Guia Didático os Maravilhosos
Manguezais do Brasil
ATIVIDADE 1 – CORRENTES SALGADAS
Introdução
A característica mais marcante da água do mar é a salinidade. Muitas zonas úmidas
costeiras – incluindo os manguezais – estão localizadas onde a água doce se encontra
com a água salgada do mar. A água salgada tende a afundar porque é mais densa que
a doce, enquanto a água doce tende a permanecer na superfície. Assim, temos a
formação de camadas de água bem definidas (estratos de água salgada e de água
doce). Os oceanos representam uma grande massa de água no planeta e são
regulados por diversos fatores, como as marés, os ventos, a rotação da terra, a
salinidade da água, etc. Os oceanos, quando em contato com corpos de água doce,
como os rios, se misturam, formando áreas com grande variação de salinidade. A ação
dos ventos, das marés e das ondas ajuda a misturar essas massas de água, mas uma
vez cessadas, observamos uma nova tendência de formação dessas diferentes ca-
madas de água (estratos), em função da salinidade. Plantas e animais que vivem nos
manguezais estão sujeitos às variações de salinidade dentro do estuário. As franjas
dos bosques de mangue recebem diariamente água proveniente das marés, e a
salinidade dentro do bosque pode variar em função da concentração de sais presentes
no corpo d’água adjacente. O comportamento dos peixes e outros animais que vivem
nos estuários é regulado também por essa variação de salinidade e, portanto, precisam
estar adaptados para as mudanças bruscas de salinidade.
Objetivo de aprendizagem
Demonstrar o que acontece quando as águas doces e salgadas se misturam.
Tempo
30 a 60 minutos
Materiais
Dois aquários de 20 a 40 litros ou recipientes plásticos (de tamanhos e formas
similares); Duas garrafas de vidro de 200 ml (garrafa de suco) com tampa; água doce e
sal de cozinha (ou água do mar); corantes para alimentos ou corantes naturais (por
exemplo, beterraba, repolho roxo, casca de cebola, etc.); papel e lápis; papel para flip
chart; etiquetas ou canetas marcadoras apropriadas para marcar as garrafas.
Metodologia
1. Peça aos estudantes que encham os aquários com água doce até a metade.
2. Encher as garrafas completamente com água doce e tampá-las. Coloque numa
delas uma etiqueta dizendo “água doce”. Na outra garrafa adicione oito colheres de sal
(a água dessa garrafa ficará muito mais salgada que a água do mar), tampar e agitar
até que o sal se dissolva completamente. Coloque uma etiqueta dizendo “água
salgada”. Se possível, substitua a garrafa com água e sal por água do mar.
3. Pergunte aos estudantes, antes de mergulhar as garrafas destampadas no fundo do
aquário, o que irá acontecer com cada uma delas. Afundar ou flutuar?
4. Mergulhe as garrafas e observe o experimento. Peça para que os estudantes
anotem o que aconteceu. O que pode ser feito para visualizarmos o comportamento da
água contida nas garrafas, já que elas são bem parecidas?
5. Retire as garrafas de dentro do aquário e despeje corante dentro delas. Agite-as
antes do novo experimento. Questione os estudantes sobre o que irá acontecer se
mergulhar as garrafas dentro dos aquários sem as tampas.
6. Peça a um dos estudantes que deite uma das garrafas no fundo do aquário e
destampe com todo o cuidado. Observe o que acontece ao escapar a água de dentro
da garrafa para o aquário e discuta o resultado. É importante não mexer o recipiente
para observar o que acontecerá com a água com o passar do tempo. Proceda da
mesma forma com a segunda garrafa com água.
Sugestão:
Inicialmente, faça a demonstração com a água salgada, pois os resultados serão bem
mais surpreendentes aos estudantes e oferecerão pistas úteis para as suposições cor-
retas na segunda demonstração. Se possuir apenas um aquário ou recipiente, proceda
da mesma maneira, mas utilize duas cores distintas para diferenciar a mistura da água
salgada e da doce.
Discussão
Encerre a atividade falando sobre a importância de estuários e manguezais e das
diferenças que existem entre as águas dos oceanos, estuários e rios de água doce. Por
exemplo: as águas profundas do oceano são mais frias que as águas costeiras nos
trópicos. Os estuários são pouco profundos quando comparados com o mar aberto
longe da costa. As águas dos rios e outras correntes que entram nos estuários
geralmente são mais frias que as águas ali presentes, pois estão em circulação e
perdem calor; ou então, pelo fato de que as águas dos estuários são escuras e estão
por mais tempo expostas ao sol e, portanto podem se aquecer mais facilmente.
ATIVIDADE 2 – LIMPEZA DE DERRAME DE ÓLEO
Introdução
O derrame de óleo, grande ou pequeno, representa um dos impactos mais
problemáticos à vida de rios, mares, manguezais e demais zonas úmidas. Limpar a
área atingida pelo derrame torna-se um desafio a ser enfrentado. Com frequência,
ocorrem pequenos derrames de óleo no mar. O Brasil, por exemplo, vem aumentando
suas atividades de exploração e produção de petróleo no litoral, sobrecarregando a
infraestrutura de transporte e refino (plataformas, dutos, navios petroleiros, barcaças,
reservatórios e caminhões-tanque). Ressalta-se que os principais riscos de
vazamentos de óleo estão ligados às atividades de refino e transporte (carga e
descarga). Em São Paulo, em outubro de 1983, rompeu-se um trecho do oleoduto da
Petrobras que liga o Terminal Marítimo Almirante Barroso (TEBAR) à Refinaria de
Cubatão Presidente Bernardes (RPBC), culminando com o derramamento de 3 milhões
de litros de óleo. O óleo desceu pelo Rio Iriri até atingir o Canal de Bertioga,
espalhando-se por cerca de 100 quilômetros de linha de costa, provocando danos
irreparáveis aos manguezais e à pesca na região. Ainda hoje, o óleo permanece
presente em alguns pontos. No Rio de Janeiro, em janeiro de 2000, 1.300 m³ de óleo
tipo MF-380 vazou de um duto entre a Refinaria Duque de Caxias (REDUC) e a Ilha
D’Água, na Baía de Guanabara. Os prejuízos foram incalculáveis, com forte declínio
pesqueiro. Invariavelmente, o óleo derramado acaba no mesmo lugar: praias, man-
guezais e recifes. O que esperar das concessões cedidas pela Agência Nacional do
Petróleo (ANP) para exploração de blocos de petróleo e gás na região do Complexo
dos Abrolhos, a área mais extensa e biologicamente mais rica de recifes de coral do
Oceano Atlântico Sul, que agrega cerca de 1% dos sistemas recifais do planeta? Para
a compreensão dos impactos dos derrames de petróleo na vida silvestre foram criadas
três atividades que ajudarão os estudantes a entender o que deve ser feito frente a um
derrame de óleo.
Objetivo de aprendizagem
Simular um derrame de óleo para testar os diferentes métodos de limpeza do mar e em
terra firme, com uso de penas de aves, observando os efeitos do óleo.
Tempo
60 a 90 minutos
Materiais
Uma jarra ou garrafa de vidro com tampa; água tingida de azul com corante para
alimentos (anilina); óleo de cozinha tingido de preto com um pouco de tinta a óleo; uma
rolha ou um barco de brinquedo que caiba na garrafa ou jarra; um recipiente grande
(tabuleiro, forma de bolo); areia; materiais de limpeza (algodão ou bolinhas de algodão,
pedaços de estopa, papel-toalha ou guardanapos, serragem, gazes, esponjas e conta-
gotas); palitos de picolé (de madeira); penas de aves encontradas no chão (galinha,
pato, urubu); um recipiente pequeno com água limpa; detergente líquido; escovas de
dente usadas.
ATENÇÃO: a tinta a óleo é tóxica e deve ser manejada com cuidado.
Parte A: o que acontece em um derrame de óleo?
Procedimentos
1. Peça a um dos estudantes para encher uma garrafa com 2/3 de água e adicionar
corante azul para alimentos.
2. Adicione um dedo de óleo de cozinha, tingido de preto, para representar o derrame
de petróleo. Onde se concentra o óleo? Na superfície.
3. Jogue a rolha/ barco de brinquedo na garrafa. O que acontece? Veja a marca de
óleo.
4. Retire a cortiça ou o barco de brinquedo e solicite a um estudante que tampe a
garrafa e agite, simulando tempestade ou ressaca. O que acontece com o petróleo?
Uma parte se mistura com a água.
Discussão
O que aconteceria aos organismos que vivem na superfície, como aves marinhas e
algas? O que aconteceria com os organismos que precisam chegar à superfície para
respirar, como tartarugas marinhas e baleias? Ficariam cobertas de petróleo. Com o
passar do tempo, parte do óleo se mistura com a água e outra parte chega ao fundo do
mar. O petróleo pode ser mais pesado que o óleo de cozinha. O que aconteceria com
lagostas, camarões, mariscos e ouriços que vivem no fundo do mar?
Parte B: limpando o ambiente de um derrame de petróleo
Procedimentos
1. Faça um monte de areia em uma das extremidades do tabuleiro, representando uma
praia. Jogue a água tingida de azul na outra extremidade do tabuleiro.
2. Adicione óleo de cozinha (tingido de preto) na água, simulando um derrame.
3. Divida os estudantes em equipes de três ou quatro e peça a cada equipe que
escolha dois ou três materiais de limpeza.
4. Peça que planejem como irão utilizar cada material e desenvolvam suas
experiências.
Discussão
Analise por que algumas tentativas funcionaram e outras não. Foi removido todo o
óleo? Que eficácia teria seu esforço em um derrame de óleo real? Que condições
seriam as melhores? Fale sobre os tipos de equipamentos utilizados na limpeza de um
derrame de óleo (barreiras de contenção, recolhedor de óleo, bomba de transferência,
separador de água e óleo) e quão semelhantes são aos utilizados pelos estudantes.
Tarefa complementar
Solicite que investiguem sobre o conceito de biorremediacão e como funciona. O que
acontece com o óleo recuperado após o derrame? (em geral é queimado.) A
biorremediacão é a melhor alternativa? Peça que façam uma lista de seres vivos que
moram em um ambiente marinho (incluindo manguezais e outros ecossistemas
costeiros). Como um derrame de óleo afetaria cada organismo? Quais são os animais
mais vulneráveis a um derrame de óleo? Lembre dos organismos que não conseguem
se deslocar - sésseis; dos filtradores, como as ostras e mariscos; daqueles que vão à
superfície com frequência; e daqueles que se alimentam exclusivamente da vida
marinha.
Parte C: petróleo e penas de aves não se misturam
Procedimento
1. Analise uma pena. As aves produzem, no uropígio, um óleo que passado em suas
penas evita que estas absorvam água (impermeabilização). Uropígio é a glândula
produtora desse óleo impermeabilizante das aves.
2. Coloque a pena em um recipiente com água limpa. (Flutua?) Retire o excesso de
água da pena e seque-a completamente ao sol, em cima de um guardanapo. Ainda
flutua depois de ter sido molhada e seca?
3. Jogue a pena em um recipiente com água azul (tingida de azul) e óleo de cozinha
(tingido de preto). O que acontece?
4. Utilize várias penas e peça aos estudantes que tentem limpá-las. Alguns deverão
utilizar detergente líquido; outros apenas esfregarão com escovas de dente. Seque as
penas sobre os guardanapos ao sol. Ainda flutuam?
5. Jogue-as em um recipiente com água limpa. Flutuam como antes? O experimento
indica que as penas perderam capacidade de isolamento e resistência à saturação pela
água.
Referência das atividades:
Almeida, R; Coelho-Jr, C.; Corets, E. 2009. Guia didático os Maravilhosos Manguezais
do Brasil. Editora Papagaia. 273p.