Rumos Da Antropologia em Mocambique
Rumos Da Antropologia em Mocambique
1
Texto originado numa comunicação apresentada em Moçambique no Contexto da África Austral e os
Desafios do Presente: Repensando as Ciências Sociais. Conferência em Memória de Ruth First na
passagem dos 25 anos do seu assassinato, CEA-UEM (Maputo, Agosto de 2007).
[email protected]
2
“(…) o que inclui ciência feita na Europa sobre recursos coloniais, além da feita em áreas integrantes
dos impérios comerciais ou territoriais europeus (…) um tipo de conhecimento especificamente
colonial tanto na forma como era constituído como enquanto discurso que conceitualizava o domínio
europeu e moldava a subjectividade dos povos colonizados” (Castelo 2012: 403-404).
3
As memórias de Teresa Cruz e Silva são explícitas: “Quando nós fomos lá para o Centro de Estudos
Africanos era uma guerra que se fazia contra a antropologia, porque era aquela ideia de que a
antropologia ela sempre esteve ao lado do colonizador e, principalmente, dos administradores
coloniais. Pensando bem, eu dizia: “Mas e a história?, também estava.” Porque a história que eu
estudava era a história colonial. Então, é uma ideia errada desqualificar os antropólogos; e ninguém
queria ser antropólogo naquela altura, porque eram muito desqualificados” (Silva, Fiorotti 2015: 9).
4
Sobre a influência das modalidades de recepção das produções da antropologia nas concepções que
sobre esta se estabeleceram nos antigos territórios colonizados ver Pels, Salemink (1994: 16).
5
Ver Leal (1987: 13-14, 1999, 2000: 27-29, 64-65, 81-82), imbuído da distinção entre antropologia
construtora de império e de nação (Stocking 1982). Cedo criticado por Thomaz (2001), que afirmou o
tema colonial como constitutivo da antropologia portuguesa. Visão a qual, até pelos trabalhos
entretanto realizados (Roque 2001, Duro dos Santos 2005, Cantinho Pereira 2005, Pereira 2006a), veio
a ser assumida pelo próprio Leal (2016).
1
Uma atenção naturalista sobre questões sanitárias e os recursos das medicinas locais, até
por pragmáticas orientações administrativas, existiu pelo menos desde XVII (A. C. Roque
2001, 2012, 2014a). Essa vertente surgiu algo mais sistematizada na segunda metade de
XVIII, aposto sob o espírito das Luzes, induzido pelo Estado e coetâneo às intenções de
estabelecimento de museus de história natural e de outros organismos científicos, inicialmente
com finalidades pedagógicas ligadas às reformas educativas portuguesas de meados de XVIII
(Pataca 2015: 135-137, Portella 2006).6 O que ecoou em Moçambique em finais desse século,
no apelo à recolha de artefactos e informações através de inquéritos a realizar pelo pessoal
administrativo e “moradores”, portugueses residentes, que explicitassem dados socioculturais
e económicos das populações, evidenciando serem estas inseridas nos amplexos de recursos
naturais disponíveis, verdadeiros recursos humanos se usando uma linguagem actual.7
Este rumo intelectual cruzou XIX, incentivando expedições científicas, desde as iniciais
“viagens filosóficas” ou exploratórias8 às posteriores, decorridas no último quartel
oitocentista e celebrizadas pela sua mediatização, explicitamente imperialista, elevando os
seus protagonistas a verdadeiros heróis pátrios. Estas últimas, que enfatizavam a dimensão
cartográfica, então politicamente fundamental, continham uma diversidade de objectivos
analíticos, inclusive de reconhecimento etnográfico, e procuravam proclamar a realidade da
ocupação efectiva, desde meados desse século tornada exigência internacional para a
afirmação de direitos colonizadores.9
O conhecimento obtido alimentou as exposições oitocentistas de temática colonial e a
composição de instituições de cariz científico e museológico.10 E serviu, após a independência
6
Não recuo este excurso ao quinhentista Etiópia Oriental … (Santos 1999 [1609)], derivado das
descrições das áreas evangelizáveis, pois eixo que durante séculos não teve continuidade relevante no
território. Não projecto nessa primeira literatura pré-oitocentista, e mesmo em relatos do XIX inicial,
uma específica atenção antropológica (ou etnológica), atendendo à sua constituição histórica ao longo
da segunda metade de XVIII (Vermeulen 2015: 269-355), e perspectivando a sua lenta disseminação
em contextos intelectuais portugueses.
7
Incluindo literatura destinada à sua realização, na qual se realça Breves Instruções aos
Correspondentes da Academia de Ciências de Lisboa Sobre as Remessas dos Produtos e Notícias
Pertencentes à História da Natureza Para Formar um Museu Nacional, de 1781 (Cantinho Pereira
2005: 24-81, Pereira 2006a: 179-181). Para uma análise dessa documentação ver Liesegang (1966).
8
Sobre as “viagens filosóficas” ver Pereira (1992), Pataca (2015). Para a sua realização em África ver
Mota Pereira (2015). Para Moçambique ver Portella (2006). Como exemplo ver Lacerda de Almeida
(1989 [1798]).
9
Sobre essas expedições ver Santos (1988, 1997), Medeiros (2002), Rosa, Verde (2013).
10
Para a recolha naturalista de XVIII-XIX, com vectores etnográficos e antropológicos, ver Cantinho
Pereira (2005: em particular 25-112). Sobre a Sociedade de Geografia de Lisboa, sua influência na
pesquisa em África e sua popularização, e que originou a Escola Superior Colonial (proposta em 1883
e criada em 1906), centrada na formação de administradores coloniais, e da qual emergiu, em 1961, o
2
do Brasil,11 para publicitar a apetência pelos territórios africanos, avessa à sua imagem como
locais doentios e de desterro (Alexandre 1995a), qual verdadeiro “cemitério de brancos”
(Caetano 1971: 43), de serventia apenas para “pretos e oficiais de marinha” (Enes 1971
[1893]: 27), inserindo-se na dinamização do nacionalismo e na legitimação dos objectivos
políticos estabelecidos em seu nome (Sobral 1999: 72). Mas com a fluidez da presença
portuguesa nas futuras colónias africanas,12 as flutuações das políticas de extroversão
nacional13 e a fragilidade das instâncias científicas, no período pré-colonial não houve grande
capacidade nem coerência nas pesquisas (Martins 2013), inclusive as com teor etnográfico.14
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas, ver Guimarães (1984), Matos (2006),
Roque (2001), Sousa (2017), Thomaz (2001).
11
Sobre a inflexão africana dos projectos coloniais portugueses após a independência do Brasil ver
Alexandre (1992, 2000c).
12
Para a sua ilustração em Moçambique durante XIX ver Capela (2014a).
13
Discerníveis no debate entre Alexandre (1994, 1995b, 1997) e Marques (1995a, 1995b, 1997).
14
Para uma súmula deste processo histórico ver Matos (2018: 375-382).
15
Não abordo o conflitual relacionamento entre missionários e antropólogos. Para uma breve análise
desse historial global ver Pels (1989). Sobre suas semelhanças e dissemelhanças ver Abbink (1990) e
Van de Geest (1990). Ver Morier-Genoud (2011b: 200-202) para os efeitos desse confronto sobre o
trabalho de Henri-Philippe, o filho de Junod.
16
Berthoud (1985: 219-220, 225) elenca alguns dos mais célebres antropólogos que a saudaram e que
utilizaram os seus dados para teorização. Talvez a mais celebrizada das refracções dos textos de Junod
seja o artigo The mother’s brother in South Africa de Radcliffe-Brown (1952a [1924]). Sobre esta
questão ver Kuper (1976).
17
Para a sua biografia intelectual ver Berthoud (1985), Harries (1981, 2007), Junod (1934). Sobre a
obra ficcional, em particular o romance Zidji (Junod 1911), ver Michler (2003) e Pina-Cabral (2012).
18
Sobre a influência da etnografia dos missionários na era da institucionalização da antropologia,
Evans-Pritchard (1951: 67) referiu que “The character of ethnographic description of the peoples of
these regions began to change from travellers' tales to detailed studies by missionaries and
administrators who not only had better opportunities to observe, but were also men of greater culture
than the gentlemen of fortune of earlier times”. Mas é notório que, durante a era colonial, no território
não abundaram esses “homens de maior cultura” com sensibilidade etnográfica.
19
Sobre a Missão Suíça na África Austral em Moçambique ver Harries (2000, 2007) e Silva (2001).
3
governo colonial, pouco atreito à evangelização estrangeira pois julgada adversa ao domínio
português (Harries 2007, Macagno 2009b). E as diferentes características do pessoal 20 e da
metodologia das missões católicas portuguesas, articuladas com o Estado – especialmente
presentes após o período anticlerical da I República portuguesa (1910-1926) e a Concordata
de 1940 - não promoveram um ambiente, intelectual e laboral, favorável à absorção da
densidade da abordagem de Junod e à emergência de recolhas de tamanha dimensão, no meio
missionário ou no laico.21
A publicação na colónia22 da sua obra mais renomada após a II Guerra Mundial – e a
importação das suas edições em francês23 - terá soado no ambiente intelectual local,
alimentando uma visão positiva sobre as possibilidades da recolha etnográfica, enfatizando o
interesse em determinadas temáticas - em particular sobre a questão ritual24 - e sedimentando
a visão evolucionista, esta já sufragada pelo senso comum da época mas reforçando-lhe o
prestígio, por cientificidade e erudição.25 Como essa publicação em português coincidiu com
a exigência aos quadros administrativos em realizarem monografias sobre “usos e costumes”
das populações para efeito de progressão nas suas carreiras profissionais, é possível que a
obra de Junod tenha tido alguma repercussão na idealização dos trabalhos a realizar no
funcionalismo estatal, vincando a importância da compreensão assente em dados etnográficos,
mas tal não provocou uma linha de investigação endógena.26
Poder-se-á aventar alguma influência na reduzida intelectualidade crioula, quase
exclusivamente laurentina. Com efeito, desde a década de 1950 que José Craveirinha (2009)
20
No caso dos missionários católicos portugueses Rodrigues (2007: 717) refere a sua cultura letrada
rudimentar, e ainda mais se comparados com os protestantes.
21
Sobre a Concordata Portugal-Santa Sé de 1940, e seus antecedentes, ver Carvalho (2009: em
particular 236-243, sobre a relação do Estado com as missões católicas no ultramar). Sobre a política
religiosa do Estado colonial ver Brandão (2004), Cahen (1998), Souto (2007: 383-394). Para os seus
antecedentes ver Morier-Genoud (2002). Para a época de Junod na região, Rodrigues (2007: 653-710)
aborda a instalação de missões católicas portuguesas e das protestantes, notando as diferenças
pedagógicas e distinto relacionamento com a administração portuguesa (2007: 710-720).
22
A Imprensa Nacional de Lourenço Marques publicou Usos e Costumes do Bantos em 1946 – que
seria reeditado em 1974. Em 1975 o Instituto de Investigação Científica de Moçambique publicou
Contos Rongas (publicado originalmente em 1897) mas desconheço se houve edição prévia. Antes, em
1939, havia sido publicado Os Indígenas de Moçambique no Século XVI e Começo de XVII, de Henri-
Philippe Junod, seu filho, também missionário e etnógrafo, o que subscreve a plasticidade local face a
estas abordagens.
23
A poetisa Noémia de Sousa (Laban 1998: 239) recorda que o seu pai tinha alguns livros deste
missionário, “sobre a vida numa aldeia”, e que ela terá lido.
24
Para a relevância na sua época da abordagem de Junod sobre rituais ver Gluckman (1962: 8-9).
25
O evolucionismo do autor seria uma hipótese científica mesclada com o difusionismo (Berthoud:
225-229, Harries 1981: 38), e também como inevitabilidade teológica (Pina-Cabral 2012).
26
Sobre essa “etnografia administrativa” ver Pereira (2006a: 349-364). Tanto o autor como Geffray
(1987c: 7-9) notam a mediocridade e falta de conhecimentos dos funcionários autores dessas recolhas
etnográficas, pelo que julgo não ser fundamentado ancorá-las em Junod.
4
publicou na imprensa textos de teor explicitamente folclorista, apelando à valorização dos
universos culturais autóctones, rurais e urbanos. Mas não deve ser exagerada essa hipótese,
pois o anseio de reconhecimento dessas práticas socioculturais era um traço da imprensa
africana27 prévio à divulgação das obras de Junod, e o poeta referia-se também às expressões
urbanas e contemporâneas,28 que não haviam congregado a atenção do etnógrafo.29
É possível especular sobre os liames entre o legado de Junod, e o do seu filho Henri-
Philippe Junod,30 influenciando o ambiente intelectual na Missão Suíça de Ricatla, e o
movimento cultural oriundo daquela região desde a década de 1960, que veio a ter
repercussão urbana. Malangatana, que a este protagonizou e celebrizou, repetidamente me
referiu Junod como uma importante influência formativa,31 na sensibilização para a
valorização cultural através da produção de representações plásticas da cosmologia local e do
respectivo modus vivendi – como sempre foi visível em na sua obra, e também no Shikhani
pictórico ou no escultor Oblino.32 E na dramaturgia de Lindo Hlongo, cuja peça Os Noivos ou
Conferência Dramática Sobre o Lobolo, estreada em 1971,33 reflecte sobre as modalidades de
organização social, no ecoar dos seus “usos e costumes”. Mas essa especulação deverá ater-se
à ideia de que se os ecos da obra de Junod poderão ter despertado uma sensibilidade sobre
dados etnográficos, isso não implicou a dinamização de linhas de investigação próprias, por
difusas que fossem. De facto, e apesar do seu trabalho de linguista, e do continuado esforço
da sua missão em promover a literacia entre o universo tsonga, associado à defesa do ensino
multilinguístico e da protecção aos particularismos etno-linguísticos (Harries 1994, 2001,
27
Sobre essa questão entre a “imprensa africana” da época - assim dita pois escrita por locais e usando
também a língua ronga -, em particular os O Africano, criado em 1908, e o seu sucessor O Brado
Africano (publicado entre 1918 e 1974), ver Braga-Pinto, Mendonça (2014) e Braga-Pinto (2014,
2015). Para esse contexto social, que viria a ser abarcado pela categorização “assimilados”, ver
também Moreira (1997) e Rocha (1991).
Para a ambivalente e, de facto, apartada relação com os “usos e costumes” tradicionais, ver o relato
das experiências rituais na terra de origem dos seus antepassados do jornalista José Albasini em
Braga-Pinto (2015).
28
Um apelo que, de facto, levaria décadas a produzir alguns frutos no seio da intelectualidade local,
em particular através do trabalho de Sopa (2014) sobre a história da música urbana.
29
Pina-Cabral (2012) nota como Junod apartou a abordagem à contemporaneidade, presente no seu
registo ficcional, e a reflexão sobre o passado, captável no discurso etnográfico.
30
Em particular os seus textos sobre temática regional, como a recolha de provérbios (Junod 1931) ou
a composição étnica do sul da colónia (Junod 1936). Sobre este autor ver Morier-Genoud (2011b).
31
A única publicação pós-independência de uma obra de Junod em Moçambique foi a reedição de
Usos e Costumes dos Bantos, em 1996, com capa ilustrada por Malangatana. Para uma breve alusão a
essa impregnação ver Secco (2003).
32
Sobre arte moderna em Moçambique ver Costa (2013). Ver ainda Malangatana (1999).
33
Sobre a estreia da peça ver Hamilton (1975: 223-224).
5
Macagno 2009b), nesse contexto não germinou uma literatura durante o período colonial
(Ngoenha 1999).
Também no restante país não aconteceu uma dinamização literata.34 Decerto que devido
à baixa escolaridade da população africana,35 foi escassa a atenção etnográfica no seu seio.
Sobressai Os Yaos de Y. Abdallah (1983 [1919]),36 texto em molde de historial de uma nação,
e desta afirmativo, de interesse pela modernidade que demonstra, pois algo compaginável
com as imaginações nacionalistas (Anderson 2005) suas contemporâneas. Produzido no seio
de missão anglicana britânica no norte do país, na qual o autor era pastor, a sua tradução seria
publicada já após a independência, pelo que não se poderá afirmar uma influência nas
intelectualidades locais, tanto em termos globais como na demarcação de uma imagem das
possibilidades presentes na antropologia.
Também o percurso antropológico de Kamba Simango não terá sido um dado
determinante na intelectualidade do território. Formado nas missões da American Board of
Commissioners for Foreign Missions,37 tornou-se o primeiro moçambicano com estudos
universitários, realizados nos Estados Unidos da América, período durante o qual colaborou
com Boas na produção de textos etnográficos sobre os Vandau, surgindo como co-autor
(Boas, Simango 1922) ou como informante crucial.38 E foi fonte privilegiada do The Cattle
Complex in East Africa, o doutoramento de Herskovits (1926a, 1926b, 1926c, 1926d).39
Regressado a Moçambique viria a ser relevante na instalação do Grémio Negrófilo de Manica
e Sofala durante a década de 1930, até emigrar. Mas, e apesar da insistência de Boas
(Macagno 2012), para além ter colaborado com Henri- Philippe Junod (1934b, 1934c, 1937) -
e talvez também com Dora Earthy (1930, 1931a, 1931b, 1935) -, em textos sobre os vandau,40
Simango abandonou a actividade etnográfica.41 A qual não repercutiu na sociedade colonial,
tal como não foi difundida após a independência.
34
Recolhas de cariz etnográfica feitas no seio das camadas crioulas, com ou sem estatuto de
assimilado, como a de José Eduardo da Conceição (2017), foram escassas, derivando de um contexto
intelectual nativista e suas transformações. Sobre nativismo em Moçambique ver Rocha (2001).
35
Sobre a educação colonial ver Buendía (1999), Mazula (1995a: 95-102), Rita-Ferreira (1988b),
Saúte (2004). Sobre a educação corânica e concomitante expansão da literacia no norte do país ver
Bonate (2008, 2016a, 2016b), ainda que essa fosse tendencialmente “invisível” sob o governo colonial
(Bonate 2016a: 99).
36
Sobre esta obra, o autor e aquele contexto missionário ver Alpers (1973) e Liesegang (1988b).
37
Para alguma destrinça entre missões cristãs não católicas exercendo na colónia ver Morier-Genoud
(2002b).
38
Ver Boas (1922, 1923, 1940b [1922], 1940c [1920]). E também Curtis (1920).
39
Ver ainda Herskovits (1923).
40
A autora viria a publicar Valenge Women, fruto da sua estada durante 13 anos na província de Gaza.
41
Sobre Simango ver Andrade (1989), Macagno (2012, 2015), Morier-Genoud (2011a). Para o
movimento associativo que integrou ver Rocha (1991: em particular 263-289) e Neves (2010).
6
Não abordo de modo extensivo os trabalhos de índole antropológica realizados durante
o período colonial, apenas realço como alguns vieram a marcar a imagem da disciplina. Nesse
âmbito sobressai Hugh Tracey, nas suas gravações e na produção textual (Tracey 1970
[1948]), secundado pelo seu filho Andy Tracey num fio de recolha e análise desde a década
de 1940.42 Um trabalho celebrizado de valorização do património musical, em particular o de
expressão chope, e de elevação dos conteúdos culturais das populações africanas do território.
Algo que veio a ser constitutivo do olhar etnográfico posterior, 43 mesmo após a
independência, ainda que este tenha sido algo secundarizado no contexto nacional inicial.
Na colónia, os ecos das obras mais reconhecidas, em particular as de Junod e de
Tracey,44 terão promovido dois traços centrais na imagem da antropologia, até algo
contraditórios: por um lado, no seio de um sistema colonial cujo ideário assimilacionista
presumia o inverso, reforçou a ideia de que a atenção sobre os conteúdos culturais das
populações africanas os valorizava. Algo que, de facto, se veio a instituir como reforço das
identidades próprias - sendo até associável, de modo não linear, ao germinar do processo
independentista.45 Por um outro lado, a ideia de que o evolucionismo de Junod46 e o relativo
primordialismo de Tracey,47 seriam predominantes e perenes no quadro teórico da disciplina.
Essas foram percepções no campo intelectual pós-independência, coexistindo com a visão
42
Ver Tracey (2011) que inclui um breve historial da sua abordagem ao contexto musical em
Moçambique, por influência de seu pai. É relevante que Junod (1927, 1929, 1933) também tivesse
abordado as expressões musicais desse universo etnográfico.
43
Exemplo desse eco na sociedade colonial é o trabalho de Rocha (1962), abordando o mesmo
contexto etnomusical.
44
A obra de Tracey foi traduzida e publicada em Moçambique em 1949, em fascículos na bastante lida
revista Documentário Trimestral. Insisto que se trata da sua influência em termos de representação
sobre a pesquisa etnográfica inserida na antropologia, e não tanto na dinamização de linhas de
pesquisa. No caso particular da etnomusicologia é notável a escassez de recolhas, apesar do papel
inicial de Junod, no seu Les Chants et les Contes des Ba-ronga (1897) e o trabalho de Tracey,
correspondendo a uma escassez mais generalizada de trabalhos na África austral durante o período
colonial (Johnston 1971: xiv).
45
Não implícito que os processos de afirmação identitária no período colonial sempre tivessem um
substrato nacionalista ou “proto-nacionalista”. Sobre a importância da missão suíça na formação da
consciência independentista ver Cruz e Silva (1993, 1998, 1999, 2001), Silva, José (1991), e Ngoenha
(1999), o qual problematiza o primado dessa influência.
46
Não avento uma grande repercussão da obra de Junod nos estratos letrados da sociedade
moçambicana após a independência. Tratou-se mais de uma impressão difusa, dada a reduzida
apreensão da obra. Aliás, julgo que após a reedição em 1996 de Usos e Costumes dos Bantu a obra foi
absorvida como bem identitário e não tanto como património intelectual alimentando debate e linhas
de investigação, no que discordo de Thomaz (2011), que a julga largamente impregnante.
47
“Instead he [Tracey] depicts tribal life as simple, cohesive and apolitical, with strong social
sanctions for those who flout moral norms.” (Coetzee 2011: 92). Para uma abordagem detalhada ao
pensamento de Hugh Tracey ver Coetzee (2015).
7
negativa da prática da antropologia portuguesa no território, conjugando-se com os efeitos da
aversão à disclipina entre a intelectualidade estrangeira ou a regressada após a independência.
48
Um percurso dissecado por Rui Mateus Pereira (2006a; ver ainda 1986, 1989a, 1989b, 1989d, 1998,
2001, 2005, 2006b, 2016). Os pontos 3, 4 e 5 deste capítulo são tributários desse seu trabalho.
49
Pereira (2006a: 183-184) atribui o maior relevo das pesquisas em Moçambique a que este era uma
“colónia de serviços”, centrada na exploração da mão-de-obra africana, através do trabalho migrante e
da concessão a companhias majestáticas, distinta das outras colónias portuguesas, “de plantação” e “de
povoamento”. Sem refutar por completo essa hipótese julgo-a excessivamente mecânica.
50
Para as distinções terminológicas desde XIX na antropologia portuguesa ver Luz (2004: 389-392,
415-416) e Sobral (2007: 482). Sobre “etnografia” como estudo das culturas populares, nas vertentes
física e psíquica, desde finais de XIX, e sua posterior subordinação à “etnologia” interpretativa,
distinta da antropologia física, ver Leal (2016). Os termos foram associados e depois distintos nos
currículos da própria Escola Colonial (Sousa 2017).
51
A constituição de 1826 impunha a unicidade legislativa para Portugal e suas possessões, mas o Acto
Adicional de 1852 ditou a produção de leis próprias para o ultramar (Martinez 2010). Silva (2006)
remete para o Regimento da Administração da Justiça de 1894 a primeira tentativa estruturada de
consagrar a continuidade dos direitos locais africanos. Essa separação estabeleceu-se, já no Estado
Novo, pelo Art. 22º do Acto Colonial, revisto pela lei 1 900 de 21 de Maio de 1935: “Nas colónias
atender-se-á ao estado da evolução dos povos nativos, havendo estatutos especiais dos indígenas, que
estabeleçam para estes, sob a influência do direito público e privado português, regimes jurídicos de
contemporização com os seus usos e costumes individuais, domésticos e sociais, que não sejam
incompatíveis com a moral e os ditames de humanidade” (República Portuguesa 1938: 27). De facto
os regimes costumeiros eram uma formulação moderna, (re)construções promovidas na assimétrica
interacção colonial (Meneses 2009a), mas eram entendidos como consagração das tradições locais.
8
Este contraste é matizável. É certo que durante XIX soou a ideia de uma unicidade
jurídica abarcando as colónias, com tendências universalistas presentes em alguma legislação
laboral, em prol dos direitos dos colonizados,52 o que ecoava o ambiente abolicionista e a
crítica às transfigurações de índole escravista, sob diversas modalidades de corveia, 53 que
ainda recaíam sobre o trabalho africano.54 Mas mesmo sob essa crença evolucionista liberal
das potencialidades civilizadoras da emulação e do mercado de trabalho livre, assim avessa à
mera coacção colonial, era aceite a especificidade africana, uma diferença antropológica que
convocava particularismos legislativos, que àquela fossem adequados. Deste modo, a procura
de métodos administrativos profícuos à prática colonizadora subordinou os modelos teóricos
da filosofia jurídica, na percepção de que a viabilidade das instituições político-jurídicas
dependeria das condições sociais do seu exercício (Silva 2006, 2009b, 2009d).
Em suma, a intenção de aplicar o direito português destinava-se apenas à população
colona, e desde a década de 1860s vingou a opção pela duplicidade do regime jurídico
colonial, que veio a ser defendida pelo influente António Enes (Enes 1971, Zamparoni 2004a)
e por outros agentes da ocupação efectiva do território, até meados de XX (Alberto 1955d,
Grilo 1955). Desde finais de XIX que sucessivos ordenamentos jurídicos consagraram a
especificidade da população negra, sob regimes costumeiros e com direitos civis e políticos
mitigados, consignada a formas de corveia, os quais confluíram na instauração do regime de
indigenato, estipulada na vigência do Estado Novo.55
Essa distinção jurídica constou desde a época de heterogeneidade administrativa de
finais de XIX, aquando da concessão, sob moldes distintos, do controlo territorial e da gestão
da população africana, e da sua condição de mão-de-obra disponível, às companhias
52
Meneses (2010) refere o Regulamento para os Contratos de Serviçais e Colonos nas Províncias de
África Portuguesa de 1878, que consagrou a liberdade laboral, mas sublinha a sua parca execução.
53
Usualmente dita “trabalho forçado” ou, utilizando a expressão comum em Moçambique, chibalo.
Para a sua presença histórica em Portugal ver, p. ex., Coelho (2002: 243-248). Para a utilização de
“corveia” na descrição do habitualmente apelidado “trabalho forçado” ver Rodrigues (2012: 194).
54
Abordadas em Alexandre (2004), Capela (1993d), Jerónimo (2009a), Nascimento (1998, 2003).
55
O indigenato foi consagrado pelo Estatuto Político, Civil e Criminal dos Índígenas de 1929
(Ministério da Colónias 1939) e alterado em 1954 pelo Estatuto dos Índígenas Portugueses das
Províncias da Guiné, Angola e Moçambique (República Portuguesa, 1960: 23-38). Para a sua
comparação ver Freitas (1963), Moreira (1955). Desde finais de XIX a legislação anterior aos
Estatutos já firmara essa concepção de sociedade colonial, com o Regimento da Administração da
Justiça nas Colónias de 1894, a estipular a pena de trabalho obrigatório para os indígenas, e o
Regulamento do Trabalho Indígena de 1899, a demarcar civilizados de indígenas, estes sob regimes de
corveia, articulando as necessidades coloniais com a imposição abolicionista (Allina 2017: 138,
Meneses 2009a, 2010, Penvenne 1995). Sobre a tensão entre o assimilacionismo liberal e a defesa de
regimes de compulsão laboral ver Thomaz (2002: 27-29).
9
majestáticas no centro e norte do território,56 e ao Estado português no sul, até à
harmonização sob tutela estatal, na década de 1940. Inexistindo uma dinâmica económica
potenciadora da mercantilização do trabalho rural, ela foi basilar da socio-economia colonial,
como enquadramento político e jurídico das modalidades de exacção da corveia para
objectivos estatais e empresariais (Capela 2000, Penvenne 1981, 1993a, Torres 1989, Vail,
White 1978), de taxação familiar (Capela 1977a, Serra 1978), de propriedade e usufruto da
terra (Negrão 2003, 2005) e de compulsão de culturas agrícolas comerciais e de delimitação
do consumo permitido (Capela 2009, Cross 1994, Mate 1990, 1997), factores que eram
cruciais para os objectivos empresariais e de autofinanciamento da administração estatal na
colónia (Santos 2013, Souto 2000). A operacionalização desses processos interdependentes
implicou a padronização das estruturas políticas locais, na gradual transformação dos seus
conteúdos e sua cooptação aos propósitos da administração colonial (Meneses 2009a, 2010,
O’Laughlin 2000, Serra 2017, West 1998).
Deste modo, o ideário do assimilacionismo uniformizador, vigente em alguns contextos
durante a monarquia constitucional, derivou para meramente tendencial, algo reforçado após a
ocupação efectiva (Cunha 1953). O que o universalismo liberal integrou, ao assumir uma
perspectiva gradualista, dita adequada ao atraso civilizacional dos colonizados,57 e até
protectora do ambiente propício à sua maturação, na prevista perfectibilidade pela sua
agregação à cultura e língua portuguesa e, nisso, ao corpo político da nação. Processo no qual
se consagrou, de facto, um segregacionismo, tanto no plano legislativo como no das práticas
administrativas e das mundividências colonas.
Assim, tal como noutros regimes coloniais - apesar das distinções entre estes -,
diferenciaram-se cidadãos, os colonos de várias origens transoceânicas, 58 sujeitos ao regime
jurídico metropolitano, ainda que entre eles dotados de distintas prerrogativas políticas e
abrangência de direitos civis, e súbditos, os africanos, nativos ou não das colónias, sob
56
Sobre as companhias majestáticas ver Capela (2011), Neil-Tomlinson (1977), Newitt (1981), Vail,
White (1980). Tinham diferentes prerrogativas administrativas, mais vastas a norte (Companhias de
Moçambique e do Niassa) do que na área zambeziana (Boror, Sena Sugar Estates, Zambézia) (Cahen
1994), o que se terá devido aos efeitos da resistência à ocupação colonial pelas estruturas militares
emanadas dos “prazos” zambezianos (Capela 1992, 2010e). Para os diferentes registos de
manuseamento do trabalho africano pelas companhias majestáticas ver Allina (2017).
57
A codificação separava cabo-verdianos, correlacionados com a cultura portuguesa, indianos e
macaenses, ditos com civilizações próprias, dos africanos e timorenses, considerados mais atrasados
(Almeida 2008), algo assumido por Jorge Dias (1958: 67-69).
58
Sobre os grupos oriundos da Ásia e suas relações com africanos e com portugueses ver Medeiros
(2007b) e Zamparoni (2000).
10
regimes jurídicos locais e procedimentos próprios a cada colónia, isentos do exercício da
soberania e concebidos como indígenas, sujeitos a exacções laborais.59
É notório que esse apartar institucional da população africana assentou em critérios
raciais, ainda que tal tenha sido algo matizado em 1917 pela adopção da categoria intermédia,
transposta do regime francês, de africano “assimilado”60 - depois consagrada no Estatuto …
de 1929 -, elevado por absorção de itens culturais, com alguma especialização profissional e
dotado de direitos mais abrangentes e isento de corveia (Meneses 2009a, Moreira 1997,
Thomaz 2001). Esta associação entre desvalorização racial, inferiorização cultural e
submissão à exacção laboral, alimentou-se das dinâmicas existentes na anterior economia
escravista e nas categorizações discriminatórias que essa potenciava, e foram reforçadas pelo
racialismo científico de finais de XIX (Alexandre 1995a).
Esse processo tem sido entendido como uma radical desvalorização antropológica, o
exponenciar da “alterização” de um “outro” africano, até negação da sua identidade (Meneses
2010, Zamparoni 2000), considerações que julgo extremadas. Pois a prática da extracção de
trabalho fora um processo intrínseco à sociedade portuguesa, como o exemplificam as jeiras
medievais (Mattoso, Sousa 1993: 199). E porque o apartar civilizacional, negando os direitos
de cidadania aos “indígenas”, remetia para a estruturante tradição romana, que desvalorizara
os considerados bárbaros aceitando, no entanto, a sua integração após absorverem os
conteúdos culturais e jurídicos do Império, ou seja, se assimilados (Silva 2009b: 27). Neste
sentido, a sua utilização colonial, por pragmática estatal - e empresarial -, recuperava um
património cultural histórico, constituído por categorizações económicas e políticas, não se
reduzindo assim à total desvalorização antropológica do tal “outro” mas inscrevendo-se num
eixo de conceptualização da acção legítima do(s) poder(es) e dos súbditos. E a sua presença
poderá ainda significar a perenidade, subterrânea, da noção de colónias como agregado de
“senhorios”, entidades passíveis de recurso a corveia pois habitados por não-cidadãos
59
Para o contexto colonial global ver Mamdani (1996). Para Moçambique ver Araújo (2008) e Serra
(2017: 81-104). Para uma análise detalhada ver Freitas (1963), Meneses (2009a, 2010), Moreira
(1955: em particular 13-30) e Silva (2002, 2006, 2008, 2009b, 2009c, 2009d, 2009e). Moreira (1997) e
Penvenne (1989, 1993b, 1993c) analisam o ambiente segregacionista de finais de XIX em Lourenço
Marques, com a exclusão de pequena elite de origem africana em prol da imigração de colonos
portugueses, processo suportado por esta distinção antropológica e jurídica.
60
Portaria Provincial nº 317, de 9 de Janeiro de 1917. Para as reacções negativas nos núcleos urbanos
locais a essa portaria ver Moreira (1997: 98-104).
11
dependentes, e também por isso concessionável a privados, traduzindo a influência do ideal,
seguido durante séculos, de exercício soberano através da concessão de “prazos da coroa”.61
Além da consideração desse legado intelectual, foi relevante o evoluir dos conteúdos da
conceptualização da população portuguesa. Ramos (2004) recorda que o universalismo da
década de 1820s se foi estreitando ao longo de XIX e da I República, com legislações
sucessivamente reduzindo o direito ao voto e à cidadania, nisso o âmbito dos sujeitos de
soberania política. Desta foram sendo afastados vários núcleos sociais, ditos deficitários em
termos de autonomia existencial e, por isso, de livre-arbítrio, da compreensão dos objectivos
inscritos no bem comum, dadas as suas insuficiências económicas e profissionais, culturais e
educacionais, assim existenciais. Processo que incluiu uma produção intelectual ambivalente,
em parte veiculando a desvalorização das populações rurais.62 E já em XX o republicanismo
liberal, cujo universalismo propunha ordenamentos político-jurídicos assentes no molde
indivíduo-cidadão, foi recuando diante de diferentes perspectivas – as dos tradicionalistas,
católicos e reformistas proudhonianos – que advogavam a consideração no seio da sociedade
de entidades políticas, administrativas e sociais intermédias, visão que veio a ser consagrada
no corporativismo, estruturador do Estado Novo (Catroga 2010: 96). Algo que se tornou
coadunável, em contextos africanos, com a consideração das entidades gentílicas, subjugadas
ao costume, enquanto intermediários entre Estado (nação) e indivíduos, estes de facto assim
reduzidos a súbditos.
Foi nessa conjugação entre a desvalorização racista - emanada do historial escravista e
potenciada pelo racialismo científico emergente em fins de XIX, algo contraditória e
difusamente mesclada com um optimismo pedagógico, sedimentado na crença de uma
pedagogia civilizacional pela introdução de (uma determinada tipologia de) trabalho
(Rodrigues 165-197) - e a inferiorização política, cultural e psíquica das classes populares
portuguesas (e europeias), em particular da ruralidade, que se inscreveram as concepções
segregacionistas obre os africanos, em termos algo maximizados dado o cúmulo de
excentricidade mas que não foram totalmente inovadores. O que obsta às interpretações destes
procedimentos políticos e administrativos que os reduzem a um racismo instrumental.
Foi esse o contexto das pesquisas etnográficas sobre populações entendidas como
tribais, nessa acepção delimitadas territorialmente segundo uma fundamentação étnica (Rita-
Ferreira 1958a, 1958b), a qual se julgava sinalizar uma homogeneidade cultural intrínseca.
61
Sublinho que refiro o ideal, o que não implica a afirmação de uma soberania histórica sobre esses
territórios. Sobre “prazos” na bacia zambeziana ver p. ex. Capela (1995b), Newitt (1969), Papagno
(1980), Rodrigues (1996). Sobre o regime senhorial medieval ver Mattoso, Sousa (1993: 165-205).
62
Algo analisado em detalhe por Leal (2000, 2006g).
12
Concepção que apelava ao estabelecimento de um regime transversalmente similar de poderes
políticos tradicionais (Fry 2005a: 62), cujas especificidades cumpria mapear para sua
articulação e utilização estratégica no contexto administrativo colonial (Alpers 1974).
5. Estes dois eixos analíticos tiveram diferentes pólos motrizes. É certo que, após a
instauração da República, a intensificação da rede administrativa colonial implicou a criação
de infra-estruturas científicas.66 Entre as quais o Museu Provincial, depois chamado Álvaro de
63
Para além das obras de Pereira ver Cantinho Pereira (2005: 192-198), Madureira (2003), Matos
(2006: 134-146), Medeiros (1996a), Roque (2006a), Duro dos Santos (2005: 122-134).
64
Pressupostos explanados em Leal (2000: 83-104).
65
Allina (2012) mostra que já no período republicano alguns administradores, por humanismo
espontâneo, diziam exageradas as exigências regulamentadas sobre as populações, principalmente de
extracção laboral. Fundamentá-las cientificamente teria um carácter dissuasor dessas reclamações.
66
O Centro de Investigação Científica Algodoeira, o Laboratório de Patologia Veterinária, o
Laboratório de Bacteriologia e Parasitologia do Hospital Miguel Bombarda, a Estação Anti-Malária, a
Estação de Biologia Marítima da Inhaca, o Observatório Meteorológico Campos Rodrigues, e vários
laboratórios e estações agrícolas e experimentais, em particular no Umbeluzi. A Repartição Técnica de
Indústria e Geologia colectou para o Museu de Geologia Freire de Andrade. (Antunes 2014: 168).
13
Castro,67 o actual Museu de História Natural, dedicado a explicitar as potencialidades naturais
da colónia, datado de 1913. O qual, décadas depois, agregou uma secção etnográfica,
seguindo o modelo de incluir os traços materiais das sociedades como se meras ocupantes do
espaço natural. No âmbito desse desenvolvimento estabeleceram-se desde logo interacções
com instituições científicas vizinhas, em particular as sul-africanas (Antunes 2014).
Ainda assim, é notório que a antropologia física e biológica a cargo de cientistas
especializados, académicos crentes no primado do “saber puro”68 e de que a análise da
história natural do homem contribuiria para a gestão imperial - algo que teve o seu cume na
Missão Antropológica de Moçambique, com seis expedições entre 1936 e 1956 -, foi um
projecto sistemático induzido pelas instâncias metropolitanas.69
Já a a pesquisa sobre os direitos locais, e seus contextos religiosos e culturais, opção
explicitamente “aplicada”, foi impulsionada pelo governo-geral da colónia, com recurso ao
quadro local de funcionários públicos, não especialistas. Em 1941 iniciou-se a Missão
Etognósica de Moçambique, a cargo do jurista Gonçalves Cotta, 70 para o reconhecimento dos
quadros legais e culturais dos diversos grupos étnicos, com vista à codificação do direito civil
e penal africano, concordante com “usos e costumes” mas subordinada aos princípios
fundamentais do direito português, uma aspiração na colónia desde XIX.71
Em 1945 foram regulamentados os concursos para funcionários coloniais (chefes de
posto, secretários e administradores de circunscrição),72 passando a ascensão a administrador
a exigir, como prova de avaliação, a realização de uma monografia etnográfica original sobre
uma população indígena, e a admissão aos outros cargos um conjunto de conhecimentos de
cariz etnográfico e linguístico, algo que esteve em vigor até 1962. Foi em Moçambique que
67
Nome do então governador-geral da colónia. Sobre o museu ver Antunes (2014, 2016), Leite (2010).
68
Thomaz (1996) demonstra, para a década de 1930, que não predominava a investigação utilitarista.
69
Ver Pereira (2006: 178-179). Para o elenco das suas produções textuais, maioritariamente dedicadas
a dados de antropologia física, ver Ministério das Colónias (1952). Mas o seu prestígio atraiu colonos,
como Simões Alberto, em grande parte autodidacta que veio a frequentar o Instituto de Antropologia
do Porto, até participando nas suas missões em Angola e Moçambique. Sobre a sua obra, conjugando
problemáticas físicas, linguísticas, arqueológicas e culturais, ver Medeiros (1994), Rita-Ferreira
(1994), Sopa, Medeiros (1994). Sobre questões antropobiológicas ver p. ex. Alberto (1954b, 1955b,
1956b), Alberto, Barreto (1952, 1953), Barreto, Alberto (1953), Grilo, Alberto (1958). Sobre
mestiçagem face à aclimação ver Alberto (1955a, 1955c, 1956a). Exemplo típico desta consociação de
temáticas em funcionários locais foi o médico Carlos Santos Reis sobre o contexto maconde (Reis
1954, 1955, 1956).
70
Para se aquilatar da total fidelidade de Gonçalves Cotta ao regime ver as declarações de Aníbal
Aleluia, ainda que não remetam para esta investigação (Laban 1998: 30, Saúte 1998: 30-31).
71
Dessa missão resultaria a publicação em 1946 do Projecto do Código Penal dos Indígenas e do
Projecto Definitivo do Estatuto do Direito Privado dos Indígenas, da autoria de Gonçalves Cotta.
72
Portaria nº 10.980, de 4 de Junho do Ministério das Colónias de1945, sendo ministro Marcelo
Caetano, efectivando uma ideia incluída na Reforma Administrativa Ultramarina de 1933.
14
este regulamento teve maior eficácia em termos de produção documental,73 algo devido à
pressão do governo-geral da colónia. Os resultados medíocres do conjunto, das provas e os da
própria “missão etognósica”, demonstram a impreparação metodológica e teórica dos seus
executores,74 mas essa “etnografia administrativa” foi o instrumento possível face às
problemáticas surgidas na governação colonial (Medeiros 1993, Pereira 2001).75
Em suma, e sem exagerar polarizações esquemáticas, as quais reduzem a ambivalência
dos processos intelectuais, notam-se duas tendências subjacentes a estas vias: se o mundo
colonial teve uma tensão constante entre segregacionismo e assimilacionismo (Fry 2005a,
Mamdani 1996), este último surgia implícito na abordagem racialista, crente na unidade do
género humano, ainda que projectando no futuro essa similitude real por via da
perfectibilidade africana (Thomaz 2001), enquanto o viés segregacionista vingava na
abordagem etnográfica (Margarido 1975), por vezes compatível com uma visão simpática e
racionalizadora, por deriva humanitária, dos contextos defrontados.
73
Inventariada em Centro de Documentação Científica Ultramarina (1966) e Medeiros (1993).
74
Exceptue-se o funcionário António Rita-Ferreira. Sobre este ver Macagno (2016), Pereira (2006a:
366-384, 2016). E a visão negativa de Craveirinha sobre o seu tipo de abordagem (Laban 1998: 69).
75
Para uma breve e devastadora crítica geral dessa literatura ver Geffray (1987c: 4-8).
76
Sobre a desvalorização do racialismo após a II Guerra Mundial, e a consideração dos traços comuns
do racismo nazi com as práticas governamentais na África colonial e na África do Sul ver Paraf (s.d.
[1964]). Para as suas ligações com a antropologia ver Gingrich (2005: 111-137).
77
Ver Butler (1991), Cooper (1997, 2004a, 2005: 204-230), Hyam (1988), Scott (1998).
78
Keese (2003) refere que desde a II Guerra Mundial cresceu entre a administração colonial a
divergência, ambígua, entre conservadores e modernizadores, estes convictos do excesso da
exploração, principalmente no respeitante à extracção laboral.
15
liberal de assimilação como fundamento discursivo, associando-o à então recente teoria luso-
tropical para justificar a perenidade colonial (Bastos 2003, Castelo 1998),79 mesmo que esse
princípio, enquanto meta de longo prazo, nunca tivesse sido abandonado (Fry 2005a: 63). Em
1961 cessaram os regimes jurídicos de indigenato e da corveia, até devido às críticas
internacionais a esta prática, simbolizando o abandono do princípio subjacente de que a
“missão civilizadora” portuguesa se centrava na impregnação do ideal laboral, ainda que
transmitido de modo compulsivo, ideia vigente desde o início da colonização efectiva.80
Nesse contexto, o ideário do “desenvolvimento comunitário” (Athayde 1964, Neto
1962) - assumido pela ONU em 1953 - considerando os itens culturais das populações como
factores de transformação positiva (Francisco 2010: 69-75), coabitou com medidas tendentes
ao “bem-estar rural” (Alberto 1954a), num âmbito mais lato do que as políticas sanitárias
anteriores (Havik 2017). Foi também propalado por alguns sectores ligados à igreja católica, e
enunciado como se fosse ancorado na “vocação ecuménica do povo luso” (Curto, Cruz 2015:
149), traduzindo a sua dimensão dadivosa desinteressada.
Mas a reforma do estatuto do indigenato em 1954 e sua posterior extinção, e a adesão à
política de “desenvolvimento comunitário”, não foram só efeitos das pressões internacionais
ou do ideal assimilacionista, vigente nos discursos oficiais e oficiosos do regime. É certo que
este influenciara o viés modernizador (Mendes, Coelho 2005: 45), visível nos planos de
(re)criação dos núcleos habitacionais rurais e periurbanos, induzindo deslocações
populacionais, e traduzindo-se em modelos residenciais - e, como tal, de concepção de
unidade familiar e, assim, de socialização - similares aos portugueses.81 Bem como no tipo de
infra-estruturação desenvolvimentista, em torno das sedes administrativas, desejada como
dinamizadora da concentração voluntária das populações,82 e na consideração do trabalho
rural como executado por agentes laborais livres, terminada a obrigação legal da corveia.
79
Para a recepção de Freyre na colónia (Freyre 1952b, Vilhena 1952) ver Barreto (1954),
demonstrando quão renitente era a adesão à tese da miscigenação no seio da intelectualidade local.
80
As páginas introdutórias de António Enes (1971) são célebre exemplo desse ideal. Desde finais de
XIX que vigorara uma concepção de negro assente no preceito racial evolucionista, crendo na
possibilidade da sua “educação” (transmissão de valores morais) e descrendo na de uma “instrução”
(uma elevação racional). A qual foi substrato da apologia da missionação e de um regime escolar
básico conjugados com o apartar de direitos cívicos e laborais (Rodrigues 2007: 283-297).
81
Esteve também presente no recrutamento militar (Jossias 2007: 17-18). Comaroff, Comaroff (1992:
265-295) mostram como os discursos e as políticas coloniais britânicas relativas à difusão de padrões
de residência, assentes numa ideologia familiar considerada virtuosa e moderna, se conjugavam, de
facto, com estratégias de padronizar as práticas de domesticidade e unidade familiar/residencial nas
próprias cidades da Grã-Bretanha.
82
Curto, Cruz (2015: 158) citam a proposta de Correia de Araújo, em 1965, estipulada para Angola
mas denotativa deste ideal: “No centro de cada regedoria, estaria um centro social, sendo que as
propriedades agrícolas correspondentes ficariam num raio de 5 km. Comporiam esse centro uma
16
Pois estes projectos de reassentamento populacional, previstos desde 1947, articulavam-
se com a dinamização da cultura compulsiva de algodão, 83 para facilitar a sua produção e
comercialização e a supervisão dos produtores (Isaacman 1987, Pereira 2005). E ligavam-se a
estratégias, sentidas como prementes, para encapsular o universo dito “destribalizado”
produzido e influenciado pela crescente inserção na economia monetária, a urbanização, o
trabalho em plantações e nas indústrias,84 e pelas organizações de proselitismo religioso.85 O
qual era visto como tendo-se eximido, política e culturalmente, da tutela das autoridades ditas
gentílicas – ainda que urbanização e monetarização não implicassem a ruptura total dos laços
cosmológicos e das redes sociais anteriores.86 Uma ideia que presumia a sua imoralização,
tendente ao aumento da criminalidade (Alberto 1952), e a sua adesão a hipotéticos
movimentos religiosos e políticos avessos ao regime colonial, cuja disseminação era julgada
menos provável em contextos sob a tutela dessas autoridades.87
A tentativa de incremento do controlo da população por via da modernização das infra-
estruturas sociais, e da transformação das formas de posse e utilização da terra, impulsionou o
estabelecimento de “aldeamentos coloniais”, depois reforçados devido a intuitos securitários
durante a guerra de independência (Coelho 1989, 1993a, 2003b), mas articulados com o
paradigma de “desenvolvimento comunitário”. Esse propósito, para além do eixo
militarizado, teve resultados modestos (Anderson, Jenkins, Nielsen 2015: 336) e o seu
remanescente mais visível, para além daqueles aldeamentos continuados como “aldeias
comunais” após a independência, será a esparsa rede de “casas de régulo”, construções
escola, capela, posto sanitário, cooperativa, sede, residência do regedor, do professor, do enfermeiro,
armazém, balneário colectivo, lavadouro com compartimentos individuais, fossas, fontanários,
instalações para pequenas oficinas, recinto desportivo, etc.”, a realizar por autoconstrução comunitária.
83
Uma abordagem técnica à disseminação da produção algodoeira está em Bravo (1963). Para uma
visão global sobre essa cultura forçada ver Isaacman (1996) e Isaacman, Chilundo (1995), e em
especial sobre a articulação com as chefias locais Isaacman (1987, 1992).
84
Assunto que fora discutido em 1954 na conferência Impacto Social da Industrialização e da
Condição Urbana na África ao Sul do Saara, organizada pela UNESCO em Abidjan (UNESCO 1956).
Na qual inexistiram materiais respeitantes às colónias portuguesas, tanto pela falta de produção interna
como pela oposição portuguesa às actividades africanistas da UNESCO, tentando privilegiar a
Comissão de Cooperação Técnica em África ao Sul do Saara, organismo internacional que
congregrava os países coloniais (Ágoas, Castelo 2019). Sobre a inexistência nesses estudos da análise
das relações de poder colonial inscritas nesses processos ver Cooper (2004b).
85
Sobre estas organizações ver Cahen (1998) e, em particular para as islâmicas, Bonate (2016).
86
Como se depreende p. ex. em Geffray (1987c) para o norte e em Feliciano (1998a) para o sul. Algo
que na época já era anunciado, como em Forde (1956) ou Steward (1967). Para a crítica antropológica
à visão de “destribalização” ver Gluckmann (1960, 1963).
87
Movimentos cuja abordagem por Balandier (1970) tinha ecoado em Portugal, e que eram tema de
análise e preocupação. Nesse âmbito, e para o caso angolano, ver Santos (1972).
17
encetadas desde os 1940s para o reforço da integração dessas autoridades na administração
colonial, em particular nas zonas de produção algodoeira (Chichava 2007a, 2007b).
Neste contexto manteve-se a duplicidade jurídica efectiva, e procurou-se o seu reforço
através do reenquadramento político, jurídico e habitacional desses “destribalizados”, em
especial nas áreas periurbanas e rurais88 para as quais se haviam deslocado.89 E subsistiu na
coabitação dos direitos costumeiros e português, entre os quais os africanos deveriam optar,
ou por declaração explícita ou por efeito de casamento canónico (Cahen 1998: 9, 26), algo
associado, de modo não linear, à distinção entre células administrativas “africanas”, as
regedorias, e “europeias”, os concelhos, nas quais predominariam os respectivos direitos.90
Assim, o dado político crucial que essas intensões desenvolvimentistas indiciaram foi o
da percepção estatal da insuficiência das autoridades ditas tradicionais para regular a vida
desse crescente universo “destribalizado”, o que se repercutiu no estatuto e prerrogativas das
chefias existentes e na criação estatal de novas figuras, empossadas sob idioma tradicionalista
mas, de facto, desprovidas de uma legitimidade político-religiosa que este reclama, e feitas
corresponder a uma quadrícula étnica, bastante artificial (Curto, Cruz 2015).91
88
Não discuto a questão da definição de “urbano” e “rural” e suas ligações. Sobre o assunto,
entendendo-os como uma articulação espectral e relativamente transitiva, ver Jenkins (2003: 123-124).
89
Do Estatuto de 1954: “Artigo 21.º: As autoridades administrativas exercerão por si sós jurisdição e
polícia sobre os indígenas que deixarem de estar integrados nas organizações políticas tradicionais.
Artigo 22º: Quando se tenham formado aglomerados populacionais constituídos exclusivamente por
indígenas nas condições do artigo anterior, poderão as autoridades administrativas nomear, de entre os
habitantes, regedores administrativos e cabos de ordens, aos quais serão atribuídas funções policiais e
de auxiliares de administração civil.” (República Portuguesa 1960: 28).
90
Os concelhos, em áreas urbanas, estavam sob direito português e autoridades civis. As zonas rurais
eram circunscrições, com uma divisão hierárquica (distrito, posto administrativo e regedoria – ainda
que esta não fosse exclusivamente rural), sendo o posto inferior, régulo, ocupado por um nativo, e
coadjuvado por autoridades menores, investidos segundo um idioma de legitimidade tradicional,
linhageiro. Nas circunscrições predominava, não exclusivamente, a utilização do direito local.
91
Sobre a construção da “tradicionalidade” do poder em Moçambique, ver Serra (1997b: 44-52).
92
Ver Castelo (2012, 2014), Costa (2013), Curto, Cruz (2015), Santos (1952).
18
efectivou.93 Sob a concepção museológica então vigente estabeleceram-se instalações
generalistas,94 para demonstrar as potencialidades naturais e humanas - e nestas integrando as
africanas e a obra colonial. E incluiu-se o fito de preservar traços da cultura material e
intelectual das populações, entendidas como inseridas numa destribalização causadora de
rápida dissolução das suas mundivisões e modos de vida, que implicariam a perda de
referentes culturais estabilizadores.
Neste processo algo mudou o pendor da crescente pesquisa antropológica, ainda sob os
pressupostos valorizadores da colonização, sob um viés reformista. A Missão de Estudos das
Minorias Étnicas do Ultramar Português, criada em 1956, articulada com a Junta de
Investigações do Ultramar, dinamizou estudos sociais, inclusos na abordagem comunitária e
atentos à hipotética emergência de independentismos. Esse impulso gerou o trabalho mais
renomado da antropologia africanista portuguesa, Os Macondes de Moçambique, da equipa de
Jorge Dias (Dias 1998 [1964], Dias, Dias, 1964, 1970, Guerreiro 1966), projecto também
encarregue de analisar e prever a situação política no território analisado e, por extensão, na
colónia (Pereira 1998).
No período tardo-colonial, as prévias perspectivas e problemáticas continuaram
presentes, ainda que sob diversos métodos e, até, teorias. Seguiu a atenção sobre direitos
locais, como os sucessórios (Coissoró 1966) e fundiários (Matos 1965), e das predisposições
étnicas, agora não só psicológicas mas também políticas (Pereira 1998). E, mesmo que a
obrigatoriedade da produção textual tivesse deixado de constar na carreira estatal, manteve-se
a influência intelectual que induzia a realização de textos inseridos no espectro da “etnografia
administrativa”, como a exemplificam as apreciáveis monografias Entre os Macuas de
Angoche: Historiando Moçambique (Machado 1970) ou O Povo Yao: Subsídios para o
Estudo de Um Povo do Noroeste de Moçambique (Amaral 1990).
Destarte permaneceu o predomínio de um quadro teórico, também presente em Dias 95 -
ainda que este autor fosse excêntrico a este contexto de produção -, centrado na etnicização
dos objectos e das mentalidades típicas locais, articulando a perspectiva culturalista e os
anteriores objectivos administrativos. A demanda de uma cartografia étnica traduzia um
entendimento das populações como estabilidades históricas, comunidades culturais e
93
O Museu Regional Comandante Ferreira de Almeida (nomeado segundo o governador distrital de
então), foi uma verdadeira obra de regime, inaugurada aquando da elevação de Nampula a cidade
durante a visita do Presidente português. Após a independência tornou-se o Museu Nacional de
Etnografia. Sobre este museu ver Leite (2010: 44-47).
94
O museu de Nampula continha secções de História, Arqueologia, Numismática, Mineralogia, e
Cinegética, e colecção etnográfica.
95
Para uma análise dos fundamentos teóricos do trabalho africanista de Jorge Dias ver Leal (2016).
19
linguísticas homogéneas, pressupondo o tradicionalismo e tendencial imobilismo das
instituições como factores que fundamentavam a eficácia e legitimidade dos direitos e
autoridades locais. Metodologia patente na cartografia histórica de Rita-Ferreira (1958b,
1975, 1982, 1986) e subjacente aos trabalhos de missionários (p. ex. Peirone 1967), estes
indagando as características psicológicas étnicas, em especial as predisposições metafísicas,
pois inseridos na estrategização evangelizadora. O que alimentou o ideal de ordenamento
populacional através de linhas étnicas, sendo estas muitas vezes meros postulados, dada a
fluidez histórica das delimitações culturais, linguísticas e políticas (O’Laughlin 2000).
É de notar que esta perspectiva não adveio só da crença num atavismo, qua ontológico,
dos africanos, como se retirando-lhes dinamismos históricos, numa desvalorização
etnocêntrica, como tanta crítica aponta. Pois também bebia das concepções que consagravam
a importância, e imutabilidade, das tradições – étnicas ou nacionais - nos contextos europeus,
assim cridas como suportes legítimos do nacionalismo, como se deste essências fossem, as
quais foram dominantes nas visões do nacionalismo e sua evolução (Anderson 2005,
Hobsbawm 1983, 1997, Ranger 1983, Trevor-Roper 1997).
Em suma, durante a primeira metade de XX predominou a via antropobiológica, dado o
seu prestígio cientista, conjugável com o evolucionismo e o racialismo presentes na elite
intelectual e política metropolitana. E os factores socioculturais das populações africanas,
mesmo nos anos subsequentes, foram inquiridos pelo olhar flutuante dos “mais diversos
agentes da colonização, missionários, militares, funcionários administrativos, comerciantes e
fazendeiros” (Pereira 2005: 210). O que distinguiu a antropologia africanista portuguesa das
suas congéneres dos países coloniais europeus, nisso se constituindo um acervo com valor
desigual, fruto de limitações teóricas e constrangimentos epistemológicos, algo anacrónico
mesmo face às do exercício coetâneo da disciplina em Portugal (Viegas, Pina-Cabral 2014).
O relevante não é avaliar a qualidade desse legado segundo as concepções de valia
científica e as taxonomias disciplinares actuais, para aquilatar o que se reclama para o campo
da antropologia.96 Mas reconhecer a articulação constante no tempo longo entre a mobilização
de especialistas “cientistas”, desde o advento da “viagens filosóficas” setecentistas, as
mediáticas expedições do último quartel de XIX, dos antropólogos físicos até ao fugaz
contingente de antropólogos socioculturais do final do período colonial, e o recurso desde
XVIII aos “profissionais do império”, os corpos do funcionalismo público e outros actores da
presença colonial. Uma conjugação escorada na visão que atribuía à recolha etnográfica um
96
Para uma avaliação negativa da antropologia colonial portuguesa ver Almeida (2008).
20
cariz pré-científico, passível de ser realizada por oriundos de diversas especialidades
profissionais, e destinada a alimentar a reflexão etnológica – ou antropológica -, essa já tarefa
científica, a cargo de especialistas (Dias 1982: 21).
Esta confluência entre cientistas e amadores, e respectivas metodologias, foi a condição
estruturante.da composição do campo da antropologia dedicada ao território moçambicano,
cujo âmago se sedeou nos objectivos e estratégias, heterogéneos e até concorrenciais, com os
quais as populações foram constituídas em objectos.
97
Disso exemplo é o recente texto de Darch (2017): “Os estudantes não eram seleccionados de acordo
com critérios académicos tradicionais, mas por suas responsabilidades nas estruturas estatais e
partidárias” (117) “mas evidentemente isso não implicava que o Partido tinha domínio sobre a
investigação” (124) – mais que não seja pela hagiografia patenteada pelo uso da maiúscula.
98
Com a notória excepção do trabalho de Fernandes (em particular 2011), sobre o percurso do CEA.
99
No memorialismo de intelectuais moçambicanos (Fernandes 2011), é usual o matizar ou negar da
desvalorização da antropologia na época. Ou reduzi-la a dissensões culturais entre os investigadores
anglófonos, mais ligados à economia política, e os antropólogos franceses, então deslocados a
Moçambique. Tal não só reduz o debate sobre a prática antropológica a efeitos da socialização da elite
intelectual de então. Esta “explicação” culturalista, radicando as diferenças teóricas no conflito entre
um “espírito” anglófono vs um “espírito” francófono, inexiste nas alusões a outros conflitos entre
intelectuais estrangeiros então presentes no país. Por exemplo, não se explicam os conflitos com os
“RDAs”, os alemães orientais presentes na UEM, devido ao seu “espírito” germânico.
21
Essa refutação surge como se a referência à desvalorização da antropologia obrigasse a
reconhecer uma fractura ideológica e/ou disciplinar que tivesse existido, e de modo perene, na
intelectualidade moçambicana, algo que as décadas decorridas mostram inexistir. Pois se as
identidades disciplinares, e suas ênfases temáticas e metodológicas, se vieram a sedimentar,
em especial após a pluralização das licenciaturas em ciências sociais desde meados dos 1990s,
são notórios os processos de trabalho interdisciplinar e de socialização profissional
articulando antropólogos com oriundos de outras formações disciplinares. Como tal, sobre a
discriminação da antropologia o relevante são os implícitos intelectuais e políticos que a
promoveram, e a ideia que traduziam do que compete à ciência social.
100
A questão anti-racista colocou-se na elite do movimento Frelimo, em particular no processo de
sucessão de Eduardo Mondlane, com imputação de racismo (anti-branco) e tribalismo à linha política
então perdedora. Sobre o assunto ver, entre vasta bibliografia, Darch, Hedges (1998), Martins (2001).
101
O acréscimo da população colona acentuara-se na segunda metade de XX: 48 000 em 1950, 100
000 em 1960, cerca de 200 000 em 1974 (Errante 2003: 19, Medeiros 1990), ainda que os números
sejam aproximativos, dada a inexistência de censo total em 1970 (Castelo 2007). Mas já antes da
independência partiam colonos, 40 000 desde 1971 (Bowen 2000: 45). Para a saída dos vários núcleos
populacionais ver Khouri, Leite (2013), Medeiros (2007b), Rita-Ferreira (1988a), Zamparoni (2000).
22
Esse êxodo teve várias causas. Em primeiro lugar, as auto-categorizações identitárias e
as expectativas socioeconómicas dos portugueses (e dos outros núcleos imigrados) tornavam-
nos pouco atreitos a um novo poder, africano, dirimido por negros102 e proclamando uma
ideologia que fora divulgada pelo poder colonial como comunista. O que à época era real,
pois o Frelimo assumira o marxismo-leninismo no seu II congresso, em 1968, e reclamar-se-
ia “partido vanguarda” em 1977, no seu III congresso.103 E anunciava-se em conúbio com os
países comunistas, ditos “aliados naturais” (Machel 1975b: 13, 1978: 19),104 ainda que
reclamando a especificidade moçambicana, querendo conjugar as perspectivas soviéticas e
chinesas e a influência das políticas tanzanianas (Brito 1988, 2001).105
Os violentos acontecimentos de Setembro e Outubro de 1974, ocorridos em Lourenço
Marques (Machava 2015), reforçaram expectativas nada favoráveis à continuidade colona.106
E sendo certo que alguns elementos de estratos urbanos minoritários se mantiveram no país,
principalmente oriundos da oposição democrática ao Estado Novo e dos movimentos
estudantis laurentinos (Souto 2007, 2012), mesmo muitos destes cedo vieram a partir devido à
evolução política.107
De facto, essa manutenção não teria base sociológica. O carácter dualista da sociedade
colonial (Cabaço 2010a: 34-48), assente numa discriminação administrativa e numa
mundividência racista, que balizava as modalidades sociais de uma apropriação económica,
extremara desde inícios de XX a fractura racial, criando a rejeição local à continuidade dos
núcleos colonos. Os quais descriam das suas expectativas económicas no novo país, face ao
projecto socialista, com mutação da propriedade das unidades económicas, dita fulcral para
102
Errante (2003) aponta alguma heterogeneidade das representações raciais (e nacionais) entre
população colona em Moçambique, em particular nas gerações ali crescidas, avessa à simples
dicotomia colono-colonizado. Mas isso não obsta à apreensão de um generalizado sentimento de
superioridade rácica e cultural entre a população de origem portuguesa.
103
Sobre a composição ideológica do Frelimo ver, entre uma vasta bibliografia, Adam (2006),
Bragança, Depelchin (1986), Brito (1988), Cahen (2006, 2012), Chabal (1983), Kruks (1987),
Macagno (2005), Simpson (1992, 1993), Thomas (1976), Thomaz (2002).
104
Adam (2001) nota que os textos publicados sob autoria de Machel eram de autoria colectiva, por
membros dos órgãos dirigentes do Frelimo, nisso sublinhando que continham visões nele dominantes.
105
A confluência de influências originava-se não só em questões ideológicas mas também nas diversas
articulações estabelecidas nos processos de formação política e militar dos quadros iniciais da Frelimo.
Se a influência do pensamento de Nyerere se reforçou pelo apoio tanzaniano à formação e
estabelecimento da Frelimo, outras influências – em particular a soviética, a argelina e a chinesa - são
ilustradas no correr da vaga memorialista que os vários quadros da Frelimo têm vindo a publicar
(Ferrão 2007, Manghezi 1999, Mboa 2009, Moiane 2009, Monteiro 2012, Veloso 2006).
106
Para uma visão negativa desse período do processo independentista por portugueses então
residentes na colónia ver as descrições do período em Mesquitela (1977) e Passos (1977).
107
Sobre esse contexto social Oliveira (2002) é um exemplo memorialista. Shubin (2008: 138-139) dá
conta da crítica soviética ao “extremismo esquerdista” governamental que conduzira à partida do
contingente de portugueses que pretendia ficar no país.
23
impedir formatos neocoloniais,108 algo que desde cedo marcara a adesão da liderança do
Frelimo ao marxismo. E à previsível mudança na administração estatal, que lhes seria
adversa, pois até então com ela articulados, pois em grande medida dela dependiam directa e
indirectamente. Também razões políticas endógenas obstavam a essa manutenção, pois o
projecto modernista nacionalista concebia-se transformador dos seus cidadãos, por via das
práticas de um novo aparato estatal e do partido-único,109 sendo esses núcleos colonos (ou
sociologicamente excêntricos) previstos como impermeáveis a esse processo.
A inadmissibilidade da continuidade da população colona, não sendo explícita na
literatura de então - nem o foi nas posteriores análises moçambicanas - era evidenciada,
discursiva e praticamente, pela nova liderança política, por vezes de modo até contraditório
(Rita-Ferreira 1988a). O que ecoava os efeitos da década de guerra de independência, e
também de alguma tradição de resistência organizada durante o período colonial, bem como
das formas como fora sentida a exploração colonial, em contextos urbanos e rurais.110
Ademais, a nova elite política albergava uma mescla ideológica e de interesses, congregada
durante a guerra de independência na direcção do movimento de libertação, com núcleos da
pequena-burguesia urbana que, como o futuro o veio a comprovar, associavam o programa
nacionalista a projectos de ascensão socioeconómica (Brito 1988, Robinson 2015). Algo que
seria de difícil concatenação com a permanência dos vários núcleos colonos, dotados de
diferentes graus de privilégios económicos.
Em suma, tanto a imagem do colonialismo na população moçambicana como a
consciência colona, mesmo que ainda difusa, dos conteúdos das futuras formas de
organização política e económica, presumiam o afastamento das camadas colonas, e
alheavam-se da proclamada concepção a-racial do futuro do novo país e do carácter anti-
racista proclamado pelo movimento de libertação. De facto, a independência fora sentida
como a partida dos portugueses, desejada ou temida consoante os núcleos sociais, isto à
excepção do algo mirífico projecto tardo-colonial de uma independência subordinada à
população colona, abarcando a totalidade ou parcela de Moçambique (Jardim 1976).111
108
Ver Bragança (1986: 9), Gentili (2012: xx), Isaacman, Isaacman (1983: 161), Saul (1985c: 45).
109
Ver Cahen (1992, 1996, 2006), Nhampule (2013: 20-28).
110
Para exemplo de contextos urbanos ver Isaacman, Isaacman (1983), Penvenne (1995), Zamparoni
(2007) e para os rurais ver Bowen (2000); Isaacman (1987, 1992, 1996), Isaacman, Chilundo (1995),
Isaacman et al (1980). Em termos gerais ver Cahen (2000), Isaacman (1977). Alpers (1983) apresenta
formas de expressão cultural de resistência e denúncia do colonialismo. Para uma crítica à literatura
dedicada à resistência anticolonial, considerando-a exagerada, ver Capela (2010c [1991]).
111
Jardim (1976:172-176) não o anuncia mas depreende-se do seu plano autonómico.
24
Aquando da independência o pessoal ligado às ciências sociais, polarizado nos Estudos
Gerais Universitários e Instituto de Investigação Científica de Moçambique, criados em 1962
e 1957 respectivamente, era muito reduzido, lusocentrado e pouco atreito a pesquisas de
terreno, e à recolha das concepções ali prevalecentes (Fernandes 2013a: 132).112 O êxodo
acontecido abarcou esses quadros universitários e científicos113 e, dadas as características
excludentes do sistema educacional colonial que consignava a esmagadora maioria da
população africana escolarizada a um ensino básico, resultando numa extrema exiguidade de
moçambicanos com formação superior, a situação causou uma cesura no trabalho científico
aquando da independência.114
112
Só em finais da década anterior se iniciara a formação universitária em Geografia e História, para
além de Filologia Românica, e sob o referido prisma lusocentrado (Fernandes 2011, 2013a).
113
Alguns tentaram ficar mas vieram a partir, devido a razões pessoais e/ou ao contexto político, como
exemplificaram Alexandre Lobato (Lobato 1990) e António Rita-Ferreira (Pereira 2016).
114
As características das investigações e as mundividências dos investigadores também não
permitiram a formação de “assistentes de pesquisa” antropológica – como noutros contextos coloniais
(Schumaker 2001) – que pudessem ascender a posições de investigadores autónomos.
115
Sobre o racialismo de Oliveira Martins (p. ex. Martins 1994 [1879]: 37-46) ver Alexandre (1995a),
Barbeitos (2000), Calafate (2004), Saraiva (1995e: 83-98).
116
Já Mondlane recusara doutorar-se em antropologia devido à percepção da sua ligação com o
colonialismo (Harris 1995). Sobre o seu percurso intelectual ver Samsone (2012).
117
Ver também a contestação à argumentação de Harris feita por Rita-Ferreira (1960). Para enquadrar
o caso ver Macagno (1999, 2015: 227-232, 2016).
118
Que não foi total, como o comprova a permissão dada à investigação de Webster (2009). Sobre esta
ver Pina-Cabral (2009). De facto, o controlo estatal das investigações estrangeiras com trabalho de
terreno associava-se à tentativa de estabelecimento de relações com universidades americanas para o
desenvolvimento do ensino superior na colónia (Macagno 2015), o que terá induzido espaço para a
realização de algumas investigações, como também o exemplificam Alpers (1975) e Isaacman (1972).
25
o qual, no seu ritual de ascensão a catedrático, concluiu que “a antropologia nasce nas
colónias para ajudar os colonizados a pagar impostos e a trabalhar nas plantações” (Serra
2005: 27), ao que se somou a ideia governamental de que antropólogos estrangeiros
colaboravam com a disseminação da guerra civil (Green 1995).119 Um ónus agravado pela
apreensão da vizinha antropologia sul-africana qual suporte da tribalização agregada ao
“desenvolvimento separado”, legitimadora do apartheid (Gordon 2010, Mandami 1996).120
Nesse desprimor foi também relevante que as ciências sociais tivessem, tal como foi
recorrente nos novos países africanos, sido subordinadas à função de contribuir para a acção
política estatal, na senda da construção da nação, cuja unicidade era percepcionada como
fundamental para o desejado desenvolvimento (Zeleza 2002). A universidade, e a pesquisa
acoplada, foi entendida como instituição modernizadora, ancorada na noção da evidência do
atraso nacional e do necessário empenho desenvolvimentista. O Instituto de Investigação
Científica de Moçambique foi reformulado, tendo originado quatro unidades inscritas no
âmbito das ciências sociais (a Secção de Arqueologia, os Centros de Ecologia, de Estudos de
Comunicação e o de Técnicas Básicas para o Aproveitamento dos Recursos Naturais), e
emergiu em 1976 como local dominante, o Centro de Estudos Africanos (CEA), alimentado
de investigadores estrangeiros, o qual sedeou o fundamental da pesquisa em ciências sociais,
articulada com a formação de técnicos desenvolvimentistas, pretendidos como dinamizadores
da socialização da produção, a ser regulada pela planificação estatal.121
Na elite intelectual dominou a adesão à economia política marxista, sob a influência de
Ruth First (Coelho 2008b, Williams 2014), da docência oriunda da Europa comunista, 122 e de
um conjunto de investigadores marxistas ocidentais, militantes crentes na via das revoluções
periféricas (Copans 1998: 58) – o alvo do epíteto “pés-vermelhos” (redfeet) captado na
119
Uma percepção influenciada pelo debate internacional sobre a utilização de antropólogos na
“contra-insurgência” na África colonial (Buijtenhuijs 1975 para o caso queniano) e pelo governo
americano na sua política externa na Ásia e América Latina (Gough 1968, North American Congress
on Latin America 1975, Salemink 1991: 269-278, Wolf, Jorgensen 1975). Para análise global desses
processos ver Price (1998) e Solovey (2001). Mas mais marcante fora o conhecimento da mesma
prática por parte da África do Sul (Gordon 1987).
120
Ainda que essa fosse uma visão redutora, pois os antropólogos sul-africanos não se limitavam a
articular com o sistema de apartheid no âmbito da Volkekunde. Sobre o assunto ver Bangstad et al
(2012), Boskovic, Van Wyk (2005), Gluckmann (1975), Sharp (1981).
121
Para a história do CEA ver Fernandes (2011, 2013a, 2013b, 2018). Para este período ver também
Bragança, O’Laughlin (1996), Darch (2017), Loforte, Mate (1993), O´Laughlin (2014). Para a
similitude com outros novos países africanos nessa submissão das ciências sociais à ideologia do
nacionalismo e à tecnocracia desenvolvimentista ver Mkavandire (1997), Zeleza (2002).
122
A “presença cinzenta de alguns docentes leste-alemães de filosofia política doutrinária” (Coelho
2015: 8).
26
Guiné-Bissau por Chabal (1983) e logo celebrizado e disseminado123 - que tutelavam jovens
investigadores nacionais radicalizados, oriundos de estratos da pequena-burguesia urbana
colonial (Geffray 1988).124
A investigação submeteu-se a este empenho político por duas vias: a elaboração de uma
história constitutiva da consciência nacionalista, apresentando a construção da nacionalidade
como fruto da unicidade e da abrangência da resistência ao colonialismo, como se desprovida
de distinções internas de índole étnica (Cahen 2000, 2006) ou de outros particularismos e/ou
oposições,125 corporizada no movimento Frelimo como sua matriz da unidade, e que se veio a
ser estruturante dos discursos moçambicanos, num “roteiro da libertação nacional” (liberation
script) (Coelho 2013b).
Tratou-se de um processo selectivo da memória histórica, como é habitual nos
processos de constituição do nacionalismo, neste caso vinculado à versão oficial do partido-
único, visando reforçar a legitimidade da autoridade política vigente (Fernandes 2013a,
Pitcher 2006). No que foi acompanhado pela produção documental do próprio Frelimo (Darch
1981, Souto 2013) e pela opção por uma historiografia baseada em fontes orais populares,126
cridas como descontaminadas da subjectividade colonial (Bender, Isaacman 1976). Nesse
âmbito com uma ênfase no recenseamento da história da resistência ao colonialismo,127 da
guerra de independência, e na elevação da experiência das “zonas libertadas” como factores
motrizes do potencial revolucionário do poder (Centro de Estudos Africanos 1983), quais
laboratórios da especificidade da construção moçambicana de uma sociedade socialista,
seguindo o materialismo histórico (Chabal 1983, Young 1990a).128 Dinâmicas intelectuais que
surgem explicitadas na colectiva História de Moçambique (Hedges 1993, Serra 1988), e que
implicaram algum interesse na investigação arqueológica (Morais 1989) bem como das
modalidades de penetração colonial portuguesa (Bragança, First 1980, Costa 1987).129
123
P. ex. Young (1990b). Sobre esse núcleo intelectual ver Coelho (2008b), Jossias (2008), Loforte
(1987), Saul (1985d: 143) Ver um seu retrato, de teor memorialista em Saul (2007). Para um exemplo
da adesão então acrítica no contexto intelectual português ver Fortuna (1982).
124
Características sociais e ideológicas similares às do meio jornalístico, comportando
heterogeneidade face às linhas dominantes do poder político (Jone 2004).
125
Para exemplo de um trabalho que então seria desacreditável ver MacGonagle (2007, 2008), sobre a
dimensão identitariamente constitutiva dos conflitos internos às populações moçambicanas.
126
P. ex., as recolhas de experiências da corveia (Manghezi 2003a, 2003b, Penvenne, Manghezi 1981).
127
Que veio a ser criticada por Geffray (1987c: 10) por subalternizar as dinâmicas locais, opondo à
história colonial uma mera história anti-colonial
128
Exemplo paradigmático da aceitação inicial deste quadro intelectual é o texto de Munslow (1980).
129
Estas linhas gerais não implicaram a inexistência de uma reflexão sobre as contradições do
processo nacionalista e do poder instituído (Bragança, Depelchin 1986, Brito 1988).
27
E uma outra via, a análise das causas do entendido como subdesenvolvimento nacional,
visto como fruto das formas de reprodução da dependência regional, então em especial dos
conflitos com a Rodésia e a África do Sul – descentrando a análise da situação do país das
suas relações com Portugal, como fora paradigma anterior -, e pressupondo que esse
desvendar nutrisse a libertação nacional (Darch 2017, Ganhão 1983, O’Laughlin 2014) e à
análise. Um programa discernível nas obras mais afamadas de então, Zimbabwe: a Questão
Rodesiana (Centro de Estudos Africanos 1979a) e O Mineiro Moçambicano (First 1998), e
que foi assim explicitado: “The research unit that my mother [Ruth First] headed was
investigating Mozambique’s dependence on its powerful neighbour. What she uncovered
would have helped the Mozambican government sever its economic ties with South Africa,
simultaneously lessening South Africa’s power to stop Mozambique from giving ANC
guerrillas succor. And more than that: my mother was a symbol of resistance to apartheid”
(Slovo 2007: 17).130
Esse empenho revolucionário, focado nos conflitos de classes, viu a cultura existente
como algo a transformar, pela erradicação das dimensões culturais da população em prol de
uma reformulação das mundividências, em particular nos contextos rurais, e a reconstrução
das suas moralidades, com o intuito de moldar novos conteúdos de cidadania (Fry 1992). 131
Tratou-se da formação do “homem novo” então tópico do modernismo marxista (Berlin
2000d) e que teve o seu momento no país,132 simbolizado na célebre expressão “Matar a tribo
para construir a nação” que Machel (1974: 39) importou de Nkrumah.133
Esses anseios utilitários marcaram os propósitos a que as ciências sociais estavam
vinculadas, num registo interdisciplinar ao qual a antropologia surgia como excêntrica, pois
perspectivada como infrutífera e, tal como na generalidade dos novos estados africanos (Nkwi
2008: 191), inarticulável com os objectivos nacionais.134 A disciplina foi entendida qual
assumindo o “primitivo” como objecto e assente numa noção reificadora de “cultura”, assim
submersa num primitivismo perene (Feliciano 1987). Ora o marxismo dominante que vigorou
entre a elite intelectual presente no país sumariava os fenómenos culturais como meros
edifícios ideológicos, legitimadores das ordens sociais existentes, mediando as contradições
130
Sobre a actividade de Ruth First em Moçambique ver Coelho (2008b) O’Laughlin (2014).
131
Meneses (2015) aborda essa reconstrução das moralidades na imagem da luta contra o “inimigo
interno” – simbolizado na figura tipificada do “xiconhoca”.
132
Sobre a análise da questão do “homem novo” ver nota 10.
133
Sobre a questão tribal ver Nkrumah (1977: 69-71).
134
Para ilustrar essa desvalorização vejam-se as memórias da sua chegada a Moçambique, em 1996,
do antropólogo brasileiro Macagno (2003: 78-80).
28
básicas e mistificando as fontes de exploração e de desigualdade, seus tópicos de interesse,135
um viés funcionalista reduzindo as dinâmicas culturais a reprodutoras das configurações das
relações sociais, que lhes seriam directa e especificamente adequadas (Ortner 1984: 139-141).
Essa marginalidade da disciplina foi sinalizada na desafectação, por inadequação ao
projecto vigente, da Secção de Arqueologia do CEA no início dos 1980s,136 e criação do
Departamento de Arqueologia e Antropologia na Faculdade de Letras (Loforte, Mate 1993).
11. Apontar a relevância do molde político das ciências sociais no país durante a I
República não as reduz a reflexo homogéneo de instruções estatais, e a leitura daquele
ambiente intelectual deverá ser matizada. Pois a relativa autonomia e a heterogeneidade na
prática do aparato CEA, e de outros investigadores actuantes no país naquela época, foram
reclamadas por alguns deles como Luís de Brito (Fernandes 2011), Borges Coelho (2008b,
2015), Liesegang (s.d. d) ou Meneses (2012b).
Essa pluralidade comportou outras concepções sobre a pertinência das formulações
culturais existentes, extravasando a sua usual desvalorização como configurações retrógadas,
“obscurantistas” (Israel 2008). De facto, ainda que minoritária, afirmou-se a ênfase na análise
das características socioculturais vigentes, que surgia mesclada com outros fitos de cariz
desenvolvimentista. Isso não proveio só da diversidade teórico-metodológica mas também das
abrangentes, e até contraditórias, instruções políticas, patenteadas por Machel aquando da
simbólica renomeação137 da única universidade nacional no 1º de Maio de 1976: “É tarefa da
Universidade mergulhar as suas raízes na realidade nacional, procedendo de forma sistemática
e organizada à investigação e recolha do nosso património histórico, cultural, artístico,
científico e técnico” (em Amâncio, Tassinari 2019: 467).
Esse viés ficou patente na referida autonomização do Departamento de Arqueologia e
Antropologia, nas actividades do TBARN (Centro de Técnicas Básicas de Aproveitamento
dos Recursos Naturais), apostado na recolha do património cultural disponibilizável para
estratégias locais de desenvolvimento, e na Oficina de História, principalmente dedicada à
história oral rural, ambos apostados em pesquisas baseadas em trabalhos de campo e menos
subordinados a enquadramentos teóricos prescritivos (Coelho 2008b: 502).138
135
Para esta deriva ver Bloch (1977a), Godelier (1977), O'Laughlin (1975).
136
A qual era oriunda do Centro de Arqueologia e Pré-História criado em 1973.
137
A Estudos Gerais de Moçambique, fundada no início da década precedente, foi intitulada
Universidade Eduardo Mondlane, o fundador do movimento Frelimo e seu primeiro presidente.
138
Muitas das críticas que negam a autonomia das investigações naquela era obscurecem as dinâmicas
intelectuais. Este é tema que extravasa os fitos deste texto, justificando análise particular, com olhar
29
Num âmbito mais geral, essa relativa heterogeneidade conjugou-se com a diversidade
interna no poder da I República, com o qual os investigadores tinham ligações, 139 já
correspondente à pluralidade ideológica que o percurso posterior do Frelimo, então partido-
único, veio comprovar. Mas, de facto, nesse período sob a guerra civil e a institucionalização
do partido-Estado, e o seu centralismo democrático disciplinador, estreitou-se o feixe das
pesquisas, conduzindo a investigações menos heterodoxas dado que “a interpretação do
mundo passou a ser um monopólio da esfera política formal, o debate esmoreceu até quase
desaparecer” (Coelho 2015: 8).
Mas a heterogeneidade teórica-metodológica presente nas décadas iniciais do país, não
se extinguiu, tendo-se vindo a refractar nas transfigurações dos percursos intelectuais de um
escol moçambicano - parte do qual se fez vingar, na primeira década de XXI, de modo
institucionalizado no IESE (Fernandes 2018) ou no CESAB, em ambos os casos convocando
um legado de abordagem intelectual que fora presente nos centros de pesquisa nacionais.
mais atento aos liames internacionais de então. Assim apenas os ilustro, através da análise, na “Oficina
de História”, do movimento cooperativo agrícola cerca de Mueda (Adam, Gentili 1983). A posteriori é
fácil apontar-lhe a ênfase na associação do movimento com a formação nacionalista, e dizê-lo eulogia
do Frelimo. Mas recuando à época, poder-se-á invocar outras preocupações. E ver como Guha (1983),
em obra dita fundacional dos “estudos subalternos” (Merle 2004), consagrou a metodologia que Adam
e Gentili esquissavam naquele seu trabalho de pequeno porte. E se o autor contestou o primado
historiográfico ocidental (Guha 1997: 1-20) com a redução dos movimentos contestários camponeses
aos processos de formações nacionalistas, o que se diferencia da abordagem de Adam e Gentili,
também proclamou a inserção desses movimentos camponeses na acção política consciente,
programática – ao invés da ideia de movimentos “pré-políticos” então generalizada por influência de
Hobsbawm (1971). Ora é essa visão do campesinato de Mueda (e, por extensão, do moçambicano)
como inserível no mundo da política, em dinâmicas anti-coloniais, que Adam e Gentili exemplicaram.
Ou seja, ainda que possam ser lidos como sublinhando a relevância do Frelimo, qual a narrativa do
liberation script (Coelho 2013b), são inseríveis num etapa da pesquisa histórica e das ciências sociais,
não se limitando a uma adesão ideológica a um partido dominante.
139
“These political divergences shaped the context of research. Reports of the CEA critical of state
farm organization and arguing that collectivization required understanding of the existing organization
of rural livelihoods were supported by some within Frelimo and variously denounced by others as
social democratic, Maoist or peasant-loving” (O’Laughlin 2000: 26).
30
pendor póscolonial (Mamdani 1996, 2001, Mbembe 2007), tantas vezes ditas pós-marxistas
(Moore-Gilbert 1997: 33), e cuja pujança internacional se sedimentou nesse período.140
É recorrente afirmar a tardia disseminação das teorias póscoloniais nos contextos
intelectuais lusófonos, e em Moçambique (Cahen 2015: 21-22). No que influiu o contexto de
então: a real dependência face ao poder político, o predomínio do marxismo e sua temática
classista, e o auto-centramento nacional implicado pela guerra civil barraram, durante as
primeiras décadas nacionais, a recepção dessas correntes. E o desígnio de estabelecer uma
unicidade nacionalista cerceou olhares sobre as pluralidades identitárias141 lato sensu referidas
como “culturais” (Ortner 1998), temas caros à teoria póscolonial e que seriam
contraproducentes à linha discursiva oficial e unitária.
A impregnação pelas novas correntes teóricas, e sua maturação, foi alimentada por
investigadores estrangeiros residentes e visitantes, ainda que a sua maioria delas estivesse
desconectada, pois privilegiando o materialismo histórico. E, acima de tudo, pelos processos
no estrangeiro de pós-graduação académica dos investigadores nacionais, contactando com
outras influências formativas e ambientes de menor vínculo a militâncias políticas. Mas esta
ênfase nas articulações externas tende a reificar o vínculo de então entre investigação e o
poder político, pois tende a atribui-lhes a origem dos rumos subsequentes das pesquisas, bem
como um hipotético tendencial incremento da sua autonomia. Essa é uma apreensão que
cumpre matizar, através de um olhar mais detalhado sobre as investigações decorridas no
período anterior da academia moçambicana.
Se nessas correntes póscoloniais se desenvolveu a análise da temática do género, ainda
que a elas não deva ser restringida (Visvanhatan 1997a, 1997b, Charlton 1997), esta desde
cedo foi abordada no país, de modo àquelas autónomo, inscrita na modernização desejada no
projecto nacionalista (Casimiro 2004), e decorrendo num registo teórico marxista (Casimiro,
Andrade 1992, 2009), ainda que progressivamente tivesse vindo a integrar novas linhas
teóricas, muito por aquilo que Casimiro (2012) recorda como alguma desilusão com as
grandes teorias.142 Foi-lhes também relevante a atenção aos “saberes autóctones”, como
140
Para a análise da “teoria crítica” no final de XX ver Honneth (2004) e para a disseminação do feixe
constituído por estudos culturais, teoria póscolonial e “estudos da subalternidade” ver Merle (2004) e
Moore-Gilbert (1997)
141
Serra (1998a, 2000) dinamizou abordagens às questões identitárias, mas com enquadramentos
relativamente excêntricos à teoria póscolonial.
142
Para a presença inicial da temática do género ver a tese de licenciatura de Isabel Casimiro (1986)
ou o doutoramento de Ana Loforte (2000). O intuito em estabelecer na UEM a pesquisa/acção inscrita
nas questões de género afirmou-se a meados de 1980s, e nos finais dessa década abriu o Núcleo de
Estudos da Mulher (Casimiro, Andrade 2009). Para um excurso sobre esta temática durante a I
31
gnoses alternativas à “ciência eurocêntrica”, a esta recusando universalidade (Hountondji
1994, 2009). No país, neste eixo é notável o trabalho do etnomatemático Gerdes (p. ex. 1992,
1993), mas sem explicitar qualquer refutação de teor multiculturalista. No âmbito dos estudos
culturais salienta-se Noa (1997, 2002), inscrito no núcleo original dessa problematização, a
representação da alteridade (africana) na literatura colonial (portuguesa), mas sendo explícito
que não recusa o primado analítico do cânone científico. A grande excepção é o trabalho do
filósofo Ngoenha (1992, 1993), a reflexão póscolonial mais acerada no país, que afronta a
abordagem à alteridade na tradição ocidental, e que se estabeleceu no país como referência
intelectual desde finais de XX.
Este breve excurso sobre alguns percursos endógenos, com verdadeira repercussão
intelectual e, inclusive, nas hierarquias científico-pedagógicas nacionais, é uma mera
ilustração do ambiente que antecedeu a relativa disseminação no país das vertentes teóricas
pós-modernas e suas (cor)relacionadas póscoloniais. A qual julgo ter sido catapultada nos
finais de XX, muito devido ao impacto da participação do escol dos cientistas sociais
nacionais na investigação colectiva internacional que culminou em Conflito e Transformação
Social: Uma Paisagem das Justiças em Moçambique (Santos, Trindade 2003) e no
subsequente Moçambique e a Reinvenção da Emancipação Social (Santos, Silva 2004a).
Mas isso não esgota o processo pois é significativo encontrar o inicial CEA reclamado,
explicita (Santos 2012) ou implicitamente (Meneses 2012b), como inspiração da trama
conceptual “epistemologias do sul”,143 por ora muito em voga em âmbitos interdisciplinares,
afirmações que não são apenas retóricas. Em assim sendo, e se é pacífico reconhecer que as
inflexões havidas nos rumos dominantes da investigação moçambicana tiveram influências
estrangeiras, elas tiveram também fontes endógenas, inclusive tendo repercussões alhures. Ou
seja, os processos intelectuais internos caldearam-se com alguns dos novos rumos teóricos
internacionais progressivamente disseminados desde a década de 1980, aquando da
sedimentação da academia moçambicana – o que também obsta à ideia de um mero atraso na
captação nacional das correntes contemporâneas.
Assim entendidos os teores das pesquisas iniciais e os percursos dos investigadores
nacionais, bem como as influências no exterior que vieram a ter, torna-se descabido abordar
aquela época intelectual sob uma perspectiva condenatória. Ou, ao invés, hagiográfica.
República ver ainda Casimiro (2001) e para seus resultados ver p. ex. Casimiro (1994), ou a
colectânea Waterhouse, Vijfhuizen (2001), denotativa do seu conteúdo na investigação local.
143
Sobre o conteúdo desta ver Santos (2009a, 2009b). Para esta ligação ver também Darch (2017).
32
13. Nas várias frentes do confronto revolucionário com a sociedade durante a I
República, reconhecem-se metodologias antes usadas pelo Estado colonial (Alexander 1997,
Alpers 1986), inclusive um autoritarismo - ainda que alguns o atribuam aos constrangimentos
impostos pela guerra (Pitcher 2006).144 Não imputo aos dois regimes uma similitude de
ideários e objectivos, e de conteúdo das relações de poder, mas a coincidência de laivos de
uma mundividência modernista, dotando o Estado de uma missão civilizadora, que obstasse
ao atraso populacional através da assimilação uniformizadora, após a independência entendida
como superação revolucionária (Thomaz 2002).
Essa continuidade mostrou-se nos anseios de reconfiguração da produção rural, sob o
ideal de desenvolvimento nacional tendencialmente autárcico, assente numa industrialização
interna a ser promovida pela punção sobre o excedente agrícola,145 no sonho voluntarista de
terminar com o subdesenvolvimento na primeira década do país (Abrahamsson, Nilsson 1995:
1).146 Um viés urbano que lembra estratégias prévias, que haviam sido trave-mestra da
política colonial, de financiar o desenvolvimento infraestrutural e a administração estatal
através do sobretrabalho agrícola, almejando a auto-suficiência das colónias (Santos 2013).
Esses intuitos implicaram a alteração das estruturas políticas locais, com nomeação ou
indução de chefias mais atreitas ao poder estatal, favoráveis ao incremento da produtividade
campesina e à manutenção de uma ordem emanada do Estado, retomando o que havia sido
uma prática anterior, sob a administração colonial.
Também o reassentamento populacional pelas aldeias comunais - para cuja execução o
CEA (1979b) foi convocado - havia sido, como acima refiro, um mirífico objectivo colonial
(Dinerman 1998, Pereira 2005), com a indução das políticas de “bem-estar rural” e de
aldeamentos coloniais. É certo que esta política também teve objectivos securitários, face à
eclosão da guerra civil. Mas a opção era anterior, anunciada em 1974, sob inspiração maoísta
e do socialismo africano proposto por Nyerere (Brito 2001, Negrão 2001), essa visão da
“comunidade africana” como palco de tradições socializantes.147 Com esses assentamentos
quis-se induzir uma modernização, incrementar os serviços sociais e o controlo estatal, e
144
Continua comum a elisão das intrínsecas características totalitárias dos regimes de inspiração
comunista, apontando-lhes causas externas. Para essa dimensão intrínseca ver Arendt (2004a: em
particular cap. XII).
145
Sobre esta temática na África daquelas décadas ver Bates (1983), Casal (1989). Para o caso
moçambicano ver Barker (1985), Casal (1991), Cravinho (1998), Negrão (2001), Serra (1991).
146
Derluguian (1993: 48) nota que a “década de vitória sobre o desenvolvimento” (Machel 1979b) foi
uma emulação do primeiro plano quinquenal estalinista.
147
Para o caso tanzaniano ver Bernstein (1981), Heldund, Lundhal (1989), Lorgen (2000).
33
também o aumento da produtividade, através da planificação, fomento e socialização da
produção, em particular a sua estatização, e pelas facilidades previstas de escoamento.148
Também nos anseios de reformulação de conteúdos culturais houve parecenças com os
intuitos do Estado colonial e da igreja católica, avessos a práticas e instituições, ditas factores
de atraso e concomitante imoralidade, mostrando como o afã moralizador subjazeu as noções
de evolução e de desenvolvimento, âncoras dos regimes colonial e nacional,
respectivamente.149
Nesse âmbito encetou-se um combate de teor desenvolvimentista a instituições de
parentesco, constitutivas de modalidades de organização social, afrontando prestações
matrimoniais, poliginia, sororato, casamento juvenil e propagando um (novo) moralismo
sexual. E também avesso à religião, confrontando, ainda que de modo algo desigual, as
hierarquias prosélitas, tanto a católica - antes aliada privilegiada do Estado colonial, situação
avalizada pela sua concordata com Portugal150 -, através de expropriação imobiliária e
proibição avulsa de actividades, como as restantes cristãs e as islâmicas,151 e perseguindo
formas de religiosidade mais abertamente ditas “obscurantistas”, ou seja, populares, pela
proibição dos sacerdócios locais, em termos gerais reduzidos à condição de curandeiros, e
mesmo nesta acepção limitada sujeitos à suspeição.152
Essa relativa semelhança das atitudes estatais mostra a continuidade das concepções e
das práticas modernizadoras, advindas a Moçambique, colonial e nacional, através das
burocracias. No novo país dominou a crença de que o extirpar dos conteúdos culturais
148
“A aldeia comunal com a cooperativa de produção colectiva constitui a espinha dorsal do
desenvolvimento do País no campo” (Ministério da Agricultura 1979: 18). Sobre a instauração de
aldeias comunais ver Araújo (1986), Cardoso (1993), Casal (1996), Centro de Estudos Africanos
(1986), Chichava (2013), Coelho (1993a, 1998b), Harris (1980), Raposo (1988), Serra (1991).
149
Exemplo dessa similitude ideológica é uma bem-intencionada palestra de 1950 na Secção Feminina
da Sociedade de Estudos de Moçambique, dedicada à defesa da condição da mulher na colónia, avessa
à sua privação de direitos e higiene: “É necessário atacar o lobolo, a poligamia, o feiticismo e o
mahometismo, fenómenos estes que têm o seu habitat geográfico. Deste ataque, resultará uma
unificação geográfica, com boa projecção no futuro moçambicano …” (Casqueiro 1951: 9)
150
Para uma visão muito geral da actividade da igreja católica no país ver Sousa, Correia (1998).
Sobre as propostas da igreja católica de transformação cultural ver Pereira (2000), Pereira (2016),
Thomaz (2002).
151
Sobre a relação com a igreja católica durante o período nacional ver Morier-Genoud, Anouilh
(2012). Para a relação com as igrejas cristãs nos primeiros anos de independência ver Morier-Genoud
(1996). As características socioculturais da nova elite política, uma mescla de sulistas urbanos sob
influência católica e rurais oriundos das missões cristãs e de nortenhos de língua maconde
espiritualistas - ditos animistas na literatura colonial -, algo repercutiram o viés anti-islâmico colonial.
Sobre este, e também sobre as estratégias tardo-coloniais de cooptação das elites islâmicas ver Alpers
(1999), Cahen (1998), Morier-Genoud (2007). Sobre a participação islâmica no movimento
independentista ver Bonate (2013). Para uma visão geral da relação do Estado (até 1982) com as
diferentes confissões religiosas ver Silva (2017).
152
Ver Igreja (2004), Meneses (2009c) e West (2009).
34
tornaria os cidadãos moçambicanos em efectivos agentes de soberania. Pois só através dessa
transformação seriam capazes do desempenho soberano, se dotados das virtudes cívicas já
civilizadas – ainda que a formulação nunca assumisse este vocabulário colonial –, devido à
sua transição das “sphères de la coutume à la société civile [já não] par le moulin civilisateur
de l’État colonial” (Mbembe 2000:24) mas através do próprio Estado nacional – ainda que a
formulação nunca assumisse este vocabulário liberal. O que mostra vigor do assimilacionismo
na parcela urbana e intelectual da nova elite política, sob uma concepção da sociedade
moçambicana excêntrica aos seus conteúdos rurais (Fry 2005a: 47, 67, Simpson 1992) – ainda
que esse fosse criticado nas expressões culturais populares de resistência ao colonialismo
(Alpers 1983). Um viés que se reforçara na liderança independentista, em particular após o
assassinato de Mondlane, no crescente apartar face aos poderes rurais nas “zonas libertadas”,
seus modos de legitimação e actuação (Cahen 1988).
14. Foi este magma nocional que fundou a aversão a uma disciplina que sublinha(va) a
significância sociológica e, assim sendo, política das configurações culturais existentes. Não
foi apenas a continuidade do assimilacionismo, avesso às características culturais existentes,
que já nas colónias ditara a secundarização da antropologia (Margarido 1975). Pois a base
dessa aversão, denotando a concepção de sociedade vigente, ancorava na ilegitimação de uma
esfera política autónoma ao Estado, qua “indígena”, tal como acontecera no período colonial,
De facto, a frase “não temos a possibilidade de herdar nada de Portugal”, com a qual
Darch e Hedges (1998) quiseram simbolizar a ruptura com o passado colonial, anunciada pelo
vanguardismo da I República, denota a inversão na visão estatal da sociedade. No regime
colonial a política local, nativa, havia sido coarctada nas suas prerrogativas jurídico-políticas
e assim amputada do acesso à soberania, segundo um molde segregacionista, conjugado com
a retórica assimilacionista. E no novo país quis-se o seu radical expurgo, pois “obscurantista”,
ou seja, não-assimilada e desse modo excêntrica ao projecto de formação nacional, o qual
seguia um modelo de estrita unicidade assimilacionista que previa a política apenas legítima,
e justificada, após a sua elevação ao âmbito estatal, cívico, assim civilizacional.
Isso convocou o vetar das estruturas locais de poder, ditas tradicionais pois ancoradas
no parentesco e vicinalidade, e das práticas identitárias particularistas, ditas“culturais, como
as escarificações, a educação local (dita ritos de iniciação),153 e a proibição ou menosprezo de
práticas culturais (danças ou música) não enquadradas pelos organismos oficiais, e assim por
153
Para uma visão educacional dos ritos de iniciação ver Bagnol (2011). Para uma crítica do olhar
estatal sobre estes ritos ver Arnfred (2015).
35
estes folclorizadas. Algo acompanhado da coerção à integração a instituições padronizadoras,
como a compulsão escolar e a obrigatoriedade do uso do português nos espaços público-
administrativos, etc. E ainda pelas políticas públicas de cultura, que procuravam enquadrar as
actividades populares desse âmbito, dinamizando-as e transformando-as, no sentido fazer
despontar uma “cultura revolucionária” nacional, na qual os substratos simbólicos existentes
seriam transformados para sustentar a unicidade nacional, constituindo o tal “homem novo”.
Mas também contendo o projecto de nelas inibir formas autónomas de expressão dos conflitos
sociais, pois entendidas como desadequadas à correcta formulação da nação.154
Neste amplexo se compôs um projecto, sob um idioma socialista, de conceder ao Estado
o monopólio da política legítima, constituindo-o como uma “máquina antipolítica” (Ferguson
1990), e produtor de indiscutibilidades de si emanadas, e por si executadas, subjugadas à
concepção de um processo desenvolvimentista (Thornton 1996: 139).
15. Essa refutação da política popular foi patente no modo como a elite intelectual,
endógena e exógena, afrontou a antropologia durante o debate sobre as causas do insucesso da
via de inspiração comunista e da disseminação da guerra, encetado na segunda metade dos
1980s. Yussuf Adam (2006: 63-105) analisou com acuidade esses conteúdos, o que injustifica
tornar ao seu recenseamento exaustivo, tal como o quarto de século desde a paz tornaria agora
serôdia qualquer hierarquização polemista das causas do conflito. Até porque as críticas de
então muito reduziram as interpretações do processo nacional a uma mera querela entre
“internalistas” e “externalistas” (Cabaço 2008).155 Por isso regresso à questão apenas para
melhor discernir o contexto da refutação da pertinência disciplinar.
As interpretações do insucesso do projecto estatal centradas na influência de causas
externas apontavam um excessivo mimetismo dos modelos económicos oriundos do leste
europeu, mesmo que matizado por medidas económicas liberalizadoras, assumidas desde os
meados de 1980s (Roesch 1992, 1996). Mas a visão dominante instituía a guerra como a sua
causa crucial. Esta, inserida na “segunda guerra fria”, um feixe de conflitos de baixa
intensidade devidos às oposições entre EUA e URSS e URSS e China, e que findaram após a
queda do bloco soviético (Alden, Simpson 1993: 109-110, Shubin 2008), tinha ainda uma
154
Sobre as características da política estatal de enquadramento das actividades culturais durante a I
República, inscrita no projecto de criação de uma “cultura revolucionária”, ver Landgraf (2018: em
particular 190-227).
155
Sobre as interpretações dos processos continentais pós-independências, Cabaço (2008: 2) refere:
“Internalista e externalistas continuam a apontar-se, reciprocamente, o dedo acusador no diagnóstico
da tragédia. Porém, o debate (…) centra-se essencialmente na tentativa das partes, a África e a
Comunidade Internacional, de descarregarem responsabilidades pelos resultados catastróficos.”
36
especificidade regional.156 O movimento Renamo constituíra-se sob o poder rodesiano, com
algum suporte de sectores coloniais portugueses, e veio a ter apoio sul-africano. Por isso foi a
situação vista como uma “guerra de desestabilização” dinamizada pelo estrangeiro, um
“conflito armado” entre o país e os “bandidos armados”,157 denominação que implicava a
negação de causas endógenas ou, pelo menos, a sua radical secundarização. Ou seja, essas
formulações procuravam explicitar a ausência de uma política interna, que fosse subjacente às
actividades guerreiras e a estas queriam reduzir a fenómenos de criminalidade.
Outra via interpretativa, ainda que explicitando a influência exógena, focou-se na
análise dos processos internos, em especial dos efeitos das políticas governamentais e das
resistências que estas causavam. Havia sido referida a seca do início da década de 1980, 158
bem como os efeitos perniciosos das políticas rurais de reassentamento e de estatização e
colectivização da produção e da comercialização, provocando défices de insumos produtivos
e de bens de consumo (Casal 1986), e causando o retorno à agricultura de subsistência (Gunn
1985, Roesch 1989), quais os processos de “descampesinização” então aventados para África
(Geschiére 1984, Hyden 1985).159
Neste eixo realçou-se Christian Geffray (1991)160 que, trabalhando na província de
Nampula, no seu livro A Causa das Armas: Antropologia da Guerra Contemporânea propôs
novas bases analíticas sobre a guerra (Cahen 2009a, Derluguian 1989, Florêncio 2002b).
Regressar ao mais célebre e criticado texto antropológico no país é relevante, não para
dissecar a sua competência e a das críticas que recebeu, mas porque esse debate denotou as
concepções subjacentes do processo nacional e, em particular, as relativas à pertinência da
abordagem antropológica, e por isso me alongo sobre o processo de recepção da obra.
Geffray notou a adesão rural ao Renamo, dizendo-a reacção às estratégias estatais de
viés urbano, a modernização autoritária através da socialização compulsiva, em especial as
156
Para a influência dos conflitos regionais na emergência da guerra civil no país ver Cabrita (2000),
Emerson (2013), Flower (1987), Metz (1986), Minter (1994), Vines (1991).
157
Ver Bruck (1998), Christie (1996), Darch (1989), Egerö (1992), Fauvet (1984), Hall (1990),
Hanlon (1990, 1991), Isaacman, Isaacman (1983); Minter (1994), Marshall (1989), Morgan (1990),
Roesch (1988a, 1988b), Saul (1985a, 1991) Welch (1996). E Hall, Young (1997) para um visão mais
complexificadora. A perenidade da ideia de ilegitimidade do Renamo no seio da intelectualidade
moçambicana refracta-se na continuidade do uso da expressão “conflito armado”, p. ex. em Arnaldo
(2014), Cabral (2006), Coelho (2009), ainda que este último não se restrinja a esse epíteto.
158
Sobre alguns dos efeitos sociais dessa seca ver Arágon, Barreto (1998).
159
Derluguian (1993: 49-50) traz o contributo de Fursov, com a tese da possibilidade de inexistência
de campesinato em sociedades africanas (e não só), inscritos em processos de “descampesinização”,
considerando-a importante para a compreensão da violência rural em Moçambique, onde ele
reconhecera (1989, 1990) conflitos não oriundos de conflitos de classe.
160
Foi investigador residente no DAA entre 1982 e 1985.
37
aldeias comunais, instauradas desde 1977, e que continham o afã controlador antes presente
no Estado colonial (Vail, White 1980). Indicou como elas promoviam diferenciações
económicas, ao invés dos intuitos socialistas governamentais, e a prevalência das instituições
políticas e sacramentais locais, que o Estado tentara erradicar após a independência, as quais
dirimiam as modalidades locais de adesão política e de deslocação territorial.
Ainda que se tratasse de uma encomenda estatal para identificação das configurações
locais, pois sabidos eram os insucessos das políticas governamentais e a persistência dos
poderes tradicionais (Roesch 1989), e assim inscritível na usual autocrítica do partido-Estado,
a qual incluía também dimensões propagandísticas (Brito 1988, Simpson 1992), o trabalho
convocou um imediato afã crítico. O qual teve também uma origem política, 161 até por uma
aversão anterior pois Meillassoux, seu orientador académico,162 denunciara o rumo estatal
(Meillassoux, Verschuur 1985) de modo mais acerado do que qualquer reflexão crítica
avançada pela elite dos investigadores residentes, estrangeiros ou nacionais.163 A qual fora já
invectivada por Geffray (1988), apontando-lhe seguidismo ao poder, na produção e
reprodução da versão oficial sobre os conteúdos do movimento nacionalista, e na afirmação
de uma osmose entre o partido governamental e a realidade social que reduzia o espectro da
política à ligação entre população e o Frelimo.
Foi-lhe apontada a subalternização das raízes externas da guerra, ainda que as tivesse
realçado logo na introdução do livro. E contestada a reduzida base empírica, dita de indevida
transposição para todo o país, implícita alusão a uma superficialidade. Mas o certo é que,
mesmo se em pesquisa rápida164 e numa área restrita, o autor abordara um contexto
sociocultural que antes havia trabalhado intensamente165 - e por isso lhe fora encomendada a
investigação -, facto que a maioria dos críticos não valorizou.
E foi-lhe assacado “um espírito negativista da existência do próprio Estado” (Magode
s.d: 1), por isso sobrevalorizando a eficiência do poder tradicional e a sua resistência ao
Estado. E também dito avesso à compreensão da transição para o socialismo166 e à
democraticidade intrínseca dos processos de transformações induzidas, elidindo a tolerância
estatal para com as culturas locais, e a conjugação entre as estruturas tradicionais e as
161
Como recordaram Copans, Dozon (2001) e Meillassoux (2009).
162
A tese de Geffray (1987c) teve direcção oficial de Balandier mas é notória a influência teórica de
Meillassoux que, de facto, o orientou (Héritier 2001).
163
Meillassoux visitou o país três vezes entre 1977 e 1985, articulou com Geffray e colaborou no
estabelecimento do ARPAC (Conceição 2007: 86-90, Meillassoux 2009).
164
Como Harries (1990) logo referiu, em óbvia desvalorização, argumento que foi seguido por muitos.
165
Ver em particular a sua tese de doutoramento (Geffray 1987c).
166
Sobre a questão da “transição”, então um tópico recorrente na literatura ver Godelier (1983, 1986a).
38
administrativas, que teria conseguido alterar as autoridades políticas e sacramentais assentes
na legitimidade tradicional (Dinerman 1998, 2004, O´Laughlin 1992, 2000). Em suma, foi-lhe
imputado um culturalismo, patente numa visão dualista da sociedade, lendo a reprodução
social rural como se estanque aos sectores modernos do país. Por isso foi entendido como
negando a realidade de um campesinato nacional, ou mesmo africano, e assim inútil a uma
investigação politicamente empenhada, o que, implicitamente, exemplificava o desajuste das
abordagens antropológicas à realidade nacional.167
A veemente refutação desta análise foi mais do que uma reacção da corporação
intelectual residente, crítica de índole metodológica ou simples dissensão ideológica. Pois ao
ter desvendado uma base social para o Renamo, associando-a à resistência local a directrizes
estatais, implicou a mudança no entendimento desse movimento, estabelecendo os contornos
de uma “guerra civil”168 e não de mera desestabilização externa. Assim convocou a dimensão
política interna do conflito, muito à imagem do que naquela exacta época James Scott
apelidou de “infrapolitics” (1990: 183-201),169 as adesões estratégicas e fluidas que os grupos
dominados, num verdadeiro “jogo” social, utilizam para resistir aos processos de dominação,
mas que não implicam a adopção de perspectivas sistémicas importadas. Algo que os críticos
não puderam captar, simplificando as interpretações desavindas na invectiva de “dualismo”
ou “culturalismo”, de facto alheios ao conteúdo da obra. No fundo, o cerne do problema foi
que Geffray afrontou o discurso legitimador oficial que atribuía não só o monopólio da
representatividade política ao partido Frelimo, como também o monopólio do fenómeno
político ao inserido na prática estatal.
De qualquer modo, poucos anos depois, as primeiras eleições multipartidárias de 1994
comprovaram a dimensão endógena do Renamo, dada a sua disseminação no país, sufragando
esse vector da sua análise.170
167
Exemplo dessa subscrição militante fora o antropólogo sul-africano David Webster, que trabalhara
no país no final do período colonial (Webster 2009), e que rompera com a disciplina, vendo-a inútil
para as questões da época, a libertação e o estabelecimento de uma via desenvolvimentista. E
centrando-se nas temáticas da exploração do trabalho e sua proletarização (James 2009, 2011, Pina-
Cabral 2009).
168
Para uma conceptualização da “guerra civil” no caso moçambicano ver Casal (1995).
169
Em especial as páginas 191-193.
170
Sobre as eleições de 1994 ver Baloi (1996), Brito (1995), Mazula (1995b, 1995c). Uma súmula
dessa antipatia política é a recensão ao livro feita por William Minter (1995): elogiando-o, lamentava
que não apresentasse “números” relativos aos chefes tradicionais apoiantes do Renamo. O que mostra
o repúdio do molde qualitativo usual da pesquisa antropológica. Mas, mais ainda, a rejeição do real: a
recensão é do ano posterior às primeiras eleições multipartidárias, nas quais fora visível o disseminado
apoio rural ao partido Renamo. Ainda assim, Minter continuava a precisar de estatísticas para
confirmar a interpretação de Geffray, a de que havia apoio rural à guerrilha.
39
16. Se essas críticas demonstravam diferentes avaliações da situação na ruralidade
moçambicana, também denotavam a discordância teórica sobre uma questão então premente
no debate marxista sobre as modalidades de transição para o socialismo, a do estatuto
histórico do campesinato. Autores haviam negado a pertinência desse conceito para as
sociedades africanas, apontando a inexistência de estratificação social rural. Alguns haviam
recuperado a tese de Chayanov de uma “economia camponesa” como estruturada sobre
unidades familiares articuladas numa reciprocidade generalizada de produção e consumo,
autónoma dos mecanismos de mercado. Análises marxistas mais estritas contestavam essa
visão, afirmando o campesinato já constituído, no encapsulamento da ruralidade (africana) por
forças englobantes (coloniais). Nessa tradição teórica171 o campesinato surgia como forma
transitória no capitalismo, que o faria desaparecer pela progressiva bipolarização do mundo
rural, entre burguesia e proletariado, no processo de produção da nova sociedade socialista.172
Vingou no país a ideia da vigência de uma ruralidade já transformada em campesinato,
“destradicionalizada”, pela sua aglutinação por forças exógenas, com distinções contextuais
advindas dos tipos de inserções económicas no sistema colonial: o predomínio de uma
economia de serviços a sul (entre Maputo e Save), da agricultura de plantação na região
centro (do Save ao Zambeze), e de uma economia centrada no cultivo familiar de culturas
comerciais no norte (do Zambeze ao Rovuma), estrutura socioeconómica que influenciaria o
padrão da formação social nacional (Wuyts 1978). Sob essas diferenças contextuais o
campesinato surgia tendencialmente homogéneo, no sentido de dotado de um papel histórico.
Pois a expectável assunção da sua consciência de classe torná-lo-ia agente do seu próprio
desaparecimento, na transição para o socialismo, enquanto já proletariado rural aliado ao
operariado urbano sob liderança de uma elite vanguardista, o partido revolucionário
ideologicamente consistente. Esta configuração, que seria uma inovação em África, era crida
para o país, e para as outras ex-colónias continentais portuguesas, pois possibilitada pelas
especificidades advindas das experiências das guerras de independência (Chabal 1983).
Geffray (1988, 1991) criticara essa visão por se centrar nas formas de organização do
trabalho e nos processos de monetarização. Afirmou que a subalternização das diferenciações
171
Com excepção de Gramsci que o entendera constitutivo do capitalismo (Davidson 1984).
172
Não cabe aqui discutir esta questão, então alvo de grande atenção. Sobre o debate relativo ao
“campesinato” em África ver Bernstein (1979b), Copans (1980), Fallers (1961), Goody (1973a: 13),
Hill (1982), Klein (1980: 11), Smith (1986: 99-100). Sobre campesinato ver Alavi (1987), Beckman
(1977), Bernstein (1988), Mintz (1978), Shanin (1982, 1987a 1987b). Sobre Chayanov, ver Hunt
(1979), Kerblay (1987), Shanin (1987a), Sperotto (1988). Sobre a pertinência do uso de “classe social”
em África, em particular para os contextos rurais, a qual também aqui não explorarei, ver Copans
(1985), Rey (1979). A negação de classe social rural em África, associada à afirmação de um
tradicionalismo igualitarista, ligou-se às formulações do “socialismo africano” (Cohen 1972).
40
socioculturais ecoava a concepção revolucionária de um campesinato como “página em
branco”, a (re)organizar via ditames do poder. E que assim se enfatizava o vector “moderno”
da ruralidade, reduzindo as suas especificidades a transformações ocasionadas no
colonialismo, assim de facto ahistoricizando as sociedades locais, em particular obscurecendo
as influências dos processos pré-coloniais. Nisso afrontou a concepção classista
predominante, salientando a permanência das solidariedades de índole tradicional - no sentido
de emanadas de configurações prévias aos colonialismo. Estas suas considerações advinham
de uma visão crítica das análises que sobredimensionavam as transformações sofridas pelos
contextos rurais (Geertz 1956), e que subvalorizavam as capacidades estratégicas camponesas
nas interacções com os contextos englobantes, pressuposto tendente à afirmação da sua
passividade e, até, vitimização (Mintz 1978).173
De facto, Geffray não usara o dualismo simplista que lhe foi imputado. Explicitara que
que as estratégias, legitimidades e as capacidades decisórias das chefias tradicionais variavam
na região,174 e ancorou na longa duração essas especificidades. E mostrou que a adesão à
Renamo se diferenciava consoante o tipo de anterior inserção das sociedades locais no Estado
colonial. Antes já esmiuçara como essas chefias se tinham constituído nos processos de
englobamento colonial, apontando como as políticas económicas das últimas décadas
coloniais haviam modificado as bases, ideais e económicas, das autoridades de índole
linhageira. E recuara ainda mais, sopesando as anteriores transformações da organização
política, relações de parentesco, aliança e vicinalidade, devidas à comercialização a longo
curso desde XVIII (Geffray 1987c, 1989a, 1989b).175 De facto, extrapolara o seu estudo de
173
Para uma crítica do discurso vitimizador ver Mbembe (2000).
174
Entre uma vasta bibliografia sobre a diversidade das situações das chefias locais no país ver, p. ex.,
sobre o sul Harrison (2002), McGregor (1998), Roesch (1992, 1996), para o centro Bertelsen (2003),
Florêncio (1994, 2002a, 2002c, 2005, 2008) e Pereira (2006), e norte Dinerman (2004, 2006), West
(1998). E que constatei em 1994, em área linguística macua em Cabo Delgado, onde os poderes
tradicionais, apoiantes do Renamo, coexistiam com administração aldeã secundando o Frelimo, e sem
as mesmas capacidades ou intenções para fazer deslocar as suas populações.
175
Regressar a este debate é interessante também para se entender as dinâmicas do debate científico da
época. Quando cheguei a Moçambique, em 1994, os textos de Geffray sobre o país (1984, 1985a,
1985b, 1985c, 1985d, 1985e, c. 1985, 1987a, 1987b, 1987c, 1989a, 1989b, 1991, 2000; Geffray,
Pederson 1985, 1986, 1988) - a sua obra total está recenseada em Messiant (2002) – estavam no DAA
e logo os fotocopiei. Ora é notório nas críticas ao A Causa das Armas… que os seus outros trabalhos
não são referidos. Com efeito, a vasta literatura de então tem todas as marcas da intertextualidade, em
particular nos autores anglófonos, em teias de inter-referências (por vezes exclusivas). Mas não no
caso dos textos dedicados a este autor francês. E se o A Causa das Armas … tem os defeitos, e o
encanto, de um livro “no fio da navalha”, muitas das críticas que lhe foram apontadas esmaeceriam se
confrontadas com a tese de doutoramento (Geffray 1987c) e com os artigos que já publicara em
revistas francesas (Geffray 1989a, 1989b), explicitando as dinâmicas históricas das sociedades locais
41
caso de modo indutivo, dentro do cânone metodológico, sem generalizações abusivas, sendo
mesmo legível como proposta para a análise da pluralidade no interior do país.
Também significante foi o conteúdo do desacordo teórico. É visível que investigação
abrangente do autor tendeu para um estruturalismo morfológico,176 ainda que enfatizando a
análise das transformações históricas na organização interna das sociedades abordadas, em
particular das dinâmicas do parentesco e da vicinalidade (Geffray 1987c, 2000) questões
então cruciais no contexto disciplinar e que lhe eram projecto intelectual.177 Mas isso decorreu
sob a ideia de que a compreensão dessas características era exigível para conceber estratégias
de transformação social. Uma posição articulável com a proposta de Sidney Mintz (1978: 29)
para a análise interna do campesinato, do papel estrutural das suas diferenciações para os
processos de reprodução societal: “…a composição interna do chamado sector camponês; as
relações entre as diferentes partes deste sector e os outros grupos rurais não camponeses; os
usos das formas de cultura tradicional nas relações sociais da vida comunitária, em ordem a
ligar diferentes parcelas do campesinato entre si, e entre camponeses e não camponeses; e o
desenvolvimento histórico do sector camponês”.
Ou seja, a releitura do debate mostra que houve alguma simplificação e
descontextualização das posições interlocutoras, fruto das posições políticas face ao poder de
então. A divergência radicava em que as intepretações tinham um prisma teórico e objectivos
analíticos diversos, entre a ênfase transformativa da economia política marxista e o foco nas
modalidades organizativas internas culturalmente diferenciadas, uma posição mais
consentânea com o canónico viés antropológico. Deste modo, a desvalorização do contributo
da antropologia não derivava do seu passado colonial, mas radicava numa posição ideológica,
que repudiava a análise assente no reconhecimento das dinâmicas do tempo longo e
excêntricas ao domínio do económico.
Em última instância, este debate mostrou a permanência de duas linhas de abordagem,
então em explícito confronto: a assimilacionista, postulando a presença da classe camponesa,
(já) transformada e putativamente transformadora da sociedade, pois inserida num movimento
revolucionário unívoco, sob a unicidade nacional; e uma linha reconhecendo a diversidade
nos seus relativos encapsulamentos com contextos globais. Quero crer que a aversão política se tenha
potenciado devido à barreira linguística.
176
Sobre o seu estruturalismo, em busca dos inconscientes discursivos, ver Héritier (2001), ainda que
centrada no trabalho posterior do autor, sito no Brasil - e sobre este ver ainda Casal (2002). Para uma
análise do essencial da sua tese ver Casal (1990). Se a influência teórica de Meillassoux, então
referência na antropologia marxista francesa, é notória, convirá recordar que este autor não descurava
a análise dos efeitos das relações inter-societais (ver p. ex. Meillassoux 1968, 1979 ou mesmo 1982),
tal como essas não estão ausentes da reflexão de Geffray.
177
O seu projecto analítico tem vários esquissos (Geffray 1984, 1985a, 1985c, 1985d).
42
sociocultural, sobre a qual surgiriam os trabalhos antropológicos subsequentes, que
comportaram, implícito, um viés segregacionista, devido aos enfoques particularistas.
17. A notoriedade alcançada pelo A Causa das Armas ... teve o efeito, até paradoxal, de
obscurecer o historial da antropologia no novo país e, inclusive, o contributo do próprio autor
na sua institucionalização. Como referi, essa investigação fora encomendada, mostrando que
no poder estatal havia a noção, ainda que algo subalternizada, da disciplina como recurso
científico adequado para confrontar os problemas de administração pública.178 E o debate que
originou foi também causado por diferentes perspectivas sobre a utilidade e legitimidade da
utilização da antropologia.
Após a independência algumas instituições estatais haviam realizado pesquisa de cariz
etnográfico, principalmente dedicadas à recolha do património cultural, sob o ideário da sua
preservação, e para isso convocando núcleos do funcionalismo público, em particular dos
ministérios de educação e da cultura, bem como estudantes universitários.179 Em 1978
decorreu o primeiro Festival Nacional de Canto e Dança (então intitulado de Dança
Popular),180 convocando a recolha de música tradicional (Soares 1980). O Serviço Nacional
de Museus e Antiguidades, criado em 1977, e tornado Departamento em 1986, destinado à
preservação e divulgação do “património cultural”, começara escavações arqueológicas e
trabalhava no museu de Nampula. Este seria encerrado devido à guerra em 1981, mas em
1986 com a criação do Departamento de Museus encetar-se-ia o processo da sua constituição
em Museu Nacional de Etnografia, que se completaria na década posterior, tendo essa tarefa
convocado a integração dos artefactos recolhidos durante as Campanhas de Preservação e
Conservação do Património Cultural, que haviam decorrido entre 1978 e 1982. As quais
alimentaram a criação em 1983 do Arquivo do Património Cultural (ARPAC),181 um
organismo estatal descentralizado, que teve a colaboração inicial de antropólogos franceses.182
178
Este ponto é tributário da investigação que vem sendo realizada por Johane Zonjo (2017).
179
Como o Serviço Nacional de Museus e Antiguidades, o Arquivo Histórico de Moçambique, o
Instituto Nacional de Desenvolvimento de Educação (INDE), e a Direcção Nacional de Habitação.
180
Os textos do programa do festival (Gabinete Central da Organização 1978) explicitam o conteúdo
político-ideológico das representações sobre cultural popular e seu papel na sociedade.
181
A sua institucionalização como organismo público autónomo ocorreu em 1993.
182
O residente Michel Samuel, contando com a colaboração de um verdadeiro escol da antropologia
marxista francesa, então celebrizada, como Rey, Meillassoux, Copans e o jovem Geffray. Ver
Conceição (2007: 87-88), Jossias, Matusse (2010), Liesegang (s.d. c), Medeiros (1997c, 2008), Zonjo
(2017). É de referir que as actividades deste cariz receberam desde a década de 1980 um apoio
estruturante, para investigação e para formação de investigadores, oriundo de fundos estatais suecos.
43
A sua actividade de inventariação e divulgação de actividades culturais contém, até à
actualidade, um pendor algo folclorista,183 conjugando ideias de autenticidade e
representatividade, consagrando fenómenos considerados culturalmente legítimos, como tal
significantes na constituição de uma “moçambicanidade”, sendo também forma de controlo
estatal, através da formalização dessas actividades. Mas a criação do organismo significou a
pertinência da abordagem sociocultural, e algum distanciamento à concepção de uma estrita
unicidade cultural nacional.
Outras questões políticas mais explícitas induziram a recuperação da antropologia.
Desde finais de 1970s que no Estado se compreendera o insucesso de muitos programas, em
particular das aldeias comunais e da socialização da produção rural (Brito 1988: 8-9), e se
assumira errática a desconsideração das suas implicações socioculturais. Algo que se ligou à
formação do DAA da UEM, agregando investigadores estrangeiros residentes e jovens
moçambicanos oriundos da licenciatura em História, e a subsequente realização do 1º
Seminário Interdisciplinar de Antropologia em 1982 (Loforte, Mate 1993), como explicitou
Ana Loforte “Foi o insucesso desses projectos que nos apoiou, de certa maneira, e evidenciou
o papel da antropologia e da própria sociologia em relação às questões do desenvolvimento.”
(em Jossias 2008: 10-11).
O enfoque das actividades era a aplicabilidade desenvolvimentista, priorizando as
questões da produção rural, em busca das “leis da reprodução social” para acelerar as
dinâmicas da instauração socialista (Conceição em Jossias, Matusse 2010: 13). Quis-se
expurgar a disciplina do seu legado primitivista colonial, desvalorizando a descrição dos
valores predominantes em prol da análise da sua articulação com as suas bases materiais,
tendente à sua transformação. Como tal, e até meados dos 1980s, a pesquisa sobre dimensões
ditas “culturais”, tais como etnicidade, estruturas políticas, instituições familiares, mágicas e
religiosas da sociedade rural, etc. foi marginal, nem revisitando o arquivo etnológico colonial.
Apenas alguns investigadores estrangeiros a estas se dedicavam, em função dos seus trajectos
académicos nas instituições de origem, pois em geral o etno-antropológico era visto como a
recolha de “mediocridades” do folclore (Medeiros 2007a: 14-15).184
Escasseou o recurso a delimitações étnicas, com algumas excepções, como Geffray ou
os antropólogos portugueses Eduardo Medeiros185 e José Fialho Feliciano (1989, 1998a),
183
Sobre os processos de folclorização ver Branco (1999: 36, 42).
184
O que é notório no corpo bibliográfico produzido nas primeiras décadas do país, como está patente
em Gross (1989), Medeiros (2008) Navarro, Sopa (1998), Souto (1995).
185
O caso deste investigador-docente residente constituiu excepção continuada (Medeiros 1980, circa
1984, 1984a, 1985, 1986a, 1986b), enquanto pesquisava sobre ritos iniciáticos (Medeiros 1995/2007a)
44
todos envolvidos na constituição do DAA e/ou do ARPAC, numa contracorrente ao
predomínio, até estatutário, dos intervenientes no espectro CEA. Neste âmbito, entre os
intelectuais moçambicanos, destacou-se Rafael da Conceição, que trabalhara no terreno com
Geffray, influência notória no seu texto inicial (Conceição 1984), também dedicado ao distrito
de Erati – no qual Geffray trabalhara, e que Alexandre Mate (1990) também veio a abordar,
tornando essa região central na reflexão antropológica nacional - e que veio a doutorar-se com
um texto, original no país, sob o espectro do construtivismo étnico (Conceição 2006 [1993]).
Ana Loforte, que integrara o núcleo fundacional do DAA, tornou-se referência no país nas
investigações sobre dinâmicas de género. Optando por um contexto (peri)urbano, distinto do
usualmente (auto-)atribuído à disciplina, também utilizou uma delimitação etnolinguística do
seu objecto (Loforte 2000), mas então já o paradigma dominante não evitava a alusão a esse
tipo de especificidades identitárias, como acontecera nos primeiros 15 anos do país.186
No final de 1980s na UEM alargou-se o ensino da antropologia às licenciaturas de
História, Linguística, Direito e Medicina. E, o que viria a ter grande influência na imagem da
disciplina, desde meados da década o DAA leccionou na Escola de Estado e Direito, criada
em 1980 para formação de quadros administrativos, de nível provincial e distrital, iniciativa
tendente à reformulação e descentralização das práticas estatais e partidárias. O que sinalizou
a consciencialização em sectores da elite política da necessidade de uma abordagem à
diversidade sociocultural do país, para sua articulação com a administração territorial aos seus
diversos níveis (posto administrativo, distrital, provincial). Simbólica de uma nova abertura,
ainda que secundária em termos oficiais, foi a promoção, nessa escola de funcionários, da
abordagem à pluralidade etnocultural, inovação numa era em que as divisões “tribalistas”
eram negativizadas face à reclamada unicidade nacional, enquanto eram reclamadas como
legítimas pelo Renamo (Loforte, Mate 1993, Zonjo 2017).187 Seria esse rumo intelectual que
conduziria à expectativa de uma reformulação do projecto nacional, inclusivamente que
e abordava a temática da construção étnica (Medeiros 1996a, 1997b) e suas autoridades (1996b,
1996c), para além de um vasto manancial etnográfico sobre cultura material, ainda inédito.
186
Conceição (2006) abordou a formação histórica da identidade muani. Loforte (2000) delimitou o
seu objecto por uma categoria etnolinguística abrangente, “tsonga”, ultrapassando a tendência
“cartográfica” típica do tempo colonial, concordante com a leitura histórica desse contexto feita por
Harries (1994).
187
Em meados de 1980s Lundin coordenou uma Colectânea de Trabalhos sobre Grupos
Populacionais na República Popular de Moçambique, explicitando a diversidade étnica (tsongas,
bitongas, nyanjas, macuas e macondes), que advinha dos trabalhos escolares dos alunos dessa escola.
45
conduzisse a um reconhecimento das identidades étnicas, justapostas no exercício do poder
(Magode 1996a, Lundin 1996).188
Num âmbito diverso, é relevante o ensino e a prática disciplinar na pedagogia católica, e
seu proselitismo. Esta esmorecera após 1975, com a partida da maioria dos bispos e do
restante pessoal missionário, as nacionalizações do património eclesiástico, a abrangente
desvalorização da actividade religiosa, e pelo ónus da sua ligação ao regime colonial, apesar
do apoio de alguns sectores eclesiásticos à luta independentista. O início da reversão
patrimonial e a visita papal, acontecidos em 1988, e a progressiva moçambicanização dos
seus quadros, transformaram a posição da igreja católica no país (Sousa, Correia 1998: 170-
185). A qual foi relevante nas negociações de paz (Morier-Genoud 2003, Zuppi 1995), e
desde então manteve papel público no processo político, em particular através dos anteriores
bispos da Beira e de Nampula.189 Em 1993 surgiu a Universidade Católica, o primeiro ensino
superior não estatal do país. A antropologia leccionou-se no Seminário Médio e no Superior,
sob o foco da reflexão sobre as formulações religiosas em África, tendente ao diálogo inter-
religioso, ou seja, às estratégias da acção missionária e de intervenção social (Zonjo 2017).190
Um quadro intelectual específico, que dá origem a abordagens etnográficas assentes, como é
tradição neste âmbito, em estadas profissionais bastante prolongadas entre as populações.
Entre as quais se destacam as obras dos bispos Langa (1992), centrada na inquirição das
potencialidades das cosmologias locais para o diálogo inter-religioso, em particular com o
catolicismo, e Lerma Martinez. Este, para além de produção pedagógica antropológica com
disseminação no país (Martinez 2003), no seu O Povo Macua e a Sua Cultura (Martinez
1989) articula as questões do questionamento religioso ao típico enquadramento etnográfico
sob enquadramento etnicizante.
Matéria por explorar é a influência desse ensino, na prática e na produção textual, tanto
entre o clero católico como naqueles que cumprem estudos nas suas instituições formativas,
secundárias, médias e universitárias. Bem como, a um nível mais refractado, qual a influência
entre a população escolar da leccionação dos quadros saídos destas instituições, no que
respeita às concepções mais generalizadas sobre a antropologia.
188
Perspectiva logo então criticada por Serra (1997), considerando o fenómeno étnico como
construção em função de estratégias de aquisição de recursos económicos e políticos.
189
Para o perfil do anterior bispo de Nampula, que se manteve no posto após a independência ver
Pinto (1979). Será ainda relevante entender os efeitos intelectuais na igreja católica moçambicana, em
particular nas formas de apreensão das realidades sociais nacionais, dos conflitos no seu interior
acontecidos no final do período colonial (Souto 2007: 394-413), por mais que as suas hierarquias os
tenham vindo a diluir.
190
Sobre evangelização e coranização face às religiões espiritualistas ver Monteiro (1995).
46
18. Em 1989, no seu V Congresso, o Frelimo abandonou a via marxista-leninista, por já
plástica que fosse a sua adscrição a esse molde.191 Desde o período final da guerra civil que
era notório o falhanço do modelo autoritário de ordenamento da população rural e da
socialização da produção e da comercialização. E que essas estratégias político-
administrativas haviam decorrido sob incompetência - por vezes dita “irracionalidade” -
económica e sem considerarem as diferenciações sociais - estatutárias, étnicas, religiosas, de
género, etárias, geográficas - que delimita(va)m o acesso aos recursos.192 É certo que a
maioria das propostas estatais de reorganização da produção não haviam sido efectivadas,
principalmente no centro e no norte do país. Mas tinham prejudicado os processos de
reprodução social, alienando muito do apoio populacional ao Estado, em particular o rural.
Na década seguinte instituiu-se a democracia multipartidária.193 Nas ciências sociais
havia partido grande parte da intelectualidade revolucionária estrangeira, por derivas
biográficas, por desencanto com o percurso nacional,194 e por desilusão com o trajecto do
próprio CEA (Fernandes 2011, 2013a, 2013b) - o qual, após as mortes de First e de Bragança,
passara a ser chefiado pelo militar Sérgio Vieira, excêntrico ao ambiente de investigação
científica.195 E cuja nomeação evidenciara a importância atribuída pelo poder central ao
controlo das ciências sociais, e do CEA em particular, também devido à relativa autonomia
dos seus investigadores, o que questiona a ideia da sua estrita ortodoxia.196
As alterações acontecidas, ainda que na sua especificidade nacional e marcadas pelo
processo de pacificação e de abandono do ideário comunista, enquadraram-se no trajecto
continental de reformas de liberalização política e económica. As quais haviam sido encetadas
na década transacta sob o lema do “ajustamento estrutural”, induzido por organizações
internacionais multilaterais e nas relações bilaterais com países industrializados, decorridas
191
Desde meados de 1980s houve uma inflexão liberal nas políticas económicas, articuladas com
organizações internacionais para esse objectivo, assumindo políticas de reajustamento estrutural desde
1984 e de reformas económicas liberais desde 1987 (Alden 2001: 9-12, Hermele 1988, 1989).
192
A questão do diferenciado acesso à terra era fundamental, e afrontava o ideal de socialização rural.
Para o enquadramento desta problemática no final do período socialista ver Hermele (1986), Myers
(1992, 1993), Myers, Tanner (1992), Myers, West, (1992).
193
Para as características dos partidos parlamentares ver Carbone (2003), Nuvunga, Adalima (2011).
Para a estruturação do regime político ver Lala, Ostheimer (2003).
194
Para esse desencanto veja-se o texto memorialista de Saul (2007).
195
Para o seu perfil ver a sua autobiografia política em Vieira (2009).
196
Após a instauração do regime multipartidário os cargos de direcção das unidades de investigação
científica passaram a ser ocupados por académicos.
47
sob o dito “Consenso de Washington”,197 um paradigma198 derivado de transformações nas
sociedades industrializadas desde a década de 1980, amiúde descritas como neoliberalismo.199
Esta inflexão adveio também da (auto)crítica aos processos pós-independências.200 Na
qual se disseminou a ideia dos Estados africanos como inibidores do desenvolvimento,
adjectivados como frágeis (Scott 1988), cleptocráticos (Bayart, Ellis, Hibou 1999) ou de
modo similar.201 Foi propagado um modelo social de desenvolvimento “técnico” e “apolítico”
(Mbembe 1991: 6), assente no crescimento económico e na eficiência, sob um ideário ao qual
Ferguson (2006: 78) chamou, com propriedade, um “capitalismo científico”, tornado
verdadeiro “capitalismo milenar” pois “messiânico” (Comaroff, Comaroff 2000: 292).
Nesse se postulou o recuo da actividade estatal nos sectores económicos e
assistencialistas, e alteraram-se os formatos internacionais de indução do desenvolvimento
(Cardoso 2017: 22-23), originando uma proliferação de paradigmas desenvolvimentistas.202
Estes, com diferentes ênfases programáticas e metodológicas, comungam do ideal de uma
sociedade civil dotada de imanente virtude democrática, concebida como conglomerado de
núcleos populacionais a autonomizar das instâncias estatais, e os quais serão os verdadeiros
agentes de desenvolvimento. Para isso, e sob o lema da boa governação, vingou a exigência
de uma descentralização administrativa, da gestão comunitária de recursos naturais, e do
197
Para a crítica inicial dos efeitos do ajustamento estrutural nas sociedades africanas ver Bernstein
(1990). Sob o impacto desta abordagem em Moçambique ver Abrahamsson, Nilsson (1997). Para uma
crítica foucauldiana a este processo ver Macamo (2018).
198
Gore (2000: 789-790) problematiza a atribuição do conceito de “paradigma” a esta abrangente
conceptualização do desenvolvimento.
199
Para a utilização disciplinar desta noção relativamente a Moçambique ver, p. ex., West (2009). Não
me cabe discutir aqui a sua pertinência, muito marcada pela visão de Foucault (2008: em especial ver
215-247). Hilgers identifica as três linhas fundamentais de análise do “neoliberalismo” na
antropologia (2010) e delineia a sua utilização para a análise de contextos africanos (2012), num
contexto intelectual em que a noção vem sendo utilizada de forma descontrolada, assim inútil
(Laidlaw 2015). De facto, é caótica e “serve more as a socially constructed term of struggle
(Kampfbegriff) that frames criticism and resistance than as a rigorously defined concept that can guide
research in anthropology and other social science” (Jessop 2013: 65), sendo o seu questionamento
motivo para invectivas ideológicas no seio da corporação (Venkatesen 2015).
Julgo que a adesão que colhe advém do hiato entre disciplinas das ciências sociais, apartando o seu
colectivo da ciência económica (Venugopal 2015), estabelecendo uma verdadeira incomunicabilidade
– visível em Ferguson (2010) referindo uma doutrina neoliberal que é factualmente inexistente. No
caso da antropologia julgo que esta ileitura da ciência económica deriva do viés da sua associação às
humanidades, reforçada pelas (auto)críticas no âmbito do pós-modernismo.
200
Para uma análise dessa crítica às concepções desenvolvimentistas ver Cooper, Packard (1997).
201
Sobre essa literatura finissecular relativa ao Estado africano ver a recensão de Kawabata (2006).
Para a crítica dos seus fundamentos etno/eurocêntricos ver Macamo (2002: 1-4).
202
“Os seis cuja validação científica e reconhecimento político-institucional são mais notórios:
desenvolvimento sustentável, desenvolvimento local, desenvolvimento participativo, desenvolvimento
humano, desenvolvimento social e desenvolvimento integrado. São o que se pode designar por
conceitos de “desenvolvimento alternativo”” (Amaro 2017: 91).
48
retorno das autoridades tradicionais, empossadas de funções jurídicas, administrativas e
simbólicas.203
19. Esse processo fez vingar em Moçambique, no ideário e na retórica dos poderes
públicos, um nacionalismo desenvolvimentista de conteúdos algo difusos mas confluindo na
crença do estabelecimento de uma economia de mercado, possibilitadora da emergência de
uma burguesia nacional, como motriz da transformação positiva do país (Brito 2010).204
A rapidez desta transição política e ideológica e, acima de tudo, a maleabilidade com
que o poder estatal a assumiu, implicou a produção de uma “amnésia organizada” política
(Pitcher 2006, Dinerman 2007). Pela qual se procurou elidir a memória dos conflitos internos
constitutivos do Frelimo e a dos insucessos estatais até ao final da guerra civil. E se apagou a
especificidade ideológica da I República, como se o ideário comunista nunca tivesse sido o
enquadrador, resumindo-a a um nacionalismo, qual realização da moçambicanidade. Assim
propondo uma continuidade histórica, como se nada contrastante, entre as duas épocas da
governação do país, a comunista e a liberal. Essa plasticidade do poder político demonstrou
que, desde a guerra de independência, nele se congregavam diversos núcleos com diferentes
projectos mais ou menos sistematizados de identidade nacional e de futuro (Thomaz 2002).
Uma das componentes desse desmemoriar foi a revalorização do estatuto da “tradição”
(Honwana 2002: 173-184). Não tanto do seu “reencantamento” que legitimasse a afirmação
de uma específica e virtuosa africanidade, ideia que vingou noutras esferas internacionais de
reflexão (Mbembe 2000: 37), mas um plano mais pragmático, consagrando os patrimónios
culturais, vinculados à “tradição”, como potenciais factores positivos na transformação da
sociedade. Assim, se antes fora vista como obstáculo ao estabelecimento da nação e da
cidadania individual, algo a ser extirpado, a nova atitude suspendeu o ónus de obstáculo ao
desenvolvimento que sobre ela impendera.205 Passou a ser encarada como virtuosa,
203
Sobre este processo no país ver Belluci (2002), Bornstein (2000), Braathen (2003), Correia (2005),
Forquilha (2007, 2009), Guambe (1996), Macuane (2001). Para uma visão muito crítica ver Hanlon
(1997). Sobre a ênfase no conceito de sociedade civil ver Bobbio (2009a, 2009b) e para o seu uso
desenvolvimentista no contexto africano ver Booth (1987), Callaghy (1986, 1988), Lemarchand
(1992). Van de Walle (2001) mostra como o processo global no continente conduziu não à redução do
peso do Estado mas a uma centralização política e fragmentação das formas de governabilidade nos
diversos níveis de influência da administração, sob um modelo patrimonial.
204
Para as características deste tipo de nacionalismo económico ver Gore (2000: 796-798).
205
Sob o ponto de vista programático esta afirmação poderá ser matizada. Bragança e Wallerstein
(1982: 176) referiam as distintas abordagens dos movimentos de libertação africanos à “cultura”, que
associam a “valores quotidianos” e que algo valorizam: “It is important to know and appreciate the
values that are Africa's heritage”, que “sometimes they are to be accepted, sometimes rejected, as they
serve or not the revolution”, e logo convocavam as perspectivas de Cabral, Mondlane e Neto, na sua
49
potencialidade para o frutificar da moçambicanidade e do desenvolvimento nacional. Tratou-
se da consagração da “cultura”, surgida em termos de “usos e costumes” ainda que sob outras
terminologias, tendo-se comummente firmado a expressão valorizadora “saberes locais”.
É de notar que o processo social desta qualificação não afirmava um “conhecimento
indígena” através de diálogos das mundividências com as práticas científicas, para
reconceptualizações questionadoras e produtivas (Silitoe 2002), ideário então presumido
como dinamizador de desenvolvimento (Abram 1998) - ainda que tenha surgido em reflexões
nacionais (p. ex. Igreja, Riedesser 2002, Meneses 2000). Mais se tratou da refracção simplista
dessa ambição, disseminada entre funcionalismo, oficialato de ong’s e mesmo entre
pesquisadores, numa sobrevalorização das práticas “locais”, tendencialmente conduzente à
sua indiscutibilidade. Algo reforçado pela manutenção da noção, vigente no período anterior,
da autenticidade da “cultura moçambicana”, enquanto crenças e práticas imunes à influência
colonial, como tal mundividências valorizáveis e dotadas de direitos políticos.206
Nesta mutação dignificaram-se as diferenciações culturais e identitárias, antes
condenadas pois perigando o cindir do país (Meneses 2006: 65). Assim, e se antes vigorara o
ideal da unicidade como matriz da produção da moçambicanidade, idealizada como realização
homogeneizadora das virtudes dos cidadãos, no novo período a identidade nacional passou a
ser entendida como efectivável sobre o material das suas diversidades constitutivas.
aversão às “crenças mágicas tradicionais”. Mas, de facto, a inicial prática estatal moçambicana foi a de
ruptura com esse “património africano” tradicional, grosso modo dito “obscurantista” e “feudal”.
206
Concepção de cultura sob um “culturalismo”, recorrente no seio da antropologia (Sahlins 2003: 4).
207
Para as relações actuais entre identidades raciais ver Mithá Ribeiro (2012b) e Thomaz (2005).
208
O que foi patente na formação de um conjunto de “associações de naturais” de províncias e cidades,
acolhidas com alguma desconfiança pelos poderes centrais mas, também, por estes integradas.
50
como factores de diferenciação de atitudes políticas (Lundin 1999b), o que antes dificilmente
seria referido. Mas é notório que o paradigma etnicizante não se reinstalou nas investigações.
Essa revalorização da pluralidade cultural interna implicou maior atenção sobre a
diversidade linguística, enquanto descritiva das populações (Chichava 2008), ao invés do
ocorrido na I República, na qual predominara o ideal monolínguístico como constitutivo da
nação.209 Esta linha de reflexão fora já encetada, principalmente no contexto académico, com
a formação de especialistas no exterior (Kathupa 1991, Ngunga 1997), a criação do Núcleo de
Estudos de Línguas Moçambicanas (Nelimo) da UEM em finais da década de 1980 e, num
âmbito mais alargado, a realização do I Seminário de Padronização de Línguas
Moçambicanas, em 1988, o qual teria sequelas em 1999, 2008 (Ngunga, Faquir 2012) e 2018.
O que firmou a ideia dos direitos linguísticos como constitutivos do exercício político de
cidadania (Liphola 1995), em especial nas relações com a administração estatal, antes
fortemente “lusofonizada”. E também a defesa do ensino plurilinguístico como factor de
desenvolvimento da literacia (Firmino 2002,210 Lopes 1997, 2004, Ngunga 1999), em última
análise enfrentando a problemática do tendencial glotocídio,211 em particular nos contextos
urbanos, ainda que este não seja usualmente verbalizado pelos investigadores.212
A valorização dos “saberes locais” afirmou-os como recurso societal fundamental para a
saúde pública,213 área pressionada pela disseminação do sida (Green, Jurg, Tomás, Dgedge
1992) e pela devastação das infraestruturas sanitárias na guerra civil, alterando a posição
estatal face à medicina tradicional. Esta, que coexistira com a administração colonial, ainda
que criticada e alvo de algumas proibições, em especial ligadas às práticas de controlo de
feitiçaria (Morais 2014),214 fora vetada após a independência, e as cosmologias associadas e
209
Bastos (2018) analisa as práticas linguísticas entre os iniciais movimentos anticoloniais, no então
Tanganyka, notando no início do Frelimo a utilização do suaíli como língua de comunicação, oral e
escrita, e aborda as dinâmicas, sociológicas e ideológicas, que sedimentaram o monolinguismo oficial
no movimento de libertação.
210
Uma publicação que corresponde a um doutoramento de 1995.
211
Para uma análise crítica do conceito, sustentado pela acção da UNESCO, e das abordagens que
convoca ver Israel (2001).
212
Posições que refractavam a perspectiva de Junod, avesso a um assimilacionismo homogeneizador,
o que lhe reflectia a tensão entre o universalismo cristão e a ideia de que a desconsideração da
pluralidade cultural, suas diversas línguas, culturas e mentalidades locais, conduz à anomia. O que lhe
baseava a defesa do ensino plurilinguístico, e que a alfabetização decorra nas línguas maternas
(Macagno 2009b).
213
Nas décadas anteriores as abordagens antropológicas às questões sanitárias e de medicina
tradicional tinham sido bastante mais escassas (p. ex. Medeiros 1984b, circa 1990).
214
Victor Igreja (2004) salienta as potencialidades da medicina local na área da saúde mental, frisando
que também nessa área era desconsiderada pela administração colonial.
51
os sacerdócios locais, comummente ditos curandeiros, haviam sido reduzidos a obscurantistas
(Honwana 2002, Meneses 2000).
Esse ónus foi-lhe levantado, a actividade foi legalizada e valorizada, e induzida a
criação da primeira associação profissional, a AMETRAMO, instituída em 1991 (Meneses
2004b, 2004c), processo no qual envolveram investigadores, estrangeiros e nacionais, e
funcionários públicos, dinamizados pelo Estado e organizações internacionais. Harry West
(2009: 323-346) descreveu essa reconfiguração, explicitando a sobrevalorização acontecida
dos “saberes locais”, entendidos como epistemes alternativas à chamada biomedicina, esta
invectivada como eco do eurocentrismo colonial, e num quadro analítico que secundarizava as
reais práticas médicas que esse meio profissional adoptava, algo que tende à sua romantização
(Wiegink 2018).215
Nesse âmbito foi influente a influência internacional, reforçada nas duas últimas
décadas de XX, de retoma de atenção sobre os patrimónios etnobotânicos e os direitos
relativos ao património genético, e das suas articulações com as redes sanitárias, também
através da valorização das medicinas ditas tradicionais (van Wik 2002: 1-3), proposto em
1978 na Conferência de Alma Ata da OMS.216 No país, a investigação etnobotânica contou
com a publicação, desde a década de 1980, do vasto estudo de Paulus Jansen e Orlando
Mendes, lantas edicinais Seu so Tradicional em o ambi ue, cuja dimensão e temática
o tornava excêntrico no panorama científico nacional, e o qual continuava, de forma
sistematizada, uma linha de pesquisas encetada no tempo colonial.217
O marco mais sonante desta inflexão estatal sob viés da “tradição” foi a alteração do
quadro administrativo através da reconstituição das instâncias de poder local, ditas
“autoridades comunitárias”,218 termo que abarcava a anterior figura jurídica de “autoridades
gentílicas”, que haviam sido proibidas após a independência, e cuja reinstalação fora
defendida pelo movimento Renamo durante a guerra civil. Um passo assumido como modo de
operacionalização do Estado (Adalima 2007: 73), crido e veiculado como factor de
215
Wiegink (2018) refere essa tendência para a romantização nas análises sobre processos de cura de
traumas psicológicos advindos da guerra civil, mas o viés reconhece-se em textos sobre temáticas mais
abrangentes ligadas ao exercício da medicina tradicional.
216
Para um historial da valorização internacional da medicina tradicional ver Agostinho, Silva (2012).
217
Para a Missão Botânica em Moçambique, decorrida na década de 1940, ver Conde et al (2014).
Para breves resenhas das investigações finisseculares no país sobre essa temática ver Bandeira,
Gaspar, Pagula (2001) e também van Wik (2002).
218
Abordo este processo com mais detalhe no capítulo XI.
52
democratização219 e até de preservação cultural, e que formalizou um pluralismo jurídico no
país (Araújo 2008).220
Para a preparação e execução da nova legislação, e para a sua legitimação nacional,
desde o início da década de 1990s que o Núcleo de Desenvolvimento Administrativo do
Ministério da Administração Estatal, com o qual o DAA colaborava desde meados da década
anterior, realizou debates políticos e académicos sobre as instituições políticas ditas
tradicionais. E logo dinamizou, por indicações da tutela estatal, pesquisas de terreno com
algum formato antropológico, sobre a temática.221 Delas resultariam publicações que tiveram
larga repercussão no país, Autoridade e Poder Tradicional (Lundin, Machava 1995, 1998)222
e Autoridade Tradicional em Moçambique (Alfane 1996, Cuahela 1996, Fernando 1996,
Mucussete 1996, Nhancale 1996).223
É agora notória a frágil teorização desses trabalhos, desprovidos de problematizações e
assentes em curtas estadas, reclamadas como etnográficas, e subordinados aos corolários
pressupostos. Veicularam a reificação das instituições, na apologia de uma “Autoridade
Africana” típica e padronizada, como se ontológica, dizendo-a com implantação homogénea
no país, e dos sistemas jurídicos consuetudinários, desconsiderando as suas reconfigurações
no período colonial.224 E deixavam entender a resistência rural unívoca à extinção dessas
chefias, numa adesão global à aplicação dos direitos locais associada a uma radical
inadequação das instâncias locais que haviam sido criadas pelo Estado.225
Assim afirmaram a inevitabilidade, e indiscutibilidade, dessas estruturas “tradicionais”
de poder, legitimadas através do postular da sua autenticidade e da sua democraticidade
intrínseca, pois compatível com as características essenciais da vida social, explicitando uma
visão irenista das “comunidades” - a noção, qual entidade, que passou a definir os
219
Para uma posição bem antecedente sobre esta questão em África ver Mair (1970b).
220
Bertelsen (2009a) propõe uma complexificação conceptual, substituindo “pluralismo jurídico” por
“soberania múltipla” (multiple sovereignties), que entende mais consentâneo com as complexidades
dos processos etnográficos. Não discuto o assunto, consignando-me ao termo mais usual na literatura.
221
Essas pesquisas e debates contaram com o financiamento do Governo e de instituições
internacionais como a Fundação Ford e a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional
(USAID) através do Instituto Afro-Americano (AAI) (Lourenço 2009: 117). Para a descrição deste
processo de recuperação das autoridades tradicionais ver West (2009: 295-322).
222
Os vários textos (Alfane, Nhancale 1995, Alves 1995, J. Carrilho 1995, Naroromele 1995, Ó da
Silva 1998, Roque 1995, Taimo 1995), reflectem pesquisas de campo efectuadas em Tete, Nampula,
Sofala e Manica, e uma tentativa de teorização.
223
Para uma memória do projecto ver Cuahela (2007).
224
Para uma análise crítica das transformações coloniais dos sistemas jurídicos ver Chanock (1985: em
especial 27-67)
225
Sobre as formações da lei na I República ver Sachs, Welch (1990). Sobre a pluralidade dos
processos locais nesta matéria, afrontando a irredutibilidade das estruturas tradicionais de poder, ver
Alexander (1997), Hall, Young (1997), O’Laughlin (2000), West (1998, 2001).
53
agrupamentos sociais, em especial se rurais. Ou seja, essas pesquisas cumpriram a sua função
previamente estipulada, a legitimação do teor científico do processo político e legislativo. E,
nisso, muito marcaram, na época, a imagem da relevância possível da antropologia no país.
226
Ver Nkwi (2012) sobre a relativa reabilitação da antropologia em África desde finais de XX.
227
Os estudos pós-graduados na UEM vieram a iniciar-se em meados da década de 2010, sendo que
até então, o que ainda acontece, vários antropólogos nacionais os fizeram no estrangeiro. Desde 2009
funcionou uma licenciatura em Antropologia e uma pós-graduação em Antropologia do
Desenvolvimento na Universidade Católica, e desde 2018 funciona uma licenciatura em Antropologia
na Universidade Pedagógica (Amâncio, Tassinari 2019, Gonçalves 2019).
228
Entre os portugueses constaram, por exemplo, Yañez Casal, Pina-Cabral, Rosa Perez ou Paulo
Granjo, sendo este o único que pesquisou no país (p. ex. Granjo 2008). Dos espanhóis estiveram, entre
outros, Verena Stolcke e José Luís Molina. Neste caso a articulação financiada pelo estado espanhol, e
centrada na Universidade Autónoma de Barcelona, teve um maior organicidade, originando alguma
conjugação com a pesquisa na área de saúde, um forte empenho da cooperação espanhola no país,
como é exemplificado em Degregori, Reguillo, DiGiacomo (2007). Mas, como se nota nos textos de
antropólogos moçambicanos ali inclusos (Loforte 2007, Matsinhe 2007), tratou-se de um diálogo,
profícuo, entre abordagens e não tanto de uma influência formativa exógena.
229
Sobre as transformações ocorridas desde então no contexto universitário moçambicano, e os
pressupostos que as conduziram, ver Mário et al (2003) e Noa (2012b).
54
Dois eixos laborais sobressaíram, reforçados nessa valorização estatal e societal, da
“cultura tradicional”. Num âmbito mais restrito reanimou-se o trabalho de identificação
cultural, sob o idioma etnográfico, impulsionado por dois factores ideológicos, alheios entre si
mas articuláveis nesse período: o nacional, pela valorização da autenticidade como motriz de
uma moçambicanidade vista como base do nacionalismo, ideário reforçado durante as
presidências de Armando Guebuza.230 E o internacional, face à linha da UNESCO de
salvaguarda de itens culturais, em especial com a sua inflexão para a consideração do
“património intangível” (Blake 2017, Hottin, Grenet 2017), associável à sua desejável
mercantilização, através da sua conjugação com estratégias de empregabilidade, por via de
produção cultural e de dinamização turística (Berliner 2014). Sendo relevante que as
formulações da UNESCO em prol da defesa da diversidade cultural permitem o seu
entendimento como preservação de estoques culturais localizados (Eriksen 2001), associável
à concepção estatal de construção da moçambicanidade como confluência de uma pluralidade
interna de identidades culturais discretas.231
Esse tipo de intervenção de recenseamento, preservação e publicitação patrimonial
aportara no país logo após a guerra civil, com a classificação da Ilha de Moçambique em 1991
(Jopela 2015).232 Mas esse fora um caso peculiar na “patrimonialização” dos itens culturais,
dado ser aquele legado entendido como resquício colonial, e até malquista a primazia que lhe
fora atribuída pelas instituições estrangeiras.233 Mas maior foi a posterior conjugação entre
Estado e UNESCO nas candidaturas a “património da humanidade” relativas à dança nyau
(Manjate 2014) e à orquestração de timbilas (Wane 2012).234 Nesse ambiente se reforçou a
acção do ARPAC, desde 2002 intitulado ARPAC-Instituto de Investigação Sócio-Cultural.235
O qual interveio também no reanimação do estatal Festival Nacional de Canto e Dança, que
230
A questão da moçambicanidade foi sobrelevada na retórica presidencial deste período, e a sua
conjugação com uma autenticidade é sistematicamente patente nas abordagens a temáticas culturais.
Ver, como exemplo, Guebuza (2015a, 2015b, 2015c).
231
Sobre esta perspectiva de moçambicanidade em Guebuza ver Posse (54-71).
232
A intervenção patrimonial na Ilha surgiu sob um idioma desenvolvimentista, vinculado ao
paradigma do desenvolvimento humano sustentável, como o mostra Carducci (1998).
233
Sobre o evitamento face ao património edificado colonial ver Lachartre (2000: 60-79).
234
A dança nyau e música orquestral de timbila foram integradas na lista Obra-Prima do Património
Oral e Intangível da Humanidade em 2005 (UNESCO 2006: 63, 71).
235
Os trabalhos produzidos no organismo exigiriam uma análise dedicada. Apesar da sua diversidade
têm um pendor folclorista, que acima referi, sendo marcados pelas diferentes capacidades
institucionais ao longo das décadas e do contexto político do seu enquadramento. Mas, na sua maioria,
oscilam entre o recenseamento de actividades culturais reconhecidas, como p. ex. as danças existentes
em alguma região ou uma recolha abrangente para inventariação de artefactos e práticas locais
(Tamele, Vilanculo 2002, L. Roque 2014, Valoi, Matsinhe, Vilanculo 2015) ou o propagandear de
actividades culturais e sua ligação às políticas nacionais (Manuense 2014).
55
décadas antes fora emblemático da valorização das expressões culturais endógenas, dentro de
uma programação mais alargada de actividades, traçada neste quadro que valoriza a
inventariação do património intangível e inclusa no Plano Estratégico de Cultura de
Moçambique (2012-2022).236
22. Tal como é recorrente nos países africanos, a extrema influência do Estado no
contexto académico e científico, a prevalência do ideário do desenvolvimento e a dependência
dos financiamentos estrangeiros às ciências sociais,237 fizeram predominar no país desde o
advento do regime liberal um outro eixo laboral: as pesquisas aplicadas, promovidas por
organismos estatais, ong’s nacionais e estrangeiras, e agências externas, multilaterais e
bilaterais. Muito desse labor derivou de agendas de investigação internacionais, também
refractadas pelas instituições estatais, e constituiu uma miríade documental, algo heterogénea
devido à diversidade dos objectivos dos contratantes. Não farei aqui uma leitura desse corpo
textual, tão vasto que exigiria uma reflexão exclusiva, mas saliento algumas das suas
características que marcaram o exercício da antropologia no país.
Entretanto, e face à evidência da insuficiência desenvolvimentista das políticas de
ajustamento estrutural em África, e das disrupções sociais que causavam, alteraram-se as
intervenções internacionais. Desde 1996 a ajuda externa foi enquadrada pelo alívio da dívida
externa, através da Iniciativa dos Países Pobres Altamente Endividados, conduzida pelo BM e
pelo FMI (Alden 2001: 102-109). No país surgiu o Plano de Acção para Redução da Pobreza
Absoluta (PARPA) (2000-2004), e subsequentes Planos de Acção de Redução da Pobreza
(PARP), orientando a acção estatal nos vários sectores da sociedade.238
Esta inflexão articulou-se com o objectivo vigente de diminuição das influências
estatais na sociedade. Ainda que seja usual reduzi-la ao epíteto “neoliberal”, esta via associou
um liberalismo económico com uma fundamentação nacionalista,239 mescla que se potencia –
e procura legitimar – na conjugação de pressupostos liberais e socializantes (Gore 1990), algo
herdeira das perspectivas fabianas emergidas no colonialismo britânico tardio (Cowen,
Shenton 1991). Nesse ambiente as intervenções que usam recorrer ao trabalho antropológico
para o seu delinear (ou monitoria) tendem a centrar-se nos formatos locais da actividade
236
Exemplificativo deste tipo inventariação patrimonial assente em observação rápida é a descrição da
invocação espiritual para celebrar a revolta de Barué (Dzinduwa 2016).
237
Para uma visão geral ver Mkandawire (1993, 1997), Zeleza (2002).
238
Para apresentação das mudanças institucionais requeridas e uma visão positiva das iniciativas ver
Falck, Rebelo (2003). Sobre o advento dessa abordagem no país ver Oppenheimer (2002a, 2002b).
239
Sobre a elaboração nacionalista no discurso da luta contra a pobreza ver Zonjo (2018: 56-67).
56
socioeconómica – em especial a produção agrícola e o exercício comercial, para além de
mutações na parafernália institucional consignadas à chamada “boa governação” -, e em
questões ligadas aos direitos humanos, considerados como factores do potenciar
(empowerment) da sociedade civil. O qual, vinculado ao ideário da “participação”, surgiu
como princípio orientador do combate à pobreza, em particular visto como crucial aos níveis
locais, enquanto dinâmica democratizadora indutora da equidade.
Neste ideário as acções desenvolvimentistas são deixadas entender como resolução de
problemas, adversas a défices qualitativos (e quantitativos) através da promoção da adesão a
“melhores práticas” produtivas e (re)distributivas. E a “cultura” surge como quadro
sistematizado dos termos da existência societal. Estes são apreendidos como passíveis de uma
sequencial perfectibilidade por via da mimetização, mesmo se relativa, de práticas exógenas
que incrementem as performances nas várias áreas de actividade dos contextos
intervencionados, através da importação, aprendizagem e adaptação de tecnologias – de
produção material e de reprodução social – que diversifiquem e incrementem o acesso a bens
e serviços, através da indução de um aumento da produtividade social.
No âmago desta via reside a crença na dimensão consensual das modalidades de
transformação social, inquestionando os processos históricos de produção da pobreza e os
processos sociais de aquisição cultural (Ferguson 2006, Gore 1990). Trata-se de uma visão
tecnocrática, em que o desenvolvimento surge como mero acrescento de racionalidade
económico-social e de incremento ético, traduzindo um anseio da despolitização das
sociedades intervencionadas.
Em suma, neste período de instauração liberal valorizou-se uma noção de “cultura”,
vinculada a “tradição”, manuseada no esforço estatal de reformular uma identidade nacional
assente na pluralidade sociocultural do país, e na actividade desenvolvimentista como
matéria-prima de uma sociedade civil perfectível sob o ideal irenista de um desenvolvimento
plácido e equitativo. O que incrementou a procura das contribuições da disciplina no país 240
tornando-a, ao invés do passado recente, numa “primorosa antropologia”, dada a valorização
utilitarista das matérias que usualmente lhe são consideradas objecto.
240
Mariano (2017b: 20) elenca as áreas temáticas sobre as quais incidem investigações: “… questões
de desenvolvimento, de cultura e identidade, das autoridades tradicionais e religiosas, de saúde e
doença, da educação, família e parentesco, de economia, de gênero, corpo e sexualidade, das questões
ambientais e ecologia, etc. … o campo da antropologia cobre uma gama de áreas de políticas públicas
em implementação no país.”.
57
23. As pesquisas aplicadas têm uma autonomia limitada, e tendem a desenrolar-se em
formatos colectivos, muitas vezes em moldes multidisciplinares. Nelas é recorrente a
subalternização dos investigadores nacionais face a expatriados (Coelho 2015, Gonçalves
2019, Mariano 2017a),241 por vezes quase reduzidos a “facilitadores” de terreno, algo que
lembra, em formato actualizado, a antiga figura colonial de “assistente de pesquisa” local.242
Essa subordinação reforça-se por efeitos do paradigma analítico em voga, pois a ênfase
na identificação – e transformação – das performances locais consocia-se com a generalizada
noção da especialização disciplinar em técnicas de observação do micro-social, habitualmente
resumidas ao epíteto “etnografia”, no sentido chão de “trabalho de campo”, ou seja, de
observação directa. Isso direcciona, e até confina, os antropólogos para a pesquisa sobre
fenómenos de cariz “cultural” em âmbitos “locais”.
Esse movimento, que traduz uma reificação das históricas distinções disciplinares entre
as ciências sociais, conduz a uma fragmentação dos saberes produzidos (Mkawandire 1993).
E também à sua hierarquização, pois tende a consignar a primazia discursiva a outras
disciplinas, em especial àquelas que anunciam métodos quantitativos e/ou comparativos,
julgadas mais capazes de análises compreensivas e (re)ordenadoras do real, nisso absorvendo
e retrabalhando os contributos dos antropólogos. O que traduz uma concepção de análise, e de
intervenção se num âmbito desenvolvimentista, que enfatiza pressupostos (quase-
)axiomáticos generalizados em detrimento das detalhadas características processuais dos
contextos em questão.
Nessa hierarquização reconhece-se também a refracção da noção do estatuto pré-
científico da recolha etnográfica, que fora vigente no período colonial. Então fora realizada
por funcionários e amadores, produzindo matéria-prima a ser tratada, alhures, pelos dotados
de capital científico adequado ao esforço de teorização, e de planificação. Agora surge como
tarefa para antropólogos, ou quem de modo avulso pratique a “observação directa”, mas ainda
destinada a alimentar a explanação de outras disciplinas. É sob estes constrangimentos
operativos e intelectuais que refiro a emergência no país de uma “primorosa antropologia”.
241
Esta não é uma situação universal, pois há colectivos internacionais, sob diferentes modalidades e
com diversos objectos, protagonizadas por antropólogos moçambicanos. Como o ilustram Honwana,
de Boeck (2005), Igreja et al (2009, 2010) ou Meneses (2003), Meneses, Martins (2013), as quais são
exemplos que convoco para realçar que estes são casos em que, para além do brilho curricular desses
investigadores, esse protagonismo será associável a estarem expatriados.
242
Dependência por vezes transposta para os processos de pós-graduação, dada a prática dos
financiamentos estrangeiros a programas de estudos pós-graduados e/ou a pesquisas avulsas terem
como contrapartida a imposição das temáticas e problemáticas.
58
Neste contexto, e ainda que a instauração do ensino universitário tenha feito proliferar
os antropólogos nacionais, entendo que a prática profissional nas últimas duas décadas não
deve promover uma delimitação restritiva do universo da antropologia em Moçambique, que
seja condizente com as demarcações disciplinares e concomitantes composições corporativas.
Isto devido à continuada influência das gerações anteriores de pesquisadores, muitos ainda
activos, oriundos de outras disciplinas – em particular da história243 -, à recorrente actividade
multidisciplinar, em especial nas investigações aplicadas, e aos efeitos socializadores
advindos do feixe alargado das actividades promovidas pelo Estado e pelas ong’s.
Por isto abarco no campo da antropologia nacional as abordagens que activam algum do
legado disciplinar, metodológico ou temático. Não professando uma visão imperialista da
disciplina, como se esta cativando as congéneres, mas, ao invés, aceitando a sua porosidade,
constituinte. Este alargar do seu espectro corresponde à representação social da disciplina que
vai dominando no meio intelectual e no funcionalismo, ancorada na prática do “trabalho de
campo”, da observação directa em contacto com a “população”. E permite agregar as tensões
metodológicas e programáticas surgidas nas articulações dos antropólogos, suas interacções
individuais e inserções institucionais. Deste modo, e à imagem do acontecido no período
colonial, a antropologia estabelece-se na actividade de especialistas e de “amadores”,
oriundos de áreas disciplinares e que se dedicam, de modo avulso, à “observação directa”.
24. Uma outra tensão estruturante se apresenta na antropologia nacional. Acima referi a
contraposição, durante o período colonial, entre visões assimilacionistas, centrais para núcleos
académicos exógenos ao território, e segregacionistas, mais sitas nas abordagens etnográficas,
usualmente efectuadas por dotados de menor capital académico-científico e vinculadas a uma
pragmática administrativa. E notei que essa tensão durante a I República, e em termos algo
homólogos, ainda que invertidos. Pois patente na oposição entre o modelo assimilacionista
propaga(ndea)do por uma elite portadora de capital científico, em parte excêntrica ao país, e
um olhar particularista, presente em intelectuais com menos vínculos ao poder central, mas
também presente no funcionalismo estatal intermédio, com rudimentar formação disciplinar.
Na transição para a democracia liberal o protagonismo dado ao particularismo
alimentou um viés segregacionista, ainda que com conteúdos menos discriminatórios do que
no passado. Mas activou uma pragmática que aparta os núcleos sociais, distinguindo as
“comunidades”, conscritas aos seus “usos e costumes” - agora chamados “autoridades
243
Vários dos primeiros antropólogos nacionais (p. ex. Braga, Conceição, Loforte, Mate) provieram da
licenciatura em História, existente aquando da independência.
59
comunitárias”, “gestão de recursos”, “resolução de conflitos” ou “medicina tradicional” – da
“sociedade civil”, subordinada ao enquadramento jurídico “formal”, à “saúde pública” (ou
“biomedicina”), e perspectivada como dotada de outras potencialidades. O que assume uma
implícita dicotomia, em parte entre rural/urbano e decerto que tradicional/moderno, que
recupera as anteriores dicotomias que estiveram presentes na reflexão sobre a realidade
moçambicana, essas que apartavam primitivos de civilizados ou indígenas de assimilados
(Thomaz 2005).
Em suma, no âmbito estatal o regime colonial conheceu um primado do
segregacionismo, ainda que sob diversas retóricas assimilacionistas, sucedendo-se um
primado efectivo, na I República, do assimilacionismo modernista marxista. E no regime
liberal ascendeu um matizado viés segregacionista. Percurso que marcou as práticas
predominantes no campo da antropologia, e os debates que nele vêm surgindo.
244
Para a formação do MDM ver Nuvunga, Adalima (2011). Para o percurso do Renamo ver Vines
(2013). Sobre as eleições presidenciais e legislativas nesse período (de 1994 a 2004) ver Pereira
(2008) e sobre as autárquicas (de 1998 a 2008) ver Nuvunga (2012).
245
Sobre os conflitos no centro do país e seus efeitos nas deslocações das populações ver Eusébio,
Magalhães (2018). Sobre o actual processo de negociação entre Frelimo e Renamo ver Vines (2019).
Sobre os conflitos no Cabo Delgado ver Habibe, Forquilha, Pereira (2019) e Matsinhe, Valoi (2019).
246
Francisco (2019) elenca um rol destes crimes, incidindo sobre personalidades urbanas com alguma
exposição mediática. Ganho (2016) mostra o ambiente ideológico e comunicacional envolvendo o
assassinato de Cistac, demonstrando que o seu carácter não foi meramente incidental.
60
Entretanto, e ainda que os dados macroeconómicos do país sejam positivos, os rumos
globais da política desenvolvimentista foram criticados, afirmando-se o falhanço da estratégia
de redução da pobreza (Arndt el al 2011), por incapaz de induzir uma crescente equidade na
redistribuição do produto (Brito 2012, Francisco 2012), sendo referidos o carácter
estruturalmente sobre-exploratório da formação socioeconómica nacional e o papel do Estado
na sua reprodução (Castel-Branco 2014), bem como os fenómenos de apropriação económica
pela elite política (Cortês 2018) como factores endógenos inibitórios do desenvolvimento.
No entanto, no seio da disciplina, e apesar das referidas pressões – de financiamento, de
empregabilidade, de índole política -, implícitas e explícitas, a autonomia relativa das
pesquisas não foi coarctada. Ainda que o seu ensino universitário esteja vinculado à
problemática desenvolvimentista, muito devido aos ansiados efeitos na empregabilidade
discente (Gonçalves 2019), tanto a investigação académica como os produtos da investigação
aplicada não se restringem aos pressupostos e corolários requeridos pelas perspectivas
políticas dominantes.
Nas investigações académicas essa relativa heterodoxia decerto que advém da
influência, directa e indirecta, da diversidade da inserção internacional dos estudos pós-
graduados. A qual, se terá como efeito a indução de análises sobre temáticas em voga nesses
contextos de formação, também deixa maior autonomia às opções dos investigadores, dado o
distanciamento face aos contextos de origem e aos contrangimentos neles vigentes. 247 Mas
também há dinâmicas internas nessa autonomização, e mesmo nas pesquisas encomendadas
desenvolvimentistas, apesar dos espartilhos típicos desses trabalhos, são notórios
questionamentos das metodologias de intervenção e dos conceitos operatórios que sustentam
os projectos em causa, ou sua monitoria.248
Nesse eixo foi fundamental o problematizar da operacionalização societal da noção de
cultura. No país foi notório que a reabilitação da “tradição” promovida pelo regime liberal
dinamizou um verdadeiro culturalismo, em si acoitado em alargados núcleos do
funcionalismo público e nas ONG’s, nacionais e estrangeiras. Ora, e em verdadeira
contracorrente, nas duas últimas décadas afirmou-se uma antropologia anti-essencialista (Fry
247
Será interessante uma análise extensa dos trabalhos dos investigadores moçambicanos em
universidades estrangeiras, vasculhando as múltiplas influências teóricas e também a indução (ou até
imposição) de temáticas. Como mero exemplo pode-se convocar o caso brasileiro: desde a formação a
estudantes de ciências sociais na década de 1990 (Fry 2001) aquele apoio ao ensino superior no país
bastante cresceu (Milani, Conceição, M’Bunde 2016), também pluralizando os pólos de acolhimento,
o que terá tido efeito nas pesquisas individuais.
248
Como mero exemplo ver como uma equipa (Rosário, Tvedten, Paulo 2008, Tvedten, Paulo, Rosário
2006), mesmo sob a tipologia de relatório, problematizou as unidades analíticas de facto propostas
pelos seus contratantes, em termos de unidades residenciais e familiares e de polarização rural/urbano.
61
2005c: 22), assumindo as formações socioculturais – a recorrente “cultura” – como âmbitos
sistémicos, mas não discretos, contendo hierarquizações internas assentes em estruturas de
poder que se apresentam e reclamam como normativas, nisso tentando obstar a dinâmicas de
sua transformação. A disciplina tornou-se assim pouco atreita a reproduzir discursos
compatíveis com as narrativas nacionalistas e desenvolvimentistas, legitimatórias do Estado.
Julgo que a grande fonte dessa inquietude problematizadora radica na corrente nacional
de estudos de género – no país ainda comummente referidos para aludir à temática dos
direitos das mulheres –, tanto presente no espaço académico (p. ex. Loforte 2000) como no
activismo (p. ex. Mejia et al 2004, WLSA Mozambique 2001), contextos basto interactuantes,
até pela constante transumância de investigadores, actuando num quadro explícito de
feminismo académico (Casimiro 2012). Essa linha de pesquisa muito foi induzida em finais
de XX pelas agências internacionais ligadas à ajuda pública ao desenvolvimento, tanto porque
respeitante às questões dos direitos humanos e de cidadania (Wilson, Mitchell 2003) como
pela sua articulação com problemáticas da saúde pública. Mas antes estabelecera-se como
questão fundamental, já desde os inícios da academia moçambicana, inscrita no ambiente
modernista nacional (Casimiro 2012: 212).249 E foi neste eixo de investigação que, desde
cedo, se afrontou de modo mais consistente a visão consagradora de “cultura”, e das
correlacionadas “comunidades”, explicitando as relações de dominação e exclusão existentes,
tanto as oriundas das modalidades endógenas de organização social como as potenciadas
pelas interacções constitutivas com a formação nacional.
Esses estudos tiveram também um impacto metodológico, dada a ênfase em trabalhos
colectivos, e multidisciplinares, muitas vezes recorrendo a técnicas de avaliação rural rápida
(Loforte 2012), ou usando-as em terrenos periurbanos e urbanos. Ainda que não sendo prática
original no país, o impacto dos seus resultados, e o prestigiado estatuto dos intelectuais neles
envolvidos, reforçaram a legitimidade deste tipo de observação directa, produtiva em moldes
distintos dos canonizados nas “metrópoles” internacionais da antropologia, e consistentes com
os contrangimentos financeiros da pesquisa nacional. Trata-se de estratégias laborais criativas,
inclusive possibilitando verdadeiras recolhas etnográficas (p. ex. Bagnol, Mariano 2011),250
mesmo se realizadas em quadros de típica consultoria mas sem nisso perderem alguma
autonomia analítica e as dimensões reflexivas.
249
Para uma visão analítica sobre os estudos feministas no país ver Casimiro, Andrade (2009).
250
Não intento arrolar extensamente as investigações contemporâneas, como se me arrogando à sua
canonização através da sua mera referência, tratando apenas de com algumas delas ilustrar os actuais
rumos das investigações.
62
Deste modo se disseminou, como auto-representação da recente corporação disciplinar,
a dimensão central da análise como problematizadora, na configuração de um ethos crítico.
Não se trata de afirmar um generalizado activismo adverso ao status quo mas da tarefa de um
dissecar, multifacetado, do processo nacional. Nessa via Victor Igreja (2008: 541) lembrou
que o “silêncio é um fenómeno polissémico”, referindo-se ao défice de uma ética
memorialista no país, que promova uma evocação pluralista do passado, tendente ao
apaziguamento do real.251 Nesse sentido as investigações têm inquietado a placidez,
estrategicamente amnésica, da narrativa oficial estatal e das suas refracções oficiosas, a qual
baseou a sua “imaginação da nação” na unívoca oposição ao exógeno.
A complexidade do processo de categorização discriminatória colonial, e seus efeitos na
composição do processo nacionalista inicial, foi esmiuçada por Cabaço (2010). E outros
autores abordaram a violência e exclusão presentes nos processos políticos nacionais
subsequentes, cujo dirimir os tornou (re)constitutivos do tecido social, desse modo não só
afrontando o ideário da unicidade virtual, cuja defesa foi sempre o objectivo do controlo
político estatal da memória social (Coelho 2013b, Igreja 2008, 2010b, 2013a), mas também
inibindo a percepção da sociedade como simples justaposição de entidades sociais
homogéneas e discretas.
Esse passo ficou patente na abordagem de Jossias (2007) a alguns percursos identitários
de arregimentados na tropa colonial, na de Igreja (2010a) aos efeitos da repressão estatal pós-
independência aos “comprometidos” com o regime colonial, oposicionistas políticos ou
apenas excêntricos, ou na de Machava (2018) às políticas concentracionárias da I República.
Fragmentações e conflitualidades identitárias que, sob outra faceta prismática, são
discerníveis nos efeitos da militarização infantil, captados por Honwana (2000),252 ou na
institucionalização popular dos processos de rememoriação e apaziguamento local do legado
conflitual da guerra civil (Honwana 2002: 250-264, Igreja 2007, Igreja, Dias-Lambranca,
Richters 2008, Igreja et al 2010).
Mas esse questionamento não se restringiu aos discursos estatais, surgindo
investigações incidentes sobre os efeitos dos projectos intentados, no que se tornou na
251
O autor lembra o quanto a Lei da Amnistia (lei 15/92), incidindo sobre crimes associáveis à guerra
ocorridos entre 1979 e 1992, é uma estratégia das elites políticas para reproduzir uma visão unívoca do
processo nacional. E na sua prolixa obra vem abordando a institucionalização popular de modalidades
de evocação desse passado violento (p. ex. Igreja 2018, Igreja, Dias-Lambranca 2008).
252
Um texto fundamentalmente baseado em observação realizada em Angola, mas reflectindo – e
apondo - um trabalho anterior em Moçambique sobre a mesma temática.
63
afirmação de uma diversificada antropologia das políticas públicas, 253 inicialmente marcada
pela então premente análise à política nacional de combate ao sida (Matsinhe 2005), cujo
enfoque foi seguido na abordagem etnográfica à refracção dos seus efeitos (Braga 2012). A
própria estratégia estatal de redução da pobreza foi etnografada, e demonstrada como
modalidade de constituição empírica do político e da própria produção estatal (Gonçalves
2012, 2013, 2015).
A transição para um modelo de economia liberal trouxera reformas legislativas,
augurando novos conteúdos nas relações entre Estado, elites e populações. Num país muito
ruralizado foi de importância crucial a nova legislação fundiária,254 cujo pendor privatizador
logo foi afirmado como comportando a simplificação das multiplicidades das formas de
acesso ao usufruto da terra existentes no país (Cramer, Pontara 1998). Um feixe de
investigações veio demonstrar a diferenciação regional das modalidades de acesso ao usufruto
fundiário, refutando a plausibilidade de efeitos uniformes na aplicação da legislação e
salientado como as expectativas populares de acesso à terra eram insuficientemente cumpridas
(Raimundo 2008). E demonstraram as hierarquizações e desigualdades nesta matéria,
anunciando-as como constitutivas das ditas comunidades locais (Adalima 2016, Jossias 2016),
bem como as suas diferenciações genderizadas, neste caso também realçando os efeitos reais
da nova Lei da Família promulgada em 2004 (Rosário 2008).
Concomitantemente houve uma ênfase, ainda que secundária, na análise de terrenos
urbanos, a qual não se tratou apenas da adequação disciplinar ao processo de urbanização do
país.255 Pois o descentramento do espaço rural reduz os riscos da implícita tendência
culturalista tão subjacente ao legado disciplinar superficialmente apreendido, a da
compreensão do real como se fruto de uma tradição pristina, e sedimenta a percepção das
dinâmicas presentes como configuradas nos continua rural-urbano, moldadas nos
englobamentos colonial e nacional (Bertelsen 2016: 49, Meneses 2012a: 124).
Mas as investigações não se ateram nessa análise das políticas públicas. De facto, nestas
duas décadas de XXI o rumo das investigações inflectiu na direcção do que pode ser
considerado uma antropologia fenomenologista,256 debruçada sobre as vivências (livelihood),
inquirindo a construção socialmente contextualizada e demarcada das percepções e
253
Para uma apresentação coetânea dos conteúdos de uma antropologia das políticas públicas ver
Shore, Wright (1997).
254
A Lei de Terras (lei n.º 19/97, de 1 de Outubro) substitui a legislação de 1979 (lei n.º 6/79, de 3 de
Julho). Para uma apresentação e enquadramento do processo legislativo, e seus passos subsequentes
ver Jossias (2016: 29-37).
255
Sobre o processo de urbanização em Moçambique ver Mazembe (2016)
256
Para uma apresentação ver Ram, Houston (2015)
64
experiências enquanto produtoras de sentidos e orientadoras da acção social. Nesta
perspectiva, abandona-se a presunção da tutela exercida por macro-entidades, veros avatares
da modernidade - o Estado, a nação ou o desenvolvimento -, que antes surgiam como
indutoras de sentidos aos processos sociais, sendo estes apreendidos na interacção dinâmica
com as realidades envolventes (Gonçalves 2012: 193-194, Havik 2012: 75-76, Macamo
2010).
Poder-se-á considerar que esta via analítica, e até pelo viés da escrita etnográfica,
tendencialmente localizado, e até descritivo, típico na disciplina, incorre no risco de
desencastrar os processos dos seus enquadramentos históricos e políticos mais abrangentes e
descurar os efeitos (des/re)estruturantes que estes têm, como referiu O’Laughlin (2002). Mas
face ao corpo textual que vem sendo produzido, dedicado a uma miríade temática, e realizado
com diferentes amplitudes e sob diversos enquadramentos teóricos e institucionais, tal não
parece ter emergido. Como o exemplificam as análises sobre as configurações da apreensão
da morte incidental (Lihahe 2010) ou pandémica (Braga 2012), as manipulações da
infertilidade reprodutiva (Mariano 2014) e da cultura da violência (Igreja 2015), as
reconfigurações das sexualidades urbanas face às dinâmicas da normatividade (Manuel 2014,
Timbana 2012), as estratégias juvenis de ascensão social urbana (Biza 2009), as dimensões da
reconstituição do político local (Gonçalves 2012) e das socioeconomias locais (Adalima 2016,
Jossias 2016). O que desta literatura transparece é um dar conta, analítico, das modalidades
autónomas de interacção entre os patrimónios locais e as confluentes influências endógenas,
nisso atribuindo um primado de significação às estratégias e significações locais, assim
entendidas como efectivas modernidades vernáculas. Um passo que é, em última instância, e
num panorama crescentemente interdisciplinar, a salvaguarda teoricamente fundamentada da
prática etnográfica.
Mas neste caminho se transformou a tensão estruturante dentro do campo da
antropologia. Vigora agora não a anterior contradição entre modalidades de segregacionismo
(mais ou menos matizado) e assimilacionismo, de facto emanadas da tradicional subordinação
paradigmática do exercício disciplinar às emanações ideológicas do(s) Estado(s), e aos
propósitos por este(s) conduzidos de reformulação social e de exercício de tutela
reorientadora sobre as populações. A contradição actual vigorará entre uma abordagem
universalista, qual “facilitadora” da disseminação das garantias do exercício de direitos
considerados generalizáveis257, e esta perspectiva demonstrativa e, acima de tudo, denotativa
257
Ver p. ex. a análise da educação informal, dita ritos de iniciação, de Osório, Macuácua (2013).
65
do sentido dos processos sociais. Contradição relativa, pois não opõe hipotéticas correntes ou
escolas, pois é recorrente notar que nos investigadores habitam os seus dois pólos,
sobreelevados consoante o âmbito do trabalho em causa.
Mas o que este passo implica é o retorno ao desprimor da antropologia, pois é notório
que no seio desta particular e ambivalente tensão, ela surge, de novo, inadequada aos
objectivos estatais. Não tanto por anunciar as modalidades da acção social que escapam aos
ditames normativos estipulados, ou por demonstrar os efeitos das políticas estatais e/ou de
influências externas. Nem mesmo pela inabilidade pragmática em conduzir o anseio
desenvolvimentista do simples incremento performativo das afirmadas “comunidades”.
De facto, este desprimor advém da consideração do dado fundamental, avesso à tutela
política, e que se vem espalhando no país como base da investigação da disciplina. O qual
não recorre a qualquer filosofia da história ou filiação ideológica, pelo que ainda menos
atreito à utilização estatal e/ou desenvolvimentista. Trata-se de uma posição em que a
antropologia, socialmente vista como a ciência da “cultura”, a esta deslegitima. Pois, como
disse o grande pensador liberal, José Guilherme Merquior (1982b: 61) “Culture, any more
than individual impulse, is no longer a priori legitimate. The age of innocent cultural
legitimacy is finished: the hour of (cultural) legitimacy as a problem has struck” [sublinhado
do autor].
E isto, esta posição nada utilitarista, inibe os empregadores utilitaristas. Como o são
sempre.
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