Sebastião Guimarães - Artigos Indispensáveis para Músicos Cristãos PDF
Sebastião Guimarães - Artigos Indispensáveis para Músicos Cristãos PDF
músicos cristãos
1. “Culto comunitário” por Rev. Sebastião Guimarães
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penhor da nossa herança, até que a sua propriedade seja resgatada “em
louvor da sua glória”. (v. 14). Como diz Terry L. Johnson, “A finalidade ou o
propósito do evangelismo e de missões é criar um povo para adorar a Deus”.
O apóstolo Pedro ensina que nós somos um povo escolhido pelo Senhor para
atender a uma específica e determinada finalidade; qual? Proclamar as
virtudes de Deus (1Pe 2:9), que o texto original sugere ser uma atividade de
louvor.
Missões não é o objetivo principal da igreja, mas sim a adoração. Missões existem
porque Deus é o alvo e não o homem. Quando esta era passar e os incontáveis
milhões de redimidos caírem com o rosto em terra diante do trono de Deus, não
haverá mais missões. Trata-se de uma necessidade temporária, mas a adoração
existirá para sempre.
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UMA “MANIFESTAÇÃO DE LOUVOR, ADORAÇÃO E GRATIDÃO”
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formas de raciocínio e de expressão? Depois de longa, mas infrutífera reflexão,
o presidente da assembleia anunciou que suspenderia os trabalhos para
retomá-los outro dia, e designou um dos teólogos para fazer a oração final
daquela sessão. O irmão designado então alçou a voz dizendo: “Ó Deus, tu
que és um espírito infinito, eterno, imutável em teu ser, sabedoria, poder,
santidade, justiça, bondade e verdade...” e prosseguiu. Quando terminou, os
teólogos se entreolharam significativamente e um consenso se estabeleceu:
aquela era a melhor definição que eles poderiam encontrar para Deus.
Nenhuma seria perfeita mesmo, mas eles não criam que pudessem encontrar
uma melhor. E ficou essa, conforme podemos constatar, examinando o Breve
Catecismo de Westminster.
“DIRIGIDA A DEUS”
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Não estou negando a importância de se homenagear pessoas que de
algum modo se destacaram e se tornaram merecedoras do respeito, da
estima e da gratidão do povo de Deus. Aliás, a própria Bíblia nos exorta a fazê-
lo: “... honrai sempre a homens como esse” (Fp 2:29). Entretanto não é o culto
a hora própria para isto.
O que você acha disso, Xavier? “Eu sou rouco, desafinado, fanhoso e
não ensaiei, mas como é para a glória de Deus, vou cantar”, Ora, se fosse
para a apreciação e o aplauso dos homens lá no teatro ou na televisão, tinha
que ser bonito, afinado, bem ensaiado; mas como é para a glória de Deus...
Entendo que exatamente por ser para a glória de Deus, a qualidade deveria
ser a melhor possível.
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Não podemos ser rígidos nessa matéria e, por exemplo, só admitir que
cantem na igreja grandes artistas, gente de voz burilada, educada, porque
realmente a igreja não é um teatro nem o culto é um show. Mas o culto deve
ser planejado e executado com esmero, cada ministrador, seja qual for a área
da sua ministração, deve cumprir o seu papel com a maior eficiência de que
for capaz. Se não sair tudo primorosamente, que não seja por descaso, por
relaxamento, por negligência. Não saiu perfeito, mas cada um fez realmente o
melhor que pôde para a glória de Deus; aquele, de fato, era o melhor de
cada um.
Em Eclesiastes 9:10 lemos: “Tudo o que te vier à mão para fazer, faze-o
conforme as tuas forças”. Este texto estabelece um princípio: devemos nos
esforçar para executar todas as tarefas que nos forem designadas com a
maior eficiência de que formos capazes. Na desincumbência dessas tarefas,
devemos dar o melhor de nós. Aliás, Jesus era um cuidadoso observador desse
princípio. Seus contemporâneos o reconheceram: “Tudo ele tem feito
esplendidamente bem” (Mc 7:37). Se é assim com referência às nossas tarefas
comuns, prosaicas, quanto maior não deverá ser o nosso empenho ao
fazermos algo que seja especifica e objetivamente para a glória de Deus!
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2. O fim do período de louvor – Rev. Charles Melo
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partes do país, os quais se manifestaram através de cartas de protesto e
acusações de mundanização através da música. Mais tarde, o disco caiu no
uso popular cristão e até hoje é lembrado e cantado não somente pelos que
eram jovens na década de 1970, mas também pelos que receberam essas
músicas como herança dos pais.
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permanência na hinódia. Os hinos de hoje eram os cânticos de antigamente.
Meu professor de Teologia do Culto, Rev. Fôlton Nogueira da Silva, certa vez
sugeriu a criação de um “semi-hinário”, uma pasta com canções populares
que seria manipulada mediante a retirada ou inclusão de músicas conforme a
relevância e uso. As que permanecessem por mais de 20 anos receberiam o
status de “hino”. Então o melhor critério para se exercer discernimento
apropriado entre música boa e música ruim não é a classificação como hino
ou cântico, mas a boa relação entre impressão e expressão. A impressão é o
sentimento que a música transmite, a ideia que ela passa e como ela prepara
o ambiente. Isso só o instrumental já faz. A expressão tem a ver com a
mensagem que a letra da música transmite ou o texto que ela subsidia. A
música boa é aquela que tem estilo apropriado a cada ambiente ou ocasião
(boa impressão) e que comunica a verdade da Palavra de Deus (boa
expressão). Note que esta regra se aplica a todas as músicas em geral,
mesmo as que não foram compostas por cristãos. Como não podemos julgar
se a música é boa ou ruim pela índole do compositor, mesmo porque não
podemos acessar seu coração, o critério justo e seguro é usar o crivo da
Palavra de Deus.
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começou uma nova celebração. A ordem do culto perde o sentido porque
num único momento do culto, músicas de louvor, contrição, dedicação
pessoal e declaração de fé se entrelaçam sem qualquer lógica. Além disso,
quando se pratica o “período de louvor”, o critério para a escolha das músicas
geralmente é o longo tempo sem a música ser cantada ou então, a variedade
estilística. “Vamos começar com uma animada, depois passamos para essa
mais lenta”. Percebeu como esse critério empobrece o culto e o torna menos
compreensível?
Para encerrar, posto aqui uma sugestão de ordem litúrgica conforme foi
praticada em minha igreja recentemente.
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• Oração Diaconal
• Mensagem: Efésios 6.15
• Ceia do Senhor
• Cântico: “Jesus Riscou a Cédula”
• Oração Final
• Bênção Apostólica
A Escolha
A escolha dos hinos, dos salmos e dos responsos que serão cantados
deve aprofundar-se nos princípios teológicos e litúrgicos da tradição
reformada, atendendo às normas bíblicas por ela sempre defendidas. É
preciso estar consciente da ação litúrgica como um todo, e do papel da
música em cada momento do culto. Quando o canto tem papel na ação
litúrgica, ele interpreta, juntamente coma Palavra, o tema central do tempo
litúrgico (Advento, Natal, Páscoa etc.); a função de cada momento litúrgico
(Adoração, confissão, gratidão, intercessão, comunhão etc.); e o tipo de
celebração (Batismo, Ordenação, Bênção Matrimonial etc.). No conceito dos
reformadores, os hinos são orações cantadas. Por isso devemos ser criteriosos
na escolha das músicas e das letras que serão dirigidas a Deus pelo seu povo,
para que elas expressem a atitude de oração. Como orações, os hinos e
responsos são dirigidos a Deus, que presente de maneira ativa (falando,
iluminando, perdoando, amando, julgando, sarando, salvando, enviando); por
isso, é importante o estilo direto.
Responsos
Os responsos são mais curtos que os hinos. São cantados nos vários
momentos do culto, quando se requer uma resposta a Deus, por parte de todo
o povo, em conjunto. Os responsos pertencem à congregação, podendo ser
reforçados pelo coro; entretanto, jamais devem ser cantados somente pelo
coro. A congregação deve aprender os responsos e cantá-los de cor com
todo o fervor e fé que a oração exige. O "Amém" sempre pertence ao povo.
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O Coral
Música Instrumental
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4. A Proposta Litúrgica da Igreja Presbiteriana do Brasil
por Rev. René Alves Stófel
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desejamos agradar ao Todo Poderoso Combatente que lutou bravamente por
nossa salvação devemos encontrar coisas que o deleite, e apresentar essas
coisas a Ele. Não é somente o fato do banquete, mas o conteúdo do
banquete que é importante, o conteúdo, os elementos que compreendem o
culto são da mesma forma importantes.‟‟1
Há muita crítica em relação ao culto prescrito e bem ordenado, de que
ele coíbe a emoção, exaltando a razão. Entendemos, no entanto, que as
vezes, os que assim argumentam, estão mais preocupados com a
centralização das emoções, do que com o próprio culto, o que constitui
uma ameaça ao culto em ''espírito e em verdade''. A respeito disso afirma o
Rev. Cleómines, ''... o homem deve ser equilibrado entre a razão e a emoção.
Contudo, deixar o emocionalismo dominar o culto pelas lágrimas,
manifestações, arrepios, gozos, pode ser sério risco ao louvor verdadeiro...
Pontuou certo pregador que 'religião demais' pode ser capa para 'pecado
demais'.''2 Poderíamos a tais manifestações denominar de ''a idolatria exterior''
como escreveu João Calvino, comentando o segundo mandamento da lei de
Deus que alude à adoração de Deus, afirma:
''Portanto, o fim do segundo mandamento é que Deus não quer que seu
legítimo culto seja profanado mediantes ritos supersticiosos. Pelo que, em
síntese, ele nos afasta totalmente das insignificantes observâncias
materiais que nossa mente sempre tende a buscar em razão da sua
grosseria natural, costuma inventar quando concebe a ideia de Deus. E,
daí, Deus nos instrui a seu legítimo culto, isto é, ao culto espiritual e é
estabelecido por si próprio. Assinala, ademais, o que é o mais grosseiro
defeito nesta transgressão: a Idolatria exterior.‟‟3
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Sacramentos, quando realizada no culto público, faz parte dele.
4 Capítulo XXI, V.
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temos na experiência do profeta a descrição de uma cerimônia cúltica,
realizada no céu com seus reflexos na terra. As circunstâncias que envolviam
este culto eram solenes.5 Para o Dr. Russell Shedd o atributo que mais penetrou
na consciência do profeta foi a santidade de Deus.6
Minha intenção neste pequeno comentário litúrgico sobre a experiência
que o profeta Isaías teve no seu encontro com Deus é apontar para uma cena
que segundo o Rev. Hermisten tem sido considerada como o “Lócus Classicus”
do modelo litúrgico das Igrejas Presbiterianas e outras.7 O adorador Isaías,
desiludido com tanta indiferença do seu povo para com o Deus de Israel
(confira no capítulo 5 de Isaías), depois da morte do rei Uzias, braço no qual se
apoiara até então, entra na Casa do Senhor e depara com a santidade de
Deus que o confronta profundamente. Isaías sente o peso do pecado de Israel
e do seu próprio; não pensa noutra coisa, senão na sua própria morte: “Estou
perdido diante da santidade de Deus!” Somente depois de contemplar a
santidade de Deus, de sentir-se profundamente confrontado, de ter seus
pecados perdoados, se dispõe ao comissionamento de Deus. Ninguém estará
apto para o comissionamento de Deus até que entenda os atributos de Deus.
Quando conhecemos Deus, caímos contritos diante dele, nos colocamos em
nosso devido lugar admitindo que não passamos de criaturas decaídas, servos
pecadores e redimidos pela misericórdia de Deus. Quando as Escrituras
Sagradas narram o encontro de vários servos de Deus com o Senhor de suas
vidas, ela aponta sempre para uma atitude de profunda reverência e
quebrantamento deles.
Ao depararmos no culto solene com o Deus santo, devemos ter a mesma
sensação do profeta Isaías, ainda que não tenhamos uma experiência
semelhante a que ele teve. Todavia, contemplamos o mesmo Deus em todos
os seus atributos. Não contemplamos Deus da forma como o profeta o
encontrou, nem por isso, nosso culto é menos rico de significado; não
perdemos a sensibilidade no culto ao Senhor, pelo contrário, todos nós que,
pela fé fomos incorporados em Jesus Cristo, o qual nos fez assentar em lugares
celestiais (Ef. 2:6), devemos associar esta verdade à experiência. Esta verdade
inegável vem sendo negada e até se apagará por completo de nossa
consciência se dependermos unicamente da visão física. Olhemos com
atenção para as passagens bíblicas de Ef 1: 17,18 / Co 11:10 / Hb12:22-24 / Hb
11:1 e sintamos a nossa posição privilegiada e ao mesmo tempo responsável
diante do Deus da nossa salvação.
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Isaías seja pregado ou estudado na igreja com a utilização do próprio texto
para os elementos litúrgicos do dia. Deparamos no texto com adoração,
contrição, confissão e comissionamento.
Shedd8 comenta o texto dividindo-o em:
SUB-TEMAS:
1. ADORAMOS UM DEUS TRINO: (Santo, Santo, Santo) ''Por isso as bases do limiar
tremem à sua voz''
3. REVERÊNCIA: (v 2)
''Tal era a glória de Deus contemplada que inspirou nos querubins profunda
reverência. O encontro com Deus sempre despertou no homem atitude de
respeito, reverência e temor. Moisés e Josué tiraram as sandálias dos seus pés.
Manoá tremeu, Jacó se maravilhou, Jó se humilhou, Isaías se sentiu reduzido
ao pó, Pedro, após a ressurreição, se lançou nas águas, Tomé caiu de joelhos...
e João em Patmos caiu como morto... “10
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O Rev. Hermisten11 dá forma aos elementos Litúrgicos encontrados no
texto, na seguinte ordem:
INCENTIVO Seja fiel, quer seja oportuno, quer não. John Blanchard afirmou: “O
crescimento cristão requer mais do que conhecimento da Bíblia; ninguém se
alimenta decorando cardápios”.13
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5. Uma comparação de algumas liturgias reformadas
por Revista Ordained Servant
Sentença da Escritura:
Confissão de pecados Confissão de pecados. Chamado à adoração.
Salmos 124:8
Oração de aproximação;
petição pela presença santa
Palavras da Escritura de
Confissão de pecados Oração de perdão. de Deus, aceitação dos
perdão; Absolvição.
adoradores e benção sobre
as leituras da Palavra.
Cântico de um salmo
Oração por iluminação Leitura da Escritura Leitura do Novo Testamento.
metrificado.
Oração: de confissão de
Leitura da Escritura. Leitura da Escritura Sermão pecados, intercessão e por
iluminação.
Oração de intercessão,
concluída por uma longa
- - -
paráfrase da Oração do
Senhor.
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Apóstolos. Apóstolos. acercar-se à Mesa.
Fração (partir do pão). Fração (partir do pão). Fração (partir do pão). Comunhão.
Distribuição da comunhão
Comunhão (durante a qual Comunhão (durante a qual para o povo (durante a qual Oração de ação de graças.;
os salmos eram cantados). os salmos eram cantados). “toda a história da Paixão” e para uma vida digna.
era lida).
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Bibliografia para consulta:
a
5. MORAIS, Ludgero Bonilha, Pastoral Dança Litúrgica, 1 Igreja BH.
13. SANTOS, Dr. Valdeci, “Refletindo sobre a Adoração e o Culto Cristão” (Fides
Reformata vol. III número 2/1998.
16. HORTON, Michael, A Face de Deus, Cultura Cristã, S. Paulo, 1ª Edição, 1999.
17. DICKIE, Robert L., O que a Bíblia ensina sobre Adoração, S.P. Fiel, 1ª Edição,
2007.
19. BASDEN, Paul (Editor), Adoração ou Show? S. Paulo, Vida, 1ª Edição, 2006.
20. CUNHA, Guilhermino, O Culto que Agrada a Deus, SP, Cultura Cristã, 1ª
Edição, 2002.
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