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Alegações Finais Crime de Estelionato

Este documento apresenta alegações finais de defesa de um réu acusado de estelionato e falsidade ideológica. A defesa alega que não há provas de que o réu cometeu os crimes, já que a suposta vítima negou ter conversado com ele e os documentos não foram comprovados como falsos. Também não houve dano patrimonial. A defesa pede a absolvição do réu por falta de provas contra ele.
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Este documento apresenta alegações finais de defesa de um réu acusado de estelionato e falsidade ideológica. A defesa alega que não há provas de que o réu cometeu os crimes, já que a suposta vítima negou ter conversado com ele e os documentos não foram comprovados como falsos. Também não houve dano patrimonial. A defesa pede a absolvição do réu por falta de provas contra ele.
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Sandra Mara Dobjenski

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA


______ VARA DA COMARCA DE ______

Processo Crime nº 013______

______, já qualificado nos autos do Processo, por seus defensores, vêm


respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar, na forma que se
segue:

ALEGAÇÕES FINAIS

O ilustre representante do Ministério Público houve por bem denunciar o


Defendendo, nas penas dos artigos 171 e 299, c/c os artigos 29 e 69, todos do
Código Penal Brasileiro, por entender que o mesmo, teria aplicado o “conto do
vigário”, na cidade Y, e que teria inserido declarações falsas em documentos,
obtendo por meio dessa fraude, vantagem econômica.

Não obstante as provas e circunstâncias que vieram aos Autos, favoráveis ao


denunciado, o douto representante do Ministério Público, nas suas Alegações Finais,
continuou na mesma trilha, pugnando pela condenação do Suplicante, COMO SE
NÃO TIVESSE, SEQUER, LIDO AS PEÇAS INSTRUTÓRIAS, pedindo a
condenação do acusado nas penas dos artigos 171 e 299, do Código Penal e,
pasme Vossa Excelência, pedindo a absolvição de duas pessoas que nunca
existiram, senão na cabeça do delegado que presidiu o inquérito.

A história ________, engendrada pelo delegado e seguida pelo representante do


MP, não se sustenta quando confrontada com as provas carreadas para os autos,
senão vejamos:

Apenas a título de ilustração, douto julgador, o delegado que presidiu o inquérito


qualificou o acusado ______ Fls. 08, COMO SE A SUA PROFISSÃO FOSSE
ESTELIONATÁRIO, indiciou o acusado em 06 artigos do Código Penal, inventou
Sandra Mara Dobjenski

uma história, fez com que o acusado assinasse um depoimento confirmando suas
teses fantasiosas e colheu depoimentos, que não se confirmaram na fase judicial.

A pretensa vítima, _______________, que não foi arrolada pelo Ministério Público,
nem na denúncia e nem na fase das diligências, justamente porque seu depoimento
desmancharia toda a tese armada, diz, em suas declarações na polícia, fls. 16 e 16
v., _______ que não chegou, sequer, a conversar com o acusado, pois este quando
chamou a declarante, como estava muito apressada e desconfiada da atitude de
dois indivíduos, procurou se distanciar rapidamente do local. Que a declarante se
lembrou de que tinha saído uma notícia no rádio que uma mulher tinha levado o
golpe do vigário, e resolveu contar o fato a polícia…

Como se vê ilustre julgador, não houve sequer abordagem a pretensa vítima, ela
não foi induzida a erro e não sofreu nenhum dano, consequentemente também não
houve a obtenção de vantagem ilícita.

O Código Penal, em seu famoso artigo 171, tipifica no caput o crime de estelionato
da seguinte forma:

“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em


prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro,
mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
fraudulento: Pena – Reclusão de 01 (um) a 5 (cinco) anos, e
multa”.

A declaração da pretensa vítima é corroborada pelo depoimento do acusado, em


juízo, fls. 71 e 72.

Que não são verdadeiras as acusações feitas na denúncia; Que se encontrava


aproximando da agência do Bradesco, onde iria efetuar um depósito; que em frente
ao banco, quando foi tirar sua carteira, seu cartão de crédito caiu e uma senhora
apanhou e lhe entregou o cartão, que não conversou com ela.

Ora, se a pretensa vítima diz que não conversou com o acusado e este conta a
mesma história em juízo, como se falar em conto do vigário, estelionato, etc.
Sandra Mara Dobjenski

Nestes casos, é pacífica a jurisprudência de nossos Tribunais:

Não comprovado o engano, a maquinação, enfim, a fraude


atribuída a este para a prática do estelionato, é de rigor a
absolvição, em face da incidência do princípio in dúbio pro
reo (TACRIM. SP. AP- Rel. Ribeiro dos Santos- RT 655/301).

No que se refere à prática do crime definido no art. 299 do Código Penal, também
não sustenta quando analisada com base na realidade dos autos.

Diz o MP, nas suas Alegações Finais, que o denunciado inseriu em documento
público ou particular declarações falsas, pois, segundo o douto promotor as
assinaturas nos documentos de fls. 14 e 15, são falsas.

Veja ínclito julgador, que se trata de mais um absurdo, resultante de um trabalho


policial elaborado com o único propósito de prejudicar o acusado, durante a lavratura
do Flagrante. No final do inquérito policial, a verdade já começa a aparecer (relatório
de fls. 20) quando o delegado informa que o acusado não foi reconhecido por
ninguém e que não conseguiu confirmar as informações de outras cidades.

Estas informações de outras cidades se referem, justamente, a origem do cheque, já


que não existia registro de que o mesmo fosse objeto de furto.

A origem do cheque e da nota promissória foi explicada pelo acusado, no seu


depoimento, fls. 72 que o cheque foi emprestado por um colega, que é vendedor,
para ser usado, como garantia, nas compras a prazo que ia fazer na cidade de São
Bento, para onde se dirigia, quando foi preso em Cajazeiras. E que a promissória lhe
pertence.

Este fato é reafirmado pelo depoimento da testemunha ________________ fls. 106


que o cheque de R$ – 15.020,00, era para comprar mercadorias em São Bento-PB,
redes.

A condição de vendedor, do acusado, foi reafirmada pelo depoimento das


testemunhas de fls. 149 e 150, que o conhecem a muito tempo, tendo, inclusive,
Sandra Mara Dobjenski

costumam comprarem mercadorias a ele, além de terem confirmado que o destino


do mesmo era a cidade de São Bento, onde iria fazer as compras.

Observe, excelência, que não existe nos autos nenhuma prova de que as
assinaturas dos documentos sejam falsas, devendo prevalecer à palavra do cidadão
acusado, respaldada em outras declarações no mesmo sentido.

Diferentemente do que diz o MP, nas suas alegações finais, nenhuma testemunha
afirma que o denunciado é o autor dos delitos:

A testemunha de fls. 104, ___________________, diz que outras pessoas; vitimas


desse golpe foram chamadas a Delegacia e não reconheceram o denunciado como
autor desses golpes.

A testemunha de fls. 105, a senhora, __________________, que já fora vitima do


golpe do conto do vigário, em Cajazeiras, afirma que quando o acusado foi preso,
fora chamada até a Delegacia e quando lá chegou pode constatar que o autor do
golpe contra sua pessoa não teria sido o denunciado __________________.

A mesma constatação foi feita pela testemunha, também arrolada pela acusação,
ouvida as, fls. 105, o senhor _________________________ que namora uma das
vitimas do conto do vigário nesta cidade e quando o denunciado foi preso foi até a
delegacia, juntamente com sua namorada, para fazer o reconhecimento e lá
chegando constatou que o denunciado ___________________ não teria sido o autor
do conto do vigário.

Reprise-se, mais uma vez, que o MP, não conseguiu provar que o acusado tenha
praticado os crimes tipificados na denúncia:

Como se sabe, o resultado do crime de estelionato deve resumir-se ao binômio


vantagem ilícita e prejuízo alheio. O estelionato é crime patrimonial. O dano deve ser
de natureza patrimonial, ou seja, reclama-se o dano efetivo e não apenas potencial.
O crime não é de perigo, mas de dano para o patrimônio, no dizer do mestre
Noronha, em sua espetacular obra Direito Penal.
Sandra Mara Dobjenski

No que se refere à Falsidade Ideológica, aí é que se conduziu de forma equivocada


o MP, já que nunca existiu a inserção de qualquer falsidade nos documentos
existentes nos autos. Cabia a ele, o representante do MP, provar que os
documentos foram preenchidos de forma ilícita, tarefa esta que não conseguiu
desincumbir.

A prova, no dizer de Mittemayer, é a soma dos meios produtores da certeza.

Prova. Dúvidas a cerca da efetiva participação do agente


na prática do crime. Absolvição. Necessidade. A
absolvição é a melhor e mais justa solução que se
apresenta se persistem dúvidas a cerca da efetiva
participação do agente na prática do crime, pois tais
dúvidas devem ser interpretadas em seu favor, em atenção
ao princípio in dúbio pro reo?- (TACRIM- SP. 10ª c AP-
109.1637/4 J 04/03/98 Rel. Breno Guimarães- Rolo Flash
1158/309).

Isto posto, é presente para requerer muito respeitosamente, que Vossa Excelência
se digne em aceitar os argumentos aqui expostos, bem com os que vossa imensa
sabedoria haverá de acostar, para absolver o acusado, com esteio no art. 386,
incisos II e IV, do Código de Processo Penal, a fim de que impere a mais brilhante e
festejada J U S T I Ç A.

Nestes Termos.

Pede Deferimento.

(Local, data e ano).

ADVOGADO

OAB Nº

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