A memória estratégica assume dois conceitos, introduzidos pelo antropólogo italiano Bernardo Bernardi
(1974): antropema (memória individual) e etnema (memória colectiva). O primeiro caso consiste em
orientações de indivíduos que, de tanta pertinência e carisma, podem representar o pensamento
estratégico do colectivo. No caso de Angola, cita-se o exemplo de Agostinho Neto (primeiro presidente
da República) cuja frase (tornadas palavras de ordem) — «Angola é e será por vontade própria trincheira
firme da revolução em África» e «No Zimbabwe, na Namíbia e na África do Sul está a continuação da
nossa luta» — é assumida hoje como base para a afirmação do estado angolano na região.
29O etnema consiste na identificação de um povo a partir dos seus valores colectivos e, para o caso em
apreço, é o conjunto de acções estratégicas de um povo ao longo da sua existência (BERNARDI 1974).
Logo, a memória estratégica vai constituir o depósito de toda a informação relativa às acções
estratégicas de um Estado quer seja de origem individual, quer seja colectiva, com o fito de construir
uma doutrina que suporte os objectivos estratégicos assentes no pensamento estratégico da
comunidade.