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FAP Comportamentos Clinicamente Relevantes (CCRS)

1) O documento discute a aplicação clínica da psicoterapia analítica funcional (FAP) em termos de comportamentos do cliente e terapeuta durante a sessão de terapia. 2) Os comportamentos clinicamente relevantes (CRB) do cliente incluem problemas atuais (CRB1) e progressos (CRB2) que ocorrem durante a sessão. 3) Os métodos terapêuticos do terapeuta como evocar, notar, reforçar e interpretar o comportamento do cliente são discutidos.
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FAP Comportamentos Clinicamente Relevantes (CCRS)

1) O documento discute a aplicação clínica da psicoterapia analítica funcional (FAP) em termos de comportamentos do cliente e terapeuta durante a sessão de terapia. 2) Os comportamentos clinicamente relevantes (CRB) do cliente incluem problemas atuais (CRB1) e progressos (CRB2) que ocorrem durante a sessão. 3) Os métodos terapêuticos do terapeuta como evocar, notar, reforçar e interpretar o comportamento do cliente são discutidos.
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Aplicação Clínica da

Psicoterapia Analítica Funcional

A aplicação clínica da FAP será discutida em termos de certos tipos de


comportamento do cliente e do terapeuta os quais ocorrem ao longo da sessão
,

de terapia. Os comportamentos do cliente são seus problemas progressos e


,

interpretações. Os comportamentos do terapeuta são métodos terapêuticos que ,

incluem evocar notar, reforçar e interpretar o comportamento do cliente.


,

PROBLEMAS DO CLIENTE E COMPORTAMENTOS


CLINICAMENTE RELEVANTES

Tudo que um terapeuta pode fazer para auxiliar os clientes ocorre durante
a sessão. Para o behaviorista radical, as ações do terapeuta afetam o cliente
através de três funções de estímulo: 1) discriminativa, 2) eliciadora e 3)
,

reforçadora. Um estímulo discriminativo refere-se às circunstâncias externas


nas quais certos comportamentos foram reforçados e onde, consequentemente,
tornam-se mais prováveis de ocorrer. A maior parte de nosso comportamento
está sob controle discriminativo e é usualmente conhecido como comportamento
voluntário (comportamento operante). Um comportamento eliciado

19
20 Capítulo 2

(comportamento respondente) é produzido de modo reflexo e é costumeiramente


denominado involuntário. Ajunção reforçadora (discutida no Capítulo 1) refere-
se às consequências que afetam o comportamento. Cada ação do terapeuta possui
um ou mais destes três efeitos. Por exemplo, uma ação do terapeuta poderia ser
"

perguntar ao cliente O que você está sentindo agora?" O efeito discriminativo


" "

afirma que agora é apropriado você dizer como se sente. A questão, entretanto,
poderia também ser aversiva para o cliente e, assim, puniria o comportamento
que precedeu a questão do terapeuta; esta é a função reforçadora. A função
eliciadora da pergunta poderia fazer o cliente enrubescer, suar e induzir outros
estados corporais. Os motivos pelos quais o cliente reage destas formas à pergunta
sobre sentimentos encontram-se em sua história de vida.

Ao assumirmos que (1) o único modo do terapeuta ajudar o cliente é


por meio das funções reforçadoras, discriminativas e eliciadoras das ações do
terapeuta, e que (2) estas funções de estímulo no decorrer da sessão exercerão
seus maiores efeitos sobre o comportamento do cliente que ocorrer na própria
sessão, então a principal característica de um problema que poderia ser alvo da
FAP é que ele ocorra durante a sessão. Além disso os progressos do cliente
,

também deverão ocorrer durante a sessão e serem naturalmente reforçados pelos


reforçadores existentes na sessão. O mais importante é que os reforçadores sejam
as açoes e reaçoes do terapeuta em relação ao cliente.
Três comportamentos do cliente que podem ocorrer durante a sessão
são de particular relevância e são denominados comportamentos clinicamente
relevantes (CRB).

CRB1: Problemas do cliente que ocorrem na sessão

CRB 1 s referem-se aos problemas vigentes do cliente e cuja requência


f

deveria ser eduzida ao longo da terapia. Tipicamente os CRB Is são esquivas


,
r

sob controle de estímulos aversivos. Tal comportamento pode ser ilustrado por
casos clínicos reais como os descritos abaixo:
,

1.
Uma cliente cujo problema é não ter amigos e que afirma "não saber
"
conquistá-los exibe comportamentos como: evitar contato visual, res-
ponder a perguntas falando excessivamente, de um modo impreciso e
tangencial tem uma "crise" atrás da putra e exige ser cuidada, fica
,
Aplicação Clínica da FAP 21

enfurecida se o terapeuta não lhe fornece todas as respostas e frequen-


,

temente queixa-se de que o mundo não se importa com ela e lhe reservou
a pior parte.
2 .
Um homem cujo principal problema é evitar relacionamentos amorosos
sempre decide, antecipadamente sobre o que vai falar na terapia, vigia
,

o relógio para encerrar a sessão pontualmente afirma que só poderá


,

ter sessões quinzenais em função de limitações financeiras (embora


sua renda anual seja superior a trinta mil dólares) e cancela a sessão
,

subsequente àquela em que fez uma importante revelação a respeito


de si mesmo.

3 .
Um homem que se descreve como "eremita" diz que gostaria de
construir uma relação de intimidade está há três anos em terapia e
,

continua periodicamente a brincar com seu terapeuta afirmando que


este só se interessa pelo dinheiro do cliente e secretamente o rejeita .

4 .
Uma mulher cujo padrão é mergulhar em relacionamentos inatingíveis ,

apaixona-se pelo terapeuta.


5 .
Uma mulher, que foi abandonada por pessoas que "se cansam" dela ,

inicia temas novos ao inal da sessão frequentemente ameaça se matar


f

e apareceu bêbada na casa do terapeuta no meio da noite.


" "
6 .
Um homem, com ansiedade para falar congela e não consegue se
,

comunicar com o terapeuta na sessão.

CRB2: Progressos do cliente que ocorrem na sessão

Durante os estágios iniciais do tratamento, estes comportamentos não


são observados ou possuem uma baixa probabilidade de ocorrência nas ocasiões
"

em que ocorre uma instância real do problema clínico, o CRB1. Por exemplo,
considere um cliente cujo problema é se afastar e vivenciar sentimentos de baixa
"

auto-estima quando as pessoas não lhe dão atenção duranté conversas ou


"

outras situações sociais. Este cliente pode demonstrar um padrão similar de


comportamentos de afastamento durante uma consulta na qual o terapeuta não
presta atenção às suas palavras e interrompe seu discurso antes que termine de
,

falar. Prováveis CRB2s para esta situação incluem um repertório de compor-


tamento assertivo que dirigiria o terapeuta de volta para o que o cliente estava
22 -Capítulo 2

dizendo, ou a discriminação do crescente desinteresse do terapeuta pelo que


s

estava sendo dito até o momento em que, de fato, interrompeu o cliente.


O caso abaixo ilustra o desenvolvimento dos CRB2s de uma cliente.
Joanne, uma mulher brilhante e sensível, que buscou terapia em função de uma
ansiedade constante, insónia e recorrentes pesadelos de estupro. Embora ela
suspeitasse ter sido abusada sexualmente pelo pai na infância, ela não guardava,
especificamente, lembranças de tal abuso. Ela melhorou gradualmente no decorrer
dos seis anos de terapia com o segundo autor. Alguns dos CRB2s fortalecidos
em diferentes momentos do tratamento foram:

LRecordar-se e responder com emoção. Durante a infância Joanne ,

viveu uma década de indizível terror envolvendo dor ísica e emocional provocada
,

f
por quem supostamente deveria amá-la, o pai. Recordar e reagir emocionalmente
a estes eventos não foi reforçado. Ao invés disso, era funcional esquecer e reagir
de forma não-emocional, e ela evitou estímulos que poderiam evocar sentimentos
indesejáveis. Sua esquiva era pervasiva e associada às experiências precoces
,

de não ser validada, passou a sentir-se desprovida de um senso de self (ver


Capítulo 6). Joanne evitou reviver sentimentos como dor terror, impotência e
,

fúria não estabelecendo relacionamentos de intimidade. Ela não era aberta não ,

confiava nos outros e não se mostrava vulnerável. Um objetivo terapêutico foi


reduzir a esquiva generalizada e aumentar os CRB2s de lembrar-se e viver a dor
pelo ocorrido. Gradualmente, Joanne foi encorajada a aumentar seu contato
com as recordações vívidas de tortura física e emocional um processo que foi
,

terrivelmente penoso.

2 Aprender
.
a dizer o que deseja (ou seja que suas necessidades são
,

importantes e merecem atenção). Como ocorre com quase todos os sobreviventes


de abuso sexual Joanne foi reforçada por dar ao seu pai o qjie ele desejava, mas
,

fortemente punida por ter seu próprio desejo. Ela codificou este fato como não
tendo o direito de esperar algo dos outros e aprendeu que "desejar é ruim". Eu a
encorajei a desejar e gradualmente estes CRB2s foram fortalecidos Deste modo,
.

tentei reforçar qualquer pedido que eu pudesse com referência a aspectos como
,

os temas a discutira duração e frequência das sessões e reasseguramentos


,

verbais. Além disso foi explicado a Joanne que suas necessidades eram
,

importantes e que se eu ou outra pessoa não as preenchessem ela não deveria se


,
Aplicação Clínica da FAP 23

"
considerar má "

por ter desejos, necessidades. Um incidente importante ocorreu


por volta do quarto mês de terapia, quando me ligou às 23:30 hs., durante um
episódio de flashback. Joanne estava em pânico e gritava. Na medida em que
reconheci seu telefonema como um CRB2 perguntei-lhe se gostaria de ter uma
,

sessão naquele momento o que ela aceitou de imediato. Mais tarde Joanne contou-
,

me ter sido muito difícil aceitar a oferta


embora estivesse apavorada e precisasse,
,

de fato, estar comigo. Quando respondi à sua necessidade o querer foi


" "
,

reforçado. Subsequentemente Joanne aprendeu a me solicitar sessões extras e


,

conversas pelo telefone quando isto fosse necessário e seu comportamento de


,

expressar suas necessidades e desejos se generalizou para outros relacionamentos.

Com o aumento da força destes CRB2s ocorreu mudança correspondente quanto


,

"
a sentir que desejar" é aceitável e que suas necessidades são importantes.

3Confiar. Como as reações de seu pai eram erráticas e imprevisíveis


.
,

Joanne foi reforçada por antecipar e tornar-se hipervigilante com relação a tal
comportamento da parte de terceiros. Ela contou-me que levou seis meses até
que passasse a confiar que eu viria pontualmente à sessão, conforme combinado
"
com ela. Eu tinha todos esses medos - de que você me julgasse louca ou me
ferisse, de que meus sentimentos lhe assustassem e o fizessem se afastar de
mim. Mais do que me reconfortar, você me fez examinar o que eu estava sentindo
em relação a você. Eu dizia que não o faria e você me respondia que você
"
precisava confiar na sua experiência. Então Joanne tornou-se menos vigilante
na busca de uma ação errática de minha parte, o que, por sua vez, facilitou o
crescimento de nossa relação. Eu também fui capaz de manter minha palavra,
sendo coerente com meus pontos de vista, e não agi de maneira imprevisível.

4 Aceitar o
. amor. Após três anos em terapia comigo (esteve em terapia
por cinco anos, antes de vir me procurar), Joanne descreveu um problema da
vida diária de relacionamento interpessoal. Disse que, bem no fundo, sentia não
saber como amar ou como ser amada. Eu lhe iz mais perguntas, buscando
f

descobrir exatamente o que ela queria dizer, para elaborar o problema em termos
comportamentais. Joanne tinha dificuldade para fazê-lo. Tentando saber se isto
ocorria na sessão, perguntei-lhe se conseguiria aceitar meu amor no momento,
ela disse que não, que sentia-se fechada. Embora fosse um processo privado,
cujas dimensões fossem difíceis de descrever, julguei que um CRB1 estava
ocorrendo naquele momento.
24 Capítulo 2

T: Como é sentir-se fechada?

C: É como se meu coração estivesse fechado.

T; Totalmente fechado?

C: Talvez 5% aberto.

T: Gostaria que você tentasse abrir até 20% e aceitasse meu amor por você.

C: Está aberto uns 25%.

T: Ótimo! Você conseguiria uns 40%?

Este processo foi mantido, e Joanne relatou ser capaz de "abrir seu
"

coração cada vez mais. Eis uma descrição do que ela sentiu durante aquela
"
sessão: Tomei coragem para me abrir e deixar o amor entrar. Foi uma mudança

de foco em meu corpo e mente. Ainda que estivesse consciente do meu medo ,

terror e sofrimento causados pelas experiências com meu pai, enfoquei o que
sentia em relação a você, no presente, em oposição aos meus medos. Deixei que
existissem duas verdades simultâneas: que meu pai abusou de mim e que você ,

era uma pessoa com quem eu podia me sentir segura e amada. Continuei
afirmando para mim mesma que queria abrir espaço para receber o amor. Eu
mantenho a tensão nos meus músculos quando me fecho principalmente no
,

meu peito, como se o músculo ficasse congelado. Então a sensação física de me


abrir é o relaxamento do músculo, respirar mais profundamente deixar o ar
,

entrar em meu corpo, sentir a respiração. E como a sensação da abertura de


"
uma lente em meu coração.
Não fica claro quais processos comportamentais estão envolvidos na
" "
aceitação do amor mas a descrição que Joanne faz de sua experiência sugere
,

algumas possibilidades. Nossa interpretação é que não ser capaz de aceitar o


amor foi um comportamento específico, principalmente privado o qual a manteve
,

distante e reduziu a aversividade de relacionar-se com o seu pai. Considerando


*

alguns aspectos de sua descrição algumas destas respostas foram provavelmente


,

evocadas pelo abuso sexual. A despeito da aversividade ela permaneceu em


,

contato com seus sentimentos e sua esquiva foi extinta, suas respostas físicas
,

mudaram e surgiu, em paralelo, um sentimento de "aceitação do amor".


,
d e t a lh s p o d e r ã s o b t i d s n o t ó p i c R e g r a 5 .
Aplicação Clínica da FAP 25

Esta sessão foi um importante divisor de águas para Joanne , porque


aprendeu que possuía controle sobre "aceitar ou não, o amor ,
"
.
Isto a auxiliou
no desenvolvimento de relacionamentos amorosos mais íntimos .

CRB3: Interpretações do comportamento segundo o cliente

O CRB3 refere-se à fala dos clientes sobre seu próprio comportamento


"
e o que parece causá-lo o que inclui interpretações" e "dar razões". O melhor
,

CRB3 envolve a observação e interpretação do próprio comportamento e dos


estímulos reforçadores discriminativos e eliciadores associados a ele. Descrever
,

conexões funcionais pode ajudar a obter reforçamento na vida diária Maiores .

Os repertórios de CRB3 também incluem descrições de equivalência


funcional que indica semelhanças entre o que ocorre na sessão e na vida diária ,

Por exemplo Esther, uma mulher com cerca de quarenta anos, há quinze anos
,

permanece sem qualquer contato íntimo de natureza sexual. Após seis anos em
FAP com o segundo autor Esther se envolveu com um homem que conheceu na
,

igreja. Seu CRB3 era: "A razão pela qual entrei em um relacionamento íntimo
é porque você esteve ao meu lado. É uma mudança fenomenal. Não fosse você ,

eu não estaria lá. Com você encontrei o primeiro lugar seguro, onde eu tinha
como falar sobre o que sentia, pude descobrir razões pelas quais seria desejável
eu tornar-me sexualizada. Por um certo período de tempo estive mais abertamente
atraída por você e você aceitou meus sentimentos. Aprendi que seria melhor eu
,

preservar minha totalidade e sentir-me sexual, do que vestir uma armadura e


"

sentir-me vazia. E eu pude praticar a ser direta com você. Este tipo de afirmação
pode ajudar a aumentar a probabilidade do cliente transferir seus ganhos na
terapia para a vida diária. Neste caso, o comportamento a ser transferido auxiliou
a aumentar o reforçamento de estar se relacionando intimamente.
Terapeutas, por vezes, confundem repertórios de CRB3 com o
comportamento ao qual eles se referem. Uma cliente afirmar que se afasta sempre
que se torna dependente de um relacionamento (CRB3) difere de realmente se
distanciar durante uma sessão porque está se tornando dependente do terapeuta
(CRB1). E lamentável que alguns terapeutas focalizem sua atenção sobre estes
repertórios que descrevem um comportamento problemático e não conseguem
observar a ocorrência dos comportamentos problemáticos (CRB1) ou dos
progressos (CRB2).

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