KIKO KISLANSKY – OS 7 PASSOS PARA EMPREENDER COM PROPÓSITO
KIKO KISLANSKY – OS 7 PASSOS PARA EMPREENDER COM PROPÓSITO
Os 7 passos para Empreender com Propósito
Kiko Kislansky
Atribui-se a Martin Luther King uma frase de valor inquestionável: “O que me
preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Acredito profundamente
que, todos nós temos uma mensagem importante a ser compartilhada com o mundo,
uma mensagem que parte diretamente da nossa essência mais pura. Ainda, acredito
que podemos compartilhar essa mensagem através dos nossos negócios. Mas, para
isso, precisamos empreender através de um novo modelo, um novo paradigma –
regido por consciência, propósito e humanização.
A consciência nos permite perceber que fazemos parte do todo e o que fazemos
afeta o todo. O propósito nos permite compreender um sentido muito além do lucro.
A humanização nos permite enxergar pessoas como fontes e não recursos. Afinal,
negócios podem e devem ser ferramentas para elevar a humanidade e assim
construir um mundo mais belo e justo para todos.
Definitivamente, o mundo está vivendo uma profunda transformação. E o
universo dos negócios não fica de fora desta intensa mudança. Neste contexto,
acredito que existem dois tipos de empresa: as que têm um propósito nobre e
as que vão deixar de existir. Algumas deixam o mundo melhor quando nascem, e
outras deixam o mundo melhor quando deixam de existir, pois sua presença não faz
bem para o mundo. Algumas estão fazendo esta transformação positiva acontecer e
outras estão apenas assistindo e perdendo espaço gradativamente.
Bom, existe uma nova maneira de fazer negócios que precisa ser
implementada urgentemente pelas empresas. A forma antiga simplesmente não é
mais sustentável. Esta forma ultrapassada de fazer negócios gerou muita riqueza no
mundo, mas tudo isso aconteceu a um preço social e emocional muito alto. Os
impactos negativos no meio ambiente e na saúde física e psicológica da população
foram enormes. Esta forma antiga focava em relações “ganha-perde”, aonde o lucro
e retorno para acionistas era o único foco do negócio. Hoje, é muito claro perceber
que podemos unir lucro com impacto positivo, através de uma consciência elevada e
um propósito nobre que gera valor compartilhado para todos os stakeholders
(clientes, colaboradores, acionistas, comunidade, meio ambiente, fornecedores).
Este quadro abaixo representa um pouco das mudanças que estamos
vivenciando entre o paradigma antigo e o paradigma novo no mundo dos negócios:
KIKO KISLANSKY – OS 7 PASSOS PARA EMPREENDER COM PROPÓSITO
Empreender com propósito e ser protagonista deste novo jeito de fazer
negócios traz diversos benefícios. Os principais que eu tenho colhido nas
minhas empresas e tenho visto nas empresas dos meus clientes são: mais
engajamento dos colaboradores, mais fidelização dos clientes, relações mais
sólidas com fornecedores, melhor posicionamento no mercado, mais conexão
com a geração millenial, maior probabilidade de crescer exponencialmente,
mais motivação e felicidade da liderança, dentre outros.
Para fazer parte desta transformação (seja começando um negócio do zero
ou transformando um negócio já existente), eu convido você a refletir sobre
estes sete passos que costumo implementar nos meus programas de
transformação organizacional:
1. Identifique a diferença que você deseja fazer no mundo (seu propósito).
Empresas não devem ser apenas produtivas. Devem ser significativas. E
para ter significado, é preciso clarificar o propósito. Inclusive, a última capa
da revista Harvard Business Review diz o seguinte: coloque o propósito no
centro da sua estratégia.
Para isso, é preciso compreender que o propósito de uma empresa reside
na interseção entre seus principais talentos (suas forças) e as necessidades
do mundo. O propósito tem a ver com a essência e não com a tendência. O
propósito é a demonstração de amor que a empresa faz pelo mundo, sua
razão de existir além do lucro.
O primeiro passo é olhar pra dentro e fazer algumas perguntas
importantíssimas, como por exemplo:
- O que o mundo perderia se meu negócio não existisse?
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- Que tipo de dor social podemos resolver através do negócio?
- Como queremos ser lembrados como empresa pelas próximas gerações?
- Se nossa empresa fosse uma pessoa, qual seria seu principal talento?
- Que diferença desejamos fazer no mundo ao nosso redor?
2. Construa (ou reconstrua, se for um negócio já existente) um modelo de
negócio que materialize a diferença que você deseja fazer no mundo
Após ter o propósito clarificado, devemos olhar para o modelo de negócio
como uma forma de manifesta-lo para o mundo. Que produtos/serviços
podem fazer este propósito ganhar vida? Que produtos/serviços permitem
que as pessoas sintam o propósito da empresa? Que produtos/serviços são
capazes de fazer a diferença que a empresa deseja fazer no mundo? Este
é o momento de ser fiel ao propósito e mapear os meios capazes de levar
sua mensagem para o mercado e consequentemente ajudar a melhorar o
mundo. Aqui, vale a pena também pensar estrategicamente em quais canais
de venda podem ampliar a possibilidade de potencializar o propósito.
3. Treine a liderança para que sejam guardiões desse propósito maior.
Existem algumas habilidades importantes para os líderes de um negócio
com propósito, como por exemplo: empatia, presença, autoconhecimento e
consciência. O foco aqui não é liderar pelo medo e pelo controle, e sim pelos
valores humanos capazes de fazer a engrenagem do negócio girar com mais
fluidez. Virtudes humanas como generosidade, sensibilidade e colaboração
são absolutamente essenciais para esta construção. Estes líderes devem
enxergar seu trabalho na organização como uma extensão do seu propósito
de vida e utilizar seus dons e talentos para conectar pessoas com o propósito
maior da empresa, desenvolve-las com foco em seus pontos fortes, construir
uma cultura de excelência com foco em resultado para retroalimentar o
propósito empresarial e assim ampliar o impacto positivo gerado na
sociedade.
4. Desenvolva uma cultura enraizada neste propósito.
A cultura empresarial deve ser construída a partir do propósito, para que
os colaboradores estejam engajados com a causa da empresa. Cada
departamento precisa compreender qual é a sua missão para cumprir o
propósito da empresa. Cada líder precisa compreender qual é o seu
propósito dentro desta missão departamental e assim guiar cada
colaborador na descoberta do seu propósito individual. O recrutamento deve
ser feito a partir do propósito e não apenas do currículo, ou seja, devemos
atrair talentos que percebam a empresa como catalisadora do seu propósito
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individual. Valores humanos como: autenticidade, transparência, amor e
cuidado devem estar presentes nas raízes da cultura.
5. Implemente a cultura da venda com significado no time comercial.
Agora é o momento de criar um novo modelo mental no time de vendas.
Muito além de vender produtos, os vendedores precisam defender a causa
da empresa. Muito além de bater metas, os vendedores precisam ampliar o
impacto positivo gerado na sociedade. Quanto mais resultado, mais impacto.
Essa é a equação. Aqui, o foco está na transformação que o produto/serviço
gera e não apenas no fluxo de caixa ou na comissão. Muito mais do que
uma comissão, aqui os vendedores vendem por uma missão maior que eles
mesmos. A equipe precisa internalizar que cada venda realizada é mais um
degrau do legado construído. As decisões estratégias são regidas pelo
propósito nas empresas.
6. Crie uma estratégia de branding que comunique o propósito para o
mercado.
Para complementar, é fundamental que a empresa comunique seu
propósito para o mercado. Para isso, gostaria de apresentar um conceito
extraordinário, desenvolvido pelo mestre Simon Sinek. O conceito é muito
profundo, mas ao mesmo tempo muito simples, e é chamado de Golden
Circle (ou círculo dourado, em português). Basicamente, Simon diz que a
maioria das empresas comunicam de fora pra dentro, ou seja: comunicam
“o que vendem”, depois “como vendem” (quais são seus diferenciais e
proposta de valor) e param por aí. Porém, quando comunicamos de dentro
pra fora, ou seja, começando pelo propósito, ampliamos o nível de conexão
com o mercado e fortalecemos o vínculo emocional com as pessoas.
7. Lembre-se da complementariedade entre propósito e performance
Toda organização tem dois vetores essenciais que precisam ser
equilibrados: o vetor do propósito e o vetor da performance.
Vetor Propósito = a diferença que queremos fazer no mundo através do
nosso negócio, nossa razão de existir.
Vetor Performance = nosso desempenho e resultado na direção dos
nossos objetivos estratégicos.
As empresas que só tem propósito e não tem performance são empresas
vazias, eu as chamo de “empresas fantasma”, pois sonham muito e não
realizam. Do outro lado, existem as empresas “zumbi” – são aquelas que tem
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alta performance, mas não sabem o seu propósito, são mecânicas, robóticas e
automáticas, desprovidas de sentido e significado.
O grande segredo é compreender que quanto maior for nossa
performance, maior será a força para reinvestirmos no nosso propósito e assim
ampliarmos nossa mensagem para o mundo. A equação funciona mais ou
menos assim: quanto mais propósito nos dias de hoje, maior a chance de ter
alta performance. Segundo uma pesquisa de Harvard Business Review (the
business case for purpose), 84% dos executivos acreditam que uma
organização com propósito tem performance maior. E quanto maior for minha
performance, maior a chance de fazer meu propósito de multiplicar. Então,
lembre-se sempre: propósito e performance devem caminhar lado a lado. A
falta de performance (foco em gestão, estratégia, resultado) pode minimizar o
seu impacto positivo. Portanto: entre propósito e performance, fique com os
dois.
Agora, convido você a escrever aqui neste quadro qual foi sua principal
conclusão e o que mudará a partir de agora na sua jornada.
Minha conclusão:
O que irá mudar agora:
Gostaria de finalizar este nosso encontro com uma frase que me encanta,
de Raplh Waldon Edson: “Suas atitudes falam tão alto, que eu nem consigo
ouvir o que você diz.” Portanto, convido você a acreditar que as palavras
convencem, mas o exemplo arrasta. Faça com que o seu negócio e as suas
ações sejam manifestações do seu desejo de transformação e vamos juntos
elevar a humanidade através dos negócios. Um forte abraço e conte comigo!
PS: Este artigo foi originalmente escrito para o livro dos mentores do programa
SCALEUP do SEBRAE Bahia em 2019.
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