MD_UDxxxxxx_V(11)Pt
Módulo I
Introdução à Multimédia
1 Técnicas e tecnologias de
comunicação
UD008619 (01)
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
ÍNDICE
MOTIVAÇÃO......................................................................................... 3
OBJETIVOS .......................................................................................... 4
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 5
1. ORIGEM DA COMUNICAÇÃO ..................................................... 7
1.1. SINAIS E SIGNOS .................................................................. 8
1.2. LINGUAGEM .......................................................................... 9
1.3. TEORIAS E PATAMARES DE COMUNICAÇÃO ..................... 9
1.4. A ESCRITA ........................................................................... 12
1.4.1. A ESCRITA IDEOGRÁFICA............................................................. 12
1.4.2. A ESCRITA ALFABÉTICA ............................................................... 13
1.5. A TEORIA DOS CAMPOS SOCIAIS ............................................... 14
1.5.1. Automatização do campo dos media ............................................ 16
1.6. IDEOLOGIA E CULTURA MODERNA ............................................. 18
2. MULTIMÉDIA .................................................................................. 23
2.1. ORIGEM DA PALAVRA MULTIMÉDIA ............................................ 23
2.2. OS DIFERENTES TIPOS DE MEDIA ..................................... 24
2.2.1. MEIOS ANALÓGICOS E MEIOS DIGITAIS ..................................... 25
2.3. ORIGEM DE FICHEIROS MEDIA .......................................... 31
2.4. DIVULGAÇÃO ...................................................................... 32
2.5. INTERATIVIDADE ...................................................................... 34
2.6. AS VANTAGENS DA MULTIMÉDIA................................................ 35
2.7. DESAFIOS MULTIMÉDIA ............................................................ 35
3. A COMUNICAÇÃO MULTIMÉDIA........................................................ 37
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
3.1. NECESSIDADES E EXPECTATIVAS .............................................. 38
3.2. CONVERGÊNCIA ..................................................................... 38
3.3. A MULTIMÉDIA NAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS ......................... 39
CONCLUSÃO...................................................................................... 41
RESUMO ........................................................................................... 42
AUTOAVALIAÇÃO ............................................................................... 43
SOLUÇÕES ........................................................................................ 47
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO ................................. 48
BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 49
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
MOTIVAÇÃO
Lembra-se dos primeiros vídeos que apareceram na televisão? Anúncios com
uma mensagem simples e direta para o público?
Nesta unidade didática terá a oportunidade de começar a aprender e a usufruir
de uma nova linguagem: “A Linguagem Multimédia”. Esperamos que seja uma
etapa repleta de entusiasmo e vontade de descobrir sempre mais. Como irá
perceber em breve, a multimédia usa muitas formas de comunicação diferentes
e poderosas. Existem também muitos segredos, truques e ilusões que serão
revelados ao longo desta unidade. Ficará certamente com os conhecimentos
necessários para os vir a descobrir por si próprio num futuro próximo.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
OBJETIVOS
Ao finalizar esta unidade didática será capaz de:
Conhecer a origem da comunicação e todo o processo envolvente.
Dar os primeiros passos e descobrir o vasto mundo da multimédia,
através de todas as suas vertentes.
Reconhecer as potencialidades e perigos inerentes à comunicação
multimédia.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
INTRODUÇÃO
Esta unidade didática, denominada “Técnicas e tecnologias de comunicação”,
será uma primeira abordagem ao mundo da comunicação e das suas técnicas,
onde terá muitas curiosidades e aspetos que lhe irão provocar interesse. Irá
passar por diversos autores que explicam a história e as formas de comunica-
ção. Desse modo, será aconselhável que dedique algum tempo a pesquisar e a
aprofundar conhecimentos sobre os temas que lhe despertem maiores interro-
gações.
Ao longo da unidade, serão abordados os diferentes meios que a multimédia
utiliza. Provavelmente irá sentir mais afinidade com uns do que com outros. Há
pessoas que gostam mais de áudio, outras que gostam mais de vídeo e outras,
eventualmente, de escrever. É normal e não há problema nenhum, uma vez que
todos eles são meios multimédia.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
1. ORIGEM DA COMUNICAÇÃO
O conceito da palavra comunicação deriva do latim communicatio, que significa
compartilhar, trocar informação. O ser humano, desde a sua existência, foi um
ser social que procurava exprimir-se de diversas formas. Procurou desde sem-
pre interagir com o seu semelhante, procurando formas e técnicas que levas-
sem à compreensão das suas formas de expressão. Para conseguirmos enten-
der a comunicação, temos de conhecer todo o processo.
Como Adriano Duarte Rodrigues indica no seu livro Comunicação e Cultura,
todos nós temos dispositivos comportamentais automáticos.
São estes dispositivos que permitem e garantem a sobrevivência dos indiví-
duos, como, por exemplo, a fome ou a sede, ou ainda, outros dispositivos com-
portamentais automáticos que garantem a sobrevivência da espécie, como, por
exemplo, o instinto sexual.
Para que os seres vivos sejam capazes de sobreviver, necessitam de dispositi-
vos instintivos permitindo que percecionem sensorialmente os sinais enviados
pelo mundo que os rodeia.
Os dispositivos instintivos permitem que os seres vivos estabeleçam relações e
mecanismos de transação.
O Professor Adriano Duarte Rodrigues é um Professor Catedrático
desde 1980 na área da Comunicação. É também investigador da
área da Comunicação e Linguagem.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
1.1. SINAIS E SIGNOS
Os seres humanos relacionam-se com o mundo e com eles próprios através de
signos culturais. Os seres humanos têm autonomia em relação aos signos do
mundo, conseguindo assim transformar sinais em signos.
Os sinais só poderão existir na presença de estímulos, que vão dar origem à
produção de uma resposta adequada. A ciência que estuda os signos é a se-
miótica.
Os signos são concebidos culturalmente, só podendo existir na ausência de
estímulos sensoriais. Representam o meio ambiente e intervêm na sua elabora-
ção, convertendo-o numa realidade cultural, ou seja, o mundo como o conhe-
cemos.
Podemos encontra-los em algo que está presente no dia a dia, por exemplo, a
sinalização de trânsito existente. Será que o vermelho abundante presente no
sinal de stop e proibido é coincidência? E o azul do sentido obrigatório, que
permite avançar por essa direção?
Os signos, podem ser definidos como: uma coisa que representa uma outra
coisa. O vermelho é um signo que está presente no sinal de stop, mas que re-
presenta uma outra coisa (ou várias outras coisas). Pode representar o fogo, o
sangue, algo que existe na natureza e provoca o medo, algo que nos leva natu-
ralmente a parar.
Pode ler o Manual de Semiótica, elaborado pelos professores
António Fidalgo e Anabela Gradim. Para ter acesso a este manual,
bastante completo, visite o website da Universidade da Beira Inte-
rior, no seguinte link: http://www.bocc.ubi.pt/pag/fidalgo-antonio-
manual-semiotica-2005.pdf
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
1.2. LINGUAGEM
A linguagem é um elemento da comunicação social. Sem esta não há sociedade
e vice-versa.
Julia Kristeva diz-nos que “a linguagem é simultaneamente o único modo de ser
do pensamento, a sua realidade e a sua articulação”.
Kristeva recusava aceitar que a linguagem era instrumento do pensamento, in-
dicando que não havia linguagem sem pensamento nem pensamento sem lin-
guagem.
A linguagem produz e comunica um pensamento simultaneamente, não poden-
do existir um sem o outro ou deixaria de existir linguagem. Teremos de ter sem-
pre dois sujeitos.
Cada um dos sujeitos é destinador e destinatário da própria mensagem, uma
vez que tem de a decifrar e compreender para a transmitir — “Falar é falar-se”.
Julia Kristeva é uma filósofa, escritora e crítica literária, búlgaro-
francesa. Rege-se pelo estruturalismo, cujo fundador é Saussure.
1.3. TEORIAS E PATAMARES DE
COMUNICAÇÃO
Pedro Miguel Frade fala da complexificação das sociedades, indicando que esta
provoca cada vez mais uma complexificação dos processos de comunicação.
Esta complexidade de comunicação entre os investigadores causou uma diver-
sidade de abordagens ao termo comunicação.
Existem quatro teorias da comunicação segundo Pedro Frade:
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Científica — A codificação e formalização logico-matemática das suas
metodologias, exigência de objetividade na recolha e processamento
de dados. Os requisitos de consistência, replicabilidade e refutabilidade
dos enunciados.
Normativa — A tentativa de definir como se devem estabelecer os pro-
cessos de comunicação de acordo com a aceitação de valores sociais,
culturais, éticos ou políticos.
Operativas — O saber específico e especializado em que cada institui-
ção/organização produz sobre o seu objeto e sobre as suas rotinas de
trabalho.
Espontâneas/Senso Comum — É o que cada sujeito comunicante for-
ma acerca da comunicação segundo as suas experiências.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Estas teorias irão incidir sobre uma diversidade de patamares de comunicação:
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
1.4. A ESCRITA
A passagem da oralidade para a escrita teve vários momentos-chave:
A passagem da representação literal do objeto através da imagem à
representação abstrata do mesmo, utilizando imagens que combinadas
representavam o objeto.
O afastamento do uso da imagem para representação dos objetos para
a imagem como representação dos fonemas.
A escrita ideográfica.
A escrita alfabética.
1.4.1. A ESCRITA IDEOGRÁFICA
A escrita ideográfica é o sistema de escrita através de ideogramas. Estes carac-
teres separados representam objetos, ideias, pensamentos ou até mesmo pala-
vras.
Este tipo de escrita está verdadeiramente representado em duas civilizações, a
suméria e a egípcia.
No caso da civilização suméria, a escrita era cuneiforme, sendo que os objetos
gravados eram semelhantes ao que queriam representar.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Inicialmente, esta forma de comunicação era figurativa, representando assim
objetos do dia a dia para trocas comerciais, principalmente. Com o avançar do
tempo tornou-se abstrata, sendo que pictograficamente era complexa e que
isoladamente estas figuras não tinham qualquer relação com as palavras.
No caso da civilização egípcia, a escrita era hieroglífica sendo que a respetiva
combinação dos pictogramas leva algumas vezes a representações abstratas.
1.4.2. A ESCRITA ALFABÉTICA
Com o aumento das trocas comerciais e da crescente socialização, o recurso
aos pictogramas tornou-se desajustado, tendo de se inovar a forma de escrita.
As civilizações fenícia e grega contribuíram para o desenvolvimentos da escrita
alfabética.
A civilização fenícia criou por si um alfabeto que apesar de ser inovador para a
forma de comunicação, não continha vogais, dificultando assim a sua perceção.
Desta forma, estavam dependentes da interpretação de cada sujeito.
A civilização grega, já mais avançada com o seu poder político, é responsável
por impor o alfabeto jónico às respetivas alternativas que se estavam a desen-
volver. Uma destas alternativas era o alfabeto romano.
O alfabeto jónico continha vogais, tendo servido como base para a criação dos
respetivos alfabetos.
Isto permitiu à civilização grega ter um maior controlo e desenvolvimento da sua
organização política e social.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
A escrita neste tempo enfrentou obstáculos, dado que após se ter implementa-
do um alfabeto, o problema recaía sobre a impressão e o papel. Muitas vezes, o
espaço limitado e o preço do fabrico do papel tornavam muito caro a criação de
livros ou de outro suporte de leitura.
1.5. A TEORIA DOS CAMPOS SOCIAIS
Acerca das estratégias da comunicação, Adriano Duarte Rodrigues indica que,
nas sociedades sociais, alguns campos funcionam como um bloco único, obe-
decendo à mesma legitimidade transcendente. Estes campos eram o económi-
co, o religioso e o político.
Aquando da viragem da modernidade, estes mesmos campos automatizaram-
se e proliferaram, tentando cada um deles ocupar o lugar central deixado pelo
campo religioso.
Cada um destes campos reivindicou uma esfera autoritária e competente, onde
procurava legitimar posições contraditórias. Ou seja, cada um destes campos
procurava impor, sancionar e estabelecer determinadas regras a outros campos
dentro da esfera.
A automatização dos campos sociais na modernidade está ligada à ordem tota-
lizante do religioso, sendo que este processo é uma reivindicação da razão hu-
mana iluminada e da aceitação da autonomia das ordens de valores de verdade
em relação aos valores éticos e estéticos.
Os desenhos animados são um bom exemplo da distinção que
havia nos campos sociais.
Distinção entre o verdadeiro e o falso, o bom e o mau ou mesmo o
justo e o injusto.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Este processo caracteriza-se também pela fragmentação do tecido social numa
grande multiplicidade de esferas de legitimidade.
Um campo social constitui uma instituição social, sendo que uma esfera de legi-
timidade impõe autoridade e indiscutivelmente atos de linguagem, discursos e
práticas conformes dentro de um domínio específico.
Podemos dizer que a legitimidade é o critério fundamental dos campos sociais,
sendo que estes impõem uma ordem axiológica própria, ou seja, um conjunto
de valores que impõe a todos com força vinculativa.
A legitimidade de um campo social incide sobre o processo global de institucio-
nalização dos valores que são próprios de determinado campo, desde a criação
e gestão à sua imposição e sanção. Esta legitimidade faz com que a especifici-
dade de um campo social seja publicamente reconhecida e respeitada pelo
conjunto da sociedade.
Todos os campos sociais têm um corpo que é constituído pelo conjunto global
de detentores da legitimidade instituinte desse mesmo campo, sendo a principal
característica a sua visibilidade. Essa visibilidade é tanto maior quanto mais
formal for a organização do respetivo campo social. Estas asseguram a visibili-
dade através da modalização dos discursos, gestos ou comportamentos mar-
cando de forma distinta os detentores da legitimidade institucional em diversos
domínios da vida coletiva.
Mas os campos sociais não funcionam com o mesmo ritmo nem com intensida-
de idêntica, sendo que estes possuem diversas formas de funcionamento vari-
ante do lugar ou do momento. Alguns campos sociais podem funcionar em re-
gime lento ou mesmo sem ritmo, sendo que um campo social que não tenha um
ritmo de aceleração e evolução tende a fazer com que a sua presença enfra-
queça assim como a sua força coerciva.
Estas diferenças de ritmo dos campos sociais estão sempre ligadas à forma e
natureza estratégica do seu funcionamento, de como estes campos entendem
que têm de mobilizar o espaço público.
Os campos sociais religioso, político e económico não são únicos,
coexistindo com uma multiplicidade de outros campos.
Podemos verificar que existem dimensões em cada um dos campos, ou seja, estas
dimensões projetam reflexos em cada um dos campos que atravessam.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Podemos encontrar dimensões religiosas no campo político.
Os campos sociais também podem assumir modalidades estratégicas de:
Cooperação — Podendo dois campos cooperarem estrategicamente
com o intuito de amplificar os seus efeitos institucionais de coerção.
Conflito — Surgindo quando dois campos ou mais se impõem à própria
ordem axiológica numa mesma esfera.
Axiológico — valores predominantes numa determinada sociedade.
1.5.1. AUTOMATIZAÇÃO DO CAMPO DOS MEDIA
Com a automatização dos campos sociais e a constituição moderna, institui-se
aquilo a que damos o nome de publicidade. A publicidade é entendida como o
processo de tornar público.
Com base nisto, iremos falar sobre o campo dos media que é importantíssimo
para a comunicação.
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TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
O campo dos media é entendido como um campo com legitimidade expressiva
e pragmática, cuja natureza é uma legitimidade delegada dos restantes campos
sociais. Este campo funciona seguindo os princípios de estratégia consoante os
objetivos e dos interesses dos diferentes campos sociais.
O termo media assume um sentido mais lato em comparação ao termo mass
media, sendo que o campo dos media é a designação de uma instituição de
mediação que se insere na modernidade e superintende a gestão dos dispositi-
vos de mediação da experiencia dos diferentes campos sociais.
O campo dos media compreende uma legitimidade predominante marcada pela
especificidade do seu domínio de competência, realizando a mediação entre os
diferentes campos sociais, religando entre si o mundo moderno fragmentado.
As funções de mediação correspondem a uma esfera autónoma, tendo por base
uma exigência estratégica de articulação entre os valores legítimos desviantes e
conflituais dos diversos campos sociais.
Esta legitimidade assenta assim na gestão, inculcação, elaboração e sanção de
valores de representação, de transparência e de nitidez do mundo da experiên-
cia.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
A palavra inculcação tem como significado recomendar ou propor.
Este campo é demarcado pela transparência e a dessacralização, assim como o
dizer prevalece sobre o fazer.
Ao contrário dos outros campos tende a funcionar em regime acelerado, sendo
um campo de tensão.
1.6. IDEOLOGIA E CULTURA MODERNA
Os meios de comunicação coexistem nos dias de hoje, mesmo quando se pen-
sava que com o aparecimento da televisão, esta iria substitui o rádio ou até
mesmo que a rádio iria substituir a imprensa. Nada disto se verificou e continu-
am a coexistir, como alerta o autor J. B. Thompson.
A comunicação em massa surgiu especialmente no século XIX, com o apareci-
mento da imprensa e também com a emergência da difusão por ondas no sécu-
lo XX, tendo um impacto profundo no tipo de experiências e nos padrões de
interação predominantes nas sociedades modernas.
Thompson questiona se o termo «comunicação em massa» é o mais adequado
e apropriado para ser usado.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
J.B. Thompson é um sociólogo e professor na universidade de
Cambridge.
Estudou a influência dos media na sociedade moderna tendo lan-
çado diversos livros.
A comunicação em massa deve ser encarada como um produto que está dis-
ponível a um conjunto de recetores podendo os mesmos apropriar-se dele de
forma ativa, estes recetores vêm as mensagens dos meios de comunicação
com graus diferentes de concentração, interpretando-as ativamente dando-lhe
um sentido subjetivo, estes relacionam-nas com outros aspetos da sua vida.
Relativamente à capacidade de intervenção destes recetores, esta tem que ver
com o facto de, enquanto consumidores, estes podem realizar as suas próprias
escolhas. Começamos por escolher um certo produto e depois partimos para o
seu suporte podendo ler um em vez de outro. Somos quem faz a seleção do
que queremos ler e em que meio escolhemos.
Quando temos um jornal, podemos só ler as "letras gordas" e fazer
o controlo total do que lemos, tendo assim um controlo sob o me-
canismo comunicacional.
A comunicação de massa implica a transmissão num só sentido, do transmissor
para o recetor, existindo uma rutura fundamental entre o produtor e o recetor.
Assim sendo podemos entender a comunicação de massa como a produção
institucionalizada e a difusão generalizada de bens simbólicos através da
transmissão e armazenamento da informação/comunicação.
Thomson indica assim quatro características da comunicação de massa:
A produção e a difusão institucionalizadas de bens simbólicos:
A comunicação de massas pressupõe o desenvolvimento de institui-
ções interessadas na produção e na difusão generalizada em larga es-
cala de bens simbólicos. Tudo isto implica a difusão de múltiplas có-
pias ou a provisão de materiais para inúmeros recetores, sendo possí-
vel pela fixação de formas simbólicas em meios técnicos e pela repro-
dução dessas formas. Estas mesmas formas simbólicas passam a ser
tratadas como objetos para serem vendidos, podendo assim concluir
que a comunicação em massa deve ser entendida como um conjunto
de instituições interessadas na fixação, reprodução e mercantilização
das formas simbólicas.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
A comunicação de massa institui uma rutura entre a produção e a re-
ceção de bens simbólicos:
Todos os bens produzidos para os recetores são mediados pelos mei-
os técnicos em que estão fixados e são transmitidos. A mediatização
das formas simbólicas é efetuada através da comunicação de massas
e implica um fluxo de mensagens de um só sentido, do produtor ao re-
cetor, tornando-se assim limitada a capacidade do recetor influenciar
os processos de produção e difusão. Os bens simbólicos são assim
produzidos para audiências e transmitidas para estas mesmas.
A comunicação de massa aumenta a acessibilidade das formas simbó-
licas no tempo e no espaço:
Os meios de comunicação de massa implicam um alto grau de distan-
ciamento, tanto no espaço como no tempo, sendo os bens simbólicos
geralmente fixados num meio durável, como, por exemplo, o papel.
Estes bens também ampliam a acessibilidade no tempo e podem ser
preservados para uma utilização futura, sendo que a natureza e a ex-
tensão do distanciamento podem depender das práticas sociais e das
condições técnicas da receção.
A comunicação de massa implica a circulação pública das formas sim-
bólicas:
Os produtos de comunicação de massa são produzidos para uma plu-
ralidade de recetores, sendo que os produtos circulam dentro de um
domínio público, no sentido em que são sensíveis a qualquer um que
detenha os meios técnicos, a habilidade e recursos para adquirir os
mesmos. As instituições de comunicação de massa têm o objetivo de
alcançar a maior audiência possível, sendo que quanto maior o tama-
nho da audiência, maior a possibilidade de afetar a parte económica
dos produtos.
A forma como estes produtos são apropriados pelos recetores também
pode variar consoante o meio, o produto, dos canais de difusão, das
condições sociais e das técnicas de receção.
Surge então um impacto interacional dos meios técnicos, considerando a forma
como o desenvolvimento da comunicação de massa afeta a organização social
da vida quotidiana.
Estes meios técnicos tornaram assim possíveis novas formas de ação e intera-
ção no mundo social, sendo que esta interação se transformou com a chegada
e o desenvolvimento da televisão.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Desta forma, surgem as quatro dimensões do impacto interacional dos meios
técnicos:
Os meios técnicos facilitam a interação através do tempo e do
espaço:
Os indivíduos desenvolvem formas de interação social em que dispen-
sam a partilha de um local físico comum, ou seja, um espaço temporal
comum denominado a "quase interação mediatizada", onde o fluxo de
comunicação é feito num só sentido, sendo que a forma de comunica-
ção com o comunicador principal é limitada por parte dos recetores.
Esta "quase interação mediatizada" tem consequências no modo como
os comunicadores e os recetores se relacionam, inclusive consigo
mesmos.
Os meios técnicos modificam a maneira como as pessoas agem
em resposta aos outros que estão distantes:
O aparecimento dos meios técnicos permitiu que os indivíduos conse-
guissem comunicar através de novas formas e mais eficientes, permi-
tindo manter as suas relações através do tempo e do espaço.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
O telefone é um exemplo de um meio técnico que permite aos
indivíduos manter as suas relações através do tempo e do es-
paço.
Os meios técnicos modificam a maneira como as pessoas agem
em resposta aos outros que estão distantes:
Os meios técnicos podem criar oportunidades para as pessoas agirem
em resposta a outras que estão distantes espacial e/ou temporalmente.
A natureza e o objeto da ação refletem-se no facto de as mensagens
poderem ser recebidas por uma audiência diversificada, tendo um efei-
to diferente de pessoa para pessoa.
Os meios técnicos modificam a maneira como as pessoas agem
e interagem no processo de receção:
Com o desenvolvimento dos meios técnicos, estabelecem-se assim
novos contextos e formas de interação, sendo as pessoas rotineira-
mente contratadas na receção e apropriação das mensagens mediadas
por estes meios.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
2. MULTIMÉDIA
2.1. ORIGEM DA PALAVRA MULTIMÉDIA
A utilização das novas tecnologias nos mais diversos setores da sociedade tem
vindo a aumentar constantemente e, atualmente, percebe-se que é uma mu-
dança irreversível. É neste contexto que surge a multimédia. Os meios multimé-
dia entram nas nossas vidas de forma tão natural que por vezes nem reparamos
devidamente neles. A multimédia surge em formatos muito diferentes. Pode ser
quase qualquer coisa que vemos, ouvimos ou tocamos. Como outra linguagem,
quanto melhor a entendermos, melhor e mais rapidamente a conseguiremos
dominar. Assim, será bastante importante que, de agora em diante, tome aten-
ção a todas as fontes multimédia com que tem contacto no seu dia a dia. En-
quanto algumas são relativamente fáceis de identificar, outras podem passar
ligeiramente despercebidas. Fica o desafio de as identificar todas.
Multimédia é a combinação de um ou mais elementos como tex-
tos, imagens, gráficos, áudio, vídeo ou animações. O acesso à
Multimédia acontece digitalmente, através de computadores ou
outros meios tecnológicos. A sua utilização poderá ter os mais
diversos fins.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Podemos definir multimédia como a utilização diversificada de meios, entre o
emissor e o recetor, para a divulgação da mensagem.
A multimédia, em geral, poderá ser divida em duas categorias:
a) Linear.
A linearidade em multimédia acontece quando o utilizador apenas re-
cebe a informação que é transmitida, não podendo, em momento al-
gum, alterá-la ou sequer decidir a ordem como algo acontece. Isto veri-
fica-se quando, por exemplo, assistimos a um filme no cinema ou a um
programa de televisão, onde o espetador não pode alterar a programa-
ção.
b) Não-linear.
A não-linearidade é o inverso. Quando é permitido ao utilizador interagir
e decidir a ordem pela qual acede a determinado conteúdo. Isto acon-
tece quando, por exemplo, jogamos um jogo de computador ou ace-
demos às músicas de um CD.
2.2. OS DIFERENTES TIPOS DE MEDIA
Em relação à sua natureza os media dividem-se em dois grupos. Os media está-
ticos e os media dinâmicos.
Os media estáticos, alternativamente denominados de media discretos ou es-
paciais, referem-se a todos os tipos de media que não dependem do tempo.
São colocados num determinado espaço e apenas podem variar nas suas pro-
porções ou localizações. Por exemplo, os textos e as imagens são tipos de me-
dia estáticos. Cada utilizador poderá visualizá-los ao seu próprio ritmo, sem que
percam o significado.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Os media dinâmicos, também conhecidos como media temporais ou contínuos,
são aqueles que dependem de uma passagem temporal. A mensagem será
transmitida gradualmente ao longo de um período de tempo e exige uma repro-
dução sem pausas, para que o significado não seja perdido ou adulterado. Tal
acontece, por exemplo, com os vídeos, animações e sons. Imaginemos o
exemplo dos sentimentos transmitidos por uma música. Provavelmente serão
diferentes quando a música é ouvida na sua totalidade ou quando é interrompi-
da a meio.
Um simples ficheiro de Word, que contenha textos e imagens é
considerado um produto multimédia, pois reúne em si mais do que
um tipo de media. Assim, esse ficheiro de Word será logicamente
um exemplo de media estático. Caso, por exemplo, se trate de um
ficheiro de PowerPoint com esses mesmos textos e imagens, mas
caso estejam constantemente animados, aí já se tratará de um
exemplo de media dinâmico.
2.2.1. MEIOS ANALÓGICOS E MEIOS DIGITAIS
Sempre que trabalhamos com meios multimédia devemos ter em atenção a
eventual necessidade da digitalização (converter dados analógicos em impulsos
digitais de códigos compostos por zeros e uns). Se utilizarmos tipos de media
digitais, este processo não será necessário. Mas, por vezes, poderá ser impres-
cindível digitalizar uma fotografia de uma máquina fotográfica analógica ou até
mesmo de alguma cassete em formato VHS. Para tal, serão necessários os
equipamentos tecnológicos adequados. Por exemplo, para digitalizar uma foto-
grafia é normalmente utilizado um scanner, conectado a um computador.
(imagem binários)
Documentos Analógicos Documentos Multimédia
Texto Escrito Texto Digital, Hipertexto
Fotografia Analógica Imagem Digital
Desenhos, Esquemas Gráfico Digital
Áudio Analógico Áudio Digital
Vídeo Analógico Vídeo Digital
Animação Tradicional, Desenhos Animados Animação Digital
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Será importante ter uma visão mais detalhada sobre cada tipo de documento:
Textos
A escrita é um meio de comunicação bastante antigo, com mais de dois mil
anos de existência. Escrevendo, era possível comunicar com um interlocutor
(carta) ou com vários em simultâneo (livros e cartazes). Assim, desde os perga-
minhos aos teclados virtuais, a escrita nunca foi desprezada, continuando hoje
a ter um papel fundamental na produção de qualquer conteúdo multimédia.
Com o avançar dos tempos, surgiu o hipertexto, que permite efetuar ligações
dinâmicas através do próprio texto. Isto acontece normalmente nos websites,
quando acedemos a links. Existem outros dois conceitos a reter. O richtext, que
é o texto formatado com vários estilos, cores, tipos de letra diferentes e tama-
nhos; e o plaintext, que é o inverso, o texto simples não formatado.
Imagens
Uma imagem digital é uma fotografia ou montagem de várias fotografias. Pode
tratar-se de uma fotografia analógica digitalizada ou de uma fotografia captada
a partir de uma câmara fotográfica digital, dispensando esse processo. O for-
mato mais comum que as câmaras digitais geram ao tirar uma fotografia, é o
formato JPEG (.jpg) que possibilita compressões significativas do tamanho do
ficheiro, permitindo manter a qualidade necessária ao desenvolvimento de vá-
rias tarefas.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
O inventor francês Joseph Nicéphore Niépce foi o autor da primeira
fotografia da história mundial.
Este feito aconteceu em 1826. A imagem foi captada através da
janela do seu sótão e foi conseguida através de processos de revela-
ção em chapa, utilizando a mesma lógica que ainda hoje se aplica.
Gráficos
Uma imagem é uma representação visual que tanto poderá ser de um objeto
real (fotografia), como um desenho, ilustração ou pintura. As imagens digitais
são formadas por píxeis (pequeninos quadrados que pode conseguir visualizar
quando faz zoom numa imagem digital).
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Áudio
O áudio (ou som) é uma parte integrante da multimédia. Um som é provocado
por uma vibração do ar. Numa sala de vácuo ou no espaço é completamente
impossível ouvir qualquer tipo de som. Quando falamos em som, associado à
multimédia, é costume cometer-se o erro de se pensar logo em música, mas
existem muitas outras possibilidades, como a própria voz humana, qualquer
vibração provocada por um determinado objeto, ou mesmo outros efeitos espe-
ciais através de sons modificados (sintetizados).
Existem sons analógicos e sons digitais. A representação digital do som tem o
aspeto de uma onda denominada “espetro de modulação em amplitude”, como
pode ser visto na figura seguinte.
Este formato também pode ser obtido diretamente, utilizando um sintetizador
MIDI da placa de som. Assim os ficheiros guardam apenas a informação do áu-
dio a ser reproduzido, dando origem a ficheiros mais pequenos, de qualidade
superior.
A primeira gravação de som aconteceu no ano de 1860, em Fran-
ça. O autor de tal feito foi Édouard-Léon Scott de Martinville. O
registo realizado assemelha-se a uma voz algo fantasmagórica,
mas que na realidade era uma pessoa a cantar um excerto da
música Au Clair de la Lune. Pode ouvir esse som no seguinte web-
site:
http://www.firstsounds.org/sounds/scott.php
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Vídeos
O vídeo digital é hoje amplamente distribuído online com uma velocidade incrí-
vel. Tal como o som, também o sinal de vídeo pode ser analógico ou digital. O
sinal digital tem a enorme vantagem de poder ser copiado sem degradação da
qualidade. O termo FPS (Frames Per Second) refere-se ao número de fotogra-
mas ou frames que são visualizados por segundo. O número de fotogramas
representados por segundo designa-se por rate.
Os primeiros filmes da história do cinema foram realizados e exibi-
dos pelos irmãos Auguste e Louis Lumière. Em 28 de dezembro de
1895 aconteceu a primeira exibição pública, que durou cerca de
25 minutos e onde foram mostrados ao mundo, pela primeira vez,
dez filmes. O filme que mais impressionou os espetadores foi L'ar-
rivée d'untrain à La Ciotat (A chegada do comboio à estação).
Link: https://youtu.be/v6i3uccnZhQ
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Animações
Uma animação é uma sequência de imagens estáticas que, quando visualizadas
sequencialmente, com uma velocidade adequada, provocam uma ilusão de mo-
vimento. Atualmente, pequenas animações interativas são bastante difundidas
online, especialmente publicitárias. Criar uma animação pode ser um processo
bastante complexo e exigente tecnicamente. É preciso aliar capacidade de re-
presentação gráfica, criatividade e motivação, pois poderá levar bastante tempo
até se conseguir concluir uma animação com qualidade. Esta é uma das áreas
da multimédia onde maior evolução se tem verificado e essas perspetivas man-
têm-se para o futuro.
A relação da multimédia com os seus componentes pode ser representada gra-
ficamente da seguinte forma:
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Figura 1.
Na vertente original, apenas existia a relação com imagem, animações áudio e
vídeo. Presentemente, o grafismo, o 3D e a interação são também componentes
multimédia e também temos a realidade virtual (VR) e a realidade aumentada
que cada vez mais é aperfeiçoada.
2.3. ORIGEM DE FICHEIROS MEDIA
Os ficheiros media podem ser classificados consoante a sua origem:
Capturados
Através da utilização de hardware (scanners, câmaras digitais, microfones) com
o respetivo software, recolhem os media do exterior para o computador.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Sintetizados
São aqueles que são produzidos pelo próprio computador através de hardware
e software específico.
Um programa a descobrir é o GarageBand, poderoso na criação de
músicas.
Descubra mais aqui:
https://itunes.apple.com/pt/app/garageband/id408709785?mt=8
2.4. DIVULGAÇÃO
Os modos de divulgação de conteúdos multimédia, tendo em atenção a forma
como são distribuídos, podem ser classificados em duas categorias:
Online
Este tipo de divulgação significa que a disponibilidade dos conteúdos multimé-
dia é imediata. Podemos atingir esta disponibilidade através de meios como a
rede local ou conjunto de redes (World Wide Web).
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Offline
Este tipo de divulgação significa que a disponibilidade dos conteúdos multimé-
dia é para posterior divulgação. São utilizados suportes de armazenamento para
transportar os conteúdos multimédia (PenDisk, CD, DVD).
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
2.5. INTERATIVIDADE
A exploração de sistemas multimédia interativos é um dos temas mais atuais no
vasto campo da multimédia. A interatividade permite alcançar níveis de satisfa-
ção na utilização de interfaces nunca antes alcançados.
Interface — É o canal de comunicação que estabelece a relação
entre o homem e a máquina, visando atingir um objetivo comum.
Um interface cuidado promove satisfação na interação. Um bom
exemplo de interface é o volante dos automóveis, que pode pro-
porcionar uma excelente condução, quando é bem produzido.
Em sistemas multimédia, os interfaces utilizados são normalmente interfaces
gráficos, conhecido como GUI (Graphical User Interface). Através da utilização
de elementos gráficos como ícones, o utilizador consegue ter uma experiência
muitos mais intuitiva e, consequentemente, mais agradável.
Assim, um produto multimédia interativo irá permitir ao seu utilizador controlar
as ações a realizar, selecionar os conteúdos a que deseja aceder, o ritmo e a
fluidez dos mesmos. É por isso importante que a máquina retribua (dê feed-
back), sempre que um comando é executado, por parte do utilizador e vice-
versa.
O Android é um excelente exemplo de Graphical User Interface,
cada vez mais evoluído e adaptado ao utilizador. Uma grande van-
tagem destes sistemas táteis é dispensar a utilização de rato e
teclado, como acontecia nos computadores tradicionais.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
2.6. AS VANTAGENS DA MULTIMÉDIA
Sendo nós, atualmente, consumidores de produtos multimédia e, eventualmen-
te, futuros produtores, torna-se fundamental perceber e compreender algumas
das vantagens da utilização da multimédia no dia a dia. Assim verifica-se que a
multimédia:
Aumenta a eficácia das mensagens.
Promove a utilização de meios mais apelativos e estimulantes às capa-
cidades humanas (visão, audição, tato).
Estabelece intercâmbio de conhecimento nas diversas áreas onde atua.
Favorece a portabilidade e compatibilidade entre sistemas.
Apela à facilidade de utilização.
Promove o contacto com as novas tecnologias.
Estimula a criatividade.
Possibilita a virtualização de espaços, por exemplo, visitas virtuais.
Reduz as necessidades de despesas económicas nas comunicações.
Fortalece as capacidades de concentração e retenção de saberes, le-
vando a uma melhoria nas aprendizagens.
Esta lista não está fechada, poderão ser identificadas tantas outras vantagens.
Cabe a cada um de nós refletir e perceber onde a multimédia nos poderá ser
mais útil.
Alguns estudos demonstram que as pessoas se lembram de ape-
nas 20% do que veem e 30% do que ouvem. Quando veem e ou-
vem em simultâneo, conseguem reter cerca de 50% da mensa-
gem. Se, adicionalmente, for incluído algum tipo de interação,
poderá chegar aos 80%.
2.7. DESAFIOS MULTIMÉDIA
Como futuros produtores de conteúdos e produtos multimédia, torna-se funda-
mental perceber e compreender alguns dos desafios da utilização da multimé-
dia. Os vários desafios para o desenvolvimento multimédia são:
Responder aos requisitos da não-linearidade.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Desenho da estrutura para identificar os caminhos.
Desorientação no hiperespaço.
Excesso de carga cognitiva.
Angústia da não diretividade.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
3. A COMUNICAÇÃO MULTIMÉDIA
Com a revolução digital que se tem vindo a verificar, a comunicação multimédia
assume capacidades cada vez mais extraordinárias. Torna-se, por isso, impor-
tante abordar algumas das regras e dos segredos inerentes.
Se pedirmos a duas pessoas diferentes para pensarem num automóvel, prova-
velmente irão pensar em veículos diferentes. E ainda bem! Seria péssimo se
todos fôssemos iguais e pensássemos do mesmo modo. É muito difícil transmi-
tir uma mensagem 100% infalível, porém, será possível estabelecer comunica-
ção. Isto é um simples alerta. Devemos ter isto sempre em mente quando co-
municamos, seja qual for o tipo de comunicação. A comunicação multimédia
enfrenta naturalmente essas barreiras, mas conhecê-las é um enorme passo
para as ultrapassar.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
3.1. NECESSIDADES E EXPECTATIVAS
É fundamental entender a necessidade e expectativas de quem vai utilizar os
produtos, conhecer os hábitos de consumo e perceber que variam consoante o
canal em que a mensagem é transmitida. Dessa forma, é necessário conhecer-
mos o perfil dos recetores para que a mensagem atinja as suas necessidades e
expectativas.
Ter este entendimento é fulcral para o desenvolvimento de produtos lineares e
não-lineares. A interação implica uma participação ativa do recetor da mensa-
gem, assim torna-se essencial compreender o perfil dos utilizadores para dar-
mos respostas às suas necessidades.
3.2. CONVERGÊNCIA
A passagem do mundo analógico para o mundo digital ditou uma convergência
de meios tecnológicos. Atualmente, um smartphone consegue substituir um
sem número de equipamentos (rádio, televisão, leitor de mp3, câmara fotográfi-
ca, máquina de filmar e computador). O aumento gradual das capacidades co-
municativas da internet, também veio acentuar essa convergência tecnológi-
ca.
A informação passa a estar acessível em todos os lugares e em todos
os momentos.
Os equipamentos tecnológicos poderão passar a realizar todas as tare-
fas necessárias.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
O professor Henry Jenkins define este fenómeno de fusão tecnoló-
gica como convergência. Pode saber mais lendo o seu livro Conver-
gence Culture: Where Old and New Media Collide, lançado em
2008.
3.3. A MULTIMÉDIA NAS ATIVIDADES
PROFISSIONAIS
Indústrias criativas
As indústrias criativas estão inteiramente ligadas à criatividade, competências e
talentos pessoais. Essa capacidade de criação de trabalho e riqueza, que estas
indústrias muitas vezes geram são quase sempre apoiados por sofisticados
meios multimédia. Basta que enumeremos algumas das atividades em questão
e será facilmente percetível a necessidade da multimédia: arquitetura, artes per-
formativas, cinema, design, moda, música, televisão, rádio, etc.
O Portal Indústrias Criativas é um bom exemplo de projetos inova-
dores.
Descubra mais aqui: http://www.industriascriativas.com/
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
Fins comerciais
Comercialmente, a multimédia também é bastante utilizada. Neste contexto,
todos os dias são desenvolvidas apresentações riquíssimas em conteúdos mul-
timédia. A própria publicidade vive bastante do vídeo, do som e, mais recente-
mente, da animação. Estas mensagens multimédia são trabalhadas pormenori-
zadamente, pois delas dependem vendas, lucros e o sucesso ou insucesso em-
presarial.
Entretenimento e belas artes
A multimédia é intensamente utilizada na indústria do entretenimento, especial-
mente no desenvolvimento de efeitos especiais e animações. Alguns jogos de
vídeo dispõem de recursos multimédia avançados. Também a forma como es-
ses jogos ou filmes são disponibilizados (seja por suportes físicos atuais como
DVD ou mesmo online) podem requerer a utilização de meios multimédia para a
sua conceção.
Educação
A educação é um dos setores em que a multimédia proporcionou um contributo
incrível. A dificuldade de fazer passar certas mensagens pela forma tradicional é
quase sempre contornada com a utilização de meios multimédia didáticos, tais
como apresentações, vídeos educacionais ou animações. Também os cursos
online são todos os dias melhorados, graças à utilização da multimédia. O sur-
gimento de plataformas educativas, que permitem reunir todos estes recursos,
são autênticos recursos educacionais multimédia.
Jornalismo
Segundo o website Future Exploration Network (FEN), que tem um papel fun-
damental no apoio a grandes organizações, prevendo as tendências do futuro, é
estimado que o jornal em papel deixe de existir no ano de 2028. Logo, no jorna-
lismo, será necessária uma aposta cada vez maior nos meios de divulgação
online e, consequentemente, nos meios multimédia inerentes. Também a facili-
dade de acesso à informação será um fator cada vez mais decisivo.
Engenharias
Na área das engenharias é cada vez mais recorrente a utilização de softwares
multimédia para todo o tipo de simulação e treino nas mais variadas atividades.
Também, no próprio desenvolvimento de software informático existe uma cres-
cente componente multimédia associada, em cada projeto.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
CONCLUSÃO
Como pôde verificar, ao longo desta unidade didática, foram introduzidos su-
cessivamente diversos temas sobre a multimédia. Alguns de certeza que con-
seguiu perceber, sem qualquer dúvida, mas outros poderão ainda deixá-lo algo
confuso. Para ultrapassar essas eventuais interrogações, será necessário que
comece a pensar em multimédia; prestar atenção a todas as fontes multimédia
com que lida no dia a dia e descobrir com que meios de media sente maior afi-
nidade.
Por último, lembre-se sempre que a comunicação nunca é um processo 100%
eficaz. Não existem duas pessoas que pensem de forma igual e como tal os
signos terão sempre um significado algo diferente para cada pessoa, ainda que
a maioria possa ser semelhante e possibilitar a comunicação.
Para se tornar um bom profissional, aconselhamo-lo a ver os tra-
balhos na área da multimédia de outros profissionais. Agora já os
saberá identificar e começar a perceber por si o que são bons e
maus trabalhos. Quais conseguem comunicar bem ou, pelo contrá-
rio, simplesmente não funcionam.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
RESUMO
A palavra comunicação deriva do latim communicatio (significa comparti-
lhar, trocar informação).
Através dos signos presentes nas mensagens podemos verificar o poder
que essas mensagens têm e os seus significados escondidos.
A escrita ideográfica e a escrita alfabética foram muito importantes para
o avanço da comunicação.
Os campos sociais são instituições sociais que estão contidas numa es-
fera de legitimidade.
A comunicação em massa surge no século XIX com o aparecimento da
imprensa.
Podemos dividir a palavra multimédia em Multi (vários) + média (meios
de comunicação).
Existem produtos multimédia lineares e não-lineares.
Os diferentes tipos de média são textos, imagens, gráficos, áudio, ví-
deo ou animações e podem ser estáticos ou dinâmicos.
A multimédia é utilizada nas mais diversas áreas profissionais como in-
dústrias criativas, jornalismo, educação, etc. e oferece múltiplas vanta-
gens aos seus utilizadores, como o aumento da eficácia das mensagens.
A comunicação multimédia é cada vez mais convergente, com os vários
meios que utiliza, para atingir um objetivo ou projeto.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
AUTOAVALIAÇÃO
1. Os meios que a multimédia utiliza são:
a) Textos, imagens, tabelas, áudio, vídeo ou animações.
b) Textos, imagens, gráficos, áudio, vídeo ou sombras.
c) Textos, imagens, gráficos, áudio, vídeo ou animações.
d) Textos, luz, gráficos, áudio, vídeo ou animações.
2. Um exemplo de um produto multimédia linear é:
a) Visitar uma exposição de fotografia.
b) Jogar um jogo.
c) Assistir a uma série televisiva.
d) Navegar num website.
3. O que não é um media dinâmico?
a) Um texto.
b) Uma montagem fotográfica.
c) Um vídeo.
d) Uma animação.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
4. A interatividade promove a comunicação entre o homem e a máquina.
Essa comunicação só é possível devido:
a) Ao ecrã.
b) Ao interface.
c) Ao som.
d) À corrente elétrica.
5. Das seguintes atividades onde poderá a multimédia utilizada?
a) No jornalismo.
b) Na educação.
c) Em todas as atividades profissionais.
d) Nas indústrias criativas.
6. Assinale a resposta errada:
a) A multimédia não apela à facilidade de utilização.
b) A multimédia aumenta a eficácia das mensagens.
c) A multimédia promove o contacto com as novas tecnologias.
d) A multimédia estimula a criatividade.
7. Na comunicação, a mensagem que o emissor transmite ao recetor:
a) Às vezes é 100% compreendida.
b) Nunca é compreendida minimamente.
c) É sempre compreendida a 100%.
d) Nunca é compreendida a 100%, mas continua a ser possível estabelecer
comunicação.
8. Um exemplo de um meio tecnológico convergente é:
a) Uma câmara fotográfica.
b) Um gira-discos.
c) Um tablet.
d) Um rádio.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
9. A semiótica está presente em tudo?
a) Falso.
b) Verdadeiro.
c) Somente na vida intelectual.
d) Nas nossas ações.
10. A linguagem multimédia:
a) Promove a comunicação.
b) Promove a comunicação entre pessoas.
c) Promove a comunicação entre pessoas e máquinas.
d) Utiliza os diversos meios de media para comunicar.
11. Na comunicação linear:
a) O utilizador só recebe a informação não a podendo alterar.
b) O utilizador recebe a informação e pode alterá-la.
c) O utilizador não recebe a informação.
d) O utilizador recebe a informação alterando somente em casos específi-
cos.
12. A comunicação de massa produz:
a) Ruído.
b) Produtos.
c) Feedback.
d) Comunicação.
13. A modalização dos campos sociais permite a estes:
a) Marcar a sua posição quanto ao futuro.
b) Promover a comunicação dos mesmos.
c) Marcar de forma distinta os detentores da legitimidade institucional.
d) Promover o meio ambiente.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
14. A Multimédia é a junção de:
a) Várias plataformas.
b) Várias animações.
c) Vários produtos.
d) Vários meios de comunicação.
15. A Multimédia:
a) Estabelece a comunicação somente entre duas pessoas.
b) Estabelece intercâmbio de conhecimento nas diversas áreas onde atua.
c) Promove a rejeição de interfaces.
d) Estabelece a distância entre pessoas.
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
SOLUÇÕES
1. c 2. c 3. a 4. b 5. c
6. a 7. d 8. c 9. b 10. d
11. a 12. b 13. c 14. d 15. b
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
PROPOSTAS DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
Existem alguns websites, publicações digitais e vídeos interessantes para apro-
fundar conhecimentos sobre os temas desta unidade didática. Aconselhamos
os seguintes:
Multimédia:
http://www.di.ubi.pt/~palmeida/tecnologias_multimedia/Sebenta.pdf
Teorias da Comunicação:
http://www.revistas.usp.br/matrizes/article/viewFile/90449/93223
Convergência:
http://www.slideshare.net/PimentaCultural/experiencias-de-consumo-
contemporaneo-pimenta-cultural?qid=b1c9779c-64cb-4bd2-a172-
6eea157e14ae&v=default&b=&from_search=37
Semiótica:
https://www.slideshare.net/marcusdicskon/oficina-semiotica-prof-
dickson?qid=d2b245e7-9a89-4788-9afb-
db462a8ee689&v=&b=&from_search=10
http://www.pucsp.br/cps/downloads/489-1532-1-pb.pdf
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Unidade 1
TÉCNICAS E TECNOLOGIAS DE COMUNICAÇÃO
BIBLIOGRAFIA
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Trad.). (Columbia University Press, Ed.). New York.
Dwyer, T. (2010). Media convergence(1ª Edição.). Maidenhead: Open Uni-
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Jenkins, H. (2006). Convergence Culture: where old and new media col-
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Lopes, P. F. (2006). Oficina de Multimédia B - 12º Ano (Ministério da
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Mayer, R. (2009). Teoria Cognitiva da Aprendizagem Multimedia. In Mi-
randa, G. (org) Ensino online e aprendizagem multimédia (pp. 207–235). Lisboa:
Relógio d’Água.
Adriano D. Rodrigues (1994). Comunicação e Cultur. (Editorial Presença) (pp.
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Adriano D. Rodrigues (1991). Introdução à Semiótica (Editorial Presença)
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Julia Kristeva (1969). História da Linguagem (Edições 70) (pp. 9-28)
J.B. Thompson (1990). Ideologia e Cultura Moderna (Editora Vozes) ( pp. 283-
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Unidade 1