As teias de interdependência social, as configurações sociais e seus desdobramentos
nos processos de socialização presentes na teoria de Norbert Elias1
Ivan Penteado Dourado2
Resumo: O presente artigo objetiva compreender o papel das teias de
interdependência social e da figuração no processo de socialização presentes na teoria
proposta por Norbert Elias. Pretendo neste trabalho, construir um entendimento sobre
a proposta teórica e analítica de Norbert Elias, buscando identificar categorias e
conceitos com capacidades interpretativas, ligando seus escritos teóricos e
etnográficos, sem a necessidade de conectar obrigatoriamente esses conceitos à sua
proposta macro-sociológica de compreensão dos processos históricos de longa
duração.
Palavras-chave: Interacionismo simbólico; Teias de interdependência; função;
figuração, configuração, indivíduo e sociedade.
Abstract: This article aims to understand the role of social webs of interdependence and figuration in the
socialization process in the present theory proposed by Norbert Elias. I intend in this work to build an
understanding of the theoretical and analytical proposal of Norbert Elias, seeking to identify categories
and concepts with interpretative capabilities, linking the theoretical and ethnographic writings, without
the need to necessarily connect these concepts to its proposal for a macro-sociological understanding of
historical processes of long duration.
Key-works: Symbolic interactionism; webs of interdependence; function; figuration, configuration,
individual and society.
Introdução
Norbert Elias é considerado um dos sociólogos mais importantes do século XX.
Com uma grande quantidade de publicações, consolidou um marco teórico e
metodológico no entendimento dos processos de socialização. Propôs modelos
interpretativos, partindo do entendimento da sociedade como formadora de
configurações sociais complexas, distintas e difusas. Segundo ele, até mesmo nos
momentos mais conturbados e aparentemente caóticos da história das sociedades, tais
como guerras e conflitos, é possível identificar regras e padrões sociais observáveis e,
portanto, passíveis de estudo.
Nascido em 1897 em Breslau na Polônia e falecendo em 1990 em Amsterdã,
Norbert Elias presenciou ao longo da vida mudanças históricas e políticas geradoras de
1
Artigo realizado como avaliação para a disciplina de Processos Sócio-Políticos-educativos em
Sociedades Complexas, realizado pelo programa de Doutorado em Educação – FAED – UPF 2013-2.
2
Doutorando em Educação, pela linha de pesquisa Políticas Educacionais, sob a orientação do professor
Dro Telmo Marcon.
grandes mudanças e conflitos na Europa. Algumas de suas obras combinam sua
trajetória pessoal e intelectual, o que demonstra que as motivações que levaram este e
muitos outros pensadores sociais aos seus temas e produções teóricas, não emergem em
meio a uma postura neutra sobre o contexto social vigente, mas da necessidade
emergente de compreender as mudanças sociais vigentes e explicá-las cientificamente.
Sua proposta teórica superou interpretações organicamente orientadas, nas quais
os processos sociais obedeceriam às mesmas determinações da genética e das ciências
naturais. Demonstrou também a fragilidade das explicações orientadas por lógicas
oriundas das ciências duras, tal como a física para explicar os processos sociais, ou
ainda, desmistificar os entendimentos que explicavam que as mudanças históricas
seriam resultados das mentes individuais dos detentores do poder vigente.
O reconhecimento intelectual de Norbert Elias na Europa ocorreu muito
tardiamente, considerado um dos maiores expoentes da sociologia Alemã apenas na
década de 1980. Entre os diferentes motivos para este tardio reconhecimento, citamos a
perseguição nazista devido à sua origem judaica, seus sucessivos exílios forçados e sua
impossibilidade de publicar na língua alemã, entre os mais relevantes (Ver Elias, 1997).
No Brasil, com a tardia tradução de suas obras, ocorrida apenas em meados dos
anos de 1990, Norbert Elias tornou-se um teórico pouco explorado por pesquisadores
brasileiros da área da educação. Carlos da Fonseca Brandão e Andréia Borges Leão
figuram até o momento, como os principais estudiosos deste autor no campo da
educação no Brasil.
Outros trabalhos publicados aparecem em um número crescente, buscando
aprofundar uma conexão existente nos escritos de Norbert Elias e a realidade Brasileira,
como é o caso da obras Dossiê Norbert Elias (WAIZBORT, 2001) e A Sociologia de
Norbert Elias (HEINICH, 2001) principalmente depois do surgimento do Simpósio
Internacional Processo Civilizador, que deu origem também a publicação de um livro
que reúne os melhores trabalhos apresentados no evento, intitulado Escritos a partir de
Norbert Elias (SOUZA, SIMÕES e LUCENA, 2009).
Carlos Brandão realizou estudos que abriram possibilidades analíticas ao
relacionar os campos da educação e da sociologia, utilizando alguns dos princípios
propostos por Elias. Sua tese intitulada A teoria dos processos de civilização de Norbert
Elias: o controle das emoções no contexto da psicogênese e da sociogênese defendida
em 2000, abriu novas frentes investigativas referentes ao uso de Elias para pensar a
educação. Sua tese deu origem mais tarde, a um importante livro introdutório intitulado
Norbert Elias, formação, educação e emoções no processo de civilização (2003). Nesta
obra, Brandão resgata algumas das principais obras3 de Elias, focando na questão da
disciplina e do controle das emoções, contido na sua Teoria dos Processos de
Civilização e, com base neste referencial, identifica algumas especificidades existentes
na educação moderna brasileira.
Meu objetivo não será retomar aqui as questões já aprofundadas por
pesquisadores brasileiros que buscaram, tal como afirma Malerba (2004) “apreender o
pensamento de Elias em sua integridade sistemática (ou dinâmica, sendo fiel à sua
teoria do processo civilizador), para evitar o perigo da deletéria apropriação
fragmentária” (p. 59). Nem retomar as idéias de Brandão (2003) (2000), dando
continuidade as suas questões relativas à psicogênese e a sociogênese na obras de
Norbert Elias e a sua relação com a educação no processo civilizatório (Barbosa, 2000)
ou ainda focar no entendimento do Processo Civilizador e o Estudo do Humanismo
como objetivos contemporâneos (ALVES, 2011).
Elias luta em momentos diferentes de seus escritos, por uma ampliação da noção
de evolução, sendo essa defesa, uma das principais bases da sua epistemologia e de seu
constructo teórico. Desta forma, ele acaba por responder aos desafios de superar e
absorver as críticas do Evolucionismo Clássico, ampliando as bases lógicas e
argumentações metodológicas em sua teoria.
No presente estudo, escolhemos por não aprofundar a parte macro-sociológica
presente na teoria de Elias. Sabemos que essa foi uma luta importante de sua proposta
teórica, ou seja, a relação entre as realidades micro e macro sociológicas. Identificamos
que o estudo proposto por (Leão, 2007) já apresenta uma análise profunda sobre os
processos de educação dos sentidos ligados a uma proposta de análise de períodos
históricos de longa duração.
Assim, acreditamos que para fins analíticos e mais focados na potencialidade de
alguns conceitos do autor, não seja necessário que os conceitos anteriormente
apresentados, estejam necessariamente ligados a sua crença na teoria da evolução social,
já que esta representa uma parte de todo seu constructo teórico. O desafio aqui
apresentado consiste em identificar conceitos capazes de nos conduzir a novas
3
Carlos Brandão foca suas análises em algumas obras que considera as principais difusoras da
produção intelectual e acadêmica de Norbert Elias, segundo afirma, “podemos identificar nesse conjunto
de obras um núcleo fundamental, o qual forma um quadrilátero imaginário, em cujos vértices estão os
livros: A sociedade de corte (1995), Introdução à Sociologia (1980), Os Alemães (1997) e O Processo
Civilizador (1994)” (BRANDÃO, 2003 p. 54).
interpretações dos processos de socialização, focando principalmente nas relações
sociais de poder e sua possibilidade analítica.
Norbert Elias e sua inovação epistemológica
Assim, para partirmos diretamente para um recorte analítico mais específico,
será importante ressaltar a perspectiva interdisciplinar presente em sua teoria. Sua
proposta consiste na possibilidade de analisar períodos históricos longos, apontando
para os processos sociais de controle das emoções e de comportamentos, que no
entendimento de Elias resultaria em um processo civilizador. Esse processo não é
linear, não pode ser previsto ou conferido a forças e vontades individuais, e assim, seu
resultado será sempre imprevisível. Mas mesmo dentro desta imprevisibilidade, o
processo social segue tendências que Norbert Elias identificou como um movimento
progressivo civilizatório, percebido como uma característica comum nas sociedades
ocidentais.
Uma das obras mais importantes e difundidas de Norbert Elias, intitulada O
Processo Civilizador publicada em dois volumes (ver. ELIAS, 1994 e 1996), apresenta
a história dos costumes ao longo de diferentes épocas, identificando entre outras
questões, como as modificações das condutas e sentimentos humanos são socialmente
construídas. Este estudo consolidou a defesa de sua metodologia chamada: estudos de
perspectivas históricas de longa duração. Partindo de uma perspectiva sociológica
inovadora, combinou de forma inédita a tradição teórica de Max Webber e Sigmund
Freud, identificando as mudanças culturais no contexto social alemão nos séculos XIX e
XX, partindo de um método de análise histórica inovador.
Sua teoria parte de um entendimento geral no qual os processos sociais não
ocorrem independentemente dos processos individuais. Em sua obra intitulada
Sociedade dos Indivíduos (1994), Norbert Elias defende mais claramente a existência de
um entrelaçamento entre o indivíduo e a sociedade, apresentando uma ampliação
importante no objeto de estudo da Sociologia. Assim, as interações sociais não ocorrem
sem que os aspectos psicológicos presentes nos indivíduos envolvidos, sejam acionados
e transformados, com a interação freqüente com outros indivíduos e em função destas.
Esses mesmos aspectos interferem reciprocamente nos resultados sociais mais amplos,
assim tanto os indivíduos moldam a sociedade em interação, como são moldados por
ela. Desta forma, a sua proposta teórica supera as dicotomias: micro e macro,
sociogênese e psicogênese, indivíduo e sociedade ou ainda, a parte ou o todo,
demonstrando as interconexões até então não identificadas em estudos sociológicos.
Parto agora para uma análise mais específica da teoria de Norbert Elias. Até aqui
foi possível identificar algumas questões importantes de ordem metodológica e
epistemológica. Pretendo na próxima sessão, aprofundar a articulação e o potencial
interpretativo de dois conceitos centrais de sua proposta teórica, ou seja: as redes ou
teias de interdependência social e o conceito de figuração.
Desta forma, é preciso deixar claro que não pretendo recompor a unidade teórica
do autor, mas propor uma tentativa de sistematização de um modelo analítico, algo mais
pontual e menos ambicioso, identificando como os dois conceitos anteriormente
indicados estão expressos em três obras distintas. As duas primeiras, Introdução à
sociologia (2008) e A Sociedade dos indivíduos (1994) figuram como duas obras
centrais para identificar sua proposta teórica, seguido de Os estabelecidos e os outsiders
(2000) que constitui uma oportunidade de acompanhar um estudo empírico, proposto
por Norbert Elias e identificar sua relevância analítica.
As relações sociais, a sociedade e a metáfora da dança
A sociedade não deve ser entendida como uma estrutura, mas uma rede, mais
precisamente uma teia de indivíduos. Assim, Norbert Elias apresenta uma possibilidade
original de entendimento da sociedade, criticando e se distanciando de dois modelos
interpretativos em moda na sua época, ou seja, as correntes do estruturalismo fechado,
onde os indivíduos formariam estruturas fixas e estariam presos em seu interior, ou
ainda, de uma sociedade entendida como uma simples união de indivíduos autônomos e
independentes, onde a sociedade seria apenas a soma de indivíduos independentes.
No interior da sociedade, defende Elias, os indivíduos tecem teias de
interdependência. O grande desafio de compreender como e porque essas interações
ocorrem, dá origem a uma necessidade cada vez maior de novos métodos e conceitos
próprios no campo da Sociologia. Em sua obra intitulada Introdução à Sociologia
(1998), é possível identificar uma profunda defesa da abrangência que o método
sociológico é capaz de alcançar na explicação dos fenômenos sociais. Buscando não
deixar de fora toda a riqueza e a complexidade que demanda um entendimento mais
profundo do social, Elias propõe a criação de uma nova proposta teórica e
metodológica.
Norbert Elias parte então para uma possibilidade de entendimento das relações
sociais, identificando que no interior das sociedades as relações são dinâmicas,
formadoras de redes de indivíduos interligados. Esta rede social não é mais fixa e nem
rígida, mas em constante movimento e em constante transformação. O que faz desses
indivíduos inseridos em redes é a dependência que cada um possui em relação aos
demais. Este processo contínuo entre o “eu” e o “nós” provoca mudanças individuais e
sociais nesta mesma rede social, de forma contínua. Desta forma, Elias colocou o
problema das interdependências no centro de sua teoria sociológica.
Entre as diferentes metáforas utilizadas para explicar a relação recíproca entre os
indivíduos e a sociedade, Elias utiliza: a dança, o futebol, a estrutura de uma casa e a
composição de uma música. Estas metáforas são apresentadas como estratégias
didáticas para ilustrar a dinâmica dos sujeitos sociais. Sobre essa questão, defende que:
“a relação entre os indivíduos e sociedade é uma coisa singular, Não
encontra analogia em nenhuma outra esfera de existência. Apesar
disso, a experiência adquirida observando-se a relação entre as partes
e o todo em outras esferas pode, até certo ponto, ajudarmos neste
aspecto” (ELIAS, 1994 p. 25).
Escolhemos aqui retomar a metáfora da dança, para ilustrar seu raciocínio e
manter seu aspecto didático. Sabemos que toda dança parte de elementos fixos, tais
como: ritmo, coreografias e claro, formada por pessoas que compartilham uma vontade
comum de dançar. Assim, não existe dança sem uma mínima lógica (uma configuração)
para ter algum sentido. Dançar é um ato socialmente construído, ensinado. Mexemos o
corpo em público segundo convenções sociais, ela é, portanto, uma ação socialmente
construída.
Da mesma forma que a dança, as relações sociais possuem bases e lógicas
sociais compartilhadas, ou melhor, possuem regras e condutas já estabelecidas e
ensinadas e assim, possuem um passado que de alguma forma tem forte influência no
presente e no futuro. O indivíduo não nasceu adulto, independente e autoconfiante,
assim como a sociedade não surgiu com as características que conhecemos. Se a
sociedade possui uma história e precisou de longos processos de transformação, da
mesma forma ocorre com o indivíduo, ele foi socializado, aprendendo a seguir e a
acreditar nas regras sociais existentes e construindo sua personalidade individual
durante este processo.
Viver em sociedade assim como dançar em público constituem lógicas sociais
muito ricas para se pensar analiticamente. A pergunta central neste momento para
entender este autor seria: Como e porque as lógicas sociais se estabelecem? Na tentativa
de responder essas e outras questões, não podemos simplesmente simplificar a
complexidade envolvida nos fenômenos sociais. Desta forma, é preciso entender que os
sujeitos inseridos nesta “dança social” não possuem necessariamente os mesmos
objetivos, as mesmas dificuldades, os mesmos desejos ao ingressar em uma pista de
dança. Desta forma, o resultado da socialização nunca será a mesma para todos.
Assim, estabelecemos temporariamente que a dança e a sociedade são aqui
entendidos como sinônimos e, assim, será possível colocar algumas perguntas nos
seguintes termos: Como é possível entender que cada tipo de dança possa formar uma
configuração específica? Como é possível identificar as lógicas próprias de cada estilo
de dança e como elas se articulam mantendo seus aspectos distintivos?
Elias ressalta ainda que existem pouca ou nenhuma possibilidade de controle
sobre o resultado das interações sociais, sendo reservada uma grande parcela de
imprevisibilidade. Podemos afirmar então que a figuração não está dada a priori, seus
resultados sociais são quase sempre imprevisíveis. Quando analisamos as configurações
sociais de cada sociedade, somos capazes de identificar lógicas específicas, distintas que
darão origem a um tipo específico de figuração.
Neste processo, será possível inclusive identificar a existência de figurações
menores, menos complexas, coexistindo no interior das configurações maiores, onde
diversos objetivos até então não revelados, estão em jogo. Cada configuração menor
está sempre em um processo crescente de complexidade, não necessariamente linear,
mas apresentando uma constante de integração e diferenciação ao longo do tempo.
Se voltarmos à metáfora da dança, pegarmos uma dança qualquer e observarmos
com um olhar mais criterioso e objetivo, será possível identificar que os dançarinos
possuem muitos outros objetivos além da óbvia vontade de dançar. Estes outros
objetivos que estão presentes nesta relação social, como por exemplo: flertar, mostrar
carisma, disputar sua beleza física, ser o que mais divertido do salão e até mesmo querer
brigar e terminar com a dança constituem alguns exemplos dos muitos objetivos
possíveis de coexistirem em um salão de dança. Quando dois ou mais indivíduos
compactuam com algum objetivo específico, estes formariam novos grupos menores,
onde as disputas ou as lógicas em disputa possuiriam especialidades e características
distintas. Estas questões que podem aparentemente parecer simples, ou seja, uma grande
concentração de pessoas dançando, podem dar origem a uma figuração altamente
complexa, compondo um quadro analítico muito rico para uma análise de ordem
figuracional. Segundo Elias, seu método permite a compreensão das particularidades
envolvidas em cada figuração social, identificando seu tipo específico.
Da mesma forma que num olhar desatento à realidade social, as pessoas possam
parecer estar vivendo em uma completa harmonia, onde cada “faz a sua parte”. Quando
partimos dos conceitos propostos por Elias, nosso olhar torna-se mais criterioso,
possibilitando identificar muitos outros objetivos e resultados das interações sociais
coexistindo no interior da sociedade, causadores de conflitos, disputas e novas
interações. É exatamente no momento em que identificamos a complexidade que se
estabelecem nas interações sociais, para além do discurso legitimador compartilhado, é
possível captar os elementos sociais que ligam os indivíduos em teias de
interdependência social.
Essas teias que chamamos comumente de sociedade ou nomeamos de grupos
sociais específicos, permite compreender como e porque os indivíduos se conectam e
vivem ligados a esta teia de interdependência. Assim, um dos principais ganhos
analíticos presentes na teoria de Elias, é a possibilidade de identificar de que maneira e
quais os motivos que levam os indivíduos a se ligarem socialmente e as conseqüências
destas iterações, formadoras de configurações específicas.
Este processo de entendimento do que é a sociedade é importante não apenas
para o pesquisador, mas para os próprios indivíduos sociais. Um dos objetivos de sua
proposta teórica seria de superar o que chamou de processo crescente de complexidade,
que deixaria as teias sociais cada vez mais opacas e complexas, tornando seu
entendimento muito complicado e de difícil acesso. Partindo de sua proposta teórica,
Elias nos conduz a um processo de entendimento de como funcionam essas teias
entrecruzadas, tornando-as mais transparentes e assim, passíveis de um entendimento
compreensível para todos os indivíduos.
Não bastaria, portanto, perguntar ao indivíduo o motivo da sua vinda para o
salão de dança ou para a sociedade. Pois nem os objetivos são igualmente claros para
todos os indivíduos e assim, os resultados das interdependências não surgem de algo
planejado ou intencional. Os resultados das interações podem ser tanto imprevisíveis de
algo planejado, como previsíveis de algo não planejado. Segundo afirma Elias:
Da interpenetração de inúmeros interesses e intenções individuais—
sejam eles compatíveis ou opostos e hostis — algo vai decorrendo
que, ao revelar-se, se verifica não ter sido planeado nem requerido
por nenhum indivíduo. No entanto apareceu devido às intenções e
actos de muitos indivíduos. E isto, na verdade, representa todo o
segredo da interpenetração social — da sua obrigatoriedade e
regularidade, da sua estrutura, da sua natureza processual e do seu
desenvolvimento; isto é o segredo da sociogénese e da dinâmica
sociais. [O Processo Civilizador v.II) ELIAS, 1996, p. 221].
Para o correto entendimento de uma dada figuração, é necessário estabelecer um
distanciamento mínimo do jogo social. Voltarmos à metáfora da dança para identificar a
dificuldade de um dançarino preocupado em seguir as regras estabelecidas na dança,
conseguir ao mesmo tempo identificar sociologicamente essas lógicas e compreender
como elas se estabelecem entre dançarinos interdependentes. Podemos identificar que as
relações sociais são para o autor, processos sociais dinâmicos, onde o sociólogo
necessita de certo distanciamento do “jogo social” para compreender de forma
suficiente a configuração que deseja compreender.
Desta forma, identificar e analisar as redes de interdependência social, descobrir
as funções de cada indivíduo na teia, os motivos que os interconectam e o nível de
interdependência, só podem ser identificados através de uma análise a posteriori. Assim,
é necessário se distanciar para compreender a figuração social de um grupo social
específico, observar e construir os dados em campo e analisar somente depois que o
salão de dança já estiver vazio. No final da festa, sobram apenas o pesquisador e seu
material empírico. Mas no caso da análise da sociedade, o pesquisador necessita
escolher um período de tempo determinado para efetuar sua análise, e a sociedade
continuaria suas mudanças e conexões, em um processo contínuo e dinâmico, cabendo
ao pesquisador, identificar seus limites interpretativos de uma realidade que pode não
existir mais.
Os indivíduos emaranhados em suas funções relacionais de poder
A luta pelo poder parece uma constante no comportamento dos indivíduos.
Segundo Elias o que confere poder e como cada indivíduo se socializa é variável. Ter
mais ou menos poder depende sempre com quem o indivíduo se socializa e em qual
contexto social ele está. O nível de interação e de interdependência são elementos
determinantes para a quantidade de poder acumulado pelo indivíduo. O poder constitui
tanto um dos maiores motivadores sociais da manutenção de uma rede, quanto pode dar
origem a sua própria desarticulação parcial ou total. Para compreender o papel do poder
nesta trama social, é preciso desconstruir a idéia negativa de poder, superando a crença
comum de que só existe poder no campo mais espetacular das esferas institucionais e
macro-políticas, ou mesmo da política entre países e Estados.
Elias apresenta um modelo analítico que identifica que a posse de poder está
sempre em todos os indivíduos. Assim, o que existe é uma variação da quantidade de
poder acumulado por cada indivíduo em relação aos demais. Elias parte do
entendimento de que todas as sociedades possuem uma tendência crescente de
equilíbrios de poder ao longo do tempo. Essas lógicas podem ser identificadas no
cotidiano da vida social na forma bipolar, que seria uma dependência recíproca de
poder, (tal como senhor e escravo, pai e filho) ou ainda multipolar, tal como em
qualquer grupo com um número crescente de indivíduos construindo uma teia ou rede
de interdependência.
Com a possibilidade didática de compreender as relações sociais como um jogo
de poder, Elias nos permite comparar esse “jogo de poder social” como uma espécie de
“tabuleiro social de xadrez”. O problema central para se compreender as redes de
interdependência é exatamente identificar como ocorrem as disputa de poder no seu
interior. Elias apresenta uma possibilidade radical de compreensão, analisando períodos
violentos, com o uso do conceito de competição primária. Com este conceito, ele
radicaliza a possibilidade de acompanhar um modelo de competição em um contexto
que se encontra aparentemente sem regras (em guerras ou conflitos) que chamou de
antagonismos violentos, onde as interdependências são profundamente mutáveis,
tornando-as mais claras para o entendimento.
Além disso, Elias deixa clara a impossibilidade de compreender um grupo
separadamente. No caso dos antagonismos violentos, seria impossível compreender as
ações de um grupo, se levar em conta as ações dos demais grupos inimigos envolvidos
no conflito. Assim, as escolhas de cada grupo só fazem sentido, em função de outros
grupos, onde cada ação é pensada em função do que o outro realizou antes, exatamente
como um jogo de xadrez. Desta forma, assim como o poder é algo relacional, a função
só pode ser compreendida como um conceito de relação. No caso de um grupo familiar,
o indivíduo só é pai, frente aos seus filhos, se a relação se estabelecer com outro
familiar, sua função será outra e assim, seu poder será diferente. Sobre isso, Elias
afirma:
“Compreender deste modo o conceito de «função» demonstra a sua
relação com o poder dentro do quadro das relações humanas. Pessoas
ou grupos que desempenham funções recíprocas exercem uma
coerção mútua” (2008 p. 85).
Norbert Elias identifica um processo crescente do nível de especialização nos
indivíduos. Esta especialização conduz a desdobramentos sociais que vão muito além
do processo de diferenciação das atividades sociais. Um aspecto central aqui, é que
quanto mais funções especializadas e específicas surgirem, maior será o nível de
dependência funcional de um número crescente de indivíduos. Este processo tornaria as
redes de interdependência cada vez mais opacas, ou seja, complexas, imprevisíveis e
impossibilitadas de serem controladas por indivíduos isolados.
Uma rede de indivíduos interdependentes possui a característica de ser cada vez
mais complexa e por isso opaca. Os indivíduos acabam por não compreender mais suas
relações sociais e os elementos em disputa. Para explicar melhor este processo, Elias
utiliza como exemplo os modelos de jogos de competição, como formas didáticas para
explicar sua teoria. Ele reconhece esta estratégia como “experiências intelectuais
simplificadoras” (2008 p. 87), mas que são necessárias para evitar equívocos no
entendimento de sua teoria.
Norbert Elias utiliza inúmeros exemplos ilustrativos no que diz respeito ao
caráter processual das relações sociais e sua capacidade de demonstrar como a
distribuição de poder pode mudar profundamente as configurações das teias sociais.
Dos inúmeros casos demonstrados em suas obras, é possível identificar uma tendência
geral, ou seja, quanto mais igualitária for a distribuição de poder em uma determinada
configuração, menor é o poder de um sobre o outro e assim, menor a possibilidade de
prever o resultado. Em outras palavras, quanto mais igualitária e democrática a
distribuição de poder, mais instável é o resultado da disputa. Além disso, quanto maior
o número de adversários inseridos nesta disputa, mais opaca ela se torna, tornando a
decisão da próxima jogada mais complicada e menos clara para todos os adversários em
disputa.
Em um cenário de desequilíbrio de poder, identificamos a existência de dois
níveis de poder coexistindo dentro de cada grupo ou agrupamento social. Os
possuidores de maior poder concentram maior controle sobre as suas ações e as dos
demais. Os indivíduos com menor poder, acabam por exercer apenas uma influência
latente e indireta no jogo. Existe uma dependência recíproca entre ambos, mas segundo
Elias, os possuidores de maior poder:
“tendem a crer que são absolutamente livres relativamente aos
jogadores de nível mais baixo e que se poderão comportar como
muito bem quiserem. Sentem que apenas estão constrangidos e
limitados pela sua interdependência relativamente aos camaradas —
jogadores do mesmo nível — e pelo equilíbrio de poder que entre
eles existe” (ELIAS, 2008 p. 97).
Já em um cenário de maior equilíbrio de poder, um estágio de maior
democratização funcional, a pressão e o constrangimento é sentido por todos, ocorrendo
assim mudanças nos níveis dos jogadores e dos próprios jogadores, e assim, muda a
figuração social. Neste processo, os jogadores ou indivíduos sociais terão diferentes
percepções do seu próprio jogo, seu discurso e pensamento se modificam para tentar
assimilar sua própria experiência no jogo. O indivíduo passa de uma visão que até então
era limitada pela opacidade da rede, onde suas ações são resultados de escolhas
individuais, passando para um lento e crescente processo de produção de conceitos cada
vez mais impessoais, condição necessária para compreender sua experiência social em
crescente nível de complexidade. Segundo afirma Elias,
Com as possibilidades imaginativas abertas pelo uso metafórico de
várias imagens de jogos e de jogadores; a comparação ajuda-nos a
compreender que estes modelos serviram para desenvolver as nossas
potências imaginativas (2008 p. 100).
O conceito de figuração, seria uma possibilidade de nomear as formas de
relações e disputas de poder no interior das teias, podendo construir uma tipificação de
cada tipo de configuração encontrada. Segundo afirma Elias, esse processo possibilitaria
“afrouxar o constrangimento social de falarmos e pensarmos como se o «indivíduo» e a
«sociedade» fossem antagônicos e diferentes” (2008 p. 141). Este conceito pode ser
aplicado para compreender não só pequenos grupos, como sociedades inteiras. Segundo
afirma: “Professores e alunos numa aula, médico e doentes num grupo terapêutico,
clientes habituais num bar, crianças num infantário — todos eles constituem
configurações relativamente compreensíveis” (2008 p.143).
Mas é no momento em que explica o conceito de figuração, que Elias esclarece
porque o “jogo” serve como um exemplo importante na explicação de sua proposta
teórica. O jogo em si não existe sem os jogadores, ou seja, o jogo não possui nenhuma
característica independente dos jogadores em ação. Assim, não podemos dizer que o
jogo em si é lento, difícil, rápido ou fácil, sem que os jogadores em processo de
interação consolidem essas características. O jogo só existe concretamente, no momento
em que os jogadores estão em interação. Segundo afirma Elias “no campo da sociologia
é necessário utilizar substantivos humanizados como instrumento de investigação”.
Desta forma,
Por configuração entendemos o padrão mutável criado pelo conjunto
dos jogadores — não só pelos seus intelectos (individuais) mas pelo
que eles são no seu todo, a totalidade das suas ações nas relações que
sustentam uns com os outros. Podemos ver que esta configuração
forma um entrançado flexível de tensões. A interdependência dos
jogadores, que é uma condição prévia para que formem uma
configuração, pode ser uma interdependência de aliados ou de
adversários (2008 p.142).
As ligações de interdependência social e a grande relevância das ligações
emocionais são consideradas por Elias, os principais elementos formadores dos agentes
unificadores de toda a sociedade. As ligações emocionais em nível de importância se
equiparam às especializações, pois ambas são responsáveis pela manutenção das
interdependências sociais. Mas no caso das ligações emocionais, estabelecendo ligações
pessoais ou impessoais, elas se consolidam por meio de símbolos, que são criados e
mantidos para dar sentidos comuns a estas ligações. Desta forma, Elias tenta superar
“uma das maiores lacunas das teorias mais antigas da sociologia
contemporânea é o facto de investigarem essencialmente as
perspectivas sociais do «eles», quase não se servindo de instrumentos
conceptuais rigorosos para investigar a perspectiva de «eu e nós».
(ELIAS, 2008 p. 151)
Essas ligações não podem ser simplesmente hierarquizadas ou isoladas, as
ligações econômicas, políticas, emocionais e outras tantas, estão cotidianamente
estabelecendo ligações e tensões, sem que necessariamente possamos afirmar que a
dimensão econômica será sempre mais importante que a política (superando a premissa
de Marx, por exemplo). As ligações e as disputas que ocorrem pelo poder em seu
interior, fazem das teias de interdependência, um conceito analítico extremamente rico
para pensar os processos de socialização. A identificação das características em disputas
nas funções relacionais estabelecidas em cada contexto social podem dar origem a
novas interpretações sociológicas e educacionais, algo extremamente rico para
compreender e explicar a dinâmica da sociedade atual.
Os Estabelecidos e Outsiders – Os conceitos colocados em prática
Tido como uma das pesquisas empíricas mais relevantes de Norbert Elias,
escrito juntamente com John L. Scotson: Os estabelecidos e os outsiders (2000) será
aqui retomando visando identificar: como os conceitos Teias de interdependência e
social e figuração são utilizados pelo próprio Elias em uma pesquisa empírica e quais as
inovações interpretativas e explicativas que emergem com o uso de seu aparato
conceitual.
Norbert Elias apresenta uma forma distinta de compreender as relações sociais
estabelecidas em uma realidade micro-sociológica, que após seu estudo e identificação
das teias relacionais existentes, chamou de um tipo específico de figuração, ou seja,
estabelecidos e outsiders. Esta figuração é identificada após um longo trabalho
etnográfico, realizado em uma pequena cidade operária na Inglaterra, com nome fictício
de Winston Parva. Neste pequeno espaço social, emergem disputas entre membros de
uma mesma classe trabalhadora operária.
Ao contrário do que afirmou Karl Marx, quando identificou que a história
poderia ser explicada pelo desequilíbrio de poder existente entre os detentores dos
meios de produção (burgueses) e os (proletários) que por não possuírem nenhum capital
acumulado, só lhes restou vender sua força de trabalho para sobreviver no contexto da
sociedade industrial. Segundo Marx, as lutas entre patrões e empregados seriam uma
luta por interesses de classe, onde a maioria proletária estaria unida disputando um
maior equilíbrio de poder. Em sua obra Manifesto do Partido Comunista conclama a
massa proletária “Proletarier aller Länder, vereinigt euch”, “trabalhadores do mundo,
uni-vos” (MARX e ENGELS, 2000).
Elias e Scotson demonstram a possibilidade de identificar a existência de lutas
pelo acesso ao poder, ocorrendo entre os próprios que habitavam uma mesma cidade.
No caso estudado, a cidade de Winston Parva estaria dividida em bairros que resultou
em grupos segmentados, seguindo alguns critérios identificados em uma oposição
binária entre os “antigos” moradores e os recém chegados. Os critérios de diferenciação
entre os dois grupos seguem mais relevantes, seriam: o lugar da moradia, o tempo de
residência e a antiguidade das famílias na cidade. Os autores identificam que esses dois
grupos não possuíam grandes diferenças econômicas, sociais, educacionais ou mesmo
étnicas e criaram critérios capazes de segregar um grupo das relações comunitárias
estabelecidas. Sobre essa realidade de pesquisa, Elias afirma que:
“Era fácil perceber, neste contexto, que a possibilidade de um grupo
afixar em outro um rótulo de inferioridade humana e fazê-lo
prevalecer era função de uma figuração específica que os dois grupos
formam entre si. Em outras palavras, na pesquisa fazia-se necessária
uma abordagem figuracional” (Elias e Scotson, 2000 p. 23)
Este importante estudo etnográfico nos permite identificar as potencialidades
explicativas e interpretativas do uso dos conceitos de teias de interdependência e
figuração. A utilização dos conceitos propostos por Norbert Elias nos permite superar,
por exemplo, simplificações que até os dias de hoje são comuns, ou seja, como é o caso
do problema do estigma social, que chamamos de forma simplificada e apressada como
preconceito (seja racial, econômica, etc). A interpretação rápida de um comportamento
social acaba por simplificar essa atitude, entendida como resultado de uma ação de
alguns indivíduos preconceituosos, deixando de lado a possibilidade de compreender
que em muitos casos, este atitude é reforçada no interior das relações estabelecidas em
um determinado contexto social. Estigmatizar alguém pode ser uma atitude estimulada
por determinados grupos, capazes de cria novos padrões de superioridade social,
visando entre outras coisas, a manutenção do seu poder como grupo dominante,
utilizando como estratégias, discursos e justificativas de uma luta pela preservação dos
“bons costumes”.
Outro ponto extremamente relevante na perspectiva de Elias é o fato de que,
contrariando todas as lógicas positivistas e estatísticas, um dado que estatisticamente
pode parecer irrelevante, como a antiguidade de uma família em uma determinada
região ou mesmo a delinqüência juvenil, tratado por Durkheim, por exemplo, como um
exemplo de anomia social podem ser, segundo Elias, dados extremamente relevantes
para compreender as lógicas que ligam os indivíduos em teias de interdependência e
formam uma configuração específica como é o caso da figuração dos estabelecidos e
outsiders.
Para os alunos que leram até aqui, uma possível conclusão
Escolhemos o aporte teórico de Norbert Elias, expresso em algumas de suas
principais obras, por identificar possibilidades de superar a perspectiva de acesso a
realidade por meio de entrevistas e produção de dados empíricos, pautados por uma
visão egocêntrica da sociedade, que acabam refletindo negativamente nas pesquisas
sociológicas. Uma parte considerável dos pesquisadores sociais, acreditam que os
indivíduos isolados do seu contexto social, respondendo as perguntas construídas
anteriormente em narrativas re-significadas pelo discurso do “eu”, seriam capazes de
tecer representações suficientes sobre suas ações sociais.
Acreditamos que a possibilidade de acompanhar o que são as teias de
interdependência e as figurações formadas em cada espaço social, como se estabelecem
e como são mantidas por um conjunto de indivíduos específicos, nos possibilitaria
identificar o potencial que as ações possuem. Além disso, o foco nas disputas de poder
nos permitem acompanhar tipos específicos de figurações dinâmicas, em constante
transformação e perceber como as ações ligam os indivíduos em teias e que são tecidas,
mantidas ou mesmo rompidas nas ações cotidianas. Sendo assim, seria possível
compreender como os jogos sociais se estabelecem no interior de um espaço social, e o
papel que os temas e ações políticas representam nas práticas sociais.
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