criador da Fliace-festa literária da ACE
e do selo o Luazul, com dezenas de publicações, entre
elas, a coletâneas Cinco inscrições da mortalidade (2018)
e Último ensaio (2019), além de vários livros de outros
escritores cearenses. Eudismar Mendes - Sangue sobre o
asfalto (contos, 2004), Máscaras da face (contos, 2007),
Avó de cães mestiços (crônicas, 2011), Conchita e outras
memórias (crônicas, 2013), O fantástico voo do pássaro
pintor (conto infanto-juvenil, 2015), participação na an-
tologia de contos Fez-se dezembro em nós (2018). Rosa
Firmo Beserra Gomes - publicou, entre outras obras, No-
breza de Uma Mulher Sertaneja (memórias, 2003); Chu-
vas de Verão (Poemas, 2005); Prisioneira do sol no ocaso
– Vislumbrando uma luz (autobiografia, 2006); Os Can-
tos do luar (poemas, 2008); O Rosário de Quitaiús (Histo-
riografia, 2010); Chiquinho de Domingos - Um sertanejo
sonhador (ensaio, 2011); Sendas Perfumadas (pequenas
ideias viscerais, autoestima, 2012); No Ritmo do meu
Literatura no Ceará - 83
rastro – Histórias coligidas (crônicas, 2013); O Laborioso
Apascentador de Ovelhas - Mons. Alonso Benício Leite,
(ensaio) -2015; Veredas do Outono (poesia, 2016); Can-
ções- Exercício de Resignação ( poesia, 2016), Atravessar
Fronteiras (Relatos de Viagens, 2019). Lucirene Façanha
– participação nas antologias Cartografia da palavra livre
(2017) e Fez-se dezembro em nós (2018) Rosa Morena –
publicou: Movimentos Intransitivo (poemas, 2015); Jaci,
a filha da Lua (infantil, 2016); Micropoemas (poemas,
2018); Pedro, o menino do mar (infanto-juvenil, 2018), A
menina e a garça (infantil, 2019).
GRUPO LITERÁRIO PESCARIA - Criado na cidade de
Varjota pelo poeta Mailson Furtado, que funcionou entre
os anos de 2013 e 2016. Foram publicadas algumas edi-
ções de um jornal intitulado O Pescaria e a coletânea O
Cambo, com 11 autores, utilizando heterônimos, e reali-
zada uma feira literária na cidade.
REVISTA GENTE DE AÇÃO - Veículo de informação
cultural e política de Aracati, que circula em todo o Ce-
ará. Fazem publicações: Luciana Barroso, Juarez Leitão,
Silvânia Claudino, Barros Alves, Luciana Dias, Gilmar
de Carvalho, Antero Pereira, Dimas Macedo, Assis Mar-
tins, Aurora Miranda, Junior Bonfim, Zacharias Bezerra,
Marciano Ponciano e Edmilson Caminha. As fotos são
de Francisco Souza e Luiz Carlos e os desenhos são de
Dideus, que também faz a supervisão e a revisão. Desta-
que-se Dideus Sales, que tem publicados os seguintes li-
vros: Flores vivas e mortas, (1982, em parceria com Her-
nandes Pereira); Sertão de cabo a rabo, (1985); Minha
terra, minha gente, (1986, com Hernandes Pereira); Ma-
tuto do pé rapado (1987); Natureza, paz e poesia (1990,
em parceria com Hernandes Pereira); Nos cafundós do
84 - Aíla Sampaio
sertão (2002/2012); Veredas de sol (2005/2006); Jitiranas
de luz (2011); Poemas Telúricos, (2013) entre outros.
REPRESENTAÇÃO DO MOVIMENTO ARMORIAL –
O Movimento foi criado por Ariano Suassuna, em 18 de
outubro de 1970, com foco na produção dos artistas po-
pulares para refletir a produção erudita. Poetas, músicos,
atores, cineastas, bailarinos e artistas plásticos se enga-
jaram, entre eles: Francisco Brennand e Gilvan Samico,
e poetas como Ângelo Monteiro e Marcus Accioly. No
Ceará, temos a Orquestra Armorial do Cariri, os artistas
visuais Côca Torquato e Audifax Rios, e o poeta Virgílio
Maia que, junto ao grupo do Jornal O Pão, criou o Co-
légio Nordestino de Heráldica Sertaneja. Em 1992, ele
lançou o livro Álbum de Iniciação à Heráldica das Mar-
cas de Ferrar Gado, partindo dos livros de Suassuna, bem
como pertinente referencial bibliográfico. A reedição do
livro foi feita em 2004. Virgílio pesquisou as “marcas das
freguesias de todos os atuais 184 municípios do Estado
do Ceará. Cada uma delas é apresentada no álbum, com
a devida explicação sobre seu significado – quando a
explicação existe, pois, como qualquer outra Arte, a he-
ráldica dos ferros também tem os seus mistérios”. Vir-
gílio Maia publicou criou o selo Curumim e publicou o
livro de sonetos Palimpsesto (1992), Via Sacra Sertaneja
(1996, ilustrado por Audifax Rios) e Recordel (2004), en-
tre outros títulos.
A POESIA É UM SACO – Grupo boêmio e literário que
se reúne no Beco do Cotovelo, em Sobral, para ler poesia
e tomar cerveja. De acordo com o poeta Inocêncio Melo,
nasceu do encontro de amigos que desejavam poetizar a
cidade: “.Somos uma metáfora da padaria espiritual [...]
Somos um grupo de poetas simpáticos às demais artes:
Literatura no Ceará - 85
música, poesia, pintura, teatro... Também aceitamos lei-
tores ou seja, amantes da palavra”. Tudo começou como
uma confraria em fevereiro de 2011. Fazem parte: Ino-
cêncio Melo, Luciano Bonfim, Dênis Melo, entre outros.
AESTROFE – Associação de Escritores, Trovadores e Fo-
lheteiros do Estado do Ceará – foi fundada em agosto de
2006 pelo cordelista por Klévisson Viana, atual presiden-
te da agremiação. Congrega poetas populares, folheteiros,
xilogravadores, capistas, folcloristas, declamadores, can-
tadores e cordelistas e amantes da cultura popular, que
propagam a literatura de cordel por todo o Brasil. Fazem
parte do grupo: Rouxinol do Rinaré, Evaristo Geraldo da
Silva, Lucarocas, Arievaldo Vianna, Zé Maria de Fortaleza,
Paiva Neves, Antônio Queiroz de França, Francisco Mel-
chiades e Sávio Pinheiro entre outros. A associação foi res-
ponsável pela curadoria da Feira do Sebo que aconteceu
em 2006 na Praça do Ferreira, e realizou a Feira Brasileira
do Cordel, a Feira do Cordel Brasileiro no Centro Dragão
do Mar e na Caixa Cultural Fortaleza. Coordena o Recital
“Cordel com a Corda Toda” no palco Rogaciano Leite do
Centro Dragão do Mar, evento que ocorre mensalmente.
Por meio do projeto “Ponto de cultura cordel com a corda
toda”, leva o cordel a escolas públicas, realizando palestras,
oficinas de cordel e xilogravura, aulas-espetáculo e recitais.
No contexto do cordel, destaca-se também Geraldo
Amâncio, poeta e cantador, autor dos livros A história de
Antônio Conselheiro (2010), Assim viveu e morreu Lam-
pião Rei do Cangaço (2013) e Pelos Caminhos das Trovas
(2013), além de três antologias sobre cantoria, em par-
ceria com o poeta e jornalista Wanderlei Pereira: De re-
pente cantoria (1994), Cantigas que vêm da terra (1997)
e Gênios da Cantoria (2009).
86 - Aíla Sampaio
ANTOLOGIAS,
COLETÂNEAS E
LIVROS COLETIVOS
Literatura no Ceará - 87
Contos Cruéis (2006) – Organizada por Rinaldo Fernandes,
reúne 47 contos de escritores das narrativas mais cruéis da
literatura brasileira. A Dalton Trevisan e Lygia Fagundes
Telles se unem os cearenses Pedro Salgueiro, Tércia Mon-
tenegro e Carlos Gildemar Pontes, entre outros.
Massanova (2007) – Poesia brasileira contemporânea,
com projeto editorial de Carlos Emílio Correia Lima e
Luiz Carlos Falcão, capa de Mardônio França. Inaugura
o primeiro encontro da nova versão da Roda de Poesia
(do final dos anos 90) – Zonas Poéticas. Participaram da
publicação 34 poetas, entre eles, os organizadores, Ayla
Andrade, Poeta de Meia-Tigela, Marcelo Bittencourt,
Léo Mackellene, Ivaldo Ribeiro Filho, Frederico Régis e
Marina Araújo.
Encontos / desencontos (2007) – Coletânea de contos
organizada pelos escritores Manoel Carlos Fonseca de
Alencar e André Dias, pelo Edital da Secultfor/Funcet.
Entre os publicados, além dos organizadores, estão:
Marcelo Bittencourt, Claudio Portela, Guethner Gade-
lham Wirtzbiki, Tércia Montenegro, Nilto Maciel, Léo
Mackellene, Pedro Salgueiro e José Alcides Pinto.
Meio-dia – Alguma poesia de Fortaleza (2009) - antolo-
gia bilíngue de poemas e contos organizada por Diego
Vinhas, em que aparecem 12 poetas cearenses contem-
porâneos: Henrique Dídimo, Eduardo Jorge, Carlos Au-
gusto Lima, Rodrigo Magalhães, Rodrigo Marques, Diana
Mello, Virna Teixeira, Xênio Ruy Vasconcellos, Eli Castro,
Júlio Lira, Manoel Ricardo de Lima e Cândido Rolim.
Quantas de nós – Antologia de Mulheres (2011) – divi-
dida em cinco temas: Enquanto meu coração me enga-
na, Para fugir de mim, Dentro de toda menina, Pequenos
motivos para trair meu grande amor e Quantas de nós.
88 - Aíla Sampaio
Composta por seis mulheres que abordam o universo fe-
minino em suas narrativas. São cinco cearenses: Vânia
Vasconcelos, Cleudene Aragão, Maria Thereza Leite, e
Inês Cardoso; e uma baiana: Ruth de Paula.
O Cravo Roxo do Diabo (2011) – O conto fantástico no
Ceará – volumosa compilação de textos (contos e poe-
mas) fantásticos cearenses, organizada por Pedro Sal-
gueiro. A pesquisa foi feita por Alves de Aquino (O Poeta
de Meia-Tigela), o próprio Salgueiro e Sânzio de Azeve-
do. A apresentação é de Aila Sampaio.
Retratos de Abismo e outros voos (2014) – Antologia de
10 poetas cearenses contemporâneos lançada em 2014.
Bruno Mota Pinheiro, Diego Nogueira Silvério, Cícero
Almeira, Ylo Barroso, Renato Pessoa, Larissa Alhadef,
Larissa Freitas, Ítalo Oliveira, Wender Montenegro, El-
ton Danana.
Sarau da B1 (2016) – Coletânea de poesias organizada por
Samuel Denker com 29 poetas que frequentam o sarau.
Horas Noturnas (2014) – Coletânea com poemas de Ana
Cristina Souto, Cleody Virginia, Cris Menezes, Lucinei-
de Souto e Nanda Gois, apresentada por Aíla Sampaio e
lançada em 25 de outubro do mesmo ano, na Casa Juve-
nal Galeno.
O Cambo (2014) – Coletânea de poemas de 11 autores,
usando heterônimos, publicada na cidade de Varjota pelo
Grupo Literário Pescaria.
Cartografia da palavra livre (2017) – Coletânea publicada
pela ACE Edições, com textos de variados gêneros, de 41
escritores, entre eles: Bruno Paulino e Lucirene Façanha.
Fez-se dezembro em nós (2018) – Coletânea de poemas
publicada pela ACE Edições. Participantes: Eudismar
Literatura no Ceará - 89
Mendes, Eugênia Carra’h, Lucirene Façanha, Nice Ar-
ruda e Núbia Brilhante.
Cinco inscrições da mortalidade (2018) – Coletânea de
poemas publicada pela LuaAzul edições, com textos de
Renato Pessoa, Alan Mendonça, Bruno Paulino, Maílson
Furtado e Dércio Braúna.
Último Ensaio (2019) – Coletânea de contos e crônicas
de quatro jovens escritores - Eduardo Guerra, Lara Rove-
re, Vanessa Passos e Zeca Lemos. Publicação da LuaAzul
edições com prefácio de Aíla Sampaio.
Relicário (2019) - Coletânea de contos inéditos, entre-
vistas e textos críticos com curadoria do caderno Vida &
Arte, Projeto Letras & Livros. Participantes: Bruno Pauli-
no, Zélia Sales, Antônio LaCarne, Ayla Andrade e Argen-
tina Castro.
O olho de Lilith: antologia erótica de poesias cearenses
(2019) – Coletânea de jovens poetas cearenses publicada
pelo selo Ferina, da Pólen Livros. Participam: Mika An-
drade, Anna K. Lima, Ayla Andrade, Argentina Castro,
Sara Síntique, Vitória Régia, Jesuana Sampaio, Bianca
ribeiro, Suellen Lima, Nádia Camuça. Organizadora:
Mika Andrade, poeta que tem publicados: Descompasso
(digital. 2016); Poemas obsessivos (2017); Alguns versos
pervertidos e outros indecorosos (2018), além de partici-
pação em coletâneas, revistas e antologias.
Maracajá – Revista do Jornal O Povo, que saiu em seis
edições, em 2019, para comemorar o centenário do su-
plemento que marcou o modernismo cearense em me-
ados do século XX. Editados pelo jornalista e escritor
Raymundo Netto, as reedições homenagearam escritores
mortos e vivos, com a publicação de ensaios, poemas e
90 - Aíla Sampaio
contos, num movimento de valorização da literatura pro-
duzida no Ceará no passado e no presente.
Rastros de mentiras e segredos – Coletânea de contos
de cinco cearenses: Vânia Vasconcelos, Cleudene Ara-
gão, Maria Thereza Leite e Inês Cardoso; e uma baiana:
Ruth de Paula, lançada na Bienal do Livro, em Fortaleza,
2019. O tema é recorrente ao da Antologia Quantas de
nós (2011): as mulheres, “seus sentimentos e sensações,
amores e desamores, atrações e repulsas, sonhos e pesa-
delos, humor e humores, o passado e o presente, talvez o
futuro, a presença e a ausência do outro - o desconhecido
homem”, como assinalou a escritora Ângela Gutierrez na
apresentação da obra.
As cidades e os desejos (2018) – 25 trabalhos produzi-
dos por mulheres, “com novas interpretações sobre a car-
tografia das cidades e os olhares que nela permeiam, a
partir dos olhares de mulheres enquanto protagonistas
de suas histórias”. A seleção dos textos, ilustrações e fo-
tografias foi realizada a partir de chamada pública pro-
posta pela editora. O e-book foi lançado na LER - Salão
Carioca do Livro, em maio de 2018. Participam: Juliana
Berlim, Bruna Escaleira, Liziane Menezes, Renata Fro-
ta, Maria Amélia Mano, Raisa Christina, Tayná Fiúza,
Alana Lua, Amanda Machado, Luciana Brandão, Aline
Shinzato, Mariana Salomão Carrara, Thaís DSR, Tuyra
Maria, Natália Albertoni, Kah Dantas, Cecí Shiki, Victo-
ria Pina, Alice Name-Bomtempo, Naiana Gomes, Dhiôw
e Marissa Noana, Taís Bravo, Fádhia Salomão, Lívia Pra-
do e Viviane Nogueira.
Viagem de nós e de outros dias (2019) – Coletânea de crô-
nicas, contos e poemas de Célia Oliveira, Eduardo Luiz,
Gevandir Muniz, Maria Nirvanda e Sônia Nogueira.
Literatura no Ceará - 91
LITERATURA
ITINERANTE
92 - Aíla Sampaio
Wesley Viana, Kaio Tillesse, Denilton Nunes, Brenda
Nobre, Thaiany Santana e Thais Loiola, dirigidos pela
professora Elizabeth Dias. http://versodeboca.blogspot.
com.br/. São várias e diversas as manifestações:
POEMAS VIOLADOS – Grupo que declama poemas, de
modo peformático, criado em 14 de março de 2002 pela
contista Nilze Costa e Silva. A proposta é intercalar poe-
mas dos integrantes do grupo com músicas que se asse-
melhem às temáticas desenvolvidas na poesia. Locais e
eventos em que o grupo já se apresentou: Bienal Inter-
nacional do Livro, os Festivais Vida & Arte, no Estoril na
Praia de Iracema e no Centro de Arte e Cultura Dragão
do Mar. O grupo se mantém, mascom apresentações es-
porádicas. Alguns componentes: Bento Filho, José Lei-
te Netto, Ítalo Rovere, Expedito Maurício, Manuel Cé-
sar, Nilze Costa e Silva e Helena Damasceno. Músicos:
Elena Damasceno, Airaí Ribeiro e Rodrigo de Oliveira.
Destaque-se Nilze Costa e Silva, autora dos livros: Via-
gem (contos e crônicas, 1981); No Fundo do Poço (novela,
1981); O Velho (romance, 1983); O Esconderijo dos Anjos
(romance-reportagem, 1985); Dilúvio (contos), Fortaleza
Encantada (crônicas, 2007) Tudo por causa do sol (narra-
tivas, 2008), A mulher sem túmulo (romance, 2012), entre
outros.
MÚSICA E LITERATURA – Esse diálogo é permanente-
mente feito por Henrique Beltrão, autor dos livros de po-
emas: No ar um poeta (2014), Simples (2009), Vermelho
(2006) e do CD Plural, em parceria com outros cantores
(Pingo de Fortaleza, Aparecida Silvino, Joana Angélica,
Jord Guedes, Lorena Nunes, Simone Guimarães, Calé
Alencar, Edmar Gonçalves, Marcelo Kaczan (cantor do
Québec); Alan Mendonça, autor de De Peixes e Aquários
Literatura no Ceará - 93
(poemas de signos, 2015), A Desmedula da Seta (2012),
Angústias, Álcool e cheiro de cigarro (2006), Varandas
(2004) e dos CDs intitulados: Enquanto a Cidade Dorme
(2007), Coração cinzeiro (2008), Mesmo que seja tarde
(2015) e Do Tempo Faltando um Pedaço (2015); e Eugê-
nio Leandro com os LPs Além das frentes (1986) e Cata-
vento (1990), os CDs A cor mais bonita (1995), Castelo
Encantado (2002), À hora dos magos (2008) e Escrito nas
Jangadas (2016), o mais recente com poesia de Marcio
Catunda; Leandro é autor do livro de contos A Noite dos
Manequins (2011).
CICLO DE PALESTRAS BÁRBARA DE ALENCAR – É
um projeto desenvolvido pelo poeta e escritor Gylmar
Chaves em escolas públicas urbanas e rurais, Assenta-
mentos, Comunidades Quilombolas e Indígenas. Consti-
tuído de palestra e lançamento de livro, objetiva desper-
tar no público presente a construção de um mundo mais
solidário a partir da vida humana e política de Bárbara
de Alencar. Nos últimos quatro anos, o projeto tem sido
contemplado pelo Edital Mecenas do Ceará e pela Lei
Federal de Incentivo à Cultura, que já possibilitaram a
realização, em Fortaleza e nos lugares de difícil acesso
do interior de nosso estado, mais de trezentas palestras,
além da distribuição gratuita do livro A Invenção de Bár-
bara de Alencar, para crianças “de todas as idades”.
Gylmar é autor de mais de vinte livros publicados
por editoras locais e nacionais e é o idealizador e coor-
denador da Coleção Pajeú, projeto editorial sobre a me-
mória histórica dos bairros de Fortaleza editada pela SE-
CULTFOR. Entre as suas obras mais conhecidas, estão:
Fortaleza Mirim (2014), Ceará de Corpo e Alma (2002),
Feira de São Cristóvão: O Nordeste é aqui (1999), Nossa
94 - Aíla Sampaio
Paixão Era Inventar Um Novo Tempo (1999), Fábrica do
Passado, (1991), Quase Que - cem poemas e suas possi-
bilidades afetivas (2017).
FLIACE – Festa Literária da Associação Cearense de es-
critores teve início em 2016 no espaço superior do Sho-
pping Benfica, com lançamentos de livros, declamações
de poesias, peformance de cordelistas, leitura, contação
de histórias e música. A programação conta com a co-
laboração de professores e escritores cearenses e passa
pela curadoria abalizada. O evento teve início na gestão
do escritor Silas Falcão como presidente da ACE e terá a
terceira edição em novembro de 2019.
VERSO DE BOCA – Grupo formado por estudantes do
Curso de Letras da UFC, criado e coordenado pelo poe-
ta Roberto Pontes e pela professora do Departamento de
Literatura Elizabeth Dias Martins, há aproximadamen-
te duas décadas, a partir da experiência deles no Grupo
Poesia Simplesmente, no Rio de Janeiro. Apresentam-se
em teatros, clubes, cafés literários, clubes e auditórios,
com performances de poemas e prosa poética, com espe-
cial atenção na modulação da voz, foco na dicção poética
e sutil expressão corporal. Integrantes: Silas Façanha,
Carolina Sena, Daniel Pereira, Leo Cerqueira, Milene
Peixoto, Carlos Henrique, Victória Vasconcelos, Kaio Til-
lesse, Brenda Nobre, Thaiany Santana. Atualmente, atu-
almente é um projeto da Secult/Arte-UFC.
SARAU CORPO-SEM-ÓRGÃOS – Criado por Renato
Pessoa e Jam´s Willame, é um sarau performático, que
amalgama poesia, música, teatro e filosofia; acontece na
Casa Arcadiana, que fica no Conjunto Ceará, mas há edi-
ções esporádicas em praças públicas, sempre na última
sexta-feira de cada mês.
Literatura no Ceará - 95
SARAU DA B1 – Acontece na Avenida Bulevar, em praça
pública, no terceiro sábado do mês – Janguruçu em São
Cristóvão –, com coordenação de Carlos Melo. Publicou
em 2016 um livro com “os poetas de lugar nenhum”, tur-
ma bem urbana do Samuel Denker, ex-coproprietário do
Brechó Literário Rimbaud.
TRÂNSITO DE LEITURAS; LITERATURA DE LUA –
Ocorria semanalmente na Livraria Lua Nova. Com o fe-
chamento da livraria em 2018, cessaram as atividades.
OFICINAS DE FANZINES – Fernanda Meireles, além
de fazer fanzines e pesquisar sobre o assunto, promove
oficinas em espaços diversos da cidade. Ela coordenou
a ONG Zinco - Centro de Estudo, Pesquisa e Produção
em Mídia Alternativa. Em seus estudos, ela cita grupos
de Zines em Fortaleza, como: Seres Urbanos; Zine Zero;
Demência Zine.
COLETIVO A LITERAÇÃO – Formado por estudantes de
Letras da UFC. Publicações esparsas nos primeiros zines
e publicações autorais.
SARAU DAS COISAS DE DENTRO – Idealizado pela
escritora Alana Alencar, autora do livro de poemas Deta-
lhes da alma de alguém (2017), com colaboração da atriz
Karla Karenina, autora de Era uma vez… (poemas, 1999),
do presidente da Academia Cearense de Literatura e Jor-
nalismo, Reginaldo Vasconcelos, e dos acadêmicos Paulo
Ximenes e Júlio César Soares. A primeira edição aconte-
ceu em abril e as seguintes em julho e outubro de 2019,
todas envolvendo poesia e música e artes cênicas. É um
evento itinerante.
SARAU MULHERES DO MUNDO – Leitura de textos
apenas de mulheres, poetas contemporâneas cuja voz é
96 - Aíla Sampaio
de resistência. Promovido pelo selo editorial Aliás, des-
de 2017, tem à frente as escritoras Anna K. Lima, autora
de Claviculário (poemas, 2017), Lisiane Forte, autora de
Liames (poemas, 2018) e Zonas abissais (poemas, 2019).
Participam também: Jéssica Gabrielle Lima, Isabel Cos-
ta, Mariana Amorim, Taciana Oliveira, Dávila Pontes, Taís
Bichara e Bruna Sombra, contando com poemas e prosa
poética de escritoras contemporâneas como Nina Rizzi,
Angélica Freitas, Sara Síntique, Rupi Kaur e Mika Andra-
de. É itinerante, já tendo se apresentado no Teatro José de
Alencar e no Sesc, entre outros lugares.
SARAU CASA DE POESIA – Teve início em 2015 e foi
retomado em 2019, com as poetas Luana Braga, Marta
Pinheiro e Carolina Capasso à frente. Acontece quinze-
nalmente. Na primeira quinzena de cada mês, o sarau
é itinerante, ocorre em bares, casas de festas, teatros e
lugares diversos. Na segunda quinzena, o grupo se apre-
senta sempre no Gentilândia bar, no bairro do Benfica. A
proposta do sarau é levar música, poesia e arte (com lan-
çamento de livros, discos e exposições de fotos e pintu-
ras) aos espaços da cidade. Luana Braga está, atualmen-
te, com a exposição literário-fotográfica “Nunca mais eu
digo: eu te amo” na Livraria Lamarca.
SARAU LAMARCA – Organizado por Francélio Alencar,
acontece todas as sextas-feiras, às 19h, na Livraria La-
marca, situada na Av. da Universidade, com leitura de
textos literários e performances artísticas.
COLETIVO MOCORORÓ LITERÁRIO – Fundado em
2015 por Augusto Secundino, para juntar pessoas que ti-
nham produção literária em Pacajus. Participantes: José
Valdir (trovas), Socorro Pinheiro (poemas), Nataly Pinho
(crônicas e outros gêneros), Eclê Gomes (poemas e peças
Literatura no Ceará - 97
de teatro), Augusto Secundino (cordel), Nágilo Menezes
(cordel e outros gêneros), Ana Célia (historiadora). O
grupo organiza estudos e eventos nas praças de Pacajus,
entre eles: o 1º e o 2º SALIPA - Sarau Literário de Paca-
jus (2017/2018) e o Mocororó na praça – encontro mensal
em que discutem e leem obras de autores previamente
escolhidos (nos encontros quinzenais). Realiza também
um programa em uma rádio local, que vai ao ar todos os
sábados. O coletivo está na fase final da edição do livro
Florilégio, com recursos de um edital feito da Secretaria
de Cultura da cidade.
FESTA LITERÁRIA DO CARIRI – A primeira foi realiza-
da no Crato, em agosto de 2018; e a segunda, em novem-
bro de 2019, com programação envolvendo literatura,
jornalismo cultural, artes visuais, música, dança e teatro.
A homenageada foi a escritora Ana Miranda: Participa-
ram: Pablo Manyé, Carolina Campos, Inês Cardoso, An-
derson Sandes, Ronaldo Correia de Brito, entre muitos
outros escritores, artistas visuais, professores, historiado-
res e jornalistas. A I FLIC teve a curadoria de Carolina
Campos. Coordenação de: Arlene Pessoa da Silva (Pró-
-Reitora de Extensão); Eneida Feitosa (Diretora do Cen-
tro de Humanidades); Pablo Manyé (Prof. Dr. do Centro
de Artes). Coordenação da Flic na UFCA: Robson Almei-
da (Pró-Reitor de Cultura); Anderson Sandes (Prof. do
Curso de Jornalismo). Coordenação da Flic na Escola de
Saberes de Barbalha-Esba: Jane Ferreira (Vice-Presiden-
te); Josier Ferreira (Diretor de Patrimônio Cultural).
98 - Aíla Sampaio
CLUBES DE
LEITURA/
ENCONTROS
Literatura no Ceará - 99
Alque, Cris Menezes, Cássia Barroso, Leonilia Militão,
Socorro Almeida, Zélia Sales, Raymundo Netto, Glória
Jucá, Marvenier. Nos encontros, que ocorrem sempre
Lemos uma obra escolhida pelo mediador e fazemos a
discussão no encontro. Sempre digo que é um momento
prazeroso de leitura, bate-papo e grande aprendizado.
Destacamos Zélia Sales, com os livros de contos A ca-
deira de Barbeiro (2015) e O desespero do sangue (2018).
LEITURAS NA PRAÇA – Encontros mensais para leitura
de obras literárias. O projeto, que teve início em março
de 2017, é coordenado pela professora Maria Inês Pi-
nheiro Cardoso e ligado ao Curso de Letras/Coordenado-
ria de Extensão do Campus do Benfica da Universidade
Federal do Ceará. Na página da universidade, lê-se o
objetivo da ação: “O Projeto pretende fomentar a leitura
de textos literários nos espaços públicos da cidade, nota-
damente nos parques e praças de Fortaleza. A formação
de leitores é o objetivo principal, sendo o texto literário
o foco desta ação. Em nossos encontros mensais, convi-
dados especialistas em literaturas de distintas naciona-
lidades participam, realizando leituras e diálogos entre
os presentes e os textos, clássicos e contemporâneos, da
literatura mundial”.
AMOR EN-CENA – Criado inicialmente para debater o
tema do amor em obras da literatura, incluiu, nos últimos
tempos, obras que geram discussões políticas. Os encon-
tros se dão na Praça das Flores, geralmente, no último
sábado de cada mês. Os livros são indicados e votados
pelos participantes durante os encontros.
CAFÉ DAS ARTES – Ocorrem mensalmente no Café das
Artes do Espaço Cultural da Unifor. Reuniões nas tardes
de sábado para discutir obras nacionais e estrangeiras,
100 - Aíla Sampaio
que são escolhidas por votação. Há sempre sorteios de
livros.
CLUBE DE LEITURA DA LIVRARIA LAMARCA – Os
encontros ocorrem no primeiro sábado de cada mês, no
mezanino da Livraria Lamarca, a partir das 10h, para lei-
turas de obras clássicas a contemporâneas, definidas por
votação. As leituras são alternadas mensalmente entre
homens e mulheres.
LITERATURA EMPODERADA – Reuniões mensais para
debater obras de ficção e não ficção femininas e feminis-
tas, geralmente, no terceiro sábado do mês, às 14h, na
Livraria Lamarca. As leituras são propostas pelas organi-
zadoras do clube por sugestões dos membros, mulheres
e homens.
CLUBE DE LEITURA DA SUBLIME – Reuniões na Ca-
feteria Sublime para discutir temáticas literárias diver-
sas, no último sábado de cada mês, às 22h. As leituras
são escolhidas por votação.
CLUBE DE LITERATURA ERÓTICA DA SUBLIME –
Encontros na Cafeteria Sublime, mediados pela psicóloga
Camille Borges, na segunda terça-feira de cada mês, às
20h. Os livros são escolhidos ao final de cada encontro
por votação.
CLUBE DE LEITURA JANE AUSTEN – Encontro para
leituras de obras da escritora britânica Jane Austen e
relacionadas a ela, geralmente, em praças e cafeterias,
a cada dois meses, em dias de domingo, às 10has. No
final de cada reunião, o grupo decide o próximo local, a
data e o livro a ser discutido. O grupo é aberto a qualquer
interessado.
Terra do sol, do amor, terra da luz! Tua jangada afoita enfune o pano!
Soa o clarim que a tua glória conta! Vento feliz conduza a vela ousada;
Terra, o teu nome, a fama aos céus remonta Que importa que teu barco seja um nada,
Em clarão que seduz! Na vastidão do oceano,
- Nome que brilha, esplêndido luzeiro Se, à proa, vão heróis e marinheiros
Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! E vão, no peito, corações guerreiros?!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Sim, nós te amamos, em ventura e mágoas!
Chuvas de prata rolem das estrelas... Porque esse chão que embebe a água dos rios
E, despertando, deslumbrada ao vê-las, Há de florar em messes, nos estios
Ressoe a voz dos ninhos... Em bosques, pelas águas!
Há de aflorar, nas rosas e nos cravos Selvas e rios, serras e florestas
Rubros, o sangue ardente dos escravos! Brotem do solo em rumorosas festas!
Seja o teu verbo a voz do coração, Abra-se ao vento o teu pendão natal,
- Verbo de paz e amor, do Sul ao Norte! Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Ruja teu peito em luta contra a morte, E, desfraldando, diga aos céus e aos ares
Acordando a amplidão. A vitória imortal!
Peito que deu alívio a quem sofria Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi o sol iluminando o dia! E foi, na paz, da cor das hóstias brancas!
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