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Barclay - Introdução Às Cartas Aos Tessalonicenses

(1) Paulo chega à Macedônia guiado por uma visão e prega em Tessalônica, uma importante cidade comercial. (2) Paulo enfrenta problemas na igreja de Tessalônica, incluindo divisões e interpretações errôneas sobre a Segunda Vinda. (3) Paulo escreve duas cartas para lidar com esses problemas e corrigir os ensinamentos sobre a Segunda Vinda.

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Barclay - Introdução Às Cartas Aos Tessalonicenses

(1) Paulo chega à Macedônia guiado por uma visão e prega em Tessalônica, uma importante cidade comercial. (2) Paulo enfrenta problemas na igreja de Tessalônica, incluindo divisões e interpretações errôneas sobre a Segunda Vinda. (3) Paulo escreve duas cartas para lidar com esses problemas e corrigir os ensinamentos sobre a Segunda Vinda.

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INTRODUÇÃO ÀS CARTAS AOS TESSALONICENSES

Paulo vem a Macedônia


Para tudo aquele que pode ler as entrelinhas, o relato da chegada de Paulo
a Macedônia é uma das histórias mais dramáticas do livro de Atos. Lucas o
narra em Atos 16:6-10 com uma parcimônia quase extrema. Apesar de sua
brevidade, este relato dá necessariamente a impressão de uma cadeia de
circunstâncias que culminam num acontecimento supremo. Paulo tinha
atravessado Frígia e Galácia. Frente a ele encontrava-se o Helesponto, à sua
esquerda estava a fecunda província da Ásia e à sua direita se estendia a enorme
província de Bitínia. Mas o Espírito não lhe permitiu entrar em nenhuma delas.
Havia algo que o empurrava incessantemente ao mar Egeu. Desta maneira
chegou à Troas alexandrina ainda indeciso quanto a onde se encaminharia.
Então teve a visão noturna de um homem que exclamava: "Passa a Macedônia
e ajuda-nos." Paulo zarpou e pela primeira vez o Evangelho chegou à Europa.
Um Mundo
Mas nesse mesmo momento Paulo deve ter visto muito mais que um
continente para Cristo. Desembarcou na Macedônia, o reino de Alexandre
Magno, que tinha conquistado o mundo e que tinha chorado porque não havia
mais mundos que conquistar. Mas Alexandre era muito mais que um mero
conquistador militar. Foi quase o primeiro universalista. Era mais um
missionário que um soldado; sonhava com um mundo dominado e iluminado
pela cultura grega. Até um pensador os gregos como homens livres e os orientais
como escravos. Mas Alexandre declarava ter sido enviado por Deus "para unir,
pacificar e reconciliar a todo o mundo" Deliberadamente queria dizer que seu
propósito era "unir o Oriente com o Ocidente". Sonhava com um império em que
não haveria nem grego nem judeu, nem bárbaro, nem cita, nem escravo, nem
livre (Colossenses 3:11). Agora, é difícil ver como poderia estar ausente
Alexandre do pensamento de Paulo. Paulo partiu desde Troas alexandrina, que
levava o nome de Alexandre; passou a Macedônia que constituía o reino original
de Alexandre; trabalhou em Filipos, que levava o nome de Filipe, o pai de
Alexandre; foi a Tessalônica, que tinha o nome de uma meio-irmã de Alexandre.
Todo o território estava saturado da lembrança de Alexandre; Paulo deve ter
pensado não num continente, mas em um mundo para Cristo.
Paulo chega a Tessalônica
A sensação de que os braços do cristianismo se estendiam deve ter-se
acentuado quando Paulo chegou a Tessalônica. Tratava-se de uma cidade
importante. Seu nome original era Thermai que significa "fontes quentes",
dando nome ao golfo onde se encontrava. Seiscentos anos antes Heródoto a
descrevia como uma grande cidade. Tinha sido sempre um porto famoso. Aqui
Xerxes o persa estabeleceu sua base naval ao invadir a Europa, e até na época
dos romanos era um dos arsenais maiores do mundo. Em 315 antes de Cristo
Cassandro reedificou a cidade e lhe pôs o novo nome de Tessalônica, nome de
sua mulher, filha de Filipe da Macedônia e meio-irmã de Alexandre Magno. Era
uma cidade livre. Isto significa que jamais tinha sofrido a afronta de aquartelar
entre seus muros tropas romanas. Tinha sua própria assembléia popular e seus
próprios magistrados. Sua população se elevava a 200.000 habitantes, e durante
um tempo rivalizou com Constantinopla como candidata a capital do mundo.
Até hoje, com o nome de Salônica, tem 70.000 habitantes. Mas a importância
suprema de Tessalônica está em que se encontra sobre a Via Egnatia que se
estendia desde o Dirraquio sobre o Adriático até Constantinopla sobre o Bósforo
e daqui para a Ásia Menor e o Oriente. De fato sua rua principal era parte da
mesma rota que unia Roma com o Oriente. O Oriente e o Ocidente convergiam
em Tessalônica; dizia-se que estava "na saia" do império romano. O comércio se
introduzia aqui do Oriente e o Ocidente; por isso, dizia-se: "Enquanto a natureza
não mudar, Tessalônica permanecerá rica e próspera." É impossível exagerar a
importância da chegada do cristianismo a Tessalônica. Se o cristianismo se
estabelecia em Tessalônica estava também destinado a estender-se ao oriente
pela Via Egnatia até conquistar todo o Ásia, e pelo Ocidente até convulsionar à
mesma cidade de Roma. O advento do cristianismo a Tessalônica foi um passo
crucial na transformação do cristianismo em religião mundial.
A permanência de Paulo em Tessalônica
O relato da permanência de Paulo em Tessalônica encontra-se em Atos
17:1-10. Agora, para Paulo o que aconteceu em Tessalônica foi de importância
suprema. Pregou na sinagoga durante três sábados consecutivos (Atos 17:2).
Isso significa que sua estadia não pôde ter sido de muito mais que três semanas.
Teve um êxito tremendo a ponto de os judeus irem às nuvens e provocarem tais
distúrbios que Paulo teve que ser tirado às escondidas e com perigo de sua vida
rumo a Beréia; aqui aconteceu o mesmo (Atos 17:10-12), e Paulo teve que deixar
a Timóteo e Silas para seguir fugindo para Atenas. Por conseguinte, Paulo
esteve somente três semanas em Tessalônica. Era possível causar em três
semanas tanta impressão num lugar, que o cristianismo chegasse a implantar-
se em forma tal que não pudesse ser jamais desarraigado? Se for assim, não era
um sonho vazio pensar que o império romano podia ser ganho para Cristo. Ou
era necessário instalar-se e trabalhar durante meses e até anos antes de causar
alguma impressão? Neste caso ninguém poderia prever no mais mínimo quando
chegaria o cristianismo a penetrar em todo mundo. Tessalônica constituía um
caso de prova, e Paulo estava esmagado pela ansiedade de saber o que
aconteceria.
Notícias de Tessalônica
Tão ansioso estava Paulo que quando se encontrou com Timóteo em Atenas,
enviou-o de volta a Tessalônica para solicitar as informações sem as quais não
tinha descanso (1 Tessalonicenses 3:1-2; 5; 2:17). Que notícias trouxe Timóteo?
Havia notícias boas. O afeto dos Tessalonicenses por Paulo era mais forte que
nunca; e se mantinham firmes na fé (1 Tessalonicenses 2:14; 3:4-6; 4:9-10). Eles
eram efetivamente "sua glória e sua alegria" (1 Tessalonicenses 2:20). Mas
também havia notícias que causavam inquietação.
(1) A pregação da Segunda Vinda tinha produzido uma situação anormal; o
povo tinha deixado de trabalhar e abandonado todas as empresas ordinárias da
vida para esperar a Segunda Vinda numa espécie de histeria expectante. Paulo
lhes diz que se mantenham tranqüilos e que continuem suas tarefas ordinárias
(1 Tessalonicenses 4:11).
(2) Estavam preocupados com o que aconteceria aos que tinham morrido
antes da Segunda Vinda. Paulo lhes explica que os que dormiram em Jesus não
perderão nada da glória (1 Tes. 4:13-18).
(3) Existia uma tendência a desprezar toda autoridade legal; a inclinação
grega à discussão fazia com que a democracia estivesse sempre em perigo de
degenerar (1 Tessalonicenses 5:12-14). (4) Continuamente existia o perigo de
recair na imoralidade. Era difícil esquecer o ponto de vista de gerações e escapar
ao contágio do mundo pagão (1 Tessalonicenses 4:3-8).
(5) Havia ao menos algum grupo que difamava a Paulo. Sugeriam que Paulo
pregava o evangelho pelo lucro que podia receber (1 Tessalonicenses 2:5, 9); e
que era algo assim como um ditador (1 Tessalonicenses 2:6-7, 11). (6) Na Igreja
havia divisões (1 Tessalonicenses 4:9; 5:13). Estes eram os problemas que Paulo
devia tratar, e que mostram que a natureza humana não mudou muito nas
igrejas.
Por que duas Cartas?
Devemos nos perguntar por que há duas Cartas. Ambas são muito
semelhantes, e deveram ser escritas no transcurso de semanas ou dias. A
segunda foi escrita com o propósito principal de esclarecer uma errônea
interpretação da Segunda Vinda. A primeira insiste em que o dia do Senhor virá
como ladrão na noite e insiste na vigilância (1 Tessalonicenses 5:2; 5:6). Mas
esta razão chegou a produzir uma situação doentia visto que os homens não
faziam outra coisa senão vigiar e esperar. Na segunda Carta Paulo explica que
sinais precederiam à Segunda Vinda (2 Tess. 2:3-12). As idéias dos
Tessalonicenses sobre a Segunda Vinda tinham perdido seu equilíbrio e
proporção. Como acontece freqüentemente ao pregador, a mensagem de Paulo
tinha sido mal entendida e mal interpretada; algumas frases tinham sido
tomadas fora de contexto ou superestimadas. A segunda Carta tenta colocar as
coisas em seu justo equilíbrio e corrigir os pensamentos dos excitados
Tessalonicenses com respeito à Segunda Vinda. Certamente, Paulo aproveita a
ocasião para repetir e sublinhar muitos dos bons conselhos e admoestações que
deu na primeira Carta, mas sua intenção principal é acalmar a histeria e fazer
com que esperem não numa ociosa excitação, mas em uma paciente e diligente
atenção ao trabalho do dia. Nestas duas Cartas vemos como Paulo resolve dia a
dia os problemas de uma Igreja que cresce e se expande.

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