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Regime Jurídico Das Operações Urbanísticas

Este documento define termos técnicos relacionados a operações urbanísticas e estabelece o regime jurídico para essas operações. Ele define termos como edificação, obras de construção, demolição, loteamento e urbanização. Também especifica quais operações urbanísticas estão sujeitas a comunicação prévia ou autorização administrativa de acordo com planos municipais detalhados ou operações de loteamento.

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Regime Jurídico Das Operações Urbanísticas

Este documento define termos técnicos relacionados a operações urbanísticas e estabelece o regime jurídico para essas operações. Ele define termos como edificação, obras de construção, demolição, loteamento e urbanização. Também especifica quais operações urbanísticas estão sujeitas a comunicação prévia ou autorização administrativa de acordo com planos municipais detalhados ou operações de loteamento.

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904 I SÉRIE — NO 28 «B. O.

» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

ASSEMBLEIA NACIONAL h) Obras de demolição: as obras de destruição, total


ou parcial, de uma edificação existente;
––––––
i) Obras de urbanização: as obras de criação e re-
Lei n.º 60/VIII/2014 modelação de infra-estruturas destinadas a
de 23 de Abril
servirem directamente os espaços urbanos ou
as edificações, designadamente arruamentos
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, viários e pedonais, redes de esgotos e de abas-
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, tecimento de água, electricidade, gás e comu-
o seguinte: nicações electrónicas, e ainda espaços verdes
e outros espaços de utilização colectiva;
CAPÍTULO I
j) Obras de escassa relevância urbanística: as obras
Disposições preliminares de edificação ou demolição que, pela sua na-
Artigo 1.º tureza, dimensão ou localização tenham es-
casso impacte urbanístico;
Objecto
k) Obras de reconstrução com preservação das fa-
O presente diploma estabelece o regime jurídico das
chadas: as obras de construção subsequentes
operações urbanísticas, designadamente o loteamento,
à demolição de parte de uma edificação exis-
a urbanização, a edificação e a utilização e conservação
tente, preservando as fachadas principais
de edifícios.
com todos os seus elementos não dissonantes
Artigo 2.º e das quais não resulte edificação com cércea
Definições superior à das edificações confinantes mais
elevadas;
Para efeitos do presente diploma, entende-se por:
l) Operações de loteamento: as acções que tenham
a) Destaque: operação jurídica que consiste na de- por objecto ou por efeito a constituição de um
sanexação de uma parte de um prédio, que ou mais lotes destinados imediata ou subse-
passa a ter autonomia em relação àquele do quentemente à edificação urbana, e que re-
qual resulta; sulte da divisão de um ou vários prédios, ou
do seu emparcelamento ou reparcelamento;
b) Edificação: a actividade ou o resultado da cons-
trução, reconstrução, ampliação, alteração ou m) Operações urbanísticas: as operações materiais
conservação de um imóvel destinado a utili- de loteamento, de urbanização, de edificação
zação humana, bem como de qualquer outra ou de utilização dos edifícios ou do solo desde
construção que se incorpore no solo com ca- que, neste último caso, para fins não exclusi-
rácter de permanência; vamente agrícolas, pecuários, florestais, mi-
neiros ou de abastecimento público de água;
c) Obras de construção: as obras de criação de no-
vas edificações; n) Trabalhos de remodelação dos terrenos: as ope-
rações urbanísticas não compreendidas nas
d) Obras de reconstrução: as obras de construção alíneas anteriores que impliquem a destrui-
subsequentes à demolição total ou parcial de ção do revestimento vegetal, a alteração do
uma edificação existente, das quais resulte a relevo natural e das camadas de solo arável
manutenção ou a reconstituição da estrutura ou o derrube de árvores de alto porte ou em
das fachadas, da cércea e do número de pisos; maciço para fins não exclusivamente agríco-
e) Obras de ampliação: as obras de que resulte o las, pecuários, florestais ou mineiros;
aumento da área de pavimento ou de implan- o) Servidão administrativa: encargo imposto pela
tação, da cércea ou do volume de uma edifica- lei sobre certos prédios em proveito de utili-
ção existente; dade pública;
f) Obras de alteração: as obras de que resulte a mo- p) Zona urbana consolidada: a zona caracterizada
dificação das características físicas de uma por uma densidade de ocupação que permite
edificação existente ou sua fracção, designa- identificar uma malha ou estrutura urbana
damente a respectiva estrutura resistente, o já definida, onde existem as infra-estruturas
número de fogos ou divisões interiores, ou a essenciais e onde se encontram definidos os
natureza e cor dos materiais de revestimento alinhamentos dos planos marginais por edifi-
exterior, sem aumento da área de pavimento cações em continuidade.
ou de implantação ou da cércea;
Artigo 3.º
g) Obras de conservação: as obras destinadas a man- Regulamentos municipais
ter uma edificação nas condições existentes à
data da sua construção, reconstrução, amplia- 1. Os Municípios aprovam, com respeito pelos limites
ção ou alteração, designadamente as obras de legais, os regulamentos municipais no domínio das
restauro, reparação ou limpeza; operações urbanísticas, bem como outros regulamentos
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 905

relativos ao lançamento e liquidação das taxas que, nos de loteamento ou planos urbanísticos, quando
termos da lei, sejam devidas pela realização de operações a mesma não tenha sido precedida da realização
urbanísticas. de obras sujeitas a licença ou autorização ad-
ministrativas.
2. Os regulamentos previstos no número anterior
devem ter como objectivo a concretização e execução do 3. Estão sujeitas a autorização administrativa:
presente diploma, não o podendo contrariar, e devem fixar
a) As operações de loteamento em área abrangida
os montantes das taxas a cobrar nos casos de admissão de
por plano detalhado;
comunicação prévia e de deferimento tácito, não podendo
estes valores exceder os previstos para o licenciamento b) As obras de urbanização e os trabalhos de re-
ou acto expresso. modelação de terrenos em área abrangida por
plano detalhado ou operação de loteamento e
3. Os projectos dos regulamentos referidos no número 1
que não respeitem à criação ou remodelação
são submetidos a apreciação pública, por prazo não in-
de infra-estruturas sujeitas à aprovação de
ferior a trinta dias, antes da sua aprovação pelos órgãos
órgãos exteriores ao Município;
municipais.
c) As obras de construção, de ampliação ou de alte-
4. Os regulamentos referidos no número 1 são objecto
ração em área abrangida por plano detalhado
de publicação no Boletim Oficial, sem prejuízo das demais
ou operação de loteamento, sem prejuízo da
formas de publicidade previstas na lei.
possibilidade de isenção, nos termos da alínea
CAPÍTULO II b) do número 1 do artigo 7.º;
Controlo prévio d) As obras de reconstrução, salvo as previstas na
Secção I
alínea d) do número anterior;

Âmbito e competência e) As obras de demolição de edificações existentes


que não se encontrem previstas em licença ou
Artigo 4.º
autorização de obras de reconstrução, salvo
Licenças e autorizações administrativas as previstas na alínea d) do número anterior;
1. A realização de operações urbanísticas depende de f) A utilização de edifícios ou suas fracções, bem
controlo prévio, que pode revestir as modalidades de como as alterações à mesma que não se en-
licença, comunicação prévia ou autorização adminis- contrem previstas na alínea e) do número an-
trativas, nos termos e com as excepções constantes da terior;
presente secção.
g) As demais operações urbanísticas que não es-
2. Estão sujeitas a licença administrativa: tejam isentas ou dispensadas de licença ou
a) As operações de loteamento em área não abran- autorização, nos termos do presente diploma.
gida por plano detalhado; Artigo 5.º

b) As obras de urbanização e os trabalhos de remo- Condicionalismos de concessão da licença e autorização


delação de terrenos em área não abrangida 1. A concessão da licença e autorização referidas no
por plano detalhado ou operação de loteamen- artigo anterior dependem da apresentação obrigatória,
to, bem como a criação ou remodelação de in- pela empresa executora das operações urbanísticas, de
fra-estruturas que, não obstante se inserirem alvará emitido pela entidade responsável pela emissão
em área abrangida por operação de loteamen- de alvará de empresas de obras públicas e particulares,
to, exijam aprovação de órgãos exteriores ao nos termos da lei.
Município;
2. A não apresentação de alvará emitido pela entidade
c) As obras de construção, de ampliação ou de al- responsável pela emissão de alvará de empresas de obras
teração em área não abrangida por plano públicas e particulares impede a concessão de licença e
detalhado ou operações de loteamento que autorização pela Câmara Municipal.
contenha as menções referidas na alínea a)
Artigo 6.º
do presente número, sem prejuízo da possibi-
lidade de isenção, nos termos da alínea b) do Competência
número 1 do artigo 7.º;
1. A concessão da licença prevista no número 2 do
d) As obras de reconstrução, ampliação, alteração artigo 4.º, bem como a aprovação da informação prévia
ou demolição de edifícios classificados ou em regulada na subsecção II, da secção II deste capítulo, são
processo de classificação e as obras de cons- da competência da Câmara Municipal, com faculdade
trução, reconstrução, ampliação, alteração ou de delegação no Presidente e de subdelegação deste nos
demolição de edifícios situados em zona de Vereadores.
protecção de imóvel classificado ou em pro-
2. A concessão da autorização é da competência do
cesso de classificação;
Presidente da Câmara Municipal, podendo ser delegada
e) A alteração da utilização de edifícios ou suas nos Vereadores, com faculdade de subdelegação nos
fracções em área não abrangida por operação dirigentes dos serviços municipais.
906 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
Artigo 7.º 8. A certidão emitida pela Câmara Municipal compro-
Isenção e dispensa de licença ou autorização vativa da verificação dos requisitos do destaque constitui
documento bastante para efeitos de registo predial da
1. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, estão parcela destacada.
isentas de licença ou autorização:
9. Para efeitos do presente diploma, são obras de es-
a) As obras de conservação; cassa relevância urbanística:
b) As obras de alteração no interior de edifícios não a) As edificações, contíguas ou não, ao edifício prin-
classificados ou suas fracções que não impli- cipal com altura não superior a 2,2m ou, em
quem modificações da estrutura resistente alternativa, à cércea do rés-do-chão do edifício
dos edifícios, das cérceas, das fachadas e da principal com área igual ou inferior a 10m2 e
forma dos telhados. que não confinem com a via pública;
c) Os destaques referidos nos números 3 e 4 do pre- b) A edificação de muros de vedação até 1,8 m de
sente artigo. altura que não confinem com a via pública e
2. Podem ser dispensadas de licença ou autorização, de muros de suporte de terras até uma altura
mediante previsão em regulamento municipal, as obras de 2m ou que não alterem significativamente
de edificação ou demolição que, pela sua natureza, a topografia dos terrenos existentes;
dimensão ou localização, tenham escassa relevância
c) A edificação de estufas de jardim com altura infe-
urbanística.
rior a 3m e área igual ou inferior a 20m2;
3. Os actos que tenham por efeito o destaque de uma
única parcela de prédio com descrição predial que se d) As pequenas obras de arranjo e melhoramento
situe em perímetro urbano estão isentos de licença ou da área envolvente das edificações que não
autorização, desde que cumpram, cumulativamente, as afectem área do domínio público;
seguintes condições: e) A edificação de equipamento lúdico ou de lazer
a) As parcelas resultantes do destaque confrontem associado a edificação principal com área in-
com arruamentos públicos; ferior à desta última;

b) A construção erigida ou a erigir na parcela a des- f) A demolição das edificações referidas nas alíneas
tacar disponha de projecto aprovado, quando anteriores;
exigível no momento da construção.
g) A instalação de painéis solares fotovoltaicos ou
4. Nas áreas situadas fora dos perímetros urbanos, geradores eólicos associada a edificação prin-
os actos a que se refere o número anterior estão isentos cipal, para produção de energias renováveis,
de licença ou autorização quando, cumulativamente, se incluindo de micro produção, que não exce-
mostrem cumpridas as seguintes condições: dam, no primeiro caso, a área de cobertura da
edificação e a cércea desta em 1m de altura, e,
a) Na parcela destacada só seja construído edifício no segundo, a cércea da mesma em 4m e que o
que se destine exclusivamente a fins habita- equipamento gerador não tenha raio superior
cionais e que não tenha mais de dois fogos; a 1,5m, bem como de colectores solares tér-
b) Na parcela restante se respeite a área mínima micos para aquecimento de águas sanitárias
fixada no projecto de intervenção em espaço, que não excedam os limites previstos para os
não edificável, em vigor ou, quando aquele painéis solares fotovoltaicos;
não exista, a área de unidade de cultura fixada h) A substituição dos materiais de revestimento ex-
nos termos da lei geral para a respectiva área. terior ou de cobertura ou telhado por outros
5. Nos casos referidos nos números 3 e 4, não é permiti- que, conferindo acabamento exterior idêntico
do efectuar, na área correspondente ao prédio originário, ao original, promovam a eficiência energética;
novo destaque nos termos aí referidos por um prazo de
i) Outras obras, como tal qualificadas em regula-
dez anos, contados da data do destaque anterior.
mento municipal.
6. O condicionamento da construção bem como o ónus
do não fraccionamento, previstos nos números 4 e 5 9. Exceptuam-se do disposto no número anterior as
devem ser inscritos no registo predial sobre as parcelas obras e instalações em:
resultantes do destaque, sem o que não pode ser licen- a) Imóveis classificados ou em processo de classi-
ciada ou autorizada qualquer obra de construção nessas ficação, de interesse nacional ou de interesse
parcelas. público;
7. O disposto neste artigo não isenta a realização das
b) Imóveis situados em zonas de protecção de imóveis
operações urbanísticas nele previstas da observância das
classificados ou em processo de classificação;
normas legais e regulamentares aplicáveis, designada-
mente as constantes de planos urbanísticos e das normas c) Imóveis integrados em conjuntos ou sítios classi-
técnicas de construção. ficados ou em processo de classificação.
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10. A instalação de geradores eólicos referida na alí- 2. A execução das operações urbanísticas previstas no
nea g) do número 9 é precedida de notificação à Câmara número anterior, com excepção das promovidas pelos Mu-
Municipal. nicípios, ficam sujeitas a parecer prévio não vinculativo
da Câmara Municipal, que é emitido no prazo de trinta
11. A notificação prevista no número anterior destina-se dias a contar da data da recepção do respectivo pedido;
a dar conhecimento à câmara municipal da instalação do
equipamento e deve ser instruída com: 3. A falta do parecer no prazo indicado no número
anterior tem o efeito de deferimento tácito.
a) A localização do equipamento;
4. As operações de loteamento e as obras de urbanização
b) A cércea e raio do equipamento; promovidas pelas Autarquias Locais e suas associações
em área não abrangida por planos detalhados devem
c) O nível de ruído produzido pelo equipamento;
ser previamente autorizadas mediante deliberação da
d) Termo de responsabilidade onde o apresentante Assembleia Municipal, depois de submetidas a parecer
da notificação declare conhecer e cumprir as prévio vinculativo do departamento governamental
normas legais e regulamentares aplicáveis à responsável pelo Ordenamento do Território, que deve
instalação de geradores eólicos. pronunciar-se no prazo de trinta dias, após a recepção do
respectivo pedido, sob pena de deferimento tácito.
Artigo 8.º
5. As operações de loteamento e as obras de urbanização
Operações urbanísticas promovidas pela Administração promovidas pelo Estado devem ser previamente autori-
Pública
zadas pelo membro do Governo com a tutela do sector
1. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, estão e pelo membro do Governo responsável pelo ambiente e
igualmente isentas de licença ou autorização: ordenamento do território, depois de ouvida a Câmara
Municipal, que deve pronunciar-se no prazo de trinta
a) As operações urbanísticas promovidas pelas dias, a contar da data da recepção do respectivo pedido.
Autarquias Locais e suas associações em área
abrangida por plano detalhado; 6. À realização das operações urbanísticas previstas
neste artigo aplica-se ainda, com as devidas adaptações,
b) As operações urbanísticas promovidas pelo o disposto nos artigos 11.º e 66.º.
Estado relativas a equipamentos ou infra-es- Artigo 9.º
truturas destinados à instalação de serviços
públicos ou afectos ao uso directo e imediato Comunicação prévia
do público, sem prejuízo do disposto no nú- 1. As obras referidas na alínea b) do número 1 do artigo
mero 4; 7.º, bem como as que sejam dispensadas nos termos do
número 2 do artigo 7.º ficam sujeitas ao procedimento da
c) As obras de edificação ou demolição de habitações
comunicação prévia.
sociais e económicas ou outras promovidas di-
rectamente pelo Estado, pelos institutos pú- 2. As obras em causa podem realizar-se decorrido o
blicos ou outras entidades da Administração prazo de trinta dias após a apresentação de comunicação
Pública que tenham por atribuições específicas prévia dirigida ao Presidente da Câmara Municipal, a
a salvaguarda do património cultural ou a qual deve conter a identificação do interessado, acompa-
promoção e gestão do parque habitacional do nhada das peças escritas e desenhadas indispensáveis
Estado e que estejam directamente relacionadas à identificação das obras ou trabalhos a realizar e da
com a prossecução destas atribuições; respectiva localização, assinadas por técnico legalmente
habilitado e acompanhadas do termo de responsabilidade
d) As obras de edificação ou demolição promovidas
a que se refere o artigo 12º.
por entidades públicas que tenham por atri-
buições específicas a administração das áreas 3. O Presidente da Câmara Municipal deve, no prazo
portuárias ou aeroportuárias, quando reali- de vinte dias após a entrega da comunicação referida no
zadas na respectiva área de jurisdição e di- número anterior, determinar a sujeição da obra a licen-
rectamente relacionadas com a prossecução ciamento ou autorização quando verifique que a mesma
daquelas atribuições; não se integra no âmbito do presente artigo, bem assim
quando existirem fortes indícios de que a obra viola as
e) As obras de edificação ou de demolição e os tra- normas legais e regulamentares aplicáveis.
balhos promovidos por entidades concessio-
Secção II
nárias de obras ou serviços públicos sujei-
tas a parecer prévio vinculativo da Câmara Formas de procedimento
Municipal nos termos da lei e quando se recon- Subsecção I
duzam à prossecução do objecto da concessão;
Disposições gerais
f) As operações urbanísticas promovidas por em- Artigo 10.º
presas públicas relativamente a parques em-
Direcção da instrução do procedimento
presariais e similares, nomeadamente áreas
de localização empresarial, zonas industriais 1. O controlo prévio das operações urbanísticas obedece
e de logística. às formas de procedimento previstas na presente secção,
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devendo ainda ser observadas as condições especiais Artigo 12.º


de licenciamento ou autorização previstas no presente Termo de responsabilidade
diploma.
1. No requerimento inicial deve constar declaração
2. Compete ao Presidente da Câmara Municipal a di- dos autores dos projectos da qual conste que foram ob-
recção da instrução do procedimento, podendo delegá-la servadas na elaboração dos mesmos as normas legais e
nos Vereadores, com faculdade de subdelegação, ou nos regulamentares aplicáveis, designadamente as normas
dirigentes dos serviços municipais. técnicas de construção em conformidade com os planos
urbanísticos, licença ou autorização de loteamento.
Artigo 11.º
2. Só podem subscrever os projectos os técnicos legal-
Requerimento e instrução
mente competentes.
1. Salvo disposição em contrário, os procedimentos 3. Os técnicos cuja qualificação é regulada pelo regime
previstos no presente diploma iniciam-se através de das edificações devem comprovar, nos termos da presen-
requerimento escrito, dirigido ao Presidente da Câmara te lei, as qualificações para o desempenho das funções
Municipal, do qual deve constar sempre a identificação específicas a que se propõem, designadamente de coorde-
do requerente, incluindo o domicílio ou sede, bem como a nador de projecto, de autor de projecto de arquitectura,
indicação da qualidade de titular de qualquer direito que de engenharia ou de arquitectura paisagista, de director
lhe confira a faculdade de realizar a operação urbanística de fiscalização de obra e de director de obra.
a que se refere a pretensão.
4. Conjuntamente com o requerimento inicial são
2. Do requerimento inicial consta igualmente a indicação apresentados ao coordenador de projecto, aos autores de
do pedido, em termos claros e precisos, identificando o projecto e ao director de fiscalização de obra, os seguintes
tipo de operação urbanística a realizar, nos termos do elementos:
presente diploma, bem como a respectiva localização.
a) Termo de responsabilidade; e
3. Quando o pedido respeite a mais de um dos tipos b) Comprovativo da contratação de seguro de res-
de operações urbanísticas directamente relacionadas, ponsabilidade civil válido, nos termos do regi-
o requerimento deve identificar todas as operações nele me das edificações.
abrangidas, aplicando-se neste caso a forma de procedi-
mento correspondente ao tipo de operação mais complexa. 5. Conjuntamente com a declaração de titularidade de
alvará e a exibição do original do mesmo, são apresentados,
4. O pedido é acompanhado dos elementos instrutórios relativamente ao director de obra, os seguintes elementos:
previstos em portaria aprovada pelo membro do Governo
responsável pelo ordenamento do território, para além a) Termo de responsabilidade do director de obra;
dos documentos especialmente referidos no presente b) Comprovativo da contratação de seguro de res-
diploma. ponsabilidade civil válido, nos termos do regime
das edificações;
5. O Município, fixa em regulamento, o número mí-
nimo de cópias dos elementos que devem instruir cada c) Comprovativo da integração no quadro de pes-
processo. soal da empresa responsável pela execução
da obra, se for o caso, através da declaração
6. O requerimento inicial deve ser apresentado em du- de remunerações conforme entregue na segu-
plicado, sendo a cópia devolvida ao requerente depois de rança social, referente ao último mês; e
nela se ter aposto nota, datada, da recepção do original.
d) Comprovativo da integração no quadro técnico
7. No requerimento inicial pode o interessado solicitar da empresa responsável pela execução da
a indicação das entidades que, nos termos da lei, devam obra, se for o caso, devidamente comunicado
emitir parecer, autorização ou aprovação relativamente à entidade com competência para a conces-
ao pedido apresentado, o qual lhe é notificado no prazo de são de alvará para o exercício da actividade
quinze dias, salvo rejeição liminar do pedido nos termos de construção, através de declaração emitida
do disposto no presente diploma. por essa entidade em documento escrito ou
em formato electrónico fidedigno.
8. O responsável pela instrução do procedimento
regista no processo a junção subsequente de quaisquer 6. Conjuntamente com a declaração de titularidade
novos documentos e a data das consultas a entidades de registo e a exibição do original da mesma, devem ser
exteriores ao Município e da recepção das respectivas apresentados, relativamente ao construtor ou, quando
respostas, quando for caso disso, bem como a data e o seja pessoa colectiva, ao representante legal, os seguintes
teor das decisões dos órgãos municipais. elementos:
a) Termo de responsabilidade do construtor ou re-
9. No caso de substituição do requerente, do responsá-
presentante legal da empresa; e
vel por qualquer dos projectos apresentados ou do direc-
tor técnico da obra, o substituto deve disso fazer prova b) Quando o detentor de título de registo seja pes-
junto do presidente da Câmara Municipal para que este soa colectiva, certidão actualizada do registo
proceda ao respectivo averbamento no prazo de quinze comercial, comprovativa da qualidade de re-
dias a contar da data da substituição. presentante legal.
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Artigo 13.º Subsecção II

Saneamento e apreciação liminar Informação prévia

1. O Presidente da Câmara Municipal profere despa- Artigo 15.º


cho de rejeição liminar do pedido, no prazo de oito dias a Pedido de informação prévia
contar da respectiva apresentação, sempre que:
1. Qualquer interessado pode apresentar, a título
a) O requerimento não contenha a identificação do prévio, pedido à Câmara Municipal, dirigido ao seu Pre-
requerente, do pedido ou da localização da sidente, de informação sobre a viabilidade de realizar
operação urbanística a realizar; determinada operação urbanística e respectivos condi-
cionamentos legais ou regulamentares, nomeadamente
b) Faltar documento instrutório exigível que seja
relativos a infra-estruturas, servidões administrativas
indispensável ao conhecimento da pretensão.
e restrições de utilidade pública, índices urbanísticos,
2. No prazo de quinze dias a contar da apresentação do cérceas, afastamentos e demais condicionantes aplicáveis
requerimento inicial, o Presidente da Câmara Municipal à pretensão.
pode igualmente proferir despacho de rejeição liminar
2. Quando o pedido respeite a operação de loteamento,
quando da análise dos elementos instrutórios resultar
em área não abrangida por plano detalhado, ou a obra de
que o pedido é manifestamente contrário às normas legais
construção, ampliação ou alteração em área não abran-
e regulamentares aplicáveis.
gida por plano detalhado ou operação de loteamento, o
3. Caso sejam supríveis ou sanáveis as deficiências ou interessado pode requerer que a informação prévia con-
omissões verificadas, e estas não possam ser oficiosamen- temple especificamente os seguintes aspectos, em função
te supridas pelo responsável pela instrução do procedi- dos elementos por si apresentados:
mento, o requerente será notificado, no prazo referido
a) Índices e parâmetros urbanísticos, nomeada-
no número anterior, para corrigir ou completar o pedido,
mente a volumetria da edificação e a implan-
ficando suspensos os termos ulteriores do procedimento.
tação da mesma e dos muros de vedação;
4. Presume-se que o processo se encontra correcta-
b) Condicionantes para um adequado relaciona-
mente instruído quando não ocorra rejeição liminar ou
mento formal e funcional com a envolvente;
convite para corrigir ou completar o pedido, nos prazos
previstos nos números anteriores. c) Classe e categorias de uso do solo e programa
de utilização das edificações, incluindo a área
5. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o bruta de construção a afectar aos diversos
Presidente da Câmara Municipal deve conhecer a todo usos e o número de fogos e outras unidades
momento, até à decisão final, de qualquer questão que de utilização;
prejudique o desenvolvimento normal do procedimento
ou impeça a tomada de decisão sobre o objecto do pedido, d) Infra-estruturas locais e ligação às infra-estru-
nomeadamente a ilegitimidade do requerente e a cadu- turas gerais;
cidade do direito que se pretende exercer.
e) Estimativa de encargos urbanísticos devidos.
6. No caso de se verificar uma questão prévia, deve
o Presidente da Câmara Municipal suspender o pro- 3. Quando o interessado não seja o proprietário do
cedimento até que o órgão ou o tribunal competente se prédio, o pedido de informação prévia inclui a identifi-
pronunciem, notificando o requerente desse acto. cação daquele bem como dos titulares de qualquer outro
direito real sobre o prédio, através de certidão predial
7. Havendo rejeição do pedido, nos termos do presente emitida pela conservatória do registo predial ou certidão
artigo, o interessado que apresente novo pedido para o matricial emitida pela Câmara Municipal, caso o prédio
mesmo fim está dispensado de juntar os documentos esteja omisso no registo predial.
utilizados no pedido anterior que se mantenham válidos
e adequados. 4. No caso previsto no número anterior, a Câmara Mu-
nicipal deve notificar o proprietário e os demais titulares
Artigo 14.º
de qualquer outro direito real sobre o prédio da abertura
Suspensão dos procedimentos de informação prévia, do procedimento.
de licenciamento e de autorização
Artigo 16.º
Nas áreas a abranger por novas regras urbanísticas Consultas no âmbito do procedimento de informação prévia
constantes de plano urbanístico ou plano especial de or-
denamento do território ou sua revisão, os procedimentos No âmbito do procedimento de informação prévia há
de informação prévia, de licenciamento e de autorização lugar a consulta às entidades cujos pareceres, autori-
são suspensos nos termos do artigo 146º do Regulamento zações ou aprovações condicionem, nos termos da lei, a
Nacional do Ordenamento do Território e Planeamento informação a prestar, sempre que tal consulta deva ser
Urbanístico, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 43/2010, de promovida num eventual pedido de licenciamento da
27 de Setembro. pretensão em causa.
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Artigo 17.º 4. As entidades exteriores ao Município devem pronun-
Deliberação ciar-se exclusivamente no âmbito das suas atribuições
e competências.
1. A deliberação sobre o pedido de informação prévia
é tomada no prazo de vinte dias ou, no caso previsto no 5. Os pareceres das entidades exteriores ao Município
número 2 do artigo 15.º, no prazo de trinta dias, contados só têm carácter vinculativo quando tal resulte da lei,
a partir: desde que se fundamentem em condicionamentos legais
ou regulamentares e sejam recebidos dentro do prazo
a) Da data da recepção do pedido ou dos elementos fixado no número 4 do artigo seguinte.
solicitados nos termos do número 3 do artigo
Artigo 20.º
13º; ou
Prazos de consulta
b) Da data da recepção do último dos pareceres, au-
torizações ou aprovações emitidos pelas enti- 1. O Presidente da Câmara Municipal promove as
dades exteriores ao Município, quando tenha consultas a que haja lugar em simultâneo, no prazo de
havido lugar a consultas; ou ainda; dez dias a contar da data do requerimento inicial ou da
data da entrega dos elementos solicitados no caso de
c) Do termo do prazo para a recepção dos pareceres, insuficiência do mesmo.
autorizações ou aprovações, sempre que algu-
ma das entidades consultadas não se pronun- 2. No termo do prazo fixado no número anterior, o
cie até essa data. interessado pode solicitar a passagem de certidão da
promoção das consultas devidas, a qual será emitida pela
2. No caso de a informação ser desfavorável, dela deve Câmara Municipal no prazo de oito dias.
constar a indicação dos termos em que a mesma, sempre
que possível, pode ser revista de forma a serem cumpridas 3. No prazo máximo de dez dias a contar da data de
as prescrições urbanísticas aplicáveis. recepção do processo, as entidades consultadas podem
solicitar, por uma única vez, a apresentação de outros
Artigo 18.º
elementos que considerem indispensáveis à apreciação
Efeitos do pedido, dando desse facto conhecimento à Câmara
Municipal.
1. O conteúdo da informação prévia aprovada vincula
as entidades competentes na decisão sobre um eventual 4. Caso qualquer das entidades consultadas não se haja
pedido de licenciamento ou autorização da operação pronunciado dentro do prazo de vinte dias, o requerimento
urbanística a que respeita, desde que tal pedido seja inicial pode ser instruído com prova da solicitação das
apresentado no prazo de um ano a contar da data da consultas e declaração do requerente de que os mesmos
notificação da mesma ao requerente. não foram emitidos dentro daquele prazo.
2. Nos casos abrangidos pelo número anterior, é dis- 5. Considera-se haver concordância daquelas entidades
pensada no procedimento de licenciamento a consulta com a pretensão formulada se os respectivos pareceres,
às entidades exteriores ao Município em matéria sobre autorizações ou aprovações não forem recebidos dentro
a qual se tenham pronunciado no âmbito do pedido de do prazo fixado no número anterior.
informação prévia, desde que esta tenha sido favorável Artigo 21.º
e o pedido de licenciamento com ela se conforme.
Apreciação de projectos
Subsecção III
1. A apreciação do projecto de arquitectura, no caso
Licença
de pedido de licenciamento relativo a obras previstas
Artigo 19.º nas alíneas c) e d) do número 2 do artigo 4.º, verifica a
Consultas a entidades exteriores ao Município
conformidade com:

1. É da competência do Presidente da Câmara Municipal a) Planos urbanísticos;


a promoção da consulta às entidades que, nos termos b) Planos Especiais do Ordenamento do Território;
da lei, devam emitir parecer, autorização ou aprovação
relativamente às operações urbanísticas sujeitas a li- c) Medidas preventivas;
cenciamento. d) Área de reabilitação urbana, nos termos do
2. O interessado pode, nos casos legalmente admis- Decreto-Lei n.º 2/2011, de 3 de Janeiro ou
síveis, solicitar previamente os pareceres, autorizações área de recuperação e reconversão urbanísti-
ou aprovações legalmente exigidos junto das entidades ca, delimitados e definidos por lei;
competentes, entregando-os com o requerimento inicial e) Servidões administrativas;
do pedido de licenciamento, caso em que não há lugar a
nova consulta. f) Restrições de utilidade pública;
3. Se a certidão for negativa, o interessado pode pro- g) Quaisquer outras normas legais e regulamenta-
mover directamente as consultas que não hajam sido res relativas ao aspecto exterior e a inserção
realizadas ou pedir ao tribunal competente que intime urbana e paisagística das edificações, bem
a Câmara Municipal a fazê-lo. como sobre o uso proposto.
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2. A deliberação sobre o projecto de arquitectura é Artigo 23.º


tomada no prazo de trinta dias contados nos termos do Decisão final
número 1 do artigo 17.º.
1. A decisão sobre o pedido de licenciamento é tomada:
3. O interessado deve requerer a aprovação:
a) No prazo de quarenta e cinco dias, no caso de
a) Do projecto de estruturas no prazo de dois me-
operação de loteamento e das obras previstas
ses, contados a partir da data da notificação
nas alíneas c) e d) do número 2 do artigo 4.º;
da aprovação do projecto de arquitectura;
b) Dos demais projectos das especialidades neces- b) No prazo de quarenta e cinco dias, no caso de
sários à execução da obra no prazo de seis me- obras de urbanização;
ses a contar da notificação do acto que apro- c) No prazo de trinta dias, no caso de alteração da
vou o projecto de arquitectura, caso não tenha utilização de edifício ou de sua fracção.
apresentado tais projectos com o requerimen-
to inicial, o qual poderá ser prorrogado por 2. O prazo previsto na alínea a) e b) do número anterior
uma só vez e por período não superior a três conta-se, a partir do termo do período de discussão públi-
meses, mediante requerimento fundamenta- ca ou, quando não haja lugar à sua realização, a partir:
do e apresentado antes do respectivo termo,
pelo Presidente da Câmara Municipal. a) Da data da recepção do pedido ou dos elementos so-
licitados nos termos do número 3 do artigo 13.º;
4. A falta de apresentação dos projectos das especiali-
dades no prazo estabelecido nos números 2 e 3, implica b) Da data da recepção do último dos pareceres, au-
a suspensão do processo de licenciamento pelo período torizações ou aprovações emitidos pelas enti-
máximo de seis meses, findo o qual é declarada a cadu- dades exteriores ao Município, quando tenha
cidade do acto que aprovou o projecto de arquitectura, havido lugar a consultas; ou
após audiência prévia do interessado.
c) Do termo do prazo para a recepção dos pareceres,
5. Há lugar a consulta às entidades que, nos termos autorizações ou aprovações, sempre que algu-
da lei, devam emitir parecer, autorização ou aprovação ma das entidades consultadas não se pronun-
sobre os projectos das especialidades. cie até essa data.
6. É aplicável o disposto no número 1, com as necessá- 3. O prazo previsto na alínea c) do número 1 conta-se:
rias adaptações, à apreciação dos projectos de loteamento,
obras de urbanização e trabalhos de remodelação de a) Da data da apresentação dos projectos das especiali-
terrenos pela Câmara Municipal. dades ou da data da aprovação do projecto de ar-
quitectura, se o interessado os tiver apresen-
Artigo 22.º
tado juntamente com o requerimento inicial;
Discussão pública
b) Da data da recepção do último dos pareceres,
1. A aprovação do pedido de licenciamento de operação autorizações ou aprovações emitidos pelas
de loteamento é precedida de um período de discussão pú- entidades consultadas sobre os projectos das
blica o qual permite aos interessados a consulta de todos especialidades; ou
os elementos relevantes para que estes possam conhecer
o estado dos trabalhos e a evolução da tramitação do c) Do termo do prazo para a recepção dos pareceres,
procedimento, com a possibilidade de formular sugestões. autorizações ou aprovações, sempre que algu-
ma das entidades consultadas não se pronun-
2. Nas áreas abrangidas por plano detalhado é dispen- cie até essa data.
sada a consulta pública.
4. Quando o pedido de licenciamento de obras de urba-
3. A discussão pública é anunciada com uma antece- nização seja apresentado em simultâneo com o pedido de
dência mínima de oito dias a contar da data da recepção licenciamento de operação de loteamento, o prazo previsto
do último dos pareceres, autorizações ou aprovações na alínea b) do número 1 conta-se a partir da deliberação
emitidos pelas entidades exteriores ao Município ou do que aprove o pedido de loteamento.
termo do prazo para a sua emissão.
5. No caso das obras previstas nas alíneas c) e d) do
4. A discussão pública referida no número anterior não número 2 do artigo 4.º, a Câmara Municipal pode, a re-
pode no total ser inferior a quinze dias. querimento do interessado, aprovar uma licença parcial
5. A discussão pública tem por objecto o projecto de para construção da estrutura, imediatamente após a
loteamento, que deve ser acompanhado da informação entrega de todos os projectos das especialidades e desde
técnica elaborada pelos serviços municipais, bem como que se mostrem aprovado o projecto de arquitectura e
dos pareceres, autorizações ou aprovações emitidos pelas prestada caução para demolição da estrutura até ao piso
entidades exteriores ao Município. de menor cota em caso de indeferimento.

6. Os planos urbanísticos podem sujeitar à prévia dis- 6. Nos casos referidos no número anterior, o deferi-
cussão pública o licenciamento de operações urbanísticas mento do pedido de licença parcial dá lugar à emissão
de significativa relevância urbanística. de alvará.
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7. A deliberação final de deferimento do pedido de 5. O pedido de licenciamento das operações referidas


licenciamento consubstancia a licença para a realização na alínea e) do número 2 do artigo 4.º pode ainda ser
da operação urbanística. indeferido sempre que se conclua pela não verificação
Artigo 24.º
das condições referidas no número 1 do artigo 52.º ou
que suscitem sobrecarga incomportável para as infra-
Indeferimento do pedido de licenciamento estruturas existentes.
1. O pedido de licenciamento é indeferido sempre que: Artigo 25.º

Reapreciação do pedido
a) Violar os planos urbanísticos, medidas preven-
tivas, área de reabilitação urbana, servidão 1. Pode haver deferimento do pedido desde que:
administrativa, restrição de utilidade pública
ou quaisquer outras normas legais e regula- a) Exista projecto de decisão de indeferimento com
mentares aplicáveis; os fundamentos referidos na alínea b) do nú-
mero 2 e na alínea b) do número 3 do artigo
b) O prédio objecto do pedido de licenciamento esti- anterior, o requerente, na audiência prévia,
ver abrangido por uma declaração de utilida- se comprometa a realizar os trabalhos neces-
de pública para efeitos de expropriação, salvo sários ou a assumir os encargos inerentes à
se tal declaração tiver por fim a realização da sua execução, bem como os encargos de fun-
própria operação urbanística; cionamento das infra-estruturas por um perí-
odo mínimo de dez anos;
c) Existir parecer negativo, ou recusa de aprovação
de qualquer entidade consultada cuja decisão b) Exista projecto de indeferimento de pedido de li-
seja vinculativa para os órgãos municipais. cenciamento das operações referidas na alínea
e) do número 2 do artigo 4.º com fundamento no
2. Quando o pedido de licenciamento tiver por objecto facto de suscitarem sobrecarga incomportável
a realização das operações urbanísticas referidas nas para as infra-estruturas existentes.
alíneas a) e b) do número 2 do artigo 4.º, pode ainda haver
indeferimento sempre que: 2. Em caso de deferimento nos termos do número an-
terior, o requerente deve, antes da emissão do alvará,
a) A operação urbanística afectar negativamente celebrar com a Câmara Municipal contrato relativo ao
o património histórico, cultural, paisagístico, cumprimento das obrigações assumidas e prestar caução
natural ou edificado; adequada, as quais devem ser mencionadas expressa-
mente como condição do deferimento do pedido.
b) A operação urbanística constituir, comprovada-
mente, uma sobrecarga incomportável para Artigo 26.º
as infra-estruturas ou serviços gerais existen- Licença e suas alterações
tes ou implicar, para o Município, a constru-
ção ou manutenção de equipamentos, a reali- 1. A deliberação final de deferimento do pedido de
zação de trabalhos ou a prestação de serviços licenciamento consubstancia a licença para a realização
por este não previstos, designadamente quan- da operação urbanística.
to a arruamentos e redes de abastecimento de 2. A requerimento do interessado, até ao início das
água, de energia eléctrica ou de saneamento. obras ou trabalhos objecto da licença, podem ser alterados
3. Quando o pedido de licenciamento tiver por objecto os seus termos e condições.
a realização das obras referidas nas alíneas c) do número 3. Salvo o disposto no presente diploma, a alteração da
2 do artigo 4.º, pode ainda ser indeferido sempre que: licença de operação de loteamento não pode ser aprovada
a) A obra seja susceptível de manifestamente afec- se ocorrer oposição escrita dos proprietários da maioria
tar a estética das povoações, a sua adequada dos lotes constantes do alvará, desde que nela se inclua
inserção no ambiente urbano ou a beleza das a maioria dos proprietários abrangidos pela alteração.
paisagens, designadamente em resultado da 4. É dispensada a consulta às entidades exteriores ao
desconformidade com as cérceas dominantes, a Município desde que o pedido de alteração se conforme
volumetria das edificações e outras prescrições com os pressupostos de facto e de direito dos pareceres,
expressamente previstas em regulamento; autorizações ou aprovações que hajam sido emitidos no
procedimento.
b) Na ausência de arruamentos ou de infra-estru-
turas de abastecimento de água e saneamen- 5. A alteração da licença dá lugar a aditamento ao
to ou se a obra projectada constituir, compro- alvará que, no caso de operação de loteamento, deve ser
vadamente, uma sobrecarga incomportável comunicado oficiosamente à conservatória do registo
para as infra-estruturas existentes. predial competente, para efeitos de averbamento.
4. Quando o pedido de licenciamento tiver por objecto 6. Exceptuam-se do disposto nos números 3 e 4 as al-
a realização das obras referidas na alínea d) do número terações às condições da licença que se refiram ao prazo
2 do artigo 4.º, pode ainda ser indeferido sempre que se de conclusão das operações urbanísticas licenciadas
verificarem as circunstâncias da alínea a) do número ou ao montante da caução para garantia das obras de
anterior. urbanização, que se regem pelos artigos 43.º, 44.º e 48.º.
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Subsecção IV Artigo 30.º

Autorização Indeferimento do pedido de autorização

Artigo 27.º 1. O pedido de autorização é indeferido nos casos


Consulta a entidades exteriores ao Município previstos nas alíneas a) e b) do número 1 do artigo 24.º.

Sem prejuízo do disposto no artigo 35º, no âmbito do 2. Quando o pedido de autorização tiver por objecto
procedimento de autorização não há lugar a consultas a a realização das operações urbanísticas referidas nas
entidades exteriores ao Município. alíneas a), b), c) ou d) do número 3 do artigo 4.º, o indefe-
rimento pode ainda ter lugar com fundamento no disposto
Artigo 28.º
na alínea b) do número 2 do artigo 24.º.
Apreciação liminar
3. Quando o pedido de autorização tiver por objecto
Sem prejuízo do disposto nos números 1 e 2 do artigo a realização das obras referidas nas alíneas c) e d) do
13.º, o pedido de autorização é liminarmente rejeitado número 3 do artigo 4.º pode ainda ser indeferido nos
quando se verifique alguma das seguintes situações: seguintes casos:
a) Quando a operação urbanística a que respeita não a) A obra afecte manifestamente a estética das
se integra na previsão do número 3 do artigo edificações das povoações, a sua adequada in-
4.º, nem se encontra sujeita ao regime de auto- serção no ambiente urbano ou a beleza das
rização nos termos do regulamento municipal a paisagens;
que se refere o número 2 do artigo 7.º;
b) Quando se verifique a ausência de arruamentos
b) Quando o pedido de autorização das operações ou de infra-estruturas de abastecimento de
urbanísticas referidas na alínea a) do número água.
3 do artigo 4.º viole plano detalhado;
4. O disposto nos números anteriores é aplicável às
c) Sempre que os pedidos de autorização das ope-
operações previstas na alínea g) do número 3 do artigo
rações urbanísticas referidas nas alíneas b) e
4.º, com as necessárias adaptações.
c) do número 3 do artigo 4.º violem licença de
loteamento ou plano detalhado. 5. Quando o pedido de autorização se referir às ope-
Artigo 29.º rações urbanísticas referidas na alínea b) do número
3 do artigo 4.º, o indeferimento pode ainda ter lugar
Decisão final com fundamento na desconformidade com as condições
1. O Presidente da Câmara Municipal decide sobre o impostas no licenciamento ou autorização da operação
pedido de autorização: de loteamento nos casos em que esta tenha precedido
ou acompanhado o pedido de autorização de obras de
a) No prazo de trinta dias, no caso de operação de urbanização.
loteamento e de obras de urbanização;
6. O pedido de autorização das operações referidas na
b) No prazo de trinta dias, nos demais casos. alínea f) do número 3 do artigo 4.º pode ainda ser objecto
de indeferimento quando:
2. Os prazos previstos no número anterior contam-se a
partir da recepção do pedido ou dos elementos solicitados a) Não respeite as condições constantes dos núme-
nos termos do número 3 do artigo 13º. ros 2 e 3 do artigo 52º, consoante o caso;
3. No caso de pedido de autorização para utilização de b) Constitua, comprovadamente, uma sobrecarga
edifício ou de sua fracção, bem como para a alteração à incomportável para as infra-estruturas exis-
utilização nos termos previstos na alínea f) do número tentes.
3 do artigo 4.º, o prazo para a decisão do Presidente da
Câmara Municipal conta-se a partir: Artigo 31.º

Alterações à autorização
a) Da data da recepção do pedido ou da recepção
dos elementos solicitados, nos termos do nú- 1. Até ao início das obras ou trabalhos objecto da auto-
mero 3 do artigo 13.º; ou rização, podem ser alterados os seus termos e condições,
b) Da data da realização da vistoria, quando a ela hou- a requerimento do interessado.
ver lugar, nos termos do disposto no artigo 54.º.
2. A alteração da autorização de loteamento não será
4. Quando o pedido de autorização de obras de urbani- aprovada caso haja oposição escrita dos proprietários da
zação seja apresentado em simultâneo com o pedido de maioria dos lotes constantes do alvará e desde que nessa
autorização de operação de loteamento, o prazo previsto oposição se inclua a maioria dos proprietários abrangidos
na alínea b) do número 1 conta-se a partir da deliberação pela alteração.
que aprove o pedido de loteamento.
3. A alteração à autorização obedece ao procedimento
5. O acto de deferimento do pedido consubstancia a estabelecido na presente subsecção, aplicando-se, com
autorização para a realização da operação urbanística. as necessárias adaptações, o que se dispõe no artigo 25.º.
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Subsecção V Subsecção VI

Comunicação prévia Procedimentos especiais


Artigo 32.º Artigo 35.º
Âmbito Empreendimentos turísticos

Estão sujeitas ao regime de comunicação prévia, as Os empreendimentos turísticos estão sujeitos ao re-
obras de alteração no interior de edifícios não classifica- gime jurídico de declaração e funcionamento das zonas
dos ou as suas fracções que não impliquem modificações turísticas especiais, aprovado pela Lei n.º 75/VII/2010,
da estrutura resistente dos edifícios, das cérceas, das fa- de 23 de Agosto.
chadas e da forma dos telhados e de todas as outras obras
Secção III
que se encontrem dispensadas de licença ou autorização.
Artigo 33.º Condições especiais de licenciamento ou autorização

Comunicação à Câmara Municipal Subsecção I

Operações de loteamento
1. A comunicação prévia é dirigida ao Presidente da
Câmara Municipal. Artigo 36.º

2. A comunicação referida no número anterior deve Licenciamento de operações de loteamento


conter:
1. As operações de loteamento só podem realizar-se nas
a) A identificação do interessado; áreas edificáveis e em terrenos já urbanizados ou cuja
urbanização se encontre programada em plano urbanís-
b) As peças escritas e desenhadas, indispensáveis tico, nos termos dos números seguintes.
à identificação das obras ou trabalhos a reali-
zar e da respectiva localização, assinadas por 2. Nas áreas não abrangidas por plano detalhado, o
técnico legalmente habilitado; licenciamento de operações de loteamento está sujeito a
aprovação da Assembleia Municipal, mediante parecer
c) Termo de responsabilidade.
prévio favorável do departamento governamental res-
3.As operações urbanísticas realizadas ao abrigo de ponsável pelo ordenamento do território que caduca no
comunicação prévia devem observar as normas legais e prazo de dois anos, salvo se nesse prazo for licenciada a
regulamentares que lhes forem aplicáveis, designada- operação de loteamento.
mente as constantes de instrumento de gestão territorial
3. O parecer do departamento governamental respon-
e as normas técnicas de construção.
sável pelo ordenamento do território destina-se a avaliar
Artigo 34.º a operação de loteamento do ponto de vista da sua lega-
Apreciação liminar lidade e do ordenamento do território e a verificar a sua
articulação com os instrumentos de gestão territorial
1. O Presidente da Câmara Municipal, com faculda- previstos na lei.
de de delegação nos Vereadores e de subdelegação nos
dirigentes dos serviços municipais deve, em apreciação 4. As operações de loteamento em terrenos não ur-
liminar, e no prazo de vinte dias a contar da entrega da banizados, tanto da iniciativa de promotores privados
comunicação, determinar a sujeição da obra a licencia- como públicos, incluindo as Autarquias Locais, ficam
mento ou autorização quando verifique que: condicionadas à prévia realização das respectivas obras
básicas de urbanização, nos termos do presente diploma.
a) A obra não se integra no âmbito a que se refere
o artigo 32.º; 5. Constituem obras básicas de urbanização prévia dos
loteamentos com fins comerciais as seguintes:
b) Existem fortes indícios de que a obra viola as
normas legais e regulamentares aplicáveis, a) Terraplanagem;
designadamente as constantes de planos ur-
b) Execução de arruamentos e sua compactação,
banísticos, alvará de loteamento, as normas
como principal estrutura de alinhamento e de
técnicas de construção em vigor ou os termos
crescimento futuro da urbanização;
de informação prévia.
2. O prazo previsto no número anterior é de sessenta c) Demarcação dos lotes;
dias quando haja lugar a consulta a entidades externas. d) Demarcação dos logradouros públicos, tais como
3. Decorrido o prazo previsto no número anterior sem largos, praças, jardins e parques;
que a comunicação prévia tenha sido rejeitada, é dispo- e) Obras de escoamento de águas pluviais e correcção
nibilizada, através do sistema informático ou suporte torrencial nos casos de manifesta necessidade;
papel a informação de que a comunicação prévia não foi
rejeitada, o que equivale à sua admissão. f) Muros de protecção ede suporte a desnível de ter-
reno nos casos em que as infra-estruturas não
4. Na falta de rejeição da comunicação prévia, o interes- possuem sustentação;
sado pode dar início às obras, efectuando previamente o
pagamento das taxas devidas através de autoliquidação. g) Vias de circulação pavimentadas;
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 915

h) Rede de abastecimento de água; 2. Para os efeitos do número anterior, o requerente deve


assinalar as áreas de cedência ao Município em planta a
i) Rede de drenagem de águas residuais;
entregar com o pedido de licenciamento ou autorização.
j) Rede de abastecimento de energia; 3. As parcelas de terreno cedidas ao Município inte-
k) Rede de telecomunicações. gram-se no domínio municipal com a emissão do alvará
ou, nas demais situações, através de instrumento notarial
6. Constituem obras básicas de urbanização prévia dos próprio a realizar no prazo de vinte dias após a admissão
loteamentos destinados a habitação de interesse social, da comunicação prévia ou autorização, devendo a Câmara
as previstas nas alíneas a) a f) do número anterior. Municipal definir, no momento da recepção, as parcelas
7. A violação do disposto no número 4 constitui fun- afectas aos domínios público e privado do Município.
damento de anulação dos contratos de compra e venda 4. Se o prédio a lotear já estiver servido pelas infra-
dos lotes celebrados entre terceiros e o promotor, ficando estruturas adequadas ou não se justificar a localização
este obrigado a ressarcir aquele dos eventuais danos daí de qualquer equipamento ou espaço verde públicos no
resultantes, para além da obrigação de restituição dos referido prédio, ou ainda nos casos previstos no número
valores e impostos pagos. 3 do artigo anterior, não há lugar a qualquer cedência
8. Por cada lote resultante das operações de loteamento para esses fins, ficando, no entanto, o proprietário obri-
deve ser emitido, pela Câmara Municipal territorialmen- gado ao pagamento de uma compensação ao Município,
te competente, uma Planta de Localização, devidamente em numerário ou em espécie, nos termos definidos em
georreferenciada e obedecendo às características e modelo regulamento municipal.
a aprovar por Portaria do membro do Governo responsá- 5. O cedente tem o direito de reversão sobre as parcelas
vel pelo ordenamento do território e cadastro. cedidas sempre que estas sejam afectas a fins diversos
Artigo 37.º daqueles para que hajam sido cedidas, aplicando-se neste
caso, com as necessárias adaptações, o regime jurídico
Áreas para espaços verdes e de utilização colectiva,
infra-estruturas e equipamentos das expropriações por utilidade pública.

1. Os projectos de loteamento devem prever obriga- 6. Em alternativa ao exercício do direito referido no


toriamente áreas destinadas à implantação de espaços número 5, o cedente pode exigir ao Município uma indem-
verdes e de utilização colectiva, infra-estruturas viárias nização, a determinar nos termos estabelecidos no regime
e equipamentos. das expropriações por utilidade pública com referência ao
fim a que se encontre afecta a parcela, calculada à data
2. Os parâmetros para o dimensionamento das áreas em que pudesse haver lugar à reversão.
referidas no número anterior são os que estiverem defi-
7. As parcelas que, nos termos do número 5, tenham
nidos em plano urbanístico, de acordo com as directrizes
revertido para o cedente ficam sujeitas às mesmas finali-
estabelecidas pela Directiva Nacional do Ordenamento do
dades a que deveriam estar afectas aquando da cedência,
Território (DNOT), pelo Esquema Regional de Ordena-
salvo quando se trate de parcela a afectar a equipamento
mento do Território ou Plano Especial de Ordenamento
de utilização colectiva, devendo nesse caso ser afecta a
do Território.
espaço verde, procedendo-se ainda ao averbamento desse
3. Para aferir se o projecto de loteamento respeita os facto no respectivo alvará.
parâmetros a que alude o número anterior, consideram-se
8. Os direitos referidos nos números 5 a 7 podem ser
quer as parcelas de natureza privada a afectar àqueles
exercidos pelos proprietários de, pelo menos, 1/3 dos lotes
fins quer as parcelas a ceder à Câmara Municipal nos
constituídos em consequência da operação de loteamento.
termos do artigo seguinte.
9. Havendo imóveis construídos na parcela revertida,
4. Os espaços verdes e de utilização colectiva, infra-
o tribunal pode ordenar a sua demolição, a requerimento
estruturas viárias e equipamentos de natureza privada
do cedente, sendo o Município responsável pelos prejuízos
constituem partes comuns dos lotes resultantes da ope-
causados aos proprietários dos referidos imóveis, nos ter-
ração de loteamento e dos edifícios que neles venham
mos da lei que regula a responsabilidade das entidades
a ser construídos e regem-se pelo regime previsto no
públicas por actos ilícitos.
Código Civil.
10. A obrigação imposta pelo número 1 aplica-se igual-
5. O disposto no número 1 aplica-se igualmente, com mente, com as necessárias adaptações, ao Município
as necessárias adaptações, às Autarquias Locais quando quando este seja o proprietário do prédio a lotear.
estas sejam os promotores do loteamento.
Artigo 39.º
Artigo 38.º
Gestão das infra-estruturas e dos espaços verdes
Cedências de parcelas para o domínio municipal e de utilização colectiva

1. O proprietário e os demais titulares de direitos reais 1. A gestão das infra-estruturas e dos espaços verdes
sobre o prédio a lotear cedem gratuitamente ao Município e de utilização colectiva pode ser confiada a moradores
as parcelas para implantação de espaços verdes públicos e ou a grupos de moradores das zonas loteadas e urbanizadas,
equipamentos de utilização colectiva e as infra-estruturas mediante a celebração com o Município de acordos de
que, de acordo com a lei e a licença ou autorização de cooperação ou de contratos de concessão do domínio
loteamento devam integrar o domínio municipal. municipal.
916 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

2. Os acordos de cooperação podem incidir, nomeada- Artigo 41.º


mente, sobre os seguintes aspectos: Negócios jurídicos

a) Limpeza e higiene; 1. Nos títulos de arrematação ou outros documentos


judiciais, bem como nos instrumentos relativos a actos
b) Conservação de espaços verdes existentes; ou negócios jurídicos de que resulte, directa ou indirec-
c) Manutenção dos equipamentos de recreio e lazer; tamente, a constituição de lotes, nos termos e condições
previstas no presente diploma, ou a transmissão de lotes
d) Vigilância da área, de forma a evitar a sua de- legalmente constituídos, devem constar o número do
gradação. alvará, da autorização ou da comunicação prévia, a data
da sua emissão ou admissão pela Câmara Municipal, a
3. Os contratos de concessão devem ser celebrados data de caducidade e a certidão do registo predial.
sempre que se pretenda realizar investimentos em equi-
pamentos de utilização colectiva ou em instalações fixas 2. Não podem ser celebradas escrituras públicas de
e não desmontáveis em espaços verdes, ou a manutenção primeira transmissão de imóveis construídos nos lotes
de infra-estruturas. ou de fracções autónomas desses imóveis sem que seja
exibida, perante a entidade que celebre a escritura públi-
4. Os princípios a que devem subordinar-se os contra- ca ou autentique o documento particular, certidão emi-
tos administrativos de concessão do domínio municipal, tida pela Câmara Municipal, comprovativa da recepção
a que se refere o número anterior, são estabelecidos em provisória das obras de urbanização ou certidão emitida
diploma próprio, no qual se fixam as regras a observar pela Câmara Municipal, comprovativa de que a caução
em matéria de prazo de vigência, conteúdo do direito de a que se refere o artigo 44.º é suficiente para garantir a
uso privativo, obrigações do concessionário e do Município boa execução das obras de urbanização.
em matéria de realização de obras, prestação de serviços
3. Caso o interessado não se tenha obrigado a executar
e manutenção de infra-estruturas, garantias a prestar,
obras de urbanização, é exigida a certidão negativa, para
modos e termos do sequestro e rescisão.
efeito do número anterior.
5. A utilização das áreas concedidas, nos termos do 4. Caso as obras de urbanização sejam realizadas nos
número anterior, e a execução dos contratos respectivos termos dos artigos 73.º e 74.º, as escrituras referidas
estão sujeitas a fiscalização da Câmara Municipal, nos no número anterior podem ser celebradas mediante a
termos a estabelecer no diploma aí referido. exibição de certidão, emitida pela Câmara Municipal,
comprovativa da conclusão de tais obras, devidamente
6. Os contratos referidos no número anterior não po-
executadas em conformidade com os projectos aprovados.
dem, sob pena de nulidade das cláusulas respectivas,
proibir o acesso e utilização do espaço concessionado por Artigo 42.º
parte do público. Publicidade à alienação

Artigo 40.º Na publicidade à alienação de lotes de terrenos, de


Execução de planos urbanísticos
edifícios ou fracções autónomas neles construídos, em
construção ou a construir, é obrigatório mencionar o
1. As condições da licença ou autorização de operação número do alvará e a data da sua emissão pela Câmara
de loteamento podem ser alteradas por iniciativa da Municipal, bem como o respectivo prazo de validade.
Câmara Municipal, desde que tal alteração se mostre Subsecção II
necessária à execução de planos urbanísticos de área de
Obras de urbanização
reabilitação urbana nos termos do Decreto-Lei n.º 2/2011,
de 3 de Janeiro, ou área de recuperação e reconversão Artigo 43.º
urbanística, designadamente de bairros clandestinos Condições e prazo de execução
identificados nos planos urbanísticos.
1. Com a decisão final, o órgão competente para o li-
2. A deliberação da Câmara Municipal que determine cenciamento ou a autorização das obras de urbanização
as alterações referidas no número anterior é devidamente estabelece:
fundamentada e implica a emissão de novo alvará e a
a) As condições a observar na execução das mes-
publicação e submissão a registo deste, a expensas do
mas e o prazo para a sua conclusão;
Município.
b) O montante da caução destinada a assegurar a
3. A deliberação referida no número anterior é prece- boa e regular execução das obras;
dida da audiência prévia do titular do alvará e demais
interessados, que dispõem do prazo de trinta dias para c) As condições gerais do contrato de urbanização
se pronunciarem sobre o projecto de decisão. a que se refere o artigo 45.º, se for caso disso.
2. O prazo estabelecido nos termos da alínea a) do nú-
4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
mero 1 pode ser prorrogado pelo Presidente da Câmara
a alteração de operação de loteamento admitido objecto
Municipal, nos seguintes casos:
de comunicação prévia só pode ser apresentada se for
demonstrada a não oposição da maioria dos proprietários a) A requerimento fundamentado do interessado,
dos lotes constantes da comunicação. por uma única vez e por período não superior
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 917

a metade do prazo inicial, quando não seja 6. O conjunto das reduções efectuadas ao abrigo do
possível concluir as obras dentro do prazo disposto na alínea b) do número anterior não pode ul-
para o efeito estabelecido; trapassar 90% do montante inicial da caução, sendo o
remanescente libertado com a recepção definitiva das
b) Em consequência de alteração da licença ou au-
obras de urbanização.
torização;
7. O reforço ou a redução da caução, nos termos do
c) Quando a obra se encontre em fase de acabamen-
número 5, não dá lugar à emissão de novo alvará.
to, a requerimento fundamentado do interes-
sado mediante o pagamento de uma taxa de Artigo 45.º
montante a fixar em regulamento municipal. Contrato-programa de urbanização

3. A prorrogação do prazo, nos termos referidos nos 1. Quando a execução das operações de loteamento e
números anteriores, não dá lugar à emissão de novo urbanização envolva mais de um responsável, a realiza-
alvará, devendo ser averbada no alvará em vigor. ção das mesmas pode ser objecto de contrato-programa
4. As condições da licença ou autorização de obras de urbanização, nos termos estabelecidos nos artigos
de urbanização podem ser alteradas por iniciativa da 159.º e 160.º do Regulamento Nacional de Ordenamento
Câmara Municipal, nos termos e com os fundamentos do Território e Planeamento Urbanístico, aprovado pelo
estabelecidos no artigo 40.º. Decreto-Lei n.º 43/2010, de 27 de Setembro.
Artigo 44.º 2. São partes no contrato de urbanização, obrigatoria-
Caução
mente, o Município, o proprietário e outros titulares de
direitos reais sobre o prédio, as empresas que prestem
1. O requerente presta, a favor da Câmara Municipal, serviços públicos, bem como outras entidades envolvi-
caução destinada a garantir a boa e regular execução das na operação de loteamento, ou na urbanização dela
das obras de urbanização, podendo oferecer a caução resultante, designadamente interessadas na aquisição
prestada pelo empreiteiro no âmbito do contrato de em- dos lotes.
preitada para realizar as obras de urbanização desde
que essa caução tenha as características definidas no 3. Quando haja lugar à celebração de contrato-pro-
número seguinte. grama de urbanização, a ele se fará menção no alvará.

2. A caução é prestada mediante garantia bancária 4. Juntamente com o requerimento inicial ou a qual-
autónoma à primeira solicitação, sobre bens imóveis dos quer momento do procedimento até à aprovação das obras
quais o requerente seja proprietário, depósito em dinheiro de urbanização, o interessado pode apresentar proposta
ou seguro-caução, devendo constar do próprio título que de contrato-programa de urbanização.
a mesma se encontra sujeita a actualização e se mantém Artigo 46.º
válida até à recepção definitiva das obras de urbanização. Execução por fases
3. O montante da caução depende dos orçamentos para 1. O interessado pode requerer a execução por fases das
execução dos projectos das obras a executar, eventual- obras de urbanização, identificando as obras incluídas
mente corrigido pela Câmara Municipal com a emissão em cada fase bem como o orçamento correspondente e os
da licença ou da autorização, a que pode ser acrescido um prazos dentro dos quais se propõe requerer a respectiva
montante variável de 1,5% a 5% daquele valor, destinado licença ou autorização.
a remunerar encargos de administração caso se mostre
necessário aplicar o disposto nos artigos 73.º e 74.º. 2. O requerimento referido no número anterior deve
ser apresentado com o pedido de licenciamento ou de
4. Os valores referidos no número anterior são fixados autorização de loteamento, ou, quando as obras de ur-
por regulamento municipal. banização não se integrem em operação de loteamento,
5. O montante da caução deve ser: com o pedido de licenciamento das mesmas.
a) Reforçado, precedendo deliberação fundamenta- 3. Cada fase deve ter coerência interna e corresponder
da da Câmara Municipal, tendo em atenção a a uma zona da área a lotear ou a urbanizar que possa
correcção do valor dos trabalhos por aplicação funcionar autonomamente.
das regras legais e regulamentares relativas 4. O requerimento é decidido no prazo de trinta dias a
a revisões de preços dos contratos de emprei- contar da data da sua apresentação.
tada de obras públicas, quando se mostre in-
suficiente para garantir a conclusão dos tra- 5. Admitida a execução por fases, o alvará abrange
balhos, em caso de prorrogação do prazo de apenas a primeira fase das obras de urbanização impli-
conclusão ou em consequência de acentuada cando cada fase subsequente, um aditamento ao alvará.
subida no custo dos materiais ou de salários; Subsecção III
b) Reduzido, nos mesmos termos, em conformida- Obras de edificação
de com o andamento dos trabalhos a requeri- Artigo 47.º
mento do interessado, que deve ser decidido
Condições de execução
no prazo de quarenta e cinco dias, sob pena
do requerimento se considerar tacitamente 1. A Câmara Municipal fixa, com o deferimento do pe-
deferido. dido de licenciamento ou autorização das obras referidas
918 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

nas alíneas c) e d) do número 2 e c) a e) do número 3 do daquele projecto, em que se propõe requerer a aprovação
artigo 4.º, as condições a observar na execução da obra, dos projectos de especialidades relativos a cada uma des-
devendo salvaguardar o cumprimento do disposto no sas fases, podendo a Câmara Municipal fixar diferentes
regime de gestão dos resíduos de construção e demolição. prazos por motivo de interesse público, devidamente
fundamentado.
2. As condições relativas à ocupação da via pública
ou à colocação de tapumes e vedações são estabelecidas 2. Cada fase deve corresponder a uma parte da edifi-
mediante proposta do requerente, não podendo a Câmara cação passível de utilização autónoma.
Municipal alterá-las senão com fundamento na violação
de normas legais ou regulamentares aplicáveis, ou na 3. Quando se trate de operação urbanística sujeita a
necessidade de articulação com outras ocupações pre- autorização, o requerente identificará, no projecto de ar-
vistas ou existentes. quitectura, as fases em que pretende proceder à execução
da obra e o prazo para início de cada uma delas, podendo
3. No caso previsto no artigo 100.º, as condições a optar por juntar apenas os projectos de especialidades
observar na execução das obras são aquelas que forem referentes à fase que se propõe executar inicialmente,
propostas pelo requerente. juntando nesse caso os projectos relativos às fases sub-
sequentes, com o requerimento de emissão do alvará da
4. O alvará de autorização de obras de construção si-
fase respectiva.
tuadas em área abrangida por operação de loteamento
não pode ser emitido antes da recepção provisória das 4. Admitida a execução por fases, o alvará abrange
respectivas obras de urbanização ou da prestação de apenas a primeira fase das obras implicando cada fase
caução a que se refere o artigo 44.º, número 1. subsequente, um aditamento ao alvará.
Artigo 48.º Artigo 50.º
Prazo de execução Edificações existentes

1. A Câmara Municipal fixa, com o deferimento do pedi- 1. As edificações construídas antes da entrada em
do de licenciamento ou de autorização das obras referidas vigor do presente diploma, e as utilizações respectivas
nas alíneas c) e d) do número 2 e c) a e) do número 3 do não são afectadas por normas legais e regulamentares
artigo 4.º, o prazo para a conclusão das obras. supervenientes.
2. O prazo começa a contar da data de emissão do 2. A concessão de licença ou autorização para a re-
respectivo alvará, ou, no caso de deferimento tácito, a alização de obras de reconstrução ou de alteração das
contar da data do pagamento ou do depósito das taxas edificações não pode ser recusada com fundamento em
ou da caução. normas legais ou regulamentares supervenientes à
3. O prazo para a conclusão da obra é estabelecido em construção originária, desde que tais obras não originem
conformidade com a programação proposta pelo reque- ou agravem desconformidade com as normas em vigor,
rente, podendo ser fixado diferente prazo por motivo de ou tenham como resultado a melhoria das condições de
interesse público, devidamente fundamentado. segurança e de salubridade da edificação.

4. Quando não seja possível concluir as obras no prazo 3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
previsto na licença ou autorização, o prazo estabelecido a lei pode impor condições específicas para o exercício
nos termos dos números anteriores pode ser prorrogado de certas actividades em edificações já afectas a tais
pelo Presidente da Câmara Municipal, a requerimento actividades, ao abrigo do direito anterior, bem como
fundamentado do interessado, por uma única vez e por condicionar a execução das obras referidas no número
período não superior a metade do prazo inicial, salvo o anterior à realização dos trabalhos acessórios que se
disposto nas alíneas seguintes: mostrem necessários para a melhoria das condições de
segurança e salubridade da edificação.
a) Quando a obra se encontre em fase de acaba-
Artigo 51.º
mento, mediante o pagamento de taxa de
montante a fixar em regulamento municipal; Identificação dos técnicos responsáveis

b) Em consequência da alteração da licença ou au- O titular da licença ou autorização de construção fica


torização. obrigado a afixar uma placa em material imperecível no
exterior da edificação, ou a gravar num dos seus elemen-
5. A prorrogação do prazo nos termos referidos nos nú- tos exteriores, com a identificação do dono da obra, dos
meros anteriores não dá lugar à emissão de novo alvará, técnicos autores do respectivo projecto de arquitectura
devendo ser averbada no alvará em vigor. e do director de obra.
Artigo 49.º Subsecção IV
Execução por fases Utilização de edifícios ou suas fracções
1. O requerente pode optar pela execução faseada da Artigo 52.º
obra, devendo para o efeito, em caso de operação urba-
Âmbito
nística sujeita a licenciamento, identificar no projecto
de arquitectura os trabalhos incluídos em cada uma das 1. A licença de alteração da utilização prevista na
fases e indicar os prazos, a contar da data de aprovação alínea e) do número 2 do artigo 4.º destina-se a verificar
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 919

a conformidade do uso previsto com as normas legais e 6. As conclusões da vistoria são obrigatoriamente
regulamentares que lhe são aplicáveis e a idoneidade seguidas na decisão sobre o pedido de licenciamento ou
do edifício ou sua fracção autónoma para o fim a que se autorização de utilização.
destina.
7. No caso de obras de alteração decorrentes da vistoria,
2. A autorização de utilização prevista na alínea f) do a emissão do alvará depende da verificação da sua ade-
número 3 do artigo 4.º destina-se a verificar a conformi- quada realização, através de nova vistoria.
dade da obra concluída com o projecto aprovado e com as
condições do licenciamento ou autorização. 8.Não sendo a vistoria realizada nos prazos referidos
nos números anteriores, o requerente pode solicitar a
3. Quando não haja lugar à realização de obras ou nos emissão do título de autorização de utilização, mediante
casos previstos no artigo 7.º, a autorização de utilização a apresentação do comprovativo do requerimento da mes-
referida no número anterior destina-se a verificar a ma, nos termos do presente diploma, o qual é emitido no
conformidade do uso previsto com as normas legais e prazo de cinco dias e sem a prévia realização de vistoria.
regulamentares aplicáveis e a idoneidade do edifício ou
Artigo 55.º
sua fracção autónoma para o fim pretendido.
Propriedade horizontal
Artigo 53.º

Pedido de licença ou autorização de utilização


1. No caso de edifícios constituídos em regime de pro-
priedade horizontal, a licença ou autorização de utilização
Do requerimento de licença ou autorização de utilização pode ter por objecto o edifício na sua totalidade ou cada
deve constar o termo de responsabilidade subscrito pelo uma das suas fracções autónomas.
responsável pela direcção de obra ou técnico autor do
projecto, na qual aqueles devem declarar que a obra foi 2. A licença ou autorização de utilização só pode ser
executada de acordo com o projecto aprovado e com as concedida autonomamente, para uma ou mais fracções
condições da licença e ou autorização e, se for caso disso, autónomas, quando as partes comuns dos edifícios em
se as alterações efectuadas ao projecto estão em confor- que se integram estejam também em condições de serem
midade com as normas legais e regulamentares que lhe utilizadas.
são aplicáveis. 3. Caso o interessado não tenha ainda requerido a cer-
Artigo 54.º tificação pela Câmara Municipal de que o edifício satisfaz
os requisitos legais para a sua constituição em regime
Vistoria de propriedade horizontal, tal pedido pode integrar o
requerimento de autorização de utilização.
1. A concessão da licença ou autorização de utilização
não depende de prévia vistoria municipal, salvo o disposto 4. O disposto nos números 2 e 3 é aplicável, com as
no número seguinte. necessárias adaptações, aos edifícios compostos por uni-
dades susceptíveis de utilização independente que não
2. O Presidente da Câmara Municipal pode determinar estejam sujeitos ao regime da propriedade horizontal.
a realização de vistoria, no prazo de quinze dias a contar
da entrega do requerimento referido no artigo anterior, Artigo 56.º
se a obra não tiver sido inspeccionada ou vistoriada no
Licença ou autorização de funcionamento
decurso da sua execução ou se dos elementos constantes
do processo ou do livro de obra resultarem indícios de A concessão da licença de funcionamento de estabe-
que a mesma foi executada em desconformidade com lecimento encontra-se dependente de uma vistoria, que
o respectivo projecto e condições da licença, ou com as pode ser efectuada em conjunto com a vistoria prevista
normas legais e regulamentares que lhe são aplicáveis. no artigo 54.º, quando a ela haja lugar, e só pode ser
concedida mediante a exibição do alvará de licença ou
3. A vistoria realiza-se no prazo de trinta dias a contar
de autorização de utilização.
da data de entrega do pedido, sempre que possível em
data a acordar com o requerente. Secção IV

4. A vistoria é efectuada por uma comissão composta, Validade e eficácia dos actos de licenciamento ou autorização
no mínimo, por três técnicos, a designar pela Câmara Subsecção I
Municipal, dos quais pelo menos um deve ter formação e
habilitação legal para assinar projectos correspondentes Validade
à obra objecto de vistoria.
Artigo 57.º
5. A data da realização da vistoria é notificada pela Requisitos
Câmara Municipal às entidades que a ela devem com-
parecer, nos termos da legislação aplicável, bem como A validade das licenças, a admissão das comunicações
ao requerente da licença de utilização que pode fazer-se prévias ou autorizações das operações urbanísticas
acompanhar dos autores dos projectos e pelo técnico res- depende da sua conformidade com as normas legais e
ponsável pela direcção técnica da obra, que participam, regulamentares aplicáveis em vigor à data da sua prática,
sem direito a voto, na vistoria. sem prejuízo do disposto no artigo 50.º.
920 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
Artigo 58.º parecer vinculativo, autorização ou aprovação legalmente
Nulidades exigível, a entidade que o emitiu responde solidariamente
com o Município, que tem sobre aquela direito de regresso.
São nulas as licenças, as admissões de comunicação
previa ou autorizações previstas no presente diploma que: 4. O disposto no presente artigo em matéria de respon-
sabilidade solidária não prejudica o direito de regresso
a) Violem o disposto em plano urbanístico, Plano que ao caso couber, nos termos gerais de direito.
Especial de Ordenamento do Território, me-
didas preventivas ou licença, ou autorização Subsecção II
de loteamento em vigor; Vicissitudes da licença ou autorização

b) Não tenham sido precedidas de consulta das Artigo 61.º


entidades cujos pareceres vinculativos, au-
Caducidade
torizações ou aprovações sejam legalmente
exigíveis, bem como quando não estejam em 1. A licença ou autorização para a realização de ope-
conformidade com esses pareceres, autoriza- ração de loteamento caduca se:
ções ou aprovações.
a) Não for requerida a autorização para a realiza-
Artigo 59.º
ção das respectivas obras de urbanização no
Participação e acção administrativa prazo de um ano a contar da notificação do
acto de licenciamento ou de autorização; ou
1. As nulidades previstas no artigo anterior e quaisquer
outros factos de que possa resultar a invalidade dos actos b) Não for requerido o alvará único no prazo de um
administrativos previstos no presente diploma devem ano a contar da notificação do acto de autori-
ser participados, por quem deles tenha conhecimento, zação das respectivas obras de urbanização.
ao Ministério Público, para efeitos de interposição da
competente acção administrativa e respectivos meios 2. A licença ou autorização para a realização de opera-
processuais acessórios. ção de loteamento que não exija a realização de obras de
urbanização, bem como a licença para a realização das
2. A citação do titular da licença ou da autorização para operações urbanísticas previstas nas alíneas b) a d) do
contestar o recurso referido no número 1 tem os efeitos número 2 e nas alíneas b) a e) e g) do número 3 do artigo
previstos no artigo 91.º para o embargo, sem prejuízo do 4.º caduca nos seguintes casos:
disposto no número seguinte.
a) No prazo de um ano a contar da notificação do
3. O tribunal pode, oficiosamente ou a requerimento
acto de licenciamento ou autorização, se não
dos interessados, autorizar o prosseguimento dos tra-
for requerida a emissão do respectivo alvará;
balhos, se do recurso resultarem indícios de ilegalidade
da sua interposição ou da sua improcedência, devendo o b) Se as obras não forem iniciadas no prazo de nove
juiz decidir esta questão, quando a ela houver lugar, no meses a contar da data de emissão do alva-
prazo de dez dias. rá ou, nos casos previstos no artigo 102.º, da
data do pagamento das taxas, do seu depósito
4. A possibilidade de o órgão que emitiu o acto ou deli-
ou da garantia do seu pagamento;
beração declarar a nulidade caduca no prazo de dez anos,
caducando também o direito de propor a acção prevista c) Se as obras estiverem suspensas por período
no número 1 se os factos que determinaram a nulidade superior a seis meses, salvo se a suspensão
não forem participados ao Ministério Público nesse prazo, decorrer de facto não imputável ao titular da
exceptuando monumentos nacionais e respectiva zona licença ou autorização;
de protecção.
d) Se as obras estiverem abandonadas por período
Artigo 60.º
superior a seis meses;
Responsabilidade civil da administração
e) Se as obras não forem concluídas no prazo fixado
1. O Município responde civilmente pelos prejuízos na licença ou na autorização ou suas prorro-
causados em caso de alteração, revogação, anulação ou gações, contado a partir da data de emissão
declaração de nulidade de licenças ou autorizações sem- do alvará, a qual será declarada pela respec-
pre que a causa da revogação, anulação ou declaração de tiva Câmara Municipal, com audiência prévia
nulidade resulte de uma conduta ilícita dos titulares dos do interessado;
seus órgãos ou dos seus funcionários e agentes.
f) Se o titular da licença ou autorização for declara-
2. Os titulares dos órgãos do Município e os seus funcio- do falido ou insolvente.
nários e agentes respondem solidariamente com aquele
quando tenham dolosamente dado causa à ilegalidade 3. Para os efeitos do disposto na alínea d) do número
que fundamenta a alteração, revogação, anulação ou anterior, presumem-se abandonadas as obras ou traba-
declaração de nulidade. lhos sempre que:
3. Quando a ilegalidade que fundamenta a alteração, a) Se encontrem suspensos sem motivo justificado
revogação, anulação ou declaração de nulidade resulte de registado no respectivo livro de obra;
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 921

b) Decorram na ausência do técnico responsável 6. O alvará é emitido no prazo de trinta dias a contar
pela respectiva execução; da apresentação do requerimento previsto nos números
anteriores, ou da recepção dos elementos a que se refere
c) Se desconheça o paradeiro do titular da respec-
o número 3 do artigo 13.º, desde que se mostrem pagas
tiva licença, sem que este haja indicado à
as taxas devidas.
Câmara Municipal procurador bastante que
o represente. 7. O requerimento de emissão de alvará só pode ser
4. As caducidades previstas no presente artigo são de- indeferido com fundamento na caducidade, suspensão,
claradas pela Câmara Municipal, com audiência prévia revogação, anulação ou declaração de nulidade da licença ou
do interessado. autorização ou na falta de pagamento das taxas referidas
no número anterior.
5. Os prazos a que se referem os números anteriores
contam-se de acordo com o disposto no Código Civil. 8. O alvará obedece a um modelo tipo a estabelecer por
portaria aprovada pelo membro do Governo responsável
Artigo 62.º
pelo ordenamento do território.
Renovação
Artigo 65.º
1. O titular da licença ou autorização que haja caducado
Competência
pode requerer nova licença ou autorização.
2. No caso referido no número anterior, serão utili- Compete ao Presidente da Câmara Municipal emitir
zados no novo processo os elementos que instruíram o o alvará para a realização das operações urbanísticas,
processo anterior desde que o novo requerimento seja podendo delegar esta competência nos vereadores, com
apresentado no prazo de dezoito meses a contar da data faculdade de subdelegação nos dirigentes dos serviços
da caducidade ou, se este prazo estiver esgotado, não municipais.
existirem alterações de facto e de direito que justifiquem Artigo 66.º
nova apresentação. Especificações
Artigo 63.º
1. O alvará de licença ou autorização de operação de
Revogação
loteamento ou de obras de urbanização deve conter, nos
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a li- termos da licença ou autorização, a especificação dos
cença, a admissão de comunicação prévia ou autorização seguintes elementos, consoante forem aplicáveis:
válida só podem ser revogadas nos termos estabelecidos
a) Identificação do titular do alvará;
na lei para os actos constitutivos de direitos.
2. Nos casos a que se refere o número 2 do artigo 93.º b) Identificação do prédio objecto da operação de
a licença ou autorização pode ser revogada pela Câmara loteamento ou das obras de urbanização;
Municipal decorrido o prazo de seis meses a contar do c) Identificação dos actos dos órgãos municipais
termo do prazo estabelecido de acordo com o número 1 relativos ao licenciamento ou autorização da
do mesmo artigo. operação de loteamento e das obras de urba-
Subsecção III nização;
Títulos das operações urbanísticas d) Enquadramento da operação urbanística em
Artigo 64.º plano urbanístico em vigor;
Título da licença, da admissão de comunicação prévia
e) Número de lotes e indicação da área, localização,
e da autorização de utilização
finalidade, área de implantação, área de cons-
1. As operações urbanísticas, objecto de licenciamen- trução, número de pisos e número de fogos de
to, são tituladas por alvará, cuja emissão é condição de cada um dos lotes, com especificação dos fogos
eficácia da licença. destinados a habitações a custos controlados,
2. A admissão de comunicação prévia das operações quando previstos;
urbanísticas é titulada pelo recibo da sua apresentação f) Cedências obrigatórias, sua finalidade e espe-
acompanhado do comprovativo da admissão nos termos cificação das parcelas a integrar no domínio
do presente diploma. municipal;
3. A autorização de utilização dos edifícios é titulada g) Prazo para a conclusão das obras de urbanização;
por alvará.
h) Montante da caução prestada e identificação do
4. O interessado deve, no prazo de um ano a contar da
respectivo título;
data da notificação do acto de licenciamento ou autoriza-
ção, requerer a emissão do respectivo alvará. i) Plantas representativas dos elementos referidos
nas alíneas e) e f), as quais devem constar de
5. No caso de operação de loteamento que exija a re-
anexo.
alização de obras de urbanização é emitido um alvará
único, que deve ser requerido no prazo de um ano a 2. As especificações do alvará a que se refere o número
contar da notificação do acto de autorização das obras anterior vinculam a Câmara Municipal, o proprietário
de urbanização. do prédio, bem como os adquirentes dos lotes.
922 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

3. O alvará de licença ou autorização para a realização Artigo 68.º


das operações urbanísticas a que se referem as alíneas b) Publicidade
a g) e l) do artigo 2.º deve conter, nos termos da licença
ou autorização, os seguintes elementos, consoante sejam 1. O titular do alvará deve promover, no prazo de dez
aplicáveis: dias após a sua emissão, a afixação de um aviso no prédio
objecto de qualquer operação urbanística, bem visível
a) A identificação do titular da licença ou autori- do exterior, que deve aí permanecer até à conclusão das
zação; obras.
b) A identificação do lote ou do prédio onde se rea- 2. A emissão do alvará de licença ou autorização de
lizam as obras ou trabalhos; loteamento deve ainda ser publicitada pela Câmara Mu-
c) A identificação dos actos dos órgãos municipais nicipal, no prazo estabelecido no número 1, através de:
relativos ao licenciamento ou autorização das a) Publicação de aviso a afixar na sede da respectiva
obras ou trabalhos; Câmara Municipal;
d) O enquadramento das obras em operação de lo- b) Publicação de aviso num jornal de âmbito na-
teamento ou plano urbanístico em vigor, no cional.
caso das obras previstas nas alíneas b), c) e e)
do artigo 2.º; 3. Os editais e os avisos previstos nos números ante-
riores devem mencionar, consoante os casos, as especi-
e) Os condicionamentos a que fica sujeita a licença ficações previstas nas alíneas a) a g) do número 1, a) a
ou autorização; c) e f) a i) do número 3 do artigo 66.º, e ainda o número
f) As cérceas e o número de pisos acima e abaixo da e validade do alvará emitido pela entidade responsável
cota de soleira; pela emissão de alvará de empresas de obras públicas e
particulares.
g) Os índices e parâmetros urbanísticos, nomea-
Artigo 69.º
damente a área de construção e a volumetria
dos edifícios; Cassação

h) O uso a que se destinam as edificações; 1. O alvará ou a admissão de comunicação prévia é


cassado pelo Presidente da Câmara Municipal quando
i) O prazo de validade da licença ou autorização, o caduque a licença ou a admissão de comunicação prévia
qual corresponde ao prazo para a conclusão ou autorização por ele titulada ou quando estas sejam
das obras ou trabalhos. revogadas, anuladas ou declaradas nulas.
4. O alvará de licença ou autorização relativo à utilização 2. A cassação do alvará de loteamento é comunicada
de edifício ou de sua fracção deve conter, nos termos da pelo Presidente da Câmara Municipal à conservatória
licença ou autorização, a especificação dos seguintes do registo predial competente, para efeitos de anotação
elementos: à descrição e de cancelamento do registo do alvará.
a) A identificação do titular da licença ou autori- 3. O alvará cassado é apreendido pela Câmara Muni-
zação; cipal, na sequência de notificação ao respectivo titular.
b) A identificação do edifício ou fracção autónoma; CAPÍTULO III
c) O uso a que se destina o edifício ou fracção au- Execução e fiscalização
tónoma.
Secção I
d) Quando for caso disso, a verificação dos requisi-
Início dos trabalhos
tos legais para a constituição da propriedade
horizontal. Artigo 70.º

5. No caso de substituição do titular de alvará de li- Início dos trabalhos


cença ou autorização, o substituto deve disso fazer prova 1. A execução das obras e trabalhos sujeitos a licença
junto do Presidente da Câmara Municipal para que este ou autorização nos termos do presente diploma só pode
proceda ao respectivo averbamento no prazo de quinze iniciar-se depois de emitido o respectivo alvará, com ex-
dias a contar da data da substituição. cepção do disposto no artigo seguinte e salvo o disposto
Artigo 67.º no artigo 102.º.
Obrigatoriedade da exigência do Alvará 2. As obras e trabalhos promovidos pela Administração
Pública só poderão iniciar-se depois de emitidos os pa-
Nos alvarás referidos no artigo anterior deve constar,
receres ou autorizações exigidos, ou após o decurso dos
obrigatoriamente, o número e validade do alvará da
prazos fixados para a respectiva emissão.
empresa executora, emitido pela entidade responsável
pela emissão de alvará de empresas de obras públicas e 3. No prazo de sessenta dias a contar do início dos
particulares. trabalhos relativos às operações urbanísticas referidas
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 923

nas alíneas c) e d) do número 2 e c) e d) do número 3 do Secção II


artigo 4.º, deve o promotor da obra apresentar na Câmara Execução dos trabalhos
Municipal cópia do projecto de execução de arquitectura
Artigo 73.º
e das várias especialidades, salvo nos casos de escassa
relevância urbanística em que tal seja dispensado por Alterações durante a execução da obra
regulamentação municipal.
1. Na pendência da execução da obra, podem ser re-
Artigo 71.º alizadas alterações ao projecto, mediante comunicação
prévia desde que essa comunicação seja efectuada com
Demolição, escavação e contenção periférica
a antecedência necessária para que as obras estejam
1. Quando o procedimento de licenciamento ou autori- concluídas antes da apresentação do requerimento de
zação haja sido precedido de informação prévia favorável licença ou autorização de utilização.
que vincule a Câmara Municipal, pode o Presidente da 2. Podem ser efectuadas sem dependência de comuni-
Câmara Municipal, a pedido do interessado, permitir cação prévia à Câmara Municipal as alterações em obra
a execução de trabalhos de demolição ou de escavação que não correspondam a obras que estivessem sujeitas
e contenção periférica até à profundidade do piso de a prévio licenciamento ou autorização administrativa.
menor cota, logo após o saneamento referido no artigo
13.º, desde que seja prestada caução para reposição do 3. As alterações em obra ao projecto inicialmente apro-
terreno nas condições em que se encontrava antes do vado que envolvam a realização de obras de ampliação
início dos trabalhos. ou de alterações à implantação das edificações estão
sujeitas, respectivamente, ao procedimento de licença
2. Nas obras sujeitas a licença, a decisão referida no ou de autorização.
número anterior pode ser proferida em qualquer momen-
Artigo 74.º
to após a aprovação do projecto de arquitectura.
Execução das obras pela Câmara Municipal
3. Para os efeitos dos números anteriores, o requerente
deve apresentar, consoante os casos, o plano de demoli- 1. Para salvaguarda da qualidade do meio urbano e
ções, o projecto de estabilidade ou o projecto de escavação do meio ambiente, da segurança das edificações e dos
e contenção periférica até à data de apresentação do cidadãos em geral ou, no caso de obras de urbanização,
pedido referido no mesmo número. também para protecção de interesses de terceiros adqui-
rentes de lotes, a Câmara Municipal pode promover a re-
4. É título bastante para a execução dos trabalhos de alização das obras por conta do titular do alvará quando,
demolição, escavação ou contenção periférica a notificação por causa que seja imputável a este último:
do deferimento do respectivo pedido, que o requerente, a
partir do início da execução dos trabalhos por ela abran- a) Não tiverem sido iniciadas no prazo de um ano a
gidos, deverá guardar no local da obra. contar da data da emissão do alvará;

Artigo 72.º b) Permanecerem interrompidas por mais de um


ano;
Ligação às redes públicas
c) Não tiverem sido concluídas no prazo fixado ou
1. Os alvarás a que se referem os números 1 e 3 do ar- suas prorrogações, nos casos em que a Câmara
tigo 66.º, bem como a notificação referida no número 4 do Municipal tenha declarado a caducidade;
artigo anterior, constituem título bastante para instruir
os pedidos de ligação das redes de água, de saneamento, d) Não hajam sido efectuadas as correcções ou al-
de gás, de electricidade e de comunicações electrónicas, terações para as quais tenha sido intimado.
podendo os requerentes optar, mediante autorização 2. A execução das obras referidas no número anterior
das entidades fornecedoras, pela realização das obras e o pagamento das despesas suportadas com as mesmas
indispensáveis à sua concretização nas condições regu- efectuam-se nos termos dos artigos 96.º e 97.º.
lamentares e técnicas definidas por aquelas entidades.
3. Logo que se mostre reembolsada das despesas efectuadas,
2. Até à apresentação do alvará de licença ou auto- nos termos do presente artigo, a Câmara Municipal
rização de utilização, as ligações referidas no número procede ao levantamento do embargo que possa ter sido
anterior são efectuadas pelo prazo fixado no alvará decretado ou, quando se trate de obras de urbanização,
respectivo e apenas podem ser prorrogadas pelo período emite oficiosamente novo alvará.
correspondente à prorrogação daquele prazo, salvo nos
Artigo 75.º
casos em que aquele alvará não haja sido emitido por
razões exclusivamente imputáveis à Câmara Municipal. Execução das obras de urbanização por terceiro

3. No caso de deferimento tácito, os pedidos de ligação 1. Qualquer adquirente dos lotes, de edifícios construídos
referidos no número 1 podem ser instruídos com o recibo nos lotes ou de fracções autónomas dos mesmos tem
do pagamento ou do depósito das taxas ou da caução. legitimidade para requerer a autorização judicial para
promover directamente a execução das obras de urbani-
4. Nos casos em que é aplicado o regime de comunicação zação quando, verificando-se as situações previstas no
prévia, os pedidos de ligação podem ser instruídos com número 1 do artigo anterior, a Câmara Municipal não
cópia da mesma. tenha promovido a sua execução.
924 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

2. O requerimento é instruído com os seguintes ele- seu representante, pelo menos, dois representantes da
mentos: Câmara Municipal e um representante de cada uma das
empresas concessionárias que prestam ou não serviços
a) Cópia do alvará;
públicos.
b) Orçamento, a preços correntes do mercado, rela-
3. Se o auto de vistoria detectar deficiência nas obras
tivo à execução das obras de urbanização em
de urbanização e o seu titular não reclamar ou vir indefe-
conformidade com os projectos aprovados e
rida a sua reclamação e não proceder à sua correcção no
condições fixadas no licenciamento;
prazo para o efeito fixado, a Câmara Municipal procede
c) Quaisquer outros elementos que o requerente a obras coercivas.
entenda necessários para o conhecimento do
4. Podem ainda ser utilizados mecanismos técnicos
pedido.
electrónicos e informáticos que permitam inspeccionar
3. Antes de decidir, o tribunal notifica a Câmara Mu- áreas infra-estruturadas.
nicipal e o titular do alvará para responderem no prazo Artigo 78.º
de trinta dias e ordena a realização das diligências que
Garantia das obras de urbanização
entenda úteis para o conhecimento do pedido, nomeada-
mente a inspecção judicial do local. O prazo de garantia das obras de urbanização é de
cinco anos.
4. Se deferir o pedido, o tribunal fixa, de forma explícita,
as obras a realizar e o respectivo orçamento e determina Artigo 79.º
que a caução fique à sua ordem, a fim de responder pelas Obras inacabadas
despesas com as obras até ao limite do orçamento.
1. Quando as obras já tenham atingido um estado
5. Na falta ou insuficiência da caução, o tribunal de- avançado de execução mas a licença ou autorização haja
termina que os custos sejam suportados pelo Município, caducado por motivo de falência ou insolvência do seu ti-
sem prejuízo do direito de regresso deste sobre o titular tular, pode qualquer terceiro, com legitimidade adquirida
do alvará. em relação ao prédio em questão, requerer a concessão
6. Da sentença cabe recurso nos termos gerais. de uma licença especial para a sua conclusão.

7. Será emitido oficiosamente novo alvará quando: 2. A concessão da licença referida no número anterior
segue o regime das alterações à licença ou autorização,
a) Tenha havido recepção provisória das obras; ou consoante se trate de obras sujeitas a licença ou autorização.
b) Seja integralmente reembolsada das despesas 3. Independentemente dos motivos que tenham de-
efectuadas, caso se verifique a situação pre- terminado a caducidade da licença ou da autorização, a
vista no número 5. licença referida no número 1 pode também ser concedida
Secção III quando a Câmara Municipal reconheça o interesse na
conclusão da obra e não se mostre aconselhável a demo-
Conclusão e recepção dos trabalhos
lição da mesma, por razões ambientais, urbanísticas,
Artigo 76.º técnicas ou económicas.
Limpeza da área e reparação de estragos Secção IV
1. Concluída a obra, o dono da mesma é obrigado a Utilização e conservação do edificado
proceder ao levantamento do estaleiro e à limpeza da Artigo 80.º
área, removendo os materiais, entulhos e demais detritos
Dever de conservação
que se hajam acumulado no decorrer da execução dos
trabalhos, bem como à reparação de quaisquer estragos 1. As edificações devem ser objecto de obras de conser-
ou deteriorações que tenha causado em infra-estruturas vação pelo menos uma vez em cada período de dez anos.
públicas ou de terceiros.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a Câ-
2. O cumprimento do disposto no número anterior é mara Municipal pode a todo o tempo, oficiosamente ou
condição de emissão do alvará de licença ou autorização a requerimento de qualquer interessado, determinar a
de utilização ou da recepção provisória das obras de execução de obras de conservação necessárias à correcção
urbanização, salvo quando seja prestada, em prazo a de más condições de segurança ou de salubridade.
fixar pela Câmara Municipal, caução para garantia da
3. A Câmara Municipal pode, oficiosamente ou a re-
execução das reparações referidas no mesmo número.
querimento de qualquer interessado, cumprido o disposto
Artigo 77.º no artigo seguinte, ordenar a demolição total ou parcial
Recepção provisória e definitiva das obras de urbanização das construções que ameacem ruína ou ofereçam perigo
para a saúde pública e para a segurança das pessoas.
1. Mediante requerimento do interessado, a Câmara
Municipal delibera sobre a recepção provisória e defini- Artigo 81.º
tiva das obras de urbanização, respectivamente, após a Vistoria prévia
sua conclusão e o decurso do prazo de garantia.
1. As deliberações referidas nos números 2 e 3 do artigo
2. A recepção é precedida de vistoria, a realizar por anterior são precedidas de vistoria a realizar por três
uma comissão da qual fazem parte o interessado ou um técnicos a nomear pela Câmara Municipal.
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 925

2. Do acto que determinar a realização da vistoria e administrativa, garantindo a conformidade com dispo-
respectivos fundamentos é notificado o proprietário do sições legais e regulamentares aplicáveis e prevenindo
imóvel, mediante carta expedida com, pelo menos, dez os perigos que da sua realização possam resultar para a
dias de antecedência. saúde e segurança das pessoas.
3. Da vistoria é imediatamente lavrado auto, do qual Artigo 85.º
consta obrigatoriamente a identificação do imóvel, a Competência
descrição do estado do mesmo e as obras preconizadas e,
bem assim, as respostas aos quesitos que sejam formula- 1. Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a
das pelo proprietário, devendo ser assinado por todos os outras entidades, a fiscalização prevista no artigo ante-
técnicos que hajam participado na vistoria e, se algum rior compete ao Presidente da Câmara Municipal.
deles não quiser ou não puder assiná-lo, faz-se menção
2. Os actos praticados pelo Presidente da Câmara
desse facto.
Municipal no exercício dos poderes de fiscalização pre-
4. As formalidades previstas no presente artigo podem vistos no presente diploma e que envolvam um juízo de
ser preteridas quando exista risco iminente de desmoro- legalidade de actos praticados pela Câmara Municipal
namento ou grave perigo para a saúde pública. respectiva, ou que suspendam ou ponham termo à sua
eficácia, podem ser por esta revogados ou suspensos.
Artigo 82.º
3. No exercício da sua actividade de fiscalização, o
Obras coercivas
Presidente da Câmara Municipal é auxiliado por fun-
Quando o proprietário não iniciar as obras que lhe cionários municipais com formação adequada, a quem
sejam determinadas nos termos do artigo 80.º, ou não incumbe preparar e executar as suas decisões.
as concluir dentro dos prazos que para o efeito lhe forem
4. O Presidente da Câmara Municipal pode ainda
fixados, pode a Câmara Municipal tomar posse admi-
solicitar e tem o direito de obter toda a colaboração de
nistrativa do imóvel para lhes dar execução imediata,
quaisquer autoridades administrativas ou policiais.
aplicando-se o disposto nos artigos 96.º e 97.º.
Artigo 86.º
Artigo 83.º
Inspecções e vistorias
Despejo administrativo
1. Os funcionários municipais responsáveis pela fis-
1. A Câmara Municipal pode ordenar o despejo su- calização de obras podem realizar inspecções aos locais
mário dos prédios ou parte de prédios nos quais haja de onde, nos termos do presente diploma, se desenvolvam
realizar-se as obras referidas nos números 2 e 3 do artigo actividades sujeitas a fiscalização, sem dependência de
80.º, sempre que tal se mostre necessário à sua execução. prévia notificação.
2. O despejo referido no número anterior pode ser 2. O disposto no número anterior não dispensa a ob-
determinado oficiosamente ou, quando o proprietário tenção de prévio mandado judicial para a entrada no
pretenda proceder às mesmas, a requerimento deste. domicílio de qualquer pessoa sem o seu consentimento.
3. O despejo deve executar-se no prazo de quarenta 3. O mandado previsto no número anterior é concedido
e cinco dias a contar da sua notificação aos ocupantes, pelo juiz da comarca respectiva a pedido do Presidente
salvo quando houver risco iminente de desmoronamento da Câmara Municipal e segue os termos do procedimento
ou grave perigo para a saúde pública, em que poderá cautelar comum.
executar-se imediatamente.
4. Para além dos casos especialmente previstos no
4. Fica garantido aos inquilinos o direito à reocupação presente diploma, o Presidente da Câmara Municipal
dos prédios, uma vez concluídas as obras realizadas. pode ordenar a realização de vistorias aos imóveis em
que estejam a ser executadas operações urbanísticas,
5. A Câmara Municipal pode ainda ordenar o despejo
quando o exercício dos poderes de fiscalização dependa
sumário dos prédios cuja expropriação por utilidade
da prova de factos que, pela sua natureza ou especial
pública tenha sido declarada ou cuja demolição ou be-
complexidade, impliquem uma apreciação valorativa de
neficiação tenha sido deliberada.
carácter pericial.
Secção V
Artigo 87.º
Fiscalização
Livro de obra
Subsecção I
1. Todos os factos relevantes relativos à execução de
Disposições gerais obras licenciadas ou autorizadas devem ser registados
Artigo 84.º
pelo respectivo director técnico no livro de obra, a con-
servar no local da sua realização para consulta pelos
Âmbito funcionários municipais responsáveis pela fiscalização
de obras.
Sem prejuízo da sujeição da operação urbanística a
prévio licenciamento, admissão de comunicação prévia 2. São obrigatoriamente registados no livro de obra,
ou autorização, a sua realização está sujeita a fiscalização para além das respectivas datas de início e conclusão,
926 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

todos os factos que impliquem a sua paragem ou sus- requerente, do autor do projecto ou director
pensão, bem como todas as alterações feitas ao projecto técnico da obra, bem como do titular de alva-
licenciado ou autorizado. rá de licença ou autorização;
3. O modelo e demais registos a inscrever no livro de m) A ausência do número de alvará de loteamento
obra são definidos por portaria conjunta dos membros nos anúncios ou em quaisquer outras formas
do Governo responsáveis pelas infra-estruturas e pelo de publicidade à alienação dos lotes de ter-
ordenamento do território, a qual fixa igualmente as reno, de edifícios ou fracções autónomas nele
características do livro de obra electrónico. construídos;
Subsecção II n) A realização de operações urbanísticas sujeitas
Sanções a comunicação prévia sem que esta haja sido
efectuada;
Artigo 88.º
o) A não conclusão das operações urbanísticas re-
Contra-ordenação
feridas nos números 2 e 3 do artigo 80.º nos
1. Sem prejuízo da responsabilidade civil, criminal ou prazos fixados para o efeito;
disciplinar, são puníveis como contra-ordenação:
p) A realização de operações de loteamento sem
a) A realização de quaisquer operações urbanísti- a prévia realização de obras de urbanização
cas sujeitas a prévio licenciamento ou auto- obrigatórias.
rização sem o respectivo alvará, excepto nos
2. As contra-ordenações previstas nas alíneas a) e p)
casos de alteração durante a execução da obra
do número anterior são puníveis com coima de 50.000$00
ou deferimento tácito;
(cinquenta mil escudos) a 10.000.000$00 (dez milhões
b) A realização de quaisquer operações urbanísti- de escudos), tratando-se de pessoa singular, ou até
cas em desconformidade com o respectivo pro- 30.000.000$00 (trinta milhões de escudos), no caso de
jecto ou com as condições do licenciamento ou pessoa colectiva.
autorização;
3. A contra-ordenação prevista na alínea b) do número
c) A não conclusão de quaisquer operações urbanís- 1 é punível com coima de 30.000$00 (trinta mil escudos)
ticas nos prazos fixados para o efeito; a 10.000.000$00 (dez milhões de escudos), tratando-se de
pessoa singular, ou até 30.000.000$00 (trinta milhões de
d) A ocupação de edifícios ou suas fracções autóno- escudos), no caso de pessoa colectiva.
mas sem licença ou autorização de utilização
ou em desacordo com o uso fixado no respecti- 4. As contra-ordenações previstas nas alíneas c) e d) do
vo alvará, salvo se este não tiver sido emitido número 1 são puníveis com coima de 50.000$00 (cinquen-
no prazo legal por razões exclusivamente im- ta mil escudos) a 5.000.000$00 (cinco milhões de escudos),
putáveis à Câmara Municipal; tratando-se de pessoa singular, ou até 20.000.000$00
(vinte milhões de escudos), no caso de pessoa colectiva.
e) A subscrição de projecto da autoria de quem, por
razões de ordem técnica, legal ou disciplinar, 5. As contra-ordenações previstas nas alíneas e) e f) do
se encontre inibido de o elaborar; número 1 são puníveis com coima de 50.000$00 (cinquen-
ta mil escudos) a 10.000.000$00 (dez milhões de escudos).
f) O prosseguimento de obras cujo embargo tenha
sido legitimamente ordenado; 6. As contra-ordenações previstas nas alíneas g) a l)
e n) do número 1 são puníveis com coima de 30.000$00
g) A não afixação ou a afixação de forma não visível (trinta mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e qui-
do exterior do prédio, durante o decurso do nhentos mil escudos), tratando-se de pessoa singular ou
procedimento de licenciamento ou autorização, até 4.000.000$00 (quatro milhões de escudos), no caso
do aviso que publicita o pedido de licencia- de pessoa colectiva.
mento ou autorização;
7. As contra-ordenações previstas nas alíneas m) e o)
h) A não afixação ou a afixação de forma não visível do número 1 são puníveis com coima de 5.000$00 (cinco
do exterior do prédio, até à conclusão da obra, mil escudos) a 250.000$00 (duzentos e cinquenta mil es-
do aviso que publicita o alvará; cudos), tratando-se de pessoa singular ou até 750.000$00
i) A falta do livro de obra no local onde se realizam (setecentos e cinquenta mil escudos), no caso de pessoa
as obras; colectiva.

j) A falta dos registos do estado de execução das 8. A tentativa e a negligência são puníveis, sendo nestes
obras no livro de obra; casos, os limites máximos e mínimos reduzidos a metade.

k) A não remoção dos entulhos e demais detritos 9. A competência para determinar a instauração dos
resultantes da obra nos termos do artigo 76º; processos de contra-ordenação, para designar o instrutor e
para aplicar as coimas pertence ao Presidente da Câmara
l) A ausência de requerimento a solicitar à Câmara Municipal ou a quem este, nos termos legais aplicáveis,
Municipal o averbamento de substituição do entenda delegar.
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 927

10. O produto da aplicação das coimas referidas no pre- Subsecção III


sente artigo reverte para o Município, inclusive quando Medidas de tutela da legalidade urbanística
as mesmas sejam cobradas em juízo.
Artigo 91.º
11. Em tudo que não estiver previsto no presente di-
ploma é aplicável o regime geral das contra-ordenações. Embargo

Artigo 89.º 1. Sem prejuízo das competências atribuídas por lei


Sanções acessórias a outras entidades, o Presidente da Câmara Municipal
é competente para embargar obras de urbanização, de
1. As contra-ordenações previstas no número 1 do
edificação ou de demolição, bem como quaisquer traba-
artigo anterior podem ainda determinar, quando a gravi-
lhos de remodelação de terrenos, quando estejam a ser
dade da infracção o justifique, a aplicação das seguintes
executadas:
sanções acessórias:
a) A apreensão dos objectos pertencentes ao agente a) Sem a necessária licença ou autorização;
que tenham sido utilizados como instrumen-
b) Com inobservância da obrigação de comunicação
to na prática da infracção, mediante decisão
prévia;
judicial;
b) A interdição do exercício no Município, até ao c) Em desconformidade com o respectivo projecto
máximo de dois anos, de actividades conexas ou com as condições do licenciamento ou au-
com a infracção praticada. torização; ou

2. As sanções previstas no número 1, bem como as d) Em violação das normas legais e regulamenta-
previstas no artigo anterior, quando aplicadas a indus- res aplicáveis, designadamente os planos ur-
triais de construção civil, são comunicadas à entidade banísticos.
responsável pela emissão de alvará de empresas de obras
públicas e particulares. 2. A notificação é feita ao titular do alvará de licença
ou autorização, determinando a suspensão dos traba-
3. As sanções aplicadas ao abrigo do presente diploma lhos, devendo ainda, quando possível, ser notificado o
aos autores dos projectos, responsáveis pela direcção proprietário do imóvel no qual estejam a ser executadas
técnica da obra ou a quem subscreva o termo de res- as obras, ou seu representante.
ponsabilidade são comunicadas à respectiva ordem ou
associação profissional, quando exista. 3. Após o embargo, é de imediato lavrado o respec-
Artigo 90.º tivo auto, que contém, obrigatória e expressamente, a
identificação do funcionário municipal responsável pela
Responsabilidade criminal e disciplinar
fiscalização de obras, das testemunhas e do notificado, a
1. O desrespeito dos actos administrativos que deter- data, hora e local da diligência e as razões de facto e de
minem qualquer das medidas de tutela da legalidade direito que a justificam, o estado da obra e a indicação
urbanística previstas no presente diploma constitui crime da ordem de suspensão e proibição de prosseguir a obra
de desobediência, nos termos da lei. e do respectivo prazo, bem como as cominações legais do
seu incumprimento.
2. Constituem crime de falsificação de documentos,
punido nos termos da lei: 4. No caso de a ordem de embargo incidir apenas sobre
a) As falsas declarações ou informações prestadas parte da obra, o respectivo auto fará expressa menção de
pelos responsáveis dos projectos, autores dos que o embargo é parcial e identificará claramente qual é
projectos, relativamente às normas técnicas a parte da obra que se encontra embargada.
gerais e específicas de construção, bem como
5. O embargo e respectivo auto são notificados ao re-
das disposições legais e regulamentares apli-
querente ou titular da licença ou autorização ou, quando
cáveis ao projecto;
estas não tenham sido requeridas, ao proprietário do
b) As falsas declarações do director técnico da obra imóvel no qual estejam a ser executadas as obras.
ou de quem esteja mandatado para esse efeito
pelo dono da obra no termo de responsabili- 6. O embargo é objecto de registo na conservatória
dade, relativamente à conformidade da obra do registo predial, mediante comunicação do despacho
com o projecto aprovado e com as condições da que o determinou, procedendo-se aos necessários aver-
licença e ou autorização, bem como relativas bamentos.
à conformidade das alterações efectuadas ao
7. Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a
projecto com as normas legais e regulamentares
outras entidades, o membro do Governo responsável pelo
aplicáveis;
ordenamento do território tem competência residual para
3. Os funcionários e agentes da Administração Pública embargar as obras de urbanização, de edificação ou de
que deixem de participar infracções às entidades fiscali- demolição, bem como quaisquer trabalhos de remodelação
zadoras ou prestem informações falsas ou erradas sobre de terrenos, quando estejam a ser executadas pelas Câ-
as infracções à lei e aos regulamentos de que tenham maras Municipais, directamente ou através de terceiros,
conhecimento no exercício das suas funções incorrem em ou ainda por particulares em violação de normas legais
responsabilidade disciplinar, punível nos termos da lei. e regulamentares.
928 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
Artigo 92.º 6. O disposto no presente artigo aplica-se com as ne-
Efeitos do embargo cessárias adaptações às obras das Câmaras Municipais
embargadas pelo membro do Governo responsável pelo
1. O embargo obriga à suspensão imediata, no todo ou ordenamento do território à luz da competência que lhe
em parte, dos trabalhos de execução da obra. é conferida pelo número 7 do artigo 91.º.
2. Tratando-se de obras licenciadas ou autorizadas, Artigo 95.º
o embargo determina também a suspensão da eficácia
da respectiva licença ou autorização, bem como, no caso Demolição da obra e reposição do terreno
de obras de urbanização, da licença ou autorização de
1. O Presidente da Câmara Municipal ou o membro
loteamento urbano a que as mesmas respeitam.
do Governo responsável pelo ordenamento do território,
3. É interdito o fornecimento de energia eléctrica, gás conforme for o caso, pode ordenar a demolição total ou
e água às obras embargadas, devendo para o efeito ser parcial da obra ou a reposição do terreno nas condições
notificado o acto que o ordenou às entidades responsáveis em que se encontrava antes da data de início das obras
pelos referidos fornecimentos. ou trabalhos, fixando um prazo para o efeito.
4. O embargo, ainda que parcial, suspende o prazo que 2. A demolição pode ser evitada se a obra for suscep-
estiver fixado para a execução das obras no respectivo tível de ser licenciada ou autorizada ou se for possível
alvará de licença e estabelecido para a admissão de co- assegurar a sua conformidade com as disposições legais
municação prévia. e regulamentares que lhe são aplicáveis mediante a re-
5. A violação do disposto no número 3 constitui contra- alização de trabalhos de correcção ou de alteração.
ordenação punível com coima de 25.000$00 (vinte e cinco 3. A ordem de demolição ou de reposição a que se refere
mil escudos) a 100.000$00 (cem mil escudos). o número 1 é antecedida de audição do interessado, que
Artigo 93.º dispõe de quinze dias a contar da data da sua notificação
Caducidade do embargo para se pronunciar sobre o conteúdo da mesma.
1. A ordem de embargo caduca logo que for proferida 4. Decorrido o prazo referido no número 1 sem que a
uma decisão que defina a situação jurídica da obra com ordem de demolição da obra ou de reposição do terreno
carácter definitivo ou no termo do prazo que tiver sido se mostre cumprida, o Presidente da Câmara Municipal
fixado para o efeito. determina a demolição da obra ou a reposição do terreno
por conta do infractor.
2. Na falta de fixação de prazo para o efeito, a ordem
de embargo caduca se não for proferida uma decisão de- Artigo 96.º
finitiva no prazo de seis meses, prorrogável uma única
Posse administrativa e execução coerciva
vez por igual período.
Artigo 94.º 1. Sem prejuízo da responsabilidade criminal, em caso
Trabalhos de correcção ou alteração
de incumprimento de qualquer das medidas de tutela da
legalidade urbanística previstas nos artigos anteriores
1. Nas situações de embargo previstas nas alíneas b) o Presidente da Câmara Municipal pode determinar a
e c) do número 1 do artigo 91.º, o Presidente da Câmara posse administrativa do imóvel onde está a ser realizada
Municipal pode ainda, quando for caso disso, ordenar a obra, de forma a permitir a execução coerciva de tais
a realização de trabalhos de correcção ou alteração da medidas.
obra, fixando um prazo para o efeito, tendo em conta a
natureza e o grau de complexidade dos mesmos. 2. O acto administrativo que tiver determinado a posse
administrativa é notificado ao dono da obra e aos demais
2. Decorrido o prazo referido no número anterior sem titulares de direitos reais sobre o imóvel.
que aqueles trabalhos se encontrem integralmente rea-
lizados, a obra permanece embargada até ser proferida 3. A posse administrativa é realizada pelos funcionários
uma decisão que defina a sua situação jurídica com municipais responsáveis pela fiscalização de obras,
carácter definitivo. mediante a elaboração de um auto onde, para além de
se identificar o acto referido no número anterior, é espe-
3. Tratando-se de obras de urbanização ou de outras
cificado o estado em que se encontra o terreno, a obra e
obras indispensáveis para assegurar a protecção de in-
as demais construções existentes no local, bem como os
teresses de terceiros ou o correcto ordenamento urbano,
equipamentos que ali se encontrarem.
a Câmara Municipal pode promover a realização dos
trabalhos de correcção ou alteração por conta do titular da 4. Tratando-se da execução coerciva de uma ordem de
licença ou autorização, nos termos dos artigos 96.º e 97.º. embargo, os funcionários municipais responsáveis pela
4. A ordem de realização de trabalhos de correcção fiscalização de obras procedem à selagem do estaleiro da
ou alteração suspende o prazo que estiver fixado no obra e dos respectivos equipamentos.
respectivo alvará de licença ou autorização pelo período 5. Em casos devidamente justificados, o Presidente da
estabelecido nos termos do número 1. Câmara Municipal pode autorizar a transferência ou a
5. O prazo referido no número 1 interrompe-se com retirada dos equipamentos do local de realização da obra,
a apresentação de um pedido de alteração à licença ou por sua iniciativa ou a requerimento do dono da obra ou
autorização. do seu empreiteiro.
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 929

6. O dono da obra ou o seu empreiteiro devem ser no- CAPÍTULO IV


tificados sempre que os equipamentos sejam depositados
Garantias dos particulares
noutro local.
Artigo 99.º
7. A posse administrativa do terreno dos equipamentos
Direito à informação
mantém-se pelo período necessário à execução coerciva
da respectiva medida de tutela da legalidade urbanística, 1. Qualquer interessado tem o direito de ser informado
caducando no termo do prazo fixado para a mesma. pela respectiva Câmara Municipal:

8. Tratando-se de execução coerciva de uma ordem de a) Sobre os instrumentos de gestão territorial em


demolição ou de trabalhos de correcção ou alteração de vigor para determinada área do Município,
obras, estas devem ser executadas no mesmo prazo que bem como das demais condições gerais a que
havia sido concedido para o efeito ao seu destinatário, devem obedecer as operações urbanísticas a
contando-se aquele prazo a partir da data de início da que se refere o presente diploma;
posse administrativa. b) Sobre o estado e andamento dos processos que
9. O disposto no presente artigo aplica-se com as ne- lhes digam directamente respeito, com espe-
cessárias adaptações às obras das Câmaras Municipais cificação dos actos já praticados e do respec-
embargadas pelo membro do Governo responsável pelo tivo conteúdo, e daqueles que ainda devam
ordenamento do território à luz da competência que lhe sê-lo, bem como dos prazos aplicáveis a estes
é conferida pelo número 7 do artigo 91.º. últimos.

Artigo 97.º
2. As informações previstas no número anterior devem
ser prestadas independentemente de despacho e no prazo
Despesas realizadas com a execução coerciva de quinze dias.
1. As quantias relativas às despesas realizadas nos 3. Os interessados têm o direito de consultar os processos
termos do artigo anterior, incluindo quaisquer indem- que lhes digam directamente respeito, e de obter as cer-
nizações ou sanções pecuniárias que a Administração tidões ou reproduções autenticadas dos documentos que
tenha de suportar para o efeito, são de conta do infractor. os integram, mediante requerimento e pagamento das
importâncias que forem devidas.
2. Quando aquelas quantias não forem pagas volunta-
riamente no prazo de vinte dias a contar da notificação 4. Os direitos referidos nos números 1 e 3 são extensivos
para o efeito, são cobradas judicialmente em processo de a quaisquer pessoas que provem ter interesse legítimo no
execução fiscal, servindo de título executivo a certidão, conhecimento dos elementos que pretendem e ainda, para
passada pelos serviços competentes, comprovativa das defesa de interesses difusos definidos na lei, quaisquer
despesas efectuadas, podendo ainda a Câmara Municipal cidadãos no gozo dos seus direitos civis e políticos e as
aceitar, para extinção da dívida, dação em cumprimento associações e fundações defensoras de tais interesses.
ou em função do cumprimento nos termos da lei. Artigo 100.º

Artigo 98.º Silêncio da administração

Cessação da utilização Decorridos os prazos fixados para a prática de qualquer


acto especialmente regulado no presente diploma sem
1. O Presidente da Câmara Municipal é competente que o mesmo se mostre praticado, observa-se o seguinte:
para ordenar e fixar prazo para a cessação da utilização
de edifícios ou de suas fracções autónomas quando sejam a) Tratando-se de acto que devesse ser praticado
ocupadas sem a necessária licença ou autorização de por qualquer órgão municipal no âmbito do
utilização ou quando estejam a ser afectos a fim diverso procedimento de licenciamento, o interessado
do previsto no respectivo alvará. pode recorrer à intimação judicial para prática
de acto legalmente devido;
2. Quando os ocupantes dos edifícios ou suas fracções
não cessem a utilização indevida no prazo fixado, pode a b) Tratando-se de acto que devesse ser praticado
Câmara Municipal determinar o despejo administrativo. no âmbito do procedimento de autorização,
considera-se tacitamente deferida a preten-
3. O despejo determinado nos termos do número ante- são formulada, com as consequências do de-
rior deve ser sobrestado quando, tratando-se de edifício ferimento tácito;
ou sua fracção que estejam a ser utilizados para habi-
c) Tratando-se de qualquer outro acto, considera-
tuação, o ocupante mostre, por atestado médico, que a
se tacitamente deferida a pretensão, com as
sua execução põe em risco de vida, por razão de doença
consequências gerais.
aguda, a pessoa que se encontre no local.
Artigo 101.º
4. Na situação referida no número anterior, o despejo Intimação judicial para a prática de acto legalmente devido
não pode prosseguir enquanto a situação de saúde in-
dicada no número anterior se mantenha, ou a Câmara 1. No caso previsto na alínea a) do artigo 100.º, pode o
Municipal não providencie pelo realojamento da pessoa interessado pedir ao tribunal competente a intimação da
em questão, a expensas do responsável pela situação autoridade competente para proceder à prática do acto
indevida, nos termos do artigo 97.º. que se mostre devido.
930 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014

2. O requerimento de intimação deve ser apresentado Artigo 104.º


em duplicado e instruído com cópia do requerimento para Recurso contencioso
a prática do acto devido.
1. O recurso contencioso dos actos de demolição da
3. A Secretaria, logo que registe a entrada do reque-
obra e reposição do terreno, previstos no artigo 95.º, têm
rimento, expede por via postal notificação à autoridade
efeito suspensivo.
requerida, acompanhada do duplicado, para responder
no prazo de vinte e um dias. 2. Com a citação da petição de recurso, a autoridade
4. Junta a resposta ou decorrido o respectivo prazo, administrativa tem o dever de impedir, com urgência,
o processo vai com vista ao Ministério Público, por dois o início ou a prossecução da execução do acto recorrido.
dias, e seguidamente é concluso ao juiz, para decisão no
CAPÍTULO V
prazo de oito dias.
5. Se não houver fundamento de rejeição, o requerimen- Taxas inerentes às operações urbanísticas
to só será indeferido quando a autoridade requerida faça Artigo 105.º
prova da prática do acto devido até ao termo do prazo
fixado para a resposta. Taxa pela emissão de alvarás

6. Na decisão o juiz fixa o prazo, não superior a trinta 1. A emissão dos alvarás de licença e autorização pre-
e um dias, para que a autoridade requerida pratique o vistos no presente diploma está sujeita ao pagamento de
acto devido. taxas a fixar em regulamento municipal.
7. O recurso da decisão tem efeito meramente devolutivo. 2. A emissão do alvará de licença ou autorização de
8. Decorrido o prazo fixado pelo tribunal sem que loteamento, de obras de urbanização e de obras de cons-
se tenha praticado o acto devido, o interessado pode trução ou ampliação em área não abrangida por operação
prevalecer-se do disposto no artigo 102.º, com excepção de loteamento ou alvará de obras de urbanização está
do disposto no número seguinte. sujeita ao pagamento de taxas a fixar em regulamento
municipal.
9. Na situação prevista no número anterior, tratando-
se de aprovação do projecto de arquitectura, o interessado 3. A emissão do alvará de licença parcial a que se
pode juntar os projectos de especialidade ou, caso já o refere o número 5 do artigo 24.º está também sujeita ao
tenha feito no requerimento inicial, inicia-se a contagem pagamento da taxa referida no número 1, não havendo
do prazo previsto na alínea c) do número 1 do artigo 23.º. lugar à liquidação da mesma aquando da emissão do
Artigo 102.º alvará definitivo.
Deferimento tácito 4. Os projectos de regulamento municipal da taxa pela
1. Nas situações referidas na alínea b) do artigo 100.º, realização, manutenção e reforço de infra-estruturas ur-
o interessado pode iniciar e prosseguir a execução dos banísticas devem ser acompanhados da fundamentação
trabalhos de acordo com o requerimento apresentado, do cálculo das taxas previstas.
ou dar de imediato utilização à obra. Artigo 106.º
2. O início dos trabalhos ou da utilização depende do Incidência objectiva
prévio pagamento das taxas que se mostrem devidas,
nos termos do presente diploma, não podendo a Câmara As taxas estabelecidas pelo presente diploma incidem
Municipal opor-se à liquidação das mesmas. sobre utilidades prestadas aos promotores de projectos,
no âmbito do procedimento de operações urbanísticas, de-
3. A certidão da sentença transitada em julgado que
signadamente o loteamento, a urbanização, a edificação e
haja intimado à emissão do alvará de licença ou autori-
a utilização e conservação de edifícios, que consistem em:
zação de utilização substitui, para todos os efeitos legais,
o alvará não emitido. a) A emissão dos alvarás de licença e autorização;
4. Nas situações referidas no presente artigo, a obra não
b) A emissão do alvará de licença ou autorização
pode ser embargada por qualquer autoridade administra-
de loteamento, de obras de urbanização e de
tiva com fundamento na falta de licença ou autorização.
obras de construção ou ampliação em área
Artigo 103.º não abrangida por operação de loteamento ou
Impugnação administrativa alvará de obras de urbanização;

1. Os pareceres expressos que sejam emitidos por c) A emissão do alvará de licença e a admissão de
órgãos da administração central no âmbito dos procedi- comunicação prévia de obras de construção
mentos regulados no presente diploma podem ser objecto ou ampliação em área não abrangida por ope-
de impugnação administrativa autónoma. ração de loteamento ou alvará de obras de ur-
banização;
2. A impugnação administrativa de quaisquer actos
praticados ou pareceres emitidos nos termos do presente d) A emissão do alvará de licença parcial;
diploma deve ser decidida no prazo de trinta dias, findo
o qual se considera deferida. e) A verificação do alvará referido no artigo 5.º.
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 931
Artigo 107.º Artigo 112.º

Incidência subjectiva Regime das notificações e comunicações

Os sujeitos passivos são os promotores de projectos Todas as notificações e comunicações referidas neste
privados de operações urbanísticas. diploma e dirigidas aos requerentes devem ser feitas por
carta registada, caso não seja viável a notificação pessoal.
Artigo 108.º
Artigo 113.º
Sujeito activo gerador
Legitimidade para denúncia
O sujeito activo gerador da obrigação de pagamento de
1. Qualquer pessoa tem legitimidade para comunicar
taxas a cobrar no âmbito do procedimento de operações
à Câmara Municipal, ao Ministério Público, às ordens ou
urbanísticas é o Município.
associações profissionais ou a outras entidades competentes
Artigo 109.º a violação das normas do presente diploma.
Fundamentação económico-financeira das taxas 2. Não são admitidas denúncias anónimas.
1. A fixação do valor das taxas, previstas no presente Artigo 114.º
diploma, assenta na estimativa dos seguintes custos: Legislação subsidiária

a) Os custos administrativos de emissão dos alva- A tudo o que não esteja especialmente previsto no pre-
rás de licença e autorização; sente diploma aplica-se subsidiariamente os seguintes
diplomas:
b) Os custos técnicos de emissão da decisão no âm-
bito das operações urbanísticas, que resultam a) As bases gerais do procedimento administrativo
dos procedimentos de natureza técnica, desig- gracioso, constante do Decreto-Legislativo n.º
nadamente, análises, monitorização, parece- 18/97, de 10 de Novembro; e
res, auditorias necessários para emissão da
b) O regime geral dos regulamentos e actos adminis-
licença e autorização.
trativos, aprovado pelo Decreto-Legislativo
2. Os custos de decisão são calculados com base nos n.º 15/97, de 10 de Novembro.
períodos de tempo que a entidade licenciadora ou auto- Artigo 115.º
rizadora da operação urbanística destina à tomada de Regime das servidões administrativas
decisão.
O disposto no presente diploma não prejudica a aplicação
Artigo 110.º
do regime jurídico específico das diferentes servidões
Liquidação das taxas administrativas.
1. O pagamento das taxas pode ser fraccionado até ao Artigo 116.º
termo do prazo de execução fixado no alvará, desde que Regulamentação
seja prestada caução nos termos do artigo 44.º.
O Governo desenvolve e regulamenta o presente diploma.
2. Da liquidação das taxas cabe reclamação graciosa Artigo 117.º
ou impugnação judicial.
Norma revogatória
3. A exigência, pela Câmara Municipal, ou por qualquer Ficam revogados o Decreto-Lei n.º 166/70, de 24 de
dos seus representantes ou funcionários, de mais-valias Outubro, bem como as alíneas e), f), g), t) e u) do número
não previstas na lei ou de quaisquer contrapartidas, 1 do artigo 98.º, da Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho,
compensações ou donativos, confere ao titular da licença alterada pela Lei nº 147/IV/95, de 7 de Novembro, que
ou autorização para a realização de operação urbanística, aprova o Estatuto dos Municípios.
quando dê cumprimento àquelas exigências, o direito a
Artigo 118.º
reaver as quantias indevidamente pagas ou, nos casos em
que as contrapartidas, compensações ou donativos sejam Entrada em vigor
realizados em espécie, o direito à respectiva devolução e O presente diploma entra em vigor noventa dias após
à indemnização a que houver lugar. a data da sua publicação.
CAPÍTULO VI Aprovada em 28 de Fevereiro de 2014.
Disposições finais e transitórias O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
Artigo 111.º Ramos
Dever de informação Promulgada em 10 de Abril de 2014.

As Câmaras Municipais e as direcções responsáveis Publique-se.


pelas áreas do ambiente e do ordenamento do território O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
e desenvolvimento urbano têm o dever de informação ALMEIDA FONSECA
mútua sobre processos relativos a operações urbanísticas,
o qual deve ser cumprido mediante comunicação a enviar Assinada em 10 de Abril de 2014.
no prazo de vinte dias a contar da data de recepção do O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
respectivo pedido. Ramos

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