O Espiritismo e as questões ambientais
Carlos Alberto Biella1
Introdução
O Espiritismo concede-nos o conhecimento de nossa posição de criatura eterna e
responsável, diante da vida. Concede-nos, também, a certeza de que, se
beneficiarmos ou prejudicarmos alguém, estaremos beneficiando ou prejudicando a
nós mesmos. Os nossos pensamentos e ações determinam ocorrências na natureza
e, como somos parte integrante dela, também sentiremos os efeitos destas
ocorrências.
Palavras-chave: Doutrina Espírita – Ecologia – Materialismo
Desenvolvimento
Os chamados desastres naturais, como chuvas intensas provocando enchentes,
secas devastadoras, terremotos, tufões e furacões, erupções vulcânicas, são
eventos naturais que trazem destruição, prejuízo econômico e mortes.
O Espiritismo nos traz informações a respeito do gênero de fenômeno da natureza
que por vezes obedece a chamada lei de destruição, conforme consta no capítulo VI
de O Livro dos Espíritos (KARDEC, 2003).
O planeta está sujeito, também, a chamada lei de evolução, uma vez que é vivo,
pulsa e evolui.
Todo o Universo, como um sistema, está interligado, existindo um conjunto de
fenômenos interligados, interdependentes, que estão constantemente interagindo e
não podemos falar de meio ambiente sem contemplar as diferentes dimensões da
vida. Não é possível contemplar as leis que regem a vida, as leis naturais, sem
perceber a presença ostensiva de fenômenos que ocorrem no campo da natureza.
Não se pode dissociar o ser humano do ambiente natural, uma vez que estamos
incluídos na natureza e fazemos parte do sistema planetário Terra. Deste modo,
nossas ações promovem efeitos que podem influenciar o equilíbrio natural.
O planeta Terra teve um início e terá um fim, sendo assim, já passou por inúmeros
desastres naturais que alteraram suas características. Entretanto, atualmente
acabou de sair da infância, entrando em um período de progresso pacífico com
1
Mestre em Geografia, cursando Ciências da Religião, UNINTER, [email protected]
fenômenos regulares e com o concurso do homem, conforme nos mostra Kardec, no
livro A Gênese (KARDEC, 1990).
Fisicamente, a Terra teve as convulsões da sua infância;
entrou agora num período de relativa estabilidade: na do
progresso pacífico, que se efetua pelo regular retorno dos
mesmos fenômenos físicos e pelo concurso inteligente do
homem. Está, porém, ainda, em pleno trabalho de gestação do
progresso moral. Aí residirá a causa das suas maiores
comoções. Até que a Humanidade se haja avantajado
suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela
observância das leis divinas, as maiores perturbações ainda
serão causadas pelos homens, mais do que pela Natureza, isto
é, serão antes morais e sociais do que físicas. (KARDEC,
1990, p. 187)
O Espiritismo nos concede o conhecimento de nossa posição de criatura eterna e
responsável, diante da vida. Nos concede, também, a certeza de que, se
beneficiarmos ou prejudicarmos alguém, estaremos beneficiando ou prejudicando a
nós mesmos. Os nossos pensamentos e ações determinam ocorrências na
natureza.
Deste modo, o Espiritismo apresenta uma ligação com a Ecologia, com ambos
investigando, cada qual a seu modo, as relações que sustentam e emprestam
sentido à vida. Ambos defendem uma nova ética, mais comprometida com os
projetos coletivos do que com o individualismo.
O Espiritismo surgiu na França com Allan Kardec, quando da publicação de O Livro
dos Espíritos, em 1857 e o termo Ecologia surgiu na Alemanha com Ernst Haeckel,
quando da publicação do livro Morfologia Geral dos Organismos, em 1866.
A Ecologia estuda o ambiente, o lugar onde se vive e todos os elementos que
compõem o planeta, fazem parte deste ambiente, incluindo os elementos naturais,
portanto, a natureza e o espírito Emmanuel, no livro O Consolador, diz como
devemos compreender a Natureza:
A Natureza é sempre o livro divino, onde as mãos de Deus
escrevem a história de sua sabedoria, livro da vida que
constitui a escola de progresso espiritual do homem, evolvendo
constantemente com o esforço e a dedicação de seus
discípulos. (EMMANUEL, 1984, p. 29).
Podemos dizer que o Espiritismo seja uma Doutrina também ecológica, uma vez que
diversas passagens constantes nos livros deixados por Kardec, nos mostram a
preocupação com o ambiente, identificando-se a degradação ambiental como
originada do egoísmo e do materialismo.
A Ecologia à luz do Espiritismo, certamente diz respeito à uma consciência ecológica
que deve vir do respeito a qualquer forma de preservação e do respeito pela vida.
Kardec nos mostra, em O Livro dos Espíritos, a respeito dos meios de conservação
da natureza, que Deus dá ao homem a necessidade de viver, lhe facultando os
meios para isso:
Sim, e se ele não os encontra, é porque não os compreende.
Deus não pode ter dado ao homem a necessidade de viver
sem lhe dar os meios para consegui-lo. É por essa razão que
ele faz a Terra produzir o necessário a todos os seus
habitantes, pois somente o necessário é útil; o supérfluo nunca
o é. (KARDEC, 2003, p. 232).
Deste modo, O Espiritismo nos fornece informações suficientes para que possamos
nos situar nesse cenário de crise ambiental que se coloca diante de nós, sem
nenhuma hesitação nem temores, nos orientando a aprender com ela e a melhor
cuidarmos de nosso planeta, de nossa casa (TRIGUEIRO, 2010).
Considerações finais
Nós todos fazemos parte de uma sociedade consumista, com a mídia despertando
apetites vorazes de consumo diariamente, especialmente nos meios de
comunicação e, de acordo com a Doutrina Espírita, o materialismo é uma das
características predominantes dos mundos inferiores, o que quer dizer que atitudes
consumistas e materialistas, poderão custar caro ao nosso projeto evolutivo, ou seja,
materialismo coaduna-se com os mundos inferiores.
Referências
EMMANUEL (Espírito). O Consolador. Psicografado por Francisco Cândido Xavier.
Brasília: FEB, 1984.
KARDEC, Allan. A Gênese. Brasília, DF: FEB Editora, 1990.
___________. O Livro dos Espíritos. Capivari, SP: Editora EME, 2013.
TRIGUEIRO, André. Espiritismo e Ecologia. Rio de Janeiro: FEB, 2010.