Relações públicas governamentais e construção
da identidade nacional: o caso das presidências abertas
de Armando Guebuza em Moçambique
Government public relations and national identity building:
the open presidencies of Armando Guebuza in Mozambique
Relaciones públicas gubernamentales y construcción
de la identidad nacional: el caso de las presidencias abiertas
de Armando Guebuza en Mozambique
STÉLIA NETA
Ministério da Economia e Finanças
Av. 10 de Novembro, n.º 929 — Maputo – Moçambique
[email protected]
GISELA GONÇALVES
Universidade da Beira Interior,
Faculdade de Artes e Letras, Labcom.Ifp, 6200, Covilhã –Portugal
[email protected]
Recebido | Received | Recebido: 2018-02-20
Aceite | Accepted | Aceptación: 2018-05-10
Resumo
Moçambique é uma democracia recente e fortemente dividida a nível socioe-
conómico, cultural, político e linguístico. Armando Guebuza, presidente de Mo-
çambique entre 2005 e 2014, colocou no centro da sua estratégia governativa a
comunicação com os cidadãos. Com a “Presidência aberta e inclusiva” (PAI), uma
estratégia de relações públicas governamentais, instaurou um ciclo de grande pro-
ximidade com o povo, especialmente nas zonas rurais. Neste artigo, desenvolve-se
uma análise crítica dos discursos de Guebuza no âmbito das PAI, enquanto texto,
prática discursiva e sociocultural através de cinco dimensões: (i) léxico; (ii) temas;
(iii) contexto histórico; (iv) relacionamento com o público; e (v) identidade nacional.
Os resultados indicam que as PAI e as suas práticas discursivas foram desenha-
das com o propósito de influenciar significados contribuindo para a consolidação
da identidade nacional.
Palavras-chave
Relações públicas governamentais; identidade nacional; Moçambique; Guebu-
za; análise do discurso
HTTPS://DOI.ORG/10.14195/2183-5462_33_9 ARTIGOS | 141
Abstract
Mozambique is a recent and deeply divided society, at socio-economic, cultur-
al, political and linguistic levels. Armando Guebuza, president of Mozambique from
2005 to 2014, placed communication with citizens at the centre of his government
strategy. With the “Open and Inclusive Presidency” (PAI), a governmental public re-
lations strategy, he established a cycle of close proximity to the people, especially
in rural areas. In this article, a critical analysis of Guebuza’s discourses in the con-
text of the PAI is developed, as a text, discursive and sociocultural practice in five
dimensions: (i) lexicon; (ii) themes; (iii) historical context; (iv) relationship with the
public; and (v) national identity. The results indicate that the PAI and its discursive
practices were designed with the purpose of influencing meanings contributing to
the consolidation of the national identity.
Keywords
Government public relations; national identity; Mozambique; Guebuza; discourse
analysis
Resumen
Mozambique es una democracia reciente y fuertemente dividida a nivel so-
cioeconómico, cultural, político y lingüístico. Armando Guebuza, presidente de
Mozambique entre 2005 y 2014, puso en el centro de su estrategia gubernativa la
comunicación con los ciudadanos. Con la “Presidencia abierta e inclusiva” (PAI),
una estrategia de relaciones publicas gubernamentales, instauró un ciclo de gran
proximidad con el pueblo, especialmente en las zonas rurales. En este artículo se
implementa una análisis crítico de los discursos públicos de Guebuza en el ámbito
de las PAI, como texto, practica discursiva e sociocultural en cinco dimensiones: (i)
léxico; (ii) temas; (iii) contexto histórico; (iv) relación con el público; e (v) identidad
nacional. Los resultados indican que las PAI y sus prácticas discursivas fueron di-
señadas con el propósito de influenciar significados contribuyendo a la consolida-
ción de la identidad nacional.
Palabras clave
Relaciones públicas gubernamentales; identidad nacional; Mozambique; Gue-
buza; análisis del discurso
1. Introdução
Moçambique é uma nação nova. Em 40 anos de existência, a construção da iden-
tidade nacional conheceu três importantes momentos. A primeira fase reporta‑se
aos anos 50 e 60 do séc. xx quando, à semelhança da maioria dos países africanos,
o sentimento de identidade nacional de Moçambique emergiu na luta pela inde-
pendência do colonialismo europeu. Numa segunda fase, o exercício da unidade
nacional foi posto à prova por uma guerra civil de 16 anos que agudizou as fissuras
político‑sociais, nomeadamente, o regionalismo e o tribalismo (Joseph Ki‑Zerbo,
2007; Alden, 2001). As primeiras eleições de 1994, dão início à democracia em Mo-
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çambique e à terceira fase da construção da identidade nacional. Uma democracia
que, apesar das suas idiossincrasias, vigora até hoje.
Armando Emílio Guebuza presidiu ao governo de Moçambique entre 2005 e 2015. No
seu discurso de tomada de posse, a 2 de Fevereiro de 2005, apontava o desenvolvimento
rural como uma das principais ações da sua governação, dando igualmente enfâse à luta
contra a pobreza. Ainda hoje, num país com mais de 24 milhões de habitantes, onde a maio-
ria – aproximadamente 70 % – vive em zonas rurais, mais de metade da população vive no
limiar da pobreza (PNUD, 2014:186). A aposta na comunicação com os cidadãos moçambi-
canos, especialmente das zonas rurais, esteve desde cedo no centro da sua estratégia go-
vernativa. Desde o início do seu primeiro mandato, Guebuza instaurou um ciclo de grande
proximidade com os cidadãos através da estratégia conhecida por “Presidência aberta e
inclusiva” (PAI). Com esta estratégia, o presidente abandonava a Ponta Vermelha, a sede
oficial em Maputo, para viver e governar o país a partir de locais humildes, em diversas
partes do território.
Os discursos públicos do presidente, a ação comunicacional com maior visibilidade
e repercussão mediática no âmbito da presidência aberta, constituíram um elemento
central das relações públicas governamentais. Neste artigo, procuramos analisar as
PAI e os discursos de Guebuza de diferentes perspectivas, mas todas com um objetivo
comum: determinar em que medida as estratégias de relações públicas podem influen-
ciar a atribuição de significados aos conceitos de identidade e unidade nacional. Na
realidade de Moçambique, este é um desafio adicional, uma vez que é uma “sociedade
profundamente dividida” (Guelke, 2012), ao nível socioeconómico, cultural e linguístico.
O artigo está organizado em três partes principais. Começa‑se por descrever a
estrutura e funções de comunicação governamental em Moçambique, e o porquê
das PAI se constituírem como uma estratégia de relações públicas governamentais
essencial à construção da identidade nacional. De seguida, recorrendo‑se à análise
crítica dos discurso públicos de Guebuza, no contexto das PAI, discute‑se se e como,
as suas práticas discursivas foram desenhadas com o propósito de influenciar signi
ficados acerca da consolidação dessa mesma unidade nacional.
2. A comunicação governamental em Moçambique
O sistema político de Moçambique é presidencialista, ou seja, o Presidente da
República é simultaneamente Chefe de Estado e do Governo. Tanto o Presidente da
República como os deputados da Assembleia da República são eleitos simultanea-
mente (eleições gerais) por sufrágio universal, para um mandato de cinco anos, re-
novável apenas uma vez. O Presidente da República é por isso o epicentro de toda
a comunicação governamental de Moçambique.
A comunicação governamental é da responsabilidade do Gabinete de Informação
de Moçambique (GABINFO), criado por Decreto Presidencial em Outubro de 1995. Su-
bordinado ao Gabinete do Primeiro Ministro, o GABINFO supervisiona a comunicação
de todos os organismos estatais e órgãos de comunicação públicos, presta assessoria
ao executivo em questões específicas da área da comunicação, promovendo, entre ou-
tros, a divulgação e acesso à informação sobre as atividades governamentais. Compete
igualmente a este órgão o registo e licenciamento dos meios de comunicação social.
O GABINFO veio substituir o Ministério da Informação, muito associado à his-
tória da censura no país, extinto aquando da adopção do sistema multipartidário,
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após as eleições de 1994. A aprovação da Lei da Imprensa em 1991 e da Lei do Di-
reito à Informação, em 2014, constituíram dois importantes ganhos na democracia
moçambicana. No entanto, continuam a existir queixas de jornalistas sobre a inge-
rência do Governo na esfera mediática e ataques à liberdade de imprensa (Chicha-
va & Pohlmann, 2010:132‑133). Isto explicará, em parte, o porquê de Moçambique,
de acordo com o Freedom House Índex, registar 46 no ranking da Liberdade de im-
prensa (0 = o melhor; 100 = o pior). 1
Em paralelo, existe também o Gabinete de Imprensa da Presidência da Repúbli-
ca que é da exclusiva tutela do Chefe de Estado. O Adido de Imprensa, que dirige
o Gabinete de Imprensa do Presidente da República, é o responsável pela comu-
nicação da Ponta Vermelha, sede oficial do governo, e reporta as suas atividades
diretamente ao Presidente. Tal como em muitos países ocidentais, a comunicação
do governo de Moçambique está centrada numa elite profissional e política que
controla a informação e a sua disseminação. Também nas democracias recentes,
a comunicação do governo é controlada e usada estrategicamente para exercer o
poder (Bennett, 2001:16)
Em 2005, quando o Presidente Guebuza iniciou as PAI, o trabalho do gabinete
do Adido de Imprensa da Presidência, constituído por sete funcionários, ganhou
visibilidade (Magaia, 2013). Durante as PAI, o Adido de Imprensa e sua equipa ti-
nham entre outras funções a missão de garantir o melhor cenário para o encontro
entre o Presidente e o povo, isto é, no Comício popular. O som, a disposição da tri-
buna, a colocação dos microfones, a organização da sala de imprensa e da sala de
conferência de imprensa, a organização dos jornalistas, eram algumas das tarefas
da sua equipa.
A interação do Presidente com os cidadãos foi também explorada nas redes
sociais. Guebuza tinha páginas no facebook, blog e twitter onde mantinha diá-
logo com internautas. Aliás, nos últimos anos do seu segundo mandato, as PAI
eram transmitidas, em tempo real, através dessas plataformas audiovisuais de
comunicação e interação instantâneas. No entanto, não se pode deixar de re-
alçar que, apesar do aumento gradual no acesso à Internet, e de acordo com a
Internet Society, ela apenas atinge 5.4 por cento dos cidadãos moçambicanos.2
Acresce ainda o facto de a taxa de analfabetismo em Moçambique se encontrar
entre as mais altas do mundo (cerca de 50%), especialmente entre as mulheres
e nas zonas rurais.
A presença massiva da política nos meios de comunicação social é funda-
mentalmente garantida, segundo Boorstin (1961), por “pseudo‑eventos”, aconte-
cimentos de autopromoção planeados para terem cobertura mediática, e a pró-
pria medida do seu próprio sucesso. A PAI de Armando Guebuza enquadra‑se
claramente nesta filosofia – uma estratégia de relações públicas, sob gestão do
Gabinete de Imprensa da Presidência da República, centrada na organização do
“encontro” entre o Chefe de Estado e o seu povo, por meio do comício. Nesta
1 Mais informação sobre os índices da Freedom House estão disponíveis aqui: https://freedomhou-
se.org/report/freedom‑press/2016/mozambique
2 Global internet report 2014, Internet Society consultado a 20 de Maio de 2016 [url] https://
www.internetsociety.org/sites/default/files/Global_Internet_Report_2014.pdf
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reunião popular, o Presidente interagia diretamente com as pessoas, avaliando,
simultaneamente, o nível de suporte local ao programa quinquenal do Governo
(Matola, 2009: 8). A cobertura mediática destes eventos era visível tanto nos
meios de comunicação regionais como nacionais. Nos primeiros, essencialmen-
te, via rádio, veículo privilegiado e praticamente único das zonas rurais; nos se-
gundos, através da TV e imprensa.
3. A presidência aberta enquanto estratégia de relações públicas
A PAI levou a visita presidencial a todos os 128 distritos do país, entretanto
alargados para 152 em 2013. No primeiro mantado (2005‑2009), Armando Guebu-
za deslocou‑se às sedes distritais e, no segundo (2009‑2014) expandiu a sua ação
governativa também a outras localidades, num território de cerca de 800.000 km².
Dados da Presidência da República indicam que a PAI era preparada com um
ano de antecedência, num trabalho de coordenação entre a Presidência da Re-
pública, Ministério da Administração Estatal e Governos Provinciais. Por norma,
a PAI ocorria durante o primeiro semestre de cada ano, período em que o Presi-
dente visitava, em quatro dias, igual número de distritos por Província, excepto
Nampula e Zambézia, as maiores do país, onde permanecia mais dias, visitando
cinco distritos de cada.
Uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores alemães (Leininger, Heyl,
Maihack & Reichenbach, 2012) identifica três etapas das presidências abertas: a
preparação, o desempenho e o seguimento. A fase da preparação inclui a sele-
ção dos locais para a visita presidencial. Nesta fase, a equipa partilhava as suas
recomendações para adequar os lugares ao padrão mais elevado do Estado, até
porque, durante a PAI, o distrito visitado passava a ser a Ponta Vermelha (desde
como construir o palanque para o comício, a como mobilar e decorar o quarto ou
a casa de banho).
Na parte referente ao desempenho, a PAI propriamente dita, ocorriam as reu-
niões, primeiro com o Governo Provincial, depois com os administradores, empresá-
rios e a visita às infraestruturas e projetos sociais. É nesta etapa que decorre o ponto
mais alto da PAI – o comício popular onde as pessoas (5 a 15) têm a oportunidade
de falar com o presidente, sobre temas diferentes. Estes encontros não decorriam
de forma espontânea, pois nada era deixado ao acaso. De acordo com Leininger et
al (2012), os administradores distritais selecionavam prévia e criteriosamente os in-
tervenientes no comício com o Presidente. Portanto, a oportunidade de os cidadãos
se dirigirem ao presidente não era acessível a todos. Para impedir críticas dema-
siado contundentes à administração, evitavam ter como interlocutores os membros
da oposição e também certos representantes de organizações da sociedade civil.
Outro momento igualmente importante era sem dúvida a conferência de im-
prensa, realizada no fim da visita. Momento em que a interlocução com o povo era
ampliada, através da imprensa, para os outros moçambicanos.
A terceira fase definida pela pesquisa alemã corresponde ao seguimento. Signi
fica que as questões apresentadas pelos populares eram incorporadas em matri-
zes para posterior monitorização do desempenho da administração local ao longo
do tempo. Portanto, uma tentativa de dar continuidade à relação encetada entre a
presidência e o povo.
ARTIGOS | 145
A deslocação às zonas rurais, todas as atividades desenvolvidas no âmbito da
PAI, assim como a cobertura mediática decorrente dos comícios nas diferentes pro-
víncias pode ser observada como um mecanismo de construção da identidade nacio-
nal. No fundo, todo o evento era fabricado com o intuito de transmitir mensagens e
atitudes que dão enfâse ao sentimento de pertença colectiva dos moçambicanos.
Um desafio gigantesco, aliás, para qualquer governo em contexto africano, carac-
terizado por diferentes e marcantes traços linguísticos e étnicos (Chaka, 2014). Mas
a questão da identidade nacional deve, justamente, ser pensada em termos de uni-
dade na diversidade. Porque é inegável que continua latente o divisionismo étnico
e regional. Os moçambicanos continuam a chama‑se pelos rótulos de machangana,
manhambana, chicondo, machuabo3, etc.
Neste contexto, pode‑se alegar que as PAI, enquanto estratégia de relações pú-
blicas governamentais, desempenharam um importante papel no esforço de constru-
ção da identidade nacional. Essa importância decorre do seu contributo para a mu-
dança de atitude face o governo. De facto, a aproximação da elite política ao povo
demonstrava a vontade de encetar um relacionamento de confiança, uma meta clás-
sica no âmbito do paradigma relacional de relações públicas e no âmbito de qualquer
estratégia de construção da identidade nacional (Taylor 2000; Taylor & Kent, 2006).
Mais concretamente, Taylor (2000) defende um visão integracionista4 do papel
das relações públicas na construção da identidade nacional, pois vê o estado‑nação
como uma entidade construída comunicacionalmente. Ao contrário dos estudos de
Van Leuven e Pratt (1996), onde concluem que os países de 3º mundo tendem a
adoptar modelos unidirecionais de comunicação pública, Taylor defende a adopção
de uma comunicação de tipo bidirecional e simétrica (Grunig, 2001), apta a promo-
ver relações entre a organização e os seus públicos, baseadas na negociação, con-
fiança e respeito mútuo.
Vários autores discutem o papel fulcral das relações públicas na construção da
identidade nacional em democracias emergentes, propensas a conflitos étnicos e
à violência. (Taylor & Botan, 1997; Taylor & Kent, 1996; Taylor 2000; Chaka, 2014).
Taylor (2000) sugere que a construção da identidade será mais efetiva se as práti-
cas de relações públicas promoverem a participação política e a cooperação entre
o governo e seu povo. Na nossa análise das PAI, enquanto estratégia de relações
públicas governamentais focada na construção da identidade nacional seguimos
essa mesma perspetiva. O facto de as identidades nacionais serem negociadas
através do discurso, mobilizando repertórios de símbolos, narrativas e significados
adequados às novas necessidades ou experiências históricas, parece ser largamente
aceite (Bruner, 2002; Parekh, 1995). Apesar disso, não abundam estudos concretos
sobre esse processo discursivo de negociação.
4. Questões de investigação e metodologia
Neste artigo pretende‑se refletir sobre as PAI, mais concretamente, sobre o
discurso político do Presidente Armando Emílio Guebuza, enquanto estratégias de
3 Designação as pessoas de acordo com a sua origem étnica e regional.
4 Para uma análise mais aprofundada da visão integracionista da construção da identidade na-
cional ver por ex., Deutsch, 1966a; Deutsch, 1966b.
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relações públicas governamentais fundamentadas numa comunicação bidirecional
de proximidade para promover a consolidação da nação moçambicana. Três ques-
tões de investigação conduziram a investigação:
RQ1. Enquanto estratégia de relações públicas, quais eram os principais obje-
tivos das PAI?
RQ2. Os discursos das PAI procuraram contribuir para aumentar o sentido patri-
ótico e de unidade entre os moçambicanos?
RQ3. O mosaico social, cultural e linguístico de Moçambique condicionou o uso
da língua oficial portuguesa na comunicação governamental?
Recorreu‑se à análise crítica do discurso (ACD) no estudo dos discursos presiden-
ciais. Todas as transcrições foram colectadas no Gabinete de Estudos da Presidência
da República de Moçambique, uma fonte oficial. Em 1º lugar, foi desenvolvida uma
análise do discurso comparativa e exploratória, para selecionar o corpus de análise.
O epicentro da análise residiu na variabilidade discursiva, elegendo comícios que,
apesar de apresentarem um orador comum – o Presidente da República, Armando
Emílio Guebuza – são dirigidos a públicos heterogéneos, em termos de localização
no território e da própria língua.
O corpus da análise selecionado é composto por seis discursos proferidos em
comícios populares pelo Presidente Guebuza durante as PAI realizadas entre Abril
e Maio de 2007, terceiro ano do seu primeiro mandato, abarcando duas províncias
da região norte, duas do centro e duas do sul. Sublinhe‑se as razões de três das pro-
víncias na amostra terem sido estrategicamente escolhidas: (1) Niassa foi por mui-
to tempo considerada a mais pobre e esquecida; (2) Sofala por ser o centro político
dos partidos da oposição5; e (3) a Cidade de Maputo, o hipercentro governamental.
Já a seleção dos restantes distritos por província, nomeadamente Nampula, Tete
e Inhambane, foi aleatória.
Existem diferentes aproximações à análise crítica do discurso. No nosso estudo
seguimos a proposta de Fairclough (2001) e Van Dijk (1997). De um modo geral, os
defensores desta abordagem da ACD advogam que cada discurso/texto é desenha-
do com algum propósito de influenciar significados e, por conseguinte, para moldar
conhecimento. Sustentam que se se examinar cuidadosamente as palavras usadas
num discurso e observar as metáforas escolhidas é provável que se identifiquem
pressupostos que suportam e justificam interesses e posições muitas vezes não re-
conhecidos (Daymon & Holloway, 2011; Wood & Kroeger, 2000).
5. Análise crítica dos discursos de Guebuza
A análise comparativa dos discursos, enquanto texto, prática discursiva e prá-
tica sociocultural (Fairclough, 2001), foi aprofundada através de cinco dimensões:
(i) léxico, incluindo vocabulário e gramática; (ii) temas; (iii) contexto histórico; (iv)
relacionamento com o público; e (v) identidade nacional.
5 Nas legislativas, a tendência de voto do círculo eleitoral de Sofala recai habitualmente na
oposição (Partido RENAMO). O Município da Beira, capital de Sofala, é inclusivamente gerido pela
terceira força política do país, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) sob a liderança de
Daviz Mbepo Simango.
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(i) Léxico
Os discursos apresentam recorrentemente palavras como, nós, nosso, somos,
juntos, estamos, povo, e Moçambique. Na predominância do pronome pessoal
Nós transparece a intenção de incluir/trazer toda a sociedade moçambicana para
o ideal de unidade, tido como necessário para o sucesso da campanha de luta
contra a pobreza.
O Presidente usa, estrategicamente, os três tempos verbais. O Presente é
usado principalmente na parte inicial do discurso. Alguns exemplos: Quero sau‑
dar; quero agradecer; Tenho duas mensagens. O Passado é geralmente utilizado
para evidenciar exemplos do país na superação do colonialismo e da guerra civil,
através da união dos moçambicanos. O futuro, por seu turno, é usado no final dos
discursos, imprimindo a ideia de perpetuação da ligação do Presidente com o seu
povo. O recurso ao Pretérito Imperfeito do Indicativo (ex. Eu queria, Eu estava)
configuram a ideia de continuidade, de ações ocorridas num momento anterior ao
atual, mas ainda não concluídas, como é o caso da união dos moçambicanos na
luta contra a pobreza. Um exemplo já a seguir (negrito adicionado):
(…) O colonialismo que estava em Moçambique por quinhentos anos em
12 anos – porque os moçambicanos estavam unidos – saiu (…) ficamos indepen-
dentes por causa da unidade que é a grande força (…) E é também por causa da
unidade que estava aqui (…) a guerra acabou. Porque unidos nós somos fortes.
Unidos não há inimigo que aguenta connosco. (Comício 2)
(ii) Temas
O exercício de comparação dos discursos revelou que todos referem as mesmas
temáticas e na mesma sequência. Foram identificados quatro temas principais: (1)
Unidade nacional (2) Combate à pobreza (3) Distrito (4) Necessidades locais. A úni-
ca exceção reside no caso do comício do Distrito Changara, na Província de Tete
(comício 2) onde, logo no início, é explorado o tema das eleições provinciais e a im-
portância do voto. Esta diferença pode ter decorrido da agenda mediática da época,
que discutia o quadro jurídico das primeiras eleições das Assembleias Provinciais.
Coincidência ou não, a verdade é que os dados do pleito eleitoral de 28 de Outubro
de 2009, quer das presidenciais e legislativas, quer das assembleias provinciais,
revelam que a afluência às urnas na Província de Tete esteve acima dos 95 por cen-
to, enquanto que nos outros distritos apresentava apenas uma média de 30 a 40%.
Além disso, em muitas mesas de voto, os resultados apurados indicavam 100% de
votos na FRELIMO (MOE‑EU, 2009:34).
Outro dos aspectos que sobressai no estudo dos temas reside na variabilidade
de assuntos sobre as necessidades locais de cada distrito. Pode‑se até argumentar
que é nesta secção do discurso que se manifesta a componente mais importante
das PAI, pois são aí afloradas as questões de interesse mais direto das populações,
refletindo o estádio da própria dinâmica socioeconómica de cada local. Na maior
parte dos distritos rurais são aludidos assuntos sobre a saúde, a educação e a ges-
tão dos “7 milhões”, enquanto que no discurso proferido na cidade de Maputo, epi-
centro governamental, as discussões são em torno de aspectos mais “sofisticados”,
como por exemplo: farmácias, seguros, transportes públicos, etc.
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(iii) Contexto histórico
A recurso à história, de acordo com Fairclough (2001), contribui para que ocorram
processos de intertextualidade mais amplos, antecipando e moldando até textos
subsequentes. De facto, nos discursos sob análise, o ideal de unidade é evocado
através de histórias de superação e de valorização dos heróis nacionais, com des-
taque para Eduardo Mondlane. Guebuza recorre a exemplos contrários à unidade,
como a distinção étnica ou territorial, justamente para demonstrar o inverso:
(…) as nossas diferentes línguas, as nossas diferentes tradições, as
nossas diferentes maneiras de cantar, dançar (…) Eduardo Mondlene disse que
isso não era problema. Pelo contrário, isso enriquece o nosso património (…) se
os moçambicanos querem a mesma coisa, sendo diferentes, juntarem as suas diferen-
ças e unirem‑se, não haverá inimigos que os vença. (Comício 4, negrito adicionado)
(iv) Relacionamento com o público
O público constitui o elemento mais importante das PAI enquanto estratégia de
relações públicas governamentais. Apesar de reconhecer as especificidades étnicas
e culturais, Guebuza esforça‑se para convencer que representa o interesse de todo o
“maravilhoso povo moçambicano”, uma expressão recorrente em todos os comícios.
Nos seus discursos, o Presidente emula o diálogo face‑a‑face na escolha do vo-
cabulário que subentende presença ou proximidade (ex. ouvir, partilhar, aprender),
através de perguntas retóricas, nas interjeições de estímulo, com períodos de pau-
sa. Esses intervalos silenciosos são elementos que ajudam a estruturar o discurso,
principalmente no que se refere a mudança dos temas. Várias vezes essas mudan-
ças são efectuadas através da sequência de frases interrogativas bem humoradas:
(…) Aqui onde estamos somos diferentes: Aqui há homens. Aqui há mulhe-
res. São iguais?
Aqui há crianças. Aqui há adultos. São iguais?
Aqui há claros. Aqui há escuros. São iguais?
Aqui há magrinhos. Aqui há um bocadinho… (risos) são iguais? (comício 2)
Também o próprio facto de o Presidente se fazer acompanhar por uma comiti-
va governamental que inclui convidados, por ex. embaixadores e parceiros de co-
operação, aponta para o objetivo de aproximação efetiva entre a classe política e
os cidadãos.
(v) Identidade nacional
A unidade nacional é um elemento central e transversal nos discursos presi-
denciais. Fortemente carregado de simbologia, Guebuza usa o termo unidade como
catalisador da sua mensagem, e fá‑lo de forma muito simples, capaz de ser perce-
bida pelas suas audiências, maioritariamente analfabetos, recorrendo a exemplos
prosaicos e a metáforas simples.
O uso da língua oficial portuguesa, herdada do colonialismo, impôs alguma di-
nâmica na organização das PAI, para garantir a tradução consecutiva intercalada
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do discurso presidencial para diversas línguas nacionais. Estima‑se a existência
de 43 línguas nacionais no país, a maioria de origem bantu, mas completamente
distintas. Realce‑se, no entanto, que em várias ocasiões, o Presidente usa expres-
sões oriundas de línguas nacionais no seu discurso, destacando‑se o discurso pro-
ferido na cidade de Maputo, em que toda a parte de saudação e apresentação é
feita na língua local (XiRonga).
Também a referência ao folclore local nos discursos, nomeadamente, as danças
(ex. Makwai, Mapiko, Mandoa, Wunanga), os cânticos, os instrumentos musicais
locais (ex. chiquissi) é sinónimo de elevação da identidade nacional de Moçambi-
que. Supõe‑se que estas formas de manifestação da cultura nacional aparecem no
discurso do Presidente precisamente para, mais uma vez, aprofundar os laços das
referências próprias e exclusivas dos moçambicanos.
5. Nota conclusiva
Em países pluriculturais e com profundas diferenças étnicas, os governos são
desafiados a adoptar estratégias de comunicação que reforcem o sentido de perten-
ça comum. É neste contexto que as relações públicas podem ser praticadas como
elemento catalisador de diálogo entre o Governo e a sociedade. As PAI de Armando
Guebuza são um exemplo paradigmático deste esforço, ao abrirem espaço para a
criação de relacionamentos de proximidade entre a elite governamental e as pro-
víncias mais pobres e profundas de Moçambique.
As PAI parecem ter contribuído para aproximar os cidadãos da política. Os dis-
cursos do presidente, em especial, enfatizaram a identidade e os valores nacionais,
e sobretudo, possibilitaram uma comunicação sem intermediação, entre os popula-
res e o Presidente. No entanto, as condições para os cidadãos entrarem em diálogo
com o presidente implicavam uma análise do risco. Logo à partida, os assessores
do presidente descartavam as intervenções desfavoráveis. Este ponto leva‑nos a
indagar se, no essencial, as PAI, não seriam mais um poderoso mecanismo de legi-
timação do governo e do discurso da FRELIMO e menos uma estratégia simétrica de
comunicação (Grunig, 2001) ou de relações públicas participativas (Motion, 2005).
De qualquer forma, e apesar de existirem certamente muitas variáveis que in-
fluenciam o voto, a verdade é que em 2004 a abstenção registada foi cerca de 63%
enquanto que em 2009 se reduziu para 56% 6. A tendência positiva dos votos favo-
receu também a FRELIMO e o seu candidato Armando Guebuza – em 2004 é eleito
com 63,74% dos votos e no segundo mandato, em 2009, com 75%. Além disso, em
2009, a FRELIMO e o seu candidato foram massivamente votados nas zonas rurais,
incluindo regiões tidas tradicionalmente como da oposição. O Distrito do Búzi, um
dos locais de amostra deste estudo, é exemplo disso (Pereira e Nhanale, 2014: 7).
Norris e Mattes (2003: p. 1) sustentam que as sociedades com um elevado índi-
ce de analfabetismo são marcadas por uma democracia “inconsciente”, no sentido
de os potenciais eleitores não possuírem o discernimento necessário para avaliar
os partidos e os seus candidatos com base nos seus manifestos eleitorais e progra-
mas de governação. Nestas sociedades, sublinham os autores, o apelo identitário
6 De acordo com os dados do STAE, a abstenção foi de 12% em 1994, 30% em 1999, 63% em
2004 e 56%em 2009.
150 | MEDIA&JORNALISMO
cria um maior vínculo dos indivíduos aos partidos do que quaisquer planos e objec-
tivos de governação apresentados. Esta tese parece aplicar‑se ao caso em análise.
A ACD sugere que os discursos foram, efetivamente, uma ferramenta de con-
solidação da unidade nacional. A mensagem de combate à pobreza a partir dos
Distritos, e associada à iniciativa do Orçamento de Investimento de Iniciativa
Local (OIIL), vulgos “7 milhões”, destinado ao financiamento a projetos locais,
também sortiu resultados positivos. Apesar de algumas vicissitudes, nomeada-
mente queixas sobre a alegada falta de clareza sobre os critérios de atribuição e
aplicação do orçamento, e a par com algumas reformas estruturantes no âmbito
da macroeconomia e da governação, dados recentes sobre o progresso do Plano
de Ação para Redução da Pobreza (PARP) do Banco Mundial e do Fundo Monetá-
rio Internacional indicam que Moçambique subiu no Ranking do Doing Business
e que os níveis de pobreza têm igualmente decrescido, ainda que de forma mo-
desta. (FMI, 2014:20).
O próprio mosaico plurilinguístico levou ao reforço do uso da língua portuguesa,
herdada do colonialismo, enquanto língua oficial nas comunicações oficiais do pre-
sidente no âmbito das PAI. A grande vantagem da língua oficial portuguesa é estar
mais disseminada pelo país, contrariamente às línguas nativas que estão circuns-
critas às localidades e são muito distintas. Ao dar primazia à língua portuguesa,
o governo não se mostrou tendencioso por uma ou mais línguas nacionais, o que
também terá contribuído para a mensagem de unidade.
Em suma, com uma “pedagogia de governação democrática” (Sitoe, 2014), Ar-
mando Guebuza implementou uma estratégia de relações públicas com o objetivo de
educar a sociedade moçambicana no sentimento de pertença nacional, com efeitos
na crescente participação política dos cidadãos. A ordem do discurso, a linguagem
utilizada e a inter‑relação de ideias, tal como propõe Fairclough (2001), enfim, toda
a retórica presidencial soube potenciar e estimular os valores da “moçambicanida-
de”, com potenciais efeitos redutores nas diferenças étnicas entre a população. Os
discursos do Presidente serviram também para estabelecer uma comunicação bila-
teral mais próxima e efetiva junto do cidadão, através da descentralização e refor-
ço da Administração Local do Estado (Conselhos Consultivos). Esta táctica permitiu
construir as bases de um relacionamento de confiança entre as partes porque o ci-
dadão rural, antes desprovido dos mais elementares serviços sociais, passou a ter
na sua comunidade o poder executivo do Estado.
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Notas biográficas
Stelia Neta é Diretora Nacional Adjunta de Coordenação Institucional e Imagem
no Ministério da Economia e Finanças de Moçambique.
É Doutorada em Ciências da Comunicação (2017) e Mestre em Comunicação Es-
tratégica (2013), pela Universidade da Beira Interior, Portugal; Licenciada em Jor-
nalismo (2005), pela Universidade de Coimbra, Portugal.
Gisela Gonçalves é Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade da
Beira Interior. Presidente do Departamento de Comunicação e Artes da UBI. Inves-
tigadora integrada no LabCom.IFP – Centro de Investigação em Comunicação, Fi-
losofia e Humanidades. Vice-coordenadora da secção de Comunicação Estratégica
da ECREA. Principais áreas de investigação: teoria das relações públicas, ética da
comunicação e comunicação política.
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