I.
QUAIS FORAM AS RAZÕES QUE FAVORECERAM O PIONEIRISMO DE PORTUGAL NAS
GRANDES NAVEGAÇÕES?
Centralização do poder nacional: O fator mais decisivo para possibilitar as navegações foi a
pioneira centralização do poder nas mãos do rei, principalmente após a Revolução m Avis, em
1385.
Posição geográfica: Situado no extremo ocidente da Europa, Portugal estava no ponto mais
adentro do Oceano Atlântico, ou seja, no ponto europeu mais próximo do Oriente, se levados
em consideração a navegação pelo Oceano Atlântico e o contorno do continente africano.
Tradição marítima e pesqueira: Desde os tempos da Dinastia de Borgonha, e depois
incrementada pela Dinastia de Avis, o contato como mar era parte integrante da cultura do povo
do litoral português.
Tecnologia e instrução: A construção de embarcações com quilha, os estudos que envolviam a
projeção dos ventos, a latitude e a longitude, instrumentos mais precisos e cartas náuticas foram
largamente empregados e pesquisados, com destaque para a Escola de Sagres. Foram também
usados muitos mapas dos mouros, que haviam sido expulsos da Península Ibérica, pois utilizavam
geógrafos para registrar territórios conquistados.
Desvio da rota comercial: A peste negra e a Guerra dos Cem Anos forçaram o desvio da rota
comercial que antes passava pelo centro da Europa para um novo curso, seguindo pelo litoral
português em direção ao Mar do Norte. Essa mudança desenvolveu os portos e o comércio da
região.
Paz interna: Enquanto os franceses e ingleses lutavam pela consolidação de um Estado
centralizado, resolvendo principalmente problemas internos, Portugal sagrou-se Estado, em
1139.
II. NAVEGAÇÕES
As razões que propiciaram a corrida náutica foram:
• o desenvolvimento tecnológico e científico, que ia desde a confecção de mapas e
naus a estudos astronômicos.
• desejo de quebrar o monopólio dos italianos no comércio de especiarias,
dominado por eles desde o tempo das Cruzadas, a partir do século XII. Por isso, a
descoberta de um novo caminho para as Índias era urgente.
• a aliança entre o poder real e a burguesia na construção de um Estado centralizado e
forte.
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Navegadores
1. Em 1492, Colombo saiu da Espanha e, depois de velejar dois meses, teve uma grata
surpresa: encontrou um continente “novo” para os europeus. Mas, como pensou ter
chegado às Índias, chamou de “índios” os diferentes povos que habitavam essas terras.
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2. Fernão de Magalhães foi quem deu início à expedição que em três anos completou a
primeira volta ao mundo pelo mar em 1519. Sem dúvida um grande feito para a época.
3. Bartolomeu Dias em 1488, conseguiu a façanha de chegar até o Oceano Índico
contornando a costa africana, mas devido a problemas com a tripulação teve que retornar.
Mais tarde fez parte da expedição de Pedro Alvares Cabral em 1500.
4. Vasco da Gama chegou à Índia em 1498, contornando o continente africano. Ao regressar
trouxe consigo uma fortuna em especiarias. A venda dessas especiarias possibilitou aos
investidores um lucro de extraordinário (alguns historiadores falam em 600%).
5. Pedro Alvares Cabral, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500. Era formada de 13 navios
(dez naus e três caravelas) e cerca de 1500 pessoas[...] Depois de 43 dias no mar, os
tripulantes avistaram pássaros e algas marinhas, sinal de que havia terra por perto.
III. DESCOBERTA?
Os europeus encontraram “novas” terras, e até já estavam dividindo essas terras. Mas essas
terras não estavam desabitadas. Quando a expedição enviada pelo rei de Portugal chegou aqui,
não encontrou um território desabitado, muito pelo contrário vários grupos de pessoas já
habitavam essas terras. As primeiras impressões da expedição de Cabral ficam bem claras na
carta enviada ao rei de Portugal logo após chegarem ao “novo” continente.
Carta Caminha
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas
pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres,
novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até
o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra
trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas
tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma."
IV. TRATADO DE TORDESILHAS
Com a descoberta dessas “novas” terras uma disputa começa entre Portugal e Espanha pelo
direito de posse dessas terras. Para evitar um enfrentamento, alternativas diplomáticas foram
tentadas. O Papa Alexandre VI se envolve e determina a divisão do mundo ao meio e cada reino
ficaria com as descobertas do seu “lado”. Portugal não fica contente com tal divisão e pressiona
a Espanha para um novo acerto. Esse novo acerto acontece no ano de 1494, e a linha proposta
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pelo Papa foi “movida” mais para Oeste. Esse tratado recebeu o nome de “Tratado de
Tordesilhas”, que foi assinado na província de Tordesilhas, na Espanha e por isso leva seu nome.
Animado com a descoberta dessas novas terras, o rei de Portugal envia uma nova expedição para
o território a fim de tomar posse das terras, é assim que começa a história do Brasil.
V. FRANCESES E HOLANDESES?
A França Antártica
Em 1555, franceses calvinistas invadiram o Brasil, na região do Rio de Janeiro. Estes franceses
estavam fugindo da perseguição religiosa executada pela corte francesa. Liderados pelo
almirante Nicolau Villegaignon, fundaram, na região do atual município do Rio de Janeiro, uma
colônia francesa chamada de França Antártica. Os franceses obtiveram o apoio militar dos índios
tamoios, que eram inimigos dos portugueses.
O governo-geral de Mem de Sá contou com o apoio dos jesuítas José de Anchieta e Manuel da
Nobrega, que convenceram os índios tamoios a abandonarem a aliança que tinham com os
franceses. Mem de Sá conseguiu também reforços militares portugueses, liderados por Estácio
de Sá. Desta forma, os portugueses conseguiram expulsar os franceses do Rio de Janeiro em
1567.
França Equinocial
Em 1612 os franceses fizeram sua segunda tentativa de invadir e fundar uma colônia no Brasil.
Desta vez escolherem a região do Maranhão. Liderados pelo general Daniel de La Touche, os
franceses invadiram e fundaram a França Equinocial. Para proteger a região conquistada,
construíram um forte, chamado de Forte de São Luís.
As autoridades portuguesas organizaram várias e poderosas expedições militares para atacar e
expulsar os franceses do Maranhão. A capitulação francesa ocorreu em novembro de 1615,
quando eles foram expulsos da região.
Invasão holandesa no Brasil, conquista e administração (resumo)
A invasão holandesa fez parte do projeto da Holanda (Países Baixos) em ocupar e administrar o
Nordeste Brasileiro através da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais.
Após a União Ibérica (domínio da Espanha em Portugal entre os anos de 1580 e 1640), a Holanda
resolveu enviar suas expedições militares para conquistarem a região nordeste brasileira. O
objetivo holandês era restabelecer o comércio do açúcar entre o Brasil e Holanda, proibido pela
Espanha após a União Ibérica. A primeira expedição invasora ocorreu em 1624 contra Salvador
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(capital do Brasil na época). Comandados por Jacob Willekens, mais de 1500 homens
conquistaram Salvador e estabeleceram um governo na capital brasileira. Os holandeses foram
expulsos no ano seguinte quando chegaram reforços da Espanha.
Em 1630, houve uma segunda expedição militar holandesa, desta vez contra a cidade de Olinda
(Pernambuco). Após uma resistência luso-brasileira, os holandeses dominaram a região,
estabeleceram um governo e retomaram o comércio de açúcar com a região nordestina
brasileira.
Em 1637, a Holanda enviou o conde Maurício de Nassau para administrar as terras conquistadas
e estabelecer uma colônia holandesa no Brasil. Até 1654, os holandeses dominaram grande parte
do território nordestino.
VI. FEITORIA
Uma Feitoria é um lugar ou estabelecimento, que pode ou não ser fortificado, geralmente
situado junto a um porto, e que funcionava como um entreposto comercial para as trocas
comerciais com os naturais da região ou com os mercadores que aí se deslocavam. Muito do
comércio português nos territórios descobertos na época dos Descobrimentos era efetuado
através das feitorias aí fundadas. A primeira dessas feitorias foi a Feitoria de Arguim na costa
africana. No Golfo da Guiné foi fundada uma outra feitoria, a Feitoria da Mina, onde se
desenvolvia o comércio de escravos, marfim, malagueta e ouro. No Oriente foi fundada uma
extensa rede de feitorias que permitiram a Portugal tornar-se o mais poderoso Estado mercantil
do mundo.
VII. CAPITANIAS HEREDITÁRIAS E A ADMINISTRAÇÃO DAS TERRAS BRASILEIRAS
Implementadas no Brasil em 1534, as capitanias hereditárias dividiam 15 pedaços de terras para
12 donatários diferentes, nobres de confiança do rei Dom João III. Eles não recebiam incentivo
financeiro para cuidar desses pedaços de terra, mas tinham “direitos” como escravizar índios,
cobrar tributos e usufruir de todos os bens dados pela terra (como madeira e minérios). As
capitanias só foram extinguidas oficialmente em 1759 pelo Marquês de Pombal.
A administração do Brasil nos primeiros tempos foi uma tarefa difícil, especialmente pensando
em Martim Afonso, que quase sem recursos deu os primeiros rumos da colonização. Era preciso
administrar a nova colônia que, em termos de território, era extensa em relação à metrópole.
Nesse sentido, o rei de Portugal, O. João 111, em 1534 implantou no Brasil o sistema de
Capitanias Hereditárias.
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Em virtude da necessidade de proteger a costa do Brasil e de promover o povoamento, Portugal
optou por um modelo administrativo chamado Capitanias Hereditárias, já empregado em suas
ilhas, como Madeira e Açores.
Esse sistema foi bem-sucedido porque não exigia da coroa grandes investimentos, pois entregava
a terra aos nobres que lhe deviam respeito e os devidos impostos.
As Capitanias correspondiam a grandes lotes de terra, doados a homens ricos, e seus limites iam
do litoral até a linha de Tordesilhas. Os nobres que recebiam as terras deveriam mantê-las por
conta própria e, após sua morte, eram passadas para seus filhos.
A intenção portuguesa não estava na descentralização política, mas na redução de custos no
desenvolvimento exploratório das novas terras e na garantia de posse de seus territórios.
As pessoas que ficavam responsáveis pelas Capitanias Hereditárias eram chamadas de capitães
donatários e recebiam um documento chamado de Carta de Doação. Os direitos e deveres desses
capitães eram estabelecidos na Carta Foral. Cabe lembrar que os capitães donatários não eram
donos das terras, e sim administradores.
Carta de Doação: descrevia o ato de doação da Capitania e a concessão dos direitos de
administrar a terra.
Carta Foral: estabelecia os direitos e deveres dos envolvidos - a coroa portuguesa e o capitão
donatário. Entre os direitos do donatário estavam: permissão para doar sesmarias, recebimento
de tributos sobre a realização de benfeitorias e fundação de vilas. Os deveres dos donatários
estavam ligados à cobrança de impostos para a coroa, promoção da defesa e ocupação
econômica das terras, além de garantir a propagação da fé através da educação cristã.
Direitos da coroa: receber o dízimo, décima parte sobre as atividades praticadas na colônia, e o
quinto, 20% sobre a quantidade de metais preciosos descobertos na colônia.
Fracasso Do Sistema De Capitanias Hereditárias
O sistema de Capitanias Hereditárias teve sucesso em algumas regiões do vasto Império
Português, mas em solo brasileiro os resultados não foram positivos. Entre as razões que
concorreram para o insucesso, podem ser citadas:
• A distância em relação à metrópole e a grande extensão de cada Capitania dificultavam a
comunicação e o controle.
• Os constantes ataques de índios que a todo custo defendiam suas terras contra os
invasores.
• Inexperiência da maioria dos donatários e falta de apoio do governo.
• O clima quente e os perigos que as matas virgens ofereciam aos colonizadores.
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• Alguns donatários não tinham recursos econômicos os para explorar as terras, enquanto
outros mostraram total desinteresse por elas.
• O sistema descentralizado dificultava a gerência por parte da metrópole e, ao mesmo
tempo, gerava insegurança.
Apesar do fracasso do sistema de Capitanias Hereditárias, alguns pontos positivos podem ser
considerados, como o povoamento de certas regiões, a implantação da pecuária e da cana-de-
açúcar, a preservação do território português e a possibilidade de exploração da Capitania.
Somente duas Capitanias prosperaram, São Vicente e Pernambuco, devido à indústria
açucareira. A primeira era governada por Martim Afonso de Sousa e a segunda por Duarte
Coelho.
GOVERNO-GERAL
Em função do fracasso do sistema de Capitanias Hereditárias, a intenção da coroa foi centralizar
a administração por meio do Governo-Geral. Essa nova forma de governo não acabou com as
Capitanias, elas continuaram existindo, mas passaram a ser administradas por uma única pessoa,
o Governador-Geral. O. João III coordenou a defesa da colônia no sentido de protegê-la contra
os ataques de índios e da pirataria que ocorria no litoral brasileiro, principalmente com relação
aos franceses.
O Regimento de 1548 oficializava o sistema de governo do país, no qual se reafirmavam as
obrigações dos donatários e a soberania da coroa portuguesa, além de introduzir novas formas
de controle para melhorar a colonização. Uma das funções dos governos-gerais era a de atender
às necessidades específicas das Capitanias na fase da colonização.
Tomé de Souza (1549-1553)
Ao primeiro governador-geral couberam várias tarefas, que eram parecidas com as dos
donatários, mas em escala maior. Seu governo foi marcado pelo estabelecimento da primeira
sede do Governo-Geral no Brasil, em Salvador; pela chegada de colonos, que receberam
sesmarias para trabalhar e pelo incentivo à pecuária. Tomé de Souza fundou o primeiro bispado
da colônia, que ficou a cargo do Bispo O. Pero Fernandes Sardinha.
Duarte da Costa (1553-1558)
Esse período da História foi marcado pela chegada dos padres jesuítas ao Brasil, com destaque
para os padres Anchieta e Nóbrega. Os franceses, indignados com o Tratado de Tordesilhas,
invadiram o atual estado do Rio de Janeiro e fundaram a França Antártica.
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Mem de Sá (1558-1572}
Mem de Sá empenhou esforços em organizar as missões indígenas, juntando aldeamentos,
objetivando acabar com os conflitos entre colonos e índios.
Dois fatos marcaram seus 14 anos de governo: a expulsão dos franceses da Baía de Guanabara e
a fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 15 65, junto de seu sobrinho Estácio
de Sá.
Aos 74 anos, Mem de Sá faleceu na Bahia. Nesse período, a coroa decidiu mudar a administração,
dividindo a colônia em dois governos: o Norte e o Sul.
A DIVISÃO DO BRASIL EM DOIS GOVERNOS
Em 1572, após a morte do Governador-Geral Mem de Sá, a colônia brasileira foi dividida em dois
governos: o Norte e o Sul. O governo do Norte ficou a cargo de D. Luís de Brito, cuja capital era
Salvador, enquanto o governo do Sul coube a [l Antônio de Salema, tendo como capital o Rio de
Janeiro. Essa divisão durou de 1572 a 1578 e em seguida ocorreu a unificação da colônia, sob o
comando do Governador Lourenço da Veiga.
No ano de 1621, a colônia brasileira foi novamente dividida em dois estados: o estado do Brasil,
com capital em Salvador e depois no Rio de Janeiro, e o estado do Maranhão - que mais tarde
passou a ser chamado de Grão-Pará -, cujas capitais foram São Luís e, mais tarde, Belém.
As Câmaras Municipais
As vilas criadas durante o período colonial tiveram uma função importante, pois lá foram
instaladas as Câmaras Municipais. Esses órgãos públicos eram responsáveis pela administração
local. Entretanto, a distância em relação à metrópole os fez ganharem mais independência,
agindo na administração jurídico-legislativa, ampliando seus poderes dentro das vilas e dos
povoados e garantindo a segurança das questões fiscais e militares. Dessa forma, não agradaram
a população local pela austeridade de suas políticas.
As Câmaras Municipais eram compostas por representantes dos colonos, mas os que realmente
detinham o poder eram os "homens bons", isto é, os abastados financeiramente.
VIII. A CANA-DE-AÇÚCAR E O SISTEMA DE PLANTATION
A história econômica do Brasil colônia foi inaugurada pela exploração do pau-brasil, que logo foi
suplantado por outra atividade mais lucrativa, o açúcar. Portugal, embalado pela economia
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mercantilista, procurava trabalhar com produtos de alta aceitação no mercado europeu, pois isso
aproveitou as vantagens que a colônia proporcionava no cultivo desse produto.
Razões da introdução da cana-de-açúcar no Brasil:
Clima tropical: De modo geral, o Brasil é um país tropical, mas especialmente o clima litorâneo
do Nordeste brasileiro atendia às exigências dessa cultura, adaptada ao calor.
Solo massapé: A abundância desse solo no Nordeste, que é argiloso e rico em húmus, garantia
boa produção.
Experiência no assunto: Os portugueses já conheciam as técnicas de cultivo e processamento do
produto, pois faziam isso há anos em suas ilhas.
Valorização do produto: O açúcar no mercado europeu era um produto raro, por isso valia preço
de ouro.
Capital e intermédio holandês: Para a instalação de engenhos e a compra de escravos, eram
necessários vultosos capitais, por isso os portugueses recorreram aos banqueiros judeus dos
Países Baixos. A influência desse país não terminava aí, os Países Baixos eram responsáveis pela
compra, pelo transporte, pelo refino e pela distribuição do açúcar no mercado europeu
Dentre as razões que contribuíram para a implantação da economia açucareira, destacam-se:
A produção açucareira ao longo do período colonial apresentou características semelhantes em
relação às adotadas nas colônias inglesas na América do Norte, e espanholas no Caribe. Essas
semelhanças não eram necessariamente no tipo de produto, mas na forma de trabalho, no uso
das terras e no destino da produção.
Esse sistema denominou-se plantation, que se caracterizou pelo uso da mão de obra escrava,
latifúndio, monocultura e pela exportação do produto. Isso pode ser explicado quanto à cana-
de-açúcar da seguinte forma: os escravos africanos eram utilizados em todo o processo de
produção.
O açúcar era a única cultura que interessava em determinada região; para plantar a cana, eram
necessárias grandes propriedades de terra; e finalmente o destino da produção açucareira não
era o mercado interno, mas a exportação.
A sociedade açucareira era extremamente patriarcal, cabendo ao homem a responsabilidade da
administração das instituições políticas, jurídicas e privadas, ou seja, a competência das decisões
cabia à figura masculina. Os homens proprietários de engenhos de açúcar eram chamados de
senhores de engenho, eram conhecidos por seu prestígio e ocupavam cargos nas Câmaras
Municipais. As mulheres cuidavam da casa-grande, tendo sob seu comando os escravos que eram
encarregados dos afazeres domésticos. As pessoas livres, que eram representadas por padres,
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militares, artesãos, comerciantes, entre outros, também preenchiam a pirâmide social do Brasil
colônia. Havia, ainda, os índios que habitavam as terras muito antes da chegada dos portugueses
e os negros trazidos em navios da África para serem comercializados como escravos.
IX. ENGENHOS
1. Casa-grande: local habitado pelo proprietário, seus familiares e poucos negros que faziam trabalhos
domésticos.
2. Senzala: alojamento que abrigava os negros.
3. Engenho: estabelecimento no qual o açúcar passava pelos seguintes processos: moenda, onde se
fazia a moagem da cana; a casa de caldeiras, também chamadas de fornalhas, local onde o caldo da
cana era cozido; e casa de purgar, local onde se retiravam as impurezas do açúcar com o auxílio de
formas de barro.
4. Capela: pequena igreja.
5. Casa dos empregados livres: local habitado pelo capelão, pelos militares e pelos capatazes.
6. Canavial: local onde se fazia a plantação da cana-de-açúcar.
7. Curral: local onde se recolhiam os animais. As moendas de cana possuíam, em sua maioria, tração
animal.
8. Reserva florestal: a fonte de energia mais utilizada no engenho era a queima de madeira, também
empregada na fabricação de materiais e das instalações açucareiras.
9. Roça de subsistência: plantação destinada à alimentação dos moradores do engenho.
10. Rio: a maioria dos engenhos ficava próximo a rios para que irrigassem a plantação de cana e para que
suas águas pudessem ser utilizadas para o consumo humano e animal.
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X. ESCRAVIDÃO
A escravidão tem relação direta com a economia açucareira. “A partir da elite açucareira, as
configurações sociais do Brasil Colonial estavam pautadas na posse da terra e dos escravizados
e, sobretudo, na cor da pele”. A escravatura foi abolida oficialmente do Brasil por meio da Lei
Áurea, no ano de 1888. Um século depois, o país ainda carrega heranças racistas no meio de
relatos diários de violência. “Devemos considerar a escravidão como uma instituição social da
época, pois regulava as relações entre os indivíduos, para além do fator econômico.
Principais rotas
• Guiné
• Mina
• Angola
• Moçambique
Rota da Guiné
No século XVI, a Alta Guiné foi o principal núcleo de obtenção de africanos para serem
escravizados pelos traficantes portugueses. De Cabo Verde, saíam
navios com cativos vindos principalmente da região onde hoje se situam Guiné-Bissau, Senegal,
Mauritânia, Gâmbia, Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim. Essa área era habitada por diferentes
povos, entre os quais os balantas, fulas, mandingas, manjacos, diolas, uolofes e sereres.
O destino desses prisioneiros, no Brasil, eram as regiões Nordeste e Norte. Mas a Rota da Guiné
teve menor impacto sobre a formação da população brasileira do que as outras rotas, pois a
necessidade de mão-de-obra nas Américas ainda era pequena no primeiro século da colonização.
Rota da Mina
A fortaleza de São Jorge da Mina foi erguida pelos portugueses por volta de 1482 na costa da
atual Gana, para proteger o comércio de ouro na região. Embora tomada pelos holandeses em
1632, ela se tornaria, ainda no século XVII, um importante entreposto do tráfico de africanos
escravizados para o Brasil e outros países.
Os africanos embarcados na Mina (ou Elmina) e nos outros portos do Golfo da Guiné eram
principalmente dos grupos axanti, fanti, iorubá, hauçá, ibô, fon, ewe-fon, bariba e adjá. Além de
Gana, eles eram trazidos dos atuais territórios de Burkina Faso, Benim, Togo, Nigéria, sul do
Níger, Chad, norte do Congo e norte do Gabão, para atender à crescente demanda por mão-de-
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obra ocasionada pelo desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar no Brasil e no Caribe. Os
portos brasileiros, do Maranhão ao Rio de Janeiro, com destaque para Salvador, foram
abastecidos por essa rota até a primeira metade do século XIX.
Rota de Angola
Essa rota forneceu cerca de 40% dos 10 milhões de africanos trazidos para as Américas. No caso
do Brasil, os navios que partiam da costa dos atuais territórios do Congo e de Angola se
destinavam principalmente aos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Os povos da África
Central Atlântica, como os ovimbundos, bacongos, ambundos e muxicongos, pertenciam ao
chamado grupo linguístico banto, que reúne cerca de 450 línguas.
O tráfico dessa região para o Brasil começou ainda no século XVI. Foi inicialmente marcado pela
aliança entre os portugueses e o reino do Congo. Mas, para escapar do monopólio do rei congolês
no fornecimento de africanos escravizados, Portugal passou a concentrar esforços na região mais
ao sul, onde hoje se situa
Angola. De lá, veio a maior parte dos africanos que entraram no Brasil, principalmente pelo Rio
de Janeiro, no período colonial.
Rota de Moçambique
No início do século XIX, a Inglaterra passou a pressionar Portugal no sentido de acabar com o
tráfico negreiro, o que resultou nos tratados de 1810 entre os dois países. Para escapar ao
controle britânico na maior parte do Atlântico, muitos traficantes se voltaram para uma rota até
então pouco explorada, que partia da África Oriental. Os navios saíam principalmente dos portos
de Lourenço Marques (atual Maputo), Inhambane e Quelimane, em Moçambique, e se dirigiam
ao Rio de Janeiro.
Africanos embarcados nesses portos pertenciam a uma diversidade de povos, entre os quais os
macuas, swazis, macondes e ngunis, e ganhavam no Brasil a designação geral de "moçambiques".
Entre 18% a 27% da população africana no Rio do século XIX era de moçambiques. No entanto,
nem todos vinham da colônia portuguesa e, sim, de regiões vizinhas – onde hoje estão Quênia,
Tanzânia, Malauí, Zâmbia, Zimbábue, África do Sul e Madagascar. O grupo linguístico majoritário
era o banto.
XI. MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS
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Os movimentos emancipacionistas eram organizados para a busca pela independência do Brasil.
“A inconfidência mineira e a conjuração baiana foram bons exemplos de movimentos
emancipacionistas”, afirma o professor Luiz. A primeira foi reprimida pela coroa portuguesa em
1789, culminando no enforcamento de Tiradentes. A segunda, por sua vez, foi reprimida em
1799. No caso da Bahia, o número de mortos em praça pública foi maior: quatro pessoas foram
enforcadas e tiveram seus restos mortais pendurados em locais movimentados de Salvador para
servirem como “lição”.
XII. JESUÍTAS E BANDEIRANTES
Ao longo de seu processo de instalação em terras brasileiras, Portugal teve que superar diversos
empecilhos que tornavam a formação de regiões economicamente produtivas em uma árdua
tarefa. Para tanto, teve que contar com a iniciativa de hábeis representantes de seu projeto, de
índios que auxiliavam no reconhecimento do ainda desconhecido território e da própria Igreja
Católica, que participou ativamente no desenvolvimento dos primeiros centros de colonização.
Particularmente, a participação dos membros da Igreja aconteceu por meio da formação da
Companhia de Jesus, que foi designada para garantir a instalação do cristianismo católico nas
Américas. De fato, vários padres tiveram importante papel nessa tarefa, chegando até mesmo a
desbravarem outras localidades onde nem mesmo os portugueses tinham a condição de
sozinhos estabelecerem o domínio metropolitano. A associação entre Igreja e Estado era
bastante ativa nesse período.
Em sua trajetória, as missões jesuíticas encamparam uma grande população de indígenas que
ganhava educação religiosa em troca de uma rotina de serviços voltados à manutenção desses
próprios locais. Com o passar do tempo, algumas dessas propriedades clericais passaram a
integrar a economia interna da colônia com o desenvolvimento da agropecuária e de outras
atividades de extrativismo. Dessa forma, conciliavam uma dupla função religiosa e econômica.
Enquanto essa situação próspera se desenhava no interior da colônia, os proprietários de terra
do litoral enfrentavam grandes dificuldades para ampliar a rentabilidade de suas posses. Um dos
grandes problemas esteve ligado à falta de escravos africanos que nem sempre atendiam à
demanda local e, ao mesmo tempo, possuíam um elevado valor no mercado colonial. Foi daí
então que os bandeirantes começaram a adentrar as matas com objetivo de apresar e vender os
índios que resolveriam a falta de mão-de-obra.
De fato, essa atividade gerou um bom lucro aos bandeirantes que se dispunham a adentrar o
interior à procura de nativos. Contudo, a resistência destes e o risco de vida da própria atividade
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levaram muitos bandeirantes a organizarem ataques contra as missões jesuíticas. Afinal de
contas, ali encontrariam uma boa quantidade de “índios amansados” que já estariam adaptados
aos valores da cultura europeia e valeriam mais por estarem acostumados a uma rotina de
trabalho diária.
Com isso, a rivalidade entre bandeirantes e jesuítas marcou uma das mais acirradas disputas
entre os séculos XVII e XVIII. Vez após outra, ambos os lados recorriam à Coroa Portuguesa para
resolver essa rotineira contenda. Por um lado, os colonizadores reclamavam da falta de suporte
da própria administração colonial. Por outro, os jesuítas apelavam para a influência da Igreja
junto ao Estado para denunciarem as terríveis agressões dos bandeirantes.
O desgaste causado por essas disputas só foi resolvido com as ações impostas pelo marquês de
Pombal. Primeiramente, decidiu determinar a expulsão dos jesuítas do Brasil por estes imporem
um modelo de colonização alheio ao interesse da Coroa. E, logo em seguida, determinou o fim
da escravidão indígena e a formação de aldeamentos diretamente controlados por
representantes da administração metropolitana.
XIII. ECONOMIA AURÍFERA
Com a monocultura da cana de açúcar e a ocupação da costa brasileira, a exploração do ouro e
dos metais preciosos no Brasil “tardou” e só foi efetivada no século 18 com explorações em busca
de índios no interior do País. O encontro inesperado de ouro em Minas Gerais deu início à
ocupação do Vale do Ouro Preto. Muitos portugueses migraram para o Brasil em busca de
prosperidade com os minérios e os escravos também foram trazidos em massa à região para
serem explorados na busca pelo ouro.
XIV. SÉCULO XIX E A CHEGADA DA FAMÍLIA REAL
No ano de 1808, a família real portuguesa chega ao Brasil fugindo do avanço das tropas de
Napoleão Bonaparte na Europa. Esse é considerado o primeiro passo para a efetiva declaração
de independência feita por Dom Pedro às margens do Rio Ipiranga em 7 de setembro de 1822.
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