Matrícula nº.
: 21723090 Nome: Audiéles Gonçalves Júnior 9º Período Noturno
Direito do Trabalho II Professor: Mário Lúcio Campos de Almeida
Patrocínio, 30 de maio de 2022. Valor: ________ Nota: _______
TRABALHO SOBRE PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DE TRABALHO
OBS.: O aluno deverá apresentar a definição/explicação e fundamentação de cada
princípio.
1. Princípios assecuratórios da existência do ser coletivo obreiro:
1.1 - Princípio da liberdade associativa e sindical
1.2 - Princípio da autonomia sindical
1.3 - Princípio da unicidade sindical
2. Princípios regentes das Relações entre os seres coletivos trabalhistas:
2.1 - Princípio da Interveniência sindical na normatização coletiva
2.2 - Princípio da Equivalência dos contratantes coletivos
2.3 - Princípio da lealdade e transparência na negociação coletiva
3. Princípios regentes das Relações entre normas coletivas negociadas e normas
estatais:
3.1 - Princípio da criatividade jurídica da negociação coletiva
3.2 - Princípio da adequação setorial negociada
4. Disserte sobre a Autonomia do Direito Coletivo do Trabalho.
Respostas:
1.1. Preliminarmente, saliente-se que o direito de associação está assegurado pela
Constituição Federal, em seu artigo 5º:
CF/88, art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade
competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
(...)
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
Além disso, com relação à liberdade de associação sindical, o art. 8º dispõe que, além de
ser livre a filiação, também o será a desfiliação:
CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
(...)
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
Retomando o princípio em estudo, vemos que será livre a criação associativa e, por outro
lado, o empregado não poderá ser forçado a se associar (ou manter- se associado) ao
sindicato.
Sendo assim, nosso ordenamento jurídico não admite cláusulas de sindicalização forçada.
Um exemplo de cláusula de sindicalização forçada seria a necessidade de o empregado
ser sindicalizado para que a empresa pudesse contratá-lo (esta cláusula, no caso, seria
firmada entre o sindicato obreiro e as empresas).
1.2. O princípio da autonomia sindical garante que os sindicatos possam se organizar sem
interferências do Estado e das empresas.
Assim, não há controle político estatal, e a criação dos sindicatos também não dependerá
de autorização. É desta maneira que o princípio em tela foi inserido na Constituição
Federal:
CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado
o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção
na organização sindical;
O dispositivo constitucional proíbe a exigência de autorização para a criação do sindicato,
mas prevê o registro do sindicato no órgão competente (no caso, no Ministério do
Trabalho).
O princípio da autonomia sindical, entretanto, ainda sofre algumas restrições: é que
existem disposições limitadoras da autonomia sindical.
Estas limitações são três: a unicidade sindical, (art. 8º, II2), o financiamento compulsório,
(art. 8º, IV) e o poder normativo da Justiça do Trabalho.
1.3. A unicidade corresponde à previsão normativa obrigatória de existência de um único
sindicato representativo dos correspondentes obreiros, seja por empresa, seja por
profissão, seja por categoria profissional. Trata-se da definição legal imperativa do tipo
de sindicato passível de organização na sociedade, vedando-se a existência de entidades
sindicais concorrentes ou de outros tipos sindicais. É, em síntese, o sistema de sindicato
único, com monopólio de representação sindical dos sujeitos trabalhistas.
2.1. Este princípio determina que a normatização coletiva, para ser válida, demanda a
participação do sindicato representante dos trabalhadores:
CF/88, art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
(...)
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
Já a participação dos sindicatos patronais (representantes dos empregadores) não é
obrigatória: é que a negociação coletiva pode dar-se entre o sindicato obreiro e a empresa.
2.2. Existe nítido desequilíbrio entre o empregador (detentor do capital) e o empregado,
e o Direito do Trabalho surge para atenuar tal desequilíbrio. No caso do Direito Coletivo,
entretanto, as partes envolvidas (empresa, sindicato patronal e sindicato obreiro) possuem
força semelhante. O empregador e os sindicatos são reconhecidos como seres coletivos,
e, além disso, eles possuem instrumentos eficazes para negociar.
No caso do sindicato obreiro, pode-se citar como instrumento de atuação a garantia de
emprego de seus dirigentes, o que lhes aumenta o poder de pressão para obter melhor
resultado em negociação com o empregador.
Desta maneira, assim como se reconhece a desigualdade entre as partes no Direito
Individual do Trabalho, a doutrina reconhece, no Direito Coletivo do Trabalho,
tratamento jurídico equivalente entre as partes (neste, frise-se, o empregado não atuará
isoladamente, e sim através de sua representação sindical).
2.3. Este princípio apregoa que a negociação coletiva deve transcorrer de forma leal e
transparente, não se admitindo condutas que inviabilizem a formulação das normas
jurídicas juscoletivas (as convenções coletivas e os acordos coletivos de trabalho).
Estas normas criadas através da negociação coletiva serão de observância obrigatória
pelas partes, motivo pelo qual sua criação não pode ser prejudicada por atos desleais ou
que atentem contra a boa-fé.
3.1. Este princípio se relaciona ao fato de que a negociação coletiva cria normas jurídicas
(comandos abstratos, gerais e impessoais).
Assim, a negociação coletiva não produz simplesmente cláusulas obrigacionais que se
aderem ao contrato. Como dito acima, os acordos e convenções coletivos, em atendimento
ao princípio da criatividade jurídica, geram normas jurídicas.
3.2. O princípio da adequação setorial negociada foi delineado por Mauricio Godinho
Delgado, e consiste em possibilidades e limites jurídicos à negociação coletiva.
Sobre a limitação imposta pelo princípio em estudo, o Ministro Godinho3 ensina que
“Pelo princípio da adequação setorial negociada as normas autônomas juscoletivas
construídas para incidirem sobre certa comunidade econômico-profissional podem
prevalecer sobre o padrão geral heterônomo justrabalhista desde que respeitados certos
critérios objetivamente fixados. São dois esses critérios autorizativos: a) quando as
normas autônomas juscoletivas implementam um padrão setorial de direitos superior ao
padrão geral oriundo da legislação heterônoma aplicável; b) quando as normas autônomas
juscoletivas transacionam setorialmente parcelas justrabalhistas de indisponibilidade
apenas relativa (e não de indisponibilidade absoluta)”.
4. O Direito Coletivo do Trabalho é apenas uma das subdivisões do Direito do Trabalho,
não possuindo autonomia, pois não tem diferenças específicas em relação aos demais
ramos do Direito do Trabalho, estando inserido, como os demais, em sua maioria, na
CLT. O Direito Coletivo do Trabalho é o segmento do Direito do Trabalho encarregado
de tratar da organização sindical, da negociação coletiva, dos contratos coletivos, da
representação dos trabalhadores e da greve. Fica claro que se trata de uma parte do Direito
do Trabalho e não um ramo diferente.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS:
CORREIA, Henrique. Súmulas e OJs do TST comentadas e organizadas por assunto.
– 7ª ed.– Salvador: JusPODIVM, 2016.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do trabalho/ Maurício Godinho
Delgado. – 17ª ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Ltr, 2018.
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 34ª ed. Saraiva, 2018.