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Resumo de Clínica de Grandes Animais Correto

Este documento discute aspectos da reprodução e neonatologia de equinos. Ele aborda tópicos como cruzamentos entre espécies de equinos, duração da gestação, parto, cuidados com potros recém-nascidos e o que é considerado normal no pós-parto.

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Resumo de Clínica de Grandes Animais Correto

Este documento discute aspectos da reprodução e neonatologia de equinos. Ele aborda tópicos como cruzamentos entre espécies de equinos, duração da gestação, parto, cuidados com potros recém-nascidos e o que é considerado normal no pós-parto.

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CLÍNICA MÉDICA DE GRANDES ANIMAIS

CAVALO E ÉGUA X JUMENTO E JUMENTA

• Égua x jumento = burro ou mula


• Cavalo x jumenta = bardoto

Essas são duas espécies diferentes. A primeira usada como animal de transporte, tem 64
cromossomos e a segunda usada como animal de carga te 62. A geração do cruzamento entre essas espécies
gera um animal híbridos, estéreis, ou seja, não capazes de gerar descendentes.
A mula não é capaz de produzir um embrião, mas, se este for implantado nela, ela mantém a
gestação, ou seja, ela é capaz de gerar. Ela tem cio e pode ser usada para a transferência de embrião. Se ela
cruzar com o cavalo não há gestação, mas, ela consegue manter a gestação de um embrião implantado.

• NEONATALOGIA DE EQUINOS:
O neonato equino é o potro com até 48 horas de nascimento.

➔ Cio da égua:
O cio da égua dura de 3 a 5 dias, com intervalos sucessivos de 21 dias até que ocorra uma gestação
ou o fim da estação reprodutiva, já que ela é poliéstrica estacional de dias mais longos e com mais horas de
luminosidade
A luz solar ao ser captada pela retina desse animal, vai agir no seu hipotálamo e dessa forma,
promove a diminuição nos níveis de melatonina na glândula pineal, consequentemente aumentando a
concentração de GNRH. Assim, ocorre a produção de LH e FSH e o início do cio. O calor de nada tem a ver
com o cio desses animais, e sim as horas de incidência de luz solar.

Existe outra forma de fazer esse processo acontecer?


R: Sim, com a utilização de luz artificial, onde a égua é colocada em uma baia, após o horário de luz natural
com uma incidência de luz até por volta das 21h. Funciona como se fosse uma prolongação das horas de luz
agindo no hipotálamo desse animal. Esse processo pode ser usado quando se quer implantar embriões fora
da estação reprodutiva do animal.

➔ Duração da gestação:
Dura de 320 a 360 dias, e isso explica o fato de a égua só conceber um potro por ano.

A égua pode ter uma gestação gemelar?


R: Sim, mas neste caso, como o abdome dela é pequeno comparado ao tamanho do potro, a égua pode não
conseguir levar a gestação de 2 fetos adiante. Também, pode acontecer de um potro nascer pequeno em
relação ao outro devido ao baixo aporte nutricional durante a gestação e morrer, ou ao nascer o menor ter
que ser separado e alimentado na mamadeira, de forma artificial para suprir eventuais deficiências.

➔ Manutenção da gestação:
A gestação é mantida pelo sistema endócrino, que também faz a maturação fetal e a preparação do
parto. Os glicocorticoides sinalizam o final da gestação.

Por que não usar corticoide exógeno (dexametasona por ex.) no terço final da gestação?
R: Porque isso elevaria os níveis de corticoide no organismo que passaria a entender esse aumento como
um sinal para expulsar o feto que nesta fase da gestação, que ainda não está maturado o suficiente (potro
pré-maturo)

Como ocorre a expulsão fetal?


R: Vai ocorrer em razão do aumento dos níveis de corticoide na adrenal do potro que faz com que um sinal
seja enviado ao hipotálamo da égua, desencadeando assim a expulsão fetal, ou seja, o parto.

OBS: caso o potro esteja em processo de maturação acelerada, é possível manejar uma égua que não esteja
mais em condições de continuar a gestação a parir com a utilização de corticoides. Geralmente isso é feito
em éguas com doença terminal ou laminite crônica. O tratamento é feito inicialmente com doses baixas de
corticoide para que ocorra a maturação pulmonar e após o acompanhamento com ultrassonografia, o parto
é induzido com uma dose mais elevada de corticoide. Neste caso a égua vai parir um potro já maturado.

O crescimento abrupto das adrenais pelo aumento de corticoide ocorre geralmente no último mês
de gestação.

➔ Placenta:
A placenta da égua é epiteliocorial difusa.
Éguas com mais de 30 dias para o fim da gestação não podem ter o parto induzido porque a
maturação fetal só ocorre 5 dias antes do parto.

➔ Sinais de futuros problemas:


• Lactação prematura que acaba diminuindo a qualidade do colostro;
• Corrimento vaginal;
• Cólica;
• Descarga vulvar que está relacionada a infecções que diminuem o aporte o oxigênio do potro.

Onde pode ser o parto da égua?


R:
a) ao ar livre – onde a desvantagem é a falta de controle sobre o nascimento como por ex. a hora. A vantagem
é que a égua pare sozinha, livre de estresse e com menos chance de pisotear o potro. No máximo ela pare
no piquete maternidade sem ninguém observando e interferindo.
b) parto assistido – pode ser na baia ou no piquete sendo necessário veterinário ou responsável 24h com a
égua.
c) parto assistido na baia – bom para gestantes de risco e para éguas muito nervosas que podem agredir o
potro. A desvantagem é que ele é muito artificial e aumenta o estresse a as chances de a égua matar o potro
porque ela pensa que vão roubá-lo.

➔ Momento do parto:
É quando o potro estiver em decúbito dorsal, com os membros torácicos voltados para o canal do
parto e esses membros estiverem abaixo do abdome.

➔ Fases do parto: PROVA!!!!!


• Fase 1 – aumento da relaxina, ocitocina, lubrificação, relaxamento cervical e dilatação do canal do
parto. Dura de 1 a 4 horas.
• Fase 2 – ruptura de bolsa, aumento da contração, exposição da bolsa amniótica e expulsão do potro.
Dura +/- 30 minutos.
• Fase 3 – do nascimento a expulsão da placenta (3 horas).

Se essas fases não ocorrerem desta forma há distocia.

➔ Distocias e ressuscitação:
Na ressuscitação deve ser feita massagem cardíaca, pode ser utilizado drogas medicamentosas como
a epinefrina e pode ser feita fluidoterapia, porém com cautela para não matar o potro por falência renal.

➔ Desafio extra útero:


O potro que acabou de nascer, considerado normal, vai sair de um ambiente controlado que é o útero
da mãe para ser exposto a desafios externos e a presença de microorganismos, sendo importante nesse caso
a imunidade passiva desse animal. Essa é o período chamado de adaptação neonatal que dura 48 horas.
Vão ocorrer alterações com esse animal, consideradas fisiológicas e ele terá que se adaptar. Com
isso, nesta fase, é considerado normal que o potro apresente taquicardia, taquipneia e aumento da
temperatura.
Como geralmente todas as atenções estão voltadas para o neonato após o parto, um problema acaba
ocorrendo com a égua nesta fase com muita frequência. Estamos falando de uma ruptura da artéria uterina
e para evitar a morte desse animal, é importante a realização de um acompanhamento através de exame
físico como TPC, frequência cardíaca/respiratória e temperatura para ter a certeza de que ela está bem.
Essas éguas são como aviões, que são preparados para “voar” por 320 a 360 dias (gestação). Nesse período,
elas devem estar saudáveis o suficiente para levar a gestação até o final quando elas vão “pousar”, ou seja,
o potro vai nascer e passados mais 7 dias ela receberá outro. Esse é o caminho comercial de éguas matrizes
e receptoras e qualquer contra tempo acaba com os resultados positivos.
Quando um potro nasce, já é possível mensurar o seu peso de adulto, tendo em vista que ele nasce
com em média 10% do peso que ele terá quando atingir a sua fase adulta.
Outra questão, é que o potro geralmente nasce com a mucosa cianótica. Isto é normal e ocorre, pois
ele está em um período de transição, onde antes ele recebia oxigenação por meio do seu cordão umbilical e
agora, ao passar pelo canal do parto, ele tem que passar a respirar de forma espontânea para transmitir
oxigênio para os pulmões, cérebro e todo o resto do corpo.
Ao nascer, os potros têm uma bradicardia que em minutos se transforma em uma taquicardia assim
que ele passa pelo canal do parto. Eles nascem com o coração batendo fraco e a medida em que eles vão
sendo estimulados pelo ser humano ou pela própria égua, começa a ocorrer uma taquicardia que se manterá
na primeira semana de vida. Por isso é comum a existência de potros com sopro cardíaco que vai perdurar
até o final da maturação cardíaca. Nem sempre um sopro é um problema!

Quando devo interferir no nascimento do porto?


R: principalmente quando ele não tiver resposta ao nascimento, ou seja, o normal é ele mexer a cabeça e os
membros assim que o tórax sair. Também devemos interferir se não houver reflexo de sucção em até 10
minutos após o parto, caso contrário o paciente pode estar com um quadro de hipóxia. Devemos interferir
se suspeitarmos de uma possível ruptura de bexiga causada por atonia deste órgão. Essa questão é
diagnosticada por meio de ultrassonografia e esse animal tem que urinar em até 8 horas após o parto se for
fêmea e de 4 a 6 horas se for macho, sendo o prazo máximo de 12 horas de espera. Outro caso que exige
interferência é se a termorregulação não ocorrer espontaneamente, gerando hipertermia ou hipotermia.
Devo interferir se for necessário, na mamada do colostro e na cura do umbigo.

O que é normal acontecer após o parto?


R:
1) o animal deve ficar em decúbito esternal em até um minuto;
2) a ruptura do seu cordão umbilical deve ocorrer em até uma hora;
3) o reflexo de sucção em 10 minutos após o parto;
4) ele deve ficar em pé em uma hora depois que o parto ocorreu;
5) mecônio deve ser eliminado em até 6 horas;
6) a micção em no máximo 12 horas para evitar chance de romper a bexiga;
7) e o colostro deve ser ingerido até no máximo duas horas após o parto porque nesse prazo a qualidade
do colostro é melhor e a capacidade do potro absorver as imunoglobulinas é maior.

Após o parto eu devo me atentar ao comportamento da égua, ou seja, devo avaliar se ela permite
que o potro mame, que ele se deite ou levante, se vai reconhecer o potro como filho dela. Isto é importante
para avaliar se a égua não tem por exemplo síndrome do pânico em égua gestante, levando esse animal a
pisotear e matar o potro após a primeira mamada.
A produção e ingestão do leite deve ser avaliada para saber se a égua produz quantidade de leite
suficiente. Eu avalio isso, com base no tamanho do seu úbere, se ele está pingando leite e se o potro está
mamando, isto através da observação do úbere da égua que deve estar vazio para indicar que o animal está
ingerindo o leite.

➔ Regra básica da neonatalogia (1-2-3):


1) Uma hora após o nascimento o potro deve estar de pé;
2) Duas horas após o parto o potro deve estar mamando o colostro;
3) Em até três horas após o parto deve haver expulsão de placenta.

➔ Cura do umbigo:
Deve ser feita para que haja a secagem do coto, prevenção de infecção fechando a porta de entrada
de microrganismos e para evitar a possibilidade de hérnia, porque o cordão umbilical se insere na
musculatura e quando ele é rompido essa passagem facilita a entrada do intestino no anel que ficou. Para a
cura é usado clorexidina, povidine e sprays. Hoje não se usa mais iodo porque causa queimaduras na pele
saudável. Essa cura deve ser feita de 6 em 6 ou em 8 em 8 horas nas primeiras 48 horas de vida para prevenir
infecções.
O umbigo mal curado pode ocasionar uma artrite ou poiliartrite séptica porque ele se torna uma
porta de entrada para bactérias, que irão se desenvolver nos locais mais quentes e com mais metabolismo
do organismo, que no caso são as articulações.

➔ Falha na transferência na imunidade passiva:


Está relacionada ao tipo de placenta da égua que como já dito é epitéliocorial difusa. Esse tipo de
placenta possui 6 camadas teciduais, que separam a circulação materna da fetal, funcionando como barreira
de proteção contra bactérias e outros patógenos, assim como de moléculas grandes tal como a da
imunoglobulina, que desta forma fica impedida de cair na circulação e seguir até o corpo do potro. Desse
jeito, o potro não recebe a imunidade da égua durante a gestação. Ele só vai receber essa imunidade quando
começar a mamar o colostro e por isso ele nascem hipoglobulinêmicos ou agamaglobulinêmicos, ou seja,
com pouca globulina ou sem ela.

Quais são os fatores causadores de falhas na transferência na imunidade passiva após o nascimento?
R: lactação prematura, atraso na ingestão de colostro, estresse e má absorção causada por alta carga
parasitária por exemplo e prematuridade e indução do parto.

➔ Colostro:
É a primeira secreção láctea rica em imunoglobulina G.
Os níveis de imunoglobulinas caem drasticamente após 24 horas e por esse motivo o ideal é que o
colostro, seja ingerido em até 2 horas após o parto, já que quanto mais próximo dele, maior é a concentração
de imunoglobulinas no colostro, além do fato de o potro já está sendo submetido a um ambiente com
bactérias e estar sem sistema imune, porém com o intestino apto a absorver as imunoglobulinas. Quanto
mais tempo passar após o parto, menor será a chance de absorção intestinal e menor é a transferência de
imunidade passiva.

➔ Teste para mensuração de globulina:


Serve para determinar quanto o potro absorveu e a quantidade de imunoglobulina no colostro.
✓ Refratômetro de Brix → colocar uma gota de sangue no refratômetro e olhar contra a luz, onde o
desejável é que esteja entre 23 a 28 brix. Abaixo de 23 é ruim e acima é muito bom! É o teste mais
fácil de fazer.
✓ IgG teste → a gota de sangue do potro é colocada em um kit comercial. É o mais confiável.
✓ Sulfato de zinco → consiste em misturar 6ml de sulfato de zinco em 0,5ml de soro de sangue em um
tubo de ensaio, onde em um minuto o sulfato de zinco que é transparente deve ficar branco como o
leite. Quanto mais branco maior é a reação e a quantidade de imunoglobulina passada para o potro.
Quando eu devo suplementar IgG?
R: quando o colostro for de baixa qualidade ou o potro não mamou nas 2 a 4 primeiras horas de vida. Posso
usar banco de colostro ou plasma que pode ser comercial, coletado do sangue da mãe ou de outra égua e
neste caso o potro que vai receber o colostro deve ser monitorado através da frequência cardíaca, pois pode
ocorrer reação anafilática. Essa suplementação é feita com sonda nasogástrica e bolsa canguru que é erguida
e o leite assim desce por gravidade.

Quais são os parâmetros do IgG teste?


R: esse é um teste semelhante ao 4dx utilizado em pequenos animais. Quando esse teste apresentar apenas
um risco, significa que existe menos de 400 mg/dl, se aparecerem dois riscos é um indicativo de que há de
400 a 800 mg/dl, e diante da existência de 3 riscos haverá mais de 800 mg/dl. Lembrando que um potro
normal deve ter mais de 1000 a 2000 mg/dl.

O que pode acarretar a não realização de testes como esse?


R: acarreta prejuízos, como por exemplo, inflamação de umbigo que pode gerar uma poliartrite séptica em
potros com menos de 30 dias de vida que precisam de cartilagem íntegra para completar o seu
desenvolvimento ósseo.

➔ Mecônio:
É formado a partir de fluído amniótico, secreções intestinais (bili) e debris celulares. É o lixo do
metabolismo que se acumula no organismo sendo formado desde o primeiro trimestre de gestação até o
período de nascimento do potro.
No mecônio a concentração de bilirrubina é 50x maior do que no soro e por isso ele vai possuir uma
coloração verde amarronzada, sendo bem pegajoso e gorduroso, já que é rico em bilirrubina e células
mortas.
Quando o potro ainda está no útero da égua, o mecônio já é formado, mas não é eliminado e quando
ele nasce, uma descarga de tudo o que foi usado na sua formação é para ser jogado fora. Isso é o mecônio.
Se o mecônio for eliminado dentro do útero, será reabsorvido em forma de lixo, sendo isto
inaceitável. Ele também não pode permanecer dentro do intestino do potro ao nascer, o que se ocorrer,
também causará reabsorção mesmo que em menor quantidade, gerando danos à saúde desse animal.
Então, os principais problemas relacionados ao mecônio são:
a) Eliminação “in útero” → pode ocorrer no segundo semestre de gestação (4 a 9 meses), estando
associado ao estresse fetal, que está relacionado a asfixia, que por sua vez tem ligação com estímulo
de nervo vago ou compressão de cordão umbilical e cabeça.
Essa situação pode ocorrer em uma égua com alta carga parasitária, como a babésia, responsável por
destruir as hemácias, que além de hemoglobina carregam O2. Com a queda do O2, o potro ainda no útero
vai tentar suprir essa oxigenação, e dessa forma ocorre um aumento do seu batimento cardíaco. Essa
aceleração vai desencadear a liberação de cortisol (hormônio do estresse), que por sua vez, vai aumentar o
peristaltismo do intestino do potro, ocasionando a liberação do mecônio ainda no útero. Nesse caso, não só
o movimento peristáltico será estimulado, mas também a respiração, e esse animal vai acabar aspirando
mecônio e nascer intoxicado. Essa liberação de cortisol vai ainda estimular o parto.

b) Retenção ou impactação → ocorre quando o potro não elimina o mecônio nas primeiras horas de
vida. Está presente principalmente nos machos que possuem o canal da pelve mais estreito.
Levam a retenção de mecônio, a sua produção excessiva, a prematuridade porque o cérebro do
animal ainda entende que ele está dentro do útero e não pode eliminar o mecônio e decúbito prolongado,
que assim com a prematuridade vai ocasionar a diminuição da atividade intestinal, surgindo inclusive sinais
de cólica. Pode estar associado a não ingestão do colostro que estimula o peristaltismo e assim a sua
eliminação.
É de suma importância a realização da anamnese para verificar se o potro apresenta sinais que
indicam a retenção do mecônio, como garupa arqueada tentando defecar, rolando e escoiceando o abdome
aparentando cólica persistente e distensão abdominal. A impactação pode ser diagnosticada por meio de
palpação retal com o uso do dedo para sentir o edema de mucosa, ultrassonografia abdominal, palpação
abdominal e enema.

ATENÇÃO:
SE O POTRO NÃO MAMOU O COLOSTRO E TEM RETENÇÃO DE MECÔNIO, HÁ RISCO DE SEPSE JÁ
QUE O SEU SISTEMA IMUNE NÃO ESTÁ FORMADO. ISTO ACARRETA LESÃO DE MUCOSA DO EPITÉLIO DO
INTESTINO PORQUE AS TOXINAS DO MECÔNIO COMEÇAM A SER ABSORVIDAS CAUSANDO INFLAMAÇÃO
DESSE EPITELIO, GERANDO ABSORÇÃO DE MAIS TOXINA AINDA.

O tratamento da impactação consiste em:


1) Uso de enema com óleo mineral ou glicerina e água morna aquecida a 370 C, onde pode ser feita a
diluição da glicerina por ex. que vai ser misturada a água e dessa forma introduzida no reto do potro
por meio de uma sonda de folem que permanece inflada nesta região por mais ou menos 40 minutos
ou até o animal conseguir retirá-la;
2) Se for possível, as massas fecais podem ser retiradas manualmente;
3) Fluidoterapia para tentar mandar água para o intestino com o objetivo de dissolver a massa;
4) Controlar a dor e evitar a septicemia.

➔ Diarreia do cio do potro:


Tem esse nome porque geralmente coincide em aparecer no primeiro cio da égua depois do parto.
Ela não tem tratamento porque para sozinha, durando geralmente de 2 a 5 dias. É fisiológica ao período de
maturação intestinal, acontecendo por volta dos 7 a 14 dias de vida do potro, ou seja, quando ele está
começando a comer grama e ração. Neste tipo de diarreia, o animal fica ativo, alerta e mamando. Ele não
apresenta febre, as frequências cardíacas e respiratórias permanecem normais, hemograma normal, sendo
ela de ocorrência branda e transitória, diferentemente do que ocorre em uma diarreia infecciosa, onde o
potro tem alterações em todos os parâmetros acima citados ficando depressivo e apático.
A diarreia do cio do potro é de fácil solução e autolimitante.

➔ Enfermidades do potro:
a) Hérnia umbilical: pode ser causada por tração excessiva na região e por infecções umbilicais
limitantes, ou seja, que não se tornam artrites e fiquem localizadas na porta de entrada. A cirurgia
nestes casos geralmente é feita por estética e essas hérnias podem regredir se não forem maiores
do que 10cm, já que a musculatura da cavidade abdominal tende a se fortalecer com o crescimento
para aguentar o peso dos órgãos e assim o anel herniário se fecha. Tem poucas chances de
estrangulamento. O tratamento pode ser feito com o uso de um anel de elástico na região até que o
corpo elimine o pedaço que ficou de fora ou pode ser cirúrgico que não envolve abertura de cavidade
abdominal, apenas incisão de pele e sutura de anel herniário para fechamento.

b) Persistência do úraco: é um canal que corre junto aos vasos umbilicais, fazendo a eliminação da urina
do feto para a cavidade alantóidea. Se após o nascimento esse canal não se fechar, a urina vai ser
eliminada pelo umbigo e vulva. A regressão acontece de 24 a 48 horas, e a cauterização pode ser
feita com iodo a 2% todos os dias e com antissepsia. Caso não funcione, pode ser feita a laqueadura
de úraco. O problema causado pela persistência do úraco é o fato de ela ser uma porta de entrada
de agentes causadores de doenças, que passa justamente ao lado dos vasos sanguíneos que seguem
para o fígado principalmente e como a urina é rica em microrganismos, pode haver uma infecção
localizada que posteriormente vai se transformar em generalizada.

c) Doenças infecciosas: são predispostas a eventos que ocorreram antes, durante ou após o parto. Pode
ser localizada como uma pneumonia ou generalizada em decorrência de uma Salmonelose, sendo
muito importante a anamnese e o exame físico. O tratamento vai depender da severidade da doença.
Existem fatores de risco no potro e na égua.
POTRO: prematuridade, asfixia perinatal, falhas na transferência de imunidade passiva, estresse, má nutrição
e rejeição pela égua;
ÉGUA → lactação prematura, separação prematura de placenta, plascentite, distocia, má nutrição e doenças
no período pré-natal.
Essas doenças infecciosas podem ocorrer no útero, durante o nascimento, após o nascimento, via
trato gastrointestinal, via respiratória ou via umbilical.
Os sinais clínicos da maioria das doenças infecciosas são:
1) Letargia;
2) Diminuição ou enfraquecimento do reflexo de sucção;
3) Diminuição do apetite;
4) Decúbito prolongado;
5) TPC aumentado;
6) Taquicardia;
7) Extremidades frias;
8) Tosse, secreção nasal, diarreia e sinais de cólica.

d) Septicemia neonatal: sempre vem depois de uma infecção localizada. Há prostração, apatia, febre,
diarreia e pode levar ao óbito depois de 3 a 4 dias. É tratada com fluidoterapia, vitaminas,
aminoácidos e antibioticoterapia para diminuir a alta carga parasitaria. É ocasionada por falhas na
transferência de imunidade passiva e por isso o colostro é tão importante.

e) Poliartrite séptica: começa de forma localizada. É um processo infeccioso envolvendo a membrana


sinovial, osso periarticular ou membros. O animal tem claudicação, febre, apatia, edema periarticular
e fístulas. Tratamento é feito com antibioticoterapia, drenagem e repouso. Pode ser gerada por falha
na transferência passiva.

CÓLICA EM NEONATOS

Corresponde a tudo que está relacionado a dor abdominal e não necessariamente somente a
um estrangulamento por exemplo. Pode ocorrer em casos de retenção de mecônio ou ruptura de
bexiga.
A palpação retal não pode ser feita como nos animais adultos e deve ser observado todo o
histórico do animal desde quando ele começou a sentir os sinais clínicos. A palpação abdominal é
realizada para se mensurar o grau de dor.
Pode ser feito sondagem nasogástrica com cuidado porque o potro pode não demonstrar
sinais de dor ou que a sonda está sendo introduzida na traqueia. É possível fazer gastroscopia,
ultrassonografia e o RAIO-X é extremamente útil. As manifestações de cólica são variáveis, podendo
haver sudorese, abanar de cauda, olhar para o flanco, rolar, distensão abdominal e o animal pode
ficar em decúbito dorsal. Geralmente ele fica com os 4 membros para cima e o pescoço dobrado.

Dentro de cólica vamos ter:

❖ Uroperitônio: ocorre por ruptura de bexiga que faz com que a urina saia desse órgão e caia
na cavidade peritoneal. O potro vai apresentar sinais após 3 a 5 dias e os machos são mais
predispostos em razão do diâmetro da uretra que é menor do que o das fêmeas. Pode ser
causado por alterações congênitas ou do úraco. Os sinais clínicos englobam mímica de micção
com pouca ou nenhuma urina, depressão, anorexia, distensão abdominal e percussão (som
de ping). O diagnóstico pode ser feito por meio do uso de azul de metileno ou fluorescesína
através de abdominocentese, ultrassonografia e exames laboratoriais. O tratamento é
cirúrgico, porém é necessário antes a estabilização do animal, em razão dos níveis de cálcio e
potássio, uma vez que, a urina é rica nessas substâncias que neste caso, ficam na circulação
sanguínea e são reabsorvidas, podendo ocasionar o aumento contração da musculatura
cardíaca, levando o animal a um infarto e óbito durante o procedimento cirúrgico.
❖ Obstrução intestinal por estrangulamento: acomete potros de 2 a 4 meses que sofrem
alterações na dieta. Pode ser causada por parasitoses, presença de areia ou corpo estranho.
Neste caso, há uma diminuição na motilidade intestinal, distensão e refluxo. O tratamento
consiste em estabilizar o paciente e realizar uma laparotomia exploratória para desfazer o
estrangulamento e desobstrução.
❖ Intolerância a lactose: ocorre nas primeiras horas ou dias de vida, com presença de diarreia
aquosa, prostração e perda de peso. O diagnóstico se dá por meio dos sinais clínicos e com o
animal em jejum de leite, onde ele é separado e alimentado pela via parenteral para verificar
se a diarreia para. O tratamento consiste em oferecer ao animal a enzima lactase como no
caso dos humanos nos primeiros 10 dias de vida até a maturação dos enterócitos. Caso não
funcione deve ser oferecido leite sem lactose. Não pode ser confundida com a diarreia do cio
do potro.
❖ Samonelose: causa mais comum de diarreia em potros. É causada pela bactéria salmonela e
gera enterite e septicemia. Está relacionada a falha na transferência de imunidade passiva
porque o potro não vai receber anticorpos contra a salmonela. Animais adultos são constante
mente expostos a essa bactéria, porém não desenvolvem a doença porque já estão com o
sistema imune bem desenvolvido. Então, se o potro mamar devidamente o colostro, os
anticorpos que já foram criados no organismo da mãe irão passar para ele, deixando o animal
mais resistente ao desenvolvimento da doença. Esta doença ocasiona variados graus de
diarreia, depressão, fraqueza, desidratação e febre, onde o potro começa a mamar menos.
Por isso, o ideal é fazer a cultura antes que esse animal fique muito prostrado para iniciar logo
o tratamento. No hemograma desse potro, nos primeiros dias de diarreia, pode haver uma
leucopenia seguida de leucocitose, ou seja, o organismo vai ser atacado pelas salmonelas que
vão destruir os leucócitos que são células de defesa e por consequência o organismo vai
tentar reagir produzindo mais células dessas. O diagnóstico é realizado por meio de
coprocultura (cultura de fezes), hemocultura (coleta de sangue) e PCR (para achar salmonela
nas fezes). O ideal é nunca esperar os resultados dos exames e entrar com um tratamento de
suporte que é a fluidoterapia para corrigir a desidratação, utilizar plasma hiperimune para
melhorar a resposta imunológica, antibioticoterapia, antiendotoxêmicos e ozonioterapia. Há
necessidade de monitorar as articulações porque há possibilidade de sepse ou artrite séptica
devido ao maior metabolismo desse local.

PROVA: PARA CORRIGIR UMA HIPOVOLEMIA, OU SEJA, O POTRO PERDEU MUITO SANGUE E ESTÁ
DESIDRATANDO MUITO RÁPIDO, UTILIZAR RINGER COM LACTATO INTRAVENOSO NA DOSE DE 10 A 20
ML/KG DE FORMA LENTA DURANTE 20 A 30 MINUTOS. PARA A MANUTENÇÃOEU DEVO ADMINISTRAR DE
80 A 100 ML/KG/DIA DE SORO SE O ANIMAL TIVER MENOS DE 60 DIAS DE VIDA E 60 ML/KG/DIA SE ELE
TIVER MAIS DE 60 DIAS. ISTO NÃO NECESSARIAMENTE UMA VEZ AO DIA.

RHODOCOCCUS EQUI

É uma doença que vai acometer potros entre 1 a 4 meses e esse fato a diferencia da Salmonelose
que atinge animais mais jovens com apenas 40 dias de vida. É uma doença de alta mortalidade e de
tratamento prolongado e de alto custo, já que diante da presença de enfermidade eu tenho que tratar potros
das próximas 3 estações reprodutivas para garantir que a doença será erradicada da propriedade. As práticas
de manejo profilático incluiriam funcionário capacitado, diminuição práticas de lotação, evitar pastejo
excessivo nos piquetes, evitar trânsito de animais, higiene rigorosa no local das instalações, separação de
lotes por idade, checar a transferência de anticorpos passivos, diagnóstico precoce, isolamento e tratamento
dos potros doentes.
Atinge o sistema respiratório, porém diante de uma alta manifestação, o agente pode acometer o
TGI e o potro vir a desenvolver uma diarreia. Causa letargia, febre, taquipneia, tosse e descarga nasal,
sintomas estes semelhantes ao garrotilho e o que vai diferenciar uma doença da outra é o aumento de
linfonodos, onde o garrotilho vai afetar o trato respiratório superior e o rhodococcus o trato respiratório
inferior, principalmente os pulmões. Se a doença se agravar e atingir o TGI vai ocasionar diarreia, cólica,
anorexia e perda de peso.
Quais são as complicações ocasionadas pelo Rhodococcus equi?
R: ostiomielite, pericardite, empiema de bolsa gutural, complicações renais e hepáticas, nefrite, sinusite e
endocardite.

Como é feito o diagnóstico dessa doença?


R: hemogramas e exames bioquímicos, exames radiográficos do tórax, ultrassonografia, cultura com a
colheita de material da região nasal e citologia por meio de lavado transtraqueal.

Se houver um abcesso pulmonar eu tenho 90% de chances de estar diante de um quadro de


Rhodococcus equi. Nesse caso, eu realizo um tratamento de suporte com anti-inflamatórios e antibióticos
até que o próprio organismo expulse o abcesso. Existe a opção de realizar uma drenagem, mas nesse caso
eu corro o risco de causar uma perfuração que vai se tornar uma porta de entrada direto para o pulmão ao
invés de fazer apenas uma lavagem da pleura. Por isso, a melhor opção é o tratamento de suporte mesmo.

Como é o tratamento para o Rhodococcus equi?


R: é um tratamento de suporte com o uso de fluidoterapia, nebulização e oxigenação para reduzir a
hipoxemia ocasionada pelo esforço do miocárdio para manter a pressão de oxigênio. Eu devo fazer uso
rifampicina de 5 a 10 mg/kg associada a eritromicina de 25mg/kg, ou a claritromicina de 75mg/kg.

Caso seja usado a penicilina e o animal atinja a cura, eu posso ter toda certeza de que ele não tinha
rhodococcus equi e sim garrotilho, já que ele não é sensível a esse antibiótico.
A rifampicina possui efeito laxativo/laxante, sendo comum que haja além da pneumonia, a ocorrência
de um quadro de diarreia de 5 a 15 dias após o seu uso. Esse quadro é única e exclusivamente ocasionado
pelo uso desse medicamento e não significa que diante dessa ocorrência o animal esteja apresentando
acometimento do TGI e piorando. Essa diarreia tem coloração avermelhada, da mesma cor do medicamento.
A taxa de mortalidade do rhodococcus equi é grande se o animal não receber o tratamento correto,
porém, caso tudo seja realizado como deve ser, eu consigo salvar até 90% dos animais acometidos. Vai
ocorrer a resistência da bactéria se for realizado tratamento massivo de infecções.

Como pode ser feita a prevenção dos casos de Rhodococcus equi?


R: pode ser feito:
1) Diagnóstico precoce;
2) Transferência de imunidade passiva através do colostro;
3) Manejo com ventilação e sem a superlotação de piquetes;
4) Usar plasma hiper imune na primeira semana de via e 25 dias depois para fortalecer a imunidade do
potro que nasceu na estação seguinte a ocorrência da doença na propriedade;
5) Fazer uso de imunoestimulantes.

A bactéria causadora dessa doença sobrevive 30 dias no ambiente. Animais adultos são portadores
assintomáticos da doença e por isso podem transmiti-la. Esses animais não vão desenvolver a doença em
razão da imunidade bem formada.

ISOERITRÓLISE NEONATAL (PROVA):

É uma incompatibilidade sanguínea entre o potro e a égua, ocasionada quando o filhote herda do
garanhão hemácias que são diferentes do tipo de hemácias da mãe e quando elas entram em contato,
começam a lutar umas contra as outras, gerando uma anemia hemolítica imunomediada por meio de uma
hipersensibilidade do tipo II.

Quando eu vou saber que o potro tem isoeritrolise neonatal?


R: a partir do momento que ele mamar o colostro, ou seja, nas primeiras horas e dias de vida, tendo em vista
que o sistema imune da égua não passa imunidade para o potro durante a gestação devido ao tipo de
placenta que ela tem (eiteliocorial difusa). Com isso os anticorpos da égua só entraram em contato com os
herdados do garanhão pelo potro a partir do momento em que ele mamar.

O potro nasce perfeito, porém algumas horas depois de mamar o colostro ele não consegue levantar-
se mais. Neste caso, eu devo separar esse animal da égua pelo prazo de 48h, período necessário para que
ela pare a produção de colostro e para o intestino do potro parar de absorver células de defesa. Durante
esse tempo de separação, eu devo ofertar a ele leite em pó, colostro em pó ou o leite de outra égua, até que
depois de decorrido este prazo, eu possa voltar com ele para a égua que o pariu.
Essa condição não é uma doença que o potro herdou do garanhão, sendo apenas uma
incompatibilidade sanguínea entre mãe e filhote que não é comum de acontecer. É mais frequente em
cavalos quarto de milha e mangalarga marchador pela tipagem sanguínea.

➔ Sinais clínicos:
1) Fraqueza, depressão, redução do reflexo de sucção e de apreensão mucosas pálidas e icterícia;
2) Permanência em decúbito estrenal, taquicardia e taquipneia;
Nessa doença não há envolvimento do SNC sendo isso que a difere da síndrome da asfixia perinatal,
onde o potro sofre ataxia, mioclonia e nistagma, já que os outros sinais são semelhantes.

➔ Diagnóstico:
É baseado nos sinais clínicos do animal.
São realizados exames bioquímicos e hemograma para analisar os níveis hemácias, hematócritos,
hemoglobina e bilirrubina. É realizado a urinálise porque o animal libera muita bilirrubina pela urina que se
torna alaranjada e avermelhada pelo rompimento de hemácias.

➔ Tratamento:
1) Não permitir que o potro mame da égua que o pariu por um período de 48h para impedir a
ingestão de colostro;
2) Realizar fluidoterapia com o uso de antibióticos e a hemoglobina é nefrotóxica;
3) Transfusão sanguínea se os níveis hematócritos estiverem abaixo de 12%, onde o sangue deve
ser coletado de outros animais;
4) Medicação para manter o equilíbrio ácido básico e hidroeletrolítico.

SÍNDROME DA ASFIXIA PERINATAL

Compromete o sistema neurológico sendo provocada por falta de oxigenação no cérebro do animal.
Nessa doença os potros ficam com estrutura anormal devido à ausência de desenvolvimento de
outros órgãos e normalmente a falta de oxigenação está relacionada a uma hipoxemia e isquemia.
Quando o potro passa pelo canal do parto, a pressão exercida no seu tórax faz com que haja uma
diminuição na concentração de alopregnanos, fazendo com que o potro acorde. Isso nos leva a crer que uma
deficiência cerebral faz com que não haja o reconhecimento da diminuição dessa substância, e aí, o potro
não acorda.
A síndrome da asfixia perinatal, leva a um quadro de asfixia, hipoxemia e isquemia, ou seja, ausência
de fluxo de sangue.
Um evento de hipoxemia e isquemia pode levar a uma resposta inflamatória que por sua vez também
pode ocasionar uma hipoxemia e essa hipoxemia severa vai gerar dano tecidual periférico, dano cerebral,
glicose anaeróbica e acidose láctia.
Como a síndrome da asfixia perinatal ocorre?
R: vai ocorrer em razão de um estrangulamento de cordão umbilical ou de uma placentite. Esses eventos
vão ocasionar a queda nos níveis de oxigênio, que por ua vez vai dar origem a um quadro de hipoxemia, que
vai levar ao desenvolvimento de uma resposta inflamatória exagerada, que vai enviar mais oxigênio para o
evento inflamatório. Assim haverá uma queda ainda maior nos níveis do oxigênio, acarretando síndrome da
asfixia perinatal.

A síndrome da asfixia perinatal pode ocorrer antes, durante ou até 48h após o parto. Durante do
parto ela ocorrerem razão de distocia, estrangulamento de cordão umbilical ou potro agarrado no canal do
parto. Depois do parto, ela será decorrente de uma herdabilidade de uma babesiose por exemplo que vai
causar a destruição das hemácias, anemia e diminuir o fluxo de O2 no cérebro.

Alguns pontos importantes vão definir a síndrome da asfixia perinatal. O potro ele se adapta ao
ambiente e ele luta dentro do útero, redistribuindo o sangue para os órgãos vitais como cérebro, coração e
adrenais para se manter vivo. Dessa forma ele caba nascendo com a cabeça maior do que o corpo em razão
de uma resposta patológica. Essa síndrome vai ocasionar retardo no desenvolvimento intrauterino.

➔ Eventos que vão ocasionar a síndrome da asfixia perinatal antes do parto:


1) Distocia; 6) Placentite;
2) Gestação gemelar; 7) Potros machado de mecônio e com cascos
3) Red beg; amarelados o que vai me indicar que houve
4) Parto induzido; a eliminação deste produto dentro do
5) Cesariana; útero.

➔ Eventos que vão ocasionar a síndrome da asfixia perinatal durante do parto:


1) Distocia; 4) Separação prematura da placenta;
2) Indução de parto; 5) Inércia uteriana;
3) Cesariana em decorrência da anestesia que 6) Qualquer evento que prolongue a fase 2 do
vai reduzir o débito cardíaco levando a parto que corresponde a ruptura de bolsa
redução do fluxo sanguíneo, além dos amniótica até a expulsão do feto
efeitos das drogas anestésicas sobre o
feto.;

Quais são os problemas que podem ocorrer durante o período perinatal?


R:prematuridade, anemia, enfermidades vasculares congênitas, doenças que façam o animal ficar em
decúbito porque isso acarreta pneumonia que diminui o fluxo de O2, enfermidades pulmonares e choque
séptico.

➔ Diagnóstico:
1) Sinais clínicos;
2) Exames complementares;
3) Exames laboratoriais;
4) Histórico da égua que pode por exemplo, ter sido acometida por babesiose que vai gerar uma anemia
e deixar a égua fraca, ocasionando a queda nos níveis de O2.
O diagnósttico tem como base o histórico da égua nas primeiras 72h após o parto, onde devemos
observar a ocorrência de distocias, gemelaridade, passagem de mecônio, doenças do trato respiratório ou
sistêmicas.

➔ Sinais clínicos:
1) A maioria dos potros vai emitir som 2) A língua é grande e fica pendurada pela
semelhante a latido; redução do tônus lingual;
3) Tremores; 6) Nistagma;
4) Excitação; 7) Queda de temperatura;
5) Letargia; 8) Diminuição do reflexo de sucção e morte.

➔ Exames complementares:
1) Ressonância magnética;
2) Ultrassonografia da égua para verificar se há presença de bradicardia, movimentação fetal reduzida
e fluidos fetais reduzidos.

➔ Tratamento:
1) Controle de convulsão;
2) Suporte cerebral de O2;
3) Correção do desequilíbrio metabólico;
4) Manutenção dos gases sanguíneos;
5) Perfusão tecidual;
6) Controle e prevenção de infecção bacteriana secundária;
7) Controle da função renal e gastrointestinal.

➔ Prognóstico:
É variável, cerca de 70 a 80% dos animais se recuperam.
A ocorrência dessa doença é alta e as falta de diagnóstico e tratamento reduzem bastante as chances
de cura.

DOENÇAS ORTOPÉDICAS DO DESENVOLVIMENTO

Nesses casos devemos saber o que é normal. O potro deve ser observado de frente para que sejam
analisados os seus cascos, membros e forma de andar.
Essas doenças são distúrbios hereditários ou adquiridos, podendo causar prejuízos ao desenvolvimento
nas articulações e nos ossos do potro em crescimento.
Os fatores que causam essas doenças podem ser:
1) Hereditários ou genéticos;
2) Adquiridos por traumas, exercícios precoces e piso duro;
3) Fatores nutricionais;
4) Fatores hormonais como o hipotiroidismo.

Os fatores hereditários são comuns de raças grandes com alta taxa de crescimento e metabolismo
acelerado. A estrutura óssea não acompanha o desenvolvimento muscular e o corpo não aguenta o peso.
Os fatores nutricionais estão relacionados a dietas ricas em energia que promovem o crescimento
acelerado e diferenciação de cartilagem insuficiente gerando lesão no tendão flexor digital profundo.
Tecidos moles não acompanham o crescimento ósseo, a nutrição da égua e o desmame.
Os fatores adquiridos estão relacionados a dor, claudicação, contração muscular e posicionamento
anormal.

• Deformidade flexural:
É uma restrição de uma articulação em posição flexionada ou a inabilidade de estendê-la
completamente.
Pode ser leve, moderada ou severa.
Pode ser uma contratura ou relaxamento do tendão flexor onde o animal pisa com o boleto no chão.
A articulação fica flexionada e ela não se estende.
Pode ser congênita nos casos de posicionamento uterino, toxinas teratogênicas e deficiência na
formação da elastina. Pode ser adquirida por nutrição inadequada, poliartrite e traumas.
➔ Relaxamento:
Geralmente é congênito em neonatos, o animal não suporta o peso e acaba pisando com o talão, sendo
que em casos mais severos o boleto toca o chão.
É mais comum em membros pélvicos, estando relacionado a prematuridade, sendo uma doença
sistêmica. O boleto tende a chegar mais próximo do chão. O tratamento consiste no casquemento, colocação
de ferradura para estimular o animal a jogar o peso para frente e prática de exercícios.

➔ Contratura:
O tendão flexor digital profundo se contrai a nível de carpo e altera a posição do membro, porque
impede a atuação da articulação da quartela e do casco, gerando uma hiperflexão da articulação. A
contração em excesso é ocasionada por Ca+.
Pode ser gerado por tendões pequenos comparados ao osso ou pode ter etiologia multifatorial podendo
ser genético ou idiopático.
O tratamento consiste na prática de exercícios físicos, oxitetraciclina que funciona como um quelante
de Ca+ que vai proporcionar um efeito relaxante sobre o tendão para ele voltar ao normal, anti-
inflamatórios, casqueamento, talas em determinados casos e cirurgia como a última opção.

• Deformidades angulares:
É o desvio lateral ou medial de um membro.

PROVA:
VARUS → desvio medial do membro abaixo da articulação do carpo;
VALGUS → desvio lateral do membro abaixo da articulação do carpo.

Ambos podem ser congênitos ou adquiridos (mas na maioria das vezes é congênito).

Geralmente as articulações que estão relacionadas são as do carpo, boleto e jarrete (tarso posterior).

Esses defeitos são gerados na fise que é a placa de crescimento ósseo. Essa placa determina o quanto
osso vai crescer. A fise se fecha quando o animal atinge de 18 a 24 meses e aí o animal para de crescer.
O crescimento da fise ocorre de forma errada quando:
1) Há claudicação contra-lateral, ou seja, o animal está mancando com o membro esquerdo, mas
começa a jogar o seu peso para o lado direito para poder retirar a sobrecarga e isso faz com que o
animal cresça de forma mais lenta;
2) Supernutrição, ou seja, o animal cresce muito e a placa de crescimento fica torta;
3) Pré-disposição genética em garanhões.

O diagnóstico é feito por meio de exame físico visual e radiografia.


O tratamento é feito geralmente com uso de parafusos nos casos mais graves. Se a deformidade for leve
pode ser utilizado o casqueamento e ferradura.

MANEJO ALIMENTAR DE POTROS

O potro quando nasce se alimenta exclusivamente do leite da égua.

➔ Leite da égua:
Tem maior concentração de carboidratos e menos concentração de gordura.
O pico de lactação da égua ocorre aos sessenta dias após o parto, ou seja, quando o potro tiver dois
meses.
Depois dos 15 dias de vida o potro começa a ingerir alimentos sólidos e por volta de dos 60 a 90 dias
esse animal já come sólido o suficiente para ser desmamado caso seja necessário.
➔ Potro jovem:
Mama de 7 a 10 vezes por dia em pequenas quantidades e o ideal é que eles mamem até completar seis
meses de vida. Quanto mais o potro cresce menor é a quantidade que ele mama porque a sua exigência
diminui. Com 30 dias de vida o potro passa 20% do seu tempo pastando e com 6 meses menos de 30% do
que esse animal precisa consumir está presente no leite e por isso que o desmame é sugerido no período de
5 a 6 meses, já que o leite passa não ser mais suficiente para o que ele precisa.
Com 30 dias de vida ele deve ganhar de 1 a 1.6 kg/dia, com 4 meses ele deve ganhar 1kg/dia, ou seja,
quanto mais ele cresce menos peso deve ganhar. Isso mostra que o potro tem menos apetite e não converte
o alimento em peso por deficiência alimentar ou verminose.
Nos primeiros 3 meses de vida a ração do potro deve ter proteína, cálcio, fosforo e lisina.
Se necessário pode ser utilizado o creep feeding que tem o objetivo de introduzir os nutrientes
necessários sem haver competição alimentar. Pode ser iniciado com um mês de idade.

OBS: sal mineral faz com que o potro beba mais água e urine mais e dessa forma ele pode desenvolver uma
polidipsia psicogênica ocasionada por problemas de manejo e psicológico.

Até os 3 meses de vida não é indicado ração para potro porque o sistema digestivo desses animais não
produz enzimas suficientes para digerir o açúcar e o amido podendo causar diarreia ou sobrecarga intestinal
com cólica leve.
Deve ser ofertado 500g de ração por mês de idade que o animal tem até ele completar um ano de vida.
O creep feeding tem como vantagem o crescimento e o ganho de peso, gerando menor incidência de
problemas alimentares ao desmame e diminuindo as chances de diarreia infecciosa. Há menor perda de
peso da égua durante a amamentação e diminuição da perda de peso do potro ao desmame.

➔ Potro órfão:
São aqueles que a égua morreu, foram rejeitados ou tem agalactia.
Nestes casos devemos assegurar a ingestão do colostro por meio de outra égua, banco de colostro ou
em último caso ofertar colostro de bovino o que não é o ideal pois nem todas as doenças de bovinos são
comuns a equinos. O plasma pode ser uma alternativa para o potro que não ingeriu o colostro.
O potro pode ser adotado por uma égua recém parida para induzir a lactação. Isso pode ser feito com
égua vazia, através da indução de hormônios para ela dar leite ao potro órfão até o desmame.

A subnutrição vai gerar queda nas taxas de crescimento e desenvolvimento. Já as supernutrição vai
ocasionar problemas de desenvolvimento como deformidades angulares.

Os potros órfãos podem ganhar mais ou menos peso do que os que estiverem com a mãe e nesse caso,
eu não posso alimentá-lo de maneira que ele cresça muito ou pouco. Eu tenho que dosar a mão.

❖ Opções para o potro órfão:


1) Adoção do potro por outra égua recém parida e assim eu tenho algumas opções como:
✓ Ficar ao lado dela o tempo todo;
✓ Sedar a égua e aplicar nela uma dose hormonal de lutalize para fazê-la suar e assim eu pego
esse suor e esfrego no potro para ele ficar com o cheiro e ela não bater nele;
✓ Induzir a lactação da égua vazia por aplicação hormonal por 7 dias para ela produzir leite até
o desmame.
2) Humanizar o potro o que não é o recomendável, utilizando mamadeira, sonda nasogástrica ou cocho.
A doma desses animais fica mais difícil e isso é um problema.

Deve ser oferecido de 110 a 130kcal de energia/kg. O leite nos primeiros dias deve ser oferecido no valor
correspondente a 10% do peso corporal do animal, sendo esse valor elevado até alcançar 20 a 25% a cada
duas ou quatro horas. Eu tenho que avaliar como esse animal está digerindo o leite de acordo com a
motilidade intestinal e características das fezes.

➔ Vantagens e desvantagens:
MAMADEIRA → demanda tempo, higiene, existe risco de aspiração, é o mais próximo do natural e deve ser
usada com maior frequência e o potro acaba dessa forma desenvolvendo vínculo com humano.
COCHO/BALDE → é menos natural e gera menos contato com os humanos a adaptação é mais difícil e a
higiene é essencial;
SONDA NASOGÁSTRICA → apenas para casos específicos, ou seja, quando há ausência de reflexo de sucção.
Gera maior risco porque ela tem que permanecer introduzida por certo tempo.

➔ Substitutos para o leite de égua:


1) Leite de cabra que pode ser usado “in natura”, semelhante ao leite de égua e não gera sensibilidade.
Tem gorduras emulsificadas, maior teor de sólidos totais e energia bruta. Tem mais digestibilidade
do que o leite de vaca sendo mais tolerável.
2) Leite de vaca que tem menor concentração de carboidratos e 2x mais gorduras e isso faz com ele
seja menos digestível podendo causar diarreia. O ideal é usar semi-desnatado 2% adicionando e 2g
de dextrose para cada litro.
Açúcar, xarope de milho e mel são dissacarídeos e são mais difíceis de serem quebrados, passando
inteiros pelo intestino, aumentando a excreção de água, causando diarreia.

3) Outras opções: sucedâneos comerciais e pellets de leite.

AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS EM EQUINOS

O sistema respiratório está relacionado a troca gasosa e absorção de O2. Um cavalo atleta tem que
funcionar como um motor, ou seja, o coração tem que bombear e o pulmão tem que ter a capacidade de
receber o sangue e absorver O2, pois sem isso o sangue continua circulando sem O2 e ocorre diminuição da
taxa metabólica que vai levar a morte celular, necrose e óbito do animal.

Qual é a função desse sistema?


R: a função do sistema respiratório é absorver oxigênio, que vai entrar pelas vias aéreas, penetrar pelos
pulmões e ser absorvido pelo sangue. Outra função é a eliminação de CO2 para que ele não se cumule e
torne tóxico ao organismo. O sistema respiratório também exerce função de equilíbrio ácido base que está
relacionado a absorção e ao metabolismo pulmonar e função de termorregulação onde o animal resfria o ar
que está entrando e elimina o ar quente.

Quando o animal está cansado, ele fica ofegante, ou seja, respira de forma rápida fazendo com que o
calor do sangue quente que está dentro do corpo saia para o meio externo.

As vias aéreas são compostas pelas narinas, coanas, seios paranasais, laringe e traqueia.
No sistema respiratório existem as cartilagens aritenóides, que são como duas asas que abrem e fecham
durante a respiração do cavalo. Quando o ar vai entrar elas abrem e quando ele vai sair elas fecham para
evitar a entrada de partículas ou de alimentos na traqueia. Elas são estruturas que ficam próximas a laringe.
Uma patologia que está 100% relacionada as aritenóides é a hemiplegia de laringe, onde essas
estruturas não abrem o suficiente para o ar passar e dessa forma o animal vai emitir um som de ronco
durante a prática de exercícios, pois há um turbilhonamento do ar na entrada da traqueia.
As vezes, uma das aritenóides se pode abrir e a outra não ou as duas podem abrir bem pouco juntas,
mas não o suficiente para que haja passagem de ar e assim se esse ar bater em uma dessas cartilagens,
acontece o turbilhonamento que vai gerar o som de ronco quando o animal está em exercício por que ele
precisa passar mais ar pelo pulmão mas não há espaço.
Depois da traqueia vai haver a presença dos brônquios, bronquíolos e alvéolos que é a parte mais
profunda dos pulmões, onde entra o ar que vai ser enviado para a circulação. Nos alvéolos o sangue chega
rico em O2 e sai rico em CO2.

Quais são os mecanismos de defesa do sistema respiratório?


R: são:
1) Cílios → que impedem a entrada de partículas muito grandes na traqueia e também que o ar quente
entre;
2) Tosse e espirro→ que são tentativas de eliminar partículas que entraram pelo caminho errado;
3) Muco → que vai tentar bloquear qualquer infecção de trato respiratório superior e qualquer resposta
inflamatória;
4) Macrófagos, anticorpos e imunoglobulinas → que são respostas sistêmicas para combater processos
infecciosos e inflamatórios que estejam ocorrendo no corpo.

• Anamnese:
As queixas mais comuns do proprietário que tem um cavalo com problema respiratório são geralmente
intolerância a exercícios físicos, ruídos respiratórios, descarga nasal, dispneia e febre. Os animais geralmente
tossem e tem presença de secreção nasal.
A faringite pode ocasionar o excesso de muco.

O que devemos analisar na anamnese?


R: devemos verificar:
1) O histórico do animal, ou seja, quando a doença começou;
2) Quantos animais estão junto com ele no mesmo lote;
3) Há quanto tempo o animal está apresentando os sintomas;
4) Sazonalidade, ou seja, se esfriou;
5) Associar os sinais clínicos ao horário da alimentação porque podem ocorrer alergias relacionadas as
partículas de feno em suspensão ou estresse na hora da alimentação desencadeando a perda de
apetite;
6) Existência de poeira ou poluição no ambiente;
7) Higiene, ou seja, presença de bactérias como o Rhodococcus;
8) Viagem recente porque isso pode ocasionar a queda da imunidade do animal pela mudança de clima,
trato e estresse.

• Exame físico do cavalo com patologia respiratória:


Devemos identificar se a patologia está localizada no trato respiratório inferior (traqueia, pulmão,
brônquios e bronquíolos) ou superior (narinas, fossas nasais e laringe).
As patofisiologias podem ser obstrutivas, como no caso do cavalo que come feno e desenvolve processo
alérgico, ficando empolado e com edema de glote que vai impedir a sua capacidade respiratória ou
restritivas quando há restrição na passagem de ar no caso da pneumonia por exemplo, onde a capacidade
dos pulmões ficará restrita para receber mais ar porque a inflamação e infecção neste órgão bloqueia o local
que deveria ser preenchido por ar.

Durante o exame físico nós devemos identificar as causas da possível doença que pode ser infecciosa
como o Rhodococcus, alérgica como a bronquite ou parasitaria como os Paracaris.
A idade, sexo e raça do animal vão me dizer a pré-disposição que ele tem para desenvolver
determinadas doenças, como é o caso do cavalo árabe que é predisposto a ter asma, bronquite e
bronquiolite.

O animal deve ser observado a distância e em estação, ou seja, devo avaliar se ele está abaixando a
cabeça ou esfregando ela na parede, dando sinais de que há alguma coisa presa na sua narina. Devo observar
presença de taquipneia, se ele está ofegante e com aumento de amplitude respiratória que é decorrente de
uma pleurite.
Ao perceber alterações, eu devo avaliar se elas são fisiológicas ou patológicas relacionadas a taquipneia,
bradipneia e apneia.
A taquipneia patológica é decorrente de uma pneumonia e a fisiológica é resultante da prática de
exercícios físicos. A badipneia patológica tem relação com o choque e a fisiológica ocorre quando oanimal
está dormindo. A apneia patológica é causada por uma parada cardiorrespiratória, já a fisiológica, por uma
indução anestésica.

Ainda no exame físico, deve ser realizado a inspeção nasal para verificar o odor da respiração, o fluxo
de ar e a presença de tosse que pode ser produtiva ou não produtiva, estando relacionado a tosse seca ou
úmida. Bronquite é uma tosse seca não produtiva e pneumonia é uma tosse úmida produtiva.
Pleurites e pneumonias podem gerar um odor forte, assim como no caso de potros que fizeram falsa
via.
Deve ser feita palpação de linfonodos, laringe e percussão dos seios paranasais e do campo pulmonar.
A auscultação dever ser realizada em relação a ruídos laringotraqueal, traquiobrônquico e
bronquiobronquiolar.

A percussão é o primeiro exame para chegarmos a um diagnóstico de sinusite.

Para verificar a amplitude respiratória, eu posso colocar um saco preto no focinho do cavalo para ver o
quanto esse saco murcha quando o cavalo inspira e expande quando ele expira.

• Exames complementares:
Podemos realizar endoscopia, radiografia de crânio, pescoço e pulmões, lavado trasntraqueal e lavado
bronquiolar.
Tem que haver bom senso, ou seja, se eu suspeitar que o problema é no pulmão eu não vou realizar
uma endoscopia de laringe e se a suspeita é de uma afecção na traqueia eu não vou realizar um lavado
bronquiolar.

Como é feito o lavado transtraqueal?


R: é feito de forma cuidadosa para que os líquidos não cheguem até os pulmões. Deve ser feito com sonda
de duas vias com um cateter traqueal e o animal sedado com detomidina por exemplo. O ideal é que a
cabeça desse animal fique abaixada para evitar que durante a introdução, o liquido saia pela narina. Eu
coloco o liquido por uma via da sonda com velocidade e ele deve ser retirado também pela outra via com
velocidade.

Como deve ser feita a cultura de trato respiratório superior?


R: eu devo usar um swab estéril de maneira que ele não encoste na parte mais externa da narina para evitar
que sejam coletadas bactérias que não são patológicas e sim as que não são comuns a esse ambiente.
Quanto mais internamente o swab é introduzido melhor e quanto mais para cima ele for introduzido, menor
será a probabilidade de contaminação com o meio externo.

A ultrassonografia também pode ser utilizada como método complementar para me dizer se o pulmão
do animal está normal ou com pneumonia.
Posso realizar teste de função pulmonar onde o animal fica na esteira caminhando, trotando ou
galopando.
Pleurocentese que é a punção da pleura usada no caso pleurite, onde eu coleto liquido para saber que
tipo de microrganismo está presente causando a doença.
Biópsia pulmonar onde eu retiro um fragmento do pulmão e envio para o laboratório.

ENFERMIDADES NÃO INFECCIOSAS (PROVA):


➔ ORVA ou DPOC:
Obstrtução recorrente das vias aéreas ou doença pulmonar crônica.
É a asma do cavalo.
É causada por alérgenos e tem base imunológica. Gera tosse seca que quando muito intensa leva a
produção de muco. Ocorre de forma intermitente, ou seja, a crise vai surgir em um determinado dia e só
voltará a ocorrer quando o animal for exposto novamente a um determinado agente.
O animal tem dispneia, intolerância a exercícios físicos e age como se estivesse cansado.
O diagnóstico da ORVA é feito com LVA, ou seja, lavado broncoalveolar na região pulmonar. Com esse
exame eu posso excluir a possibilidade de infecção porque eu vou verificar no tórax do cavalo a presença de
muitas células inflamatórias, principalmente neutrófilos e linfócitos, e a não presença de pús que está
relacionado a pneumonia infecciosa. Nesse caso, o cavalo tem a inflamação, mas não tem o agente
infeccioso. Há presença de agentes ricos em células de defesa que me leva a crer que ela é uma enfermidade
infecciosa e não patológica.
Outra forma de identificar a ORVA é a endoscopia onde eu vou verificar a mucosa da traqueia e a entrada
dos pulmões. Essa mucosa vai estar hiperêmica e com muco transparente.
Pode ser feita a biopsia pulmonar, que vai mostrar o tipo de células e se suas alterações são compatíveis
com processos infeciosos.
O tratamento da ORVA é realizado para retirar a causa da alergia. Eu posso utilizar corticosteroides por
tempo limitado e em doses pequenas, pois o uso desses medicamentos pode ocasionar o
hiperadrenocorticismo que no cavalo gera um quadro de laminite. Vou usar broncodilatadores para
melhorar a capacidade respiratória, nebulização para umidificar as vias aéreas e retirar a característica
inflamatória e modificar o manejo que está relacionado ao uso de escovas, produtos de beleza, camas e
estresse causado em viagens.
A nebulização é realizada para deixar a droga metabolizar até chegar aos pulmões.
Essa doença sempre vai levar em consideração a idade do animal, pois a medida que ele envelhece os
intervalos entre as crises ficam mais curtos. É comum também acometer animais que viajam muito.

➔ DIVA (doença inflamatória das vias aéreas):


É uma inflamação não séptica, ou seja, não está relacionada a uma agente patológico infeccioso.
Pode ocorrer em animais de qualquer idade, mas geralmente está presente em animais jovens e que
viajam bastante.
Os sinais clínicos da DIVA são inespecíficos porque o único sinal que o animal vai apresentar é deixar de
comer. O animal não fica espirrando e por só ter como sinal específico a falta de apetite, essa doença pode
ser confundida com a cólica. Geralmente os cavalos tem dispneia e rinorreia (nariz escorrendo) que pode
ocorrer de forma discreta ou marcada (quando eu bato o olho e vejo o que está acontecendo).
O principal sinal que vai me mostrar que o animal está com DIVA é a perda de rendimento.
O diagnóstico da DIVA é o mesmo utilizado na ORVA, ou seja, broncoscopia e LVA de forma
complementar. No caso dessas duas doenças a anamnese e o exame clínico são de maior importância para
se conseguir o diagnóstico.
O tratamento consiste em realizar uma mudança ambiental, oferecer para o animal ômega 3 para
recuperar as células lesionadas antioxidantes e tudo aquilo que é utilizado na ORVA, ou seja, corticosteroides
por tempo limitado e em doses pequenas, pois o uso desses medicamentos pode ocasionar o
hiperadrenocorticismo que no cavalo gera um quadro de laminite. Vou usar broncodilatadores para
melhorar a capacidade respiratória, nebulização para umidificar as vias aéreas e retirar a característica
inflamatória e modificar o manejo que está relacionado ao uso de escovas, produtos de beleza, camas e
estresse causado em viagens.

➔ Hemorragia pulmonar induzida por esforço:


Geralmente caracteriza-se pela presença de sangue vivo nas narinas após a pratica de exercícios físicos
de alta intensidade.
Só será considerado hemorragia pulmonar por esforço físico quando o animal já possui um histórico
dessa doença ou quando eu vou consultá-lo pela primeira vez e passo o endoscópio nele e diagnostico a
doença. Ou seja, não basta apenas o cavalo ter um sangramento na narina. Se não for nenhum desses casos
pode ser uma epistaxe.
Eu posso suspeitar da doença quando o animal tenha uma queda de performance nas provas nos últimos
meses ou quando o cavalo sai da pista e começa a tossir porque o sangue se acumulou nos pulmões. A
presença de sangue nos alvéolos e nas vias aéreas vai impedir a troca gasosa que se for grave pode levar a
morte.
Com essa doença o animal fica limitado na vida esportiva.
É uma doença que tem alta incidência em cavalos atletas, principalmente quarto de milha e puro sangue
inglês já que eles disputam provas de explosão. Então do repouso, até o galope e a corrida, o animal tem um
choque do sistema respiratório. O animal geralmente treina em casa e não sangra, mas após a viagem para
a disputa da prova, estresse, mudança de manejo e de clima, quando ele começa a desempenhar a sua
função, faz com que haja um aumento da lesão no pulmão que vai ocasionar o sangramento.

PROVA!!!!
A hemorragia pulmonar induzida pelo esforço, será causada em um animal em exercício e isso vai
aumentar a exigência de O2 e de sangue nos pulmões, que por sua vez, vai aumentar o trabalho do coração
para levar mais sangue para esses órgãos. Isso leva ao aumento da pressão cardíaca e o do fluxo de sangue
que está associado a hiperviscosidade do sangue causada por desidratação, associada a uma seção de
traumas no campo pulmonar de forma repetitiva que vai gerar o aumento da pressão pulmonar e de lesões
inflamatórias que são secundárias ao aumento da necessidade de sangue mais micro traumas repetitivos e
assim, ocorrem os focos de hemorragia pulmonar.

São teorias relacionadas a predisposição dessa doença:


1) Pulmões pequenos;
2) Peso do cavalo;
3) Trauma mecânico;
4) Tamanho do tórax e dos pulmões;
5) Bronquiolites.

O tratamento de hemorragia pulmonar induzida pelo esforço é não específico. Ele é multifatorial, ou
seja, tratar o que está ocorrendo de errado com o animal. Deve ser feito repouso para regenerar a cicatriz
no pulmão. Podem ser utilizados antimicrobianos de forma profilática já que o sangue é um excelente meio
de cultura e acumulado nos pulmões favorece o aparecimento de microrganismos. Devemos reduzir a
incidência de alérgenos para evitar a obstrução das vias aéreas e diminuir novas chances de hemorragias já
que o cavalo tem uma inflamação, que leva a vasodilatação que permite o extravasamento de fluidos. Por
fim, melhorar o acondicionamento do animal, usar dilatador nasal e anti hipertensivos que pode ser feito ou
não para evitar a queda e deixar o cavalo mais lento e relaxado durante os treinos.
O tratamento feito com o uso de furosemida é realizado de forma errada, pois o animal é privado de
água duas horas antes da competição e esse medicamento é diurético utilizado para reduzir edemas e gera
hipotensão. Essa droga vai baixar a pressão do cavalo que apesar de privado de água, vai eliminá-la através
da urina antes da prova. Assim ele vai ter a hemorragia, mas como ele tem pouca água no organismo ele não
vai apresentar sangramento visível e sim uma pequena hemorragia nos pulmões podendo gerar coágulo ou
choque. O uso dela a longo prazo também pode gerar insuficiência renal. A furosemida aumenta o volume
de urina e diminui o volume sanguíneo. Isso leva a um quadro de alívio da função sistólica do ventrículo
direito e queda da pressão arteriopulmonar.

O diagnóstico é feito com endoscopia pós prova e citologia.

➔ Hemiplegia de laringe ou Síndrome do cavalo roncador:


Geralmente é idiopática, ou seja, causada por infecções, intoxicações, traumas, neoplasias e sondagem.
Causa paralisia uni ou bilateral das aritenoides após grandes esforços ou meios de treinamento.
Um problema no nervo laringo recorrente vai atrofiar a musculatura da laringe, que vai gerar a
hemiplegia que está relacionada ao músculo cricoaritenóide, que faz a adução e abdução (abre e fecha) das
cartilagens aritenoides.
O diagnóstico é realizado por meio de palpação da laringe para sentir a atrofia muscular e endoscopia
para mostrar os graus de paralisia das aritenoides.
O tratamento pode ser cirúrgico, através da laringotomia, laringoplastia para manter as cartilagens
abertas por meio de sutura do lado paralisado e tentativa de reinervação do nervo.

ENFERMIDADES INFECCIOSAS:

➔ Influenza (gripe):
Enfermidade viral causada pelo vírus da influenza A, acometendo animais de até 5 anos de vida em
épocas mais frias onde há queda de temperatura.
Na nossa região, existem dois extremos, a época mais quente como a primavera e o verão onde há o
aumento da quantidade de moscas, que leva ao surgimento do habronema e a época mais fria, onde as
quedas de temperatura vão aumentar os casos de gripe e garrotilho. O problema se agrava porque o
proprietário não previne isso.
A morbidade é alta e a mortalidade é baixa, mas isso não é um cenário considerado bom porque apesar
da mortalidade ser baixa, a doença é transmissível e enfraquece a imunidade do animal que se torna
susceptível a outras doenças (infecções secundárias).
A influenza é altamente contagiosa e o período de incubação do vírus é de 1 a 3 dias.

Quais são os sinais clínicos da influenza?


R: tosse, febre, descarga nasal, inapetência, prostração e infecções secundárias, como o garrotilho.

Qual é o tratamento para a influenza?


R: o tratamento é inespecífico, com suporte para melhorar o corpo porque é um vírus que sofre mutação.
Pode ser usada antibioticoterapia para evitar infecção bacteriana secundária, mucolíticos para dissolver o
muco e AINS para combater a inflamação. Os animais doentes devem ser isolados.

Como a influenza pode ser prevenida?


R: controlar o número de animais por lote, pois, quanto maior o número de animais em um espaço pequeno
maior será a chance de transmissão. As instalações devem ser limpas e arejadas e vacinação.
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