Metodologia Do Ensino de Filosofia
Metodologia Do Ensino de Filosofia
ENSINO DE FILOSOFIA
2ª Edição
Indaial - 2020
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
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Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
ISBN 978-65-5646-023-9
ISBN Digital 978-65-5646-024-6
CDD 107
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO.........................................................7
CAPÍTULO 2
O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA............43
CAPÍTULO 3
A SALA DE AULA DE FILOSOFIA...................................................73
APRESENTAÇÃO
A disciplina de Metodologia do Ensino de Filosofia se apresenta como um
importante componente curricular na formação do professor de Filosofia, não só
por criar espaço para a reflexão sobre a relação entre o pensamento filosófico e
a formação humana, mas por refletir os aspectos práticos da ação docente do
professor de Filosofia.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Tratar do ensino de Filosofia implica refletir sobre dois conceitos centrais —
Filosofia e Ensino —, para só depois se estabelecer uma relação entre ambos.
Compreender de maneira mais ampla os conceitos de Filosofia e de Ensino,
certamente ajudará a clarear os caminhos para se estabelecer uma metodologia
de ensino mais crítica e mais adequada, dentro de seu contexto do ensino.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
2 O CARÁTER PRÁTICO DA
FILOSOFIA
A Filosofia ainda que se apresente de forma teórica — aspecto muito
combatido atualmente —, também possui um caráter essencialmente prático,
tanto por se ocupar com o levantamento de problemas relativos ao mundo e à
existência como por ser necessário resolver essas questões.
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Sabe-se que a Filosofia nasce com Tales de Mileto, quando ele procura a
explicação do mundo no próprio mundo, e assim determina a origem de todas
as coisas em um elemento da própria natureza. Dessa forma, acaba saindo da
abordagem mitológica da realidade, em que a origem das coisas e do mundo
se localizavam nas narrativas que misturavam deuses e homens. Tales dá um
salto metodológico, buscando mais clareza nas respostas às perguntas que fazia.
Porém, seu salto metodológico não é de todo absorvido pela tradição filosófica
que a ele se segue. Seu método de buscar no próprio mundo a explicação para ele
mesmo foi deixado de lado. Assim, a ciência empírica, pautada na observação,
que mais tarde foi adiada pela tradição vinda de Parmênides, influenciou Sócrates,
Platão e, por consequência, Aristóteles.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
“Eis uma resposta absolutamente cristalina para nossa pergunta: ‘Por que
filosofar?’ Existe necessidade de filosofar porque a unidade está perdida. A origem
da filosofia é a perda do uno, é a morte do sentido” (LYOTARD, 2013, p. 45).
Quanto a isso, só mais tarde a unidade entre os contrários começa a ser pensada
como parte legítima do real, principalmente com o pensamento dialético proposto
por Hegel, também utilizado por Marx.
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Porém, vale lembrar que Nietzsche também procurou dar destaque à forma
como o pensamento filosófico surgiu na Grécia, num momento de esplendor, de
contemplação da vida, pois nesse momento a cisão entre pensamento e vida
ainda não havia acontecido. Entretanto, o rumo que a Filosofia grega tomou
depois disso foi catastrófico. A separação entre pensamento e vida implicaria para
Nietzsche na decadência do mundo.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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O docente de Filosofia não deve ter medo de perguntas. Pelo contrário, elas
devem constituir a essência da aula. Instigar os alunos com perguntas ajuda tanto
a ensiná-los a questionar a realidade e despertar a dúvida e a curiosidade, como
os ensina a formular suas próprias questões, abrindo um novo horizonte a ser
desvelado. Esse perguntar-se constante ajuda a despertar nos alunos problemas
filosóficos, ou seja, questões que os impulsionem a uma reflexão filosófica.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
A educação libertadora faz com que o homem se veja como parte viva da
realidade, e não separado dela. Homem e mundo se fundem — um está contido
no outro. Essa percepção integrada é que permite o exercício pleno da liberdade,
pois devolve ao homem a compreensão de que ele também é sujeito participante.
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g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2019/01/22/fa-de-
filosofia-jovem-de-ribeirao-preto-tira-mil-na-redacao-do-enem-ao-
citar-sartre-para-debater-internet.ghtml. Acesso em: 11 nov. 2019.
Desse modo, a Filosofia serve para despertar o senso crítico, serve para
evitar que alguém seja manipulado pelas falsas ideias, serve para proporcionar ao
homem meios e alternativas de lidar com os conflitos existentes na sua realidade,
serve para aproximá-lo da felicidade. Esse é seu fim, levantado desde a Grécia.
Dessa forma, o professor de Filosofia não deve perder de vista essa condição. O
objetivo sempre presente na Filosofia é a busca de felicidade, do bem-estar, do
bem viver, seja como pano de fundo ou como ponto de partida e/ou chegada do
filosofar.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
O problema é o fato de que talvez o amor não se constitua como uma escolha
racional. Partindo da hipótese de que não é possível ensinar alguém a amar, talvez
seja possível, no mínimo, possibilitar o despertar desse amor. Para se despertar o
amor de alguém por algo, o primeiro passo deveria ser amar a ambos, quer dizer,
é preciso que o professor ame tanto o conhecimento que ensina como a quem ele
ensina.
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Todavia, pensar em educação humanizada significa ter uma visão mais ampla
do ser humano e de sua relação com o conhecimento. É necessário entender que
ser humano não é só pensamento, e que o pensamento tem uma ligação direta
com o sentir, pois pensar desperta sentimentos e sentir desperta pensamentos.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
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5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Nesse capítulo foram realizadas algumas reflexões iniciais sobre a Filosofia
e seu ensino. Abordou-se o seu caráter prático, a sua utilidade e as possibilidades
de seu ensino. O principal objetivo foi elencar as diversas problemáticas que a
Filosofia passou ao longo do tempo, e que ainda passa. Tudo isso para possibilitar
ao futuro docente que considere, de modo crítico, o processo de construção das
concepções de verdade, ampliando a reflexão sobre o tema e demonstrando a
amplitude dessas questões. Procurou-se evidenciar a relação direta entre o
movimento conceitual da Filosofia e os modos de conhecer, com a metodologia
de ensino aplicada pelo docente.
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Capítulo 1 A FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1985.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
MARX, K. Para a crítica da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
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MORIN, E. Ciência com consciência. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2010.
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C APÍTULO 2
O ENSINO DE FILOSOFIA NA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo trata da história do ensino de Filosofia no Brasil a partir do estudo
dos desdobramentos das políticas educacionais. Sendo possível identificar assim os
direcionamentos curriculares, suas implicações ideológicas e os interesses que estão
em jogo. Refletiremos sobre a via de mão dupla que existe na relação entre educação
e sociedade, na qual uma interfere na outra.
Faz-se necessário estar atento aos diversos significados da palavra ensino, que
abrange não só educar, capacitar, civilizar, formar, habilitar, mas também doutrinar,
domar, disciplinar, treinar entre outros. Pois, é nesse sentido amplo e dúbio que o
ensino de Filosofia e a própria educação podem ser tratados. Assim, cabe a seguinte
reflexão: em que medida o ensino de Filosofia serve para educar num sentido mais
crítico, e em que medida ele serve para domar num sentido mais manipulador e
dominador?
Outro aspecto importante a ser pensado neste capítulo diz respeito à função
da educação perante a sociedade, no sentido de contribuir na transmissão de
conhecimentos necessários à manutenção e desenvolvimento da sociedade de uma
geração para a outra. Ou seja, educar serve para manter o que já foi conquistado
e permitir a atualização e a descoberta de novos modos de viver, relacionar-se,
realizar tarefas, interpretar o mundo entre outras coisas. Isso envolve a forma como
a sociedade lida com a natureza em busca de recursos necessários a sua existência,
na busca de segurança, de conforto, e na forma como os homens se relacionam entre
si.
Uma vez que a filosofia foi despertada nos homens ao longo do tempo, ela não
ficou restrita a uma pequena parcela da sociedade. Pelo contrário, novas demandas
sociais criaram novas necessidades educacionais e com isso, o ensino de Filosofia
se expandiu para além das classes dominantes. Sendo que algumas de suas
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Por outro lado, a capacidade de se perceber como sujeito social pode não ser
necessariamente um desejo que a sociedade atual tenha em relação à formação
de seus cidadãos. A forma como a sociedade se estrutura atualmente coloca
os trabalhadores ainda na condição de subalternos de uma pequeníssima elite
econômica. E, caso a classe trabalhadora, subalterna, tome consciência dessa
realidade, as consequências podem ser devastadoras para a elite econômica, pois
corre grande risco de não mais poder exercer o seu domínio sobre essas populações.
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Deste modo, levando em consideração que educar envolve muito mais que
ensinar a execução de determinadas tarefas, romper esse condicionamento
e trabalhar na perspectiva de uma educação para além das necessidades de
mercado, não é uma tarefa fácil e se constitui um esforço diário do fazer docente.
Ainda mais no que diz respeito ao ensino de Filosofia, que se ocupa diretamente
com a formação crítica dos educandos.
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Esse dado que, de forma geral, vale para outras regiões, aponta
para uma confirmação de que a qualidade do ensino de Filosofia tem
deixado a desejar, agravada pelo fato de que profissionais de outras
áreas estão lecionando a disciplina no ensino médio.
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3 INTERESSES EM JOGO
O quadro traçado anteriormente demonstra a submissão da educação
à economia de mercado, pode-se verificar que o tom dado na formação dos
cidadãos brasileiros não contempla uma formação reflexiva capaz de despertar
a criticidade. Deste modo, falta também a essas pessoas o despertar perante à
realidade.
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4 PROBLEMAS E DIFICULTADORES
DO ENSINO DE FILOSOFIA
Diante de toda problemática que envolve a relação entre a educação e a
sociedade, o ensino de Filosofia vem sofrendo duros golpes. O que se observa é
um crescente descaso com a formação crítica e intelectual e a desvalorização do
ensino de Filosofia enquanto disciplina necessária à formação humana.
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Como já tratado aqui, a formação intelectual e crítica não tem sido alvo do
atual sistema produtivo, ficando reservada a poucos. Ao mesmo tempo, a lógica
dessa sociedade de mercado acaba por contaminar todas as esferas sociais,
difundindo assim a efemeridade inerente ao sistema governado pela lógica da
acumulação. Ou seja, numa sociedade em que a produção de bens tem como fim
a acumulação, quanto mais se produz, mais necessidade de consumir se cria para
a acumulação se consolidar. Deste modo, faz-se necessário que a mercadoria
seja comprada para que o dono do capital possa obter lucro. Caso isso não
ocorra, logicamente, o produtor terá prejuízo. Se o comprador vai efetivamente
usufruir das características físicas da mercadoria, pouco importa ao capitalista.
Esse movimento produtor de lucros acaba por se dar freneticamente, e o efeito
da necessidade de se produzir mais para lucrar mais é o responsável pela rapidez
com que se consome. Deste modo, as relações sociais também acabam seguindo
a mesma lógica, tornam-se voláteis e superficiais, assim como as relações de
mercado.
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sociedade fluida, liquida, leve e mutante. Essa contradição alinhada a uma ética
utilitarista na qual é bom aquilo que é imediatamente útil, transforma a Filosofia
em um tipo de conhecimento inútil, totalmente dispensável, de modo que o
professor de Filosofia precisa a todo tempo, demostrar a utilidade da Filosofia
numa sociedade estruturalmente tão superficial, incapaz de perceber as benesses
da ação reflexiva crítica.
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Alienação
Anteriormente, a alienação tinha um caráter predominantemente
ético em dois sentidos: no da liberdade: resultava de uma decisão
consciente, e até certo ponto livre, de aderir a padrões estrangeiros,
embora a forma torrencial com que estes fluíam sobre nós tornasse
extremamente precária a nossa liberdade de escolha; e no sentido mais
amplo do ethos: não constituímos um ethos nacional, fascinados pelo de
outras nações.
Na realidade, o segundo sentido completa o primeiro, já que o ethos
resulta de uma consciência decidida a assumir-se; e uma consciência
só se assume quando a realidade que a modela e lhe dá substância se
afloram.
Atualmente, a alienação é mantida sobretudo por uma razão que
se poderia denominar como técnica: não se sabe como imprimir outro
giro à máquina, como estabelecer novos modos de funcionamento em
que os dentes mordam a nossa substância nacional, transformando-se
em inteligência a nossa práxis.
Todos querem a mudança, mas os processos adotados até agora
de boa fé, em muitos casos, não levam a esse resultado: a máquina
roda no vazio, tal qual uma moenda sem a matéria para espremer
ou a fiandeira sem o fio para rodar. O que falta a nossa engrenagem
é o dente assentado na polpa da realidade: é o método da práxis. As
estruturas formais da universidade em que temos de descobrir o modo
pelo qual seu dinamismo já nasça da própria estrutura, e a transcenda.
Através dessa sutil deformação, reduzimos problemas de ideias,
de objetivos, de qualidade, a problemas de tecnicidade. Admite-se a
existência de uma teoria pura e de uma tecnologia pura em economia,
em educação, em ciência política etc., assim como a existência de uma
categoria de especialistas numa política de meios, desligada de uma
política de fins. Importam-se técnicos de outros países ou de outras
regiões do país, para planejar os meios, com o argumento de que
dessa forma não interferem nos fins. Acontece que os meios nascem
dos fins, não existindo uma tecnicidade dos meios que seja autônoma;
os técnicos brasileiros ou estrangeiros só podem ensinar os meios dos
seus fins, que não poderiam servir aos nossos. Uma prova de que não é
possível isolar a política dos meios, da política dos fins, sob o argumento
da pura tecnicidade dos meios, está em que os técnicos, nacionais ou
estrangeiros, quando não estão presos organicamente à estrutura de
seu pensamento os fins de sua sociedade e de sua cultura, aplicam os
seus instrumentos ao status quo do país com o qual colaboram, sem
discuti-lo, o que vale como uma homologação pura e simples dos fins
que esse status quo já representa.
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5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
E para finalizar, cabe relembrar o papel da Filosofia na formação do ser
humano que consiste principalmente no desenvolvimento da criticidade, pois é a
partir daí que se torna possível a tomada de consciência sobre a realidade e de
como agir nela, sendo o ponto de partida da conquista da liberdade. A formação
filosófica permite o desenvolvimento da capacidade intelectual e reflexiva dando
condições à construção de uma sociedade com sujeitos mais aptos a viverem a
condição de cidadãos numa democracia.
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Capítulo 2 O ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
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REFERÊNCIAS
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
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C APÍTULO 3
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Capítulo 3 A SALA DE AULA DE FILOSOFIA
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo trata das questões teóricas e metodológicas que perpassam
o ensino de Filosofia. Para tanto, procura-se fazer uma análise das diversas
abordagens presentes nos discursos pedagógicos e como elas aparecem na
sala de aula. Reflete também acerca de como a epistemologia do professor se
reflete em suas aulas, quer dizer, de como os referenciais teóricos do professor
influenciam na sua forma de ensinar.
Outro aspecto metodológico importante que este capítulo tratará com mais
detalhes é o método dialógico de Paulo Freire, pois promove a comunicação entre
educador e educando e permite ao educador extrair do educando informações
necessárias para que possa pensar em estratégias de abordagens que realmente
sejam válidas para o educando, no sentido de promover uma educação voltada
para a autonomia do homem.
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2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DO
ENSINO DE FILOSOFIA
Todas as pessoas possuem formas de ver o mundo e de pensar a
realidade. Sejam elas conscientes ou não, essas formas moldam e direcionam
o olhar, atuando como lentes que direcionam para o que se considera mais
importante. Essas lentes que condicionam o olhar das pessoas são chamadas de
paradigmas. Os paradigmas são modos de pensar que determinam a percepção
de mundo dos sujeitos. Diversos foram os paradigmas que os homens criaram
ao longo do tempo. Como os paradigmas reforçam um determinado olhar sobre
a realidade, no contexto da sala de aula eles direcionam o tipo de metodologia
a ser empregada pelo professor. Ou seja, as concepções teóricas do docente, o
modo como enxerga e entende a realidade e o conhecimento acerca dela, serão
decisivos quanto a seu modo de ensinar. E é neste ponto, teoria e prática, que
eles se relacionam.
A ação humana é por si uma ação pensada, ou seja, o ser humano planeja
suas ações no pensamento antes de agir. Deslocando essa ideia para o campo da
Filosofia e da Pedagogia, a ação pedagógica, enquanto ação humana, também é
pensada, ou seja, pretende ser refletida e, portanto, planejada. Neste ponto vale
destacar a importância da epistemologia do professor. Ela interfere diretamente
tanto no modo como ele pensa quanto no modo como age pedagogicamente.
Assim, a metodologia de ensino aplicada pelo professor de Filosofia é resultado
direto da lente que ele escolheu para olhar a realidade.
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A EPISTEMOLOGIA DO PROFESSOR
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Paulo Freire trouxe à tona o debate sobre como ensinar a partir da realidade
do próprio educando, suas perspectivas teóricas envolvem a prática da liberdade
e a emancipação das classes populares. Propõe em Pedagogia do Oprimido a
superação da relação de opressão, em que a mera mudança de posição entre
opressor e oprimido não resolve o problema. E para superar a relação de
opressão, o primeiro passo é a formação crítica das classes populares para que
possam recobrar a consciência de mundo e sua autonomia perante ele.
Pois, para Paulo Freire (1987), é a partir do diálogo que os homens ganham
significação entre eles, se não há possibilidade de diálogo é porque há relação
de opressão, de subjugação. Sendo o diálogo uma exigência existencial, a
educação não pode ter um caráter autoritário, nem ser um depósito de ideias nos
educandos, não pode ser descomprometida com o mundo, nem um processo de
imposição de verdades.
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uma escola unitária. Desse modo, faz-se necessário duas escolas radicalmente
diferentes, opostas, heterogêneas e antagonistas. “As duas grandes redes de
escolaridade são a SS (Secundária Superior) e a PP (Primária Profissional), que
corresponderiam à divisão da sociedade em burguesia e proletariado” (ARANHA,
1996, p. 192). Assim, a escola reafirma a diferença entre as classes sociais
separando o trabalho intelectual (SS) do trabalho manual (PP), e assegura a
manutenção da estrutura capitalista de produção. “A divisão em redes não se dá
no final da escolarização, como se poderia supor, pois desde o começo os filhos
dos proletários estão destinados a não atingir níveis superiores, encaminhando-
se para as atividades manuais” (ARANHA, 1996, p. 192).
Assim, Saviani propõe uma teoria educacional que abarque essa realidade.
Sua pedagogia histórico-crítica entende que a escola deve ser um lugar de
socialização por meio da apropriação do conhecimento produzido histórica e
socialmente, sendo capaz de formar cidadãos críticos e ativos socialmente, para
Saviani, “[...] o ponto de partida e o de chegada do processo educativo é sempre a
prática social” (ARANHA, 1996, p. 216).
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3 CAMINHOS METODOLÓGICOS
PARA O ENSINO DE FILOSOFIA
Tratar de um método específico para o ensino seria compreender a educação
e o educando como estáticos, como objetos dados fixamente, os quais se
pudessem extrair conceitos fixos e estáveis. Considerando a educação como uma
atividade humana dotada de sentido e intencionalidade, fica difícil estabelecer
um parâmetro fixo e objetivo pelo qual se possa traçar um método de ensino.
Por isso, é preferível se referir a caminhos metodológicos, pois cada docente,
dentro de seu perfil e do perfil dos discentes, deve traçar as suas possibilidades
de caminhos metodológicos.
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4 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
NO ENSINO DE FILOSOFIA
O processo de avaliação reflete as bases teóricas e metodológicas adotadas
pelo professor. Desse modo, vale refletir sobre os modos de avaliar e seus reais
efeitos nos educandos. Uma avaliação feita sem critérios pode incorrer em
desencontros entre os objetivos traçados e os atingidos.
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5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Refletir sobre a sala de aula de Filosofia envolve tomadas de posições, pois a
ação pedagógica não é neutra, e causa impactos na sociedade enquanto prática
social. Por isso, ela deve estar prenhe de intencionalidades. Nesse sentido,
o professor ou professora necessita fazer o movimento de reflexão a cada ato
pedagógico, para que possa se avaliar e readequar sua prática aos objetivos que
pretende alcançar.
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REFERÊNCIAS
ARANHA, M. L. A. de. Filosofia da Educação. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
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