0 notas0% acharam este documento útil (0 voto) 73 visualizações23 páginasM.2 Economias de Escala e Concorrência Imperfeita
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Renato Baumann
Otaviano Canuto
Reinaldo Goncalves
ECONOMIA
INTERNACIONAL
Teoria
e Experiéncia
Brasileira
6 TiragemCapitulo 3
Economias de escala
e concorréncia imperfeita
© Capitulo 2 mostrou que ~ segundo o modelo de vantagens comparativas ~ 0$_
ganhos de comércio sero maiores entre economias mais dispares quanto a sua
estrutura produtiva. No entanto, a evidéncia indica que o comércio initermacio-
nal é mais intenso entre os paises industrializados, 0s quais se supde tém dotacdes
ar res de producao e estruturas produtivas semelhantes. Por exem-
plo, Dias (1989) mostra que o comércio entre paises industrializados (0 chamado
comércio “Norte-Norte”) correspondia a 479% das exportacées totais mundiai
em 1962. Em 1981, esse percentual havia se elevado para 52%. No caso dos pro-
dutos manufaturados (classificagao SITC, segdes 5 a 8), a participacao do comér-
cio entre esses paises nas exportagdes mundiais era de 58% em 1962, ¢ de 69%
em 1983. Isso reforga a necessidade de explicag6es alternativas para as correntes
de comércio.
© Capitulo 2 também mostrou algumas tentativas de explicacao desse fend-
meno a partir de diferencas no ritmo de inovagao tecnolégica. Contudo, essas
formulacdes se caracterizam por um elevado grau de empiricismo, e relativa-
mente baixo nivel de formulacao teérica.
‘Outros fatores explicativos, mais explorados recentemente pelos tedricos de
comércio internacional, esto associados a existéncia de economias de escala (jé
de longa data identificada como um fator explicativo potencial do comércio: nos
anos 30 Obiin (1968) reconhecia que economias de escala poderiam ser fontes
adicionais de definicdo dos fluxos de comércio, mas ndo considerava que sua im-
portincia superasse 3 da dotacio relativa de fatores de producao),dexisténciade
rendimentos crescentes no processo produtivo, ¢ = associado a ambos ~ a exis- [37{Encia de mercados nio-concorrenciais. Como conseqiiéncia, possivel derivar
teoricamente explicages Convincentes para a existéncia de intercambio entre
dois paises de produtos considerados semelhantes. Esa possibilidade ¢ alae i
Neste capftulo, sao apresentados alguns dos modelos teoricos que compoem
a chamada “nova teoria do comércio internacional”, com énfase en atributos re-
legados pelo modelo basico de vantagens comparativas,
Economias de escala
C tores de pro-
ducdo corresponderd um aumento da produgao mais do ie proporcional aque-
a variagio.
Essas economias de escala podem ser:
a. internas a firma -quando cada firma pode obter. ‘custos médios mais baixos
elevados torna-se mais factivel a especializacdo dos trabalhadores em tare-
fas especificase/ou o emprego de equipamentos especializados. Nowe ‘que as
economias de escala internas a firma nao sao consistentes coma hipétese de
concorréncia perfeita: por definigio, aquelas rmas ‘competitivas nas quais
ocorrem ganhos de escala procurarao sempre aumentar a produgio, e isso
resultard em maior partcipacio no mercado e, portanto, em violecse i
condicao de concorréncia perfeita,
A existéncia de economias de escala esté associada a existéncia de retornos
‘ndo-constantes de escala, um dos pilares do modelo de vantagens comparativas.
om retornos crescentes de escala, a uma variagao de um ou mais
=
‘externas a firma ~ quando 0 idio de cada firma depende do tama-
inho da industria aque pertence; uma expansio da firma nacalters Seuss cus-
fos médios se a indistria nose alferg
10s médios se a indiistria nao se altera,
© Internacionais— resultantes da divisio internacional do trabalho. A existén-
Slack fais economias de escala epende do tamanho do mercado mundial. ¢
nao da concentracao geografica da produgao, O custo ‘médio da firma de-
jende do tamanho da indastria em nivel mundial. Essa ldgica aplca-ce xz
dentemente a empresas transnacionais, que operam em diverso, paises, po-
dendo diferenciar suas linhas de produgao em mercados distintos Note que
esse caso a5 economias dé estala sao ao mesmo tempo internacionais ¢ ie
ternas a firma,
os ra
A idéia mais simples de rendimentos crescentes externos & firma é a nica
compativel com aidéia de concorréncia ia Vez. que os rendimentos de
@Seala sio percebidos por cada firma em separado, mas aumentam de fo -
38] ternaaelas, Existem trés possibilidades: a) os rendimentos de escala em um setor
Aka es“—s1+1's |
rc
—
podem aumentar com o aumento da produgio daquele setor; b) os rendimentos,
de escala podem aumentar com o crescimento de outro setor; ou c) os rendimen-
tos de escala podem aumentar com a producio daquele setor em nivel mundial."
Hé (ao menos) trés modelos mais conhecidos que associam a existéncia de
economias de escala a determinacio dos fluxos de comércio internacional.
O primeiro e mais conhecido € 0 modelo de Kemp (1964) (ver derivacao for-
mal em Bhagwati e Srinivasan (1984), Capitulo 26).
Kemp supée: a) um modelo com dois paises e dois produtoss b) economias de
escala externas 3 firma; c) 0s ganhos de escala de uma firma dependem da produ-
gio de outra firma; d) dada a relacdo entre precos de a escolha do proces-
so produtivo independe do nivel de producao; e) a intensidade das economias de
escala € semelhante em ambos os setores.
Isso permite derivar uma fronteira de possibilidades de producto convexa
em relacio & origem, como indicado na Figura 3.1, supondo que o grau de eco-
nomias de escala em ambos os setores ¢ intenso o suficiente, de modo a assegurar
um formato como o ilustrado a seguir.
Produto M
° 8 Produto X
Figura 3.1
No ponto D hé tangéncia entre a fronteira de possibilidades de produgio ea
P 5
relagdo entre os precos dos produtos ( jindicada como Po, correspondente &
situagio de equilibrio sem comércio internacional. Isto.é, nesse ponto, a relacao
entre os pregos de X e de M igual a relacio entre os Custos Marginais de produ-
zit Xe M.
1 Uma quarta possbilidade seria que os rendimentos crescentes aumentassem com a produgio de
todos os setores.
{39Existem, contudo, outras duas possiveis posigdes de equilibrio, o que torna o
equilibrio em D instével.
‘As relagées de precos Pp, P; € P; s40 idénticas (paralelas). Mas em um ponto
como B (especializacao completa na produgio de X), por exemplo, a relacéo
(= entre os precosdos produtos é maior que a relagio entre 0s Custos Marginais
M
de produzir X e M: a curva P, é mais inclinada que a fronteira de possibilidades
de produgao. Assim, B é um ponto de equilibrio mais estavel que o ponto D: nao
hhaveria estimulo para a economia ~ uma ver atingido B regressar a D.
‘De modo semelhante, um ponto como A € igualmente estavel, com especiali-
zagio completa na produgio de M.
Com a existéncia de comércio internacional, ¢ a determinagao de nova rela-
gio de trocas, 0 padrio de especializagao no comércio dependera de como are-
lagio entre os precos dos produtos no mercado internacional se compara a essa
‘mesma relagao no mercado interno.
Temos trés possibilidades:
a. searelagao{ £. internacional for maior que a x interna, a produgao
MM). x. iM a
de X serd tanto {vais rentavel quanto mais X se produ24, e isso leva especia~
lizacéo completa em X;
b. searelacio & iemacional for menor que a{ Birra, ocquirn
ocorrerd com especializacao em Ms c
¢. no caso de igualdade entre as duas relagbes de pregos, a especializagio po-
derd ocotter em X, em M, ou em alguma combinacio dos dois, dependen-
do nesse caso da condicio determinada pela estrutura de demanda.
Esse modelo chama a atengéo para dois aspectos importantes. Primeiro, a di-
ferenga do modelo de vantagens comparativas € a existencia de €conomias de
cala permitem uma variedade de possibilidades, ¢ ndo é mais trivial a previsio
quanto ao padrao de especializagio.
Segundo, uma situagdo de comércio livre (sem barreiras) pode nao ser mais
suficiente para assegurar ganhos de bem-estar social.
Por exemplo, na Figura 3.2 (baseada em Bhagwati e Srinivasan, 1984), uma
economia que em isolamento tivesse sua estrutura de producao especializada em
M (ponto A) e mantivesse esse padrao com uma relacio de precos internacionais
‘como Pj teria claros beneficios em terms de bem-estar. No entanto (¢ dada.a su-
posigio (e) anterior, de que a intensidade de economias de escala é semelhante
‘em ambos 0s setores), uma opcao por especializar-se em X (ponto B) levaria a
perdas (ponto Cz), mesmo com idéntica relagao de trocas.
"Note que o modelo de Kemp se baseia em uma situagao peculiar, em que am-
bos os setores considerados apresentam rendimentos crescentes de escala. De
19] fato, 0 aspecto esvencil é que um dos setores apresente economia de escalaFigura 3.2
No entanto, é fundamental nao se perder de perspectiva que o formato resul-
tante da curva de possibilidades de produgio ~ freqtientemente apresentado
como convexo em relacao a origem quando existem economias de escala ~ é de
fato um resultado liquido do ocorrido nos dois setores.
Além dessa possibilidade de ambos os setores apresentarem rendimentos
crescentes, é possivel a um dos setores ter rendimentos constantes ou decrescen-
tes, mesmo os rendimentos decrescentes em um setor mais do que compensando
osrendimentos crescentes no outro, Se o efeito Iiquido varia para niveis distintos
de producao, os custos de oportunidade da produc podem ser crescentes para
certos segmentos da fronteira de producio e decrescentes em outros. A Figura
3.3 ilustra esse ponto,
M
E
40
F
20
6
10
H
0 2 4 68 a0 100
x
Figura 3.3
atNote que o setor X apresenta inicialmente rendimentos decrescentes, en-
uanto o setor M apresenta rendimentos inicialmente crescentes, e logo depois
decrescentes. Isso da origem a um formato peculiar da fronteira de producao,
‘como esse mostrado na Figura 3.3, com um trecho — entre os pontos Ee Fem
que os custos de oportunidade sao crescentes, e um trecho entre os pontos G ¢
Hem que os custos de oportunidade sao decrescentes. Essa itima situacao é a
que freqlientemente representa a existéncia de economias de escala. Mas nao se
deve perder de perspectiva que ela corresponde a um efeito liquido das situacoes
encontradas nos dois setores.
Outro modelo de explicacio de comércio com base em economias de escala é
ode Panagariya (1980), que difere do de Kemp por supor um tinico fator de pro-
ducao, trabalho, usado no processo produtivo em ambos os setores, Nesse mode.
lo, a produeao da firma depende do volume de produgio do setor a que ela per.
tence, ¢ cada firma atua como se nao tivesse poder de influenciar as decisoes das
dlemais firmas do setor. Supée, além disso, que a indistria M é sujeita a rendi.
‘mentos crescentes de escala, enquanto a industria X apresenta rendimentos de.
crescentes de escala, e que 0 estoque de mao-de-obra é dado, constante.
Nessas condigdes, a fronteira de possibilidades de producio seré convexaem
relagao A origem nas proximidades do eixo correspondente ao setor X, ecdneava
em relagao A origem nas proximidades do eixo correspondente ao setor M (como
na Figura 3.3), Panagariya mostra que nessas circunstancias as possibilidades de
quiltorio estao limitadas & especializagio completa no produto M ou em algum
Ponto correspondente & especializagio incompleta,
Assim, para uma economia “pequena” (com relacéo de precos de produtos
dada) nao haveria possibilidade de especializacao no setor com rendimentos
crescentes de escala. Nesse caso, temos uma situacio na qual a abertura 20 co.
mércio pode ser pior em termos de bem-estar social do que a preservacio de uma
situagdo de isolamento, exceto se existir algum mecanismo internacional de
compensacao, ou alguma estrutura de estimulos internos produgao no setor X.
Outro modelo foi proposto por Krugman (1979). A. diferenga dos anteriores,
esse modelo associa a existéncia de economias de escala (internas A firma) a uma
estrutura de mercado de tipo monopolistica (de tipo Chamberlin: cada firma tem
algum poder relative no mercado, masa existencia de ganhos atrai novos compe.
tidores, reduzindo as margens de lucro e, portanto, o grau de imperfeicao da
concorréncia).
© modelo de Krugman esté baseado na existéncia de um tinico fator de pro-
ducao, o trabalho (assim como outras hipéteses convencionais, como a exisrém.
cia de mesma fungio de utilidade para todos os individuos na economia, ple-
no-emprego de fatores, todos os produtos sio fabricados com a mesma funcio de
‘custos, € outras).
O tamanho reduzido de cada firma em relagéo ao conjunto da economia faz
com que os efeitos de suas decis6es sobre as decisbes das demais possam ser igno.
tados na andlise. Mas as tentativas de maximizacéo de lucto sempre terao éxito
€m prazo curto, uma vez que atrairio novos concorrentes,[Aanilise de Keugman esté baseada em condig6es mais bem representadas no
grafico mais relevante do seu artigo, reproduzido aqui como Figura 34, que tela-
ciona o consumo per capita de um produto caracteristico a seu prego em termos
de salarios.
“A curva PP mostra a relagao entre o prego do produto e o gusto marginal de
sua producio. Isso pode ser mostrado como sendo P; = RMg;~ Dt pemaue Pé
o preco do i-ésimo produto; RMg » a receta marginal (eceita ‘Biara a firma asso-
opt produgio de uma unidade adicional dei) ep elasticidade da demanda
pelo produto i.
"Pedide que aumenta 0 consumo de i, aumenta seu prego (medido em uni-
dades de salar); portanto, PP tem inclinacao positiva. Mas, como aumento do
aaoscano, a demnanda torna-se menos elstica entéo, PP tem o formato indicado
na Figura 3.4
tenleva 2 mostra a condigio de lucrozero no longo prazo, por causa da en-
rade de novas firmas no mercado. Ela pode ser entendida a partir da condicio:
Cases Receita Custos. A Receita€ igual a Prego x Quantidade, ¢ os custos =
pact odelo._s40 iguais aos custos com o pagamento da mio-de-obra empresa
J fa mao-de-obra empregada na produgio de cada item €, por hipétese, uma
funeto linear da quantidade produzida: L; = a + b Q). Assim, a condigéo de lu-
cro zero no longo prazo é:
PQ— (a + bQ) W = 0, que pode ser reescrita como PQ = (a + bQ) W, ow
DIW = (a + bQ)/ Q, que pode ser reescrita como P/W = b + alQ.
Como a producio total, Q, € por definicfo igual forga de trabalho multipli-
cada pelo consumo per eapita, chega-se & expressio P/W = b + al (Le). Confor-
me aumenta o consumo per capita, aumenta a producio, ha apropriagao de ga-
hos de escala, e uma pressio a baixa sobre os precos, com redugao da margem
de lucro.
"A curva ZZ indica que a0 mesmo tempo em que aumenta o consumo per Ca
pita, na ganhos de excala, e os pregos se reduzem (em relagéo a0 salario). Nos
pontos acima de ZZ, 0$ lucros sio maiores que zero, etimulando & entrada de
rou firmas e trazendo a posigio de volta a curva ZZ. Um aumento na dotagio
te fator de produgio aumento no estoque de mio-de-obra) desloca a curva ZZ,
para a esquerda (Z°Z’), uma vez que tornao consumo per capita correspondente
avis mals baixos de preco de produeo em termos de salério (com aumento da
Wa € ty <
Haverd algum q* que iguale 0 custo unitario em ambos os pafses:
Wa Wp .
248. 6 que permite reescre-
Ta TB
ver a diferenca de custos entre pafses em termos da qualidade dos produtos:
Wp G* t4= Wp + 4° tp, 6, portanto, q” =
Ci. @-Ca(@ = Sa BP aa")
pais A tera vantagem comparativa na produgao e na exportagao de um.
produto de qualidade q quando o custo de produzir essa variedade for menor do
0] que em B: (Cy (q) < Cz (q)).Como wp > Way © pais B (abundante em capital) ter4 vantagem comparativa
naqueles produtos de qualidade superior, em cuja producao é empregada uma
quantidade maior de capital.
Se houver demanda por produtos de baixa e de alta qualidade haverd comér-
cio intra-setorial no produto Y, com o pais B exportando variedades de alta qua-
lidade, e 0 pais A exportando produtos intensivos em mao-de-obra (X) e produ-
tos Y (intensivos em capital) de qualidades mais baixas.
Aincidéncia do comércio intra-setorial
A incidéncia de comércio intra-indiistria tern aumentado de forma expressiva
nas titimas décadas. Esse tipo de transagées também é encontrado com mais
facilidade em alguns setores que em outros.
Por exemplo, no seu trabalho ja cléssico sobre o tema, Grubel e Lloyd
(1975) jé encontravam (Tabela 3.4, p. 34) que em 1967 os indices médios
(para dez paises) variavam entre 66% para produtos quimicos e 30% para ali-
mentos e animais vivos, lubrificantes e outras matérias-primas. Também fica
claro a partir de suas estimativas que ha razodvel disparidade da importancia
desse tipo de comércio entre pafses. Assim, para 1967 0 indice médio para 0
‘conjunto das mercadorias variava entre 22% no Japao e 7196 no Reino Unido.
‘Greenaway e Milner (1986) apresentam (Tabela 6.1, p. 82) os seguintes in-
dices de Grubel-Lloyd para os anos de 1937, 1960 ¢ 1969, confirmando as di-
ferengas setoriais:
1937 1960 1969
Metais 31% 57% 68%
Mecénica 25% 34% 43%
‘Material de Transporte 17% 34% 64%
Produtos Quimicos 34% 33% 34%
Texte's 28% 31% 49%
Globerman e Dean (1986) mostram que o crescimento da incidéncia de co-
méroio desse tipo fol intenso nas décadas de 1960 e 1970 entre os paises da
OCDE, mas que para alguns outros paises industrializados houve uma inflexdo
rnesse ritmo de aumento nos anos 80. Para um conjunto de 11 palses, os indices
‘de comércio intra-inddstria foram mais altos em 1980 que em 1975 em 9 ca-
505, € mals altos em 1985 que em 1980 em apenas 5 casos.
‘J 0s paises da América Latina aparentemente por essa época aumentaram
a importancia relativa de suas transagdes intra-setoriais a niveis compardveis
‘0s dos paises industrializados.
Estinatuas (Baumann, 1994) de indices Gru! oye para pases seleco-
nadosno anode 1988 indicaram uma relativa concentragao dos setores em que.
esse indice superava os 50%, segundo atributos de emprego fatorial eintensida-de tecnolégjca. Foram analisados os dados de comércio dos Estados Unidos,
‘Alemanha Ocidental, Reino Unido, Franea, Italia, Japao e 0 conjunto de 12 pal-
ses que foram a ALADI.
‘Amaior parte dos casos de incidéncia desses indices relativamente eleva-
dos estava concentrada em: a) setores intensivos em mao-de-obra e recursos
naturals ~ entre 8% dos casos (ALADI) e 40% dos casos (Estados Unidos); b) in-
diistrias maduras, intensivas em m&o-de-obra e com baixo contetido tecnolég)-
co ~ entre 26% dos casos (Italia) e 35% dos casos (ALAD)); ) indistrias novas,
intensivas em mao-de-obra, com contetido tecnolégico médio ~ entre 10% dos
‘casos (ALAD!) e 18,6% (Reino Unido); d) indiistrias novas, intensivas em capital,
‘com contetido tecnolégico médio — entre 6% dos casos (Reino Unido) € 7%
(ALADI e Estados Unidos).
Em termos de evolugao no tempo, 0 grafico a seguir ~ com indices estima-
dos para produtos a cinco digitos da classificagao SITC - mostra que no comér-
cio do Brasil com os Estados Unidos aproximadamente um terco do comércio 6
> intra-setorial, enquanto nas transagdes com outros paises do Cone Sul ~ Argen-
tina em particular — esse indice se aproxima dos 40%, tendo sido mais intenso
na segunda metade da década de 1990,
INDICES GRUBELLLOYD DE COMERCIO INTRA
INDUSTRIAL DO BRASIL - 1980-2001
oa
08}
04
02
ot
1980 1985 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1905 1998 1999 2000 2001,
—e— ARGENTINA —s— MERCOSUL >< ESTADOS UNIDOS
© modelo de Krugman enfatiza, de forma diferente do modelo de Falvey, a
existéncia de diferenciacao “horizontal” de produtos. De fato, a evidéncia empy.
rica sugere que em mercados nos quais o comércio intra-induistria € expressivo,
diversas empresas produzem mais de uma variedade de um dado produto, e em
alguns casos tém facilidades de producio e distribuicio localizadas em mais de
um pais (Greenaway & Milner, 1986).
Sua formulacio pressupée: a) apenas um fator de produgio (trabalho); b) um.
grande niimero de empresas, cada uma produzindo uma variedade distinta de
tum produto X; ¢) perfeita mobilidade de entrada e safda de firmas no mercado;
d) oferta de mao-de-obra fixa; e) cada consumidor tem a mesma fungio utilidade
82| (dado o nivel de consumo total, um aumento da variedade dos produtos aumentao nivel de bem-estar dos consumidores); ¢ f) a demanda por mao-de-obra pela
i-ésima empresa é dada por L; = a + Bx; (cada empresa requer uma quantidade
fixa de mao-de-obra, mais uma quantidade marginal determinada).
Em uma economia em isolamento do resto do mundo, os supostos (c), (4), (e)
(f)asseguram que uma variedade nao ser4 produzida ao mesmo tempo por duas
empresas. No longo prazo, as empresas podem obter apenas lucros normais
(como visto anteriormente, pela l6gica chamberliniana a existéncia de lucros aci-
ma do normal atrai novos concorrentes, de modo que a margem de lucro tende
0 ponto no qual o preco iguala o custo médio das empresas):
P; (2 8) em que w é a taxa de salério.
Cada empresa produziré exatamente a mesma quantidade de uma variedade,
‘com o mesmo custo médio, e venderd ao mesmo prego. O nimero de empresas é de-
terminado pelo estoque de mao-de-obra (uma vez.que 0 gasto total com todas as va-
riedades de produto deve ser igual aos pagamentos totais feitos ao fator trabalho).
‘Uma vez existindo comércio com o resto do mundo, suponha que exista ou-
tra economia idéntica & primeira, ¢ inexistam barreiras comerciais ¢ custos de
transporte internacional.
. ‘Uma empresa em um pais que produzia uma variedade idéntica a produzida
ro segundo pais mudaré sua producio para ontra variedade que nenhuma outra
empresa produza (uma vez que seus custos de produgao serao os mesmos, inde-
pendente da variedade),
. Como resultado, cada variedade de produto seré produzida por uma tinica
empresa, de modo que cada variedade sera produzida apenas em um pais. O nti-
mero de empresas nao se altera em relagao a etapa pré-comércio. O tinico ganho
‘em termos de bem-estar € 0 aumento do mimero de variedades de produto a dis-
posicéo dos consumidores.
Mais uma vez, existird comércio de tipo intra-setorial, mesmo entre econo-
mias idénticas. O problema é que ~ como em outros modelos ~ nao ser possfvel
prever qual variedade seré produzida em qual pais.
Entre outras implicagées, a existéncia de comércio intra-setorial de magnitu-
de considerdvel no total de comércio de um pais faz.com que a ampliagao do grau de
abertura de uma economia ao comércio com o resto do mundo envolva menores,
custos de ajuste do que no caso de haver apenas comércio inter-setorial: os fato-
res desempregados por uma empresa podem ser absorvidos por outras empresas
. | domesmo setor, 0 ipo de habilidade produtivarequerida é0 mesmo; poran-
to, os custos de treinamento sao mais baixos.
De modo semelhante, € possivel argumentar que a existéncia de comércio de
. tipo intra-setorial cria uma certa “dependéncia” dos processos produtivos de dois
paises, reduzindo até certo ponto a probabilidade de imposicao de barreiras co-
merciais por parte de um dos paises, em razao de a percepcio de dano causado
por importacées ser menos imediata e mais difusa.
.Comércio intrafirma
Achamada “nova teoria de comércio” exposta na seco anterior foi um indiscut
vel avango metodolégico, ao associar organizacao industrial e determinacao de
fluxos de comércio. A incorporacao de elementos como rendimentos de escala,
concorréncia imperfeitae diferenciagao de produtos permite conceber aespecia.
lizagio no comércio em produtos que nio correspondem a dotacao relativa de
fatores produtivos, bem como dé margem a processos produtivos complementa-
res, entre plantas produtivas situadas em paises distintos, levando a intensifica-
fo de transagdes intrafirma.
Oargumento basico para a existéncia desse tipo de comércio é 0 de que, para
certos tipos de produtos, a integragao vertical internacional dos processos pro-
dutivos pode ser uma pré-condigio para a eficiéncia produtiva,
A dificuldade em quantificar o comércio intrafirma
Oreconhecimento da importancia do comércio entre duas ou mais unidades de
uma mesma empresa situadas em paises distintos é relativamente recente. Isso
tem imposto uma dificuldade empitica na avaliagdo da real importéncia desse
tipo de transagao para cada pais.
‘A confiabilidade da pouca informaco disponivel é um problema adicional.
Em vista de enistitem artiticios como mecanismos de prego-transferéncia (quan.
do uma empresa transnacional transfere renda de ou para sua subsiifria ope-
Fando em outro pais em fungao de diferenciais de tributacéio, que por sua vez va.
‘iam cada periodo), 0s dados de exportaeao e importagéo de uma empresa po-
‘dem de fato estar refletindo subvaloragao ou supervaloracéo das exportaces ©
importacées realizadas pela empresa.
‘Soma-se a isso 6 problema da classificagdo dos dados entre setores produ
tivos, o que contribul para aumentaro grau de dficuldades com o quello pesqui
sador se depara.
© pals para o quel as informagdes s40 mais facilmente disponiveis séo os
Estados Unidos, que disponibilizam com regularidade dados relativos &s opera.
0es de subsidiérias de empresas norte-americanas com suas matrices.
Segundo a OCDE (1992), em 1989 0 comércio de tipo intrafirma das em-
Presas norte-americanas correspondia a mais da terea parte do comércio exter.
‘to total dos Estados Unidos naquele ano.
No caso do Brasil, a fonte primaria desse tipo de informagao é 0 Censo do
Capital Estrangeiro, feito pelo Banco Cental do Brasil, Esse Censo foi realizado
em 1995 e em 2000. Segundo os dados divulgados, as transagoes de tipo in.
‘ra-firma passaram de 20% do total das exportagées em 1995 para 38% desse
total, em 2000. Essa importéncia crescente tem clares implicagdes parao dese.
‘nho da politica de comercio exterior.Esse tipo de situagio requer a identificagio dos atributos que tornam as tran-
sag6es internas a firma mais rentaveis do que as transac6es com outras empresas,
Freqiientemente, os argumentos estao relacionados aos requerimentos~no pro-
cesso produtivo ~ de trabalhadores com alto grau de especializacio e/ou 3 hip6-
tese de a venda de produtos aos consumidores externos demandar mais do que
simplesmente 0 processamento industrial do produto, envolvendo, adicional-
mente, setvicos de apoio técnico.
‘A literatura sobre investimentos externos tende a confirmar que imperfei-
«g6es de mercado ealtos custos de transagio constituem incentivos para ainterna-
Tieagdo de produtos que incorporam conhecimento especifico, gerado na empre-
sa. Ein particular no que se refere as manufaturas, os processos produtivos mais
jmodernos demandam como insumos atividades de pesquisa e desenvolvimento
de produtos, conhecimento técnico e especializagao em marketing. E dificil para
uma empresa transnacional transferir esses ativos intangiveis de um pafs a outro
pot meio de transacbes comerciais, até pela dificuldade em estabelecer pregos de
equilibrio para essas transagdes (OCDE, 1992).
Resultado semelhante pode ser determinado, por exemplo, a partir dos efei-
tos de barreiras A movimentagao internacional dessa mao-de-obra especializada,
‘ou da existéncia de diferencas na legislacio relativa a patentes, licenciamento €
outras formas de operacio por parte de grandes firmas (exemplos de modelos
nessa linha sao os de Markusen e Maskus, 1999; ¢ Baldwin, 1988).
Oaspecto relevante é que a existéncia de barreiras ou de requerimentos desse
tipo para o processo de producio ou comercializagao eleva os custos de uma em-
presa, A empresa precisa controlar, em outro pais, proximo aos consumidores, ati
Vidades que diferem do processo produtivo como tal. Iso impée a necessidade
Ue lidar com esse tipo de servico tanto no pais de origem quanto no outro pafs, se
empresa pretende operar em ambos os mercados. Assim, pode vir aserrelativa-
mente mais barato ¢ eficiente, para a grande empresa, operar essas etapas inter-
hamente, sobretudo no caso de atividades especificas & empresa (por exemplo,
no caso de empresas que detém o monop6lio da patente da matéria-prima ou dos
Componentes e do produto final, como a inckistria farmacéutica e a de produtos
deinformatica). Isso dé origem a transagdes de tipo interno firma, mesmo entre
unidades localizadas em territ6rios nacionais distintos.
‘Outro conjunto de fatores determinantes do comércio intrafirma esta rela
cionado 3s politicas governamentais, no pais de origem da empresa ou no paisem
{que opera sua subsidiria, Barzeiras comerciais externas, regulacio do movimen-
7 internacional de capital, politicas de estimulo ao investimento, tributacao de
tganhos, regulacao de concorréncia no mercado interno, nfveis de taxas de jurose
Se taxae de cimbio sio elementos que podem influenciar o surgimento desse tipo de
transagbes.
Esse tipo de procedimento nao é, contudo, universal. Nem todas as empresas
transnacionais procedem assim. Em geral, as transagdes intrafirma so mais fre-
Glientemente encontradas em relacdo Aqueles produtos ¢ servicos que deman-
dam mais intensamente mao-de-obra altamente especializada.Por exemplo, estudo da OCDE indica que o percentual de transag6es intra-
firma tendea ser elevado (acima de 50% do total das transag6es internacionais das
empresas) nas indéstrias farmacéutica, de computadores, de semicondutores e
veiculos automotores. © mesmo estudo encontra percentuais inferiores a 10%
para as indistrias de ago e vesturio* (OCDE, 1996).
Em suma, as indastrias com produco intensiva em conhecimentos cientffi-
cos e em larga escala dependem mais de insumos de alta tecnologia, alta qualida-
de, alto grau de capacitacao dos trabalhadores e pecas e componentes altamente
especializados. Sua aquisi¢ao tem elevado valor estratégico para as empresas, de
modo que elas preferem manter controle direto sobre a proviso desses insumos,
por meio de investimento direto e de transacées internas & firma.
Note que mais uma vez: i) relagao com a dotacio relativa de fatores dos pat-
ses envolvidos nao ¢ imediata, ii) nesse caso os determinantes do desempenho co-
mercial (tanto exportacdes quanto importacdes) sao decisdes internas & firma, €
nio necessariamente respostas a politicas de estimulo (ou desestimulo) a0 co-
‘mércio exterior, ii) nfo hd correspondéncia direta com a nogao de transacbes in-
tra-setoriais, e iv) essa é uma caracteristica relacionada a determinados setores
produtivos mais do que a outros,
Palavras-chave
* Concorréncia monopolistica
© Comércio intra-setorial
© Comércio intrafirma
© Rendimentos Crescentes
# Ganhos de Escala
# Diferenciacdo vertical de produtos
* Diferenciagéo horizontal de produtos
Exercicios
1. Qual é a importancia da estrutura da demanda no mercado nacional na de-
terminagéo da composicdo do comércio de produtos manufaturados?
Explicite os supostos e a l6gica dos modelos que levam a tal conclusio.
2. O que é comércio imtra-setorial? Como é medido? Qual sua importancia para
desenho de politica econdmica? Quais os problemas para stia quantificacio?
3. Mostre que um mercado caracterizado por concorréncia imperfeita a aber-
tura ao comércio internacional traz ganhos para os consumidores e fora os
produtores a operarem como se estivessem em concorréncia perfeita.
* Resultados semelhantes aos apresentados em Bonturi & Fukasaku (1993). Algo nessa linha foi
encontrado igualmente para as relagées comerciais entre empresas japonesas suas subsidirias em
56 Takeuchi (1990).4, Qual éa importancia da existéncia de economias de escala na determinagio
da estrutura de comércio de um pats?
5. Ajincidéncia de comércio intra-setorial implica a existéncia de comércio in-
trafirma? Quando cada um deles ocorre?
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