UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - UCAM
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DIAGRAMA
TRANSFORMAÇÃO –TEMPO- TEMPERATURA
Efeito da velocidade de resfriamento sobre a transformação da austenita.
No diagrama de equilíbrio estudado, os constituintes resultantes da transformação da
austenita –ferrita, cementita e perlita - de acordo com sua quantidade relativa, permitem
uma variação nas propriedades mecânicas dos aços. Esse efeito dos constituintes obtidos
pela decomposição lenta da austenita sobre as propriedades mecânicas do aço embora
apreciável, está longe de ser comparados ao efeito que pode ser conseguido pelo
resfriamento rápido da austenita.
Seja um aço eutetóide – que apresenta uma única temperatura crítica a 727° C,
abaixo dessa temperatura tem só perlita, em condições de resfriamento lento. Com
maiores velocidades de resfriamento o produto que resulta da transformação nessas
condições, até uma certa velocidade ainda é perlita. Com velocidades cada vez maiores
ocorre uma nova transformação , dando origem a um constituinte completamente
diferente, a “ martensita”.
Dentro de uma faixa de velocidade de resfriamento, há formação simultânea de dois
constituintes perlita + martensita. Finalmente na chamada velocidade crítica de resfriamento
desaparece inteiramente a primeira transformação cessando a formação da perlita,
permanecendo somente a segunda transformação tendo como produto a martensita.
2% nital - 100X 2% nital - 1000X
Transformação Isotérmica - Curva TTT - em C ou em S
Os fenômenos que ocorrem quando o aço é esfriado em diferentes velocidades são
melhor compreendidos pelo estudo da transformação isotérmica da austenita em perlita,
em diversas temperaturas abaixo de 727ºC, ou seja, pelo resfriamento rápido de um aço
eutetóide até a temperatura de 727°C, mantendo-se a seguir essa temperatura constante
até que toda transformação da austenita se processe.
A transformação em perlita obedecerá a uma curva de reação isotérmica, como
indicada na figura abaixo, na qual se considerou um resfriamento brusco da austenita a
600°C.
A temperatura desempenha um papel importante na taxa de transformação da
austenita em perlita, a dependência em relação à temperatura para uma liga ferro-carbono
com composição eutetóide está demonstrada nas curvas do gráfico abaixo, plotado na
forma de S que mostram a porcentagem de transformação em função do logaritmo do
tempo para três temperaturas diferentes, após resfriar rapidamente uma amostra composta
por 100% de austenita até a temperatura indicado no gráfico; onde foi mantida constante
ao longo de todo o curso da reação.
Liga Fe-c com 0,76%C, a fração reagida isotermicamente em função do
logaritmo do tempo para transformação da austenita em perlita.
Um diagrama para uma
transformação isotérmica (parte
inferior) é gerado a partir de medições
da porcentagem da transformação em
função do logaritmo do tempo (parte
superior).
•A transformação da austenita em
perlita ocorre apenas se a liga for super
resfriada até abaixo da temperatura do
eutetóide
•À esquerda da curva do início de
transformação apenas austenita estará
presente, enquanto que a direita da
curva do término de transformação
apenas existirá perlita. Entre as duas
curvas ambos estão presentes.
As curvas em S ou os diagramas TTT nos mostram que a cada temperatura, ocorre a
formação de determinado constituinte. Os tratamentos isotérmicos baseiam-se nesse fato
e, em geral, consistem na austenitização, seguida de um resfriamento rápido até uma
determinada temperatura, onde a peça permanece até a transformação da austenita se
completar.
Diagrama Isotérmico Completo – Aço liga 4340
Diagrama de
transformação isotérmica
para um aço-liga (tipo
4340):
A= austenita;
B= bainita;
P = perlita;
M= martensita;
F= ferrita proeutetóide.
A curva TTT abaixo mostra a representação de uma transformação de fase durante
um ciclo térmico. A curva mais à esquerda (azul) corresponde ao início das
transformações e a mais à direita (cor vermelha) ao fim das transformações.
Nas duas curvas existem duas retas horizontais denominadas respectivamente Mi e
Mf. São as temperaturas de início e fim de transformação martensítica. Quando uma
curva de resfriamento cruza a curva TTT a transformação ocorre, na região assinalada
por um serrilhado. Sabemos qual a estrutura é formada analisando-se em que região da
curva TTT ocorreu a transformação.
Mi
Mf
Experiências efetuadas para determinação das alterações na microestrutura durante a
transformação isotérmica de um aço-carbono a 705 ºC.
Após a austenitização, as amostras são temperadas em um banho de sais a 705 ºC e
aí mantidas durante o tempo indicado, sendo depois temperadas em água à temperatura
ambiente.
(W.F. Smith, “Structure and Properties of Engineering Alloys”, McGraw-Hill, 1981, p. 14. Reproduzido com permissão de The McGraw-Hill Companies.)
Diagrama de transformação isotérmica de um aço-carbono eutetóide, em que se
mostra a relação com o diagrama de fases Fe-Fe3C.
Curva Real de um Tratamento Isotérmico
Diagrama de
transformação isotérmica para
uma liga Fe-C com composição
eutetóide, mostrando a
superposição da curva para um
tratamento térmico isotérmico
(ABCD). As microestruturas
antes e depois da transformação
da austenita em perlita estão
mostradas.
A Figura apresenta o diagrama TTT de transformação isotérmica (à temperatura
constante) do aço carbono eutetoide (0,77% C). No eixo vertical são mensuradas as
temperaturas e no eixo horizontal os tempos de reação em escala logarítmica. Nesse
diagrama há duas curvas que indicam os tempos de início e fim das modificações de fase
no aço. A curva da esquerda indica o início da transformação e a da direita o seu término.
Curva de Tratamento Isotérmico
Curva de Tratamento Isotérmico
Curva de um Tratamento Isotérmico
Diagrama completo do aço eutetóide
BAINITA
À medida que a temperatura de
transformação é reduzida (aumento taxa)
após a formação de perlita fina, um novo
microconstituinte é formado: a bainita.
Como ocorre na perlita (lamelas) a
microestrutura da bainita consiste nas fases
ferrita e cementita, mas os arranjos são
diferentes (agulhas ou placas) .
No diagrama de transformação
isotérmica a bainita se forma abaixo do
“joelho” enquanto a perlita se forma acima.
BAINITA
Para temperaturas entre 300 ° C e 540 °C a
bainita se forma como uma série de agulhas de
ferrita separadas por partículas alongadas de
cementita (bainita superior)
Para temperaturas entre 200 °C e 300 °C a
ferrita encontra-se em placas e partículas finas de
cementita se formam no interior dessas placas
(bainita inferior)
A fotomicrografia (a) apresenta uma
estrutura bainítica superior com finíssimas
agulhas de ferrita e (b) apresenta uma estrutura
bainítica inferior com partículas alongadas de
cementita formadas no interior das placas de
ferrita
Curva de um Tratamento Isotérmico
Curva de um Tratamento Isotérmico
A MARTENSITA
(“Suiting the Heat Treatment to the Job”, United States Steel Corp., 1968, p. 34. Cortesia de United States SteelCorporation.)
A MARTENSITA
A martensita se forma quando o
resfriamento for rápido o suficiente de
forma a evitar a difusão do carbono,
ficando o mesmo retido em solução.
Como consequência disso, ocorre
a transformação polimórfica mostrada
ao lado.
Como a martensita não envolve
difusão, a sua formação ocorre
instantaneamente (independente do
tempo).
A MARTENSITA
Sendo uma fase fora de equilíbrio, a martensita não aparece no diagrama de
fases ferro – carboneto de ferro
É uma solução sólida supersatura de carbono (não se forma por difusão), todo
o carbono permanece intersticial, podendo transformar-se em outras estruturas
por difusão quando aquecida
É dura e frágil, por isso é sempre necessário um tratamento de revenimento
após a formação de martensita
Duas microestruturas são encontradas; em ripas e lenticular (placas
MARTENSITA EM FORMA DE RIPAS
Para ligas que contêm menos do
que cerca de 0,6%de C, a fase
martensita se formam como ripas.
São placas longas e finas, tais como
as lâminas de uma folha.
Os detalhes microestruturais são
muito finos e técnicas de micrografia
eletrônica devem ser aplicadas para a
análise dessa microestrutura.
MARTENSITA EM FORMA LENTICULAR (PLACAS)
A martensita lenticular (ou em placas)
é encontrada em ligas ferro-carbono com
concentrações maiores que 0,6% de C.
Na fotomicrografia pode-se
observar a martensita em forma de agulhas
(regiões escuras) e austenita que não se
transformou durante o resfriamento
(regiões claras) denominada austenita
retida .
MARTENSITA REVENIDA
No estado temperado, a martensita, além
de ser mais dura, é tão frágil que não pode ser
utilizada para a maioria das aplicações
As tensões internas que possam ter
sido introduzidas durante a têmpera tem um
efeito de enfraquecimento
A ductilidade e a tenacidade podem ser
aprimoradas e as tensões internas aliviadas por
meio de um tratamento de revenimento.
O revenido é conseguido através do
aquecimento de um aço martensítico até uma
temperatura abaixo do eutetóide durante um
intervalo de tempo específico
REVENIMENTO DA MARTENSITA
1. (Temperatura ambiente até 200°C) – a martensita se transforma em um
precipitado de transição cuja composição varia de Fe2C a Fe3C.
2. (de 200 a 300°C) – qualquer austenita retida se decompõe em bainita
(mescla fina de ferrita e cementita).
3. (de 260 a 360°C) – a martensita de baixo carbono e o carboneto, se
decompõem em ferrita e cementita.
4. (de 360 até a temperatura eutetóide, 727°C) – se produz uma esferoidização
e um crescimento das partículas de carboneto.
TRANSFORMAÇÃO ISOTÉRMICA DE LIGA FE-C
Usando o diagrama do slide seguinte construa a transformação isotérmica
para uma liga Fe-C em composição eutetóide, especificar a natureza da
microestrutura final de uma pequena amostra que foi submetida aos seguintes
tratamentos térmicos tempo x temperatura:
Curva 1 - Rápido resfriamento até 160°C e manutenção da T por 10s. Nesta T, apenas
metade da austenita transforma-se em martensita. Microestrutura final é composta por 50%
de martensita e 50% de austenita.
Curva 2 - Resfriamento rápido até 250°C e manutenção da T por 102 s, com subsequente
resfriamento até a T ambiente. Microestrutura final é composta por 100% de martensita.
Curva 3 - Resfriamento rápido até 300°C e manutenção da T por 500s, com subsequente
resfriamento até a T ambiente. Microestrutura final é composta por 50% de bainita e 50% de
martensita.
Curva 4 - Resfriamento rápido até 600ºC e manutenção da T por 104 s, com subsequente
resfriamento até a T ambiente. Microestrutura final é composta por perlita. O resfriamento
subsequente não mudará nada, independente da velocidade de resfriamento adotada.
EXERCÍCIO 1- CONTINUAÇÃO
EXERCÍCIO 1- RESPOSTA
Ensaio de Temperabilidade – JOMINY
O ensaio Jominy de temperabilidade destina-se ao teste da temperabilidade de
aços. O ensaio consiste em um corpo de prova padronizado de aço a ser testado, sendo
aquecido para a temperatura de têmpera e resfriado bruscamente em uma face frontal,
em um dispositivo, por meio de um jato d’água ascendente. Nas superfícies de ensaio
retificadas em paralelo e o eixo do corpo de prova mede-se a dureza em distâncias
determinadas, iniciando na face frontal resfriada bruscamente.
Quando analisados os resultados as curvas do ensaio Jominy para um determinado
material pode-se verificar que existe uma faixa de dureza. Essa faixa é devido a
dispersão dos resultados dos ensaios executados para a realização da norma. A
dispersão dos resultados para um mesmo material ocorre por algumas razões como às
diferenças na estrutura dos aços (tamanho de grão, inclusões, etc.) e nas composições
químicas.
O Teste Jominy
(H.E. McGannon (ed.), “The Making, Shaping, and Treating of Steel”, 9. ed.,
United States Steel Corp.,1971, p. 1099.Cortesia de United States Steel Corporation.)
Correlação entre o diagrama de resfriamento (transformação) contínuo e os
resultados do ensaio de temperabilidade Jominy de um aço-carbono eutetóide.
(“Isothermal Transformation Diagrams”, United States Steel Corp., 1963, p. 181.
Cortesia de United States Steel Corporation.)
RESFRIAMENTO CONTÍNUO
A maioria dos tratamentos térmicos para
os aços envolve o resfriamento contínuo de
uma amostra até a temperatura ambiente.
Um diagrama de transformação
isotérmica só é válido para temperatura
constante e tal diagrama deve ser modificado
para transformações com mudanças
constantes de temperaturas.
No resfriamento contínuo o tempo
exigido para que uma reação tenha seu início
e o seu término é retardado e as curvas são
deslocadas para tempos mais longos e
temperaturas menores.
RESFRIAMENTO CONTÍNUO
A transformação tem início após um
período de tempo que corresponde à
intersecção da curva de resfriamento com a
curva de início da reação, e termina com o
cruzamento da curva com o término da
transformação.
Normalmente, não irá se formar
bainita para aços ferro-carbono resfriados
continuamente, pois toda a austenita se
transformará em perlita.
Para qualquer curva de resfriamento
que passe por AB a austenita não reagida
transforma-se em martensita.
RESFRIAMENTO CONTÍNUO
Para o resfriamento contínuo de uma
liga de aço existe uma taxa de têmpera
crítica que representa a taxa mínima de
têmpera para se produzir uma estrutura
totalmente martensítica .
Para taxas de resfriamento
superiores à crítica existirá apenas
martensita. Além disso existirá uma faixa
de taxas em que perlita e martensita são
produzidos e finalmente uma estrutura
totalmente perlítica se desenvolve para
baixas taxas de resfriamento.
Diagrama de resfriamento contínuo de um aço-carbono eutetóide..
(R.A. Grange and J.M. Kiefer, adaptado por E.C. Bain and H.W. Paxton, “Alloying Elements in Steel“, 2. ed., American Society for Metals, 1966, p. 254.)
CURVA DE RESFRIAMENTO CONTÍNUO
Variação da microestrutura de um aço-carbono eutetóide resfriado continuamente a
velocidades diferentes.
(R.E. Reed-Hill, “Physical Metallurgy Principles,” 2.. ed., D. Van Nostrand Co., 1973 © PWS Publishers.)
(R.E. Reed-Hill, “Physical Metallurgy Principles,” 2.. ed., D. Van Nostrand Co., 1973 © PWS Publishers.)
RESUMO DAS TRANSFORMAÇÕES
PROPRIEDADES MECÂNICAS
A cementita é mais dura, porém mais frágil do
que a ferrita. Dessa forma aumentando a fração de
Fe3C irá resultar em um material mais duro e mais
resistente.
A espessura da camada de cada fase
também influencia. A perlita fina é mais dura e
mais resistente que a perlita grosseira. A perlita fina
possui maior restrição ao movimento de
discordâncias e um maior reforço de cementita na
perlita, devido à maior área de contornos de fases
Na esferoidita existe uma menor área de
contornos e menor restrição de discordâncias,
portanto é menos dura e menos resistente
PROPRIEDADES MECÂNICAS
Uma vez que a cementita é mais frágil, o
aumento do seu teor resultará em uma
diminuição de ductilidade nos aços;
Os aços com perlita grosseira são mais
dúcteis do que os com perlita fina, pois na
perlita fina existe uma maior restrição à
deformação plástica;
O aço esferoidizado é extremamente
dúctil, muito mais do que aqueles que
apresentam perlita fina e perlita grosseira.
Além disso são extremamente tenazes, pois a
forma de esfera tem menor caráter
concentrador de tensão.
PROPRIEDADES MECÂNICAS
A martensita é mais dura, mais
resistente e mais frágil. A sua
dureza depende do teor de carbono
para aços com até
aproximadamente 0,6% de C .
Essas propriedades são
atribuídas aos átomos de carbono
intersticiais que restringem o
movimento de discordâncias
A martensita revenida
(Ferrita+Fe3C) possui partículas de
cementita extremamente
pequenas, o que lhe dá uma
melhor ductilidade e tenacidade.
FATORES QUE AFETAM A POSIÇÃO DAS CURVAS TTT NOS AÇOS
Teor de carbono
Tamanho do grão da austenita
Composição química (elementos de liga)
FATORES QUE AFETAM A POSIÇÃO DAS CURVAS TTT NOS AÇOS
Teor de carbono
Quanto maior o teor de carbono e de elementos de liga no aço (com exceção do
cobalto) mais para a direita se deslocam as curvas, facilitando a têmpera
da liga ferro-carbono.
Tamanho do grão da austenita
Quanto maior o tamanho de grão da austenita antes do resfriamento, mais para a
direita se deslocam as curvas, facilitando a têmpera.
As transformações iniciam-se nos contornos de grão, contudo, o aumento do tamanho
de grão prejudica algumas propriedades mecânicas do aço como dureza, por exemplo.
Composição química (elementos de liga)
Quanto mais homogênea a austenita (sem partículas de carboneto, impurezas, etc.)
mais para a direita se deslocam as curvas TTT, o que facilita a têmpera dos aços. Em geral
quanto mais alta a temperatura de aquecimento e quanto maior o tempo de permanência
mais homogênea a austenita será.
INFLUÊNCIAS DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS DIAGRAMAS TTT
TRATAMENTO ISOTÉRMICO - RECOZIMENTO
O recozimento é um tratamento térmico no qual um material é aquecido até uma
temperatura elevada por um período prolongado e em seguida resfriado lentamente.
É o tratamento térmico realizado com o fim de alcançar um ou vários dos seguintes
objetivos:
remover tensões devidas aos tratamentos mecânicos a frio ou a quente,
diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade do aço,
alterar as propriedades mecânicas como resistência, ductilidade, etc.,
modificar características elétricas e magnéticas,
ajustar o tamanho de grão,
regularizar a textura bruta de fusão,
remover gases,
produzir uma microestrutura definida,
eliminar enfim os efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou mecânicos a que o aço
tenha sido anteriormente submetido.
TRATAMENTO TÉRMICO - RECOZIMENTO
Há três tipos de recozimento
utilizados para os aços:
Recozimento pleno ou total;
Recozimento Isotérmico ou cíclico
Recozimento subcrítico para alívio de
tensões;
Esferoidização
O recozimento total ou pleno – Visa
reduzir a dureza do aço, aumentar a
usinabilidade, facilitar o trabalho a frio
ou atingir a microestrutura ou as (R.E. Reed-Hill, “Physical Metallurgy Principles,” 2.. ed., D. Van Nostrand Co., 1973 © PWS
Publishers.)
propriedades desejadas.
TRATAMENTO TÉRMICO – RECOZIMENTO PLENO
Consiste em aquecer o aço acima da zona crítica, durante o tempo necessário e
suficiente para se ter solução do carbono ou dos elementos de liga no ferro gama,
seguido de um resfriamento muito lento, seja mediante o controle da velocidade de
resfriamento do forno ou desligando-se o mesmo e deixando que o aço resfrie ao mesmo
tempo que este. Nestas condições obtém-se perlita grosseira que é a estrutura ideal para
melhorar a usinabilidade dos aços de baixo e médio carbono.
TRATAMENTO TÉRMICO - RECOZIMENTO
Recozimento Isotérmico ou cíclico: Consiste no aquecimento do aço nas
mesmas condições que o recozimento total, seguido de um resfriamento rápido até uma
temperatura situada dentro da porção superior do diagrama de transformação isotérmico,
onde o material é mantido durante o tempo necessário a se produzir a transformação
completa. Em seguida, o resfriamento até a temperatura ambiente pode ser com maior
velocidade e a estrutura final resultante é mais uniforme que no caso do recozimento
pleno.
TRATAMENTO TÉRMICO - RECOZIMENTO
Recozimento subcrítico (alívio de tensões) – O aquecimento se dá a uma
temperatura abaixo do limite inferior da zona crítica ( linha A1) – utilizado para
recuperar a ductilidade do aço trabalhado a frio (encruado) – recuperação das fases
encruadas.
Normalmente, o aquecimento do aço carbono fica na faixa de 595 a 6750°C,
seguido do resfriamento ao ar.
As principais transformações que ocorrem neste tratamento são:
a recuperação e a recristalização das fases encruadas.
São também aplicados quando se deseja reduzir tensões residuais em estruturas ou
componentes após soldagem, dobramento, resfriamento brusco (têmpera), etc.
FAIXA DE TEMPERATURAS PARA TRATAMENTOS TÉRMICOS
ESFEROIDIZAÇÃO
Os aços de alto carbono % C > 0,8% apresentam uma rede frágil de cementita ao
redor da perlita. Esta quantidade maior de cementita presente nestes aços torna-os difíceis
de usinar. Para melhorar a usinabilidade destes aços faz-se um tratamento de
esferoidização. Assim chamado porque as partículas de cementita tornam-se esféricas após
tempo prolongado de exposição a temperaturas ligeiramente subcríticas. O tratamento
produz cementita esferoidal em matriz de ferrita, eliminando a presença de perlita e a rede
de carbonetos frágeis anteriormente existentes na microestrutura.
ESFEROIDIZAÇÃO OU COALESCIMENTO
OBJETIVOS
• Produzir uma estrutura globular ou esferoidal de carbonetos no aço (esferoidita).
• Melhorar a usinabilidade, em geral de aços com alto teor de carbono.
• Facilitar a deformação a frio.
MÉTODO
• O aquecimento da peça é feito por tempo prolongado a uma temperatura logo abaixo da
linha inferior da zona crítica.
ESFEROIDIZAÇÃO
Esta estrutura confere mínima dureza e máxima usinabilidade.
NORMALIZAÇÃO
Objetivo
Tratamento térmico de recozimento usado para refinar os grãos (diminuir o tamanho
médio dos grãos) e produzir uma distribuição de tamanhos mais uniforme e desejável.
Aços perlíticos com grãos mais finos são mais tenazes que aços com grãos mais
grosseiros. A normalização é obtida por aquecimento a uma temperatura
aproximadamente de 55 a 85°C, acima da temperatura crítica superior. Após ter
passado o tempo de austenização, resfria-se o material ao ar.
NORMALIZAÇÃO
É frequentemente usada antes da têmpera e revenimento. Na normalização, é
obtida uma melhor homogeneização das microestruturas resultantes do que no
recozimento pleno, pois a temperatura de tratamento é mais alta. A granulação mais
fina é conseguida no resfriamento mais rápido.
Método
Aquecimento de um aço a temperaturas acima da sua zona crítica, mantendo-o
nessa temperatura para completa homogeneização com posterior resfriamento ao ar.
Aplicações
• Peças fundidas e/ou forjadas.
• Peças de grandes dimensões.
NORMALIZAÇÃO
Resfriamento
• Ao ar (calmo ou forçado).
Constituintes estruturais
resultantes
• Hipoeutetóide → ferrita + perlita fina.
• Eutetóide → perlita fina.
• Hipereutetóide → cementita + perlita
fina.
Observação
Conforme o aço pode-se obter bainita.
CURVAS DE RECOZIMENTO PLENO E NORMALIZAÇÃO
Normalização
TÊMPERA
Objetivos
Obter a martensita (constituinte metaestável endurecido do aço-carbono).
Melhorar a resistência ao desgaste do aço.
Método
Aquecimento de um aço a temperaturas acima da sua zona crítica, mantendo- o
nessa temperatura para completa homogeneização com posterior resfriamento em meios
severos, como água ou óleo de têmpera.
Aplicações
Peças de aço com baixo ou médio teor de carbono, excepcionalmente com teor
elevado desse elemento.
Temperatura
A temperatura de tratamento térmico (aquecimento) recomendada para os aços
hipoeutetóides é de 50°C acima da linha A3 e para os hipereutetóides entre as linhas Acm
e A1. Aços hipoeutetóides – acima da linha A3.
TÊMPERA
Meios de resfriamento
Depende da composição do aço (% de carbono e elementos de liga) e da espessura
da peça (utiliza-se água, salmoura, óleo).
A figura abaixo apresenta um aço temperado em óleo de têmpera apresentando
microestrutura bem definida e não muito grosseira, em virtude de a severidade do
resfriamento ser moderada.
Figura: Microestrutura de aço temperado em óleo Figura: Aço duro temperado em água, agulhas escuras
demonstrando ferrita em branco e a martensita (agulhas de martensita em um fundo de austenita retida, que
escuras) não se transformou durante o resfriamento brusco, em
branco.
REVENIMENTO
O tratamento térmico de revenimento geralmente acompanha a têmpera.
Objetivos
• Aliviar ou remover as tensões adquiridas na têmpera.
• Corrigir a dureza e a fragilidade da peça, aumentando resistência, desgaste e
tenacidade, minimizando os efeitos térmicos e mecânicos provocados pelo cisalhamento da
estrutura austenitização.
Método
• Consiste no tratamento térmico após a têmpera, a temperaturas inferiores às críticas,
seguido de resfriamento lento, efetivando alívio de tensões.
Temperatura
• Pode ser escolhida de acordo com as combinações de propriedades desejadas.
Essa denominação se aplica genericamente a qualquer temperatura de revenido.
150 a 230°C – os carbonetos começam a precipitar.
Estrutura – martensita revenida (escura, preta).
Dureza – decresce de 65 RC para 60-63 RC.
230 a 400°C – os carbonetos continuam a precipitar em forma globular, invisíveis ao
microscópio ótico.
Estrutura – perlita fina (Troostita).
Dureza – decai de 62 RC para 50 RC.
400 a 500°C – os carbonetos crescem em glóbulos, visíveis ao microscópio ótico.
Estrutura – sorbita.
Dureza – cai de 50 RC para 20-45 RC.
650 a 738°C – os carbonetos formam partículas globulares visíveis ao microscópio
comum.
Estrutura – esferoidita.
Dureza – decai a valores abaixo de 20 RC.
Abaixo podemos ver os comportamentos da dureza e da resistência ao impacto de
um aço-carbono hipoeutetóide quando submetido a diferentes temperaturas de
revenimento.
Comportamento da dureza e da resistência ao choque (obtida em ensaio Charpy) em função
da temperatura de revenimento para um aço 1045 temperado
Fonte: Oliveira, 2007
Tratamentos Térmicos
Recozimento Tempera e
Total ou Pleno Revenido
Recozimento
Normalização
Isotérmico
Resfriamento
Lento Resfriamento
(dentro do forno) ao ar
Tratamentos Isotérmicos - Austêmpera
Esse tratamento isotérmico é adequado a aços de alta temperabilidade, ou seja,
àqueles com alto teor de carbono. A peça é aquecida acima da zona crítica até a
completa austenitização, a seguir, é resfriada bruscamente em banho de sais fundidos,
com temperaturas na ordem de 260 a 440ºC permanecendo nessa temperatura por um
tempo, até que sejam cortadas as duas curvas TTT, ocorrendo transformação da austenita
em bainita . Em seguida a peça é resfriada ao ar livre
Tratamentos Isotérmicos - Austêmpera
Austêmpera é o tratamento térmico isotérmico realizado am aços para o obtenção de
microestrutura bainítica. Como a microestrutura resultante é composta essencialmente por
bainita, não exige a realização de revenimento posterior.
A dureza da bainita (constituinte resultante da austêmpera) é de, aproximadamente,
50 HRC e a dureza da martensita é de 65 a 67 HRC.
Os aços que podem ser utilizados no processo pertencem às classificações
que seguem:
Aços-carbono com 0,5 a 1,0% C e com um mínimo de 0,6,% de Mn.
Aços-carbono com mais de 0,9% C e pouco menos de 0,6 % de Mn.
Aços-carbono com menos de 0,5% C e com 1,0 a 1,65 % de Mn.
Alguns aços-liga com mais de 0,3% de carbono.
Tratamentos Isotérmicos - Martêmpera
A martêmpera ou têmpera interrompida é um tipo de tratamento isotérmico
indicado para aços-liga. Esse tipo de processo reduz o risco de empenamento, trincas e
tensões residuais das peças.
A peça é aquecida acima da zona
crítica para se obter a austenita (posição 1).
Depois, é resfriada em duas etapas. Na
primeira, a peça é mergulhada num banho
de sal fundido ou óleo quente, com
temperatura um pouco acima da linha Mi
(posição 2). Mantém-se a peça nessa
temperatura por certo tempo, tendo-se o
cuidado de não cortar a primeira curva
(posição 3). A segunda etapa é a do
resfriamento final, ao ar, em temperatura
ambiente (posição 4).
Tratamentos Isotérmicos - Martêmpera
A martensita obtida apresenta-se
uniforme e homogênea, diminuindo os
riscos de trincas. O banho a cerca de 350
ºC permite igualar a temperatura entre a
superfície e o centro da peça com o aço
ainda no campo austenítico. Prosseguindo
o resfriamento obtém-se martensita com
menor risco de trincas e distorções. Após a
martêmpera é necessário submeter a peça
a revenimento.
Os exemplos de aços que podem ser
utilizados na martêmpera:
SAE/AISI 4130; 4140; 4150; 4340; 5140;
6150; 8640 e 52100.
Bibliografia
Callister Jr, W.D., (2008) Ciência e Engenharia de Materiais: uma Introdução.
7a ed. Rio de Janeiro. LTC Editora. 705 p.
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