Regime Jurídico Das Operações Urbanísticas
Regime Jurídico Das Operações Urbanísticas
relativos ao lançamento e liquidação das taxas que, nos de loteamento ou planos urbanísticos, quando
termos da lei, sejam devidas pela realização de operações a mesma não tenha sido precedida da realização
urbanísticas. de obras sujeitas a licença ou autorização ad-
ministrativas.
2. Os regulamentos previstos no número anterior
devem ter como objectivo a concretização e execução do 3. Estão sujeitas a autorização administrativa:
presente diploma, não o podendo contrariar, e devem fixar
a) As operações de loteamento em área abrangida
os montantes das taxas a cobrar nos casos de admissão de
por plano detalhado;
comunicação prévia e de deferimento tácito, não podendo
estes valores exceder os previstos para o licenciamento b) As obras de urbanização e os trabalhos de re-
ou acto expresso. modelação de terrenos em área abrangida por
plano detalhado ou operação de loteamento e
3. Os projectos dos regulamentos referidos no número 1
que não respeitem à criação ou remodelação
são submetidos a apreciação pública, por prazo não in-
de infra-estruturas sujeitas à aprovação de
ferior a trinta dias, antes da sua aprovação pelos órgãos
órgãos exteriores ao Município;
municipais.
c) As obras de construção, de ampliação ou de alte-
4. Os regulamentos referidos no número 1 são objecto
ração em área abrangida por plano detalhado
de publicação no Boletim Oficial, sem prejuízo das demais
ou operação de loteamento, sem prejuízo da
formas de publicidade previstas na lei.
possibilidade de isenção, nos termos da alínea
CAPÍTULO II b) do número 1 do artigo 7.º;
Controlo prévio d) As obras de reconstrução, salvo as previstas na
Secção I
alínea d) do número anterior;
b) A construção erigida ou a erigir na parcela a des- f) A demolição das edificações referidas nas alíneas
tacar disponha de projecto aprovado, quando anteriores;
exigível no momento da construção.
g) A instalação de painéis solares fotovoltaicos ou
4. Nas áreas situadas fora dos perímetros urbanos, geradores eólicos associada a edificação prin-
os actos a que se refere o número anterior estão isentos cipal, para produção de energias renováveis,
de licença ou autorização quando, cumulativamente, se incluindo de micro produção, que não exce-
mostrem cumpridas as seguintes condições: dam, no primeiro caso, a área de cobertura da
edificação e a cércea desta em 1m de altura, e,
a) Na parcela destacada só seja construído edifício no segundo, a cércea da mesma em 4m e que o
que se destine exclusivamente a fins habita- equipamento gerador não tenha raio superior
cionais e que não tenha mais de dois fogos; a 1,5m, bem como de colectores solares tér-
b) Na parcela restante se respeite a área mínima micos para aquecimento de águas sanitárias
fixada no projecto de intervenção em espaço, que não excedam os limites previstos para os
não edificável, em vigor ou, quando aquele painéis solares fotovoltaicos;
não exista, a área de unidade de cultura fixada h) A substituição dos materiais de revestimento ex-
nos termos da lei geral para a respectiva área. terior ou de cobertura ou telhado por outros
5. Nos casos referidos nos números 3 e 4, não é permiti- que, conferindo acabamento exterior idêntico
do efectuar, na área correspondente ao prédio originário, ao original, promovam a eficiência energética;
novo destaque nos termos aí referidos por um prazo de
i) Outras obras, como tal qualificadas em regula-
dez anos, contados da data do destaque anterior.
mento municipal.
6. O condicionamento da construção bem como o ónus
do não fraccionamento, previstos nos números 4 e 5 9. Exceptuam-se do disposto no número anterior as
devem ser inscritos no registo predial sobre as parcelas obras e instalações em:
resultantes do destaque, sem o que não pode ser licen- a) Imóveis classificados ou em processo de classi-
ciada ou autorizada qualquer obra de construção nessas ficação, de interesse nacional ou de interesse
parcelas. público;
7. O disposto neste artigo não isenta a realização das
b) Imóveis situados em zonas de protecção de imóveis
operações urbanísticas nele previstas da observância das
classificados ou em processo de classificação;
normas legais e regulamentares aplicáveis, designada-
mente as constantes de planos urbanísticos e das normas c) Imóveis integrados em conjuntos ou sítios classi-
técnicas de construção. ficados ou em processo de classificação.
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10. A instalação de geradores eólicos referida na alí- 2. A execução das operações urbanísticas previstas no
nea g) do número 9 é precedida de notificação à Câmara número anterior, com excepção das promovidas pelos Mu-
Municipal. nicípios, ficam sujeitas a parecer prévio não vinculativo
da Câmara Municipal, que é emitido no prazo de trinta
11. A notificação prevista no número anterior destina-se dias a contar da data da recepção do respectivo pedido;
a dar conhecimento à câmara municipal da instalação do
equipamento e deve ser instruída com: 3. A falta do parecer no prazo indicado no número
anterior tem o efeito de deferimento tácito.
a) A localização do equipamento;
4. As operações de loteamento e as obras de urbanização
b) A cércea e raio do equipamento; promovidas pelas Autarquias Locais e suas associações
em área não abrangida por planos detalhados devem
c) O nível de ruído produzido pelo equipamento;
ser previamente autorizadas mediante deliberação da
d) Termo de responsabilidade onde o apresentante Assembleia Municipal, depois de submetidas a parecer
da notificação declare conhecer e cumprir as prévio vinculativo do departamento governamental
normas legais e regulamentares aplicáveis à responsável pelo Ordenamento do Território, que deve
instalação de geradores eólicos. pronunciar-se no prazo de trinta dias, após a recepção do
respectivo pedido, sob pena de deferimento tácito.
Artigo 8.º
5. As operações de loteamento e as obras de urbanização
Operações urbanísticas promovidas pela Administração promovidas pelo Estado devem ser previamente autori-
Pública
zadas pelo membro do Governo com a tutela do sector
1. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, estão e pelo membro do Governo responsável pelo ambiente e
igualmente isentas de licença ou autorização: ordenamento do território, depois de ouvida a Câmara
Municipal, que deve pronunciar-se no prazo de trinta
a) As operações urbanísticas promovidas pelas dias, a contar da data da recepção do respectivo pedido.
Autarquias Locais e suas associações em área
abrangida por plano detalhado; 6. À realização das operações urbanísticas previstas
neste artigo aplica-se ainda, com as devidas adaptações,
b) As operações urbanísticas promovidas pelo o disposto nos artigos 11.º e 66.º.
Estado relativas a equipamentos ou infra-es- Artigo 9.º
truturas destinados à instalação de serviços
públicos ou afectos ao uso directo e imediato Comunicação prévia
do público, sem prejuízo do disposto no nú- 1. As obras referidas na alínea b) do número 1 do artigo
mero 4; 7.º, bem como as que sejam dispensadas nos termos do
número 2 do artigo 7.º ficam sujeitas ao procedimento da
c) As obras de edificação ou demolição de habitações
comunicação prévia.
sociais e económicas ou outras promovidas di-
rectamente pelo Estado, pelos institutos pú- 2. As obras em causa podem realizar-se decorrido o
blicos ou outras entidades da Administração prazo de trinta dias após a apresentação de comunicação
Pública que tenham por atribuições específicas prévia dirigida ao Presidente da Câmara Municipal, a
a salvaguarda do património cultural ou a qual deve conter a identificação do interessado, acompa-
promoção e gestão do parque habitacional do nhada das peças escritas e desenhadas indispensáveis
Estado e que estejam directamente relacionadas à identificação das obras ou trabalhos a realizar e da
com a prossecução destas atribuições; respectiva localização, assinadas por técnico legalmente
habilitado e acompanhadas do termo de responsabilidade
d) As obras de edificação ou demolição promovidas
a que se refere o artigo 12º.
por entidades públicas que tenham por atri-
buições específicas a administração das áreas 3. O Presidente da Câmara Municipal deve, no prazo
portuárias ou aeroportuárias, quando reali- de vinte dias após a entrega da comunicação referida no
zadas na respectiva área de jurisdição e di- número anterior, determinar a sujeição da obra a licen-
rectamente relacionadas com a prossecução ciamento ou autorização quando verifique que a mesma
daquelas atribuições; não se integra no âmbito do presente artigo, bem assim
quando existirem fortes indícios de que a obra viola as
e) As obras de edificação ou de demolição e os tra- normas legais e regulamentares aplicáveis.
balhos promovidos por entidades concessio-
Secção II
nárias de obras ou serviços públicos sujei-
tas a parecer prévio vinculativo da Câmara Formas de procedimento
Municipal nos termos da lei e quando se recon- Subsecção I
duzam à prossecução do objecto da concessão;
Disposições gerais
f) As operações urbanísticas promovidas por em- Artigo 10.º
presas públicas relativamente a parques em-
Direcção da instrução do procedimento
presariais e similares, nomeadamente áreas
de localização empresarial, zonas industriais 1. O controlo prévio das operações urbanísticas obedece
e de logística. às formas de procedimento previstas na presente secção,
908 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
6. Os planos urbanísticos podem sujeitar à prévia dis- 6. Nos casos referidos no número anterior, o deferi-
cussão pública o licenciamento de operações urbanísticas mento do pedido de licença parcial dá lugar à emissão
de significativa relevância urbanística. de alvará.
912 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
Reapreciação do pedido
a) Violar os planos urbanísticos, medidas preven-
tivas, área de reabilitação urbana, servidão 1. Pode haver deferimento do pedido desde que:
administrativa, restrição de utilidade pública
ou quaisquer outras normas legais e regula- a) Exista projecto de decisão de indeferimento com
mentares aplicáveis; os fundamentos referidos na alínea b) do nú-
mero 2 e na alínea b) do número 3 do artigo
b) O prédio objecto do pedido de licenciamento esti- anterior, o requerente, na audiência prévia,
ver abrangido por uma declaração de utilida- se comprometa a realizar os trabalhos neces-
de pública para efeitos de expropriação, salvo sários ou a assumir os encargos inerentes à
se tal declaração tiver por fim a realização da sua execução, bem como os encargos de fun-
própria operação urbanística; cionamento das infra-estruturas por um perí-
odo mínimo de dez anos;
c) Existir parecer negativo, ou recusa de aprovação
de qualquer entidade consultada cuja decisão b) Exista projecto de indeferimento de pedido de li-
seja vinculativa para os órgãos municipais. cenciamento das operações referidas na alínea
e) do número 2 do artigo 4.º com fundamento no
2. Quando o pedido de licenciamento tiver por objecto facto de suscitarem sobrecarga incomportável
a realização das operações urbanísticas referidas nas para as infra-estruturas existentes.
alíneas a) e b) do número 2 do artigo 4.º, pode ainda haver
indeferimento sempre que: 2. Em caso de deferimento nos termos do número an-
terior, o requerente deve, antes da emissão do alvará,
a) A operação urbanística afectar negativamente celebrar com a Câmara Municipal contrato relativo ao
o património histórico, cultural, paisagístico, cumprimento das obrigações assumidas e prestar caução
natural ou edificado; adequada, as quais devem ser mencionadas expressa-
mente como condição do deferimento do pedido.
b) A operação urbanística constituir, comprovada-
mente, uma sobrecarga incomportável para Artigo 26.º
as infra-estruturas ou serviços gerais existen- Licença e suas alterações
tes ou implicar, para o Município, a constru-
ção ou manutenção de equipamentos, a reali- 1. A deliberação final de deferimento do pedido de
zação de trabalhos ou a prestação de serviços licenciamento consubstancia a licença para a realização
por este não previstos, designadamente quan- da operação urbanística.
to a arruamentos e redes de abastecimento de 2. A requerimento do interessado, até ao início das
água, de energia eléctrica ou de saneamento. obras ou trabalhos objecto da licença, podem ser alterados
3. Quando o pedido de licenciamento tiver por objecto os seus termos e condições.
a realização das obras referidas nas alíneas c) do número 3. Salvo o disposto no presente diploma, a alteração da
2 do artigo 4.º, pode ainda ser indeferido sempre que: licença de operação de loteamento não pode ser aprovada
a) A obra seja susceptível de manifestamente afec- se ocorrer oposição escrita dos proprietários da maioria
tar a estética das povoações, a sua adequada dos lotes constantes do alvará, desde que nela se inclua
inserção no ambiente urbano ou a beleza das a maioria dos proprietários abrangidos pela alteração.
paisagens, designadamente em resultado da 4. É dispensada a consulta às entidades exteriores ao
desconformidade com as cérceas dominantes, a Município desde que o pedido de alteração se conforme
volumetria das edificações e outras prescrições com os pressupostos de facto e de direito dos pareceres,
expressamente previstas em regulamento; autorizações ou aprovações que hajam sido emitidos no
procedimento.
b) Na ausência de arruamentos ou de infra-estru-
turas de abastecimento de água e saneamen- 5. A alteração da licença dá lugar a aditamento ao
to ou se a obra projectada constituir, compro- alvará que, no caso de operação de loteamento, deve ser
vadamente, uma sobrecarga incomportável comunicado oficiosamente à conservatória do registo
para as infra-estruturas existentes. predial competente, para efeitos de averbamento.
4. Quando o pedido de licenciamento tiver por objecto 6. Exceptuam-se do disposto nos números 3 e 4 as al-
a realização das obras referidas na alínea d) do número terações às condições da licença que se refiram ao prazo
2 do artigo 4.º, pode ainda ser indeferido sempre que se de conclusão das operações urbanísticas licenciadas
verificarem as circunstâncias da alínea a) do número ou ao montante da caução para garantia das obras de
anterior. urbanização, que se regem pelos artigos 43.º, 44.º e 48.º.
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Subsecção IV Artigo 30.º
Sem prejuízo do disposto no artigo 35º, no âmbito do 2. Quando o pedido de autorização tiver por objecto
procedimento de autorização não há lugar a consultas a a realização das operações urbanísticas referidas nas
entidades exteriores ao Município. alíneas a), b), c) ou d) do número 3 do artigo 4.º, o indefe-
rimento pode ainda ter lugar com fundamento no disposto
Artigo 28.º
na alínea b) do número 2 do artigo 24.º.
Apreciação liminar
3. Quando o pedido de autorização tiver por objecto
Sem prejuízo do disposto nos números 1 e 2 do artigo a realização das obras referidas nas alíneas c) e d) do
13.º, o pedido de autorização é liminarmente rejeitado número 3 do artigo 4.º pode ainda ser indeferido nos
quando se verifique alguma das seguintes situações: seguintes casos:
a) Quando a operação urbanística a que respeita não a) A obra afecte manifestamente a estética das
se integra na previsão do número 3 do artigo edificações das povoações, a sua adequada in-
4.º, nem se encontra sujeita ao regime de auto- serção no ambiente urbano ou a beleza das
rização nos termos do regulamento municipal a paisagens;
que se refere o número 2 do artigo 7.º;
b) Quando se verifique a ausência de arruamentos
b) Quando o pedido de autorização das operações ou de infra-estruturas de abastecimento de
urbanísticas referidas na alínea a) do número água.
3 do artigo 4.º viole plano detalhado;
4. O disposto nos números anteriores é aplicável às
c) Sempre que os pedidos de autorização das ope-
operações previstas na alínea g) do número 3 do artigo
rações urbanísticas referidas nas alíneas b) e
4.º, com as necessárias adaptações.
c) do número 3 do artigo 4.º violem licença de
loteamento ou plano detalhado. 5. Quando o pedido de autorização se referir às ope-
Artigo 29.º rações urbanísticas referidas na alínea b) do número
3 do artigo 4.º, o indeferimento pode ainda ter lugar
Decisão final com fundamento na desconformidade com as condições
1. O Presidente da Câmara Municipal decide sobre o impostas no licenciamento ou autorização da operação
pedido de autorização: de loteamento nos casos em que esta tenha precedido
ou acompanhado o pedido de autorização de obras de
a) No prazo de trinta dias, no caso de operação de urbanização.
loteamento e de obras de urbanização;
6. O pedido de autorização das operações referidas na
b) No prazo de trinta dias, nos demais casos. alínea f) do número 3 do artigo 4.º pode ainda ser objecto
de indeferimento quando:
2. Os prazos previstos no número anterior contam-se a
partir da recepção do pedido ou dos elementos solicitados a) Não respeite as condições constantes dos núme-
nos termos do número 3 do artigo 13º. ros 2 e 3 do artigo 52º, consoante o caso;
3. No caso de pedido de autorização para utilização de b) Constitua, comprovadamente, uma sobrecarga
edifício ou de sua fracção, bem como para a alteração à incomportável para as infra-estruturas exis-
utilização nos termos previstos na alínea f) do número tentes.
3 do artigo 4.º, o prazo para a decisão do Presidente da
Câmara Municipal conta-se a partir: Artigo 31.º
Alterações à autorização
a) Da data da recepção do pedido ou da recepção
dos elementos solicitados, nos termos do nú- 1. Até ao início das obras ou trabalhos objecto da auto-
mero 3 do artigo 13.º; ou rização, podem ser alterados os seus termos e condições,
b) Da data da realização da vistoria, quando a ela hou- a requerimento do interessado.
ver lugar, nos termos do disposto no artigo 54.º.
2. A alteração da autorização de loteamento não será
4. Quando o pedido de autorização de obras de urbani- aprovada caso haja oposição escrita dos proprietários da
zação seja apresentado em simultâneo com o pedido de maioria dos lotes constantes do alvará e desde que nessa
autorização de operação de loteamento, o prazo previsto oposição se inclua a maioria dos proprietários abrangidos
na alínea b) do número 1 conta-se a partir da deliberação pela alteração.
que aprove o pedido de loteamento.
3. A alteração à autorização obedece ao procedimento
5. O acto de deferimento do pedido consubstancia a estabelecido na presente subsecção, aplicando-se, com
autorização para a realização da operação urbanística. as necessárias adaptações, o que se dispõe no artigo 25.º.
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Subsecção V Subsecção VI
Estão sujeitas ao regime de comunicação prévia, as Os empreendimentos turísticos estão sujeitos ao re-
obras de alteração no interior de edifícios não classifica- gime jurídico de declaração e funcionamento das zonas
dos ou as suas fracções que não impliquem modificações turísticas especiais, aprovado pela Lei n.º 75/VII/2010,
da estrutura resistente dos edifícios, das cérceas, das fa- de 23 de Agosto.
chadas e da forma dos telhados e de todas as outras obras
Secção III
que se encontrem dispensadas de licença ou autorização.
Artigo 33.º Condições especiais de licenciamento ou autorização
Operações de loteamento
1. A comunicação prévia é dirigida ao Presidente da
Câmara Municipal. Artigo 36.º
1. O proprietário e os demais titulares de direitos reais 1. A gestão das infra-estruturas e dos espaços verdes
sobre o prédio a lotear cedem gratuitamente ao Município e de utilização colectiva pode ser confiada a moradores
as parcelas para implantação de espaços verdes públicos e ou a grupos de moradores das zonas loteadas e urbanizadas,
equipamentos de utilização colectiva e as infra-estruturas mediante a celebração com o Município de acordos de
que, de acordo com a lei e a licença ou autorização de cooperação ou de contratos de concessão do domínio
loteamento devam integrar o domínio municipal. municipal.
916 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
a metade do prazo inicial, quando não seja 6. O conjunto das reduções efectuadas ao abrigo do
possível concluir as obras dentro do prazo disposto na alínea b) do número anterior não pode ul-
para o efeito estabelecido; trapassar 90% do montante inicial da caução, sendo o
remanescente libertado com a recepção definitiva das
b) Em consequência de alteração da licença ou au-
obras de urbanização.
torização;
7. O reforço ou a redução da caução, nos termos do
c) Quando a obra se encontre em fase de acabamen-
número 5, não dá lugar à emissão de novo alvará.
to, a requerimento fundamentado do interes-
sado mediante o pagamento de uma taxa de Artigo 45.º
montante a fixar em regulamento municipal. Contrato-programa de urbanização
3. A prorrogação do prazo, nos termos referidos nos 1. Quando a execução das operações de loteamento e
números anteriores, não dá lugar à emissão de novo urbanização envolva mais de um responsável, a realiza-
alvará, devendo ser averbada no alvará em vigor. ção das mesmas pode ser objecto de contrato-programa
4. As condições da licença ou autorização de obras de urbanização, nos termos estabelecidos nos artigos
de urbanização podem ser alteradas por iniciativa da 159.º e 160.º do Regulamento Nacional de Ordenamento
Câmara Municipal, nos termos e com os fundamentos do Território e Planeamento Urbanístico, aprovado pelo
estabelecidos no artigo 40.º. Decreto-Lei n.º 43/2010, de 27 de Setembro.
Artigo 44.º 2. São partes no contrato de urbanização, obrigatoria-
Caução
mente, o Município, o proprietário e outros titulares de
direitos reais sobre o prédio, as empresas que prestem
1. O requerente presta, a favor da Câmara Municipal, serviços públicos, bem como outras entidades envolvi-
caução destinada a garantir a boa e regular execução das na operação de loteamento, ou na urbanização dela
das obras de urbanização, podendo oferecer a caução resultante, designadamente interessadas na aquisição
prestada pelo empreiteiro no âmbito do contrato de em- dos lotes.
preitada para realizar as obras de urbanização desde
que essa caução tenha as características definidas no 3. Quando haja lugar à celebração de contrato-pro-
número seguinte. grama de urbanização, a ele se fará menção no alvará.
2. A caução é prestada mediante garantia bancária 4. Juntamente com o requerimento inicial ou a qual-
autónoma à primeira solicitação, sobre bens imóveis dos quer momento do procedimento até à aprovação das obras
quais o requerente seja proprietário, depósito em dinheiro de urbanização, o interessado pode apresentar proposta
ou seguro-caução, devendo constar do próprio título que de contrato-programa de urbanização.
a mesma se encontra sujeita a actualização e se mantém Artigo 46.º
válida até à recepção definitiva das obras de urbanização. Execução por fases
3. O montante da caução depende dos orçamentos para 1. O interessado pode requerer a execução por fases das
execução dos projectos das obras a executar, eventual- obras de urbanização, identificando as obras incluídas
mente corrigido pela Câmara Municipal com a emissão em cada fase bem como o orçamento correspondente e os
da licença ou da autorização, a que pode ser acrescido um prazos dentro dos quais se propõe requerer a respectiva
montante variável de 1,5% a 5% daquele valor, destinado licença ou autorização.
a remunerar encargos de administração caso se mostre
necessário aplicar o disposto nos artigos 73.º e 74.º. 2. O requerimento referido no número anterior deve
ser apresentado com o pedido de licenciamento ou de
4. Os valores referidos no número anterior são fixados autorização de loteamento, ou, quando as obras de ur-
por regulamento municipal. banização não se integrem em operação de loteamento,
5. O montante da caução deve ser: com o pedido de licenciamento das mesmas.
a) Reforçado, precedendo deliberação fundamenta- 3. Cada fase deve ter coerência interna e corresponder
da da Câmara Municipal, tendo em atenção a a uma zona da área a lotear ou a urbanizar que possa
correcção do valor dos trabalhos por aplicação funcionar autonomamente.
das regras legais e regulamentares relativas 4. O requerimento é decidido no prazo de trinta dias a
a revisões de preços dos contratos de emprei- contar da data da sua apresentação.
tada de obras públicas, quando se mostre in-
suficiente para garantir a conclusão dos tra- 5. Admitida a execução por fases, o alvará abrange
balhos, em caso de prorrogação do prazo de apenas a primeira fase das obras de urbanização impli-
conclusão ou em consequência de acentuada cando cada fase subsequente, um aditamento ao alvará.
subida no custo dos materiais ou de salários; Subsecção III
b) Reduzido, nos mesmos termos, em conformida- Obras de edificação
de com o andamento dos trabalhos a requeri- Artigo 47.º
mento do interessado, que deve ser decidido
Condições de execução
no prazo de quarenta e cinco dias, sob pena
do requerimento se considerar tacitamente 1. A Câmara Municipal fixa, com o deferimento do pe-
deferido. dido de licenciamento ou autorização das obras referidas
918 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
nas alíneas c) e d) do número 2 e c) a e) do número 3 do daquele projecto, em que se propõe requerer a aprovação
artigo 4.º, as condições a observar na execução da obra, dos projectos de especialidades relativos a cada uma des-
devendo salvaguardar o cumprimento do disposto no sas fases, podendo a Câmara Municipal fixar diferentes
regime de gestão dos resíduos de construção e demolição. prazos por motivo de interesse público, devidamente
fundamentado.
2. As condições relativas à ocupação da via pública
ou à colocação de tapumes e vedações são estabelecidas 2. Cada fase deve corresponder a uma parte da edifi-
mediante proposta do requerente, não podendo a Câmara cação passível de utilização autónoma.
Municipal alterá-las senão com fundamento na violação
de normas legais ou regulamentares aplicáveis, ou na 3. Quando se trate de operação urbanística sujeita a
necessidade de articulação com outras ocupações pre- autorização, o requerente identificará, no projecto de ar-
vistas ou existentes. quitectura, as fases em que pretende proceder à execução
da obra e o prazo para início de cada uma delas, podendo
3. No caso previsto no artigo 100.º, as condições a optar por juntar apenas os projectos de especialidades
observar na execução das obras são aquelas que forem referentes à fase que se propõe executar inicialmente,
propostas pelo requerente. juntando nesse caso os projectos relativos às fases sub-
sequentes, com o requerimento de emissão do alvará da
4. O alvará de autorização de obras de construção si-
fase respectiva.
tuadas em área abrangida por operação de loteamento
não pode ser emitido antes da recepção provisória das 4. Admitida a execução por fases, o alvará abrange
respectivas obras de urbanização ou da prestação de apenas a primeira fase das obras implicando cada fase
caução a que se refere o artigo 44.º, número 1. subsequente, um aditamento ao alvará.
Artigo 48.º Artigo 50.º
Prazo de execução Edificações existentes
1. A Câmara Municipal fixa, com o deferimento do pedi- 1. As edificações construídas antes da entrada em
do de licenciamento ou de autorização das obras referidas vigor do presente diploma, e as utilizações respectivas
nas alíneas c) e d) do número 2 e c) a e) do número 3 do não são afectadas por normas legais e regulamentares
artigo 4.º, o prazo para a conclusão das obras. supervenientes.
2. O prazo começa a contar da data de emissão do 2. A concessão de licença ou autorização para a re-
respectivo alvará, ou, no caso de deferimento tácito, a alização de obras de reconstrução ou de alteração das
contar da data do pagamento ou do depósito das taxas edificações não pode ser recusada com fundamento em
ou da caução. normas legais ou regulamentares supervenientes à
3. O prazo para a conclusão da obra é estabelecido em construção originária, desde que tais obras não originem
conformidade com a programação proposta pelo reque- ou agravem desconformidade com as normas em vigor,
rente, podendo ser fixado diferente prazo por motivo de ou tenham como resultado a melhoria das condições de
interesse público, devidamente fundamentado. segurança e de salubridade da edificação.
4. Quando não seja possível concluir as obras no prazo 3. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores,
previsto na licença ou autorização, o prazo estabelecido a lei pode impor condições específicas para o exercício
nos termos dos números anteriores pode ser prorrogado de certas actividades em edificações já afectas a tais
pelo Presidente da Câmara Municipal, a requerimento actividades, ao abrigo do direito anterior, bem como
fundamentado do interessado, por uma única vez e por condicionar a execução das obras referidas no número
período não superior a metade do prazo inicial, salvo o anterior à realização dos trabalhos acessórios que se
disposto nas alíneas seguintes: mostrem necessários para a melhoria das condições de
segurança e salubridade da edificação.
a) Quando a obra se encontre em fase de acaba-
Artigo 51.º
mento, mediante o pagamento de taxa de
montante a fixar em regulamento municipal; Identificação dos técnicos responsáveis
a conformidade do uso previsto com as normas legais e 6. As conclusões da vistoria são obrigatoriamente
regulamentares que lhe são aplicáveis e a idoneidade seguidas na decisão sobre o pedido de licenciamento ou
do edifício ou sua fracção autónoma para o fim a que se autorização de utilização.
destina.
7. No caso de obras de alteração decorrentes da vistoria,
2. A autorização de utilização prevista na alínea f) do a emissão do alvará depende da verificação da sua ade-
número 3 do artigo 4.º destina-se a verificar a conformi- quada realização, através de nova vistoria.
dade da obra concluída com o projecto aprovado e com as
condições do licenciamento ou autorização. 8.Não sendo a vistoria realizada nos prazos referidos
nos números anteriores, o requerente pode solicitar a
3. Quando não haja lugar à realização de obras ou nos emissão do título de autorização de utilização, mediante
casos previstos no artigo 7.º, a autorização de utilização a apresentação do comprovativo do requerimento da mes-
referida no número anterior destina-se a verificar a ma, nos termos do presente diploma, o qual é emitido no
conformidade do uso previsto com as normas legais e prazo de cinco dias e sem a prévia realização de vistoria.
regulamentares aplicáveis e a idoneidade do edifício ou
Artigo 55.º
sua fracção autónoma para o fim pretendido.
Propriedade horizontal
Artigo 53.º
4. A vistoria é efectuada por uma comissão composta, Validade e eficácia dos actos de licenciamento ou autorização
no mínimo, por três técnicos, a designar pela Câmara Subsecção I
Municipal, dos quais pelo menos um deve ter formação e
habilitação legal para assinar projectos correspondentes Validade
à obra objecto de vistoria.
Artigo 57.º
5. A data da realização da vistoria é notificada pela Requisitos
Câmara Municipal às entidades que a ela devem com-
parecer, nos termos da legislação aplicável, bem como A validade das licenças, a admissão das comunicações
ao requerente da licença de utilização que pode fazer-se prévias ou autorizações das operações urbanísticas
acompanhar dos autores dos projectos e pelo técnico res- depende da sua conformidade com as normas legais e
ponsável pela direcção técnica da obra, que participam, regulamentares aplicáveis em vigor à data da sua prática,
sem direito a voto, na vistoria. sem prejuízo do disposto no artigo 50.º.
920 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
Artigo 58.º parecer vinculativo, autorização ou aprovação legalmente
Nulidades exigível, a entidade que o emitiu responde solidariamente
com o Município, que tem sobre aquela direito de regresso.
São nulas as licenças, as admissões de comunicação
previa ou autorizações previstas no presente diploma que: 4. O disposto no presente artigo em matéria de respon-
sabilidade solidária não prejudica o direito de regresso
a) Violem o disposto em plano urbanístico, Plano que ao caso couber, nos termos gerais de direito.
Especial de Ordenamento do Território, me-
didas preventivas ou licença, ou autorização Subsecção II
de loteamento em vigor; Vicissitudes da licença ou autorização
b) Decorram na ausência do técnico responsável 6. O alvará é emitido no prazo de trinta dias a contar
pela respectiva execução; da apresentação do requerimento previsto nos números
anteriores, ou da recepção dos elementos a que se refere
c) Se desconheça o paradeiro do titular da respec-
o número 3 do artigo 13.º, desde que se mostrem pagas
tiva licença, sem que este haja indicado à
as taxas devidas.
Câmara Municipal procurador bastante que
o represente. 7. O requerimento de emissão de alvará só pode ser
4. As caducidades previstas no presente artigo são de- indeferido com fundamento na caducidade, suspensão,
claradas pela Câmara Municipal, com audiência prévia revogação, anulação ou declaração de nulidade da licença ou
do interessado. autorização ou na falta de pagamento das taxas referidas
no número anterior.
5. Os prazos a que se referem os números anteriores
contam-se de acordo com o disposto no Código Civil. 8. O alvará obedece a um modelo tipo a estabelecer por
portaria aprovada pelo membro do Governo responsável
Artigo 62.º
pelo ordenamento do território.
Renovação
Artigo 65.º
1. O titular da licença ou autorização que haja caducado
Competência
pode requerer nova licença ou autorização.
2. No caso referido no número anterior, serão utili- Compete ao Presidente da Câmara Municipal emitir
zados no novo processo os elementos que instruíram o o alvará para a realização das operações urbanísticas,
processo anterior desde que o novo requerimento seja podendo delegar esta competência nos vereadores, com
apresentado no prazo de dezoito meses a contar da data faculdade de subdelegação nos dirigentes dos serviços
da caducidade ou, se este prazo estiver esgotado, não municipais.
existirem alterações de facto e de direito que justifiquem Artigo 66.º
nova apresentação. Especificações
Artigo 63.º
1. O alvará de licença ou autorização de operação de
Revogação
loteamento ou de obras de urbanização deve conter, nos
1. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a li- termos da licença ou autorização, a especificação dos
cença, a admissão de comunicação prévia ou autorização seguintes elementos, consoante forem aplicáveis:
válida só podem ser revogadas nos termos estabelecidos
a) Identificação do titular do alvará;
na lei para os actos constitutivos de direitos.
2. Nos casos a que se refere o número 2 do artigo 93.º b) Identificação do prédio objecto da operação de
a licença ou autorização pode ser revogada pela Câmara loteamento ou das obras de urbanização;
Municipal decorrido o prazo de seis meses a contar do c) Identificação dos actos dos órgãos municipais
termo do prazo estabelecido de acordo com o número 1 relativos ao licenciamento ou autorização da
do mesmo artigo. operação de loteamento e das obras de urba-
Subsecção III nização;
Títulos das operações urbanísticas d) Enquadramento da operação urbanística em
Artigo 64.º plano urbanístico em vigor;
Título da licença, da admissão de comunicação prévia
e) Número de lotes e indicação da área, localização,
e da autorização de utilização
finalidade, área de implantação, área de cons-
1. As operações urbanísticas, objecto de licenciamen- trução, número de pisos e número de fogos de
to, são tituladas por alvará, cuja emissão é condição de cada um dos lotes, com especificação dos fogos
eficácia da licença. destinados a habitações a custos controlados,
2. A admissão de comunicação prévia das operações quando previstos;
urbanísticas é titulada pelo recibo da sua apresentação f) Cedências obrigatórias, sua finalidade e espe-
acompanhado do comprovativo da admissão nos termos cificação das parcelas a integrar no domínio
do presente diploma. municipal;
3. A autorização de utilização dos edifícios é titulada g) Prazo para a conclusão das obras de urbanização;
por alvará.
h) Montante da caução prestada e identificação do
4. O interessado deve, no prazo de um ano a contar da
respectivo título;
data da notificação do acto de licenciamento ou autoriza-
ção, requerer a emissão do respectivo alvará. i) Plantas representativas dos elementos referidos
nas alíneas e) e f), as quais devem constar de
5. No caso de operação de loteamento que exija a re-
anexo.
alização de obras de urbanização é emitido um alvará
único, que deve ser requerido no prazo de um ano a 2. As especificações do alvará a que se refere o número
contar da notificação do acto de autorização das obras anterior vinculam a Câmara Municipal, o proprietário
de urbanização. do prédio, bem como os adquirentes dos lotes.
922 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
3. No caso de deferimento tácito, os pedidos de ligação 1. Qualquer adquirente dos lotes, de edifícios construídos
referidos no número 1 podem ser instruídos com o recibo nos lotes ou de fracções autónomas dos mesmos tem
do pagamento ou do depósito das taxas ou da caução. legitimidade para requerer a autorização judicial para
promover directamente a execução das obras de urbani-
4. Nos casos em que é aplicado o regime de comunicação zação quando, verificando-se as situações previstas no
prévia, os pedidos de ligação podem ser instruídos com número 1 do artigo anterior, a Câmara Municipal não
cópia da mesma. tenha promovido a sua execução.
924 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
2. O requerimento é instruído com os seguintes ele- seu representante, pelo menos, dois representantes da
mentos: Câmara Municipal e um representante de cada uma das
empresas concessionárias que prestam ou não serviços
a) Cópia do alvará;
públicos.
b) Orçamento, a preços correntes do mercado, rela-
3. Se o auto de vistoria detectar deficiência nas obras
tivo à execução das obras de urbanização em
de urbanização e o seu titular não reclamar ou vir indefe-
conformidade com os projectos aprovados e
rida a sua reclamação e não proceder à sua correcção no
condições fixadas no licenciamento;
prazo para o efeito fixado, a Câmara Municipal procede
c) Quaisquer outros elementos que o requerente a obras coercivas.
entenda necessários para o conhecimento do
4. Podem ainda ser utilizados mecanismos técnicos
pedido.
electrónicos e informáticos que permitam inspeccionar
3. Antes de decidir, o tribunal notifica a Câmara Mu- áreas infra-estruturadas.
nicipal e o titular do alvará para responderem no prazo Artigo 78.º
de trinta dias e ordena a realização das diligências que
Garantia das obras de urbanização
entenda úteis para o conhecimento do pedido, nomeada-
mente a inspecção judicial do local. O prazo de garantia das obras de urbanização é de
cinco anos.
4. Se deferir o pedido, o tribunal fixa, de forma explícita,
as obras a realizar e o respectivo orçamento e determina Artigo 79.º
que a caução fique à sua ordem, a fim de responder pelas Obras inacabadas
despesas com as obras até ao limite do orçamento.
1. Quando as obras já tenham atingido um estado
5. Na falta ou insuficiência da caução, o tribunal de- avançado de execução mas a licença ou autorização haja
termina que os custos sejam suportados pelo Município, caducado por motivo de falência ou insolvência do seu ti-
sem prejuízo do direito de regresso deste sobre o titular tular, pode qualquer terceiro, com legitimidade adquirida
do alvará. em relação ao prédio em questão, requerer a concessão
6. Da sentença cabe recurso nos termos gerais. de uma licença especial para a sua conclusão.
7. Será emitido oficiosamente novo alvará quando: 2. A concessão da licença referida no número anterior
segue o regime das alterações à licença ou autorização,
a) Tenha havido recepção provisória das obras; ou consoante se trate de obras sujeitas a licença ou autorização.
b) Seja integralmente reembolsada das despesas 3. Independentemente dos motivos que tenham de-
efectuadas, caso se verifique a situação pre- terminado a caducidade da licença ou da autorização, a
vista no número 5. licença referida no número 1 pode também ser concedida
Secção III quando a Câmara Municipal reconheça o interesse na
conclusão da obra e não se mostre aconselhável a demo-
Conclusão e recepção dos trabalhos
lição da mesma, por razões ambientais, urbanísticas,
Artigo 76.º técnicas ou económicas.
Limpeza da área e reparação de estragos Secção IV
1. Concluída a obra, o dono da mesma é obrigado a Utilização e conservação do edificado
proceder ao levantamento do estaleiro e à limpeza da Artigo 80.º
área, removendo os materiais, entulhos e demais detritos
Dever de conservação
que se hajam acumulado no decorrer da execução dos
trabalhos, bem como à reparação de quaisquer estragos 1. As edificações devem ser objecto de obras de conser-
ou deteriorações que tenha causado em infra-estruturas vação pelo menos uma vez em cada período de dez anos.
públicas ou de terceiros.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a Câ-
2. O cumprimento do disposto no número anterior é mara Municipal pode a todo o tempo, oficiosamente ou
condição de emissão do alvará de licença ou autorização a requerimento de qualquer interessado, determinar a
de utilização ou da recepção provisória das obras de execução de obras de conservação necessárias à correcção
urbanização, salvo quando seja prestada, em prazo a de más condições de segurança ou de salubridade.
fixar pela Câmara Municipal, caução para garantia da
3. A Câmara Municipal pode, oficiosamente ou a re-
execução das reparações referidas no mesmo número.
querimento de qualquer interessado, cumprido o disposto
Artigo 77.º no artigo seguinte, ordenar a demolição total ou parcial
Recepção provisória e definitiva das obras de urbanização das construções que ameacem ruína ou ofereçam perigo
para a saúde pública e para a segurança das pessoas.
1. Mediante requerimento do interessado, a Câmara
Municipal delibera sobre a recepção provisória e defini- Artigo 81.º
tiva das obras de urbanização, respectivamente, após a Vistoria prévia
sua conclusão e o decurso do prazo de garantia.
1. As deliberações referidas nos números 2 e 3 do artigo
2. A recepção é precedida de vistoria, a realizar por anterior são precedidas de vistoria a realizar por três
uma comissão da qual fazem parte o interessado ou um técnicos a nomear pela Câmara Municipal.
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 925
2. Do acto que determinar a realização da vistoria e administrativa, garantindo a conformidade com dispo-
respectivos fundamentos é notificado o proprietário do sições legais e regulamentares aplicáveis e prevenindo
imóvel, mediante carta expedida com, pelo menos, dez os perigos que da sua realização possam resultar para a
dias de antecedência. saúde e segurança das pessoas.
3. Da vistoria é imediatamente lavrado auto, do qual Artigo 85.º
consta obrigatoriamente a identificação do imóvel, a Competência
descrição do estado do mesmo e as obras preconizadas e,
bem assim, as respostas aos quesitos que sejam formula- 1. Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a
das pelo proprietário, devendo ser assinado por todos os outras entidades, a fiscalização prevista no artigo ante-
técnicos que hajam participado na vistoria e, se algum rior compete ao Presidente da Câmara Municipal.
deles não quiser ou não puder assiná-lo, faz-se menção
2. Os actos praticados pelo Presidente da Câmara
desse facto.
Municipal no exercício dos poderes de fiscalização pre-
4. As formalidades previstas no presente artigo podem vistos no presente diploma e que envolvam um juízo de
ser preteridas quando exista risco iminente de desmoro- legalidade de actos praticados pela Câmara Municipal
namento ou grave perigo para a saúde pública. respectiva, ou que suspendam ou ponham termo à sua
eficácia, podem ser por esta revogados ou suspensos.
Artigo 82.º
3. No exercício da sua actividade de fiscalização, o
Obras coercivas
Presidente da Câmara Municipal é auxiliado por fun-
Quando o proprietário não iniciar as obras que lhe cionários municipais com formação adequada, a quem
sejam determinadas nos termos do artigo 80.º, ou não incumbe preparar e executar as suas decisões.
as concluir dentro dos prazos que para o efeito lhe forem
4. O Presidente da Câmara Municipal pode ainda
fixados, pode a Câmara Municipal tomar posse admi-
solicitar e tem o direito de obter toda a colaboração de
nistrativa do imóvel para lhes dar execução imediata,
quaisquer autoridades administrativas ou policiais.
aplicando-se o disposto nos artigos 96.º e 97.º.
Artigo 86.º
Artigo 83.º
Inspecções e vistorias
Despejo administrativo
1. Os funcionários municipais responsáveis pela fis-
1. A Câmara Municipal pode ordenar o despejo su- calização de obras podem realizar inspecções aos locais
mário dos prédios ou parte de prédios nos quais haja de onde, nos termos do presente diploma, se desenvolvam
realizar-se as obras referidas nos números 2 e 3 do artigo actividades sujeitas a fiscalização, sem dependência de
80.º, sempre que tal se mostre necessário à sua execução. prévia notificação.
2. O despejo referido no número anterior pode ser 2. O disposto no número anterior não dispensa a ob-
determinado oficiosamente ou, quando o proprietário tenção de prévio mandado judicial para a entrada no
pretenda proceder às mesmas, a requerimento deste. domicílio de qualquer pessoa sem o seu consentimento.
3. O despejo deve executar-se no prazo de quarenta 3. O mandado previsto no número anterior é concedido
e cinco dias a contar da sua notificação aos ocupantes, pelo juiz da comarca respectiva a pedido do Presidente
salvo quando houver risco iminente de desmoronamento da Câmara Municipal e segue os termos do procedimento
ou grave perigo para a saúde pública, em que poderá cautelar comum.
executar-se imediatamente.
4. Para além dos casos especialmente previstos no
4. Fica garantido aos inquilinos o direito à reocupação presente diploma, o Presidente da Câmara Municipal
dos prédios, uma vez concluídas as obras realizadas. pode ordenar a realização de vistorias aos imóveis em
que estejam a ser executadas operações urbanísticas,
5. A Câmara Municipal pode ainda ordenar o despejo
quando o exercício dos poderes de fiscalização dependa
sumário dos prédios cuja expropriação por utilidade
da prova de factos que, pela sua natureza ou especial
pública tenha sido declarada ou cuja demolição ou be-
complexidade, impliquem uma apreciação valorativa de
neficiação tenha sido deliberada.
carácter pericial.
Secção V
Artigo 87.º
Fiscalização
Livro de obra
Subsecção I
1. Todos os factos relevantes relativos à execução de
Disposições gerais obras licenciadas ou autorizadas devem ser registados
Artigo 84.º
pelo respectivo director técnico no livro de obra, a con-
servar no local da sua realização para consulta pelos
Âmbito funcionários municipais responsáveis pela fiscalização
de obras.
Sem prejuízo da sujeição da operação urbanística a
prévio licenciamento, admissão de comunicação prévia 2. São obrigatoriamente registados no livro de obra,
ou autorização, a sua realização está sujeita a fiscalização para além das respectivas datas de início e conclusão,
926 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
todos os factos que impliquem a sua paragem ou sus- requerente, do autor do projecto ou director
pensão, bem como todas as alterações feitas ao projecto técnico da obra, bem como do titular de alva-
licenciado ou autorizado. rá de licença ou autorização;
3. O modelo e demais registos a inscrever no livro de m) A ausência do número de alvará de loteamento
obra são definidos por portaria conjunta dos membros nos anúncios ou em quaisquer outras formas
do Governo responsáveis pelas infra-estruturas e pelo de publicidade à alienação dos lotes de ter-
ordenamento do território, a qual fixa igualmente as reno, de edifícios ou fracções autónomas nele
características do livro de obra electrónico. construídos;
Subsecção II n) A realização de operações urbanísticas sujeitas
Sanções a comunicação prévia sem que esta haja sido
efectuada;
Artigo 88.º
o) A não conclusão das operações urbanísticas re-
Contra-ordenação
feridas nos números 2 e 3 do artigo 80.º nos
1. Sem prejuízo da responsabilidade civil, criminal ou prazos fixados para o efeito;
disciplinar, são puníveis como contra-ordenação:
p) A realização de operações de loteamento sem
a) A realização de quaisquer operações urbanísti- a prévia realização de obras de urbanização
cas sujeitas a prévio licenciamento ou auto- obrigatórias.
rização sem o respectivo alvará, excepto nos
2. As contra-ordenações previstas nas alíneas a) e p)
casos de alteração durante a execução da obra
do número anterior são puníveis com coima de 50.000$00
ou deferimento tácito;
(cinquenta mil escudos) a 10.000.000$00 (dez milhões
b) A realização de quaisquer operações urbanísti- de escudos), tratando-se de pessoa singular, ou até
cas em desconformidade com o respectivo pro- 30.000.000$00 (trinta milhões de escudos), no caso de
jecto ou com as condições do licenciamento ou pessoa colectiva.
autorização;
3. A contra-ordenação prevista na alínea b) do número
c) A não conclusão de quaisquer operações urbanís- 1 é punível com coima de 30.000$00 (trinta mil escudos)
ticas nos prazos fixados para o efeito; a 10.000.000$00 (dez milhões de escudos), tratando-se de
pessoa singular, ou até 30.000.000$00 (trinta milhões de
d) A ocupação de edifícios ou suas fracções autóno- escudos), no caso de pessoa colectiva.
mas sem licença ou autorização de utilização
ou em desacordo com o uso fixado no respecti- 4. As contra-ordenações previstas nas alíneas c) e d) do
vo alvará, salvo se este não tiver sido emitido número 1 são puníveis com coima de 50.000$00 (cinquen-
no prazo legal por razões exclusivamente im- ta mil escudos) a 5.000.000$00 (cinco milhões de escudos),
putáveis à Câmara Municipal; tratando-se de pessoa singular, ou até 20.000.000$00
(vinte milhões de escudos), no caso de pessoa colectiva.
e) A subscrição de projecto da autoria de quem, por
razões de ordem técnica, legal ou disciplinar, 5. As contra-ordenações previstas nas alíneas e) e f) do
se encontre inibido de o elaborar; número 1 são puníveis com coima de 50.000$00 (cinquen-
ta mil escudos) a 10.000.000$00 (dez milhões de escudos).
f) O prosseguimento de obras cujo embargo tenha
sido legitimamente ordenado; 6. As contra-ordenações previstas nas alíneas g) a l)
e n) do número 1 são puníveis com coima de 30.000$00
g) A não afixação ou a afixação de forma não visível (trinta mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e qui-
do exterior do prédio, durante o decurso do nhentos mil escudos), tratando-se de pessoa singular ou
procedimento de licenciamento ou autorização, até 4.000.000$00 (quatro milhões de escudos), no caso
do aviso que publicita o pedido de licencia- de pessoa colectiva.
mento ou autorização;
7. As contra-ordenações previstas nas alíneas m) e o)
h) A não afixação ou a afixação de forma não visível do número 1 são puníveis com coima de 5.000$00 (cinco
do exterior do prédio, até à conclusão da obra, mil escudos) a 250.000$00 (duzentos e cinquenta mil es-
do aviso que publicita o alvará; cudos), tratando-se de pessoa singular ou até 750.000$00
i) A falta do livro de obra no local onde se realizam (setecentos e cinquenta mil escudos), no caso de pessoa
as obras; colectiva.
j) A falta dos registos do estado de execução das 8. A tentativa e a negligência são puníveis, sendo nestes
obras no livro de obra; casos, os limites máximos e mínimos reduzidos a metade.
k) A não remoção dos entulhos e demais detritos 9. A competência para determinar a instauração dos
resultantes da obra nos termos do artigo 76º; processos de contra-ordenação, para designar o instrutor e
para aplicar as coimas pertence ao Presidente da Câmara
l) A ausência de requerimento a solicitar à Câmara Municipal ou a quem este, nos termos legais aplicáveis,
Municipal o averbamento de substituição do entenda delegar.
I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014 927
2. As sanções previstas no número 1, bem como as d) Em violação das normas legais e regulamenta-
previstas no artigo anterior, quando aplicadas a indus- res aplicáveis, designadamente os planos ur-
triais de construção civil, são comunicadas à entidade banísticos.
responsável pela emissão de alvará de empresas de obras
públicas e particulares. 2. A notificação é feita ao titular do alvará de licença
ou autorização, determinando a suspensão dos traba-
3. As sanções aplicadas ao abrigo do presente diploma lhos, devendo ainda, quando possível, ser notificado o
aos autores dos projectos, responsáveis pela direcção proprietário do imóvel no qual estejam a ser executadas
técnica da obra ou a quem subscreva o termo de res- as obras, ou seu representante.
ponsabilidade são comunicadas à respectiva ordem ou
associação profissional, quando exista. 3. Após o embargo, é de imediato lavrado o respec-
Artigo 90.º tivo auto, que contém, obrigatória e expressamente, a
identificação do funcionário municipal responsável pela
Responsabilidade criminal e disciplinar
fiscalização de obras, das testemunhas e do notificado, a
1. O desrespeito dos actos administrativos que deter- data, hora e local da diligência e as razões de facto e de
minem qualquer das medidas de tutela da legalidade direito que a justificam, o estado da obra e a indicação
urbanística previstas no presente diploma constitui crime da ordem de suspensão e proibição de prosseguir a obra
de desobediência, nos termos da lei. e do respectivo prazo, bem como as cominações legais do
seu incumprimento.
2. Constituem crime de falsificação de documentos,
punido nos termos da lei: 4. No caso de a ordem de embargo incidir apenas sobre
a) As falsas declarações ou informações prestadas parte da obra, o respectivo auto fará expressa menção de
pelos responsáveis dos projectos, autores dos que o embargo é parcial e identificará claramente qual é
projectos, relativamente às normas técnicas a parte da obra que se encontra embargada.
gerais e específicas de construção, bem como
5. O embargo e respectivo auto são notificados ao re-
das disposições legais e regulamentares apli-
querente ou titular da licença ou autorização ou, quando
cáveis ao projecto;
estas não tenham sido requeridas, ao proprietário do
b) As falsas declarações do director técnico da obra imóvel no qual estejam a ser executadas as obras.
ou de quem esteja mandatado para esse efeito
pelo dono da obra no termo de responsabili- 6. O embargo é objecto de registo na conservatória
dade, relativamente à conformidade da obra do registo predial, mediante comunicação do despacho
com o projecto aprovado e com as condições da que o determinou, procedendo-se aos necessários aver-
licença e ou autorização, bem como relativas bamentos.
à conformidade das alterações efectuadas ao
7. Sem prejuízo das competências atribuídas por lei a
projecto com as normas legais e regulamentares
outras entidades, o membro do Governo responsável pelo
aplicáveis;
ordenamento do território tem competência residual para
3. Os funcionários e agentes da Administração Pública embargar as obras de urbanização, de edificação ou de
que deixem de participar infracções às entidades fiscali- demolição, bem como quaisquer trabalhos de remodelação
zadoras ou prestem informações falsas ou erradas sobre de terrenos, quando estejam a ser executadas pelas Câ-
as infracções à lei e aos regulamentos de que tenham maras Municipais, directamente ou através de terceiros,
conhecimento no exercício das suas funções incorrem em ou ainda por particulares em violação de normas legais
responsabilidade disciplinar, punível nos termos da lei. e regulamentares.
928 I SÉRIE — NO 28 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 23 DE ABRIL DE 2014
Artigo 92.º 6. O disposto no presente artigo aplica-se com as ne-
Efeitos do embargo cessárias adaptações às obras das Câmaras Municipais
embargadas pelo membro do Governo responsável pelo
1. O embargo obriga à suspensão imediata, no todo ou ordenamento do território à luz da competência que lhe
em parte, dos trabalhos de execução da obra. é conferida pelo número 7 do artigo 91.º.
2. Tratando-se de obras licenciadas ou autorizadas, Artigo 95.º
o embargo determina também a suspensão da eficácia
da respectiva licença ou autorização, bem como, no caso Demolição da obra e reposição do terreno
de obras de urbanização, da licença ou autorização de
1. O Presidente da Câmara Municipal ou o membro
loteamento urbano a que as mesmas respeitam.
do Governo responsável pelo ordenamento do território,
3. É interdito o fornecimento de energia eléctrica, gás conforme for o caso, pode ordenar a demolição total ou
e água às obras embargadas, devendo para o efeito ser parcial da obra ou a reposição do terreno nas condições
notificado o acto que o ordenou às entidades responsáveis em que se encontrava antes da data de início das obras
pelos referidos fornecimentos. ou trabalhos, fixando um prazo para o efeito.
4. O embargo, ainda que parcial, suspende o prazo que 2. A demolição pode ser evitada se a obra for suscep-
estiver fixado para a execução das obras no respectivo tível de ser licenciada ou autorizada ou se for possível
alvará de licença e estabelecido para a admissão de co- assegurar a sua conformidade com as disposições legais
municação prévia. e regulamentares que lhe são aplicáveis mediante a re-
5. A violação do disposto no número 3 constitui contra- alização de trabalhos de correcção ou de alteração.
ordenação punível com coima de 25.000$00 (vinte e cinco 3. A ordem de demolição ou de reposição a que se refere
mil escudos) a 100.000$00 (cem mil escudos). o número 1 é antecedida de audição do interessado, que
Artigo 93.º dispõe de quinze dias a contar da data da sua notificação
Caducidade do embargo para se pronunciar sobre o conteúdo da mesma.
1. A ordem de embargo caduca logo que for proferida 4. Decorrido o prazo referido no número 1 sem que a
uma decisão que defina a situação jurídica da obra com ordem de demolição da obra ou de reposição do terreno
carácter definitivo ou no termo do prazo que tiver sido se mostre cumprida, o Presidente da Câmara Municipal
fixado para o efeito. determina a demolição da obra ou a reposição do terreno
por conta do infractor.
2. Na falta de fixação de prazo para o efeito, a ordem
de embargo caduca se não for proferida uma decisão de- Artigo 96.º
finitiva no prazo de seis meses, prorrogável uma única
Posse administrativa e execução coerciva
vez por igual período.
Artigo 94.º 1. Sem prejuízo da responsabilidade criminal, em caso
Trabalhos de correcção ou alteração
de incumprimento de qualquer das medidas de tutela da
legalidade urbanística previstas nos artigos anteriores
1. Nas situações de embargo previstas nas alíneas b) o Presidente da Câmara Municipal pode determinar a
e c) do número 1 do artigo 91.º, o Presidente da Câmara posse administrativa do imóvel onde está a ser realizada
Municipal pode ainda, quando for caso disso, ordenar a obra, de forma a permitir a execução coerciva de tais
a realização de trabalhos de correcção ou alteração da medidas.
obra, fixando um prazo para o efeito, tendo em conta a
natureza e o grau de complexidade dos mesmos. 2. O acto administrativo que tiver determinado a posse
administrativa é notificado ao dono da obra e aos demais
2. Decorrido o prazo referido no número anterior sem titulares de direitos reais sobre o imóvel.
que aqueles trabalhos se encontrem integralmente rea-
lizados, a obra permanece embargada até ser proferida 3. A posse administrativa é realizada pelos funcionários
uma decisão que defina a sua situação jurídica com municipais responsáveis pela fiscalização de obras,
carácter definitivo. mediante a elaboração de um auto onde, para além de
se identificar o acto referido no número anterior, é espe-
3. Tratando-se de obras de urbanização ou de outras
cificado o estado em que se encontra o terreno, a obra e
obras indispensáveis para assegurar a protecção de in-
as demais construções existentes no local, bem como os
teresses de terceiros ou o correcto ordenamento urbano,
equipamentos que ali se encontrarem.
a Câmara Municipal pode promover a realização dos
trabalhos de correcção ou alteração por conta do titular da 4. Tratando-se da execução coerciva de uma ordem de
licença ou autorização, nos termos dos artigos 96.º e 97.º. embargo, os funcionários municipais responsáveis pela
4. A ordem de realização de trabalhos de correcção fiscalização de obras procedem à selagem do estaleiro da
ou alteração suspende o prazo que estiver fixado no obra e dos respectivos equipamentos.
respectivo alvará de licença ou autorização pelo período 5. Em casos devidamente justificados, o Presidente da
estabelecido nos termos do número 1. Câmara Municipal pode autorizar a transferência ou a
5. O prazo referido no número 1 interrompe-se com retirada dos equipamentos do local de realização da obra,
a apresentação de um pedido de alteração à licença ou por sua iniciativa ou a requerimento do dono da obra ou
autorização. do seu empreiteiro.
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Artigo 97.º
2. As informações previstas no número anterior devem
ser prestadas independentemente de despacho e no prazo
Despesas realizadas com a execução coerciva de quinze dias.
1. As quantias relativas às despesas realizadas nos 3. Os interessados têm o direito de consultar os processos
termos do artigo anterior, incluindo quaisquer indem- que lhes digam directamente respeito, e de obter as cer-
nizações ou sanções pecuniárias que a Administração tidões ou reproduções autenticadas dos documentos que
tenha de suportar para o efeito, são de conta do infractor. os integram, mediante requerimento e pagamento das
importâncias que forem devidas.
2. Quando aquelas quantias não forem pagas volunta-
riamente no prazo de vinte dias a contar da notificação 4. Os direitos referidos nos números 1 e 3 são extensivos
para o efeito, são cobradas judicialmente em processo de a quaisquer pessoas que provem ter interesse legítimo no
execução fiscal, servindo de título executivo a certidão, conhecimento dos elementos que pretendem e ainda, para
passada pelos serviços competentes, comprovativa das defesa de interesses difusos definidos na lei, quaisquer
despesas efectuadas, podendo ainda a Câmara Municipal cidadãos no gozo dos seus direitos civis e políticos e as
aceitar, para extinção da dívida, dação em cumprimento associações e fundações defensoras de tais interesses.
ou em função do cumprimento nos termos da lei. Artigo 100.º
6. Na decisão o juiz fixa o prazo, não superior a trinta 1. A emissão dos alvarás de licença e autorização pre-
e um dias, para que a autoridade requerida pratique o vistos no presente diploma está sujeita ao pagamento de
acto devido. taxas a fixar em regulamento municipal.
7. O recurso da decisão tem efeito meramente devolutivo. 2. A emissão do alvará de licença ou autorização de
8. Decorrido o prazo fixado pelo tribunal sem que loteamento, de obras de urbanização e de obras de cons-
se tenha praticado o acto devido, o interessado pode trução ou ampliação em área não abrangida por operação
prevalecer-se do disposto no artigo 102.º, com excepção de loteamento ou alvará de obras de urbanização está
do disposto no número seguinte. sujeita ao pagamento de taxas a fixar em regulamento
municipal.
9. Na situação prevista no número anterior, tratando-
se de aprovação do projecto de arquitectura, o interessado 3. A emissão do alvará de licença parcial a que se
pode juntar os projectos de especialidade ou, caso já o refere o número 5 do artigo 24.º está também sujeita ao
tenha feito no requerimento inicial, inicia-se a contagem pagamento da taxa referida no número 1, não havendo
do prazo previsto na alínea c) do número 1 do artigo 23.º. lugar à liquidação da mesma aquando da emissão do
Artigo 102.º alvará definitivo.
Deferimento tácito 4. Os projectos de regulamento municipal da taxa pela
1. Nas situações referidas na alínea b) do artigo 100.º, realização, manutenção e reforço de infra-estruturas ur-
o interessado pode iniciar e prosseguir a execução dos banísticas devem ser acompanhados da fundamentação
trabalhos de acordo com o requerimento apresentado, do cálculo das taxas previstas.
ou dar de imediato utilização à obra. Artigo 106.º
2. O início dos trabalhos ou da utilização depende do Incidência objectiva
prévio pagamento das taxas que se mostrem devidas,
nos termos do presente diploma, não podendo a Câmara As taxas estabelecidas pelo presente diploma incidem
Municipal opor-se à liquidação das mesmas. sobre utilidades prestadas aos promotores de projectos,
no âmbito do procedimento de operações urbanísticas, de-
3. A certidão da sentença transitada em julgado que
signadamente o loteamento, a urbanização, a edificação e
haja intimado à emissão do alvará de licença ou autori-
a utilização e conservação de edifícios, que consistem em:
zação de utilização substitui, para todos os efeitos legais,
o alvará não emitido. a) A emissão dos alvarás de licença e autorização;
4. Nas situações referidas no presente artigo, a obra não
b) A emissão do alvará de licença ou autorização
pode ser embargada por qualquer autoridade administra-
de loteamento, de obras de urbanização e de
tiva com fundamento na falta de licença ou autorização.
obras de construção ou ampliação em área
Artigo 103.º não abrangida por operação de loteamento ou
Impugnação administrativa alvará de obras de urbanização;
1. Os pareceres expressos que sejam emitidos por c) A emissão do alvará de licença e a admissão de
órgãos da administração central no âmbito dos procedi- comunicação prévia de obras de construção
mentos regulados no presente diploma podem ser objecto ou ampliação em área não abrangida por ope-
de impugnação administrativa autónoma. ração de loteamento ou alvará de obras de ur-
banização;
2. A impugnação administrativa de quaisquer actos
praticados ou pareceres emitidos nos termos do presente d) A emissão do alvará de licença parcial;
diploma deve ser decidida no prazo de trinta dias, findo
o qual se considera deferida. e) A verificação do alvará referido no artigo 5.º.
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Artigo 107.º Artigo 112.º
Os sujeitos passivos são os promotores de projectos Todas as notificações e comunicações referidas neste
privados de operações urbanísticas. diploma e dirigidas aos requerentes devem ser feitas por
carta registada, caso não seja viável a notificação pessoal.
Artigo 108.º
Artigo 113.º
Sujeito activo gerador
Legitimidade para denúncia
O sujeito activo gerador da obrigação de pagamento de
1. Qualquer pessoa tem legitimidade para comunicar
taxas a cobrar no âmbito do procedimento de operações
à Câmara Municipal, ao Ministério Público, às ordens ou
urbanísticas é o Município.
associações profissionais ou a outras entidades competentes
Artigo 109.º a violação das normas do presente diploma.
Fundamentação económico-financeira das taxas 2. Não são admitidas denúncias anónimas.
1. A fixação do valor das taxas, previstas no presente Artigo 114.º
diploma, assenta na estimativa dos seguintes custos: Legislação subsidiária
a) Os custos administrativos de emissão dos alva- A tudo o que não esteja especialmente previsto no pre-
rás de licença e autorização; sente diploma aplica-se subsidiariamente os seguintes
diplomas:
b) Os custos técnicos de emissão da decisão no âm-
bito das operações urbanísticas, que resultam a) As bases gerais do procedimento administrativo
dos procedimentos de natureza técnica, desig- gracioso, constante do Decreto-Legislativo n.º
nadamente, análises, monitorização, parece- 18/97, de 10 de Novembro; e
res, auditorias necessários para emissão da
b) O regime geral dos regulamentos e actos adminis-
licença e autorização.
trativos, aprovado pelo Decreto-Legislativo
2. Os custos de decisão são calculados com base nos n.º 15/97, de 10 de Novembro.
períodos de tempo que a entidade licenciadora ou auto- Artigo 115.º
rizadora da operação urbanística destina à tomada de Regime das servidões administrativas
decisão.
O disposto no presente diploma não prejudica a aplicação
Artigo 110.º
do regime jurídico específico das diferentes servidões
Liquidação das taxas administrativas.
1. O pagamento das taxas pode ser fraccionado até ao Artigo 116.º
termo do prazo de execução fixado no alvará, desde que Regulamentação
seja prestada caução nos termos do artigo 44.º.
O Governo desenvolve e regulamenta o presente diploma.
2. Da liquidação das taxas cabe reclamação graciosa Artigo 117.º
ou impugnação judicial.
Norma revogatória
3. A exigência, pela Câmara Municipal, ou por qualquer Ficam revogados o Decreto-Lei n.º 166/70, de 24 de
dos seus representantes ou funcionários, de mais-valias Outubro, bem como as alíneas e), f), g), t) e u) do número
não previstas na lei ou de quaisquer contrapartidas, 1 do artigo 98.º, da Lei n.º 134/IV/95, de 03 de Julho,
compensações ou donativos, confere ao titular da licença alterada pela Lei nº 147/IV/95, de 7 de Novembro, que
ou autorização para a realização de operação urbanística, aprova o Estatuto dos Municípios.
quando dê cumprimento àquelas exigências, o direito a
Artigo 118.º
reaver as quantias indevidamente pagas ou, nos casos em
que as contrapartidas, compensações ou donativos sejam Entrada em vigor
realizados em espécie, o direito à respectiva devolução e O presente diploma entra em vigor noventa dias após
à indemnização a que houver lugar. a data da sua publicação.
CAPÍTULO VI Aprovada em 28 de Fevereiro de 2014.
Disposições finais e transitórias O Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso
Artigo 111.º Ramos
Dever de informação Promulgada em 10 de Abril de 2014.