0% acharam este documento útil (0 voto)
185 visualizações27 páginas

PDF Da Aula 01

Este documento discute a importância da leitura e escrita acadêmicas no desenvolvimento do pensamento científico. Aponta que as universidades formam alunos e promovem o progresso científico, contribuindo para o desenvolvimento das nações. Explica que a leitura e escrita acadêmicas exigem argumentação baseada em evidências concretas e fundamentadas, diferentemente da argumentação de senso comum utilizada no cotidiano.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
185 visualizações27 páginas

PDF Da Aula 01

Este documento discute a importância da leitura e escrita acadêmicas no desenvolvimento do pensamento científico. Aponta que as universidades formam alunos e promovem o progresso científico, contribuindo para o desenvolvimento das nações. Explica que a leitura e escrita acadêmicas exigem argumentação baseada em evidências concretas e fundamentadas, diferentemente da argumentação de senso comum utilizada no cotidiano.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 27

Senso Comum e Conhecimento Técnico

APRESENTAÇÃO

A organização da academia tem especificidades que se devem, fundamentalmente, ao seus


papéis sociais, ou seja, às múltiplas funções que as universidades exercem na atualidade. As
universidades formam alunos. Essa função, por si só, já justificaria sua existência, uma vez que
isso propicia a qualificação profissional e cultural de seu público direto. Entretanto, a academia
também atua de uma forma muito mais ampla, porque promove o progresso científico,
contribuindo para o desenvolvimento das nações. Esses atributos são fundados em um modo
particular de organização, baseada em um tipo de argumentação necessária para seus fins e que
tem como pressuposto um olhar crítico sobre as ações e os acontecimentos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender esse tipo de argumentação por meio do
entendimento do modo de fazer leitura e escrita em que se pauta o pensamento científico. Irá
compreender as diferenças entre a forma de argumentação usada na academia e a utilizada fora
dela, bem como os motivos pelos quais há essa distinção. Vai perceber que o fato de estar
inserido nesse universo faz com que você, igualmente, seja responsável por assumir um papel
questionador.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever a importância da leitura e da escrita acadêmicas para o desenvolvimento do


pensamento científico na graduação.
• Diferenciar argumentos de senso comum de argumentos de senso crítico.
• Comparar a leitura e a escrita acadêmicas com a leitura e a escrita cotidianas.

DESAFIO

Quando os assuntos são a escrita cotidiana e a escrita acadêmica, é vital considerar as questões
relativas ao contexto. Uma não é mais importante do que a outra; elas se propõem a ações
distintas. Sempre que alguém escreve, age no mundo com um determinado objetivo e deve
corresponder a ele.

Da mesma forma que haverá uma liberdade muito grande na escrita cotidiana, na escrita
acadêmica o rigor prevalecerá, pois se trata de alcançar um patamar de cientificidade. No
entanto, todos os textos têm uma argumentação subjacente. A escrita cotidiana pode prescindir
da necessidade de realizar uma argumentação profunda. Isso não pode ser dito da escrita
acadêmica, que, por princípio, precisa estar alicerçada em dados concretos, fundamentados, e
em uma argumentação sólida para garantir seu caráter científico. Qualquer escrita deve sempre
levar em conta quem é o autor e qual a imagem que ele deseja passar, quem é seu público-alvo,
qual o assunto de que trata, de que forma e em que momento é realizada.

Considerando tais questões, leia os trechos dos textos a seguir e responda: qual deles
corresponde à escrita cotidiana e qual deles, à escrita acadêmica? Fundamente sua resposta com
base nas características de cada texto.
INFOGRÁFICO
Sabe-se que o mundo acadêmico é o espaço da escrita e da leitura por excelência. Não há outra
forma de colaborar para o desenvolvimento científico de seu campo de atuação a não ser pela
leitura do que se escreve em sua área e pela produção de mais conhecimento. Isso implica,
necessariamente, fazer pesquisa e divulgá-la. Pesquisa não divulgada não existe; não aconteceu.

Essa, no entanto, não é uma tarefa simples. A escrita exige um longo processo, desde a escolha
do tema até sua entrega final. Dentro da escrita, estão muito mais do que palavras. Ali, se
imprimem todas as etapas da pesquisa: tudo o que foi escrito sobre o assunto, o que levou o
pesquisador a querer oferecer um novo ponto de vista sobre o tema, todo o tempo em que ele se
dedicou à leitura, buscando, trabalhando a parte prática e, claro, as conclusões a que chegou,
com uma argumentação que, acredita, fará com que seus pares consigam ver as coisas da forma
como ele vê.

No Infográfico a seguir, você poderá visualizar as etapas para não se perder nos momentos de
sua escrita.
CONTEÚDO DO LIVRO

O universo acadêmico tem uma organização própria, pois é constituído a partir de saberes e
expectativas específicas. Tal organização das universidades decorre do fato de que elas
desempenham papéis significativos para o desenvolvimento da sociedade. Isso se dá não apenas
por possibilitar a formação superior dos seus alunos, contribuindo para a qualificação
profissional individual daqueles que a frequentam, mas também porque, nesse processo, cumpre
o seu intuito primordial: ajudar a promover o desenvolvimento científico da Nação, posto que os
conhecimentos dos alunos se expandirão para além dos muros acadêmicos, sendo acessíveis a
toda a sociedade.

No capítulo Leitura acadêmica, da obra Leitura e escrita acadêmicas, você irá entender como a
leitura e a escrita colaboram na configuração de uma argumentação consistente, adequada a esse
universo e a seus objetivos. Verá, ainda, como essa postura possibilita a constituição do senso
crítico em relação à realidade, colaborando para construir uma sociedade mais consciente e justa
nesse contexto.

Boa leitura.
LEITURA E ESCRITA
ACADÊMICAS

Lia Emília Cremonese


Leitura acadêmica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever a importância da leitura e da escrita acadêmicas para o


desenvolvimento do pensamento científico na graduação.
 Diferenciar argumentos de senso comum de argumentos de senso
crítico.
 Comparar a leitura e a escrita acadêmicas com a leitura e a escrita
cotidianas.

Introdução
Os objetivos da universidade se refletem em toda a sociedade. A atuação
da comunidade acadêmica é significativa não apenas para os indivíduos,
mas para o País como um todo. Esse fato aumenta a responsabilidade
dos docentes e discentes na elaboração de pesquisas científicas, pois
elas podem, efetivamente, colaborar para o avanço científico e social.
Neste capítulo, você vai estudar as noções basilares da argumentação,
além de verificar os papéis da leitura e da escrita no desenvolvimento
de argumentos de modo crítico e consciente. Você vai perceber que o
universo acadêmico exige uma postura questionadora, além de res-
ponsabilidade e comprometimento. Com essas informações em mente,
você vai poder colaborar na construção de uma sociedade mais justa e
desenvolvida.

A leitura e a escrita acadêmicas como aportes


para o pensamento científico
O universo acadêmico constitui-se em torno de saberes escritos. Portanto, o
domínio da escrita e da leitura é um pressuposto nesse âmbito. Além disso,
ao longo do tempo, as exigências quanto à produção de conhecimento apenas
se intensificam. Isso se dá porque, como aponta Bortoni-Ricardo (2008), toda
2 Leitura acadêmica

a vida dos sujeitos está ligada ao pensamento científico: do alimento, por


exemplo, que envolve pesquisa em genética e em agronomia, até vestimentas,
transporte, saúde, conhecimento de mundo, comunicação, etc.
Nesse contexto, é imperativo não apenas que professores pesquisadores
prestem contas de seus estudos por meio de publicações, mas que toda a
comunidade acadêmica o faça. Alunos de pós-graduação — lato sensu (es-
pecialização) e stricto sensu (mestrado e doutorado) — são instados a todo
momento a mostrar o resultado de sua produção com publicações. Da mesma
maneira, os alunos de graduação são cada vez mais cobrados tanto para faze-
rem parte da iniciação científica como para realizarem produções textuais ao
longo do curso superior. Portanto, também os graduandos precisam apresentar
resultados escritos, o que demanda igualmente grande quantidade de leitura.
A pesquisa faz parte do aprender a aprender.
Fava de Moraes e Fava (2000) e Pinho (2017) destacam que o estudante de
graduação ganha autonomia quando aprende a trabalhar com pesquisa, uma
vez que passa a perceber quando consegue buscar soluções individualmente
e quando tem necessidade de auxílio. Embora o contexto de que falem os
autores se refira à iniciação científica, é importante destacar que todos os
alunos precisam desenvolver capacidade de análise crítica e discernimento,
necessária para o seu percurso profissional. A graduação é o espaço privilegiado
para que isso aconteça. Uma das grandes vantagens da pesquisa acadêmica
consiste no aprimoramento do olhar crítico. Este é pautado principalmente
em um melhor desenvolvimento da capacidade de leitura e escrita, essencial
na universidade.
Há, ainda, um benefício adicional ao aluno que se dedica à pesquisa cien-
tífica, aprendendo a buscar fontes fidedignas e a realizar produções escritas
adequadas ao nível acadêmico: ele fica familiarizado mais cedo com o fato
de que há regras de padronização a serem seguidas. Uma delas é a ortografia
padrão do País, regulamentada pelo Acordo Ortográfico de 1990 e elaborada
pela Academia Brasileira de Letras (ABL), que entrou em vigor no Brasil em
2016. Outro caso é a normalização da formatação de itens como trabalhos
acadêmicos, artigos, pôsteres, sumários, índices, enfim, os elementos formais
de apresentação de trabalhos acadêmicos de variadas naturezas. Tal norma-
lização é realizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Os textos exigem muito trabalho para sua escrita, requerendo, da mesma
forma, bastante leitura. Veja o que afirma Paulo Guedes (2010, p. 7):
Leitura acadêmica 3

Já não se lê mais como antigamente; se lê muito mais, não só porque tem


muito mais gente capacitada para ler hoje do que antigamente, mas também
porque tem muito mais gente que precisa ler do que tinha antigamente. [...]
E também já não se escreve mais como antigamente. Se escreve muito mais
e pelos mesmos motivos. [...]
Escrevemos muito mais e melhor até porque não tem outro jeito, pois o modo
de produção em que estamos inseridos precisa de uma incessante produção de
conhecimento, o que acarreta, incontornavelmente, a produção do texto que vai
organizar esse conhecimento, dos textos que vão divulgar esse conhecimento,
dos que vão problematizar esse conhecimento, dos que vão vulgarizar esse
conhecimento, dos que vão testemunhar a apropriação desse conhecimento,
dos que vão propor aplicações desse conhecimento.

Assim, ao ingressar na universidade, o aluno se depara com o fato de que o


ensino superior se centra na produção contínua e intensa de conhecimento. Não
bastando isso, o uso qualificado da modalidade formal da língua portuguesa
subjaz às atividades específicas que o estudante precisa desenvolver em sua área
de conhecimento para se tornar um profissional competente. O objetivo final
consiste em atender a diferentes demandas sociais ligadas ao seu campo de atuação.
Köche, Boff e Marinello (2010, p. 9) pontuam que, “[...] no contexto atual,
ler e escrever de modo eficiente é extremamente importante, tanto na vida
pessoal quanto na profissional, visto serem competências que facilitam a
inserção do sujeito nas diferentes esferas sociais”. Na academia, não se trata
de importância, mas de necessidade. Para produzir conhecimentos em sua
área de atuação, o discente deve desenvolver habilidades tanto em leitura
quanto em escrita. Essas habilidades têm relação com os distintos gêneros
textuais de que se faz uso na academia, explorando a sua leitura e a sua escrita
qualificadas. Na leitura, é preciso que o aluno saiba identificar as pistas que
direcionam os sentidos. Na produção textual, são necessárias estratégias de
organização de acordo com a finalidade de cada texto.

Você já fez o seu currículo lattes? Ele é uma ferramenta essencial no mundo acadêmico,
pois registra a produção e os dados acadêmicos de estudantes e professores universi-
tários de todo o Brasil. Acesse o link a seguir e cadastre o seu currículo.

https://qrgo.page.link/deF3N
4 Leitura acadêmica

Argumentos de senso comum e argumentos


de senso crítico
Quem vê o título acima pode pensar que é possível falar de argumentos de uma
forma muito simples e geral, mas a argumentação exige um pouco mais. Exige,
inicialmente, definir em que consiste, afinal, argumentar no contexto acadêmico.
Quando se pensa em argumentação, é preciso necessariamente remeter ao
caráter dialógico — isto é, de diálogo — dos discursos. Isso significa dizer que
a argumentação diz respeito a como melhor selecionar e organizar argumentos
de diferentes naturezas para alcançar objetivos como demonstrar, persuadir e
convencer. Em particular, a argumentação se relaciona a públicos diversos (a
quem se destina), a objetos claros (o que está em questão) e a circunstâncias
específicas (em que momento e em que espaço se dá e de que modo se realiza).
Pode-se chamar a esse conjunto de “relações de contexto”. São justamente os
contextos que estão em jogo quando se fala de argumentos de senso comum
e de senso crítico.
Segundo Abreu (2010), o senso comum é oriundo de variados discursos
que formam o que se chama de “opinião pública”. Ela seria constituída, mais
exatamente, por diversos discursos articulados que permeiam toda a socie-
dade, independentemente de classe social. Savioli e Fiorin (2006) explicam
que os argumentos de senso comum normalmente são preconceituosos, pois
não são baseados em fatos e comprovações, mas em afirmações usualmente
generalizantes. Quando se diz “Todo político é corrupto”, essa afirmação é
generalizante. Quem a faz até pode relatar uma ocorrência de corrupção, mas
um único caso não é o suficiente para qualificar todo um grupo. Suponha-se
que a mesma pessoa dissesse “Há políticos corruptos” e justificasse expondo
o mesmo caso de corrupção. A afirmação deixaria de ser generalizante, sendo
comprovada por um fato concreto. Trata-se, como se vê, do modo de apresentar
os argumentos: em lugar de uma afirmação generalizante inadequadamente
baseada em um fato pontual, tem-se uma conclusão mais geral depreendida
de um fato a partir do qual se pode efetivamente deduzi-la.

Argumentos de senso comum


Você deve olhar para os argumentos de senso comum com extrema cautela
em qualquer circunstância. Em nenhuma situação eles são tão polêmicos,
no entanto, quanto na ciência e, consequentemente, no universo acadêmico.
Silva (2011, documento on-line) afirma que o senso comum consiste no co-
Leitura acadêmica 5

nhecimento vulgar, nas opiniões diversas, “[...] ou seja, tudo [com] o que se
precisa romper para se tornar possível o conhecimento científico, racional e
válido”. A autora continua: “[...] a humanidade iniciou suas crenças a partir
das concepções do senso comum, e posteriormente através da razão e da
racionalidade modernas, apropriou-se das premissas da ciência”. Tais pre-
missas incluem a comprovação e o embasamento exigidos em todo discurso
científico, incluído aí o acadêmico.
Alguns autores abordam o senso comum em maior profundidade e de forma
diversa. A própria Silva (2011) alerta para o fato de que a ciência por vezes
pode não dar conta de elementos que, em realidade, não são completamente
tangíveis de forma objetiva. Um exemplo trabalhado pela autora é a catalogação
do patrimônio cultural, que é dividido em dois tipos: o material e o imaterial.
O primeiro, sendo concreto (obras de arte e documentos, por exemplo), é
classificado de forma mais evidente e inconteste. O imaterial, contudo, apre-
senta incertezas, já que a sua categorização não é óbvia, pois estão em jogo
conhecimentos “[...] resultantes da experiência cotidiana do senso comum
[...] vivenciados, experienciados, e transmitidos de gerações em gerações, e
durante toda a vida por um determinado grupo” (SILVA, 2011, documento
on-line). Mesmo fazendo essa ressalva, Silva (2011, documento on-line) alerta
para o fato de que “[...] há na ciência moderna um único caminho: o método
científico”. Na sua concepção, a solução para o caso específico do patrimônio
imaterial estaria na “[...] união dos conhecimentos das mais diversas áreas [...]
pautados em conhecimentos específicos dotados de clareza e objetividade”.
A autora finaliza dizendo que “[...] ciência e senso comum possuem papéis
distintos, mas ao mesmo tempo complementares”.
Cabral (2018), por sua vez, trazendo à tona o pensamento do filósofo John
Dewey, problematiza um elemento anterior: a determinação do objeto de
estudo. Segundo Cabral (2018), Dewey defende que a ciência não pode perder
de vista que são os problemas do senso comum que geram as suas questões.
Desse modo, o senso comum seria uma etapa inicial do desenvolvimento
do pensamento científico. Não à toa, Dewey é bastante citado em pesquisas
da área da educação. Nesse campo, partindo de sua teoria, é defendida a
permanente associação entre a teoria, a prática e o espírito colaborativo. Isso
deveria ocorrer porque o conhecimento somente seria resultado do compar-
tilhamento de experiências práticas. Para o filósofo, portanto, os estudantes
não deveriam apenas decorar fórmulas ou teorias, mas levantar hipóteses,
fazer comparações, análises, interpretações e avaliações vinculadas a ex-
periências práticas. Os alunos seriam, então, conduzidos a um aprendizado
6 Leitura acadêmica

significativo e a um conhecimento efetivo. Não se daria, assim, uma ruptura


entre a forma de pesquisar do senso comum e a da ciência, pois, “[...] embora
seus respectivos problemas e métodos sejam diferentes, ambas possuem [...]
uma origem comum: as situações originárias de uso e desfrute dos objetos ao
redor” (CABRAL, 2018, documento on-line).

Argumentos de senso crítico


Independentemente da posição que tem quanto ao senso comum, seja um olhar
mais rígido ou mais condescendente, ninguém nega, como você pode notar,
que um ponto de vista científico deve necessariamente considerar o senso
crítico de forma primordial. No que consistem, então, argumentos de senso
crítico? Como eles são constituídos?
Para abordar a argumentação que leva em conta o caráter dialógico do
discurso, é preciso, como afirma Fiorin (2015), retornar aos textos clássicos.
O primeiro aspecto a ser lembrado, diz o autor, são os raciocínios necessários
e preferíveis, baseados no pensamento de Aristóteles. O silogismo consiste
no raciocínio necessário por excelência. Baseia-se na argumentação a partir
de premissas que, tidas como verdadeiras, levam a uma dedução lógica. Veja
o exemplo a seguir.

 Todas as pessoas são mortais.


 João é uma pessoa.
 Logo, João é mortal.

Os raciocínios preferíveis, por sua vez, segue Fiorin (2015), são aqueles
cujas premissas não necessariamente correspondem à verdade, fazendo com que
as conclusões não sejam “logicamente verdadeiras”. Veja o exemplo a seguir.

 Todos os estudantes são esforçados.


 Júlia é estudante.
 Logo, Júlia é esforçada.

Como você facilmente pode constatar, a aceitação da premissa de que todos


os estudantes são esforçados não é “logicamente verdadeira”, dependendo de
crenças e valores. Fiorin (2015, p. 18) sintetiza isso da seguinte forma:
Leitura acadêmica 7

Os raciocínios necessários pertencem ao domínio da lógica e servem para


demonstrar determinadas verdades. Os preferíveis são estudados pela retórica
e destinam-se a persuadir alguém de que uma determinada tese deve ser aceita,
porque ela é mais justa, mais adequada, mais benéfica, mais conveniente e
assim por diante.

Na ciência e, portanto, no mundo acadêmico, muitas conclusões, claro,


devem-se à lógica. Entretanto, a maior parte das questões com que os pes-
quisadores se deparam tem mais relação com o modo como tais problemas
são trabalhados do que com a lógica simples. Trata-se, por conseguinte, de
persuasão. “Os argumentos”, afirma Fiorin (2015, p. 19), “[...] são os raciocínios
que se destinam a persuadir”. Argumentação, aqui, diz respeito à persuasão,
e a retórica é a arte da persuasão por excelência.
Fiorin (2015) ainda discorre sobre as quatro noções discursivas da retórica.
A antifonia é a primeira e consiste no contraste de dois discursos opostos.
Um exemplo são os casos de julgamento, em que defesa e acusação expõem
seus pontos de vista para que um juiz chegue a um veredito. O paradoxo, a
segunda noção discursiva, evidencia que a linguagem tem sua “ordem própria”
e “categoriza o mundo” (FIORIN, 2015, p. 24). Se alguém diz “Toda certeza
é relativa”, não pode ter certeza do que diz, à medida que deve, segundo sua
própria afirmação, relativizar inclusive tal certeza enunciada — trata-se de
um paradoxo.
A terceira noção discursiva, a da probabilidade, diz respeito ao fato de que
as pessoas sempre fazem cálculos com base nas situações que julgam mais
prováveis em determinadas circunstâncias (ou seja, os cálculos dependem dos
contextos). Caso alguém, por exemplo, tenha ameaçado outra pessoa, e esta
sofreu um atentado, a probabilidade é que tal atentado tenha sido cometido
por quem fez a ameaça. Finalmente, a interação discursiva, última dessas
noções, trata da interação social: um discurso sempre é produzido em oposição
a outro. Isso implica o dialogismo dos discursos, o que significa que todos os
discursos são argumentativos, porque dialógicos.

Neutralidade não é a mesma coisa que impessoalidade. A neutralidade tem relação com
a objetividade do texto. Não há texto neutro, pois todos têm (ou devem ter) um ponto de
vista sobre o assunto trabalhado. Desse modo, um texto pode, por exemplo, expressar
8 Leitura acadêmica

argumentos para sustentar um posicionamento a favor, contra ou mesmo de dúvida sobre


algum tema, mas necessariamente precisa deixar clara uma postura sobre tal assunto.
Já a impessoalidade consiste em um efeito linguístico, alcançado nos textos por
meio do uso de elementos como a terceira pessoa do singular, deixando no leitor a
sensação de que as coisas aconteceram por si mesmas. Assim, se há em um texto
uma construção como “Constatou-se que o dado é verídico”, a impressão é a de que
o fato de o dado mencionado ser verídico é uma propriedade dele mesmo, e não uma
constatação feita por alguém.

A leitura e a escrita no cotidiano


e na universidade
Ler e escrever são tarefas complexas, e quem disser o contrário está mentindo.
Se fossem trabalhos simples, não haveria um sem-número de pessoas buscando
(muitas vezes desesperadamente) dicas, manuais, aulas particulares, enfim,
todo um arsenal de ferramentas para aprimorar ou mesmo iniciar a leitura de
algum livro ou a escrita de um texto, seja para qual for a finalidade.
Essa complexidade é fácil de explicar. Os instrumentos naturais dos seres
humanos são a escuta e a fala — as situações primordiais, portanto, de orali-
dade. A escrita e, consequentemente, a leitura surgiram a partir da necessidade
que as pessoas sentiram de registrar fatos, encontros, negociações, histórias.
As crianças só aprendem a ler e a escrever depois de passarem anos usando
perfeitamente a fala de sua língua materna (aos três anos, dominam o seu pró-
prio idioma de modo integral). Isso não muda o fato, contudo, de que a escrita
surgiu de necessidades humanas, e é aprimorada em um processo contínuo.

A escrita cotidiana
Mesmo naqueles casos em que não há uma exigência formal de escrita, ela
está presente no dia a dia. Fazer uma lista de compras, mandar uma mensagem
por correio eletrônico e fazer uma anotação como lembrete são apenas os usos
mais corriqueiros da escrita. Muitas pessoas precisam preencher formulários
ou entregar relatórios profissionais, por exemplo, o que já exige uma rigidez
maior de formato e cuidado com o estilo. Entretanto, com a disseminação
das diferentes redes sociais, grande parcela da população faz cotidianamente
inúmeras postagens com textos dos mais variados tipos. Esses textos são tão
importantes para quem os escreve quanto os textos que você precisa fazer para
atender a uma tarefa de trabalho ou estudo. No entanto, há uma característica
Leitura acadêmica 9

que faz com que eles apresentem uma diferença enorme entre si. Trata-se
do fato de que, nos textos acadêmicos, há um rigor muito maior, devido aos
distintos contextos.
Como você já viu, o contexto, no caso da escrita, tem alguns elementos:
quem fala, para quem, sobre o quê, de que modo, em que momento e em que
espaço. Desconsiderar qualquer um desses elementos fará com que, de alguma
forma, o seu texto falhe — não só o texto acadêmico, mas de qualquer tipo.
Imagine, por exemplo, que uma pessoa vá escrever um bilhete para a mãe e, em
lugar de “Mãe, fui pra faculdade”, escreva algo como “Cara senhora, precisei
me ausentar. Dirigi-me ao espaço destinado aos estudos que realizo com a
finalidade de completar minha graduação”. No mínimo, a pobre mãe vai ficar
preocupada — isso se não começar a imaginar acontecimentos piores, como
um sequestro, ou a duvidar da sanidade do filho. Da mesma forma, um texto
acadêmico não pode ser coloquial, porque, além de causar estranhamento, não
vai transmitir a seriedade e a sobriedade necessárias a esse tipo de interação.

A escrita acadêmica
Salvo casos muito específicos, em que ao aluno é solicitada a escrita de algum
texto narrativo — como em uma disciplina de produção textual —, os textos
acadêmicos são usualmente dissertativos. Isso significa que a eles subjaz
uma estrutura evidentemente argumentativa. É claro que qualquer texto é
argumentativo (como você viu anteriormente), à medida que se relaciona
(dialogicamente) a outros textos e que traz uma opinião, mesmo que de forma
implícita. O texto dissertativo se destaca nesse sentido porque objetiva explici-
tamente discutir uma questão, resolver um problema (no sentido de “discussão,
temática”). Desse modo, em nenhum outro texto a argumentação é tão evidente.
Por isso, ele é encarado aqui simplesmente como texto argumentativo, porque
dissertar é argumentar. A escrita científica é fundamental para a constituição
da ciência. Pereira (2013, p. 21) afirma que “[...] a escrita científica busca dar
corpo à interpretação objetiva da realidade, superando o imediatismo da opinião
e do senso comum, buscando expedientes de universalização e generalidade”.
Os textos argumentativos, portanto, visam a expor provas de que o seu
conteúdo é verdadeiro, ou de que a forma como o assunto é exposto é a melhor.
Pode-se dizer, em suma, que um texto argumentativo precisa ser coerente
internamente e com os dados que apresenta, além de ter consistência, refletindo
uma questão específica por meio de justificativas, avaliações, explicações.
Nesse sentido, a leitura permeia todo o percurso acadêmico do aluno, sendo
essencial para o desenvolvimento da escrita. Duarte, Pinheiro e Araújo (2012)
10 Leitura acadêmica

mencionam essa estreita relação entre a melhora na escrita que decorre da


leitura frequente. Machado (2017, p. 40), por sua vez, afirma que “[...] a prática
da leitura se torna decisiva para o sucesso de um aluno, integrando-se à rotina
de estudos como forma privilegiada para acesso, compreensão e interpretação
de conhecimentos”, o que é essencial na argumentação.

Você deve estar se perguntando como, afinal, colocar os preceitos da argumentação em


prática. A seguir, veja algumas qualidades discursivas essenciais ao texto argumentativo.
Elas foram categorizadas por Guedes (2009) e são extremamente proveitosas em
termos pragmáticos para auxiliá-lo na escrita.
 Unidade temática: nenhum texto consegue dar conta de tudo; portanto, é preciso
escolher apenas uma questão sobre a qual tratar. Se você falar de muitos temas,
não vai abordar nenhum deles com propriedade. Uma consequência de um texto
sem unidade é a dispersão do leitor. Afinal, ninguém quer ler um amontoado de
dados desconexos que não levam a lugar algum.
 Objetividade: é a segunda qualidade de um texto argumentativo. Um texto objetivo
é aquele que tem todas as informações necessárias para que o leitor entenda o
assunto tratado. É preciso, contudo, saber dosar. Falar menos do que o necessário
faz com que o texto não fique claro. Dar informações além do necessário, porém,
pode entediar o leitor. A objetividade, portanto, está intrinsecamente ligada ao
ponto de vista. Afinal, o autor seleciona as ideias que dão sentido aos argumentos
do texto segundo a sua visão sobre o assunto. Assim, não existe texto neutro, nem
pode existir, porque se você não tem uma opinião para dar sobre um assunto, nem
vale a pena começar a escrever.
 Concretude: é essencial para a progressão textual. Ela consiste nas relações estabe-
lecidas no texto entre o particular e o geral, fornecendo ao leitor dados concretos
para que ele entenda o que você escreveu, e não o que ele já tinha em mente.
Para dar concretude à argumentação, você pode se valer de analogias, exemplos e
comparações, emprestando clareza à definição de conceitos. Também precisa deixar
claras as circunstâncias de tempo e de lugar dos eventos apresentados no texto.
 Questionamento: é a qualidade relacionada ao tema trabalhado no texto. Você
deve apresentar ao leitor um problema a ser resolvido, uma questão a ser debatida,
propondo uma solução para ela e apresentando provas da posição que você assu-
miu. Bons argumentos se baseiam na clareza de conceitos (exigindo vocabulário
condizente com o contexto argumentativo), na exemplificação desses conceitos
com fatos adequados aos objetivos e na relação apropriada que se estabelece
entre esses fatos e conceitos.
Leitura acadêmica 11

Postura em relação à escrita acadêmica


Simplesmente caracterizar o texto acadêmico é pouco efetivo na prática da
escrita, que demanda um tipo de olhar específico. Desse modo, a seguir você
vai conhecer uma série de posturas que vão auxiliá-lo no momento da escrita
e da tomada de decisões em relação a ela.
A primeira orientação a ser enfatizada é a questão dos prazos. Um texto
argumentativo não se faz todo em uma única vez diante do computador. Sem
nem entrar na questão do tempo que se leva na coleta de dados e nas leituras
necessárias, é preciso lembrar que um texto acadêmico, idealmente, é reescrito
múltiplas vezes. A fim de evitar um texto descabido ou despropositado, prever
muitas releituras e ajustes é uma necessidade. Dessa maneira, é preciso planejar a
escrita, deixando uma margem considerável de tempo para essa tarefa. Reescrever
é essencial. Como afirma Becker (2015), quem escreve profissionalmente sempre
reescreve seus textos, porque qualquer escrito pode ser aprimorado. Ademais,
a reescrita pode ajudar a constituir seu plano de trabalho. Caso você faça um
esboço de seu texto logo no início do percurso, isso pode ajudá-lo a perceber
que dados e discussões são necessários para levá-lo a cabo (BECKER, 2015).
Um aspecto essencial, embora possa parecer óbvio, é que o autor não estará
junto ao seu leitor, dando explicações, no momento em que o texto chegar ao
seu destinatário. Assim, você deve escrever de modo que todas as informações
necessárias ao seu público estejam no texto. Da mesma forma, a linguagem
deve ser adequada. A linguagem dos textos acadêmicos é formal, além de ter
uma grande presença de termos específicos de cada área. Para ter certeza de que
alcançará os seus objetivos na escrita, você pode ter um leitor-teste, algum conhe-
cido cujas características se assemelhem às de seu público-alvo. Duas ressalvas
são necessárias. Esse leitor-teste deve ser de total confiança, de modo que não
vá, por exemplo, usar a sua pesquisa em proveito próprio. Outro quesito essencial
é que ele seja minimamente capacitado para analisar o seu texto e ajudar você a
melhorá-lo, especialmente em termos de conteúdo e de terminologia científica.
Outra questão de extrema relevância é a escolha das fontes. Estas consistem
tanto naquelas de pesquisa empírica quanto nas bibliográficas. Ambas são selecio-
nadas por estarem de acordo com o escopo da pesquisa. É preciso adotar aquelas
que efetivamente digam respeito ao que você quer demonstrar. A bibliografia, em
especial, tem algumas peculiaridades. Trata-se, primeiramente, de escolher autores
relevantes para a área, cuja pesquisa esteja alinhada à teoria que será utilizada e
à temática a ser trabalhada. De nada adianta usar a teoria mais inovadora se ela
não consegue dar conta de seu objeto de estudo. Quando se trata de periódicos,
é preciso dar preferência aos mais renomados no seu campo de atuação, embora
12 Leitura acadêmica

não seja desprezível certa dose de “garimpo”. Pode-se encontrar textos interessan-
tes, com olhares ousados e inovadores, em periódicos secundários. Isso é o que
Eco (2010, p. 113) chama de “humildade científica” em relação à construção do
conhecimento: todos podem lhe ensinar algo. Falando do período de publicação,
quanto mais recentes são os textos escritos, mais atuais eles tendem a ser. É claro
que esse critério não é válido no que concerne a textos clássicos e mesmo àqueles
emblemáticos de cada área, bem como aos de autores consagrados.
É preciso mencionar ainda o comprometimento em relação ao que você
escreve. Qualquer que seja o assunto ou o ponto de vista exposto em seu texto,
ele é de sua inteira responsabilidade. Isso tem duas implicações. A primeira é que,
depois que seu texto for publicado ou entregue (no caso de trabalhos acadêmicos,
por exemplo), o leitor só dispõe de sua escrita para entender seu posicionamento;
portanto, é sua a obrigação de ser claro, objetivo, de valer-se de uma argumentação
consistente, fazendo tudo o que está a seu alcance para dar conta de seu objeto.
A segunda questão é: assuma de fato seu ponto de vista. Se você pesquisou
com afinco e sabe do que está falando, tem o direito de ser enfático em suas
afirmações. Não diga “Talvez possamos afirmar”. Se você estudou, trabalhou
aquele tema, se esforçou para chegar às conclusões que ali estão postas, não há por
que não assumir suas opiniões; afinal, você acredita nelas (ou ao menos deveria,
já que as escreveu). É o que Eco (2010) denomina “orgulho científico”: se não
se sentia qualificado, não deveria ter apresentado o trabalho; se o apresentou, é
porque sentiu que podia. “Uma vez esclarecido se sobre determinado tema são
possíveis respostas alternativas, vá em frente. Diga tranquilamente: ‘julgamos
que’ ou ‘pode-se concluir que’” (ECO, 2010, p. 143). Seja prudente e humilde
ao fazer o trabalho, defende o autor, mas orgulhoso quanto ao resultado.

ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. São Paulo: Ateliê


Editorial, 2010.
BECKER, Howard S. Truques da Escrita: para começar e terminar teses, livros e artigos.
Rio de Janeiro: Zahar, 2015.
CABRAL, C. C. John Dewey sobre ciência e senso comum: semelhanças e dessemelhan-
ças. Cognitio-Estudos, v. 15, n. 1, jan./jun. 2018. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/
cognitio/article/view/36180/25654. Acesso em: 16 set. 2019.
Leitura acadêmica 13

DUARTE, A. L. M.; PINHEIRO, R. C.; ARAÚJO, J. A leitura acadêmica na formação docente:


dificuldades e possibilidades. Revista de Letras, v. 1-2, n. 31, jan./dez. 2012. Disponível
em: http://www.periodicos.ufc.br/revletras/article/view/1086. Acesso em: 16 set. 2019.
ECO, U. Como se faz uma tese. 23. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
FAVA DE MORAES, F.; FAVA, M. A iniciação científica: muitas vantagens e poucos riscos.
São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 1, mar. 2000. Disponível em: http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000100008&lng=en&nr
m=iso. Acesso em: 16 set. 2019.
FIORIN, J, L. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.
GUEDES, P. C. Apresentação. In: KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura
e produção textual: gêneros textuais do argumentar e expor. Petrópolis: Vozes, 2010.
GUEDES, P. C. Da redação à produção textual: o ensino da escrita. São Paulo: Parábola
Editorial, 2009.
KÖCHE, V. S.; BOFF, O. M. B.; MARINELLO, A. F. Leitura e produção textual: gêneros textuais
do argumentar e expor. Petrópolis: Vozes, 2010.
MACHADO, J. C. Leitura e produção de textos. Santa Maria: UFSM, 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufsm.br/handle/1/16144. Acesso em: 16 set. 2019.
PEREIRA, M. V. A escrita acadêmica: do excessivo ao razoável. Revista Brasileira de Edu-
cação, v. 18. n. 52, jan./mar. 2013.
PINHO, M. J. Ciência e ensino: contribuições da iniciação científica na educação su-
perior. Avaliação, v. 22, n. 3, nov. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S1414-40772017000300658&lng=en&nrm=iso&tlng
=pt. Acesso em: 16 set. 2019.
SAVIOLI, F. P.; FIORIN, J. L. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo: Ática, 2006.
SILVA, S. S. A relação entre ciência e senso comum. Ponto Urbe, dez. 2011. Disponível
em: http://journals.openedition.org/pontourbe/359. Acesso em: 16 set. 2019.

Leitura recomendada
CNPQ. Plataforma Lattes. Brasília: CNPQ, 2019. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/.
Acesso em: 16 set. 2019.
DICA DO PROFESSOR

Escrever qualquer texto sempre implica expressar uma visão de mundo, uma opinião. Em
nenhum outro tipo de texto isso é tão explícito como no argumentativo. A argumentação parte
de uma teoria, de uma tese, de um ponto de vista que orienta o leitor. Assim, estudar as formas
de melhor argumentar é uma constante na vida acadêmica. Nesse universo, é preciso aprimorar
constantemente as formas de selecionar e organizar argumentos para demonstrar resultados e
convencer o leitor de que o modo como você está fazendo isso é o melhor para o assunto
trabalhado.

O professor e teórico do texto, Paulo Guedes, em Da redação à produção textual: o ensino da


escrita, fala de quatro atitudes dissertativas, tarefas intelectuais essenciais para a construção
adequada da argumentação de um texto.

Assista ao vídeo e saiba mais sobre esses procedimentos que irão ajudá-lo a argumentar
criticamente de forma mais eficaz.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

EXERCÍCIOS

1) O domínio da escrita e da leitura é considerado essencial no ambiente acadêmico. Da


mesma forma, existe uma grande exigência em relação à produção de conhecimento
na universidade. Essas ações ocorrem devido a quê? Marque a alternativa correta.

A) Às regras gerais de apresentação de trabalhos pela ABNT.

B) À imposição, pela ABL, do uso das novas regras ortográficas desde 2016.

C) Ao fato de que acadêmicos devem ter consciência do papel social e científico da academia.
D) Ao fato de que os alunos, necessariamente, seguem carreira acadêmica após o término da
graduação.

E) Às seleções para pós-graduação, que exigem um número mínimo de trabalhos publicados.

2) Os textos que circulam e são produzidos na universidade apresentam características


que os diferenciam dos demais. Indique o trecho que traz uma escrita adequada para
um texto acadêmico:

A) O filme Para sempre Alice, com a atriz Juliane Moore, aborda a questão da doença de
Alzheimer e as suas consequências devastadoras para o cotidiano das famílias.

B) A medicina ainda não sabe a causa da doença de Alzheimer, ainda que se tenha
conhecimento de que nela ocorre um processo de perda de células cerebrais e que, quanto
mais idoso, maior a chance de desenvolver a doença.

C) A doença de Alzheimer tem sintomas como perda de memória, dificuldade para dirigir,
para se localizar, além de alterações de comportamento, tais como a irritabilidade e a
agressividade.

D) Mesmo que não se saiba exatamente a causa da doença de Alzheimer, para evitá-la deve-se
praticar exercícios físicos regularmente, evitar o fumo e as bebidas alcoólicas e manter a
mente ativa, com leitura e atividades em grupo.

E) Nossas contribuições foram dirigidas a aumentar o conhecimento em estimativas


corrigidas das taxas de mortalidade por Alzheimer com base em estatísticas vitais,
proporcionando estimativas mais precisas e pertinentes, fundamentadas no método
científico.

3) Os textos na universidade são diferenciados, porque toda escrita está inserida em um


contexto específico. Considerando as questões relativas à escrita acadêmica, assinale
a alternativa verdadeira:
A) O uso de citações referenciadas para sustentar uma argumentação consistente é importante
para validar os estudos acadêmicos.

B) A escrita cotidiana não tem relevância, uma vez que não é utilizada no mundo acadêmico.

C) A escrita cotidiana e a escrita acadêmica têm algumas diferenças, mas a linguagem


utilizada em ambas é a mesma.

D) A produção de escrita na academia pressupõe que o leitor buscará outras fontes além do
próprio texto, então pode prescindir de explicar alguns dos posicionamentos expressos no
texto.

E) O uso de fontes como revistas semanais pode ser feito para validar a argumentação do
texto acadêmico, desde que sejam citados artigos de opinião de jornais renomados.

4) Leia a afirmação de Fiorin (2015, p. 9): “Todo discurso tem uma dimensão
argumentativa. Alguns se apresentam como explicitamente argumentativos (por
exemplo, o discurso político, o discurso publicitário), enquanto outros não se
apresentam como tal (por exemplo, o discurso didático, o discurso romanesco, o
discurso lírico). No entanto, todos são argumentativos: de um lado, porque o modo de
funcionamento real do discurso é o dialogismo; de outro, porque sempre o
enunciador pretende que suas posições sejam acolhidas, que ele mesmo seja aceito,
que o enunciatário faça dele uma boa imagem.”.

O que pode ser percebido no trecho citado? Marque a alternativa correta:

A) O uso do senso comum, pois o autor traz uma afirmação com base no uso cotidiano da
linguagem.

B) O uso de uma argumentação baseada em argumentos preferíveis, pois o autor faz uso de
premissas que não são logicamente verdadeiras.
C) O uso inadequado do senso crítico, fazendo com que o texto perca seu valor argumentativo
e invalidando a afirmação feita pelo autor.

D) O uso de uma argumentação adequada, baseada no senso crítico, visível pelos exemplos
dados pelo autor.

E) O uso de citações para defender o ponto de vista do autor.

5) A referenciação é um dos aspectos mais relevantes quando se trata de textos


considerados significativos na universidade. Quais são as fontes de pesquisa mais
confiáveis para os textos acadêmicos? Marque a alternativa correta:

A) Artigos de opinião de jornalistas renomados e reportagens.

B) Livros da área e revistas acadêmicas.

C) Estatísticas decorrentes de pesquisas feitas por jornais de circulação nacional.

D) Livros de autores literários conhecidos do grande público.

E) Textos de revistas semanais de notícias e de jornais diários.

NA PRÁTICA

A academia se constitui como um espaço de escrita e de leitura. Essa característica decorre do


significativo papel de colaborar para o desenvolvimento científico. Somente a partir da
divulgação dos conhecimentos gerados na universidade, essa colaboração à sociedade e à
ciência se torna efetiva. Tão relevante quanto a divulgação, é a própria constituição do
conhecimento nesse meio. A identificação de fontes confiáveis de informação é crucial, bem
como a honestidade de reconhecer e citar as fontes de pesquisa.
A seguir, você vai conhecer Liliana, que se depara com a importância da escrita e da leitura no
seu cotidiano na universidade.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

SAIBA +

Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do
professor:

Academia Brasileira de Letras (ABL)

No link, você tem acesso ao site oficial da ABL, onde consta o Vocabulário Ortográfico da
Língua Portuguesa, que incorpora as Bases do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,
essencial na produção textual. Além disso, você tem disponível o Acordo Ortográfico de 1990,
de forma gratuita, e os acervos arquivístico e bibliográfico da ABL.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!

Você também pode gostar