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Juventude

Pesquisa realizada por Pedro Canganjo. Que traz atona as diferentes maneiras abordar sobre a juventude.
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Juventude

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Introdução

No presente excerto far-se-á uma abordagem em torno do tema: Juventude.


Onde começaremos por apresentar na vião de vários autores a conceituação de
juventude, bem como, a sua construção, mas especificamente quando a juventude
passou progressivamente a ser parte importante da sociedade, abordaremos também
sobre os mais variadíssimos problemas que a juventude enfrenta, e por último, a
juventude como ideal de existência, especificamente o desejo generalizado de
permanecer jovem até os fins dos seus dias.

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Juventude
Etimologicamente o termo “juventude” é de origem latino “juventúte”, também
conhecida como idade moça , mocidade, adolescência e juventa.
juventude é a etapa do ciclo da vida na qual culmina o processo de socialização,
pois prepara o indivíduo para a produção e reprodução da vida e da sociedade (Abramo,
2005).
A juventude é o período da vida que se estende da infância à idade adulta. Esta
definição corresponde menos a uma etapa do desenvolvimento físico e psicológico que
a um estatuto social. Com efeito, aquilo a que se chama juventude varia
consideravelmente de um tipo de sociedade para outro, de um grupo para outro e só se
tornou um facto social massivo desde há algumas décadas
Nas sociedades tradicionais, a juventude designa um período breve e preciso da
vida, marcado por ritos de passagem e cerimónias de iniciação que dão aos que a elas se
submetem estatutos claros e reconhecidos.
Contudo, o tempo da juventude apresenta-se com frequência como um período
ambíguo e anómico, durante o qual o actor não é nem uma criança nem um adulto. É
também um período de provas durante o qual se adquire o estatuto de adulto através dos
projectos de futuro, das estratégias e, por vezes, das transgressões mais ou menos
toleradas pelos adultos.
Uma das características da juventude é o sentimento de inadequação com relação
ao seu tempo e, portanto, a necessidade de modifiá-lo. Tal sentimento foi intensifiado
após as duas grandes guerras e refreado com o advento da cultura consumista. Nessa
cultura, encontramos, na promessa do objecto, a possibilidade de prazeres e vivências
rápidas e intensas. O consumo é, então, direcionado à juventude, que passa a ser
valorizada na pós-modernidade, tornando-se um ideal cultural.
Construção da Juventude
Segundo Kehl (2004), a “cultura jovem” se inicia nos anos de 1950,
principalmente, nos Estados Unidos da América, uma cultura dos jovens
que lhes permite reconhecerem-se como grupo etário. A moda e a música são o suporte
dos gostos e dos estilos, das sensibilidades próprias e, por vezes, dos laços de
solidariedade. Acontece também que esta cultura dos jovens vá para além da simples
lógica de consumo e que traga uma crítica e uma reivindicação.
Na segunda metade dos anos 60, a juventude, designadamente os estudantes,
construíram movimentos contestatários, criticando os valores e os modos de vida dos
adultos, fazendo apelo aos valores contra as normas. A juventude das classes populares,
menos orientada para a crítica cultural, manifesta no entanto problemas e dificuldades
específicos através da constituição de grupos e de bandos mais ou menos nos
delinquentes até que a ordem adulta acaba por integrá-la. Como período de liberdade,
mas também de fragilidade dos estatutos e das identidades, a juventude é sensível às
crises e às mutações de uma sociedade: aparece sempre associada aos mecanismos da
mudança. Mas a juventude não é uma categoria social homogénea. Há tantas juventudes

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quantos os
grupos sociais.
O jovem é o mais visível dos seres porque é o símbolo da nova era que aposta na
intensidade das vivências actuais. O sonho moderno de a razão possibilitar o progresso e
a felicidade como “Bem coletivo” foi destruído pelas duas grandes guerras mundiais,
pois a era da razão produziu a mais ampla e eficiente destruição.
A passagem do mundo clássico para o moderno é marcada pela ruptura com as
tradições. Segundo Renaut, o traço mais específio das sociedades modernas é a contínua
dissolução das referências oriundas do passado (Renaut, 1998, p. 31). O homem, na pré-
modernidade, busca no passado referências normativas para seu presente. O homem
moderno opera uma ruptura com a tradição, os valores do passado parecem estar
singularmente enfraquecidos em benefício da celebração do presente e do novo (Renaut,
1998, p. 36).
Segundo Drawin (2003), o homem moderno aposta no futuro e busca neste as
referências normativas de sua vida. Podemos pensar que essa acção é uma consequência
das promessas da ciência moderna. Assim, o homem pré-moderno e o moderno se
situam na trama temporal da história, na certeza do movimento limitador do tempo. A
pós-modernidade é caracterizada pela ruptura, pelo desrespeito com o vínculo temporal
com o passado e/ou o futuro.
Koltai (2002), ao abordar o tema da pós-modernidade e sua incidência sobre a
subjetividade, refere que, na atualidade, a relação tempo espaço mudou: O tempo, antes
histórico, se torna, agora, operatório, como o tempo da técnica, que só conhece futuro.
Um futuro que, no entanto, deixou de ser a actualização progressiva, difícil e arriscada
de um potencial inscrito no passado e de um presente que decorre deste passado. Na
sucessão – passado, presente, futuro – no lugar de um futuro esperado ou ao qual somos
obrigados a nos submeter, tem-se um futuro produto (Koltai, 2002, p. 38).
Diferente das sociedades pré-modernas, em que a valorização do idoso guardava
em si a transmissão necessária para a geração posterior, na modernidade o adulto ocupa
o lugar de referência, uma vez que, alicerçadas no individualismo, as sociedades
modernas preconizam o sujeito autônomo, livre e racional. Essa condição é, portanto,
possibilidade do adulto, já que o jovem da modernidade não teria a maturidade racional,
prerrogativa daquele.
Juventude e os problemas sociais
Histórica e socialmente, a juventude tem sido encarada como uma fase de vida
marcada por uma certa instabilidade associada a determinados «problemas sociais». Se
os jovens não se esforçam por contornar esses «problemas», correm mesmo riscos de
serem apelidados de «irresponsá-veis» ou «desinteressados».
Um adulto é «responsável», diz-se, porque responde a um conjunto determinado
de responsabilidades: de tipo ocupacional (trabalho fixo e remunerado); conjugal ou
familiar (encargos com filhos, por exemplo) ou habitacional (despesas de habitação e
aprovisionamento). A partir do momento em que vão contraindo estas
responsabilidades, os jovens vão adquirindo o estatuto de adultos.

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Os problemas que, contemporaneamente, mais afectam a «juventude» - fazendo
dela, por isso mesmo, um problema social – são correntemente derivados da dificuldade
de entrada dos jovens no mundo do trabalho. De facto, a crise de emprego, que é
extensiva a toda a África e que, tem afectado principalmente os jovens.
As dificuldades de acesso a um emprego reflectem-se nas dificuldades de acesso
à habitação. Alguns jovens recém-casados vêem-se forçados a coabitar com os pais, o
que pode também constituir fonte de «problemas», para já não falar dos que retardam a
idade de casamento e continuam a viver com os pais, por dificuldades de obtenção de
emprego e casa própria.
Por outro lado, a «cultura juvenil» requer um espaço social próprio. As carências
e dificuldades nos domínios da habitação, do emprego e da vida afectivo-sexual podem
converter-se numa fonte aguda de conflitos e problemas. A emancipação dos jovens,
que tradicionalmente tem culminado com a constituição de um «lar» próprio,
habitualmente precedida pela obtenção de emprego, encontra-se, nesta perspectiva, cada
vez mais bloqueada. No caso de os jovens prolongarem os laços de dependência
familiar, cultivando, ao mesmo tempo, um universo cultural distinto do da família de
origem, essa convivência, forçadamente prolongada, pode traduzir-se por conflitos
familiares de alguma intensidade.
Algumas décadas atrás, outros «problemas» ganhavam a dianteira, como os da
«revolta», da «marginalidade» ou da «delinquência». Por exemplo, em Angola, nos
anos de 1970-90, um dos problemas mais preocupantes, para determinados sectores da
sociedade Angola, era o dos jovens universitários. As instituições universitárias
pareciam então encaminhar-se para uma situação de crise generalizada. Começavam a
ser invadidas por contingentes de alunos que largamente suplantavam as capacidades de
absorção de tamanha procura. No ano de 1975 só existia uma universidade em Angola.
Fim da juventude e o início da vida adulta
Nesse ponto, cabe uma reflexão. Freitas (2005) apresenta cinco dimensões para a
inserção no mundo adulto, a saber: terminar os estudos; viver do próprio trabalho; sair
da casa dos pais e estabelecer-se numa moradia pela qual se torna responsável ou
corresponsável; casar; ter fihos; parece-nos se referir a aspectos sociais da vida adulta.
Acreditamos que a saída da juventude exige um trabalho psíquico de elaboração de
perdas e um novo posicionamento frente à vida. viver de seu próprio trabalho e ter uma
casa própria não garante a saída da juventude. Encontramos com jovens de 28 anos que
são independentes do ponto vista existencial e fianceiro, mas frente o conflto estagnação
versus generatividade se posicionam no campo da estagnação. Podemos dizer de uma
prisão nas seduções narcísicas e egoísticas que priorizam o prazer pessoal.
Por outro lado, temos pais adolescentes que não ingressam na vida adulta, não se
percebem como responsáveis pelos fihos. E mesmo o casamento pode signifiar um
sonho romântico do encontro com a alma gêmea que se desfaz sem muitas cerimônias.
Esses elementos podem ser vividos a partir de um referencial narcísico, egocêntrico, que
não contempla o campo alteritário. É possível que a marca psicológica mais definidora
da ideia de juventude seja a priorização do eu, a exacerbação dos prazeres narcísicos
com um afrouxamento dos vínculos com os outros. Assim, todos esses elementos estão

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presentes na vida adulta, são condições necessárias, mas não suficientes, para demarcar
o fim da juventude.
Juventude como ideal de existência
Ao contrário de quando a fase adulta era um modelo desejado, hoje se manter
jovem transformou-se em um ideal de existência (Gauchet, 2004; Bozon, 2004).
Manter-se jovem é essencialmente não se fiar, não se alienar no já realizado que já é, de
imediato, passado.
Manter-se jovem demanda a construção de um “eu” de caráter provisório, como
assinalamos. O ideal é ser o menos adulto possível, explorar as vantagens e evitar
inconvenientes, mudar de emprego com frequência e sem difiuldades, manter
relacionamentos amorosos apenas enquanto ambos os parceiros acharem que
estão felizes. O ideal é explorar permanentemente – e isso em qualquer idade – o que
Gauchet (2004) chama de “liberdade de construir”, que sempre foi atribuída apenas à
juventude por esta representar o início de toda uma vida a ser construída.
A atitude diante do envelhecer é a de que é possível vencer o envelhecimento,
mantendo-se jovem até morrer, morrer jovem! Para tal, não só os desenvolvimentos
actuais nas tecnociências são, nesse sentido, bastante promissores, como o mercado
oferece a possibilidade de comprarmos um estilo de vida “jovem”. Um exemplo disso é
o vestuário: só há um estilo de moda - bebês, crianças, jovens, adultos ou idosos, todos
devem vestir-se como jovens.
A idade adulta não só não mais se apresenta como um lugar que se ambiciona
ocupar como, ao contrário, pode signifiar um mal-estar: a saída, a perda da juventude.
Para evitar esse mal-estar impõe-se, então, ao sujeito, um esforço de negação de seu
próprio percurso, este que o localiza num tempo, na sua história. É preciso reinventar,
por todos os meios, um novo percurso, produzindo-se como alguém jovem, sem
limitações ou restrições, inclusive aquelas relativas ao envelhecimento do corpo. Essa
reinvenção, vale reafimar, não se faz sem custos psíquicos importantes. Em resumo: a
juventude deixa de ser uma etapa da vida para tornar-se um ideal a conservar (Gauchet,
2004).
Dado que a juventude não mais representa um momento de transição da infância
para a idade adulta, como definia o antigo conceito de adolescência, assistimos hoje, nas
sociedades ocidentais contemporâneas, a um acontecimento de expressão civilizacional
(Gauchet, 2004), que é o desaparecimento da revolta e da luta juvenil. Motivos de
frustração associados à dependência e à luta por ideias opostas às gerações anteriores,
que tanto incitavam os comportamentos dos jovens de outrora, hoje estão
desaparecendo.
A juventude transformou-se em um estado que se almeja que seja eterno. assim
sendo, é possível que estejamos vivendo hoje a experiência mais historicamente
conservadora e acrítica dos valores de todos os tempos anteriores, uma vez que ser
jovem, em resumo, constitui-se hoje no trabalho permanente de modular-se como um
objceto de consumo numa economia de mercado que se alimenta da crença segundo a
qual somos, e somos felizes, se somos o novo. Não como uma escolha, mas como um

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novo imperativo: a juventude. A esta busca, o capitalismo de mercado nos sugere: seja
jovem e pertença a este mundo!

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Conclusão
Depois de várias análises, o grupo chegou a conclusão que a juventude é um
período que se estende da infância à vida adulta, sendo variável de acordo com o tipo de
sociedade ou grupo, sendo responsáveis por todas as transforamção a nível económico e
social, por meio de revoluções, contrastando com uma das características fundamentais
da juventude que é o sentimento de inadequação com relação ao seu tempo, havendo e
transformação ou modificação. Nos dias de hoje, a juventude tornou-se um ideal que se
almeja que seja eterno, um estado permanente. Uma fase em que todo mundo quer
chegar e permanecer até a sua morte.

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Referências bibliográficas
Abramo, H. W. (2005). O uso das noções de adolescência e juventude no contexto
brasileiro. In M. V. Freitas. (Org.). Juventude e adolescência no Brasil: referências
conceituais (pp. 19-35). São Paulo: Ação Educativa.
Kehl, M. R. (2004). A juventude como sintoma da cultura. In Novaes, R., & Vannuchi,
P. (Orgs.). Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São
Paulo: Perseu Abramo.
Drawin, C. R. (2003). O futuro da psicologia: compromisso ético no pluralismo. In
Bock, A. M. B. (Org.). Psicologia e o compromisso social (pp. 55-72). São Paulo,
Cortez
Koltai, C. (2002). Uma questão tão delicada... Revista Psicologia Clínica [Rio de
Janeiro], 14(2), 35-42.
Renaut, A. (1998). O indivíduo – reflxões acerca da fiosofi do sujeito. Rio de Janeiro:
DIFEL.
Freitas, M. V. de (Org.). (2005). Juventude e adolescência no Brasil: referências
conceituais. São Paulo: Ação educativa (e-book). Disponível em:
http://www.biblioteca-acaoeducativa.
org.br/dspace/bitstream/123456789/2344/1/caderno_Juv.pdf.
Gauchet, M. (2004, novembre-décembre). La redéfiition des âges de la vie. Le débat:
histoire, politique, société, 132, 27-44.

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