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Trabalho Ev127 MD1 Sa18 Id12446 03102019164459

Este documento relata uma experiência pedagógica sobre inteligência emocional realizada com estudantes do ensino médio de um instituto federal. A atividade utilizou metodologias ativas como Gallery Walk para discutir como os alunos percebem e lidam com emoções. Questionários e discussões mostraram que os estudantes precisam desenvolver habilidades socioemocionais.
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Trabalho Ev127 MD1 Sa18 Id12446 03102019164459

Este documento relata uma experiência pedagógica sobre inteligência emocional realizada com estudantes do ensino médio de um instituto federal. A atividade utilizou metodologias ativas como Gallery Walk para discutir como os alunos percebem e lidam com emoções. Questionários e discussões mostraram que os estudantes precisam desenvolver habilidades socioemocionais.
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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL EM SALA DE AULA:

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Amanda Nunes Gomes Meira1


Paula Maria Nunes da Silva2
Niedja de Freitas Pereira3
Bruna Toso Tavares4

RESUMO

O presente trabalho relata uma experiência pedagógica de aplicação de conceitos da Inteligência Emocional no
contexto escolar, tendo como metodologia o Gallery Walk. A experiência aqui relatada foi desenvolvida com
duas turmas de 1ª ano do Ensino Médio Integrado de um campus do Instituto Federal da Paraíba, sendo uma
composta por 42 alunos do curso Técnico em Meio Ambiente e 44 alunos do curso Técnico em Informática. A
abordagem pedagógica teve como objetivo, em consonância ao que é proposto pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), desenvolver junto às turmas aspectos relacionados ao gerenciamento das emoções
individuais e em sua relação com o outro, tema incipiente no contexto das instituições de ensino, embora
necessário. Assim, observou-se, por meio de questionários e discussões, como os alunos se relacionam e
percebem as emoções, além de ter sido proposta uma atividade sobre autocontrole emocional, autodomínio,
educação emocional e gerenciamento de relacionamentos.

Palavras-chave: Inteligência emocional; Contexto escolar; Abordagem pedagógica; Metodologia ativa; Relato
de experiência.

INTRODUÇÃO

Ao longo dos séculos, a sociedade vem sofrendo transformações. Conforme o tempo


passa, o homem tem se afastado do seu habitat natural e, cada vez mais, seu contato com as
máquinas, informações, internet, entre outros recursos tecnológicos tem se intensificado. O
estilo de vida urbano contemporâneo tem provocado mudanças nos comportamentos e
emoções das pessoas, e, por esta razão, torna-se necessário discutir mais a Inteligência
Emocional (IE) nos ambientes de trabalho, nas relações familiares e na escola.
Entretanto, o senso comum costuma associar o termo “Inteligência Emocional”, de
forma preconceituosa, à autoajuda. Este tipo de visão ignora a importância do
desenvolvimento científico sobre as emoções, fazendo com que este assunto ainda seja alvo
de bastante resistência em diversos espaços. Apesar disto, é de conhecimento geral o elevado
número de pessoas acometidas por estresse e o aumento nos índices de suicídio, além do
1
Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica – ProfEPT/IFPB, Especialista em Gestão de Pessoas –
FASP, Licenciada em Educação Artística – UFPB e Professora de Arte do IFPB – Campus Santa Rita,
[email protected];
2
Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica – ProfEPT/IFPB, Graduanda em Pedagogia – UFPB,
Tecnóloga em Gestão Ambiental – IFPB, [email protected];
3 Mestranda em Educação Profissional e Tecnológica – ProfEPT/IFPB, Especialista em Geopolítica e História –
FIP, Licenciada em História – UFCG, [email protected];
4
Doutora em Estudos Linguísticos (UFMG) e Professora de Língua Portuguesa do IFPB – Campus Santa Rita –
[email protected].
surgimento de síndromes, como Burnout, entre outras, associadas, de alguma forma, a
questões emocionais. A este respeito, Palankof e Souza (2018, p.2) apresentam os seguintes
dados:

Hoje, crianças e jovens estão mais propensos a desenvolver um transtorno mental do


que há 20 anos. Vinte por cento daqueles com idades entre 12 e 16 anos têm um
problema de transtorno mental. Pouco menos de um em cada 10 adultos tem um
distúrbio de ansiedade, e até um em cada cinco crianças estão em risco de
desenvolver ansiedade severa. Os transtornos de ansiedade são deste modo, uma
forma comum de transtorno psicológico tanto em crianças, quanto em adultos. A
ansiedade interfere significativamente na habilidade da criança para lidar com uma
grande variedade de atividades diárias, incluindo relacionamentos interpessoais,
competências sociais, relações entre pares e ajustamento escolar. Se deixada sem
tratamento, a ansiedade na infância pode se desenvolver ao longo dos anos em
transtorno(s) de ansiedade crônica em adultos ou, em alguns casos, em depressão
clínica. É, portanto, fundamental que a prevenção da ansiedade comece cedo, e que
profissionais da saúde e da educação estejam equipadas com recursos para ajudar as
crianças e suas famílias a desenvolver estratégias eficazes para lidar com a
preocupação, o estresse e a mudança.

Um importante aliado para que este trabalho comece cedo é a escola. Porém, sabe-se
que, cultural e historicamente, as instituições de ensino sempre privilegiaram os aspectos
cognitivos durante o processo escolar. Por outro lado, recentemente, novas diretrizes têm
passado a considerar uma formação mais amplas dos estudantes, que extrapola os conteúdos
apenas técnicos, observando também aspectos mais humanísticos dos sujeitos. Nesta direção,
a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vem reforçando a importância de um trabalho
com os alunos no sentido de desenvolver competências socioemocionais, que, juntamente
como cognitivo e o comunicativo, são essenciais para uma formação integral.
Nesse sentido, o presente trabalho procura apresentar os resultados de uma experiência
realizada no contexto escolar, na qual foram utilizadas metodologias ativas para abordagem
da temática das emoções em sala de aula com alunos do nível médio do Instituto Federal da
Paraíba, em aulas da disciplina Empreendedorismo. A abordagem pedagógica teve como
objetivo desenvolver junto aos alunos aspectos relacionados ao gerenciamento das emoções
individuais e em sua relação com o outro. Além disso, este artigo visa ainda discutir a
aplicação, a nosso ver, tão necessária de trabalhos com as emoções no contexto das
instituições de ensino.
Para isso, neste estudo, o assunto inteligência emocional é discutido a partir de
pesquisas bibliográficas sobre o tema, tendo como referência principal Daniel Goleman
(2011; 2012; 2013), sendo direcionadas as reflexões para o contexto educacional com base no
que foi observado na experiência realizada.
METODOLOGIA

A elaboração deste trabalho iniciou-se com pesquisa bibliográfica em torno da


temática Inteligência Emocional, tendo como referência principal Daniel Goleman (2011;
2012; 2013), como mencionado, e as discussões propostas pela BNCC. Com base nas
informações teóricas, foi elaborada uma abordagem cuja a estratégia metodológica buscou
sensibilizar os alunos para que eles expressassem sua percepção a respeito de aspectos
emocionais.
A experiência aqui relatada foi desenvolvida com duas turmas de 1ª ano de nível
médio integrado, sendo 42 alunos do curso de Meio Ambiente e 44 alunos do curso de
Informática. Visando gerar uma boa interação com o grupo a ser trabalhado, a proposta
metodológica buscou utilizar metodologias ativas. A atividade foi iniciada com um
relaxamento. Em seguida, a partir da ferramenta Mentimeter, que funciona por meio de
enquetes via internet, foi questionado aos participantes (i) se eles usavam mais a razão, mais a
emoção ou razão e emoção ao tomar uma decisão, (ii) se eles acreditavam ser possível
dominar as emoções e (iii) solicitado que eles definissem emoção em uma palavra.
Posteriormente, foi realizada uma explanação sobre o assunto, de forma dialogada
com as turmas. Já a finalização da experiência aconteceu por meio da metodologia Gallery
Walk, possibilitando aos alunos a troca de experiências, de forma que eles puderam se
apropriar do conhecimento, deixando também suas impressões e contribuições ao tema.
Assim, as respostas dadas por meio do aplicativo Mentimeter, além da observação da
vivência dos alunos geraram dados sobre a percepção dos estudantes no que diz respeito à
inteligência emocional. Tais dados foram analisados a fim de levar a resultados que serviram
para a reflexão e discussão sobre o tema inteligência emocional no ambiente escolar, análise
esta apresentada mais à frente.

DESENVOLVIMENTO

Embora filósofos e estudiosos, no decorrer do tempo, tenham demonstrado seu


interesse pela compreensão das questões sobre inteligência humana, foi a partir do século XIX
que se registrou uma maior disposição em se investigar tal temática. Entre os estudos
realizados sobre o tema, destaca-se o trabalho do psicólogo Edward Lee Thorndike, que, na
década de 1930, ao considerar a inteligência humana para além das questões intelectuais, fez
uso da expressão “inteligência social” para se referir à habilidade humana de relacionar-se
com os demais. Mais recentemente, teóricos desenvolveram a ideia das múltiplas
inteligências. Howard Gardner, psicólogo cognitivo e educacional, por exemplo, na década de
1980, desenvolveu sua teoria a respeito das “inteligências múltiplas”, em que afirma a divisão
da inteligência humana em sete áreas, dentre elas, a inteligência interpessoal e a inteligência
intrapessoal, estas diretamente conectadas ao contexto emocional. No entanto, é em 1995,
com o lançamento do livro Inteligência Emocional, do psicólogo e jornalista norte-americano
Daniel Goleman, que ocorre a popularização dos estudos sobre o assunto (WOYCIEKOSKI e
HUTZ, 2009).
De acordo com Goleman (2012), a Inteligência Emocional compreende quatro
domínios genéricos: autoconhecimento, consciência social, autogestão e gerenciamento de
relacionamentos. Tais domínios representam habilidades relacionadas à capacidade de
perceber, controlar e avaliar tanto as próprias emoções como as dos outros, podendo
representar um importante instrumento no processo de aprendizagem dos educandos. Nesse
sentido, o autor defende que

(...) as pessoas diferem em suas aptidões em cada um desses campos; alguns de nós
podemos ser bastante hábeis no lidar, digamos, com nossa ansiedade, mas
relativamente ineptos no confortar os aborrecimentos de outra pessoa. O que jaz sob
nosso nível de aptidão é sem dúvida de ordem neural, mas, como veremos, o cérebro
é admiravelmente flexível, em constante aprendizagem. As nossas falhas em
aptidões emocionais podem ser remediadas: em grande parte, cada um desses
campos representa um conjunto de hábitos e respostas que, com o devido esforço,
pode ser aprimorado (GOLEMAN, 2011, p.72).

Com isso, fica evidente a necessidade de um trabalho como as emoções. Nesse sentido,
Palankof e Souza (2018) consideram que, além de melhorar a convivência e colaboração entre
os sujeitos do universo escolar, há diversas vantagens em se trabalhar com habilidades
emocionais na escola, que vão desde melhoria no aprendizado, concentração e raciocínio, até
na resolução das tarefas, entre outros. Segundo os autores, quando há o desenvolvimento de
tais habilidades,

Há também maior índice de continuação nos estudos, já que possuir um bom


repertório de habilidades socioemocionais para a superação dos obstáculos torna-se
uma imprescindível ferramenta na motivação; já nas avaliações, são inquestionáveis
os resultados positivos, pois alunos que possuem tais habilidades obtêm melhores
resultados, uma vez que não tendem a desesperar-se diante de situações avaliativas.
É conclusivo que a instabilidade emocional leva a diversas dificuldades de
adaptação, e de forma bem pertinente à dificuldade de aprendizado na criança.
(PALANKOF e SOUZA, 2018, p.3-4)

Assim, foi no intuito de introduzir a noção de Inteligência Emocional para as turmas e


refletir sobre possibilidades de trabalho, que foi aplicada tal abordagem e coletados os dados,
os quais serão discutidos a seguir.
RESULTADOS E DISCUSSÃO

A proposta prática desenvolvida dentro da temática emocional aplicada com os dois


grupos de alunos teve como objetivo observar a compreensão das turmas sobre as emoções.
As práticas metodológicas utilizadas em sala resultaram em dados a partir dos quais puderam
ser percebidos comportamentos indicativos de inteligência interpessoal.
Inicialmente, a proposta de trabalho contou com a realização de uma enquete virtual,
com socialização dos resultados de forma simultânea entre os envolvidos na pesquisa com os
alunos através do programa Mentimeter. Devido a impossibilidades técnicas, já que nem todos
os alunos dispunham de dispositivo de acesso à internet, não foi possível que todos os
presentes participassem da interação de forma on-line. Porém, considerando os 21 alunos da
turma A e os 26 da turma B que conseguiram acessar, foi possível ter uma amostra
representativa do grupo.
Por meio desta ferramenta, como já relatado, foram feitas três perguntas. A primeira
pergunta questionou sobre como os alunos orientam o processo de decisão. Os resultados
podem ser observados na Tabela 1, a seguir:

Tabela 1: Comparativo das respostas da Turma A e B


Quais das opções te representa numa tomada de decisão ou solução de problemas?
Turma A – 21 de 42 alunos Turma B – 26 de 44 alunos
Uso a Razão 6 10
Uso a Emoção 3 4
Uso a Razão e Emoção 12 12
Fonte: As autoras.
Em ambas as turmas, a maior parte dos alunos considera utilizar tanto a razão quanto a
emoção, o que representa um comportamento equilibrado. Porém, durante a aplicação, foi
possível perceber nos diálogos com as turmas que muitos ainda têm dúvidas sobre o que é
utilizar razão ou emoção. Isso ficou evidente, não só na demora para responder a questão mas
também diante da hesitação de reconhecer uma situação em que foi priorizada a razão ou a
emoção ou ainda ambas ao mesmo tempo. Além disso, os alunos também expuseram a
dificuldade de tomarem decisões utilizam tanto razão quanto emoções em situações de
conflitos.
Em seguida, questionou-se se os participantes acreditavam ser possível “dominar as
emoções”. É importante frisar que a pergunta não tratou das experiências pessoais,
especificando se particularmente eles dominavam, e, sim, questionou se é possível que
alguém tenha domínio sobre as emoções que sente. Na Turma A, 71% dos alunos respondeu
que “sim”, é possível dominar as emoções, como representado a seguir:

Figura 1: Respostas da Turma A

Fonte: Resultado observado pelas autoras.

No entanto, na Turma B o resultado foi o contrário, já que 63% respondeu que não é
possível o domínio das emoções, como pode ser observado na Figura 2.

Figura 2: Resposta da Turma B

Fonte: Resultado observado pelas autoras.

Assim, de acordo com os trabalhos de Goleman (2011), na perspectiva da Inteligência


Emocional, é positivo que os estudantes acreditem na possibilidade de controle das emoções.
Porém, considerando as duas turmas, mesmo que a maioria – 54% do total – acredite na
capacidade de controle emocional, ainda existe uma grande parcela dos alunos – 46% – que
não crê na possibilidade de se dominar totalmente as emoções. Nos debates a partir da
questão, foi ainda mais evidente a insegurança por parte de parcela da turma na possibilidade
de se administrar as emoções em momentos de conflitos, nas diversas áreas da vida. Foram
vários relatos de situações que os alunos deixaram evidente a falta de paciência, a
impulsividade, a necessidade de se resolver um problema instantaneamente, no momento de
explosão.
Sobre isso, Goleman (2011), na epígrafe do livro Inteligência emocional, cita reflexões
Aristóteles, em Ética a Nicômaco, sobre o desafio do controle das emoções. Segundo o
filósofo grego, “qualquer um pode zangar-se – isso é fácil. Mas, zangar-se com a pessoa certa,
na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – não é fácil”. Assim, a
observação do estagirita na obra do século IV a.C., direcionada ao filho, evidencia que a
dificuldade de se gerir as emoções, sobretudo em momentos de conflitos, não é recente, mas
se perpetua na contemporaneidade, como deixam ver as respostas dos alunos participantes da
atividade. Isso serve como mais uma prova da necessidade de um trabalho com Inteligência
Emocional na escola desde cedo.
Além de questionados sobre o domínio das emoções, na última fase da interação com o
Mentimeter, os alunos das Turmas A e B foram convidados a refletir sobre a “definição de
emoção” e a colocá-la em palavras de acordo com sua percepção. Nesta fase, os 21 alunos da
turma A e os 26 da turma B puderam inserir quantas palavras quisessem; por isso, como pode
ser observado, houve 61 entradas para a turma A (Figura 3) e 74 entradas para a turma B
(Figura 4). Os resultados de turma A podem ser observados na nuvem de palavras a seguir:

Figura 3: Respostas da Turma A

Fonte: Resultado observado pelas autoras.


Observou-se que, na Turma A, além das palavras “amor”, “felicidade”, “fraqueza”,
surgiram também emojis, nomes de professores, colegas de sala, componentes curriculares e
frases como “vou reprovar”. Compreende-se que essas palavras não aparecem por acaso;
acredita-se que os participantes estejam expressando que esses componentes curriculares,
professores e colegas despertaram suas emoções, ou seja, foi a forma que encontraram para
expor seus pensamentos sobre a questão. Nessa diversidade de significados deixados nas
entrelinhas das respostas, os participantes sinalizaram que precisam conversar sobre as
questões que os fazem sentir tais emoções, e uma abordagem psicopedagógica seria
fundamental nesse processo de autoconhecimento e administração das emoções.
Porém, antes de se seguir com a discussão, convém a observação da nuvem da Turma
B, que apresentou resultados um pouco distintos, como pode ser visto na figura a seguir:

Figura 4: Resposta da Turma B

Fonte: Resultado observado pelas autoras.

Na turma B, as respostas foram mais relacionadas ao contexto das emoções do que as


da turma A. Os alunos atribuíram com maior frequência as palavras “sentimento”,
“inconstante”, “pobeminha”(sic), “inevitável”, “complicado”, “fraqueza” e “intensa”. Além
disso, assim como na Turma A, os alunos também se expressaram por meio de emojis e de
códigos da linguagem escrita para internet, como pode se observar na Figura 4.
O uso dos emojis para apresentar a definição, ou, neste caso, a expressão de emoções
evidencia a próxima relação dos alunos com a linguagem da internet. Como cotidianamente,
nas relações sociais via web, ao invés de se expressarem por palavras, os adolescentes e
jovens acabam por utilizar com frequência os emojis, na atividade, alguns optaram por não
verbalizar, mas sim por representarem as emoções por meio de tal recurso icônico.
Por outro lado, pode-se cogitar que o uso de tal recurso está relacionado a uma
dificuldade de expressão das emoções por meio da verbalização. Entretanto, não foi possível
explorar esta hipótese, já que, apesar da experiência ter contado com um momento de debates,
nos quais foi percebida a necessidade de alguns alunos de falar mais sobre o assunto, por se
tratar de uma experiência curta, em um único encontro, não foi possível explorar o debate de
forma ampla.
Porém, o fato de as Turmas A e B terem trazido nomes de disciplinas, professores e
possibilidade de reprovação ao serem questionados sobre a definição de emoção, ainda que
não explorado em profundidade, deixa claro que as emoções são parte do processo de ensino-
aprendizagem e que interferem – seja positiva ou negativamente – no desempenho dos alunos
nas atividades escolares. Assim, não apenas o fato de estar cansado ou ansioso pode afetar o
resultado de uma avaliação, mas as emoções perpassam todo o período escolar. Por isso, as
abordagens pedagógicas para a educação das emoções são fundamentais no processo de
ensino-aprendizagem, pensando não apenas na saúde mental e bem-estar dos estudantes, mas
também em seu sucesso escolar.
Neste sentido, pesquisas na área da Inteligência Emocional revelam que o sucesso
profissional dos indivíduos está menos atrelado ao coeficiente de inteligência (QI) e mais ao
coeficiente emocional (QE). Isto demonstra a importância e a necessidade de que sejam
difundidas ações que visem ao desenvolvimento emocional nos diversos espaços, seja no
âmbito organizacional, seja no âmbito educacional.
Ainda sobre a experiência com os alunos, depois do trabalho sobre a percepção das
emoções, para o encerramento da proposta, por intermédio da metodologia ativa Gallery
Walk, foram abordadas quatro dimensões das emoções – autocontrole emocional,
autodomínio, educação emocional e gerenciamento de relacionamentos – a partir de
fragmentos de textos sobre a temática, seguida de uma atividade. Então, os participantes
foram divididos em grupos e cada um deles foi convidado a contribuir com as dimensões das
emoções por meio da indicação de atitudes, apresentadas em cartazes, as quais deveriam
fomentar o desenvolvimento emocional em cada uma das dimensões. Um dos produtos pode
ser observado na Figura 5:
Figura 5: Cartaz produzido pelo Grupo 2

Fonte: Fotografia tirada pelas autoras do cartaz produzido pelo Grupo 2.

Os cartazes produzidos expressaram, por meio de imagens e mapas mentais, o que os


alunos compreenderam dos temas propostos. Em seguida, eles dialogaram com os demais
colegas sobre suas perspectivas sobre a temática abordada. A atividade contou com o
envolvimento de todos no processo de construção e compartilhamento do conhecimento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos comprovam que as habilidades emocionais são fatores importantes no


desenvolvimento integral humano e que interferem diretamente na bem-estar e saúde mental,
na aprendizagem e, consequentemente, no sucesso dos indivíduos na vida social e
profissional. Ao longo da vida, é possível desenvolver habilidades socioemocionais. Neste
sentido, a escola, admitindo ou não essa função, desempenha um importante papel na vida dos
estudantes, que vai além do ensino de conteúdos.
Recentemente, as recomendações do BNCC vêm reforçar esta necessidade, que esta
pesquisa comprovou na prática. Como buscou-se apresentar no desenvolvimento do trabalho,
os alunos, em suas respostas, demonstraram tanto uma dificuldade de expressar/verbalizar
emoções quanto de lidar com elas, fato evidenciado ainda na descrença da possibilidade de
controle emocional, algo típico da fase da adolescência, cheia de mudanças hormonais e
sociais e da falta de autoconhecimento. Com isso, fica clara a necessidade de se trabalhar com
maior afinco e profundidade as questões de inteligência emocional.
Assim, este breve relato de experiência, ainda que não tenha esgotado as
possibilidades de análise, teve por objetivo refletir e disseminar a ideia de se trabalhar com a
temática “inteligência emocional” no universo escolar, estimulando a percepção também de
outros professores quanto à importância da compreensão das emoções em todas as fases da
vida, já que tal prática pode gerar resultados relacionados ao sucesso não apenas escolar, mas
também em outros âmbitos da vida dos alunos.
Consideramos que, diante das turbulências próprias do século XXI, a escola
contemporânea não pode estar alheia às necessidades humanas para a formação de uma
sociedade mais saudável emocionalmente e preparada para lidar com os desafios
contemporâneos.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, João Roberto de. Educação emocional e social: um diálogo sobre arte, violência
e paz. 2. ed. Ribeirão Preto: Inteligência Relacional, 2015.

CARNEIRO, Eliane Gerk; ZIVIANI, Cilio Rosa. A pessoa inteligente no mundo social.
Psicol. Esc. Educ. 1998, vol.2, n.2, p.135-152. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
85571998000200008&script=sci_abstract&tlng=pt> Acesso em: 10 jun. 2019.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é


ser inteligente. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2011.

GOLEMAN, Daniel. O cérebro e a inteligência emocional: novas perspectivas. Rio de


Janeiro: Objetiva, 2012.

GOLEMAN, Daniel. Foco: a atenção e seu papel fundamental para o sucesso. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2013.

PALANKOF, Kelly Simone de Melo Silva, SOUZA, Dayse Arianne de. Desenvolvimento das
Habilidades Socioemocionais tem potencial para modificar o cenário da Saúde e Educação no
Brasil. V Congresso Nacional de Educação - , 2018. Recife. Anais... Conedu. Disponível em:
<http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV117_MD4_SA
18_ID6812_06082018010520.pdf> Acesso em 18 set. 2019

WOYCIEKOSKI, Carla; HUTZ, Claudio Simon. Inteligência Emocional: Teoria, Pesquisa,


Medida, Aplicações e Controvérsias. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2009, vol.22, n.1, p.1-11.
Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
79722009000100002> Acesso em: 15 set. 2019.

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