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Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo - APAs

Este documento fornece diretrizes para a elaboração de Planos de Manejo para Áreas de Proteção Ambiental no estado do Rio de Janeiro. Ele descreve o que são APAs, a importância da gestão participativa, a estrutura e etapas para a criação de um Plano de Manejo, e os módulos a serem incluídos no plano. O objetivo é auxiliar na criação de planos que promovam o uso sustentável dos recursos nas APAs e a conservação dos ecossistemas locais.

Enviado por

Natália Cruz
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Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo - APAs

Este documento fornece diretrizes para a elaboração de Planos de Manejo para Áreas de Proteção Ambiental no estado do Rio de Janeiro. Ele descreve o que são APAs, a importância da gestão participativa, a estrutura e etapas para a criação de um Plano de Manejo, e os módulos a serem incluídos no plano. O objetivo é auxiliar na criação de planos que promovam o uso sustentável dos recursos nas APAs e a conservação dos ecossistemas locais.

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Roteiro Metodológico para

Elaboração de Planos de Manejo


Áreas de Proteção Ambiental

Secretaria de estado instituto estadual


do ambiente
do ambiente
GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Luiz Fernando de Souza
Governador

SECRETARIA DE ESTADO DO AMBIENTE (SEA)


Carlos Francisco Portinho
Secretário de Estado do Ambiente

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE (INEA)


Isaura Maria Ferreira Frega
Presidente

Marco Aurélio Damato Porto


Vice-Presidente

Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap)


Guido Gelli
Diretor

Diretoria de Gestão das Águas e do Território (Digat)


Rosa Maria Formiga Johnsson
Diretora

Diretoria de Informação, Monitoramento e Fiscalização (Dimfis)


Ciro Mendonça da Conceição
Diretor

Diretoria de Licenciamento Ambiental (Dilam)


Ana Cristina Henney
Diretora

Diretoria de Recuperação Ambiental (Diram)


Fernando Antônio de Freitas Mascarenhas
Diretor

Diretoria de Administração e Finanças (Diafi)


Daniel Cortez de Souza Pereira
Diretor
Roteiro Metodológico para
Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

Organizadores:

Luiz Dias da Mota Lima - gerente de Unidades de Conservação de Uso


Sustentável (Geuso), Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas
(Dibap).

Carlos Henrique Martins - Geuso/Dibap.

Liane da Cruz Cordeiro Moreira - Geuso/Dibap.

Ana Carolina Marques de Oliveira - Coordenadoria de Mecanismos de


Proteção à Biodiversidade (Combio), Dibap.

Glauber Soares Carvalhosa - chefe do Serviço de Educação Ambiental,


Gerência de EducaçãoAmbiental (Geam), Diretoria de Gestão das Águas e do
Território (Digat).

Rio de Janeiro
2014

Secretaria de estado instituto estadual


do ambiente
do ambiente
Colaboradores:
Eduardo Ildefonso Lardosa - Gerência de Unidades de Conservação de Proteção Integral
(Gepro/Dibap/Inea)
Fabiana Bandeira - Gerência de Unidades de Conservação de Proteção Integral
(Gepro/Dipab/Inea)
Maria Rachel Lourenço - Gerência de Unidades de Conservação de Uso Sustentável
(Geuso/Dibap/Inea)
Danielle Brasil Fanzeres Martins - ex-servidora da Gerência de Unidades de Conservação
de Proteção Integral (Gepro/Dipab/Inea)
Jonas André Marien - ex-servidor do Serviço de Regularização Fundiária (Serf/Dibap/Inea)
Celia Lontra Vieira - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Este documento foi baseado no roteiro metodológico para Unidades de Conservação de Pro-
teção Integral publicado pelo Inea em 2010 e nos roteiros metodológicos para gestão de Áreas
de Proteção Ambiental elaborados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), em 2001, e pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São
Paulo (SMA-SP), em 2004.

Direitos desta edição do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).


Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap)
Av. Venezuela, 110 - 3o andar - Saúde
20081-312 - Rio de Janeiro - RJ

Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.
Disponível também em: www.inea.rj.gov.br > Estudos e Publicações > Publicações

Produção editorial:
Gerência de Informação e Acervo Técnico (Geiat)
Coordenação editorial:
Tânia Machado
Revisão:
Sandro Carneiro
Capa e diagramação:
Ideorama Comunicação Ltda.

Projeto gráfico e impressão financiados com recursos do Fundo Estadual de Conservação Am-
biental e Desenvolvimento Urbano (Fecam).
Catalogação na fonte
I59 Instituto Estadual do Ambiente
Roteiro metodológico para elaboração de planos de manejo: áreas de
proteção ambiental/Instituto Estadual do Ambiente.----Rio de Janeiro:
INEA, 2014.
64p.
ISBN 978-85-63884-18-3

1. Unidade de Conservação. 2. Gestão ambiental. 3. Área de proteção


ambiental. 4. APA. 5. Plano de manejo. I. Lima, Luiz Dias da Mota. II.
Martins, Carlos Henrique. III. Moreira, Liane da Cruz Cordeiro. IV. Oliveira,
Ana Carolina Marques de. V. Carvalhosa, Glauber Soares.

CDU 502.72:504.06
Apresentação
A gestão de Unidades de Conservação (UCs) é um desafio constante
enfrentado por aqueles que se dedicam à proteção dos recursos naturais.
Quando essas unidades preveem o uso direto de seus recursos, bem
como a existência de populações humanas em seu interior, como é o
caso das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) – um tipo de Unidade de
Conservação de Uso Sustentável –, esse desafio é ainda maior. Como
estabelecer as normas para utilização desses recursos, zelar pela ma-
nutenção dos mesmos e, ao mesmo tempo, não comprometer o cotidiano
das populações existentes?

O presente roteiro apresenta uma forma de construir um documento


básico para essa gestão, o Plano de Manejo. Nele, estarão determinadas
as normas de uso para o território das APAs, bem como diretrizes sobre
programas e projetos que poderão ser desenvolvidos nas UCs. Nosso
objetivo é apresentar alguns dos critérios que devem ser levados em
consideração para a elaboração desse Plano, ressaltando a importância
dos fatores ambientais e socioeconômicos, apontando a gestão participa-
tiva como fundamental para a minimização de conflitos e a integração
das comunidades com a Unidade de Conservação, e propondo parcerias
como importantes aliadas na conservação das paisagens e da biota.

O planejamento é aqui apresentado como ferramenta contínua, gradual


e dinâmica, fundamental para essa gestão, devendo ser constante-
mente avaliado e revisto. Os planos e atividades traçados devem
ser construídos, não com base em conceitos ideais, mas a partir das
possibilidades reais do que se pode e deseja realizar para melhorar
as condições ambientais das UCs e conservar remanescentes de
seus ecossistemas.

Esperamos, dessa forma, contribuir para formatar um processo participa-


tivo de definição das normas de uso e dos programas dessa modalidade
de Unidades de Conservação, de modo que as APAs, de fato, se tor-
nem sustentáveis.

Guido Gelli
Diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas (Dibap/Inea)
Lista de abreviaturas

APA Área de Proteção Ambiental


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
Combio Coordenadoria de Mecanismos de Proteção
à Biodiversidade
Conama Conselho Nacional de Meio Ambiente
CTAA Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação
Dibap Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas
Dimfis Diretoria de Informação, Monitoramento e Fiscalização
DOERJ Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro
Geuso Gerência de Unidades de Conservação de Uso Sustentável
Geopea Gerência de Geoprocessamento e Estudos Ambientais
Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Inea Instituto Estadual do Ambiente
MaB Programa Homem e a Biosfera (Man and the Biosphere,
em inglês)
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PM Plano de Manejo
RBMA Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
RM Roteiro Metodológico
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEA Secretaria de Estado do Ambiente
SIG Sistema de Informação Geográfica
Slam Sistema de Licenciamento Ambiental
SMA-SP Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo
Snuc Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC Unidade de Conservação
Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura (United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization, em inglês)
Lista de ilustrações
Figuras
Figura 1 - Organização do PM 23

Quadros
Quadro 1 - Unidades de Conservação do entorno 37
Quadro 2 - Formulário dos recursos humanos 44
disponíveis na APA
Quadro 3 - Quadro-síntese das zonas 51
Quadro 4 - Quadro-síntese das áreas estratégicas 51
Quadro 5 - Distribuição de área por zonas 51
Quadro 6 - Cronograma de execução 55
Quadro 7 - Modelo de planilha de monitoramento 56
de atividades
Quadro 8 - Planilha de avaliação da efetividade 57
do planejamento
Sumário
Parte I - Introdução

1. Objetivo do Roteiro Metodológico 17

2. Áreas de Proteção Ambiental (APAs) 17


2.1 O que são 17
2.2 APAs e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica 18
2.3 Gestão de APAs 19
2.4 Gestão participativa  20

3. Plano de Manejo (PM) 22


3.1 Definição 22
3.2 Objetivos 22
3.3 Estrutura 23
3.3.1 Fase de diagnóstico  23
3.3.2 Fase de planejamento  23
3.4 Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação 24
3.5 Apresentação do PM 24
3.6 A revisão do PM  25

4. Elaboração do Plano de Manejo  25


4.1 Identificação das etapas do PM 25
4.2 Descrição das etapas 26

Parte II - Conteúdo do Plano de Manejo

1. Módulo 1 - Informações gerais sobre a APA35


1.1 Localização e vias de acesso 35
1.2 Ficha técnica da Unidade de Conservação 35
1.3 Histórico, antecedentes legais e justificativa de criação 35
1.4 Origem do nome da UC 35
2. Módulo 2 - Análise regional 35
2.1 Descrição geocartográfica 36
2.2 Contextualização municipal 36
2.3 Uso e ocupação da terra e problemas 36
ambientais decorrentes
2.4 Aspectos culturais e históricos  37
2.5 Ações ambientais exercidas por outras instituições 37
2.6 Potencialidades de cooperação e apoio institucional 37

3. Módulo 3 - Análise da APA 38


3.1 Fatores abióticos 38
3.1.1 Clima 39
3.1.2 Geologia, geomorfologia e solos  39
3.1.3 Aspectos espeleológicos 39
3.1.4 Hidrografia, hidrologia e limnologia 39
3.1.5 Oceanografia 40
3.1.6 Ocorrência de fogo e fenômenos 40
naturais extremos
3.2 Fatores bióticos 40
3.2.1 Vegetação 40
3.2.2 Fauna 41
3.3 Fatores socioeconômicos 42
3.3.1 Sítios históricos 42
3.3.2 Caracterização dos fatores socioeconômicos 42
3.3.3 Usos e ocupação do solo 43
3.3.4 Serviços de apoio disponíveis para a Unidade  43
de Conservação
3.4 Aspectos institucionais da APA 43
3.4.1 Recursos humanos 43
3.4.2 Infraestrutura, equipamentos e serviços 44
3.4.3 Atividades de gestão desenvolvidas 44
3.5 Problemática identificada e potencialidades 45
3.6 Análise integrada do diagnóstico 45
3.7 Declaração de Significância 45
3.8 Anexos 46
4. Módulo 4 - Zoneamento e normas 46
4.1 Objetivos da UC 46
4.2 Normas gerais da APA 46
4.3 Zoneamento da UC 47
4.3.1 Caracterização das zonas e áreas estratégicas 47
4.3.1.1 Diretrizes gerais para as zonas mais  48
comuns às APAs
4.3.1.2 Exemplos de áreas estratégicas mais  49
comuns às APAs
4.3.2 Apresentação do zoneamento 50
4.3.3 Quadros-síntese do zoneamento 51

5. Módulo 5 - Planos setoriais 52


5.1 Apresentação do planejamento 52
5.2 Estrutura do planejamento 52

6. Módulo 6 - Monitoramento e avaliação 55
6.1 Estratégia de execução 56
6.2 Avaliação da efetividade do planejamento  56
6.3 Avaliação da efetividade do zoneamento 57

Referências bibliográficas 59

Anexos 61
Anexo I - Critérios para elaboração de cartografia  61
básica e mapas temáticos
Anexo II - Ficha técnica de identificação da APA 64
Parte I - Introdução
17

1. Objetivo do Roteiro Metodológico


O Roteiro Metodológico apresentado neste trabalho tem por objetivo
difundir a metodologia a ser empregada na elaboração dos Planos de
Manejo (PMs) das Áreas de Proteção Ambiental (APAs) administradas
pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Esta publicação visa guiar
a elaboração e avaliação do PM de modo claro, objetivo e coerente com
a legislação. Como resultados, são esperados: a uniformização e padro-
nização da estrutura e conteúdo dos PMs; a elaboração de PMs de acordo
com a realidade de cada APA quanto a recursos financeiros, humanos,
tempo e capacidade de execução e implementação da unidade; e o for-
talecimento da participação social em todo o processo de elaboração do
documento e em sua implementação.

2. Áreas de Proteção Ambiental

2.1 O que são

As APAs foram criadas pela Lei Federal no 6.902/1981 como espaços onde
a instalação de indústrias e de atividades capazes de causar impactos am-
bientais ou extinguir espécies da biota nativa poderia sofrer intervenção
do Poder Executivo.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc; Lei Federal


no 9.985/2000) define Área de Proteção Ambiental como uma Unidade de
Conservação (UC) de Uso Sustentável. Essa categoria tem como objetivo
básico compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável
de parte dos seus recursos naturais. Ainda segundo o artigo 15 da Lei do
Snuc, a APA é definida da seguinte forma:

Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral


extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das popula-
ções humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversi-
dade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
18 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras pú-


blicas ou privadas.
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabele-
cidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade
privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.
§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visi-
tação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas
pelo órgão gestor da unidade.
§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário es-
tabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público, ob-
servadas as exigências e restrições legais.
§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho pre-
sidido pelo órgão responsável por sua administração e constituí-
do por representantes dos órgãos públicos, de organizações da
sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no
regulamento desta Lei.

Pode-se entender as APAs como um espaço que permite o desenvolvi-


mento econômico e social local em seu território, porém, sem perder de
vista o uso racional e sustentável dos recursos naturais e a manutenção da
qualidade de vida das populações locais. As APAs, portanto, devem atu-
ar no fortalecimento das boas práticas socioambientais e na regulação do
espaço, ordenando o crescimento e a degradação da qualidade ambiental
que acompanha esta expansão. Em resumo, uma APA visa compatibilizar,
através do ordenamento territorial, a conservação da natureza com o uso
sustentável dos recursos naturais.

2.2 APAs e a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

O Estado do Rio de Janeiro está totalmente inserido no bioma Mata


Atlântica, o que faz com que todas as unidades de conservação existentes
em seu território façam parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica
(RBMA). Reservas da biosfera são áreas de ecossistemas terrestres e/ou
marinhos reconhecidas pelo programa Man and the Biosphere (MaB), da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), como importantes, em nível mundial, para a conservação da
biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Essas áreas devem ser
19

prioritariamente usadas em experimentos e demonstrações de práticas


voltadas à preservação e conservação da natureza.

As reservas da biosfera – que são objeto do capítulo VI da Lei


do Snuc – podem ter sua área dividida conforme o zoneamento
a seguir:

• Zonas núcleo - voltadas à proteção da biodiversidade;


correspondem, na grande maioria, às áreas florestais bem
preservadas inseridas em UCs de Proteção Integral.

• Zonas de amortecimento - aquelas estabelecidas no entorno


das zonas núcleo, ou entre elas; têm por objetivos minimizar
os impactos negativos sobre esses núcleos e promover a
qualidade de vida das populações da área, especialmente as
comunidades tradicionais.

• Zonas de transição - onde os princípios básicos do desenvolvi-


mento sustentável devem ser incentivados, visando reduzir o
impacto das concentrações populacionais, estradas ou núcleos
industriais sobre os ecossistemas que se pretende proteger.

No modelo das reservas da biosfera, as APAs constam como zonas


de amortecimento, tendo como meta permitir o desenvolvimento
econômico local concomitantemente ao uso sustentável dos seus
recursos naturais.

2.3 Gestão de APAs

O processo de planejamento e gestão de APAs em terras privadas,


especialmente quando se trata da proteção de áreas relevantes por sua
biodiversidade, recursos naturais e demais atributos, implica restrições
no exercício de determinadas atividades, bem como a imposição de
limitações administrativas e de algumas obrigações a quem detém a
propriedade da terra. Esse modelo de gestão foi inspirado na figura do
Parque Natural, um tipo de área protegida compatível com a proprie-
dade privada, já existente em Portugal, Espanha, França e Alemanha
(Ibama, 2001).
20 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

As APAs, como já foi dito, têm como principal objetivo aliar o desen-
volvimento econômico local ao uso sustentável dos recursos naturais
disponíveis. Dessa forma, é essencial que os Planos de Manejo, mais do
que restringir usos, proponham novas práticas produtivas, buscando a
sustentabilidade econômica, ambiental e social. Nesse sentido, a atuação
dos órgãos ambientais não deve ser apenas restritiva. Também deve estar
focada na gestão do território, nas potencialidades locais e no incentivo
às boas práticas ambientais.

O Plano de Manejo é, portanto, um ponto-chave para a gestão dessa


categoria de UC. Nele são definidos, através do zoneamento ambiental,
grupos de áreas que, de acordo com suas características e necessidades,
constituirão zonas regidas por normas específicas, com maiores ou meno-
res restrições de uso. O zoneamento define, ainda, áreas estratégicas
que poderiam constituir bons pontos de partida para a implantação de
programas diferenciados de conservação e desenvolvimento.

A importância do ordenamento territorial para a gestão desse tipo de


UC é tal que a articulação interinstitucional se torna imprescindível
para que as ações de conservação e gestão territorial sejam efetiva-
mente executadas.

2.4 Gestão participativa

A presença de ocupação humana, propriedades privadas e atividades


econômicas em seu território tornam as áreas de proteção ambiental
bastante peculiares. Essas características representam um grande poten-
cial de conflitos, face aos propósitos de proteger a diversidade biológica
e os atributos culturais, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Com essa perspectiva, a
participação dos atores sociais na gestão da APA é fundamental para que
as estratégias de conservação e sustentabilidade tenham êxito.

Para que o planejamento da APA seja efetivado, é necessário levar em


consideração a maneira como a população percebe o espaço em que vive
e interpreta e resolve seus problemas cotidianos, pois será entendendo a
vida dessa coletividade e enfrentando as questões que ela mesma coloca
21

para si que será possível envolvê-la na proteção ambiental da região


(SMA-SP, 2004).

O Conselho Consultivo da APA deve ser representativo do poder público


e dos diversos segmentos sociais com legítimos interesses na área. Os
conselheiros devem tanto trazer contribuições e dúvidas das entidades
que representam quanto levar a seus pares o resultado dos debates trava-
dos, promovendo uma representação de fato em ambos os espaços. Esse
mecanismo tem por princípio promover a aproximação entre as intenções
dos atores e os propósitos da Unidade de Conservação, garantindo que
possíveis conflitos sejam dirimidos pelo diálogo e pela mútua colaboração.

Para que o Plano de Manejo contemple as contribuições do Conselho


Consultivo e da comunidade do entorno e do interior da APA, seu pro-
cesso de elaboração deve ser abrangente, gradativo e participativo. Isso
é essencial para que esse documento de planejamento seja efetivamente
internalizado pela população local em suas ações cotidianas, e para que
essa população assuma sua corresponsabilidade pelo uso sustentável e
pela conservação da biodiversidade. O envolvimento da comunidade
na elaboração do Plano de Manejo, portanto, é desejável e deve ser
estimulado por meio da atuação do Conselho Consultivo, da utilização
de ferramentas participativas (como oficinas, reuniões e atividades de
capacitação), pela inclusão de técnicos locais e pela valorização do saber
tradicional acumulado pelos habitantes mais antigos.

O propósito desse processo complexo é cumprir a Lei do Snuc


e atingir os objetivos da APA, ou seja, torná-la uma Unidade de
Conservação capaz de manter a qualidade de vida das populações
humanas, o uso sustentável dos recursos naturais e a proteção
da biodiversidade.
22 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

3. Plano de Manejo

3.1 Definição

De acordo com o Snuc, em seu artigo 2o, inciso XVII, o Plano de Manejo
é um:

(...) documento técnico mediante o qual, com fundamento nos


objetivos gerais de uma UC, se estabelece o seu zoneamento e as
normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessá-
rias à gestão da unidade.

Portanto, o Plano de Manejo, além de cumprir um papel técnico, tem um


caráter gerencial. Dessa forma, ele não deve ser excessivamente extenso
nem parecer um texto acadêmico, devendo conter informações claras e
concisas que orientem a gestão da UC.

3.2 Objetivos

Os principais objetivos do Plano de Manejo são:

• Propiciar o cumprimento dos objetivos da UC, conforme


sua categoria;

• Estabelecer os objetivos específicos de manejo, orientando


a gestão da UC;

• Estabelecer o ordenamento territorial a partir do zoneamento


ambiental e do planejamento;

• Incentivar a participação da sociedade no planejamento


e gestão da UC.
23

3.3 Estrutura

O Plano de Manejo é estruturado em módulos e dividido em duas fases:


diagnóstico e planejamento (Figura 1). O planejamento é feito com base
nas informações obtidas no diagnóstico. Em casos de revisão do Plano
de Manejo, é possível a atualização de alguns módulos sem que seja
necessária a revisão total do documento.

DIAGNÓSTICO PLANEJAMENTO

MÓDULO 1 - Informações gerais sobre a UC MÓDULO 1 - Zoneamento e normas


MÓDULO 2 - Análise regional MÓDULO 2 - Planos setoriais
MÓDULO 3 - Análise da UC MÓDULO 3 - Monitoramento e avaliação

Figura 1. Organização do PM
Fonte: Adaptado de Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo: par-
ques estaduais, reservas biológicas, estações ecológicas (Inea, 2010)

3.3.1 Fase de diagnóstico


Constituída de três módulos, deve fornecer um retrato da realidade em
que a APA está inserida. Por isso, prevê a obtenção de informações gerais
sobre a unidade (Módulo 1), um estudo da região (Módulo 2) e uma análise
da UC (Módulo 3). Os objetivos são levantar e analisar os fatores bióticos,
abióticos e socioculturais da localidade, identificar espécies relevantes e
alvos para a conservação, investigar as relações da UC com a comunidade,
e indicar o grau de conservação e a vocação de uso das áreas da APA.
Concluído o levantamento, todos os dados obtidos e consolidados são
usados na elaboração de um planejamento executável para a UC.

3.3.2 Fase de planejamento


Compreende os seguintes módulos: Zoneamento e Normas (Módulo
4), Planos Setoriais (Módulo 5) e Monitoramento e Avaliação (Módulo
6). Neles ficam estabelecidas as diretrizes e estratégias para a definição
do zoneamento, as normas, projetos e atividades que irão conduzir a
gestão da UC, assim como as ferramentas necessárias ao monitoramen-
to e avaliação do processo de implementação.
24 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

3.4 Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação

O Inea nomeará, por meio de instrumento administrativo interno, uma


Comissão Técnica de Acompanhamento e Avaliação (CTAA) para cada
Plano de Manejo. Esse grupo deverá acompanhar a elaboração do Plano
de Manejo e avaliar o conteúdo dos módulos, determinando se estão ou
não satisfatórios, organizando as contribuições do Conselho Consultivo
e encaminhando correções e pedidos de mudanças cabíveis à equipe
de elaboração.

3.5 Apresentação do PM

O Plano de Manejo deve ser composto de capa, contracapa, apresentação


institucional, ficha técnica, agradecimentos (opcional), folha de rosto,
sumário, apresentação do PM, módulos (1 ao 6), referências bibliográ-
ficas e anexos (ex.: mapas, ato legal de criação, cronogramas, memorial
descritivo etc.).

O documento final deverá ser apresentado em dois formatos:

1. Versão Integral (VI) - Com linguagem e abordagem técnicas,


trata de todos os pontos essenciais à implementação da UC,
objetivando atender às necessidades operacionais da institu-
ição gestora. Essa versão é disponibilizada para consulta pú-
blica na sede e no site do Inea, e também na UC contemplada
pelo PM. É imprescindível que a VI siga as normas técnicas de
apresentação da ABNT.

2. Resumo Executivo (RE) - Reúne, de forma simples e objetiva,


as principais informações do PM. No RE, a abordagem dos pon-
tos de maior interesse para a sociedade utiliza uma linguagem
acessível ao público leigo. O documento é disponibilizado na
forma impressa ou digital, sendo distribuído via internet e em
bibliotecas, prefeituras e organizações da sociedade civil.
25

3.6 A revisão do PM

O Plano de Manejo é um documento dinâmico, assim como o processo de


implementação de uma Unidade de Conservação, e deve refletir a reali-
dade existente no interior da UC. Para ser eficaz, é necessário que, perio-
dicamente, ele sofra ajustes e tenha seus programas e projetos avaliados
e revistos. A recomendação é que a revisão do Plano de Manejo aconteça
a cada cinco anos. Porém, é possível antecipá-la se o monitoramento e a
avaliação da efetividade do planejamento assim justificarem.

4. Elaboração do Plano de Manejo

4.1 Identificação das etapas do PM

Um Plano de Manejo, do início da sua elaboração até a sua conclusão,


envolve uma série de atividades. Abaixo seguem as etapas essenciais à
sua elaboração, várias das quais podem ser executadas simultaneamente:

A. Criação da CTAA;
B. Reunião técnica introdutória (organização do Plano de Trabalho);
C. Coleta e análise de dados secundários (revisão bibliográfica);
D. Análise e interpretação das imagens de satélite;
E. Reconhecimento de campo na UC (sobrevoo aconselhável);
F. Levantamentos de campo para coleta e atualização de dados;
G. Realização de oficinas participativas de diagnóstico;
H. Elaboração do diagnóstico;
I. Avaliação do diagnóstico;
J. Reuniões técnicas de planejamento (proposta preliminar);
K. Realização de oficinas participativas de planejamento;
L. Elaboração do planejamento;
M. Avaliação do planejamento;
N. Análise final, consolidação e finalização do PM.
26 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

4.2 Descrição das etapas

A. Criação da CTAA
Será de responsabilidade do Inea a nomeação da Comissão Técnica de
Acompanhamento e Avaliação do PM.

B. Reunião técnica introdutória (organização do Plano


de Trabalho)
Durante a primeira reunião técnica entre a CTAA e os responsáveis pela
elaboração do PM, as equipes contratante e contratada devem apresentar
seus membros e as funções de cada um. Em pauta, devem estar os seguin-
tes pontos:

1. Orientações gerais: nesse momento, todos os envolvidos no


processo de elaboração, acompanhamento e avaliação do PM
definem seus respectivos papéis no encaminhamento do proces-
so e são apresentados à metodologia a ser aplicada, aos atores
envolvidos e à área de abrangência da UC e, consequentemente,
do PM, devendo tudo ser devidamente registrado em ata;

2. Dados existentes: na reunião, o Inea deverá disponibilizar tudo


o que for útil à elaboração do plano, como pesquisas, imagens e
mapas, além de informações institucionais detalhadas (recursos
humanos, equipamentos, infraestrutura etc.) sobre a UC a
ser manejada;

3. Banco de dados: a estratégia a ser adotada para a formação


e consolidação dos dados que alimentarão o PM (estru-
tura, padronização, SIG, arquivos etc.) é outro aspecto do
planejamento que tem de ser definido durante a reunião
técnica introdutória.

C. Levantamento e análise de dados secundários (referências


bibliográficas)
Etapa que se caracteriza pela busca de informações bibliográficas, ima-
gens atuais e fotografias aéreas. A análise dos dados compilados permitirá
a construção do diagnóstico.
27

D. Análise e interpretação das imagens de satélite


A interpretação das imagens de satélite visa à elaboração de diferentes
mapas, conforme tratado no Anexo I (p. 61), nas escalas mais apropriadas
ao planejamento da UC, de acordo com o nível de detalhamento desejado
e a elaboração ou atualização do Banco de Dados Espaciais (BDE) do Inea.

O conjunto de informações resultante desse mapeamento constitui


insumo básico para a obtenção de um diagnóstico pormenorizado das
características da paisagem.

As especificações técnicas dos dados espaciais (metadados, parâmetros


de projeção, padrão de exatidão cartográfica, legenda para mapeamentos
temáticos etc.) serão fornecidas pela Gerência de Geoprocessamento e
Estudos Ambientais (Geopea/Dimfis/Inea), assim como as demais ori-
entações necessárias.

Em relação às imagens de satélite, serão utilizadas para análise apenas


as mais adequadas ao estudo em questão, levando-se em conta as carac-
terísticas da área e os dados que se deseja extrair das mesmas. Os registros
serão interpretados visando à elaboração de mapas com detalhes sobre
a caracterização:

• Da cobertura vegetal;
• Do uso e ocupação do solo;
• Do relevo;
• Dos corpos hídricos.

E. Reconhecimento de campo da UC
É no reconhecimento de campo que começa a haver um envolvimento
da população na elaboração do PM, pois, nessa etapa, os membros da
equipe responsável pelo plano dirigem-se à região da UC e, com a equipe
da unidade, iniciam os contatos com as comunidades locais.

Nessa etapa também começam a mobilização de atores sociais para as


oficinas participativas e o agendamento de reuniões e encontros com o
Conselho Consultivo, com a sociedade civil organizada, com as lideranças
locais e com instituições regionais representativas que possam colaborar
de forma direta ou indireta para a elaboração do PM. É o momento de
identificar os representantes que participarão das oficinas participativas a
28 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

serem realizadas. Faz-se necessário, portanto, o agendamento de reuniões


com os representantes de cada uma das prefeituras inseridas nos limites
da APA, visando não só a comunicação oficial à municipalidade local de
que o plano está se iniciando, como também o estreitamento dos laços
com os técnicos dos municípios e o aumento da troca de informações.

Nessas reuniões com as prefeituras é fundamental a obtenção do Plano


Diretor de cada município, bem como dos planos e programas de governo
(esferas federal, estadual e municipal) em andamento e que sejam rele-
vantes para o desenvolvimento dos trabalhos.

F. Levantamento de campo
Esse trabalho deve ter o acompanhamento de pelo menos um técnico da
Unidade de Conservação, que auxiliará a equipe de elaboração do PM na
localização de acessos às áreas de estudo, propriedades, trilhas etc.

Os levantamentos de campo para coleta dos dados primários, quando


exigidos em Termo de Referência, deverão buscar informações que
atendam ao conteúdo mínimo a ser apresentado no Módulo 3, conforme
indicado neste roteiro.

Nos levantamentos de campo, devem ser observados e analisados os


seguintes fatores:

• A visão da UC pelas comunidades locais;

• As atividades geradoras de impactos positivos e negativos


na unidade;

• Os pontos fortes e fracos das atividades sob o ponto de vista


dos servidores lotados na UC e nas respectivas superintendên-
cias regionais;

• A elaboração, sempre que possível, de mapas falados nas


reuniões locais, como subsídio para as demais etapas.

G. Realização de oficinas participativas de diagnóstico


Oficinas participativas de diagnóstico partem do princípio que os atores
sociais locais dispõem de uma ampla gama de conhecimentos técnicos
e sociais que poderiam ser utilizados no embasamento de um processo
29

de desenvolvimento eficaz. Os participantes dessas oficinas devem ser


representantes da unidade, das comunidades da UC, da sociedade civil
organizada, de instituições governamentais e de ensino, do setor empre-
sarial, do Conselho Consultivo, bem como do próprio Inea.

Por terem sido concebidas sobre uma metodologia participativa, essas


oficinas deverão evidenciar fatores internos (pontos fortes e fracos) e
externos (oportunidades e ameaças), objetivando dar à equipe de plane-
jamento uma noção da visão e das expectativas da sociedade local em
relação à UC.

Dessa forma, fica assegurado que a elaboração do PM contará com


informações baseadas na vivência e nas experiências dos mais diversos
segmentos da sociedade civil local e regional.

As oficinas deverão ser conduzidas de modo a trazer respostas para


questões como as apresentadas a seguir, considerando também a espa-
cialização dessas no território da APA:

Como a população percebe o território?


Aspectos positivos e negativos sobre:

• Recursos naturais (biodiversidade, água, clima...);


• Poder público (prefeitura, instrumentos reguladores...);
• Aspectos sociais (geração de renda, aspectos culturais...).

Como a população percebe a APA?


Aspectos positivos e negativos sobre:

• Recursos naturais (biodiversidade, água, clima...);


• Poder público (órgão gestor, prefeitura, instrumentos
reguladores...);
• Aspectos sociais (geração de renda, aspectos culturais...).
Dependendo da dimensão e complexidade da APA, podem ser necessári-
as duas ou mais oficinas para que a população das diversas localidades
existentes na unidade seja ouvida.

É importante que as oficinas aconteçam numa etapa intermediária da fase


de diagnóstico, possibilitando a análise coerente e integrada dos dados e,
30 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

consequentemente, oferecendo um subsídio consistente ao planejamento.


Como resultados, elas gerarão relatórios que serão apresentados anexos
ao Módulo 3.

H. Elaboração do diagnóstico
A elaboração dos três módulos de diagnóstico (Módulo 1 - Informações
Gerais sobre a UC; Módulo 2 - Análise Regional; e Módulo 3 - Análise da
UC) será baseada nas informações obtidas nas etapas descritas até aqui.
Antes do uso desses dados, porém, é preciso avaliar como eles poderão
subsidiar as propostas de gestão e planejamento da APA. A descrição de
cada módulo pode ser encontrada mais adiante neste roteiro.

I. Avaliação dos módulos de diagnóstico


Conforme o cronograma aprovado no Plano de Trabalho, os módulos
1, 2 e 3 deverão ser enviados separadamente à CTAA, que também irá
encaminhá-los ao Conselho Consultivo. A análise, adequação e posterior
aprovação dos módulos serão feitas pela CTAA, conforme a entrega dos
volumes. As contribuições do Conselho Consultivo serão consideradas se
encaminhadas em tempo hábil para a versão final do módulo. Em caso
de desrespeito ao prazo estabelecido, poderão ser incluídas na redação
final do PM.

J. Reuniões técnicas de planejamento


A elaboração, tanto do zoneamento quando dos planos setoriais, é uma
etapa importante do PM, e deve ter grande participação da CTAA. Dessa
maneira, serão necessárias várias reuniões técnicas entre a Comissão
Técnica e a equipe de elaboração do PM para que o planejamento siga
as diretrizes estabelecidas para a UC e seja possível preparar uma versão
preliminar do zoneamento.

K. Oficinas participativas de zoneamento e planejamento


Estas oficinas têm dois objetivos: apresentar a proposta de zonea-
mento e de estruturação do planejamento ao Conselho Consultivo e à
comunidade, e obter contribuições desses dois interlocutores.

Dependendo da dimensão e complexidade da APA, poderão ser necessá-


rias duas ou mais oficinas para que a população das diversas localidades
existentes na UC seja ouvida de forma satisfatória e representativa.
31

A proposta levada para as oficinas deverá ser previamente discutida


com a CTAA, possibilitando sua adequação às diretrizes do Inea para
a gestão de APAs. Após a aprovação pela CTAA, a proposta deverá ser
enviada aos participantes da oficina antes da sua realização.

L. Elaboração do planejamento
A elaboração dos módulos de planejamento (Módulo 4 - Zoneamento
e Normas; Módulo 5 - Planos Setoriais; e Módulo 6 - Monitoramento e
Avaliação) será baseada nas informações obtidas no diagnóstico e nas
oficinas participativas, que deverão subsidiar um planejamento para a
gestão eficiente da Unidade de Conservação.

A estruturação do planejamento visa, principalmente, à definição dos


planos setoriais e, dentro de cada um destes, à identificação clara dos
seus objetivos, executores e parceiros, devendo ser sucinta.

M. Avaliação do planejamento
Conforme o cronograma aprovado no plano de trabalho, os módulos 4, 5
e 6 (analogamente aos módulos 1, 2 e 3) deverão ser enviados individual-
mente à CTAA, que também irá encaminhá-los ao Conselho Consultivo.
A análise, adequação e posterior aprovação desses módulos serão feitas
pela CTAA. As contribuições do Conselho Consultivo serão considera-
das se encaminhadas em tempo hábil para a versão final do módulo ou
para a aprovação final do PM. A avaliação se dará conforme a entrega
dos módulos.

N. Análise final, consolidação e finalização do PM


A última avaliação técnica consiste na leitura de todo o PM (versão
integral e resumo executivo), acertos finais e atualização de dados que
tenham ficado defasados ao longo da elaboração do plano, bem como
possível inclusão de contribuições do Conselho Consultivo. Uma vez
realizadas as últimas alterações cabíveis, procede-se à aprovação técnica
final e ao encaminhamento do Plano de Manejo ao Conselho Diretor do
Inea para última aprovação e posterior publicação no DOERJ.
Parte II - Conteúdo do
Plano de Manejo
35

1. Módulo 1 - Informações gerais sobre a APA


Este módulo deve apresentar a APA, expondo suas características de
forma objetiva. O conteúdo mínimo deverá incluir:

1.1 Localização e vias de acesso

Texto e mapa deverão informar a localização da APA , situando-a no


Estado e município(s), e identificando as principais vias de acesso.

1.2 Ficha técnica da Unidade de Conservação

A ficha técnica tem como objetivo apresentar de forma concisa e padro-


nizada os dados da APA, de modo a facilitar a consulta a essas infor-
mações. É utilizada para atualização do Cadastro Nacional de Unidades
de Conservação (Cnuc) e segue o modelo apresentado no Anexo II (p. 64).

1.3 Histórico, antecedentes legais e justificativa de criação

O histórico da Unidade de Conservação deve revelar o uso anterior das


suas terras, os motivos que justificaram sua criação e as razões do seu
enquadramento como APA. Também deverá abordar, de forma resumida,
a situação da área desde a sua criação, incluindo conquistas e conflitos.

1.4 Origem do nome da UC

Informa a origem e o significado do nome da UC, o que ajuda na com-


preensão de aspectos históricos e culturais da Unidade de Conservação.

2. Módulo 2 - Análise regional


Este módulo deverá apresentar a realidade dos municípios em que a APA
está inserida, as potenciais parcerias institucionais e serviços de apoio,
as atividades econômicas e mudanças no uso e ocupação do solo, bem
como possibilidades de conectividade com outras UCs. O planejamento
36 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

dos municípios para a área da APA, conforme seus planos diretores,


é outro item a ser considerado.

2.1 Descrição geocartográfica

Identifica os municípios abrangidos pela UC. A apresentação é feita


por meio de mapas ilustrativos em que constem malha viária primária,
rede hidrográfica, UCs federais, estaduais e municipais, RPPNs e,
ainda, assentamentos rurais e urbanos, comunidades tradicionais,
terras indígenas, grandes projetos de infraestrutura e outros aspectos
julgados relevantes.

A descrição deve mostrar como a UC está inserida no espaço territorial


do Estado, informar a área da unidade e classificar os ambientes naturais
que ela abrange. É obrigatório, ainda, indicar o percentual de área da
APA que cada município detém, e também qual o percentual do território
de cada município encontra-se coberto pela APA.

2.2 Contextualização municipal

Aponta a localização da APA dentro dos municípios e como seu território


é reconhecido pelos seus respectivos planos diretores e outros instrumen-
tos normativos, Agenda 21 etc.

2.3 Uso e ocupação da terra e problemas ambientais


decorrentes

Identifica brevemente as principais atividades econômicas (agrícolas,


pecuárias, minerais, industriais, pesqueiras, turísticas, imobiliárias etc) de-
senvolvidas na APA, suas tendências, os impactos ambientais decorrentes,
bem como empreendimentos de infraestrutura previstos na região (estradas,
pequenas centrais hidrelétricas etc).

Também prevê um levantamento dos planos e programas federais,


estaduais e municipais pertinentes.
37

2.4 Aspectos culturais e históricos

Apresentam informações resumidas sobre a colonização da região, sua


história recente e suas manifestações culturais (valores folclóricos e reli-
giosos, música, teatro, literatura, gastronomia), bem como formas de usos
tradicionais dos recursos naturais.

2.5 Ações ambientais exercidas por outras instituições

Descrevem as atividades na área de meio ambiente que outras institu-


ições – governamentais e não governamentais – desenvolvem na APA a
ser gerida, como campanhas educativas e programas de coleta seletiva
de lixo.

O item também aponta as UCs cujos limites se sobrepõem aos da APA e


aquelas que coexistem em seu entorno. Além disso, deve descrever breve-
mente os mosaicos de UCs dos quais a APA faz parte ou poderia fazer.

Outra exigência é a elaboração de uma tabela (Quadro 1) indicando to-


das as UCs em nível federal, estadual e municipal localizadas na região
da APA.

Quadro 1 – Unidades de Conservação do entorno


Inserção Plano
Ato de Área Órgão Município(s)
Item UC em de
criação (ha) gestor abrangido(s)
mosaico Manejo
1
2
3
n

2.6 Potencialidades de cooperação e apoio institucional

Indicam, sob dois diferentes enfoques (ambiental e institucional), as possi-


bilidades reais e potenciais que a APA terá, em curto, médio e longo prazos,
38 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

de estabelecer parcerias municipais, estaduais ou federais para sua gestão


e, com isso, ampliar a efetividade da proteção da sua biodiversidade e a
conectividade com outras UCs.

Para isso, é preciso fazer um levantamento dos processos que tratam de


parcerias, quando existentes; identificar e qualificar os parceiros institucio-
nais, públicos e privados; e descrever as atividades implementadas e os
projetos e programas de cooperação (objetivos, metas, plano de atividades,
recursos envolvidos, duração etc).

3. Módulo 3 - Análise da APA

Este módulo é dedicado ao diagnóstico dos fatores abióticos, bióticos e


socioeconômicos existentes na APA. Além de trazer mapas temáticos,
deve abordar as atividades econômicas desenvolvidas no interior da
unidade, tratar do uso e da ocupação do solo, e identificar tendências no
que se refere à utilização da área e dos seus recursos naturais.

Os tópicos, descritos a seguir, deverão apresentar uma análise conclusiva e


individualizada de cada fator, caracterizando a influência deles na área de
abrangência da APA, e não se restringir apenas à apresentação dos dados.

3.1 Fatores abióticos

3.1.1 Clima

Apresenta o regime de precipitação, temperatura, ventos, umidade,


sazonalidade climática e outras informações, conforme a disponibilidade
e a importância delas para o manejo da UC.

É obrigatória, ainda, a localização, por meio de coordenadas geográficas,


das estações meteorológicas existentes na UC e próximas a ela.

Quando existir estação meteorológica na UC, é necessário registrar os


dados coletados, ainda que estes não constituam uma série histórica.
39

3.1.2 Geologia, geomorfologia e solos


Além de descreverem sucintamente a evolução geológica, o tipo de relevo
predominante e as cotas de altitude existentes na Unidade de Conservação,
apresentam as principais unidades pedológicas na região, a morfologia dos
solos presentes na UC, a suscetibilidade deles à erosão e os usos minerários
ocorrentes na APA.

As informações geradas têm de ser apresentadas em mapas temáticos (in-


cluindo mapas topográficos) na escala apropriada ao nível de detalhamen-
to desejado e à representação adequada. Para isso, é importante observar
as escalas de mapeamento disponíveis e adaptá-las ao mapeamento para
a APA, sem esquecer que as bases utilizadas deverão ser as mais detalha-
das e atualizadas, e seguir as orientações da Geopea/Dimfis/Inea.

3.1.3 Aspectos espeleológicos


Relacionam as cavidades naturais subterrâneas (cavernas, grutas, lapas,
furnas, abrigos sob rocha, abismos etc.) encontradas na APA, informan-
do: nomes pelas quais são conhecidas, localização (região, fazenda, serra,
rio etc.), estado geral de conservação e existência ou não de visitação
(eventual ou frequente) ou de outros usos pela população local (abrigo,
depósito, local de manifestação folclórica ou religiosa etc.). É obrigatória
a apresentação de croquis das áreas encontradas.

3.1.4 Hidrografia, hidrologia e limnologia


Apontam as regiões hidrográficas e bacias abrangidas pela UC, o estado
de conservação delas e os principais cursos d’água e nascentes, dando
enfoque ao regime das águas (cheias e vazantes) e aos aquíferos e seus
mecanismos de recarga.

Além disso, citam os lagos, lagoas, brejos e/ou banhados, identificando


sua importância e conexão com outros ambientes lênticos e/ou lóticos, e
descrevem os principais aspectos do uso e qualidade da água e a condição
geral das margens, em termos de retificação, canalização e mata ciliar.

Na elaboração do mapa temático correspondente, deve-se observar se a


UC fica em área com mapeamentos em escala mais detalhada. Em casos
40 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

específicos, pode ser necessário atualizar a rede de drenagem a partir de


imagens de satélite.

3.1.5 Oceanografia
Item inserido quando a APA apresenta porção marinha. O mapa temáti-
co correspondente deve reunir: informações sobre o relevo marinho,
aspectos da dinâmica da água (incluindo circulação marinha ou costeira),
principais características físicas e químicas da água e as rotas de trans-
porte marítimo.

3.1.6 Ocorrência de fogo e fenômenos naturais extremos


Quando for relevante para a área, o PM deve apresentar o histórico da
ocorrência de incêndios e de fenômenos naturais extremos (deslizamen-
tos, enchentes, trombas d’água etc.) registrados na APA. Os períodos de
maior risco, assim como as áreas mais suscetíveis a essas ocorrências, os
procedimentos adotados para controlá-las e a falta ou disponibilidade de
apoio para combatê-las, também devem ser indicados.

Já o mapa temático deve incluir as áreas de risco, as áreas de incên-


dios recorrentes e os pontos e coordenadas para captação de água
por helicópteros.

3.2 Fatores bióticos

A identificação dos fatores bióticos de uma área protegida é feita a partir


de levantamentos florísticos e faunísticos que indiquem quais espécies
são consideradas representativas, abundantes, raras, endêmicas, ameaça-
das de extinção, exóticas e invasoras. Para tanto, deve-se considerar tanto
as espécies de ambientes terrestres quanto as de ambientes aquáticos,
inclusive marinhos, quando for o caso.

3.2.1 Vegetação
A vegetação ocorrente na APA deve ser caracterizada distinguindo-se as
fitofisionomias gerais e seu estágio sucessional, conforme a classificação da
vegetação brasileira estabelecida pelo IBGE.
41

Durante o levantamento, aconselha-se verificar se há registros históricos


que fazem menção à diminuição ou desaparecimento de espécies dentro
da Unidade de Conservação, bem como motivos aos quais essas mu-
danças poderiam ser atribuídas.

Outra sugestão é identificar espécies ou grupos alvos de coleta, comer-


cialização irregular ou exploração de essências e princípios ativos, bem
como aquelas com possibilidade de manejo sustentável.

Recomenda-se, ainda, a verificação em campo a partir dos dados se-


cundários levantados.

As referências para definição das classes são o Manual Técnico da


Vegetação Brasileira (IBGE, 2012), o Manual Técnico do Uso da Terra (IBGE,
2006) e a Resolução Conama no 06/94. Devido às peculiaridades da
região, pode ser necessária a inclusão de outras classes. A vegetação
de restinga, por sua vez, deverá seguir a classificação estabelecida pelo
Decreto Estadual no 41.612, de 23 de dezembro de 2008, que dispõe
sobre a definição de restingas no Estado do Rio de Janeiro e estabelece a
tipologia e a caracterização ambiental desse tipo de vegetação.

3.2.2 Fauna

Identifica as espécies de vertebrados e invertebrados que ocorrem na


área e descreve sua classificação, segundo seu status de conservação
e endemismo.

Durante o levantamento, aconselha-se verificar se há registros históricos


que façam menção à diminuição ou desaparecimento de espécies dentro
da Unidade de Conservação, bem como os motivos aos quais essas mu-
danças poderiam ser atribuídas.

Outra sugestão é identificar espécies ou grupos alvos de caça


e tráfico de animais, bem como aquelas com possibilidade de
manejo sustentável.

Espécies que se destacam ou que possam favorecer uma campanha de


comunicação devem ter uma descrição maior, inclusive do seu manejo,
quando necessário.
42 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

Recomenda-se, ainda, a verificação em campo a partir dos dados se-


cundários levantados.

3.3 Fatores socioeconômicos

3.3.1 Sítios históricos


Informam a localização de sítios arqueológicos (com artefatos de cerâmi-
ca, pedra, pontas de flecha, ossos, instrumentos como machados, pinturas
ou gravuras antigas nas paredes, sambaquis etc.), paleontológicos (com
ossos, dentes, conchas presas nas rochas etc.) e históricos (com construções
coloniais, antigas senzalas etc.).

Quando existentes, deve-se relacionar os aspectos paleontológicos e/ou


arqueológicos com uma avaliação de sua importância científica, histórica
e cultural.

3.3.2 Caracterização dos fatores socioeconômicos


De modo geral, o tópico destaca as particularidades das populações
da APA, as atividades econômicas na localidade e as consequências ou
efeitos negativos dessas atividades sobre a UC, reunindo, também, infor-
mações obtidas nas oficinas participativas de diagnóstico.

Especificamente, aponta a distribuição rural/urbana e os fluxos mi-


gratórios, levando em conta a dinâmica populacional na região; regis-
tra tendências e vetores de crescimento dos núcleos populacionais e
das mudanças de uso e ocupação do solo; avalia o saneamento básico
e o grau de escolaridade, citando informações sobre atividades de
educação ambiental nas escolas; traça o perfil socioeconômico da região,
considerando os dados mais recentes do censo demográfico do IBGE e
destacando indicadores como faixa etária, gênero e renda; examina a
relação da comunidade com a APA; e indica as organizações, associações
e/ou cooperativas que atuam na UC, incluindo dados para contato.

Uma vez reunidas, as informações devem ser apresentadas na forma de


quadros ou mapas que sintetizem os aspectos populacionais e utilizem os
setores censitários como unidade de análise.
43

No caso de APAs marinhas e costeiras, é preciso, ainda, verificar os efeitos


das atividades executadas na região e daquelas que, sob a influência de
correntes marinhas, poderiam impactar a UC, como a dragagem, pesca e
exploração de petróleo em alto mar.

3.3.3 Uso e ocupação do solo


Item dedicado aos diferentes usos e formas de ocupação do solo e no
qual são apontadas tanto formações naturais quanto áreas antropizadas,
áreas de risco e áreas de remanescentes naturais. Além de identificar as
mudanças no uso do solo registradas na APA, inclui um mapa temático
com as representações das diferentes formas de utilização e ocupação do
solo local, conforme os critérios e parâmetros apresentados no item 3.2.1
(p. 40) e no Anexo I (p. 61).

3.3.4 Serviços de apoio disponíveis para a Unidade


de Conservação
Apresentam a disponibilidade de serviços como prontos-socorros, hos-
pitais, redes de apoio (oficinas mecânicas, bancos e postos de combus-
tível, dentre outros), segurança pública, fornecimento de energia elétrica,
transporte, correios etc.

3.4 Aspectos institucionais da APA

3.4.1 Recursos humanos


As informações referentes ao pessoal lotado na APA devem ser atualiza-
das e abranger: número total, tempo de serviço, cargo, função e níveis de
qualificação e capacitação dos funcionários.

É indispensável, ainda, apresentar um perfil sucinto do responsável pela


APA, considerando seu nível de qualificação, capacitação e experiência;
relacionar o pessoal contratado ou que foi cedido por outras instituições,
não esquecendo de incluir suas atribuições; identificar o tipo de trabalho
que estagiários ou voluntários podem realizar na APA; e preencher um
formulário (Quadro 2) referente aos recursos humanos existentes na
Unidade de Conservação.
44 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

Quadro 2 – Formulário dos recursos humanos disponíveis na APA

Vínculo

Escolaridade
Quantidade

Instituição

Função
Nome

Cargo
GO

VO
CC

PA
TE
1

n
GO – servidor do estado; CC – cargo comissionado; TE – terceirizado;
PA – parceria; VO – voluntário

3.4.2 Infraestrutura, equipamentos e serviços


Indicam a infraestrutura e principais equipamentos da APA, incluindo a
localização georreferenciada e o estado de conservação das edificações e
dos acervos cultural, histórico e científico disponíveis.

Se a UC possuir sinalização, esta deve ter sua efetividade, propriedade,


suficiência e estado de conservação avaliados.

Outra exigência é a identificação em mapa das estradas existentes, com


detalhes sobre estado de conservação, tipo de pavimentação, utilização e
necessidade de permanência ou interdição, e a indicação das formas de
acesso a pontos estratégicos da UC.

3.4.3 Atividades de gestão desenvolvidas


Todas as atividades de gestão já implementadas pela UC e a forma como
são desenvolvidas (parcerias, apoios, frequência etc.) devem ser levadas
em consideração na elaboração do PM. O diagnóstico de algumas dessas
atividades ou de outras diretamente relacionadas à UC, como fiscalização,
45

pesquisa científica e educação ambiental, subsidiará os programas espe-


cíficos que serão apresentados no Módulo 5.

3.5 Problemática identificada e potencialidades

Todo Plano de Manejo deve identificar os fatores e forças que mais limitam
e restringem a correta gestão da UC, assim como as necessidades e dificul-
dades da APA relacionadas a tópicos anteriores que deveriam ser sanadas
para permitir a consolidação do PM.

Por essa razão, tanto as potencialidades quanto os conflitos existentes na


UC a ser gerida devem ser apresentados num mapa temático. No caso
das potencialidades, ao descrevê-las é preciso dar detalhes de como elas
ajudariam a APA a alcançar seus objetivos e dos recursos necessários
para explorá-las.

3.6 Análise integrada do diagnóstico

A análise integrada dos atributos dos meios físico e biótico da UC deverá


ser feita com base nos dados levantados, na análise de imagens de satélite
e nos elementos obtidos nos trabalhos de campo. As informações coletadas
deverão ser integradas de maneira que se obtenha a análise da UC como
um todo. A análise integrada tem como objetivos estabelecer a relação
entre fauna, flora e meio físico a partir dos dados levantados e relacionar a
ocupação humana atual com as condições ambientais diagnosticadas.

3.7 Declaração de Significância

Com base nos conhecimentos adquiridos, a Declaração de Significância


apresenta uma análise da APA com relação à raridade, representati-
vidade, grau de ameaça, importância ecológica e exclusividade, entre
outros parâmetros referentes à fauna, flora, ecossistemas e aspectos geo-
morfológicos, espeleológicos, culturais, antropológicos, arqueológicos,
históricos, paleontológicos, oceanográficos e paisagísticos.
46 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

3.8 Anexos

Devem constar como anexos do Módulo 3:

• Lista de espécies da flora;


• Lista de espécies da fauna;
• Mapas temáticos;
• Relatórios das oficinas participativas do diagnóstico, contendo
fotografias e nomes dos participantes;
• Resumo de séries históricas de dados meteorológicos, ocea-
nográficos, hidrológicos e outros que apresentem relevância e
representatividade para o processo de planejamento.

4. Módulo 4 - Zoneamento e normas


O Módulo 4 é o primeiro módulo que trata do planejamento da UC. Nele
serão apresentados os objetivos específicos da APA, suas normas gerais,
seu zoneamento, as normas específicas para cada zona, bem como o
resultado das oficinas participativas.

4.1 Objetivos da UC

Devem ser enumerados no PM tanto os objetivos da APA determinados


em seu ato de criação quanto os específicos, determinados após a etapa
de diagnóstico. Esses objetivos servirão de base para a elaboração e
execução dos planos setoriais (Módulo 5).

4.2 Normas gerais da APA

Abrangem as normas que valerão para toda a APA, independentemente


do zoneamento. É importante que essas normas se harmonizem com o
Slam e abordem assuntos relevantes dentro da realidade local. Como as
APAs são UCs que permitem o uso direto dos seus recursos naturais,
as normas estabelecidas deverão visar à mitigação de impactos nega-
tivos e ameaças identificadas, tendo em mente que tudo que não for
47

vedado pelo Plano de Manejo é permitido, desde que de acordo com as


demais legislações.

4.3 Zoneamento da UC

O zoneamento é conceituado pela Lei n° 9.985/2000 como a “definição de


setores ou zonas em uma UC com objetivos de manejo e normas especí-
ficas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que
todos os objetivos da Unidade de Conservação possam ser alcançados de
forma harmônica e eficaz”. Além de constituir uma importante ferramen-
ta para agilizar o processo de licenciamento e a fiscalização, ele direciona a
implantação de empreendimentos e orienta moradores e usuários quanto
à apropriação dos atributos naturais de uma UC (SMA-SP, 2004).

O zoneamento deve, ainda, caracterizar os setores conforme sua vocação


ambiental, definir os limites geográficos de cada zona e estabelecer as
normas para o uso e ocupação do território, sempre de forma compatível
com o Plano Diretor dos municípios.

É importante lembrar que as zonas são sempre formadas por espaços


contínuos que apresentam similaridade no uso e ocupação do solo.

Os critérios para definição das zonas e seus limites devem ser claros e
aquelas devem possuir memorial descritivo. A criação de várias zonas
diminutas ou de zonas extremamente grandes como forma de facilitar
a operacionalização dos programas para gestão da UC deve ser evitada
ao máximo.

Dentro das zonas podem existir, ainda, áreas com extensão reduzida
e condições ecológicas, culturais e socioeconômicas peculiares e/ou
vocações que justifiquem um planejamento específico. Esses setores são
chamados de áreas estratégicas.

4.3.1 Caracterização das zonas e áreas estratégicas


Geralmente, encontramos os seguintes tipos de zona numa APA:
Zona de Preservação (ZP), Zona de Conservação (ZC), Zona de Uso
Agropecuário (ZUAP), Zona de Ocupação Controlada (ZOC) e Zona
de Ocupação Controlada Industrial (ZOCI). No entanto, é possível que
48 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

uma área protegida tenha outras zonas (Zona de Interesse Turístico -


ZIT; Zona de Ocupação Restrita - ZOR etc.) e que estas variem ou
sejam criadas de acordo com a realidade de cada APA.

Vale destacar que uma mesma tipologia de zona pode ser dividida em
dois ou mais segmentos ou polígonos, que deverão ser identificados
pela sigla da zona e sua numeração (ZP-01, ZOC-03 etc). As normas,
por sua vez, poderão variar entre segmentos de uma mesma zona, em
função de especificidades observadas no diagnóstico.

As áreas estratégicas, por terem características específicas, serão ob-


jeto de ações de gestão diferenciadas, inseridas em planos setoriais pri-
oritários à sua gestão. Essas áreas não precisam apresentar memorial
descritivo e podem ocorrer em qualquer tipo de zona.

4.3.1.1 Diretrizes gerais para as zonas mais comuns às APAs


Zona de Preservação (ZP)
É aquela onde ocorrem ambientes com alto grau de conservação e onde
não deve ser permitido o uso direto dos recursos naturais. Caso haja
sobreposição entre o território de uma APA e o de uma UC de Proteção
Integral, este local deverá ser enquadrado como Zona de Preservação.
Quando se tratar de UC de Proteção Integral que tenha área reduzida,
como é comum em RPPNs e UCs municipais, elas só serão consideradas
Zonas de Preservação se isto não tornar o zoneamento muito complexo,
cabendo avaliação caso a caso. Ainda que estas UCs de Proteção Integral
se enquadrem em outra zona da APA que não a de preservação, as regras
dela irão prevalecer às normas da APA. Locais legalmente definidos
como Áreas de Preservação Permanente (APPs), de grande extensão e
em bom estado de conservação também podem ser consideradas Zonas
de Preservação.

Nas ZPs, é vedado o parcelamento do solo, bem como novas construções


ou a ampliação das já existentes, com exceção daquelas que sirvam à
administração e funcionamento da UC.

Zona de Conservação (ZC)


Destinada à conservação dos ecossistemas remanescentes. Possui
potencial para recuperação ou regeneração futura, admitindo uso
49

direto – especialmente aquele voltado a fins turísticos, educacionais e


recreativos –, assim como atividades de baixo impacto ambiental, como
produção de mudas. Funciona principalmente como transição entre a
Zona de Preservação e as zonas que permitem o uso mais intensivo dos
recursos naturais.

Zona de Uso Agropecuário (ZUAP)


Engloba, como o seu nome sugere, as áreas destinadas ao uso
agropecuário. Para esta zona é desejável a elaboração de programas
que minimizem os impactos negativos (empobrecimento do solo por
queimadas e uso de agrotóxicos etc.) dessas atividades no médio e
longo prazo e estimulem a adequação do uso da terra e práticas ambi-
entalmente sustentáveis.

Zona de Ocupação Controlada (ZOC)


Aplica-se aos núcleos urbanos consolidados dentro de APAs. Os limites,
as atividades permitidas e a taxa de ocupação previstos para esta zona
terão como principal guia o Plano Diretor municipal que incidir sobre ela.

Zona de Ocupação Controlada Industrial (ZOCI)


Abrange as áreas destinadas ao uso industrial. Para essa zona é desejável
a elaboração de programas que minimizem os impactos negativos dessas
atividades no médio e longo prazo e estimulem a compatibilização de
processos industriais com práticas ambientalmente sustentáveis.

4.3.1.2 Exemplos de áreas estratégicas mais comuns às APAs


Área de Interesse Turístico (AIT)
Refere-se a locais de uso turístico consolidado em áreas naturais ou pou-
co alteradas pelo homem, nas quais o ambiente deve ser mantido o mais
próximo possível do natural. O objetivo básico do manejo é facilitar a
recreação e a educação ambiental.

Área de Recuperação (AR)


É toda área que demanda intervenções para ser recuperada. Pode ser
estabelecida para minimizar riscos de eventos geológicos catastróficos,
conectar fragmentos florestais ou recuperar a vegetação da APP, entre
outros objetivos. Em caso de espécies exóticas na AR, elas deverão ser
50 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

progressivamente removidas. Já a recuperação dos sistemas ecológicos


pode ser natural ou induzida.

Área Histórico-Cultural (AHC)


Possui bens materiais ou imateriais de interesse histórico ou cultural.
Destina-se à proteção das amostras do patrimônio histórico, cultural,
religioso e arqueológico encontradas nas APAs, servindo à pesquisa,
educação e uso científico.

Área de Uso Conflitante (AUC)


Aplica-se a espaços cujos usos e finalidades não são coerentes com a
conservação da natureza e demandam especial atenção, como áreas
com atividades industriais que não apresentem grande extensão, áreas
com ocupação irregular ou aquelas onde ocorram conflitos legais pelo
uso do solo. Também podem ser consideradas Áreas de Uso Conflitante
aquelas onde ocorrem atividades potencialmente causadoras de degra-
dação ambiental de difícil mitigação.

4.3.2 Apresentação do zoneamento

Deverão ser seguidas as seguintes orientações para a apresentação


do zoneamento:

• Elaborar mapa do zoneamento, seguindo a orientação car-


tográfica apresentada no Anexo I (p. 61) deste roteiro;
• Apresentar, para cada zona estabelecida, os seguintes itens:
nome, localização, área em hectares e sua porcentagem em
relação ao território da APA, além de normas específicas. Essas
normas deverão tratar de questões e situações específicas
daquela determinada zona, buscando, também, minimizar,
resolver e/ou mitigar impactos;
• Apresentar, após a aprovação do zoneamento pelo Inea, o
memorial descritivo das zonas.
Cada área estratégica definida será mapeada e detalhada com os seguin-
tes itens: justificativa, localização geográfica, inserção no zoneamento,
descrição e indicação de programas com atuação específica, se houver.
51

4.3.3 Quadros-síntese do zoneamento


É imprescindível que a apresentação do zoneamento seja acompanhada
por tabelas (Quadros 3 e 4) com informações resumidas sobre as princi-
pais características de cada zona/área – ou de seus segmentos, se ocor-
rerem –, como fatores bióticos e abióticos de destaque, usos conflitantes
e permitidos etc.
Quadro 3 – Quadro-síntese das zonas

Critérios de Normas Programas


Zonas Localização
zoneamento específicas prioritários

Quadro 4 – Quadro-síntese das áreas estratégicas


Programas
Áreas estratégicas Localização Justificativa
prioritários

Outra exigência é a apresentação de uma tabela (Quadro 5) que mostre a


área de cada zona, seus segmentos em hectares e a porcentagem daquelas
em relação ao território total da APA.
Quadro 5 – Distribuição de área por zonas
Zona Área (ha) % do total da APA
ZP
ZC
(soma da ZUAP 1
ZUAP
e ZUAP2)
ZUAP 1
ZUAP 2
ZOC
52 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

5. Módulo 5 - Planos setoriais

Este módulo apresenta o planejamento da APA. Nele são descritos os


planos setoriais (conjunto de ações referentes a temas específicos), os
programas que os compõem e as atividades a serem realizadas. Todos
os planos setoriais e programas devem buscar o alcance dos objetivos
da APA, já determinados no Módulo 4. É imprescindível que sejam
elaboradas atividades e programas que tenham como foco os pontos
fracos ou ameaças sinalizados durante as oficinas participativas e que
foram consideradas prioritários.

5.1 Apresentação do planejamento

Os planos setoriais e seus programas deverão apresentar objetivos inte-


grados ao conjunto de objetivos da APA, determinados no Módulo 4.
Na apresentação, deve ficar claro de que forma os objetivos dos planos e
programas contribuem para que os objetivos da unidade sejam alcançados.

5.2 Estrutura do planejamento

Os planos setoriais são divididos em programas e estes, em atividades.


São consideradas “atividades” todas as ações executadas em prol de
um programa. As atividades deverão permitir a imediata identificação
do que precisa ser feito e dos responsáveis por sua execução, além da
sua inserção no cronograma de execução do Plano de Manejo. Para que
seja possível atingir uma meta de execução em cinco anos, recomenda-se
elencar um número reduzido de atividades por programa.

Os programas deverão ser apresentados de maneira que as atividades


sejam numeradas de forma contínua (veja exemplo detalhado na p. 54).
Essas atividades terão de estar descritas de forma clara e concisa. Para
cada atividade elencada deverão ser estabelecidas metas e o tempo de
execução, adotando-se indicadores adequados ao seu monitoramento
(Módulo 6).
53

É importante ressaltar que diferentes planos setoriais podem ser sugeri-


dos de acordo com as particularidades de cada APA. A seguir, a estrutura
típica que um planejamento com planos setoriais e programas deve ter:

Plano Setorial de Geração de Renda e Manejo Sustentável dos


Recursos
• Programa de Incentivo a Práticas Agrícolas Sustentáveis
• Programa de Recreação e Turismo
• Programa de Incentivo a Práticas de Construção Sustentável
e Saneamento

Plano Setorial de Integração e Gestão Interinstitucional


• Programa de Cooperação Interinstitucional
• Programa de Comunicação Social
• Programa de Educação Ambiental

Plano Setorial de Conhecimento


• Programa de Pesquisa
• Programa de Monitoramento Socioambiental

Plano Setorial de Proteção Ambiental


• Programa de Recuperação Ambiental
• Programa de Controle e Fiscalização Ambiental
• Programa de Prevenção e Combate a Incêndios

Plano Setorial de Operacionalização Administrativa


• Programa de Administração e Manutenção
• Programa de Capacitação à Gestão
• Programa de Infraestrutura e equipamentos
54 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

Exemplo detalhado:
Plano Setorial de Geração de Renda e Manejo Sustentável
dos Recursos
• Programa de Incentivo a Práticas Agrícolas Sustentáveis
• Objetivos: 1- Implementar módulos agroecológicos
demonstrativos
2 - ...
• Atividade 1: Articular com instituições de extensão a
implantação de módulos demonstrativos agroecológicos.
Responsável: Inea/Chefe da APA.
• Atividade 2: Cadastrar agricultores interessados em im-
plantar sistemas agroecológicos. Responsável: Conselho
Consultivo/Câmara Temática de Agricultura.
• Atividade 3/Responsável
• Programa de Recreação e Turismo
• Atividade 4/Responsável
• ...
• Programa de Incentivo a Práticas de Construção Sustentável
e Saneamento

O cronograma de execução das atividades propostas é organizado


conforme o Quadro 6, que deve seguir a numeração adotada nos
planos setoriais.
55

Quadro 6 – Cronograma de execução


Cronograma

Atividades Responsável Ano 1/Trimestre

Ano 2

Ano 3

Ano 4

Ano 5
1 2 3 4

1. Articulação
para módulos Inea/
agroecológi- Chefe da X X
cos demons- APA
trativos

2. Cadastro de
Conselho
agricultores
Consultivo/
interessados
Câmara X X X
em implantar
Temática de
sistemas
Agricultura
agroecológicos
3....

6. Módulo 6 - Monitoramento e avaliação


Este módulo, que tem a função de guia, permite que o chefe e os fun-
cionários de uma APA possam acompanhar de perto a execução do Plano
de Manejo, aperfeiçoando-o. Desenvolvido pelos responsáveis pela
elaboração do PM para ser posteriormente usado pela equipe da APA,
apresenta-se como um conjunto de planilhas para o monitoramento e
avaliação das atividades propostas no Módulo 5.
56 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

6.1 Estratégia de execução

Para que possam ser feitos ajustes na estratégia de execução, a planilha


de monitoramento e avaliação será a ferramenta utilizada para a docu-
mentação sistemática e a identificação de desvios nas atividades propos-
tas. O monitoramento e a avaliação contínua da implantação dos planos
setoriais serão feitos pelo chefe da APA e sua equipe, com o auxílio da
Combio e da Geuso.

No Quadro 7, temos um exemplo de planilha de monitoramento


de atividades.
Quadro 7 – Modelo de planilha de monitoramento de atividades
Nome do Plano Setorial
Nome do Programa
Estágio de
Atividade execução Justificativas (PR; NR) Reprogramação
(R,PR,NR)
1.
2.
n...
R- Realizado / PR- Parcialmente realizado / NR - Não realizado

6.2 Avaliação da efetividade do planejamento

A avaliação difere do monitoramento pela periodicidade, que, neste


caso, pode ser anual, durante o período de vigência da execução do
PM. A finalidade da avaliação é determinar se o planejamento está se
mostrando eficaz e, caso contrário, mostrar o que deve ser corrigido. Ela
é feita com base nos resultados esperados e nos respectivos indicadores
das ações propostas nos planos setoriais.

Durante a elaboração do PM, a equipe responsável deverá preencher as


três primeiras colunas de uma planilha de avaliação (Quadro 8), deixan-
do para a administração da APA o preenchimento da última (Resultados
alcançados), em função dos indicadores no momento da verificação.
57

Quadro 8 – Planilha de avaliação da efetividade do planejamento


Nome do Programa
Resultados Resultados
Objetivo Indicadores
esperados alcançados
5 módulos (preenchimento
demonstrativos Número de pela
agroecológicos módulos Administração
implementos da APA)
Número de
Parceria com instituições (preenchimento
instituições de parceiras em pela
1. Implementar
extensão rural potencial Administração
módulos
firmada visitadas/ da APA)
agroecológicos
reunidas
demonstrativos
Relação entre
Agricultores número de
(preenchimento
cadastrados para agricultores
pela
implementação cadastrados
Administração
de módulos e número de
da APA)
demonstrativos agricultores
interessados
(preenchimento (preenchimento (preenchimento
de acordo de acordo pela
2. Objetivo 2
com o objetivo com o objetivo Administração
assinalado) assinalado) da APA)
(preenchimento (preenchimento (preenchimento
de acordo de acordo pela
3. Objetivo 3
com o objetivo com o objetivo Administração
assinalado) assinalado) da APA)

6.3 Avaliação da efetividade do zoneamento

A avaliação da efetividade do zoneamento permitirá verificar se


todas as zonas foram adequadamente delimitadas, observando-se a
existência de situações de conflito. Essa avaliação é essencial para a re-
visão do Plano de Manejo.

A avaliação do zoneamento deverá levar em conta os critérios e


objetivos de cada zona. A partir das informações do monitoramento,
avalia-se se as diferentes localidades estão nas zonas apropriadas ou
58 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

se será necessário alterar o zoneamento na ocasião da revisão do Plano


de Manejo.

Para isso, a equipe de elaboração do Plano de Manejo deverá propor uma


planilha de avaliação, dando à Administração da UC a prerrogativa
de realizar o acompanhamento, fazer a avaliação e justificar a alteração
das zonas.
59

Referências bibliográficas
IBAMA. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS
RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. Roteiro metodológico para
gestão da área de proteção ambiental. Brasília, 2001. 213p.

IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro,
2012. 271p. (Manuais técnicos em geociências, 1).

______. Manual técnico de uso da terra. 2. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro,
2006. 91p. (Manuais técnicos em geociências, 7)

INEA. INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. Roteiro metodológico


para planos de manejo de unidades de conservação de proteção inte-
gral: parques estaduais, reservas biológicas e estações ecológicas. Rio de
Janeiro, 2010. 140p.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Meio Ambiente. Roteiro metodológi-


co para implementação da gestão integrada das áreas de proteção ambi-
ental. São Paulo, 2004. 15p.
61

Anexos

Anexo I

Critérios para elaboração de cartografia básica e mapas


temáticos

Recomendamos que as informações obtidas no PM sejam espacializadas


sobre uma base comum em escala previamente definida (1:25.000 e/ou
1:10.000), dependendo da disponibilidade. A elaboração da base cartográfi-
ca e os mapas temáticos deverão atender aos seguintes requisitos:

1) Elementos mínimos para elaboração da base


topográfica de referência

Recomendações:
a. A base cartográfica de referência deve conter, no mínimo,
informações referentes a: rede hidrográfica, sistema viário,
hipsometria (curvas de nível e pontos altimétricos), limites
(estaduais e municipais) e sedes municipais e distritais.
b. Recomenda-se que os temas componentes da base topográfica
sejam contínuos; apresentem topologia, com atributos al-
fanuméricos vinculados às feições gráficas; e estejam na escala
definida e no mesmo sistema de projeção cartográfico (exem-
plo: no caso de projeção Universal Transversa de Mercator
- UTM, não esquecer de indicar Fuso e datum horizontal adota-
dos) e número de pontos de controle, em relação a superfície e
escala, para a correção geográfica e geométrica (para escala de
maior detalhe).
c. O produto de imageamento (imagens de satélite e/ou fotos
aéreas) utilizado para atualização da base topográfica de
referência deve ser, pelo menos, de data recente, com resolução
espacial adequada à atividade de atualização (exemplo: para
dados na escala 1:25.000, devemos utilizar, preferencialmente,
62 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

imagens com resolução espacial de 10 m) e com registro com-


patível com a base de referência.

2) Elementos mínimos para elaboração de mapas


temáticos

Os mapas temáticos têm por objetivo a representação cartográfica de


informações relativas à vegetação, fauna, geologia, geomorfologia, pedo-
logia, uso da terra, impactos ambientais, levantamento fundiário, rede de
marcos geodésicos e outros.

Recomendações:
a. Dados pontuais poderão ser obtidos por meio de GPS comum
(exemplo: Garmin 12) ou com processamento de correção
diferencial (DGPS).
b. Utilizar a base topográfica de referência para elaborar dados
temáticos.
c. Os dados temáticos devem ser contínuos, com topologia e
atributos alfanuméricos vinculados às feições gráficas, e estar
na escala definida e no mesmo sistema de projeção cartográfi-
co da base de referência.
d. A escolha dos produtos de sensores remotos e aerotransporta-
dos a serem usados na elaboração dos mapas temáticos devem,
pelo menos, apresentar datas recentes de imageamento, per-
mitir ampla visualização da área – sem cobertura de nuvens, se
possível – e possuir resolução espectral e espacial apropriada
para a escala de interpretação e compatível com a escala da
base topográfica de referência.

3) Cruzamento de informações por meio de sistema


de informação geográfica

O Sistema de Informação Geográfica, constituído por hardware,


software, peopleware e procedimentos, foi construído para suportar a
captura, gestão, manipulação, análise, modelação e visualização de in-
formação referenciada no espaço, com o objetivo de resolver problemas
63

complexos de planejamento e gestão que envolvam a realização de


operações espaciais.

Recomendações:
O SIG que será utilizado no PM deve ser o mesmo adotado pelo Inea,
ou, pelo menos, apresentar compatibilidade tanto no formato final dos
elementos gráficos como na plataforma de armazenamento de dados.

4) Integração dos dados ao Banco de Dados Espaciais


(BDE) do Inea

Os dados oriundos dos mapeamentos para UCs deverão estar estru-


turados de forma a integrar o BDE/Inea, com correspondência à no-
menclatura dos arquivos, formato e extensão, metadados, topologia e
integração dos dados.
64 Roteiro Metodológico para Elaboração de Planos de Manejo
Áreas de Proteção Ambiental

Anexo II
Ficha técnica de identificação da APA

Ficha técnica (inserir nome da APA)


ADMINISTRAÇÃO
Nome da UC:
Endereço da sede:
Bairro: Cidade:
CEP: Telefone:
E-mail: Fax:
Gestor:
Infraestrutura:
Equipe:
UNIDADE DE CONSERVAÇÃO
Ato de criação*:
Objetivos da UC:
Municípios abrangidos:
Altitude máxima: Altitude mínima:
Coordenadas do quadrante (Latitude Norte e Longitude W de Greenwich)
Ponto superior esquerdo: Lat __/__/__, Long __/__/__
Ponto inferior direito: Lat __/__/__, Long __/__/__
Área: Perímetro:
Geologia:
Solo:
Clima:
Vegetação:
Fauna:
Relevância:
Ecossistema:
Plano de Manejo anterior: ( ) sim ( ) não
Principais problemas:
Acesso à sede da UC:
*Ato legal de criação será incluído como anexo do PM

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