Trabalho de Evolução Do Pensamento Geográfico
Trabalho de Evolução Do Pensamento Geográfico
Tema do Trabalho:
O SURGIMENTO DA GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA
Curso: Geografia
Disciplina: Evolução do Pensamento
Geográfico
Ano de Frequência: 1º
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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 1
6. Conclusão .............................................................................................................................. 19
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1. Introdução
A Geografia, como todas as ciências, surgiu da necessidade humana de buscar responder a uma
série de questões. O conjunto de conhecimentos que a constitui é resultante de um constante
refazer-se, próprio da investigação científica e, mais ainda, dessa investigação nas ciências
humanas que acompanham os processos de transformação da própria sociedade e de sua história.
A história das civilizações sempre deu imensa importância ao estudo e à observação das relações
que o homem estabelece com a Terra, com o meio ambiente e com a natureza. É da natureza
humana a preocupação de se situar, de se localizar no espaço que o cerca, de reconhecer seu
território e de pensar e procurar entender as diferenças existentes entre os lugares.
Nesse contexto, o surgimento da Geografia como Ciência é o tema que será abordado nesse
trabalho. O presente trabalho têm como objectivo principal compreender o surgimento da
Geografia como Ciência. O trabalho está estruturado de forma a facilitar a fornecer bases sólidas
para uma boa percepção do tema em questão.
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1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
Falar do surgimento da Geografia como Ciência.
1.1.2. Específicos
Conhecer os períodos de surgimento da Geografia como Ciência;
Descrever os principais princípios orientadores da geografia;
Explicar os métodos usados em geografia.
1.2.Metodologia
O presente trabalho realizou-se com base nas regras de publicação de trabalhos científicos da
UCM. Para o desenvolvimento do tema em questão, recorreu-se a leitura de varias obras
literárias, artigos e manuais que abordam assuntos relacionados com o tema. Como não basta-se,
recorreu-se também ao uso da internet.
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2. O surgimento da Geografia como Ciência
2.1.Geografia na Antiguidade
Os primeiros indícios de uma preocupação com a distribuição dos fenómenos surgiram desde os
primórdios da humanidade. Nesse período, o homem pouco modificava a natureza, uma vez que
estava muito subordinado às condições naturais o que, provavelmente, lhe impunha uma
condição de nómade.
Conforme o autor acima citado, a expansão política, comercial e marítima dos povos do
mediterrâneo (Mesopotâmia, Fenícia, Egipto) levou à elaboração de mapas marítimos e,
sobretudo, à descrição de lugares e de povos. Tais descrições eram denominadas de périplos.
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Segundo o autor acima citado, a geografia começa com as descrições, nas comunidades de
tradição oral, das migrações e das diferenciações dos lugares. Isso mostra que é importante que o
conhecimento seja registado e transmitido. É na Grécia, já com o domínio da escrita e em
decorrência de sua posição geográfica no Mediterrâneo, em relação às outras partes do mundo
conhecido, que cabe aos gregos colectar e sistematizar os conhecimentos de natureza geográfica
(p. 22).
O primeiro mapa grego de que se tem notícia foi elaborado por Anaximandro de Mileto (650-615
a.C.). E o segundo mapa da Antiguidade foi elaborado por Hecateu de Mileto (560-480 a.C.).
Outros documentos importantes dessa época são os poemas épicos Ilíada e Odisseia, de Homero,
conhecidos e apreciados por seu valor literário e pelas informações geográficas contidas na
descrição dos lugares distantes e das longas viagens marítimas.
Heródoto (484-425 a.C.): Filósofo e historiador geógrafo grego, considerado o pai da História e
da Geografia, inseriu a história dos povos no contexto geográfico. Suas crónicas registam a
génese da Geografia Regional e retratam os mais diferentes e distantes países. São conhecidas
suas viagens à Fenícia, ao Egipto e à Babilónia. Ao estudar as cheias do rio Nilo, Heródoto
associou a sua desembocadura à letra grega delta, razão pela qual é encontrada até os dias atuais a
foz em delta nos livros escolares (Andrade, 2006, cit. em Luís, s/d).
Estrabão (64 a.C – 20 d. C): Geógrafo romano, grande enciclopedista destaca o carácter
filosófico e transdisciplinar da Geografia. Em sua obra, afirmava que o amplo conhecimento,
necessário ao empreendimento de qualquer trabalho geográfico, deve estar relacionado tanto com
as coisas humanas como divinas, conhecimento que constitui a Filosofia (Andrade, 2006, cit. em
Luís, s/d).
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Ptolomeu (90 – 168 d.C.): Geógrafo romano, e o último grande geógrafo da antiguidade, foi
também astrónomo e matemático. Interessou-se pelas técnicas de projecção cartográfica e
elaboração de mapas. Em sua obra Geographia, de 8 volumes, traz os princípios de construção de
globos e projecções de mapas, indica os princípios da Geografia, Matemática e da cartografia,
além de organizar um grande vocabulário com todos os nomes de 8000 lugares que conhecia,
localizando-os por meio da latitude e da longitude (Andrade, 2006, cit. em Luís, s/d).
Conforme o autor acima citado, a Europa que daí surge está dividida em uma série de pequenas
áreas politicamente diferenciadas, deixando de existir uma política uniforme sobre todo o
território. O sistema que se constitui é essencialmente isolacionista e tenta resolver seus
problemas a partir da auto-subsistência do próprio feudo, prejudicando a mobilidade de pessoas,
as trocas e a ampliação do horizonte geográfico que se verificou na Antiguidade.
Conforme o autor acima citado, no século XII, Edrisi enriqueceu os seus conhecimentos
geográficos com longas viagens e, ao serviço do rei da Sicília, elaborou e 1154 um mapa-múndi,
que é considerado a obra mais importante da cartografia árabe. Os árabes mantiveram, deste
modo, as tradições da geografia descritiva. Foram também eles que traduziram no século IX a
geografia de Ptolomeu, com o nome de Almagesto.
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De acordo com Perry (2002, cit. em Luís, s/d), referre-se que:
O Renascimento foi um dos mais importantes momentos de inflexão da história do ocidente e
significa uma rotura entre o mundo medieval, caracterizado como uma sociedade agrária,
estamental, teocrática e fundiária, e o mundo moderno, caracterizado pela urbanização, pelo modo
burguês de pensar e, principalmente, por se caracterizar como uma sociedade de trocas (p. 37).
Segundo Perry (2002, cit. em Luís, s/d), o homem vai tornando-se, aos poucos, o centro das
preocupações, possibilitando paulatinamente a instalação de mentalidade, a qual vai se
desligando do sagrado e das questões transcendentais tão características da Idade Média.
Conforme o autor acima citado, essas mudanças afectaram todas as esferas sociais:
A sociedade renascentista é uma sociedade fascinada pela vida da cidade, pelo comércio e pelos
prazeres terrenos. A ideia de viver bem neste mundo passa a rivalizar com a promessa do paraíso.
Ao se afastarem da orientação religiosa, a sociedade que daí emerge vai discutir a condição
humana na sua relação com o mundo, abrindo, assim, novas possibilidades de reflexão sobre
questões políticas e morais (Perry, 2002, cit. em Luís, s/d).
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Nesse processo de transição do medieval para a modernidade o mundo vai tornando-se cada vez
mais laico e independente da tutela da religião e o homem vai sendo levado a pensar e analisar a
realidade que o cerca em toda a sua objectividade e não como resultado da vontade divina. Neste
momento aparecem novas instituições políticas e sociais (nações, estados, novas legislações,
novas classes sociais, exércitos) o que implica também numa nova maneira de pensar a vida
social, a história e a geografia (Perry, 2002, cit. em Luís, s/d).
As cidades ganham vida, atraindo pessoas de diferentes lugares dispostas a conquistar um espaço
no mundo, a competir e a enriquecer. A cidade vai transformar-se também no lócus de
sustentação do desenvolvimento do capitalismo, inaugurando também uma nova divisão social e
territorial do trabalho (Perry, 2002, cit. em Luís, s/d).
2.3.2. O Iluminismo
Luís (s/d) afirma que, mais que um movimento, o Iluminismo foi um modo de pensar. Falando de
modo geral, foi uma consequência da revolução científica do final do século XVII, que havia
transformado a concepção que a maior parte das pessoas instruídas tinha a respeito do mundo
habitado.
Essa sociedade que emerge é individualista e financista. Voltada para expansão comercial e busca
do lucro, ela engendra novos valores e atitudes que passam a reger o comportamento social. A
nova sociedade mexe de maneira radical com a estruturação espacial: expansão significa busca e
dominação de novos territórios; produção concentrada exige deslocamento de população e novo
papel para as cidades; circulação demanda vias de comunicação e de fluxos, dando origem a
redes urbanas hierarquizadas (Perry, 2002, cit. em Luís, s/d).
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eram disputadas as melhores rotas comerciais, as fontes de produtos e matérias-primas e a
clientela.
Perceba que nesse caso estão dadas as condições para o desenvolvimento tecnológico voltado
para a invenção e produção de máquinas que potencializasse a produção e o barateamento dos
produtos. A planificação, a racionalidade e o desenvolvimento da pesquisa científica vão, aos
poucos, sendo disseminados visando à produção, e também vão se disseminando na vida
quotidiana.
Essa turbulência provoca a curiosidade dos homens no sentido da busca do entendimento dos
mecanismos que regulam o mundo circundante, ou seja, o homem da modernidade procura
compreender os mecanismos da vida e da natureza.
Com a saída sistemática de populações do campo em direcção à cidade, o interesse pela produção
agrícola tornou-se iminente dado que, pela primeira vez na história, dever-se-ia produzir para um
contingente de produtores não primários. Essa preocupação manifesta-se numa verdadeira
revolução agrícola que buscava aumentar a produção e a produtividade de alimentos. E esse
movimento somente foi possível porque junto com a revolução agrícola vieram também a
revolução científica, tecnológica e industrial (Perry, 2002, cit. em Luís, s/d).
Podemos dizer que a grande revolução para o conhecimento geográfico começa a ser preparada a
partir da extraordinária expansão do espaço conhecido, do domínio da configuração da Terra e do
desprezo às ideias e crenças a respeito da superfície terrestre que vem com a Idade Moderna.
Mas, para que a geografia desponte como um saber autónomo, particular, faz-se necessárias ainda
certas condições que só estarão suficientemente amadurecidas no século XIX (Luís, s/d, p. 47).
A apropriação desses novos territórios ocorre de forma lenta e vai, paulatinamente, fragmentando
os modos de vida locais, promovendo novos ordenamentos e ajustes espaciais. Além disso,
coloca o europeu expansionista em contacto com realidades espaciais bastante diversas da sua.
Para ter o conhecimento dessas novas realidades particulares e de suas localizações, o
levantamento de informações sobre esses lugares singulares torna-se imprescindível (Perry, 2002,
cit. em Luís, s/d).
Assim, sendo feito de forma criteriosa, dando origem a grande acervo de dados. O acúmulo de
informações é primordial nesse momento de expansão, uma vez que o mundo, tal qual o
conhecemos hoje, está sendo descoberto e apropriado e do qual se tem poucas informações. Além
disso, conhecer e localizar detalhadamente os diferentes lugares é uma tarefa demandada pela
própria necessidade de realização da expansão capitalista que, para aumentar seu domínio e
fortalecer suas actividades nos territórios colónias, necessita de informação. (Perry, 2002, cit. em
Luís, s/d)
2.4.5. A cartografia
De acordo com Andrade (2006, cit. em Luís, s/d), referre-se que:
O avanço e aprimoramento da cartografia se constituem efectivamente num outro pressuposto da
Geografia moderna. Esse avanço na linguagem cartográfica é uma demanda primária e uma
exigência prática para o pleno desenvolvimento das relações comerciais que requer o
estabelecimento preciso de rotas de navegação, assim como a localização exacta dos lugares e
portos (p. 49).
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O tráfego terrestre também se amplia em função da regularidade crescente das trocas e do
atendimento de distâncias maiores a serem percorridas. Conforme Andrade (2006, cit. em Luís,
s/d):
É a economia global que emerge, articulando regiões diferentes e distantes e demandando a
confecção, cada vez mais detalhada, de mapas confiáveis que facilitem o deslocamento mais
rápido e seguro dos meios de transporte, os quais também sofrem grande desenvolvimento nesse
período (p. 50).
Mapas mais confiáveis propiciam ainda o conhecimento e a extensão real das colónias. A técnica
de impressão, recém-descoberta nesse período, populariza o instrumental cartográfico que vai se
juntar às descrições dos viajantes naturalistas do século XVII, dando-lhes cunho mais geográfico
(Andrade, 2006, cit. em Luís, s/d).
Um dos elementos fundamentais para a tessitura do ajuste espacial, demandado pelo processo de
modernização, é a constituição do Estado. Enquanto outros países constituem seu Estado
Nacional, a Alemanha encontra dificuldade para sua unificação frente à extrema diversidade entre
as várias unidades germânicas, a ausência de relações mais duradouras entre elas e a falta de um
centro organizador do espaço que faça convergir as relações económicas e amenizem as disputas
de fronteiras (Moraes, 2002, p.26).
De acordo com o autor acima citado, a Alemanha é, nesse período, um país em situação de atraso
em relação às demais nações europeias e tal situação parece ser um aspecto fundamental para
fazer da discussão geográfica um tema da maior importância para a sociedade alemã.
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Moraes (2002, cit. em Luís, s/d) afirma ainda que:
Essas singularidades germânicas vão marcar profundamente todos os planos da história da
Alemanha, das relações económicas, passando pela organização política, até as formas de
pensamento. É nele inclusive que residem as determinações históricas específicas explicativas do
afloramento pioneiro do processo de sistematização do pensamento geográfico nesse país (p.50).
Portanto, segundo o autor acima citado, a geografia nasce nesse contexto específico da Alemanha
para dar respostas a duas questões fundamentais: resolver uma questão territorial premente para a
constituição de um Estado Nacional e a conquista de um lugar de destaque para a Alemanha no
cenário apresentado pela realidade europeia do século XIX. E em se tratando de Geografia alemã,
esses homens são Humboldt e Ritter (Moraes, 2002, p. 26).
A História e a Geografia que eram as ciências que vinham abordando os factos humanos deixam
de ser exclusivas nesse aspecto à medida que a Sociologia, a Etnologia, a Antropologia e as
Ciências Políticas vão surgindo. É o período também de desenvolvimento da economia política.
Com o aparecimento de outras ciências no campo dos estudos humanos e sociais os geógrafos são
confrontados com o problema da delimitação face aos novos campos científicos, os quais
evidentemente não ignoram a dimensão espacial dos seus domínios.
Em 1859, Charles Darwin (1809-1882) publica o que seria o seu mais importante livro, Origem
das Espécies. Tal facto tem significado particular para a Geografia. A ideia de que os seres vivos
evoluem já estava formulada desde meados do século XVIII e início do século XIX (Luís, s/d).
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formula a sua teoria. Darwin se depara, nas ilhas Galápagos com uma flora e fauna muito ricas e
que não se assemelham às dos espaços continentais próximos (p. 64).
Segundo o autor acima citado, para Lamarck e Darwin, essas diferenças explicam-se por meio da
diferenciação no lugar e a partir de uma origem comum longínqua, e o único factor que pode
explicar as diferenças das formas encontra-se no meio. O evolucionismo darwinista leva à
Geografia uma tarefa fundamental: a de identificar a diferenciação das formas vivas.
Conforme Ferreira & Simões (1990, cit. em Luís, s/d), referre-se que:
A ideia de que a Geografia deve ter vocação explicativa e analisar os fenómenos em diversas
escalas vem desde as obras de Humboldt e Ritter. A explicação geográfica estaria na relação entre
os fenómenos locais, regionais e gerais e na relação do homem com o meio: o darwinismo é uma
apelação ao desenvolvimento de uma ciência das relações dos seres vivos com o ambiente (p. 64).
De acordo com Filizola (2005), estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo em que
vivemos. Através desse estudo, podemos entender melhor tanto o lugar onde vivemos (cidade,
área rural) quanto o país do qual fazemos parte, bem como os demais países da superfície
terrestre.
De acordo com Filizola (2005), no século XIX, com o surgimento da Geografia como ciência, se
fez necessária a definição de princípios orientadores, que lhe conferem o devido carácter
científico. O estudo da geografia deve obedecer às regras metodológicas dessa ciência. Os
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princípios científicos da Geografia que servem de base para sua pesquisa. Os princípios
formulados são:
4.1.Princípio de Extensão
Principio concebido por Friedrich Ratzel (1844-1904), este princípio afirma que todo fenómeno
geográfico tem sua ocorrência em determinada porção do território, que pode ser delimitada. Ou
seja, relata qual é a localização de um determinado fenómeno na superfície terrestre. De acordo
com Filizola (2005), o princípio tem por objectivo localizar os factos a serem estudados,
mensuração ou medição do facto (área, tamanho) e quantificação dos factos que requer
interpretação de tabelas e gráficos. Esse princípio faz uso da interdisciplinaridade (cartografia,
geodesia, estatística) (Filizola, 2005).
4.2.Princípio de Analogia
Também chamado de Geografia Geral, exposto por Karl Ritter (1779-1859) e Paul Vidal de La
Blache (1845-1918), o princípio alega que todo fenómeno geográfico deve ser comparado a
outros do mesmo tipo, para se estabeleceram semelhanças e diferenças e facilitar sua
compreensão. Ou seja, é responsável pela comparação dos elementos físicos (áreas terrestres,
rios) presentes no Espaço Geográfico. O objectivo deste princípio é comparar os factos para ver
suas diferenças e semelhanças (Filizola, 2005).
4.3.Princípio de Causalidade
Principio formulado por Alexander von Humboldt (1769-1859), de acordo com o princípio todo o
fenómeno geográfico tem uma ou mais causas, que devem ser buscadas e explicadas. Ou seja,
reforça o porquê (qual foi o motivo) do surgimento de um fato. Este princípio tem por objectivo
estabelecer causas e consequências de uma geografia explicativa que procura estabelecer uma
hierarquia entre causas e consequências dos fatos (Filizola, 2005).
4.4.Princípio de Actividade
Principio formulado por Jean Brunhes (1869-1930), segundo este princípio todo fenómeno
geográfico tem um carácter dinâmico, portanto seu estudo deve compreender sua extensão e
conexidade com o tempo, pois os fatos nunca estão isolados. Evidencia o fato de que o Espaço
Geográfico passa por constantes alterações (climáticas, na natureza) (Filizola, 2005).
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O princípio de actividade tem por objectivo demonstrar que os factos geográficos estão em
constante mutação e que seu entendimento depende de uma análise do passado para compreender
o presente. Ou seja, permite analisar as tendências de evolução dos fatos. Reconhecer o presente
como um produto ou herança do passado e analisar as transformações ocorridas ao longo do
tempo, constituem importantes bases da geografia moderna (Filizola, 2005).
Na complexidade dos fenómenos que se entrecruzam na natureza não se deve ter uma única
maneira de abordar o estudo dos factos. É útil que sejam observados sob ângulos diferentes. Ora,
a geografia mobiliza dados provenientes de várias ciências utilizando diversos métodos, muitos
deles amplamente seguidos por outras áreas do saber.
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De acordo com Bailly (1997):
Os geógrafos usam múltiplos métodos para o estudo do espaço, denunciado O carácter
heterogéneo da metodologia geográfica. Por exemplo, a pesquisa geográfica recorre sucessiva ou
simultaneamente aos métodos de cada uma das ciências para chegar ao conhecimento analítico
dos dados incluídos nas combinações, que constituem o objecto dos seus estudos fragmentários
ou globais (p. 45).
Aplicação de cada um dos métodos depende do tipo de investigação que se pretende fazer.
Enquanto as ciências se foram desenvolvendo ao longo do tempo, também os métodos foram
evoluindo. Por isso, podemos identificar métodos tradicionais, como a observação, e métodos
modernos, como o matemático.
5.1.Método de observação
A observação, enquanto visualização dos aspectos que a paisagem nos apresenta, é o principal
método geográfico. Pode ser realizada in loco, ou seja, no próprio local que é a observação
directa. Trata-se do método ideal, pois permite um contacto directo entre o observador e a
realidade que pretende estudar. Neste sentido, as visitas de estudo, as saídas de campo e as
excursões geográficas apresentam-se como formas de aplicação prática (Bailly, 1997).
A observação pode ser realizada também através de documentos e equipamentos, que permitem
localizar e identificar os fenómenos geográficos, ainda que indirectamente observação indirecta.
E o caso de fotografias, imagens de satélite, mapas, globos, vídeos, desenhos, pinturas, slides e
outros materiais ilustrativos (Bailly, 1997).
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5.2.Método descritivo
A geografia foi, durante muito tempo, uma ciência essencialmente descritiva. Através da
descrição, procedia - se identifica-los das principais características dos fenómenos naturais e
humanos, em termos de destruição, variação e evolução no tempo e no espaço. Ainda hoje antes
de uma análise quantitativa e qualitativa dos fenómenos, surge a necessidade de realizar uma
análise descritiva. Porém a descrição geográfica deve ser maleável e variada como o seu próprio
objecto (Bailly, 1997).
5.3.Método cartográfico
A geografia e os mapas possuem uma relação secular. Os mapas tornaram se na imagem de
marca desta ciência, que tem como objecto de estudo o espaço. O método cartográfico consiste
no desenho de mapas e esboços como forma de apresenta os resultados de uma investigação
geográfica (Bailly, 1997).
5.4.Método de balanço
Quando há a necessidade de recolher dados ou informações para a resolução de um problema ou
tomada de decisão, aplica se o método de balanço. Trata-se do confronto entre as razões
favoráveis ou argumentos a favor e as razões desfavoráveis ou argumentos contra (Bailly, 1997).
5.5.Método comparativo
Através deste método, é possível estabelecer, as diferenças e as semelhanças entre dois ou mais
fenómenos ou entre um mesmo fenómeno ocorrido em lugares e tempos diferentes. A
comparação pressupõe, ao mesmo tempo, a busca da explicação das causas. Ou seja, com este
método, podemos estabelecer semelhanças e diferenças entre fenómenos e factos geográficos que
ocorrem a escala da superfície da terra (Bailly, 1997).
5.6.Método matemático
A análise quantitativa e estatística permite uma descrição mais rigorosa dos fenómenos e da sua
evolução no tempo. Ou seja, este método possibilita a elaboração de tabelas, gráficos e
diagramas, sendo associado ao método cartográfico e estatístico. Utiliza-se na análise e produção
de dados, desenvolvimento de várias actividades económicas e seus ramos (Bailly, 1997).
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6. Conclusão
Conclui-se que, a ciência geográfica era realizada desde o surgimento do ser humano ao formar
afinidades com a natureza com estratégias de sobrevivência e coordenação como povos nómades,
navegadores e agricultores. Na antiguidade os habitantes da Mesopotâmia e do Egipto,
procuravam identificar a natureza, estudavam as regiões fluviais e da geometria para aperfeiçoar
a agricultura. Período este em que a actividade mercantil foi responsável pelo alargamento do
planeta. Na idade média, à visão do planeta atribuída na posse e organização sócio-espacial
instituída, as discussões que se realizava foram contrariadas, valorizando o estabelecido pela
igreja. A partir do século XVI com a náutica, os navegantes colonialistas dão início à descrição e
representação dos dados adquiridos nos territórios coloniais, suas riquezas naturais e aspectos
humanos; assuntos que passam fazer parte da ciência geográfica.
Até o século XIX, os geógrafos ficavam dispersos em diversas obras, não existindo inclusive
sistematização na produção geográfica; ainda que a geografia não fosse contemplada como
ciência, as questões geográficas eram legalizadas como temas relevantes sobre as quais
conduziam indagações científicas. A sistematização da obra geográfica só ocorre a partir do
século XIX, pois até esta ocasião os estudos relativos a este campo de conhecimento ficavam
dispersos desde as diversas em obras literárias até as notificações administrativas. A geografia
passa evoluir como ciência a partir da idade moderna.
Portanto, no século XIX, com o surgimento da Geografia como ciência, se fez necessária a
definição de princípios orientadores, que lhe conferem o devido carácter científico. Os princípios
formulados são: Princípio de Extensão; Analogia; Causalidade; Actividade; e o método de
Conexidade ou Interacção.
A geografia é uma ciência de observação e por isso, usa vários métodos para descrever e
interpretar os fenómenos. Entretanto, os métodos usados em geografia são: Método de
Observação; Cartográfico; Comparativo-Geográfico; Descritivo; e o Método Matemático.
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7. Referências bibliográficas
Andrade, Manuel Correia de. (2006). Geografia: ciência da sociedade. Recife: Editora
Universitária/UFPE.
Luís, António dos Anjos. (s/d). Manual do Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia:
Pensamento Geográfico. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).
Beira – Moçambique.
Moraes, António Carlos Robert. (2002). A gênese da geografia moderna. São Paulo:
ANNABLUME/HUCITEC.
Santos, Milton. (2002). O país distorcido. São Paulo: Publi folha. p. 82.
Tarnas, Richard. (2000). A epopéia do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
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