0 notas0% acharam este documento útil (0 voto) 671 visualizações19 páginasMulher e A Família Burguesa. In. Mary Del Priore
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu,
reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF ou leia on-line no Scribd
MULHER E FAMILIA BURGUESA
Maria Angela D'Incao
Durante o século XIX, a sociedade brasileira sofreu uma série de
transformagées: a consolidacdo do capitalismo; 0 incremento de uma vida
urbana que oferecia novas alternativas de convivéncia social; a ascensio da
burguesia e o surgimento de uma nova mentalidade — burguesa — reorganizadora
das vivéncias familiares e domésticas, do tempo e das atividades femininas; e,
por que nao, a sensibilidade e a forma de pensar o amor.
Presenciamos ainda nesse period o nascimento de uma nova mulher nas
relagdes da chamada familia burguesa, agora marcada pela valorizagio da
intimidade e da maternidade. Um sélido ambiente familiar, o lar acolhedor,
filhos educados e esposa dedicada ao marido, as criangas e desobrigada de
qualquer trabalho produtivo representavam o ideal de retidao e probidade, um
tesouro social imprescindivel. Verdadeiros emblemas desse mundo relativamente
fechado, a boa reputacdo financeira e a articulacao com a parentela como forma
de protecao ao mundo externo também marcaram o processo de urbanizagao do
pais.
MUDANCAS URBANAS E ESTILO DE VIDA.
A vida urbana no inicio do século XIX praticamente inexistia no Brasi
entéo um enorme pais rural. O estilo de vida da elite dominante na sociedade
brasileira era marcado por influéncias do imagindrio da aristocracia portuguesa,
do cotidiano de fazendeiros plebeus e das diferencas e interagdes sociais
definidas pelo sistema escravista. A chamada familia patriarcal brasileira,
comandada pelo pai detentor de enorme poder sobre seus dependentes,
agregados e escravos, habitava a casa-grande e dominava a senzala.
O estilo aristocratico de vida nao era encontrado em outros setores da
economia colonial, especialmente entre os pequenos proprietérios e em dreas
onde a grande plantagao nao existia. O requinte também estava longe de marcar
© cotidiano da populacéo urbana, em grande parte considerada vagabunda e
perturbadora pelos viajantes da época e pelas elites que viviam nas cidades —
entre elas, os integrantes da administragao portuguesa imperial.
Quando vamos nos aproximando do século XIX, a cidade brasileira vai se
tornando um apéndice do corpo rural: reflete a estratificagao rural, minima
populacao fixa, uns poucos artesios, mas um grande ntimero de pessoas sem
muito o que fazer, sem ocupacao determinada, num periodo minguado em setratando de atividade econémica de natureza industrial e comercial interna
Com fraca diferenciagao e estratificagao social, a cidade é habitada por uma
populagao homogénea: pessoas ricas parecem nao se distinguir, pela maneira de
viver, de outras mais pobres, com as quais se relacionam. O cronista Luiz
Edmundo? descreve um Rio de Janeiro do século XVIII totalmente
desorganizado, sem muitas regras sobre a ocupagao dos espacos: ruas sem
planos e usadas pela populacdo e moradores das casas sem limites definidos,
como se nao pertencessem a ninguém, como se os quintais fossem extensiio das
casas. As ruas eram drenos de toda a gua residual, eo cheiro era to sufocante
que um dos ministros do governo portugués registrou por escrito sua insatisfagao
diante da situagdo. O cronista descreve a limpeza por que teve de passar a
cidade, que incluiu a demolicao de muitos prédios, antes da chegada da Corte
portuguesa. Comentarios dos viajantes do periodo atestam que, mesmo apés essa
limpeza, o Rio de Janeiro ainda estava longe de ser o que seria uma verdadeira
cidade para os europeus.
Desde essa época, as ruas do Rio de Janeiro e de Olinda comecam a ser
mais controladas; até o inicio do século XIX nao havia no Brasil leis piblicas
que regulamentassem a limpeza e 0 uso das cidades. Os espacos para o abate de
animais domésticos e para a lavagem de roupas, as fontes centrais, bem como os
terrenos para criagdo de animais e locais para cortar lenha foram reduzidos ou
transferidos do centro das cidades para a periferia. A arquitetura dos sobrados se
desenvolveu fazendo da rua “uma serva da casa”; portas e janelas abriam-se
diretamente para ela. Autoridades ptblicas limitaram o “mau uso” da casa e
tenderam a estabelecer uma nova atitude em relacdo as ruas, agora consideradas
“lugares piblicos” e que por isso deveriam manter-se limpas. Com isso, o lugar
publico ganha, entdo, um significado oposto ao do uso particular
Claro que para a rua atingir seu novo status muitas restrigdes so impostas
populagéo. O espaco urbano, antigamente usado por todos em encontros
coletivos, festas, mercados, convivio social etc., comega a ser governado por um
novo interesse, qual seja, “o interesse ptblico”, controlado pelas elites
governantes. Esse fato propiciou a modernizacao da cidade do Rio de Janeiro.
Outra espécie de politica publica que vale a pena mencionar é o conjunto de
medidas higiénicas tomadas pelo Estado durante o Império. A Faculdade de
Medicina tinha sido aberta, e muitas ideias novas sobre higiene e satide
espalhavam-se pouco a pouco entre as familias das classes altas. A cidade estava
literalmente podre. Pessoas morriam de pragas e de doengas desconhecidas. A
adogao dos almotacéis (taxas) de limpeza ndo teve sucesso completo; entretanto,
medidas higiénicas contribuiram para a nova face da vida social urbanabrasileira e 0 discurso médico colaborou para a construgao de novos conceitos de
vida familiar ¢ higiene em geral.
hos educados e a esposa dedicada ao
arido
e sua companheira na vida social sao considerados um verdadeiro
tesouro. (I)
Esse conjunto de medidas indica a presenga de novos valores em uma
sociedade ainda baseada na escravidao e na exploracdo agraria. E, certamente,
nao deve ter sido facil para o governo portugués implementar ideias europeias
nas condigdes especificas apresentadas pela Colénia.
Mais tarde, j4 no fim do século XIX e comeco do XX, podemos presenciar
0 processo de modernizagdo do Rio de Janeiro, intensificado pela emergéncia da
Repiblica, quando ideias de ser “civilizado” e de europeizar a capital, em
oposico a velha cidade da sociedade patrimonial, estio entre as primeiras
intengdes do novo regime politico. O prefeito Francisco Pereira Passos planejou
a reformulagio da cidade do Rio de Janeiro, o mesmo que Hausmann havia feito
em Paris. Juntamente com essa transformagio fisica da cidade, surgem novas
atitudes em relagdo as pessoas e situacdes. A proposta era ser “civilizado”, comoo eram os franceses e os europeus em geral. Desse modo, toda sorte de
expressées de relacdes sociais locais que nio fossem consideradas civilizadas
eram combatidas pela imprensa e proibidas por lei. As reunides tradicionais, ou
festas de grupos ou comunidades, e até mesmo a serenata ou boémia sofreram
restricées. Na mesma direcdo, cultos populares e religiosos foram proibidos. A
pobreza tornou-se um problema para a capital e nao era mais tolerada no centro
da cidade; campanhas da imprensa procuraram eliminar pessoas ou grupos
marginais do centro da rea urbana.®
Esse periodo marcou a passagem das relacées sociais senhoriais as relacdes
sociais do tipo burgués. A cidade burguesa teria sistematicamente de lutar contra
comportamentos, atitudes e expressdes tradicionais que eram considerados
inadequados para a nova situacao. O que se presenciava era a dissolugao das
formas tradicionais de solidariedade representada pela vizinhanca, familia e
grupos clanicos, compadrio e tutelagem. Para nossa compreensdo, o que
interessa na histéria da modernizagdo da cidade é saber como esse processo,
resultado tanto da constituigdéo do Estado moderno quanto das mudangas na
economia, afetou a vida familiar.
Com a aquisicéio de seu novo status de lugar piblico, a rua passou a ser
vista em oposicéo ao espago privado — a casa. Visto que a cidade tinha se
transformado num lugar de interesse puiblico, em que todas as antigas formas de
uso foram ou banidas ou ajustadas 4 nova ordem, muitas pessoas tiveram de
mudar nao sé 0 local de residéncia, mas também as formas de diversao de raizes
populares e grupais. Muitas delas e certos cultos religiosos retornaram as casas
ow a lugares longe do centro da cidade. Inevitavelmente, essa nova condicao deu
um cariter ilegal a muitas das expressées sociais tradicionais, e também impés
uma espécie de restricao tanto 4 espontaneidade tradicional e cultural de certos
grupos, quanto a sua sociabilidade correspondente.
De qualquer modo, o crescimento da populacio e mais as mudancas de
atitude quanto ao uso dos espagos de fora da casa devem ter-se combinado para
desencadear a desconfianca em relacio aos “outros”, aos desconhecidos.
ACASA BURGUESA
As delimitagdes dos lotes urbanos e a construgdo das casas nao
apresentaram diferencas significativas em relagdo ao século XVIII no tocante ao
esquema urbano, em que a mesma relagdo entre habitagdo e lote prevalecia - as
casas é que - lado a lado, sem espaco entre uma e outra - delineavam as ruas em
fileiras.2 $6 mais tarde as casas ganhariam afastamento, tanto da rua, por meiode calgadas, quanto dos vizinhos laterais, dando lugar a jardins e corredores
verdes. Por influéncia da Corte, verificou- se um desprestigio dos habitos
tradicionais e uma valorizagao desses novos costumes. A construgao de casas
isoladas proliferou depois da libertacio dos escravos e da proclamagao da
Repiiblica.
Antes ligada a rua e aos descampados nos fundos dos terrenos (conhecidos
como rogas), com um corredor interno pelo qual passava toda a organizacio
doméstica,® s6 mais tarde a casa vai ganhar um corredor externo. Por essa época,
0 corredor interno ja existia em cerca de 50% das casas médias (nas que ainda
nao havia o tal corredor interno, a circulagao era feita por dentro dos dormitérios
encarreirados,2 fato que ilustra bem a falta de privacidade das pessoas, ainda que
da mesma familia ou casa).
As alcovas, espaco da indi lade e do segredo, forneciam toda a
privacidadenecessaria para a explosao dos sentimentos:
lagrimas de dor ou citimes, saudades, declaragées amorosas. (II)
O desenvolvimento das cidades e da vida burguesa no século XIX influiu
na disposigio do espaco no interior da residéncia, tornando-a mais
aconchegante; deixou ainda mais claros os limites do convivio e as distdncias
sociais entre a nova classe € 0 povo, permitindo um processo de privatizagao da
familia marcado pela valorizagao da intimidade.
Essa interiorizagao da vida doméstica, no entanto, deu-se ao mesmo tempoem que as casas mais ricas se abriam para uma espécie de apreciacao piiblica por
parte de um circulo restrito de familiares, parentes e amigos. As salas de visita e
os saldes - espacos intermedidrios entre o lar e a rua - eram abertos de tempos
em tempos para a realizacao de saraus noturnos, jantares e festas 10
Nesses lugares, a ideia de intimidade se ampliava e a familia, em especial a
mulher, submetia-se a avaliago e opiniao dos “outros”. A mulher de elite passou
a marcar presenga em cafés, bailes, teatros e certos acontecimentos da vida
social. Se agora era mais livre - “a convivéncia social da maior liberalidade as
emogdes”I -, nao sé o marido ou o pai vigiavam seus passos, sua conduta era
também submetida aos olhares atentos da sociedade. Essas mulheres tiveram de
aprender a comportar-se em publico, a conviver de maneira educada.
Nas casas, dominios privados e ptiblicos estavam presentes. Nos piblicos,
como as salas de jantar e os salées, lugar das mascaras sociais,!2 impunham-se
regras para bem receber e bem representar diante das visitas. As salas abriam-se
frequentemente para reunides mais fechadas ou saraus, em que se liam trechos
de poesias e romances em voz alta, ou uma voz. acompanhava os sons do piano
ou harpa.
As leituras animadas pelos encontros sociais, ou feitas sombra das drvores
ou na mornidio das alcovas, geraram um publico leitor eminentemente
feminino.13 A possibilidade do dcio entre as mulheres de elite incentivou a
absorcao das novelas roménticas e sentimentais consumidas entre um bordado e
outro, receitas de doces e confidéncias entre amigas. As historias de heroinas
romanticas, langorosas e sofredoras acabaram por incentivar a idealizagéo das
relagdes amorosas e das perspectivas de casamento.
As alcovas, espaco do segredo e da individualidade, forneciam toda a
privacidade necesséria para a exploso dos sentimentos: lagrimas de dor ou
citimes, saudades, declaragées amorosas, cartinhas afetuosas e leitura de
romances pouco recomendaveis. “A mascara social sera um indice das
contradicdes profundas da sociedade burguesa e capitalista [...] em fungio da
repressio dos sentimentos, 0 amor vai restringir-se a idealizagdo da alma e a
supressio do corpo.”!4
© casamento entre familias ricas e burguesas era usado como um degrau de
ascensao social ou uma forma de manutencao do status (ainda que os romances
alentassem, muitas vezes, unides “por amor”). Mulheres casadas ganhavam uma
nova fungao: contribuir para o projeto familiar de mobilidade social através de
sua postura nos salées como anfitriés e na vida cotidiana, em geral, como
esposas modelares e boas maes. Cada vez, mais é reforgada a ideia de que sermulher é ser quase integralmente mae dedicada e atenciosa, um ideal que sé
pode ser plenamente atingido dentro da esfera da familia “burguesa e
higienizada”45 Qs cuidados e a supervisio da mae passam a ser muito
valorizados nessa época, ganha forga a ideia de que é muito importante que as
préprias mes cuidem da primeira educagio dos filhos e nio os deixem
simplesmente soltos sob influéncia de amas, negras ou “estranhos”, “moleques”
da rua.
Da esposa do rico comerciante ou do profissional liberal, do grande
proprietario investidor ou do alto funciondrio do governo, das mulheres passa a
depender também o sucesso da familia, quer em manter seu elevado nivel e
prestigio social jd existentes, quer em empurrar o status do grupo familiar mais e
mais para cima.
Num certo sentido, os homens eram bastante dependentes da imagem que
suas mulheres pudessem traduzir para o restante das pessoas de seu grupo de
convivio. Em outras palavras, significavam um capital simbdlico importante,
embora a autoridade familiar se mantivesse em maos masculinas, do pai ou do
marido. Esposas, tias, filhas, irmas, sobrinhas (e servicais) cuidavam da imagem
do homem piblico;!® esse homem aparentemente auténomo, envolto em
questdes de politica e economia, estava na verdade rodeado por um conjunto de
mulheres das quais esperava que o ajudassem a manter sua posico social.
OS SENTIMENTOS
A qualidade dos sentimentos também passou por transformagGes
importantes no século XIX. Pode-se associar ao afastamento entre as casas um
afastamento que o individuo e toda sua familia passa a desenvolver, isolando-se
paulatinamente da comunidade. Nos sentimentos, ocorreu uma mudanga na
sensibilidade em relagdo ao que se chamava ora de amor, ora de sexualidade.
Como consequéncia, teria havido um afastamento dos corpos que passaram a ser
mediados por um conjunto de regras prescritas pelo amor roméntico. Essa
mudanga parece ter sido parte de um movimento mais geral da sociedade que
levou ao isolamento do homem moderno em relacéo 4 comunidade e aos grupos
de convivéncia; processo que ocorreu simultaneamente nas transformagées pelas
quais as cidades do Rio de Janeiro e Recife passaram ao longo do processo de
modernizacdo no século XIX, s6 mais tarde observado na cidade de Sao Paulo.
Convém nao esquecer que a emergéncia da familia burguesa, ao reforcar no
imaginério a importancia do amor familiar e do cuidado com o marido e com os
filhos, redefine o papel feminino e ao mesmo tempo reserva para a mulher novase absorventes atividades no interior do espago doméstico. Percebe-se 0 endosso
desse papel por parte dos meios médicos, educativos e da imprensa na
formulagao de uma série de propostas que visavam “educar” a mulher para o seu
papel de guardia do lar e da familia - a medicina, por exemplo, combatia
severamente o écio e sugeria que as mulheres se ocupassem ao maximo dos
afazeres domésticos. Considerada base moral da sociedade, a mulher de elite, a
esposa e mae da familia burguesa deveria adotar regras castas no encontro sexual
com o marido, vigiar a castidade das filhas, constituir uma descendéncia
saudavel e cuidar do comportamento da prole.
ASENSIBILIDADE TRADICIONAL
A descrigéo das formas de namoro no século XVIII na cidade do Rio de
Janeiro é extraordinariamente ilustrativa da sensibilidade oposta 4 atitude
romantica presente na ficgdo urbana do século XIX, que tanto sucesso fazia entre
as mulheres desta época:
Por ocasiao das missas ditas de madrugada, por dias de calor ou sol, chuva
ou lama, de relampago ou trovao, quem descobrisse em sitios alcandorados
como o morro de Sao Bento, Gloria, Santo Anténio, e Castelo, um perfil de
capela, uma escadaria de igreja ou a porta iluminada de um templo havia de
ver logo, em torno e perto, sombras irrequietas que se cruzavam, que
saltavam, que esvoagavam. Eram os namorados, em revoada, eram os
“gavides’ do amor, em bandos numerosos, irrequietos, chasqueando das
prevencdes dos pais, zombando das ordens severas do Vice-Rei,
desobedecendo até as pastorais do bispado, que particularmente
fulminavam e proibiam esses namoros de adro e Agua benta1Z
As familias iam para as ceriménias “guiadas pela lanterna ou pelos archotes
dos negros escravos” com o chefe & frente seguido pelos “rebentos - sinhazinhas
e sinhozinhos, sinhas-mogas e sinhas-donas - e a matrona; mais atras iam as
amas, as mucamas, os escudeiros e outros escravos de estimacao”. Nesse tempo,
descreve Luiz Edmundo,
‘a pomba’ escolhia o ‘gavido’ lancando seu olho langue e acucarado sobre 0
olho acucarado e langue do ‘gaviao’ de seu agrado. Dois segundos e via-se
logo uma centelha. Zas! Era como um curto circuito [...] Nesse dia, tanto
um como o outro sé viviam daquele instante breve e magnifico.O romance sentimental conquistou um piblico feminine para a
literatura: as mulheres de elite, com tempo livre
para se dedicarem a leitura entre as aulas de piano e de danca, os
bordados e as costuras. (IIT)
Saber que a escolha do cénjuge caberia ao pai e nao aos enamorados niio os
impedia, entretanto, de encontrar oportunidades praticas para outras e mais
intensas aproximacées. Jé no segundo encontro, 0 namorado abandonava “o
terreno das especulacées liricas e passava a aco”:
Assim, no suspirado dia da segunda missa, 0 ‘gaviao’, logo que percebia,
préximo A escadaria do templo, o rancho familiar, numa manobra instintiva,
afastava-se lateralmente, que o necessdrio era fugir sempre as vistas dos
pais, e tratava de tocar a vanguarda do grupo, de tal sorte tentando um
movimento envolvente.
Tratava-se de provocar um encontro com a moga aproveitando-se da
confusao e do aperto na porta da igreja.
Que podia ele fazer, entanto, nesses dez ou quinze segundos deproximidade com a criatura de seus sonhos? [...] Emparelhado com a
‘pomba’, 0 ‘gavido’ [que era um homem de seu tempo, agia com
positividade, para nao dizer sem-vergonhice...] abria logo os dois dedos em
forma de pinga, dois dedos desaforados, dois dedos terriveis e - zs - atuava
na polpa do braco, do colo ou da anca da rapariga, de tal sorte provando-
Ihe o temperamento e amor. Ficava-Ihe uma nédoa preta na carne de sinha-
moga, porém outra Iha ficava, corde-rosa, na alma [...] Esses beliscoes
eram chamados ‘mimos de Portugal’.18
A proximidade entre os namorados assim constituidos, sé nao era maior
porque as circunstdncias nao permitiam: havia o controle familiar direto sobre as
mogas casadoiras. A descricdo de outras formas de namoro, denominadas de
“espeque” ou “lampido de esquina” ou “estaca”, também sugere que ao lado da
proibigdo havia um contato direto dos corpos sem intermediacées discursivas ou
sentimentais prévias: “No século, nao se fazia nada sem um apertio de carnes”:
Por vezes, a janelinha da rotula afastava-se e uma mio nivea e formosa
surgia wémula, como um fruto ou uma flor, sinal que queria dizer pouco
mais ou menos - vale um belisco [...] Se havia trevas e era noite, abusando
da auséncia de iluminagdo na cidade, o mais prudente parava e o mais
afoito [...] enfiava pela rétula.
Narrando uma historia que se passa no inicio do século XIX, o romance de
Manuel Anténio de Almeida, Memorias de um sargento de milicias, sugere que
a aproximagao era mais facil, mais livre, nas classes populares. Valiam o
beliscdo e pisadas no pé como forma inicial de namoro e os amancebamentos
sio narrados com naturalidade. Leonardo, um dos personagens do livro, é capaz
de namorar e beijar sem que seu comportamento seja descrito como imoral ou
cémico.
Talvez, 0 controle das aproximacées entre os populares fosse um pouco
mais relaxado por motivos que envolviam, entre outras coisas, escassez de
recursos a serem trocados pelas unides conjugais.-2
ASENSIBILIDADE ROMANTICA
O romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, escrito em 1844-
1845, introduz em nossa literatura 0 amor moderno de maneira bastante clara e
didatica.22 A ficgdo romantica descreve uma atitude de amor mais proxima a umestado da alma do que a atragio fisica. Ha uma passagem elucidativa na carta do
personagem Fabricio a Augusto:
O meu sistema era este:
1, Nao namorar moga de sobrado, Daqui tirava eu dois proveitos,
a saber: no pagava moleque para me levar recados e dava
sossegadamente ¢ A mercé das trevas, meus beijos por entre os
postigos das janelas [...] Ora tu te lembrards que bradavas contra
o meu proceder, como indigno de minha categoria de estudante; e
apesar de me ajudares a comer saborosas empadas, quitutes
apimentados e finos doces, com que as belas pagavam por vezes a
minha assiduidade amantética, tu exclamavas:
— Fabricio! Nao convém tais amores ao jovem de letra e de
espirito, O estudante deve considerar 0 amor como um excitante
que desperte e ateie as faculdades de sua alma; pode mesmo amar
uma moga feia e estipida, contanto que a sua imaginagado lhe
represente bela e espirituosa. Em amor a imaginacao é tudo: é
ardendo em chamas, é elevando as asas de seus delirios que o
mancebo se faz poeta por amor. Eu entao te respondia: Mas
quando as chamas se apagam,e as asas dos delirios se desfazem, o
poeta nao tem, como eu, nem quitutes nem empadas.
E tu me tornavas:
—E porque nao experimentaste 0 que nos prepara o que se chama
amor platénico, paixdo romantica!
Mais adiante esse amor platénico é chamado amor a moderna. “Ainda nao
sentistes como é belo derramar-se a alma toda inteira de um jovem na carta
abrasadora que escreve a sua adorada e ao receber de troco uma alma de moca,
derramada toda inteira em suas letras, que tantas mil vezes se beija.”
O “sistema” de Fabricio, amor a antiga, opunha-se ao sistema moderno de
uma maneira radical: enquanto para Fabricio o namoro, além das empanadas que
as meninas ofereciam aos rapazes, significava beijos por detras dos postigos;
para Augusto o amor era “deitar-se no solitdrio leito e ver-se acompanhado pela
imagem da bela que lhe vela no pensamento ou despertar no momento de ver-se
em sonhos sorvendo-lhe nos labios voluptuosos beijos!”. Fabricio preferia “os
beijos voluptuosos por entre os postigos de uma janela, do que sorvé-los emsonhos e acordar com Agua na boca. Beijos por beijos, antes os reais que os
sonhados”.2! Estamos diante de duas maneiras diferentes de encarar o amor.
O periodo roméntico da literatura brasileira, especialmente a literatura
urbana, apresenta o amor como um estado da alma; toda a produgao de Joaquim
Manoel de Macedo e parte da de José de Alencar comprovam isso. No
romantismo sao propostos sentimentos novos, em que a escolha do cénjuge
Passa a ser vista como condigao de felicidade. A escolha, porém, é feita dentro
do quadro de proibicées da época, a distincia e sem os beliscées. Ama-se,
porque todo o perfodo romantico ama. Ama-se o amor e nao propriamente as
pessoas. Apaixona-se, por exemplo, por uma moga que seria a dona de um
pezinho que, por sua vez, é o dono de um sapato encontrado.22 O amor parece
ser uma epidemia. Uma vez contaminadas, as pessoas passam a suspirar e a
sofrer ao desempenhar o papel de apaixonados. Tudo em siléncio, sem acio,
sendo as permitidas pela nobreza desse sentimento novo: suspirar, pensar,
escrever e softer. Ama-se, entdo, um conjunto de ideias sobre o amor.
‘As pessoas que amam aparecem nas novelas como possuidoras de uma
forga capaz de recuperar o cardter moral perdido, como no caso de Seixas no
romance Senhora, de José de Alencar. O amor é sempre vitorioso: Aurélia, em
Senhora, vence porque tinha um bom motivo: 0 amor. O amor dos romances
vence sobretudo o interesse econdmico no casamento. No mundo dos livros, os
herdis sempre amam.
O que a literatura do perfodo informa é que a mulher das classes baixas, ou
sem tantos recursos, teve maiores possibilidades de poder amar pessoas de sua
condic&o social, uma vez que o amor, ou expressio da sexualidade, caso levasse
a uma uniio, no comprometeria as pressdes de interesses politicos e
econémicos. As mulheres de mais posses sofreram com a vigilancia e passaram
por constrangimentos em suas unides, de forma autoritéaria ou adogada, na sua
vida pessoal, Para elas o amor talvez tenha sido um alimento do espirito e muito
menos uma pratica existencial.
VIGILANCIA E AUTOVIGILANCIA22
E certo que os relatos dos cronistas, viajantes e historiadores do periodo nos
exibem um quadro em que a menina ou a mulher candidata ao casamento é
extremamente bem cuidada, é trancafiada nas casas etc. Nao ha como negar ou
interpretar de outra maneira fatos tao conhecidos. Todavia, essa rigidez pode ser
vista como o tinico mecanismo existente para a manutengao do sistema de
casamento, que envolvia a um sé tempo alianca politica e econémica, Em outraspalavras, nos casamentos das classes altas, a respeito dos quais temos
documentos e informacées, a virgindade feminina era um requisito fundamental.
Independentemente de ter sido ou nao praticada como um valor ético
propriamente dito, a virgindade funcionava como um dispositive para manter 0
status da noiva como objeto de valor econémico e politico, sobre o qual se
assentaria 0 sistema de heranga de propriedade que garantia linhagem da
parentela.
saat
Be “Soe
As historias de heroinas romAnticas e sentimentos platénicos acabaram
alimentando a idealizaco do relacionamento amoroso. (IV)
Talvez a severidade, descrita por historiadores e cronistas, tenha levado 4
aceitagao de que a mudanca de um sistema fechado — de controle rigido de
movimentos e de comportamento - para um sistema aberto é um processo linear.
Mas olhemos mais de perto essa severidade com que eram tratadas as mulheres e
mogas. Havia imimeras formas de se impedir a aproximagao dos corpos antes do
casamento. O autoritarismo ou a crueldade dos pais evidentemente nao sao
suficientes para explicar o fato. Por que, afinal, em um determinado perfodo as
mulheres e jovens eram trancafiadas? Haveria também alguma questo moral ou
religiosa envolvida?
Certamente todos os cédigos religiosos e morais da época suportaram essa
pratica, mas talvez a severidade possa ser mais completamente entendida a luz
do fato da auséncia de uma intermediagdo que separasse os corpos. Nao havendo
intermediagdo, os corpos, quando nao vigiados, encontravam-se. E quando seencontravam causavam transtornos para o sistema de casamento, que se via
ameacado com o impedimento de uma alianga politica e econdmica desejavel e
esperada pelas familias.
A nossa sensibilidade, digamos assim, moderna, civilizada, repugna e
constrange pensar que muitas das mulheres do passado foram conhecer seus
maridos no dia do casamento. Como pensar no sexo desses dois desconhecidos?
As formas de namoro descritas por Luiz Edmundo e pelos nossos romancistas
nos ajudam a compreender um pouco da sensibilidade vigente no perfodo, a
repensar o casamento na perspectiva dos contemporaneos e seus valores.
A vigilncia, como se sabe, sempre foi a garantia do sistema de casamento
por alianga politica e econémica. O atenuamento dela, quando interpretado
simplesmente como libertagao da mulher, pode nos levar a concludes confusas
ou pouco esclarecedoras a respeito da propria vigilancia e da familia que a
praticava e consequentemente da familia que deixou de praticé-la, O costume da
vigilancia e do controle exercido sobre as mulheres e 0 seu posterior
afrouxamento no decorrer do século XIX, com a ascensio dos valores burgueses,
estavam condicionados ao sistema de casamento por interesse. O afrouxamento
da vigilancia e do controle sobre os movimentos femininos foi possivel porque
as préprias pessoas, especialmente as mulheres, passaram a se autovigiar.
Aprenderam a se comportar.24
Até que ponto a mulher burguesa conseguiu realizar os sonhos prometidos
pelo amor roméntico tendo de conviver com a realidade de casamentos de
interesse ou com a perspectiva de ascensio social? Depois de tantas leituras
sobre heroinas edulcoradas, depois de tantos suspiros a janela, talvez Ihe restasse
arotina da casa, dos filhos, da insensibilidade e do tédio conjugal...
AMATERNIDADE
cultivo da maternidade aparece pela primeira vez em Os dois amores, de
Joaquim Manoel de Macedo, escrito em 1848. Candido, um_bastardo,
apresentado como o heréi do romance, ama a mae, a qual nunca viu e sequer
sabe se existe. Ele sofre a falta do amor materno. O romance nos diz que ele é
infeliz porque nao teve mae e que amava a ideia da mie sobre todas as coisas.
Nés 0 vemos A noite escrevendo poemas, didlogos ¢ pensamentos elevados para
a mae em seu diario. A sua madrasta, de quem recebeu tudo até ento, ele
dedicava somente gratidio. Nao se observa nenhuma relagdo mais profunda
entre eles, Na verdade, ele diz a uma pessoa que ama sua madrasta; todavia, seus
melhores pensamentos e energias sao devotados A mie bioldgica. As coisas se
Ppassam como se o amor de filho fosse um instinto, um sentimento natural e oslagos familiares de sangue fossem mais fortes que quaisquer outros construidos
no decorrer de uma vida.
No final do romance, mie e filho se encontram, porém o segredo da filiacéo
bastarda é guardado para sempre, porque a mae de Candido precisa realizar seu
sonho dourado; o de casar-se com o homem que ela mais amou. Mie e filho
guardam o segredo para sempre. A maternidade, apesar de homenageada no
romance, ainda nao aparece como o sonho principal da mulher nesse perfodo -
situagao que mudaria em breve com as novas imagens femininas lentamente
construidas a partir de entao,
AFAMILIA BURGUESA
S6 um pouco mais tarde, na ficgdo brasileira, é que a familia burguesa vai
aparecer com mais corpo. Machado de Assis vai descrever a docura da familia
calma e equilibrada do Segundo Reinado no romance laid Garcia. Toda a obra
da “primeira fase” do romancista (1872-1878) é devotada a temas familiares. Na
segunda fase da obra de Machado de Assis (1880- 1908), nao sé a familia é 0
ponto central das histérias, como também surgem os temas psicolégicos. A
distribuicdo de papéis em Esaii e Jacé revela a crescente santificago da mulher
como mie, através do sofrimento, enquanto todos os deveres do pai apontam na
direcdio de ganhar dinheiro para o sustento da familia. Pode-se sentir, por parte
da mulher, o cultivo da domesticidade e dos deveres de ser esposa. Toda
fragilidade e, ao mesmo tempo, fortaleza de mae é sublinhada.
Machado de Assis desenvolve outros temas importantes relacionados ao
amor e a familia, tais como casamento por amor versus casamento por alianca
politica e econémica; o amor filial, maternal, paternal; e também 0 adultério.22
O mundo familiar que ele apresenta nos romances da primeira fase traz
relacdes entre padrinhos e afilhados, ou de agregados, como filhos adotivos ou
irmios de criacdo gerando ligagdes amorosas proibidas e romances reprovados.
Nessa produgio, no hd exemplos de familia conjugal e as relagdes de sangue
mais estreitas sio entre irmaos, mie e filho ou pai e filha. E também nitida a
divisio, na casa, entre os espacos de representagio (salas, espacos de
convivéncia) e 0 das emogdes mais intimas (a alcova), divisio que, nos
romances, marca a separagdo entre o desejo e a possibilidade de sua
manifestagio e, especialmente nas obras da segunda fase, delineia as
personalidades fragmentadas, divididas entre as aparéncias e os sentimentos
mais profundos,2&
Nesses romances, aparecem as mulheres s6s, tias solteironas ou vitivas queprocuram favorecer a felicidade de seus protegidos. As mogas pobres que amam
homens que Ihes sio proibidos ou terminam morrendo ou se casam com outros
de condi¢ao socioeconémica mais humilde. Nestes casos hd uma barreira entre 0
amor e 0 casamento: “As diferentes classes podem estabelecer relagdes numa
sala de visitas, por normas de cortesia, mas no devem misturar o sangue [...]
numa sociedade cujo valor ¢ a liberdade do ser humano cram medidos pela
riqueza”.22
Nos romances machadianos escritos a partir de 1882, as familias sao
predominantemente urbanas e restritas ao marido, esposa e filhos. O triangulo
amoroso tensiona as tramas. O sentimento amoroso restringe-se a marido e
mulher, aos enamorados ou aos amantes e torna-se mais complexo, conflituoso,
ambiguo. As proprias personagens, e no mais o destino, tornam-se irénicas,
cinicas ou cruéis. “A convivéncia educada vai ganhando dimensées de hipocrisia
e de sobrevivéncia individual.” O amor, naéo mais abafado sob travesseiros, é
retratado como distracio ou tédio (em Memérias péstumas de Braz Cubas),
como motivo de citime ou loucura (Dom Casmurro e Quincas Borba). O
casamento ainda ocorre por conveniéncia, agora, um objetivo possivel de ser
atingido por meio de manipulacées e estratégias. Os circulos sociais se ampliam,
as mulheres da elite saem as ruas e saldes exibidas e coquettes, rapazes
ambiciosos abracam profissées liberais e adentram os saldes das melhores
familias - ampliam-se o mercado conjugal e as possibilidades de escolha entre os
grupos mais abastados. As normas de comportamento tornam-se mais tolerantes,
desde que se mantenham as aparéncias e o prestigio das boas familias nao fique
abalado. O amor, explorado por Machado de Assis, oscila entre um sentimento
tragico transcendente - rebelde as demandas da sociedade burguesa e racional - e
um amor raro, feito de pequenos gestos cotidianos e respeito miituo, ascético,
sem paixio.28O ideal da maternidade dedicada, cultivado pela familia burguesa,
marca presenca em publicagées para mulheres,
romances e obras de arte do final do século XIX e das primeiras
décadas do XX. (V)
ASENSIBILIDADE BURGUESA
O romance de Mario de Andrade Amar, verbo intransitivo, publicado em
1927, reflete o amadurecimento da familia burguesa, que aparece com todas as
suas caracteristicas. O mundo familiar burgués é um mundo em si mesmo, néo
tem grandes lagos com a sociedade inclusiva; é autossuficiente, socialmente
falando, e isolado. Os membros da familia nao conversam sendo sobre coisas
banais e sobre a educacao dos filhos. O chefe da casa, 0 novo patriarca, o
patriarca burgués, investido de docura e compreensio, determina todas as coisas
que devem acontecer. A mie, Laura, uma “santa”, nao sabe de nada sério que
acontece na casa, a nao ser as coisas apropriadas para mulher saber, coisas da
administragao doméstica. Ela ignora, por exemplo, que a governanta alema foi
contratada para ensinar sexo ao filho primogénito do casal. Para ensinar nao s6
sexo, mas também para fazer o adolescente aprender os sentimentos corretos a
respeito de sexo e de amor, aqui vistos claramente como distintos. As emogdes
acabam sendo finalmente controladas. A sensibilidade burguesa se instaura.NOTAS
(1) Oliveira Vianna. Populagées meridionais do Brasil. 5.ed. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 1944.
(2) Caio Prado Jr. Formagaéo do Brasil contemporéneo. Sio Paulo:
Brasiliense, 1942.
(3) L. Edmundo, Namoro e Casamento. In: O Rio de Janeiro no tempo dos
vice-reis. Rio de Janeiro: Aurora, 1951. v. 1.
(4) Gilberto Freyre. Sobrados e mocambos. 7.ed . Rio de Janeiro: J.
Olympio, 1985. 2v.
(5) J. Freire Costa. Ordem médica e norma familiar. 2.ed. Rio de Janeiro:
Graal, 1983.
(6) Nicolau Sevcenko. Literatura como missdo: tensdes sociais e criago
cultural na Primeira Republica. Sao Paulo: Brasiliense, 1983.
(2) N. G. Reis Filho. Quadro da arquitetura no Brasil. 6.ed . Sio Paulo:
Perspectiva, 1987.
(8) C. A.C, Lemos. A alvenaria burguesa. Sao Paulo: Nobel, 1985.
(9) C.A. C. Lemos. Op. cit., p. 98
(10) M. Bicalho, Femanda B. O “Bello sexo”: imprensa e identidade
feminina no Rio de Janeiro em fins do século XIX e inicio do XX. In: Costa e
Bruschini (orgs.). Rebeldia e submissdo; estudos sobre a condigao feminina. Sio
Paulo: Vértice, Fundagao Carlos Chagas, 1989.
(11) M. M. Leite, M. Massani. Representagdes do amor e da familia.
In: Maria Angela D'Incao (org.). Amor e familia no Brasil. Sio Paulo: Contexto,
1989.
(12) Id. Ibid.
(43) In:Costa e Bruschini (orgs.). Rebeldia e submissdo. Op. cit.
(14) M. M. Leite, M. Massani. Op. cit.
(15) Giacomini. A Mai de familia (Rio de Janeiro, 1879-1888). Revista
BEP. Campinas, 1985. 22, v 2 (2).
(16) L. Davidoff, C. Hall. Fortunas familiares. Catedra: Univ. de Valéncia.
(12) Luiz Edmundo. Op. cit.
(18) Luiz Edmundo. Op. cit.,p. 321 e 324.
(19) Cf: M. A. D’Incao (org.). Introdugao. In: Amor e familia no Brasil.Sa
Paulo: Contexto, 1989.
(20) D'Incao, M. A. O amor roméntico e a familia burguesa. Op. cit.
(21) J. M. de Macedo. A Moreninha, Sao Paulo: Saraiva, n. 26, p. 19.
Colecao Jabuti.
(22) Cf: A pata da gazela de José de Alencar.(23) M. A. D’Incao. O amor romantico e a familia burguesa. Op. cit.
(24) O movimento de civilizacio criou 0 homem moderno, que se
caracteriza especialmente por ser autocontrolado e autorrregulado. Ver Norbert
Elias. State formation & civilization, the civilizing process. Oxford: Basil
Blackwell, 1982. v. 2.
(25) M. A. D ’Incao. O amor romAntico e a famflia burguesa. Op. cit.
(26) M. M. Leite, M. Massani. Representacdes do amor e da familia. Op.
cit.
(20) Id. Ibid.
(28) Id. Ibid.
IMAGENS DESTE CAPITULO
( Cena de familia de Adolfo Augusto Pinto, 1891, José Ferraz de Almeida
Junior. In: A Pinacoteca do Estado. Sao Paulo: Banco Safra, 1984. p. 33.
(i) Arrufos, Belmiro de Almeida. In: Arte no Brasil. Sio Paulo: Abril
Cultural, 1980. p. 222.
(II) Hora de miisica, 1901, Oscar Pereira da Silva. In: A Pinacoteca do
Estado. Op. cit., p. 117.
(IV) Leitura, 1892, José Ferraz de Almeida Junior. In: A Pinacoteca do
Estado. Op. cit., p. 31.
(V) Maternidade, 1906, Eliseu Visconti. In: A Pinacoteca do Estado. Op.
cit, p. 117.