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1.cinética Microbiana 13

O documento discute conceitos fundamentais de cinética microbiológica, incluindo: (1) Velocidades instantâneas e específicas de transformação de biomassa, substrato e produto; (2) Fatores de conversão entre esses componentes; (3) Consumo específico de substrato para manutenção microbiana.

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O documento discute conceitos fundamentais de cinética microbiológica, incluindo: (1) Velocidades instantâneas e específicas de transformação de biomassa, substrato e produto; (2) Fatores de conversão entre esses componentes; (3) Consumo específico de substrato para manutenção microbiana.

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CINÉTICA MICROBIANA

BIOENGENHARIA II
UFPB – CT – DEQ
Profª. Sharline Florentino de Melo Santos
CINÉTICA MICROBIANA

Quando um microrganismos é introduzido num meio


de cultura que lhe é conveniente, ele desenvolve aí uma
atividade relacionada com sua composição e com as
condições que o rodeiam.
Esta atividade pode apresentar dois aspectos
ligados entre si:
 O microrganismo se reproduz; daí resultam um aumento
da concentração de biomassa microbiana;
 Paralelamente, o microrganismo excreta o composto de
interesse que será concentrado, purificado e recuperado
no final da cultura.
O estudo cinético de um cultivo, consiste na análise da
evolução dos valores de concentração, de um ou mais
componentes do sistema de cultivo, em função do tempo.

Como componentes do sistema temos:

 O microrganismos (biomassa ou células) - X

 Os produtos do metabolismo (metabólitos) - P

 Nutrientes ou substrato que compõem o meio de cultura- S


Tais valores experimentais de concentração ( X, S
e P), quando representados em função do tempo,
permitirão os traçados das curvas de ajuste, conforme
ilustra na Figura 1 e indicados por X=X(t), P=P(t) e
S=S(t).

Figura 1- Cinética de um cultivo idealizado.


 Dentre os produtos formados, escolhe-se para o estudo
cinético, o produto de interesse econômico.

 Quanto ao substrato, adota-se o denominado substrato


limitante.

Quando as conclusões sobre um cultivo forem


baseadas unicamente em dois valores de X, S e P; como é
comum, sobre os valores finais e iniciais, não se pode afirmar
que um estudo cinético do processo tenha sido realizado.
É necessário, o conhecimento dos valores
intermediários, que permitam definir os perfis das curvas
ou a forma matemática destas, para uma análise
adequada do ponto de vista cinético.

Tais perfis representam o ponto de partida para


a descrição quantitativa de um cultivo como, a
identificação da duração do processo, geralmente
baseado no instante em que X e P apresentam valores
máximos.
Uma vez que esses valores apresentam parte de
um conjunto de dados, necessários ao dimensionamento
de uma instalação produtiva, sem o conhecimento da
cinética torna-se inviável a transposição de um
experimento de laboratório para a escala industrial.

A cinética possibilita também uma comparação


quantitativa entre diferentes condições de cultivo (pH,
temperatura, concentração de nutrientes, concentração
de inóculo, etc), por intermédio de variáveis como:
 As velocidades de transformação

 Os fatores de conversão

 Produtividades
Parâmetros de Transformação
Velocidades Instantâneas de Transformação
Velocidades Instantâneas de
Transformação

Considere um cultivo em batelada, caracterizado


pelo sistema fechado, com uma carga inicial de
microrganismos inoculada numa quantidade limitada de
nutrientes.
Num processo em batelada é possível, a partir
de amostras retiradas ao longo do cultivo, visualizar os
perfis de concentração de células (X), substrato (S) e de
produto (P) e determinar as taxas de transformação.
Figura 2- Curvas de ajuste dos resultados de uma experiências
idealizada de fermentação.
As inclinações das curvas descritas nos perfis
definem as velocidades instantâneas de transformação, ou
seja, crescimento celular (rx), de consumo de substrato (rs) e
de formação do produto (rp).

𝑑𝑋 𝑑𝑆 𝑑𝑃
𝑟𝑥 = , 𝑟𝑠 = − , 𝑟𝑝 =
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡

São também conhecidas como velocidades


volumétricas de transformação, cujas unidades
correspondem a:
(massa) x (comprimento)-3 x (tempo)-1 [g/L h]
Uma definição especial de velocidade, cujo
interesse prático está na avaliação do desempenho de
um processo fermentativo, é a produtividade em
biomassa, definida por:

𝑋𝑚 − 𝑋0
𝑃𝑥 =
𝑡𝑓

A produtividade em biomassa (𝑃𝑥 ) representa a


velocidade média de crescimento referente ao tempo
total de cultivo 𝑡𝑓 .
A mesma definição pode ser aplicada à
concentração do produto, denominada produtividade do
produto:

𝑃𝑚 − 𝑃0
𝑃𝑝 =
𝑡𝑡𝑝

Onde 𝑡𝑡𝑝 não é necessariamente igual a 𝑡𝑓 .

A concentração inicial do produto é geralmente


desprezível frente ao valor final ou máximo 𝑃𝑚 .
A produtividade [g/L h] é frequentemente o
critério usado para a avaliação de um processo
fermentativo.

É usada como critério no dimensionamento de


uma instalação. Para sua avaliação, no caso de processo
descontínuo, deve-se levar em consideração o tempo
necessário para esvaziamento do biorreator, sua
limpeza, além do tempo de enchimento do biorreator.
Parâmetros de Transformação
VELOCIDADES ESPECÍFICAS DE
TRANSFORMAÇÃO
VELOCIDADES ESPECÍFICAS DE
TRANSFORMAÇÃO

Como a concentração microbiana X aumenta


durante um cultivo descontínuo, aumentando,
consequentemente, a concentração do complexo
enzimático responsável pela transformação do
substrato S no produto P, é mais lógico analisar os
valores da velocidade instantâneas com relação à
referida concentração microbiana, ou seja,
especificando-as com respeito ao valor de X em um
dado instante. Assim:
1 𝑑𝑋 Velocidade específica de
𝜇𝑥 = crescimento microbiano
𝑋 𝑑𝑡

1 𝑑𝑆 Velocidade específica
𝜇𝑠 = − de consumo de substrato
𝑋 𝑑𝑡

1 𝑑𝑃 Velocidade específica de
𝜇𝑝 = formação de produto
𝑋 𝑑𝑡
Fatores de Conversão
Considerando um determinado tempo de cultivo,
os correspondentes valores de X, S, e P podem ser
relacionados entre si, através dos fatores de conversão
definidos por:
𝑋− 𝑋0 Fator de conversão de
𝑦𝑋/𝑆 = substrato em células
𝑆0 −𝑆

𝑋− 𝑋0 Fator de conversão de
𝑦𝑋/𝑃 =
𝑃−𝑃0 produto em células
𝑃− 𝑃
𝑦𝑃/𝑆 = Fator de conversão de
𝑆0 −𝑆
substrato em produto
𝒚𝑿/𝑺 é definido como coeficiente global de
conversão de substrato em células. O valor desse
parâmetro varia ao longo de um cultivo, alcançando
o valor máximo durante a etapa de crescimento
exponencial em cultivos descontínuos (batelada).

Desde que seu valor seja conhecido, é possível


calcular o valor de X, a partir de um valor conhecido
de S e vice-versa.

É útil também na definição do substrato


limitante.
Para um determinado intervalo de tempo, o
cálculo dos coeficientes de rendimento podem ser
analisados pelas relações:

𝑑𝑋
𝑦𝑋/𝑆 =
−𝑑𝑆
𝑑𝑋
𝑦𝑋/𝑃 =
𝑑𝑃
𝑑𝑃
𝑦𝑃/𝑆 =
−𝑑𝑆
Considerando as definições de velocidades
instantâneas e específicas, resultam as seguintes
expressões:
𝑟𝑋 𝜇𝑋
𝑦𝑋/𝑆 = =
𝑟𝑆 𝜇𝑆

𝑟𝑋 𝜇𝑋
𝑦𝑋/𝑃 = =
𝑟𝑃 𝜇𝑃
𝑟𝑃 𝜇𝑃
𝑦𝑃/𝑆 = =
𝑟𝑆 𝜇𝑆
Ainda, dessas expressões, tem-se:

𝑦𝑋/𝑆 = 𝑦𝑋/𝑃 × 𝑦𝑃/𝑆

Em processos industriais, dificilmente são


observados valores constantes desses fatores de
conversão.
Embora dependam da espécie do
microrganismos, com relação a um determinado
substrato, não dependem somente da natureza
deste; os demais componentes do meio também
exercem influência sobre tais conversões.
Além dessas influências, as células utilizam
a energia de oxidação do substrato, não
somente para o crescimento, mas também para
finalidades de manutenção.

Ou seja, um determinado consumo de


substrato, não produzirá sempre um aumento
proporcional da biomassa, sendo que uma
parcela da energia, proveniente daquele
consumo, é destinada à manutenção das funções
vitais do microrganismo.
Consumo específico para manutenção m (PIRT)

(𝑟𝑆 )𝑚
𝑚=
𝑋
(𝑟𝑆 )𝑚 = velocidade de consumo de substrato devido a
manutenção.

Então,

𝑟𝑆 = (𝑟𝑆 )𝐶 + (𝑟𝑆 )𝑚

(𝑟𝑆 )𝐶 = velocidade de consumo de substrato associada


ao crescimento ou reprodução microbiana.
O que resulta:

𝑟𝑆 = (𝑟𝑆 )𝐶 +𝑚𝑋

Com a definição de um novo fator de conversão:


𝑟𝑋
𝑌𝑋′ 𝑆 =
(𝑟𝑆 )𝐶

Substituindo na equação acima:


𝑟𝑋 𝜇𝑋
𝑟𝑆 = + 𝑚𝑋 ou 𝜇𝑆 = +𝑚
𝑌𝑋′ 𝑆 𝑌𝑋′ 𝑆
Se, m = 0,

𝑌𝑋/𝑆 = 𝑌𝑋′ 𝑆

𝑌𝑋′ 𝑆 é denominado fator de conversão verdadeiro.

Se 𝑌𝑋′ 𝑆 e m forem constantes, a relação entre 𝜇𝑆 e 𝜇𝑋


deverá ser linear.
Consumo de substrato na formação do produto

𝑟𝑆 = (𝑟𝑆 )𝐶𝑃 + (𝑟𝑆 )𝑃 + (𝑟𝑆 )𝑚𝑃

Onde (𝑟𝑆 )𝐶𝑃 𝑒 (𝑟𝑆 )𝑚𝑃 são as velocidades de consumo


de substrato para o crescimento e manutenção,
respectivamente levando em consideração a formação
do produto.
Introduzindo:
𝑟𝑃
𝑌𝑃′ 𝑆 =
(𝑟𝑆 )𝑃

E um novo coeficiente específico de manutenção


(𝑟𝑆 )𝑚𝑃
𝑚𝑃 =
𝑋
Bem como um novo fator de conversão para o
crescimento
′′ 𝑟𝑋
𝑌𝑋 𝑆 =
(𝑟𝑆 )𝐶𝑃
Então:
𝑟𝑋 𝑟𝑃
𝑟𝑆 = ′′ + ′ + 𝑚𝑋
𝑌𝑋 𝑆 𝑌𝑃 𝑆

Ou,
𝜇𝑋 𝜇𝑃
𝜇𝑆 = ′ + + 𝑚𝑃
𝑌′𝑋 𝑆 𝑌′𝑃 𝑆

Pode-se estender o balanço com a inclusão de termos


adicionais, referentes a outros produtos do
metabolismo, cujos valores experimentais sejam
conhecidos.
EXERCÍCIOS

1. Os dados apresentados na Tabela 1 são


referentes ao cultivo de Saccharomyces cerevisiae em
meio contendo glicose para produção de etanol.
Quais as velocidades instantâneas de transformação
em 8 horas de cultivo.
Tabela 1 - Cultivo de Saccharomyces cerevisiae com
glicose para produção de etanol.

Tempo(h) X(g/L) S(g/L) P(g/L)


0 0,91 106,9 0
4 0,91 106,9 0
8 1,61 96,8 6,2
12 2,42 83,6 15
16 3,59 59,9 23,5
20 4,71 31,6 34,3
24 5,51 10,6 42,2
28 5,56 7,0 42,8
Existe duas formas de determinar as
velocidades em 8 horas.

1. Aproximar a variação infinitesimal para variação


simples.

2. Ajustar as curvas em polinômios, deriva-los e


substituir em 8 horas.
1. Aproximar a variação infinitesimal para
variação simples.
𝑑𝑋 ∆𝑋 2,42 − 0,91
𝑟𝑥 = ≅ = = 0,19 𝑔/𝐿
𝑑𝑡 ∆𝑡 12 − 4

𝑑𝑆 ∆𝑆 106,9 − 83,6
𝑟𝑠 = − ≅− = = 2,99𝑔 /𝐿ℎ
𝑑𝑡 ∆𝑡 12 − 4

𝑑𝑃 ∆𝑃 15 − 0
𝑟𝑝 = ≅ = = 1,9 𝑔/𝐿ℎ
𝑑𝑡 ∆𝑡 12 − 4
Para rendimento de substrato em células:

𝑑𝑋 𝑟𝑋 0,19 𝑙𝑒𝑣𝑒𝑑𝑢𝑟𝑎
𝑌𝑋/𝑆 = = = = 0,06 𝑔
−𝑑𝑆 𝑟𝑆 2,9 𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒

Para rendimento de substrato em produto

𝑑𝑃 𝑟𝑃 1,9
𝑦𝑃/𝑆 = = = = 0,64 𝑔 𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙/𝑔 𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒
−𝑑𝑆 𝑟𝑆 2,9
O rendimento teórico de glicose em etanol é:

C6H12O6 → 2 C2H5OH + 2 CO2


180 g/mol 92g/mol 88 g/mol

92
𝑦𝑃/𝑆 = = 0,511 g etanol/g glic𝑜𝑠𝑒
180
2. Pelo polinômio:

S = -0,0699t2 – 2,2097t + 133,42


R2=0,9658

P = 0,0103t2 + 1,5063t – 3,4833


R²=0,9683

X = 0,0011t² + 0,1667t + 0,5179


R²=0,9642
𝑑𝑆
𝑟𝑠 = − = − −0,1398𝑡 − 2,2097
𝑑𝑡

𝑟𝑆(8) = 1,1184 + 2,2097 = 3,33𝑔 /𝐿ℎ

𝑑𝑃
𝑟𝑝 = = 0,0206𝑡 + 1,5063
𝑑𝑡

𝑟𝑝(8) = 1,67 𝑔/𝐿ℎ

𝑟𝑃 1,67
𝑦𝑃/𝑆 = = = 0,502 𝑔 𝑒𝑡𝑎𝑛𝑜𝑙/𝑔 𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒
𝑟𝑆 3,33
EXERCÍCIOS

2. Sabendo que na produção de etanol por


Saccharomyces cerevisiae em meio com glicose o
yP/S = 0,511 g etanol/g glicose, quanto de glicose
tem que ser adicionado ao meio para produzir 62
g/L de etanol.
EXERCÍCIOS
3. Uma cultura aeróbica de bactérias em metanol
apresentou os seguintes resultados para um processo
em batelada:
Tempo (h) 0 2 4 8 10 12 14 16 18
X (g/L) 0,2 0,211 0,305 0,98 1,77 3,2 5,6 6,15 6,2
S (g/L) 9,23 9,21 9,07 8,03 6,8 4,6 0,92 0,077 0

Calcule:
a) O fator de conversão de substrato em células
b) A velocidade específica de crescimento para t=10
h.
EXERCÍCIOS
4. Calcular os parâmetros produtividade, yX/S , yP/S e
yP/𝑋 da fermentação acética. A massa específica do
etanol a 20ºC é=0,789 g/mL

CH3 - CH2OH + O2 ---> CH3 - COOH + H2O

Tempo (h) 0 3 6 12 24 48 56
Etanol ºGL 5 4 3 2 1,2 0,7 0,5
X (g/L) 3 3,2 3,3 3,7 4,0 4,1 4,2
P (g/L) 1 2,5 4 5,5 7,2 8,8 10,0

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