Chronica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão
Crônica
"(...) guardando os índios tapajós o corpo mirrado de um de seus antepassados, que chamavam de
Monrramgarypy, quer dizer primeiro pae, lhe iam fazendo suas honras com suas offertas e danças já desde
muitíssimos annos [...] sentiram os indíos tapajós isto [queima da casa na qual se encontrava
Monrramgarypy] por extremo, porém vendo que já não tinha remédio, aquietaram-se por medo dos
brancos, que já conheciam tomar em bem o que o padre missionário tinha obrado. Folguei eu muito
quando me chegou a notícia daquella tão generosa ação, porque desde o anno de 1661, em que eu tinha
sido missionário, primeiro entre os Tapajós, e feito sabedor daquelle corpo mirrado, sempre tive desejo de
consumil-o, e não o fiz, porém, por não ter tempo, commodo de o poder executar, pois estava por então
toda aquella aldêa povoadíssima de índios que não convinha alterar logo em aquelles primeiros
princípios."
Sobre este documento
Título
Chronica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão
Tipo de documento
Crônica
Origem
João Felipe Betendorf. “Chronica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão”. Revista do
Instituto Histórico e Geographico Brazileiro. Tomo LXXII. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1909, p. 354. In: Doris
Cristina Castilhos de Araujo Cypriano. Almas, corpos e especiarias: a expansão colonial nos rios Tapajós e Madeira.
Rio Grande do Sul, RS: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2007, p. 120.
Créditos
João Felipe Betendorf
Palavras-chave VIAJANTES CULTURA INDÍGENAS.
Alternativas
(A) O relato narra a queima de uma casa e dos restos mortais de um antepassado dos indígenas como forma
de estancar a propagação de doenças na aldeia outrora muito povoada.
(B) A presença do corpo de um dos antepassados dos tapajós indica a preservação de símbolos, rituais e
crenças indígenas no espaço do aldeamento jesuítico.
(C) A atuação dos missionários se dava por várias formas, inclusive com ataques reais e simbólicos às
crenças nativas.
(D) O relato expressa a satisfação do missionário com a queima da casa e dos restos mortais de um dos
antepassados dos tapajós, que ele próprio não havia conseguido levar a cabo.
O documento fala das tradições indígenas, e da visão dos jesuítas oriundo da Europa sobre o nativo, ele quis queimar
o corpo, mais não teve coragem pois teve medo da aldeia povoadíssima levantar represálias contra eles.