UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA
CAMPUS PROFESSOR BARROS ARAÚJO
PICOS - PIAUÍ
ESCOLAS DA BIOLOGIA SISTEMÁTICA
Disciplina: Sistemática Animal
Profa. Daniela C. Grangeiro
“A classificação por descendência não pode
ser inventada por biólogos, ela pode apenas
ser descoberta”
Theodosius Dobzansky
CLASSIFICAÇÕES
A sistemática é a área da biologia que lida com a descrição e
organização da diversidade biológica;
A sistemática propõe e lida com agrupamentos de
organismos, que formam as classificações;
As classificações são sistemas de organização da diversidade
dos organismos, necessários à transmissão do conhecimento;
Para Hennig (1966), as classificações são sistemas de palavras
que servem para a transmissão do conhecimento a respeito
da evolução dos organismos.
CLASSIFICAÇÕES
Segundo Wiley (1981), as classificações podem ser usadas
para:
a. comunicação;
b. análise crítica de ideias originais sobre a evolução de grupos;
c. estudos comparativos de estruturas e processos baseados no
padrão evolutivo indicado pela classificação (biologia
comparada).
Neste sentido, a biologia comparada depende da sistemática
como elemento organizador.
CLASSIFICAÇÕES
Os agrupamentos de organismos propostos pela sistemática
podem ser naturais ou artificiais:
I. agrupamentos naturais - refletem o grau de parentesco entre
os organismos agrupados; resultam da aplicação correta dos
métodos da sistemática filogenética (classificações
filogenéticas).
CLASSIFICAÇÕES
Os agrupamentos de organismos propostos pela sistemática
podem ser naturais ou artificiais:
II. agrupamentos artificiais - não refletem necessariamente as
relações de parentesco entre os organismos agrupados; Muitos
agrupamentos artificiais são mantidos por conveniência didática.
Ex. invertebrados vs. vertebrados
CLASSIFICAÇÕES
CLASSIFICAÇÕES
Treinando...
Dinosauria
Natural X Artificial
†
ESCOLAS DA BIOLOGIA SISTEMÁTICA
• Lineana, Essencialista ou Tipológica
1 • Linnaeus (1735)
• Taxonomia Numérica (Fenética)
2 • Michener e Sokal (1957)
• “Catalográfica”
3 • Blackwelder (1959)
• Sistemática Gradista
4 • Simpson (1961) e Mayr (1981)
• Sistemática Filogenética
5 • Will Henning (1966)
ESCOLA LINEANA
Lógica e visão de mundo Aristotélicos = existem
essências!
Essências podem ou não ser compartilhadas;
Reunir espécies em táxons numa abordagem lineana
significa indicar a existência de uma essência
compartilhada entre elas;
Rejeitando-se o ontologia essencialista
pode-se unir táxons por semelhanças.
ESCOLA LINEANA
Mesmo hoje, talvez a maioria dos sistematas ainda
pratiquem sistemática utilizando essa lógica, sem
qualquer noção clara dos aspectos ontológicos;
Com base em semelhanças compartilhadas, na
verdade um método intuitivo de comparação de
semelhanças;
Linnaeus acreditava no esquema criativo de Deus.
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
Surgiu nos EUA, no final da década de 50, com os
primeiros computadores;
Michener & Sokal (1957) iniciam essa abordagem;
Na década de 60 o livro de Sokal & Sneath (1963)
trazem as bases conceituais dessa escola;
Utilizar o máximo de caracteres para classificações
(Aristóteles);
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
Semelhança média dos caracteres (taxonomistas);
As operações numéricas extensas passaram a utilizar
calculadoras e computadores de cartão furado;
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
As características de semelhança (taxonomistas);
As operações numéricas extensas passaram a utilizar
calculadoras e computadores;
Essa abordagem era influenciada:
1. pela dificuldade com os padrões incongruentes da
evolução, encontrando explicações convincentes;
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
2. pelo subjetivismo das decisões dos sistematas
tradicionais, que criavam/desfaziam táxons com base
em um/poucos caracteres e sem critérios definidos;
3. pelo interesse em desenvolver um sistema
operacional “ágil” para as atividades de identificação
taxonômica, aproveitando os recursos computacionais
disponíveis.
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
Os critérios para a seleção dos caracteres
importantes ("bons") nunca foram objetivamente
explicitados;
Não estava embasada em uma teoria biológica e seus
métodos eram puramente matemáticos e
computacionais, por isso resultava em classificações
artificiais.
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
Fenogramas
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
Princípios fenéticos e filogenéticos são fundamentais à
classificação biológica e podem ou não discordar.
TAXONONIA NUMÉRICA OU FENÉTICA
ESCOLA “CATALOGRÁFICA”
Blackwelder (1959) propôs que a sistemática deveria
estar descompromissada do conhecimento da
evolução biológica, onde seu papel seria de propor
um sistema útil;
Não é considerada uma “Escola”, mas um prática
descompromissada de alguns sistematas;
Não se encontram mais defensores dessa escola;
ESCOLA “CATALOGRÁFICA”
Sistematas sem formação evolutiva e sem interesse
no conhecimento da evolução;
Trabalho do sistemata é propor sistemas de
classificações úteis;
Catálogo de espécies sem conexão com os processos
que geram a diversidade dos organismos e suas
características.
SISTEMÁTICA GRADISTA
Meados do séc. XIX:
a teoria da evolução
SISTEMÁTICA GRADISTA
Os gradistas trabalham com o conhecimento sobre a
história filogenética, o método filogenético é aceito
como correto, com exceções ( Mayr, 1974);
Contudo, os gradistas não acreditam que a
classificação seja um reflexo das relações
filogenéticas entre as espécies e táxons (Darligton,
1970; Mayr, 1974);
SISTEMÁTICA GRADISTA
Deveria incluir uma visão genérica da história
evolutiva do grupo, além das relações de parentesco;
O conceito mais importante é o de GRADO (inglês=
grade);
A evolução do grupo tem início com características
“adaptativas” (de interação com ambiente).
SISTEMÁTICA GRADISTA
Muitas espécies descendentes da ancestral mantêm
as características iniciais de habitat, nicho,
alimentação, reprodução, comportamento, etc.;
Outras não = novo grau evolutivo!
SISTEMÁTICA GRADISTA
Exemplo:
SISTEMÁTICA GRADISTA
As árvores evolutivas
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
Meados do séc. XX: o aparecimento da sistemática
filogenética
Caracteres derivados (≠ da condição ancestral);
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
Willi Hennig desenvolveu um método de
reconstrução para as relações de parentesco
entre espécies e seus grupos, onde:
“as classificações biológicas devem ser um
reflexo inequívoco do conhecimento atual
sobre as relações de parentesco entre os
táxons.”
Todos os táxons deveriam ser monofiléticos...
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
Sistema de classificação é longo e detalhado;
O conhecimento filogenético evolui, o que pode
modificar as classificações propostas;
Os Princípios Filogenéticos são:
1. As classificações devem refletir exatamente o
processo evolutivo.
2. O processo de cladogênese explica a origem das
espécies e táxons superiores.
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
Os Princípios Filogenéticos são:
3. As sinapomorfias constituem as
únicas evidências de parentesco
evolutivo próximo;
4. As sinapomorfias definem
Processo de Cladogênese grupos naturais (monofiléticos).
5. Grupos monofiléticos - únicos
admitidos na Sist. Filogenética.
SISTEMÁTICA FILOGENÉTICA
Cladogramas
POUGH et al, 2006
ESCOLAS DA BIOLOGIA SISTEMÁTICA
Nome da escola Taxonomia Sistemática Sistemática
Numérica Gradista Filogenética
Apelido Feneticismo ou Gradismo Cladismo
Fenética
Base da Similaridade Geral Distância Genética Relação
classificação Filogenética
Indicadores de Alta Similaridade Homologias Sinapomorfias
relação Fenética
Algoritmo Obrigatório Não utilizado Opcional
eletrônico
Dendrograma Fenograma Árvore evolutiva Cladograma
Grupos resultantes Fenon Grado Clado
Treinando
• Formem 3 grupos;
• Cada grupo será responsável por defender
umas das três “Escolas” abaixo:
1. Numérica;
2. Gradista;
3. Filogenética.
• Cada membro terá que falar em defesa de sua
escola!