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Mulher e A Família Burguesa. In. Mary Del Priore

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MULHER E FAMILIA BURGUESA Maria Angela D'Incao Durante o século XIX, a sociedade brasileira sofreu uma série de transformagées: a consolidacdo do capitalismo; 0 incremento de uma vida urbana que oferecia novas alternativas de convivéncia social; a ascensio da burguesia e o surgimento de uma nova mentalidade — burguesa — reorganizadora das vivéncias familiares e domésticas, do tempo e das atividades femininas; e, por que nao, a sensibilidade e a forma de pensar o amor. Presenciamos ainda nesse period o nascimento de uma nova mulher nas relagdes da chamada familia burguesa, agora marcada pela valorizagio da intimidade e da maternidade. Um sélido ambiente familiar, o lar acolhedor, filhos educados e esposa dedicada ao marido, as criangas e desobrigada de qualquer trabalho produtivo representavam o ideal de retidao e probidade, um tesouro social imprescindivel. Verdadeiros emblemas desse mundo relativamente fechado, a boa reputacdo financeira e a articulacao com a parentela como forma de protecao ao mundo externo também marcaram o processo de urbanizagao do pais. MUDANCAS URBANAS E ESTILO DE VIDA. A vida urbana no inicio do século XIX praticamente inexistia no Brasi entéo um enorme pais rural. O estilo de vida da elite dominante na sociedade brasileira era marcado por influéncias do imagindrio da aristocracia portuguesa, do cotidiano de fazendeiros plebeus e das diferencas e interagdes sociais definidas pelo sistema escravista. A chamada familia patriarcal brasileira, comandada pelo pai detentor de enorme poder sobre seus dependentes, agregados e escravos, habitava a casa-grande e dominava a senzala. O estilo aristocratico de vida nao era encontrado em outros setores da economia colonial, especialmente entre os pequenos proprietérios e em dreas onde a grande plantagao nao existia. O requinte também estava longe de marcar © cotidiano da populacéo urbana, em grande parte considerada vagabunda e perturbadora pelos viajantes da época e pelas elites que viviam nas cidades — entre elas, os integrantes da administragao portuguesa imperial. Quando vamos nos aproximando do século XIX, a cidade brasileira vai se tornando um apéndice do corpo rural: reflete a estratificagao rural, minima populacao fixa, uns poucos artesios, mas um grande ntimero de pessoas sem muito o que fazer, sem ocupacao determinada, num periodo minguado em se tratando de atividade econémica de natureza industrial e comercial interna Com fraca diferenciagao e estratificagao social, a cidade é habitada por uma populagao homogénea: pessoas ricas parecem nao se distinguir, pela maneira de viver, de outras mais pobres, com as quais se relacionam. O cronista Luiz Edmundo? descreve um Rio de Janeiro do século XVIII totalmente desorganizado, sem muitas regras sobre a ocupagao dos espacos: ruas sem planos e usadas pela populacdo e moradores das casas sem limites definidos, como se nao pertencessem a ninguém, como se os quintais fossem extensiio das casas. As ruas eram drenos de toda a gua residual, eo cheiro era to sufocante que um dos ministros do governo portugués registrou por escrito sua insatisfagao diante da situagdo. O cronista descreve a limpeza por que teve de passar a cidade, que incluiu a demolicao de muitos prédios, antes da chegada da Corte portuguesa. Comentarios dos viajantes do periodo atestam que, mesmo apés essa limpeza, o Rio de Janeiro ainda estava longe de ser o que seria uma verdadeira cidade para os europeus. Desde essa época, as ruas do Rio de Janeiro e de Olinda comecam a ser mais controladas; até o inicio do século XIX nao havia no Brasil leis piblicas que regulamentassem a limpeza e 0 uso das cidades. Os espacos para o abate de animais domésticos e para a lavagem de roupas, as fontes centrais, bem como os terrenos para criagdo de animais e locais para cortar lenha foram reduzidos ou transferidos do centro das cidades para a periferia. A arquitetura dos sobrados se desenvolveu fazendo da rua “uma serva da casa”; portas e janelas abriam-se diretamente para ela. Autoridades ptblicas limitaram o “mau uso” da casa e tenderam a estabelecer uma nova atitude em relacdo as ruas, agora consideradas “lugares piblicos” e que por isso deveriam manter-se limpas. Com isso, o lugar publico ganha, entdo, um significado oposto ao do uso particular Claro que para a rua atingir seu novo status muitas restrigdes so impostas populagéo. O espaco urbano, antigamente usado por todos em encontros coletivos, festas, mercados, convivio social etc., comega a ser governado por um novo interesse, qual seja, “o interesse ptblico”, controlado pelas elites governantes. Esse fato propiciou a modernizacao da cidade do Rio de Janeiro. Outra espécie de politica publica que vale a pena mencionar é o conjunto de medidas higiénicas tomadas pelo Estado durante o Império. A Faculdade de Medicina tinha sido aberta, e muitas ideias novas sobre higiene e satide espalhavam-se pouco a pouco entre as familias das classes altas. A cidade estava literalmente podre. Pessoas morriam de pragas e de doengas desconhecidas. A adogao dos almotacéis (taxas) de limpeza ndo teve sucesso completo; entretanto, medidas higiénicas contribuiram para a nova face da vida social urbana brasileira e 0 discurso médico colaborou para a construgao de novos conceitos de vida familiar ¢ higiene em geral. hos educados e a esposa dedicada ao arido e sua companheira na vida social sao considerados um verdadeiro tesouro. (I) Esse conjunto de medidas indica a presenga de novos valores em uma sociedade ainda baseada na escravidao e na exploracdo agraria. E, certamente, nao deve ter sido facil para o governo portugués implementar ideias europeias nas condigdes especificas apresentadas pela Colénia. Mais tarde, j4 no fim do século XIX e comeco do XX, podemos presenciar 0 processo de modernizagdo do Rio de Janeiro, intensificado pela emergéncia da Repiblica, quando ideias de ser “civilizado” e de europeizar a capital, em oposico a velha cidade da sociedade patrimonial, estio entre as primeiras intengdes do novo regime politico. O prefeito Francisco Pereira Passos planejou a reformulagio da cidade do Rio de Janeiro, o mesmo que Hausmann havia feito em Paris. Juntamente com essa transformagio fisica da cidade, surgem novas atitudes em relagdo as pessoas e situacdes. A proposta era ser “civilizado”, como o eram os franceses e os europeus em geral. Desse modo, toda sorte de expressées de relacdes sociais locais que nio fossem consideradas civilizadas eram combatidas pela imprensa e proibidas por lei. As reunides tradicionais, ou festas de grupos ou comunidades, e até mesmo a serenata ou boémia sofreram restricées. Na mesma direcdo, cultos populares e religiosos foram proibidos. A pobreza tornou-se um problema para a capital e nao era mais tolerada no centro da cidade; campanhas da imprensa procuraram eliminar pessoas ou grupos marginais do centro da rea urbana.® Esse periodo marcou a passagem das relacées sociais senhoriais as relacdes sociais do tipo burgués. A cidade burguesa teria sistematicamente de lutar contra comportamentos, atitudes e expressdes tradicionais que eram considerados inadequados para a nova situacao. O que se presenciava era a dissolugao das formas tradicionais de solidariedade representada pela vizinhanca, familia e grupos clanicos, compadrio e tutelagem. Para nossa compreensdo, o que interessa na histéria da modernizagdo da cidade é saber como esse processo, resultado tanto da constituigdéo do Estado moderno quanto das mudangas na economia, afetou a vida familiar. Com a aquisicéio de seu novo status de lugar piblico, a rua passou a ser vista em oposicéo ao espago privado — a casa. Visto que a cidade tinha se transformado num lugar de interesse puiblico, em que todas as antigas formas de uso foram ou banidas ou ajustadas 4 nova ordem, muitas pessoas tiveram de mudar nao sé 0 local de residéncia, mas também as formas de diversao de raizes populares e grupais. Muitas delas e certos cultos religiosos retornaram as casas ow a lugares longe do centro da cidade. Inevitavelmente, essa nova condicao deu um cariter ilegal a muitas das expressées sociais tradicionais, e também impés uma espécie de restricao tanto 4 espontaneidade tradicional e cultural de certos grupos, quanto a sua sociabilidade correspondente. De qualquer modo, o crescimento da populacio e mais as mudancas de atitude quanto ao uso dos espagos de fora da casa devem ter-se combinado para desencadear a desconfianca em relacio aos “outros”, aos desconhecidos. ACASA BURGUESA As delimitagdes dos lotes urbanos e a construgdo das casas nao apresentaram diferencas significativas em relagdo ao século XVIII no tocante ao esquema urbano, em que a mesma relagdo entre habitagdo e lote prevalecia - as casas é que - lado a lado, sem espaco entre uma e outra - delineavam as ruas em fileiras.2 $6 mais tarde as casas ganhariam afastamento, tanto da rua, por meio de calgadas, quanto dos vizinhos laterais, dando lugar a jardins e corredores verdes. Por influéncia da Corte, verificou- se um desprestigio dos habitos tradicionais e uma valorizagao desses novos costumes. A construgao de casas isoladas proliferou depois da libertacio dos escravos e da proclamagao da Repiiblica. Antes ligada a rua e aos descampados nos fundos dos terrenos (conhecidos como rogas), com um corredor interno pelo qual passava toda a organizacio doméstica,® s6 mais tarde a casa vai ganhar um corredor externo. Por essa época, 0 corredor interno ja existia em cerca de 50% das casas médias (nas que ainda nao havia o tal corredor interno, a circulagao era feita por dentro dos dormitérios encarreirados,2 fato que ilustra bem a falta de privacidade das pessoas, ainda que da mesma familia ou casa). As alcovas, espaco da indi lade e do segredo, forneciam toda a privacidadenecessaria para a explosao dos sentimentos: lagrimas de dor ou citimes, saudades, declaragées amorosas. (II) O desenvolvimento das cidades e da vida burguesa no século XIX influiu na disposigio do espaco no interior da residéncia, tornando-a mais aconchegante; deixou ainda mais claros os limites do convivio e as distdncias sociais entre a nova classe € 0 povo, permitindo um processo de privatizagao da familia marcado pela valorizagao da intimidade. Essa interiorizagao da vida doméstica, no entanto, deu-se ao mesmo tempo em que as casas mais ricas se abriam para uma espécie de apreciacao piiblica por parte de um circulo restrito de familiares, parentes e amigos. As salas de visita e os saldes - espacos intermedidrios entre o lar e a rua - eram abertos de tempos em tempos para a realizacao de saraus noturnos, jantares e festas 10 Nesses lugares, a ideia de intimidade se ampliava e a familia, em especial a mulher, submetia-se a avaliago e opiniao dos “outros”. A mulher de elite passou a marcar presenga em cafés, bailes, teatros e certos acontecimentos da vida social. Se agora era mais livre - “a convivéncia social da maior liberalidade as emogdes”I -, nao sé o marido ou o pai vigiavam seus passos, sua conduta era também submetida aos olhares atentos da sociedade. Essas mulheres tiveram de aprender a comportar-se em publico, a conviver de maneira educada. Nas casas, dominios privados e ptiblicos estavam presentes. Nos piblicos, como as salas de jantar e os salées, lugar das mascaras sociais,!2 impunham-se regras para bem receber e bem representar diante das visitas. As salas abriam-se frequentemente para reunides mais fechadas ou saraus, em que se liam trechos de poesias e romances em voz alta, ou uma voz. acompanhava os sons do piano ou harpa. As leituras animadas pelos encontros sociais, ou feitas sombra das drvores ou na mornidio das alcovas, geraram um publico leitor eminentemente feminino.13 A possibilidade do dcio entre as mulheres de elite incentivou a absorcao das novelas roménticas e sentimentais consumidas entre um bordado e outro, receitas de doces e confidéncias entre amigas. As historias de heroinas romanticas, langorosas e sofredoras acabaram por incentivar a idealizagéo das relagdes amorosas e das perspectivas de casamento. As alcovas, espaco do segredo e da individualidade, forneciam toda a privacidade necesséria para a exploso dos sentimentos: lagrimas de dor ou citimes, saudades, declaragées amorosas, cartinhas afetuosas e leitura de romances pouco recomendaveis. “A mascara social sera um indice das contradicdes profundas da sociedade burguesa e capitalista [...] em fungio da repressio dos sentimentos, 0 amor vai restringir-se a idealizagdo da alma e a supressio do corpo.”!4 © casamento entre familias ricas e burguesas era usado como um degrau de ascensao social ou uma forma de manutencao do status (ainda que os romances alentassem, muitas vezes, unides “por amor”). Mulheres casadas ganhavam uma nova fungao: contribuir para o projeto familiar de mobilidade social através de sua postura nos salées como anfitriés e na vida cotidiana, em geral, como esposas modelares e boas maes. Cada vez, mais é reforgada a ideia de que ser mulher é ser quase integralmente mae dedicada e atenciosa, um ideal que sé pode ser plenamente atingido dentro da esfera da familia “burguesa e higienizada”45 Qs cuidados e a supervisio da mae passam a ser muito valorizados nessa época, ganha forga a ideia de que é muito importante que as préprias mes cuidem da primeira educagio dos filhos e nio os deixem simplesmente soltos sob influéncia de amas, negras ou “estranhos”, “moleques” da rua. Da esposa do rico comerciante ou do profissional liberal, do grande proprietario investidor ou do alto funciondrio do governo, das mulheres passa a depender também o sucesso da familia, quer em manter seu elevado nivel e prestigio social jd existentes, quer em empurrar o status do grupo familiar mais e mais para cima. Num certo sentido, os homens eram bastante dependentes da imagem que suas mulheres pudessem traduzir para o restante das pessoas de seu grupo de convivio. Em outras palavras, significavam um capital simbdlico importante, embora a autoridade familiar se mantivesse em maos masculinas, do pai ou do marido. Esposas, tias, filhas, irmas, sobrinhas (e servicais) cuidavam da imagem do homem piblico;!® esse homem aparentemente auténomo, envolto em questdes de politica e economia, estava na verdade rodeado por um conjunto de mulheres das quais esperava que o ajudassem a manter sua posico social. OS SENTIMENTOS A qualidade dos sentimentos também passou por transformagGes importantes no século XIX. Pode-se associar ao afastamento entre as casas um afastamento que o individuo e toda sua familia passa a desenvolver, isolando-se paulatinamente da comunidade. Nos sentimentos, ocorreu uma mudanga na sensibilidade em relagdo ao que se chamava ora de amor, ora de sexualidade. Como consequéncia, teria havido um afastamento dos corpos que passaram a ser mediados por um conjunto de regras prescritas pelo amor roméntico. Essa mudanga parece ter sido parte de um movimento mais geral da sociedade que levou ao isolamento do homem moderno em relacéo 4 comunidade e aos grupos de convivéncia; processo que ocorreu simultaneamente nas transformagées pelas quais as cidades do Rio de Janeiro e Recife passaram ao longo do processo de modernizacdo no século XIX, s6 mais tarde observado na cidade de Sao Paulo. Convém nao esquecer que a emergéncia da familia burguesa, ao reforcar no imaginério a importancia do amor familiar e do cuidado com o marido e com os filhos, redefine o papel feminino e ao mesmo tempo reserva para a mulher novas e absorventes atividades no interior do espago doméstico. Percebe-se 0 endosso desse papel por parte dos meios médicos, educativos e da imprensa na formulagao de uma série de propostas que visavam “educar” a mulher para o seu papel de guardia do lar e da familia - a medicina, por exemplo, combatia severamente o écio e sugeria que as mulheres se ocupassem ao maximo dos afazeres domésticos. Considerada base moral da sociedade, a mulher de elite, a esposa e mae da familia burguesa deveria adotar regras castas no encontro sexual com o marido, vigiar a castidade das filhas, constituir uma descendéncia saudavel e cuidar do comportamento da prole. ASENSIBILIDADE TRADICIONAL A descrigéo das formas de namoro no século XVIII na cidade do Rio de Janeiro é extraordinariamente ilustrativa da sensibilidade oposta 4 atitude romantica presente na ficgdo urbana do século XIX, que tanto sucesso fazia entre as mulheres desta época: Por ocasiao das missas ditas de madrugada, por dias de calor ou sol, chuva ou lama, de relampago ou trovao, quem descobrisse em sitios alcandorados como o morro de Sao Bento, Gloria, Santo Anténio, e Castelo, um perfil de capela, uma escadaria de igreja ou a porta iluminada de um templo havia de ver logo, em torno e perto, sombras irrequietas que se cruzavam, que saltavam, que esvoagavam. Eram os namorados, em revoada, eram os “gavides’ do amor, em bandos numerosos, irrequietos, chasqueando das prevencdes dos pais, zombando das ordens severas do Vice-Rei, desobedecendo até as pastorais do bispado, que particularmente fulminavam e proibiam esses namoros de adro e Agua benta1Z As familias iam para as ceriménias “guiadas pela lanterna ou pelos archotes dos negros escravos” com o chefe & frente seguido pelos “rebentos - sinhazinhas e sinhozinhos, sinhas-mogas e sinhas-donas - e a matrona; mais atras iam as amas, as mucamas, os escudeiros e outros escravos de estimacao”. Nesse tempo, descreve Luiz Edmundo, ‘a pomba’ escolhia o ‘gavido’ lancando seu olho langue e acucarado sobre 0 olho acucarado e langue do ‘gaviao’ de seu agrado. Dois segundos e via-se logo uma centelha. Zas! Era como um curto circuito [...] Nesse dia, tanto um como o outro sé viviam daquele instante breve e magnifico. O romance sentimental conquistou um piblico feminine para a literatura: as mulheres de elite, com tempo livre para se dedicarem a leitura entre as aulas de piano e de danca, os bordados e as costuras. (IIT) Saber que a escolha do cénjuge caberia ao pai e nao aos enamorados niio os impedia, entretanto, de encontrar oportunidades praticas para outras e mais intensas aproximacées. Jé no segundo encontro, 0 namorado abandonava “o terreno das especulacées liricas e passava a aco”: Assim, no suspirado dia da segunda missa, 0 ‘gaviao’, logo que percebia, préximo A escadaria do templo, o rancho familiar, numa manobra instintiva, afastava-se lateralmente, que o necessdrio era fugir sempre as vistas dos pais, e tratava de tocar a vanguarda do grupo, de tal sorte tentando um movimento envolvente. Tratava-se de provocar um encontro com a moga aproveitando-se da confusao e do aperto na porta da igreja. Que podia ele fazer, entanto, nesses dez ou quinze segundos de proximidade com a criatura de seus sonhos? [...] Emparelhado com a ‘pomba’, 0 ‘gavido’ [que era um homem de seu tempo, agia com positividade, para nao dizer sem-vergonhice...] abria logo os dois dedos em forma de pinga, dois dedos desaforados, dois dedos terriveis e - zs - atuava na polpa do braco, do colo ou da anca da rapariga, de tal sorte provando- Ihe o temperamento e amor. Ficava-Ihe uma nédoa preta na carne de sinha- moga, porém outra Iha ficava, corde-rosa, na alma [...] Esses beliscoes eram chamados ‘mimos de Portugal’.18 A proximidade entre os namorados assim constituidos, sé nao era maior porque as circunstdncias nao permitiam: havia o controle familiar direto sobre as mogas casadoiras. A descricdo de outras formas de namoro, denominadas de “espeque” ou “lampido de esquina” ou “estaca”, também sugere que ao lado da proibigdo havia um contato direto dos corpos sem intermediacées discursivas ou sentimentais prévias: “No século, nao se fazia nada sem um apertio de carnes”: Por vezes, a janelinha da rotula afastava-se e uma mio nivea e formosa surgia wémula, como um fruto ou uma flor, sinal que queria dizer pouco mais ou menos - vale um belisco [...] Se havia trevas e era noite, abusando da auséncia de iluminagdo na cidade, o mais prudente parava e o mais afoito [...] enfiava pela rétula. Narrando uma historia que se passa no inicio do século XIX, o romance de Manuel Anténio de Almeida, Memorias de um sargento de milicias, sugere que a aproximagao era mais facil, mais livre, nas classes populares. Valiam o beliscdo e pisadas no pé como forma inicial de namoro e os amancebamentos sio narrados com naturalidade. Leonardo, um dos personagens do livro, é capaz de namorar e beijar sem que seu comportamento seja descrito como imoral ou cémico. Talvez, 0 controle das aproximacées entre os populares fosse um pouco mais relaxado por motivos que envolviam, entre outras coisas, escassez de recursos a serem trocados pelas unides conjugais.-2 ASENSIBILIDADE ROMANTICA O romance A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, escrito em 1844- 1845, introduz em nossa literatura 0 amor moderno de maneira bastante clara e didatica.22 A ficgdo romantica descreve uma atitude de amor mais proxima a um estado da alma do que a atragio fisica. Ha uma passagem elucidativa na carta do personagem Fabricio a Augusto: O meu sistema era este: 1, Nao namorar moga de sobrado, Daqui tirava eu dois proveitos, a saber: no pagava moleque para me levar recados e dava sossegadamente ¢ A mercé das trevas, meus beijos por entre os postigos das janelas [...] Ora tu te lembrards que bradavas contra o meu proceder, como indigno de minha categoria de estudante; e apesar de me ajudares a comer saborosas empadas, quitutes apimentados e finos doces, com que as belas pagavam por vezes a minha assiduidade amantética, tu exclamavas: — Fabricio! Nao convém tais amores ao jovem de letra e de espirito, O estudante deve considerar 0 amor como um excitante que desperte e ateie as faculdades de sua alma; pode mesmo amar uma moga feia e estipida, contanto que a sua imaginagado lhe represente bela e espirituosa. Em amor a imaginacao é tudo: é ardendo em chamas, é elevando as asas de seus delirios que o mancebo se faz poeta por amor. Eu entao te respondia: Mas quando as chamas se apagam,e as asas dos delirios se desfazem, o poeta nao tem, como eu, nem quitutes nem empadas. E tu me tornavas: —E porque nao experimentaste 0 que nos prepara o que se chama amor platénico, paixdo romantica! Mais adiante esse amor platénico é chamado amor a moderna. “Ainda nao sentistes como é belo derramar-se a alma toda inteira de um jovem na carta abrasadora que escreve a sua adorada e ao receber de troco uma alma de moca, derramada toda inteira em suas letras, que tantas mil vezes se beija.” O “sistema” de Fabricio, amor a antiga, opunha-se ao sistema moderno de uma maneira radical: enquanto para Fabricio o namoro, além das empanadas que as meninas ofereciam aos rapazes, significava beijos por detras dos postigos; para Augusto o amor era “deitar-se no solitdrio leito e ver-se acompanhado pela imagem da bela que lhe vela no pensamento ou despertar no momento de ver-se em sonhos sorvendo-lhe nos labios voluptuosos beijos!”. Fabricio preferia “os beijos voluptuosos por entre os postigos de uma janela, do que sorvé-los em sonhos e acordar com Agua na boca. Beijos por beijos, antes os reais que os sonhados”.2! Estamos diante de duas maneiras diferentes de encarar o amor. O periodo roméntico da literatura brasileira, especialmente a literatura urbana, apresenta o amor como um estado da alma; toda a produgao de Joaquim Manoel de Macedo e parte da de José de Alencar comprovam isso. No romantismo sao propostos sentimentos novos, em que a escolha do cénjuge Passa a ser vista como condigao de felicidade. A escolha, porém, é feita dentro do quadro de proibicées da época, a distincia e sem os beliscées. Ama-se, porque todo o perfodo romantico ama. Ama-se o amor e nao propriamente as pessoas. Apaixona-se, por exemplo, por uma moga que seria a dona de um pezinho que, por sua vez, é o dono de um sapato encontrado.22 O amor parece ser uma epidemia. Uma vez contaminadas, as pessoas passam a suspirar e a sofrer ao desempenhar o papel de apaixonados. Tudo em siléncio, sem acio, sendo as permitidas pela nobreza desse sentimento novo: suspirar, pensar, escrever e softer. Ama-se, entdo, um conjunto de ideias sobre o amor. ‘As pessoas que amam aparecem nas novelas como possuidoras de uma forga capaz de recuperar o cardter moral perdido, como no caso de Seixas no romance Senhora, de José de Alencar. O amor é sempre vitorioso: Aurélia, em Senhora, vence porque tinha um bom motivo: 0 amor. O amor dos romances vence sobretudo o interesse econdmico no casamento. No mundo dos livros, os herdis sempre amam. O que a literatura do perfodo informa é que a mulher das classes baixas, ou sem tantos recursos, teve maiores possibilidades de poder amar pessoas de sua condic&o social, uma vez que o amor, ou expressio da sexualidade, caso levasse a uma uniio, no comprometeria as pressdes de interesses politicos e econémicos. As mulheres de mais posses sofreram com a vigilancia e passaram por constrangimentos em suas unides, de forma autoritéaria ou adogada, na sua vida pessoal, Para elas o amor talvez tenha sido um alimento do espirito e muito menos uma pratica existencial. VIGILANCIA E AUTOVIGILANCIA22 E certo que os relatos dos cronistas, viajantes e historiadores do periodo nos exibem um quadro em que a menina ou a mulher candidata ao casamento é extremamente bem cuidada, é trancafiada nas casas etc. Nao ha como negar ou interpretar de outra maneira fatos tao conhecidos. Todavia, essa rigidez pode ser vista como o tinico mecanismo existente para a manutengao do sistema de casamento, que envolvia a um sé tempo alianca politica e econémica, Em outras palavras, nos casamentos das classes altas, a respeito dos quais temos documentos e informacées, a virgindade feminina era um requisito fundamental. Independentemente de ter sido ou nao praticada como um valor ético propriamente dito, a virgindade funcionava como um dispositive para manter 0 status da noiva como objeto de valor econémico e politico, sobre o qual se assentaria 0 sistema de heranga de propriedade que garantia linhagem da parentela. saat Be “Soe As historias de heroinas romAnticas e sentimentos platénicos acabaram alimentando a idealizaco do relacionamento amoroso. (IV) Talvez a severidade, descrita por historiadores e cronistas, tenha levado 4 aceitagao de que a mudanca de um sistema fechado — de controle rigido de movimentos e de comportamento - para um sistema aberto é um processo linear. Mas olhemos mais de perto essa severidade com que eram tratadas as mulheres e mogas. Havia imimeras formas de se impedir a aproximagao dos corpos antes do casamento. O autoritarismo ou a crueldade dos pais evidentemente nao sao suficientes para explicar o fato. Por que, afinal, em um determinado perfodo as mulheres e jovens eram trancafiadas? Haveria também alguma questo moral ou religiosa envolvida? Certamente todos os cédigos religiosos e morais da época suportaram essa pratica, mas talvez a severidade possa ser mais completamente entendida a luz do fato da auséncia de uma intermediagdo que separasse os corpos. Nao havendo intermediagdo, os corpos, quando nao vigiados, encontravam-se. E quando se encontravam causavam transtornos para o sistema de casamento, que se via ameacado com o impedimento de uma alianga politica e econdmica desejavel e esperada pelas familias. A nossa sensibilidade, digamos assim, moderna, civilizada, repugna e constrange pensar que muitas das mulheres do passado foram conhecer seus maridos no dia do casamento. Como pensar no sexo desses dois desconhecidos? As formas de namoro descritas por Luiz Edmundo e pelos nossos romancistas nos ajudam a compreender um pouco da sensibilidade vigente no perfodo, a repensar o casamento na perspectiva dos contemporaneos e seus valores. A vigilncia, como se sabe, sempre foi a garantia do sistema de casamento por alianga politica e econémica. O atenuamento dela, quando interpretado simplesmente como libertagao da mulher, pode nos levar a concludes confusas ou pouco esclarecedoras a respeito da propria vigilancia e da familia que a praticava e consequentemente da familia que deixou de praticé-la, O costume da vigilancia e do controle exercido sobre as mulheres e 0 seu posterior afrouxamento no decorrer do século XIX, com a ascensio dos valores burgueses, estavam condicionados ao sistema de casamento por interesse. O afrouxamento da vigilancia e do controle sobre os movimentos femininos foi possivel porque as préprias pessoas, especialmente as mulheres, passaram a se autovigiar. Aprenderam a se comportar.24 Até que ponto a mulher burguesa conseguiu realizar os sonhos prometidos pelo amor roméntico tendo de conviver com a realidade de casamentos de interesse ou com a perspectiva de ascensio social? Depois de tantas leituras sobre heroinas edulcoradas, depois de tantos suspiros a janela, talvez Ihe restasse arotina da casa, dos filhos, da insensibilidade e do tédio conjugal... AMATERNIDADE cultivo da maternidade aparece pela primeira vez em Os dois amores, de Joaquim Manoel de Macedo, escrito em 1848. Candido, um_bastardo, apresentado como o heréi do romance, ama a mae, a qual nunca viu e sequer sabe se existe. Ele sofre a falta do amor materno. O romance nos diz que ele é infeliz porque nao teve mae e que amava a ideia da mie sobre todas as coisas. Nés 0 vemos A noite escrevendo poemas, didlogos ¢ pensamentos elevados para a mae em seu diario. A sua madrasta, de quem recebeu tudo até ento, ele dedicava somente gratidio. Nao se observa nenhuma relagdo mais profunda entre eles, Na verdade, ele diz a uma pessoa que ama sua madrasta; todavia, seus melhores pensamentos e energias sao devotados A mie bioldgica. As coisas se Ppassam como se o amor de filho fosse um instinto, um sentimento natural e os lagos familiares de sangue fossem mais fortes que quaisquer outros construidos no decorrer de uma vida. No final do romance, mie e filho se encontram, porém o segredo da filiacéo bastarda é guardado para sempre, porque a mae de Candido precisa realizar seu sonho dourado; o de casar-se com o homem que ela mais amou. Mie e filho guardam o segredo para sempre. A maternidade, apesar de homenageada no romance, ainda nao aparece como o sonho principal da mulher nesse perfodo - situagao que mudaria em breve com as novas imagens femininas lentamente construidas a partir de entao, AFAMILIA BURGUESA S6 um pouco mais tarde, na ficgdo brasileira, é que a familia burguesa vai aparecer com mais corpo. Machado de Assis vai descrever a docura da familia calma e equilibrada do Segundo Reinado no romance laid Garcia. Toda a obra da “primeira fase” do romancista (1872-1878) é devotada a temas familiares. Na segunda fase da obra de Machado de Assis (1880- 1908), nao sé a familia é 0 ponto central das histérias, como também surgem os temas psicolégicos. A distribuicdo de papéis em Esaii e Jacé revela a crescente santificago da mulher como mie, através do sofrimento, enquanto todos os deveres do pai apontam na direcdio de ganhar dinheiro para o sustento da familia. Pode-se sentir, por parte da mulher, o cultivo da domesticidade e dos deveres de ser esposa. Toda fragilidade e, ao mesmo tempo, fortaleza de mae é sublinhada. Machado de Assis desenvolve outros temas importantes relacionados ao amor e a familia, tais como casamento por amor versus casamento por alianca politica e econémica; o amor filial, maternal, paternal; e também 0 adultério.22 O mundo familiar que ele apresenta nos romances da primeira fase traz relacdes entre padrinhos e afilhados, ou de agregados, como filhos adotivos ou irmios de criacdo gerando ligagdes amorosas proibidas e romances reprovados. Nessa produgio, no hd exemplos de familia conjugal e as relagdes de sangue mais estreitas sio entre irmaos, mie e filho ou pai e filha. E também nitida a divisio, na casa, entre os espacos de representagio (salas, espacos de convivéncia) e 0 das emogdes mais intimas (a alcova), divisio que, nos romances, marca a separagdo entre o desejo e a possibilidade de sua manifestagio e, especialmente nas obras da segunda fase, delineia as personalidades fragmentadas, divididas entre as aparéncias e os sentimentos mais profundos,2& Nesses romances, aparecem as mulheres s6s, tias solteironas ou vitivas que procuram favorecer a felicidade de seus protegidos. As mogas pobres que amam homens que Ihes sio proibidos ou terminam morrendo ou se casam com outros de condi¢ao socioeconémica mais humilde. Nestes casos hd uma barreira entre 0 amor e 0 casamento: “As diferentes classes podem estabelecer relagdes numa sala de visitas, por normas de cortesia, mas no devem misturar o sangue [...] numa sociedade cujo valor ¢ a liberdade do ser humano cram medidos pela riqueza”.22 Nos romances machadianos escritos a partir de 1882, as familias sao predominantemente urbanas e restritas ao marido, esposa e filhos. O triangulo amoroso tensiona as tramas. O sentimento amoroso restringe-se a marido e mulher, aos enamorados ou aos amantes e torna-se mais complexo, conflituoso, ambiguo. As proprias personagens, e no mais o destino, tornam-se irénicas, cinicas ou cruéis. “A convivéncia educada vai ganhando dimensées de hipocrisia e de sobrevivéncia individual.” O amor, naéo mais abafado sob travesseiros, é retratado como distracio ou tédio (em Memérias péstumas de Braz Cubas), como motivo de citime ou loucura (Dom Casmurro e Quincas Borba). O casamento ainda ocorre por conveniéncia, agora, um objetivo possivel de ser atingido por meio de manipulacées e estratégias. Os circulos sociais se ampliam, as mulheres da elite saem as ruas e saldes exibidas e coquettes, rapazes ambiciosos abracam profissées liberais e adentram os saldes das melhores familias - ampliam-se o mercado conjugal e as possibilidades de escolha entre os grupos mais abastados. As normas de comportamento tornam-se mais tolerantes, desde que se mantenham as aparéncias e o prestigio das boas familias nao fique abalado. O amor, explorado por Machado de Assis, oscila entre um sentimento tragico transcendente - rebelde as demandas da sociedade burguesa e racional - e um amor raro, feito de pequenos gestos cotidianos e respeito miituo, ascético, sem paixio.28 O ideal da maternidade dedicada, cultivado pela familia burguesa, marca presenca em publicagées para mulheres, romances e obras de arte do final do século XIX e das primeiras décadas do XX. (V) ASENSIBILIDADE BURGUESA O romance de Mario de Andrade Amar, verbo intransitivo, publicado em 1927, reflete o amadurecimento da familia burguesa, que aparece com todas as suas caracteristicas. O mundo familiar burgués é um mundo em si mesmo, néo tem grandes lagos com a sociedade inclusiva; é autossuficiente, socialmente falando, e isolado. Os membros da familia nao conversam sendo sobre coisas banais e sobre a educacao dos filhos. O chefe da casa, 0 novo patriarca, o patriarca burgués, investido de docura e compreensio, determina todas as coisas que devem acontecer. A mie, Laura, uma “santa”, nao sabe de nada sério que acontece na casa, a nao ser as coisas apropriadas para mulher saber, coisas da administragao doméstica. Ela ignora, por exemplo, que a governanta alema foi contratada para ensinar sexo ao filho primogénito do casal. Para ensinar nao s6 sexo, mas também para fazer o adolescente aprender os sentimentos corretos a respeito de sexo e de amor, aqui vistos claramente como distintos. As emogdes acabam sendo finalmente controladas. A sensibilidade burguesa se instaura. NOTAS (1) Oliveira Vianna. Populagées meridionais do Brasil. 5.ed. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1944. (2) Caio Prado Jr. Formagaéo do Brasil contemporéneo. Sio Paulo: Brasiliense, 1942. (3) L. Edmundo, Namoro e Casamento. In: O Rio de Janeiro no tempo dos vice-reis. Rio de Janeiro: Aurora, 1951. v. 1. (4) Gilberto Freyre. Sobrados e mocambos. 7.ed . Rio de Janeiro: J. Olympio, 1985. 2v. (5) J. Freire Costa. Ordem médica e norma familiar. 2.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983. (6) Nicolau Sevcenko. Literatura como missdo: tensdes sociais e criago cultural na Primeira Republica. Sao Paulo: Brasiliense, 1983. (2) N. G. Reis Filho. Quadro da arquitetura no Brasil. 6.ed . Sio Paulo: Perspectiva, 1987. (8) C. A.C, Lemos. A alvenaria burguesa. Sao Paulo: Nobel, 1985. (9) C.A. C. Lemos. Op. cit., p. 98 (10) M. Bicalho, Femanda B. O “Bello sexo”: imprensa e identidade feminina no Rio de Janeiro em fins do século XIX e inicio do XX. In: Costa e Bruschini (orgs.). Rebeldia e submissdo; estudos sobre a condigao feminina. Sio Paulo: Vértice, Fundagao Carlos Chagas, 1989. (11) M. M. Leite, M. Massani. Representagdes do amor e da familia. In: Maria Angela D'Incao (org.). Amor e familia no Brasil. Sio Paulo: Contexto, 1989. (12) Id. Ibid. (43) In:Costa e Bruschini (orgs.). Rebeldia e submissdo. Op. cit. (14) M. M. Leite, M. Massani. Op. cit. (15) Giacomini. A Mai de familia (Rio de Janeiro, 1879-1888). Revista BEP. Campinas, 1985. 22, v 2 (2). (16) L. Davidoff, C. Hall. Fortunas familiares. Catedra: Univ. de Valéncia. (12) Luiz Edmundo. Op. cit. (18) Luiz Edmundo. Op. cit.,p. 321 e 324. (19) Cf: M. A. D’Incao (org.). Introdugao. In: Amor e familia no Brasil.Sa Paulo: Contexto, 1989. (20) D'Incao, M. A. O amor roméntico e a familia burguesa. Op. cit. (21) J. M. de Macedo. A Moreninha, Sao Paulo: Saraiva, n. 26, p. 19. Colecao Jabuti. (22) Cf: A pata da gazela de José de Alencar. (23) M. A. D’Incao. O amor romantico e a familia burguesa. Op. cit. (24) O movimento de civilizacio criou 0 homem moderno, que se caracteriza especialmente por ser autocontrolado e autorrregulado. Ver Norbert Elias. State formation & civilization, the civilizing process. Oxford: Basil Blackwell, 1982. v. 2. (25) M. A. D ’Incao. O amor romAntico e a famflia burguesa. Op. cit. (26) M. M. Leite, M. Massani. Representacdes do amor e da familia. Op. cit. (20) Id. Ibid. (28) Id. Ibid. IMAGENS DESTE CAPITULO ( Cena de familia de Adolfo Augusto Pinto, 1891, José Ferraz de Almeida Junior. In: A Pinacoteca do Estado. Sao Paulo: Banco Safra, 1984. p. 33. (i) Arrufos, Belmiro de Almeida. In: Arte no Brasil. Sio Paulo: Abril Cultural, 1980. p. 222. (II) Hora de miisica, 1901, Oscar Pereira da Silva. In: A Pinacoteca do Estado. Op. cit., p. 117. (IV) Leitura, 1892, José Ferraz de Almeida Junior. In: A Pinacoteca do Estado. Op. cit., p. 31. (V) Maternidade, 1906, Eliseu Visconti. In: A Pinacoteca do Estado. Op. cit, p. 117.

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