03 - Justiça No Brasil Da Velha República Aos Governos Militares-1-53
03 - Justiça No Brasil Da Velha República Aos Governos Militares-1-53
PROPÓSITO
Examinar a história do direito e da justiça no Brasil entre a Proclamação da República, em
1889, e o fim do governo militar, bem como as leis, objetos de vigorosas disputas sociais e
políticas, além da evolução delas para situações de conflitos sociais armados.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Para o início do nosso estudo, saiba o seguinte: onde quer que existam seres humanos
vivendo em coletividade, também haverá regras, escritas ou costumeiras, cujo objetivo mais
óbvio é regular justamente esse convívio.
Trata-se da maneira mais sensata e assertiva de dizer o que pode e o que não pode,
estabelecendo limites para a liberdade individual. Além disso, é criada e imposta a repetição de
ritos considerados fundamentais para a existência daquela comunidade.
No entanto, as leis, a justiça e o direito não regulam apenas o convívio social: antes de tudo,
sua regulação atua sobre o conflito social a partir de interesses desiguais e conflituosos.
As sociedades, sejam elas simples ou complexas, são sempre atravessadas por desigualdades
e por grupos que disputam poder político, prestígio social e riqueza material. Os mais fortes,
aqueles que vencem as disputas sociais, tendem também a ter o poder de regular o convívio
social nos moldes de seus interesses.
É por isso que, ao longo da história, pessoas foram escravizadas e valores construídos
socialmente (como a propriedade privada) foram alçados à condição de um cânone jurídico
sacralizado em forma de lei. Você imagina o porquê disso?
Será a partir dessa perspectiva, que interpreta a justiça, o direito e as leis à luz dos conflitos
que atravessam as sociedades humanas, que estudaremos justiça brasileira em três
momentos-chave da história do Brasil:
A Era Vargas, entre 1930 e 1945, quando foi formado a aparato jurídico que transformou o
Estado no centro planejador e executor do desenvolvimento nacional;
A ditadura militar, instituída no Brasil em 1964 e extinta em 1985, na qual foi erguido um
aparato jurídico que legitimou a perseguição aos adversários do regime e toda sorte de crimes
contra a humanidade que foram cometidos no período.
MÓDULO 1
Um dos grandes e importantes personagens desse período histórico brasileiro foi o jurista e
político baiano Rui Barbosa (1840-1923). Sua figura é incontornável nos estudos acerca da
história da lei, do direito e da justiça durante a Primeira República brasileira.
Rui Barbosa foi o principal responsável pela redação da Constituição de 1891, que
sobreviveria até 1930.
Rui Barbosa tinha uma destacada atuação política desde o final da década de 1860, quando foi
eleito deputado pela então província da Bahia. A partir desse momento, ele foi uma das
principais lideranças do Partido Liberal, que, na monarquia brasileira, polarizava a disputa
política com o Partido Conservador.
Barbosa era um reformista. Defendia reformas estruturais na monarquia, o que, segundo ele,
seria indispensável para a modernização do país. A descentralização político-administrativa, a
separação entre Igreja e Estado, a implantação de eleições diretas e a abolição da escravidão
faziam a parte da agenda reformista defendida por ele.
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Rui Barbosa, Brasil. Nota de dez cruzados, 1987.
O modelo para o reformismo barbosiano era a monarquia inglesa. “Reformas para conjurar a
revolução” era o lema da ala política liderada por Rui Barbosa. Seu intuito era adaptar a
monarquia aos “novos tempos” para impedir a ruptura revolucionária e a Proclamação da
República.
O Establishment político monárquico estava convencido de que a república era uma forma
de organização política inferior e potencialmente anárquica, sendo, por isso, inadequada ao
Brasil.
Em discurso proferido no início da década de 1870, Rui Barbosa deixou claro os princípios que
orientavam a agenda de reformas estruturais defendida pelo Partido Liberal:
ESTABLISHMENT
Os anos seguintes mostraram que a monarquia não foi capaz de fazer uma autorreforma
na velocidade que as circunstâncias exigiam. Pelo contrário: a década de 1870 acelerou
o desgaste das instituições monárquicas.
Em 1873, no interior de São Paulo, na cidade de Itu, foi fundado o Partido Republicano, evento
indicativo de que a monarquia deixava de ser um consenso entre a elite política brasileira.
Cada vez mais lideranças liberais seriam capturadas para a causa republicana.
Como demonstra Christian Lynch (2007), aconteceu exatamente isso com Rui Barbosa. Ele
inclusive recusou, em junho de
1889, o convite do Visconde de Ouro Preto para compor aquele
que seria o último governo da monarquia.
Sua ideia era finalmente tentar promover a principal reforma demandada pelas elites políticas e
econômicas em ascensão: a federação, o que significava o fortalecimento dos governos locais
sobre a autoridade do governo central.
Já nos primeiros momentos do governo de Deodoro da Fonseca, estava claro o conflito travado
entre militares positivistas e liberais federalistas. Os militares defendiam a implementação de
uma ditadura para modernizar o país. A palavra “modernização” era entendida aqui como
industrialização e urbanização.
Rui Barbosa teve êxito nas disputas internas dentro do governo provisório. Todos os decretos
publicados até a promulgação da Constituição, em 24 de fevereiro de 1891, passaram por sua
supervisão direta, tendo ele sido o principal redator do próprio texto constitucional.
Não seria exagerado, portanto, dizer que Rui Barbosa é o pai da estrutura jurídica que
vigorou no Brasil ao longo da Primeira República.
Contudo, o próprio Rui Barbosa reconhecia as limitações que essa estrutura jurídica
encontrava para, de fato, regular a vida social e política. Após ter rompido com o Marechal
Floriano Peixoto (1839-1895), sucessor de Deodoro da Fonseca, ele se aproximou de
lideranças monarquistas. Passando a fazer uma oposição ao governo militar, Barbosa
reconhecia não ser aquela a “república dos seus sonhos”.
A CONSTITUIÇÃO DE 1891
Composta por 91 artigos, ela foi diretamente inspirada pelo modelo da Constituição dos
Estados Unidos. O federalismo norte-americano, caracterizado pela grande autonomia dos
governos locais, era muito atraente para as oligarquias brasileiras – principalmente para
aquelas diretamente envolvidas com a agroexportação de café, que, na época, era a principal
riqueza brasileira.
O interesse desses grupos era tocar seus negócios com a mínima interferência possível do
governo central. Mais do que republicanas, essas oligarquias eram federalistas. Outro princípio
afirmado pela Constituição de 1891 foi a república, rompendo, assim, com a hereditariedade
dinástica da monarquia. Agora o país passaria a ser governado por políticos eleitos para
mandados temporários.
Outro valor liberal consagrado nessa Constituição foi a liberdade individual. Segundo esse
princípio, o indivíduo é a célula social básica na qual residem todos os direitos, sendo a
vida, a propriedade e a liberdade os principais entre eles.
Para o filósofo britânico Isaiah Berlin (1981), a liberdade liberal significa a autonomia do corpo
físico dos indivíduos, definindo-se pela ausência de coerções externas ao livre movimento do
corpo.
A Constituição instituiu também o Estado laico, colocando um fim ao padroado, o qual, desde o
início da monarquia, fazia da Igreja Católica uma espécie de instituição de Estado. O voto
censitário, adotado pela Coroa, foi abolido.
Mas não se engane: isso não significou, como demonstra José Murilo de Carvalho (1988), a
ampliação da população eleitoralmente ativa. Esse fato só ocorreu porque a república adotara
outras restrições ao direito de voto.
Eis alguns exemplos dessas restrições: militares de baixa patente, religiosos submetidos à
hierarquia eclesiástica e analfabetos eram considerados cidadãos eleitoralmente ativos. Isso
fez com que a parcela da população habilitada ao voto fosse ainda menor que a dos tempos da
monarquia.
O STF E A REPÚBLICA
Na realidade social, essa legislação foi posta em prática em uma sociedade complexa, desigual
e atravessada pelas heranças da escravidão. Se você perguntar o que isso gerou, podemos
dizer que ela fez com que o funcionamento das instituições jurídicas ganhasse algumas
particularidades.
Uma delas é o objeto de estudo analisado pelas historiadoras Surama Conde Sá Pinto e
Tatiana de Souza Castro (2019). Ambas estudaram pedidos de habeas corpus protocolados
no Supremo Tribunal Federal (STF), a corte superior da justiça brasileira segundo a
Constituição de 1891, ao longo da Primeira República.
ATENÇÃO
Além disso, outros posicionamentos falam que, com o STF e o Judiciário, o exercício da
cidadania estava seguro, havendo até a utilização dos habeas corpus . De acordo com Pinto e
Castro (2019), outra visão mais recente interpreta essa fase, relativizando-a. Segundo tal visão,
o Judiciário era visto em várias oportunidades defendendo os direitos da cidadania, mas, ao
mesmo tempo, o STF dificultava o cumprimento dos tais habeas corpus citados.
Como podemos perceber, a questão da autonomia das instituições jurídicas, assim como a
capacidade da lei e da justiça em, de fato, regular a vida social e política e se manter imune às
coerções impostas pelas oligarquias, são itens de extrema importância nos estudos
especializados da história da justiça no Brasil ao longo da Primeira República.
Surama Pinto e Suzana Castro (2019) colaboram com essa discussão, argumentando que as
instituições do Poder Judiciário —
notadamente o STF — eram acionadas pela sociedade civil
no sentido da defesa das garantias do estado democrático de
direito, um valor liberal por
excelência.
No entanto, alegam as autoras, o STF (e a justiça em geral) não pode ser superestimado, pois
uma quantidade relevante de pedidos era negada, muitas vezes por pressões políticas. Ou
seja: seria equivocado dizer que a justiça era só um floreio, sem nenhuma capacidade de
funcionamento autônomo e plenamente incapaz de garantir direitos previstos no texto
constitucional.
Se isso fosse verdade, as pessoas sequer tentariam apelar à justiça e ao STF. Porém,
considerando a tramitação dos pedidos examinados, Surama Pinto e Suzana Castro (2019)
identificam um baixo índice de sucesso para os impetrantes e uma grande porosidade dos ritos
legais, o que fazia das pressões um elemento importante para o desfecho dos processos.
Tal como fizeram Surama Pinto e Suzana Castro (2019), Gladys Sabino Ribeiro (2008)
complexifica o lugar da justiça na dinâmica social e política da Primeira República brasileira.
Seu sistema, afinal, é apresentado como dotado de alguma autonomia para contrariar os
interesses oligárquicos que, na época, dominavam o Poder Executivo.
Ao mesmo tempo, podemos perceber que a sociedade civil possuía alguma capacidade de
organização a ponto de ocasionalmente obter algum sucesso na imposição de suas demandas.
Ela chegou até mesmo a influenciar, a partir dos repertórios da cultura popular, a atuação dos
magistrados reunidos no STF.
Como pudemos perceber, essa caricatura não se sustenta em estudos mais cuidadosos que,
longe de negar o enorme poder das oligarquias cafeicultoras na época, nos mostram um
cenário mais complexo. A justiça, afinal, gozava em tal cenário de alguma autonomia, enquanto
a sociedade civil era uma força relevante nas disputas travadas no campo jurídico.
Essa relevância da sociedade civil fica ainda mais evidente na década de 1920, era marcada
por grande agitação social e pelo desgaste do pacto político que sustentou a Primeira
República.
Você sabia que esse período é chamado de “a grande instabilidade” e que ficou
conhecido por sua grande instabilidade
social?
As historiadoras Marieta Ferreira e Surama Conde Sá Pinto (2019) argumentam que esse
período foi marcado por uma grande instabilidade social, econômica e política.
No que se refere ao viés econômico, a década de 1920 foi um período de instabilidade. Seus
primeiros anos são marcados pela baixa dos preços internacionais do café, havendo graves
resultados na economia brasileira, como a alta da inflação e crise fiscal sem precedentes. Mas
também ocorreu uma expansão do setor cafeeiro. Segundo as historiadoras (2019), “passados
os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento
expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929”.
A grande instabilidade
A “reação republicana” que marcou as eleições de 1922, as mais acirradas em muito tempo e
disputadas entre Arthur Bernardes (1875-1955), candidato das oligarquias, e Nilo Peçanha,
representando as oposições.
A Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo, que verbalizou, no plano da estética, as
insatisfações com aquele estado de coisas.
Os conflitos se agudizariam ainda mais nos anos seguintes, resultando em uma ruptura
institucional em 1930, logo depois das eleições presidenciais disputadas entre Júlio Prestes
(1842-1946), candidato das oligarquias dominantes, e Getúlio Vargas (1882-1954), que era da
oposição.
As eleições, expostas a toda sorte de manipulações e fraudes, como era comum na Primeira
República, deram a vitória para Júlio Prestes. No entanto, a frente ampla de opositores —
formada por militares, oligarquias dissidentes e classes médias – chamada de “Aliança Liberal”
não aceitou o resultado e pôs em marcha um levante armado conhecido como “Revolução de
1930”.
Teve início, assim, outro momento da história política e institucional brasileira que ficou
conhecido como “Era Vargas”. Essa era foi caracterizada por profundas transformações
institucionais e jurídicas. É sobre essas transformações que nos debruçaremos no próximo
módulo.
Um especialista falará neste vídeo sobre a transição política entre a Primeira República e o
chamado Período Vargas
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração socialista, não foi capaz de reverter
os rumos já avançados do capitalismo industrial brasileiro.
C) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração liberal, não foi capaz de regular os
costumes políticos oligárquicos, autoritários e violentos.
E) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração fascista, não foi capaz de regular
costumes políticos liberais e democráticos.
2. O FEDERALISMO FOI UM DOS PRINCIPAIS VALORES AFIRMADOS
PELA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891. APONTE A ALTERNATIVA
QUE MELHOR DEFINE O FEDERALISMO E A FORÇA POLÍTICA DESSE
PRINCÍPIO NAQUELA CONJUNTURA.
A) O federalismo consiste na sobreposição do poder central aos poderes locais, o que atraía
bastante as elites fluminenses, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de
tabaco.
B) O federalismo consiste na sobreposição dos poderes locais ao poder central, o que atraía
muito as elites paulistas, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de café.
C) O federalismo consiste na sobreposição do poder central aos poderes locais, o que atraía
muito as elites fluminenses, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de
açúcar.
D) O federalismo consiste na sobreposição do poder central aos poderes locais, o que atraía
muito as elites paulistas, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de
tabaco.
E) O federalismo consiste na igualdade entre poder central e poderes locais, o que atraía muito
as elites fluminenses, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de tabaco.
GABARITO
O federalismo fortaleceu os poderes locais em detrimento do poder central, o que atraía muito
as elites paulistas envolvidas com a agroexportação de café, já que elas desejavam autonomia
administrativa para defender seus interesses.
MÓDULO 2
TRANSFORMAÇÕES NA JUSTIÇA, NO
DIREITO E NAS LEIS DURANTE OS
GOVERNOS DE GETÚLIO VARGAS
1930-1945:
O período conhecido como a “Era Vargas” foi caracterizado por profundas transformações
jurídico-institucionais na estrutura do Estado brasileiro.
1951-1954:
Nosso objetivo é estudar com cuidado a história da justiça, da lei e do direito nesses dois
momentos, buscando entender suas relações tanto com as disputas políticas quanto com a
competição pelo controle do Estado nacional e das riquezas do país.
Segundo o historiador Boris Fausto (1997), a Revolução de 1930 deu origem ao “Estado de
compromisso”, um indicativo de que a coalização que formou a aliança liberal e garantiu o
sucesso da rebelião comandada por Getúlio Vargas era muito ampla. Isso exigia da liderança
do movimento grande habilidade em coordenar e combinar interesses.
Todos os atos jurídicos colocados em prática nos primeiros anos do governo de Getúlio Vargas
culminaram na Constituição de 1934, que formalizou a situação política à qual ele ascendera
quatro anos antes. No entanto, como demonstra Ângela de Castro Gomes (1997), essa
conciliação de interesses não se deu sem conflitos.
TENENTISMO
Leremos um trecho extraído da obra de Ângela Castro Gomes (1997, p. 26) para entendermos,
de forma mais clara, o propósito desse “movimento”:
“De uma forma muito esquemática, o que estava em jogo era uma diretriz de organização
institucional do Estado do Brasil. Os tenentes, por exemplo, procuraram emprestar ao Estado
uma orientação claramente centralizadora, de reforço dos poderes intervencionistas da União,
inclusive na área econômica e social.
A CONSTITUIÇÃO DE VARGAS
São Paulo, estado que mais perdeu com a Revolução de 1930, se levantou em armas contra o
governo de Getúlio Vargas. A “Revolução Constitucionalista” foi uma guerra civil que, em 1932,
exigia uma nova Constituição para o país.
Entre os principais atos jurídicos do governo provisório de Getúlio Vargas, podemos destacar
os seguintes:
Fonte: Shutterstock.com
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Como já sabemos, as eleições eram o principal objeto de críticas à Primeira República. O voto
aberto, os currais eleitorais e a ausência de justiça eleitoral autônoma as colocavam sob
constante suspeição, fazendo delas uma máquina de dominação oligárquica – e não uma
prática de representação política efetiva.
Não seria exagerado dizer, portanto, que a “questão eleitoral” era um dos poucos pontos
consensuais entre as diversas forças que formaram a Aliança Liberal, coalizão que levou
Getúlio Vargas ao poder em 1930. O próprio Vargas, discursando em 15 novembro de 1933,
deixava claro como a reforma eleitoral era um compromisso incontornável:
VARGAS, 1933.
Até então, podemos perceber que, mesmo com toda essa reformulação político-administrativa,
era urgente a promulgação de uma nova Constituição, especialmente depois da rebelião
paulista de 1932.
O que estava em jogo, na verdade, era outra visão do Brasil, segundo a qual a sociedade civil
seria amorfa e desorganizada, enquanto os governos locais (estaduais e municipais) estariam
completamente dominados por interesses oligárquicos sem nenhum compromisso com o
interesse nacional.
Por conta disso, a solução para o desenvolvimento do país seria um governo central forte,
personalizado pelo presidente da República e pretensamente portador do “verdadeiro interesse
nacional”.
Ao analisar o texto constitucional de 1934, Ângela de Castro Gomes (1997) argumenta que ele
trouxe a figura do Estado “forte” e “fechado”, cuja participação política se daria pelo sindicato.
Em contraponto, a autora afirma que já havia defensores de um Estado “moderno”, entendendo
que a democracia, para ser exercida, necessita de participação ampla.
RESUMINDO
O modelo de cidadão ideal que começava a ser construído pelo texto constitucional – também
presente nas constituições seguintes pela política de propaganda do governo – era o
trabalhador urbano, formalizado e vinculado ao sindicato de sua categoria.
Os diversos sindicatos, por sua vez, estavam vinculados diretamente ao Estado por meio do
Ministério do Trabalho. A carteira de trabalho cada vez mais se tornava símbolo da
honestidade, prova de que cidadão não era dado à vadiagem.
O governo constitucional de Getúlio Vargas nasceu sob uma situação de grande polarização
ideológica, sendo uma manifestação nacional da situação política internacional da época.
Sobre essa polarização ideológica, Ângela de Castro Gomes (1997) argumenta que os dois
movimentos foram cruciais para as transformações políticas sofridas após 1934. Transcorria
um grande caos político.
O que percebemos hoje com clareza é que o governo chefiado por Getúlio Vargas soube
manipular com muita astúcia esse cenário de polarização ideológica. Ele utilizou os dois grupos
como espantalhos para justificar uma escalada autoritária que culminaria no golpe civil-militar
que instituiu, em 1937, a ditadura do Estado Novo.
Esse episódio incluiu o casal Luís Carlos Prestes e Olga Benário Prestes. Ambos foram
acusados de liderar uma conspiração golpista cujo objetivo seria implantar uma ditadura
comunista no Brasil, algo que jamais foi comprovado.
No plano da justiça, houve a transição drástica de uma estrutura jurídica de coloração liberal
democrática para uma de claro perfil autoritário. Mobilizemos novamente as reflexões de
Ângela de Castro Gomes (1997): segundo a autora, esse golpe selou qualquer discussão
acerca dos questionamentos políticos da época.
Percebamos que, para Gomes (1997), todo o trabalho constitucional realizado pela luta das
oligarquias do Centro-Sul foi deixado de lado. O Estado Novo foi um verdadeiro retrocesso das
lutas anteriores, chegando a ser mais autoritário que o movimento tenentista.
Ao longo dos primeiros anos do Estado Novo, pode-se perceber o esforço do regime em se
legitimar por meio de dispositivos jurídicos responsáveis por instaurar uma nova legalidade. A
Constituição de 1937 ficou conhecida como “Polaka” pelo fato de ser inspirada pela
Constituição polonesa, que era de matriz fascista.
Mas se engana quem acha que o Estado se aliou ao integralismo de Plínio Salgado. Em 1937,
em uma operação semelhante àquela que havia perseguido a ALN, o governo ditatorial
também reprimiu a AIB sob a acusação de conspiração.
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Organização de uma justiça do trabalho para mediar os conflitos entre patrões e empregados.
Somam-se à Constituição de 1937 outros atos que passariam a formar a estrutura jurídica do
Estado Novo.
Instituição do salário-mínimo;
ATENÇÃO
Não basta apenas enumerar as ações jurídicas: precisamos entender qual tipo de projeto
político inspirava essas leis.
Segundo a historiadora Eli Diniz (1997, p. 80), seu primeiro aspecto seria o fortalecimento do
Executivo como uma condição para restaurar a autoridade nacional e garantir o poder de
Estado contra a ação desagregadora do privatismo e do localismo, tendências típicas da
política brasileira antes de 1930.
SAIBA MAIS
O Estado novo foi arquitetado como um regime autoritário e modernizador que deveria durar
muitos anos. No entanto, seu tempo de vida acabou sendo curto, não chegando a completar
oito anos.
RESUMINDO
Segundo o historiador Antônio Mendes Almeida (1997, p. 228), a situação vivida era
contraditória, uma vez que, no próprio país, havia situações semelhantes às combatidas na
guerra. Sendo assim, “a luta da força expedicionária brasileira nos campos europeus deveria
ser complementada a nível interno por uma luta contra a ditadura getulista”.
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que contava com a proteção política de Vargas.
Partido Social Democrático (PSD), formado por político que apoiavam Vargas.
RETORNO À DEMOCRACIA
A oposição pressionou até que, em 30 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi intimado por
uma junta militar a renunciar. A presidência da República foi entregue interinamente a José
Linhares, então ministro do STF.
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Selo impresso pelo Brasil mostra Getúlio Vargas e João Pessoa por volta de 1930.
Entre 1945 e 1954, a cena política brasileira foi marcada pelo conflito entre dois modelos de
desenvolvimento.
Getúlio Vargas retornou à cena política em 1950, quando disputou e venceu as eleições
presidenciais. Chefiando um governo de coalizão, que contou até com o apoio de lideranças da
oligarquia paulista, como Ademar de Barros, Vargas tentou lavar sua imagem, livrando-se da
pecha de ditador e agindo como um líder democrático.
ATENÇÃO
Vale ressaltar que Vargas não abandonou a agenda econômica nacionalista, industrializante e
sensível aos direitos dos trabalhadores urbanos. O ano de 1953 foi emblemático dessa agenda
por conta da fundação da Petrobras, empresa estatal cuja finalidade era monopolizar a
exploração do petróleo, e da inserção do 13° salário no conjunto das leis trabalhistas.
Nos dez anos seguintes, a instabilidade política cresceria ainda mais, resultando no golpe civil-
militar de 1964, que instaurou a ditadura militar no Brasil. Verificamos que, ao longo de seus
vinte e um anos de existência, esse regime montou uma estrutura jurídica autoritária e fez da
justiça uma arma contra os direitos humanos fundamentais.
CONTINUIDADES DA JUSTIÇA A PARTIR
DA REDEMOCRATIZAÇÃO: DESAFIOS E
MANUTENÇÕES
Um especialista abordará neste vídeo as continuidades da justiça desde a denominada
redemocratização.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. TODA A LEGISLAÇÃO POSTA EM PRÁTICA ENTRE 1930 E 1934 PODE
SER LIDA A PARTIR DA NOÇÃO DE “ESTADO DE COMPROMISSO”,
FORMULADA PELO HISTORIADOR BORIS FAUSTO. ASSINALE, ENTRE
AS ALTERNATIVAS A SEGUIR, AQUELA QUE MELHOR EXPLICA ESSA
AFIRMAÇÃO.
B) A noção de “Estado de compromisso” formulada por Boris Fausto remete à hegemonia das
oligarquias dissidentes nos primeiros anos do governo de Getúlio Vargas. Nesse sentido, toda
a legislação aprovada no período atendeu diretamente ao projeto de nação desenvolvido pelas
oligarquias dissidentes.
D) A noção de “Estado de compromisso” formulada por Boris Fausto remete à hegemonia das
oligarquias católicas nos primeiros anos do governo de Getúlio Vargas. Nesse sentido, toda a
legislação aprovada no período atendeu diretamente ao projeto de nação desenvolvido pela
Igreja Católica brasileira.
E) A noção de “Estado de compromisso” formulada por Boris Fausto remete aos esforços do
governo de Getúlio Vargas em conciliar os interesses que integravam a coalizão que o levou ao
poder na Revolução de 1930. Nesse sentido, toda a legislação aprovada no período teve o
objetivo de equilibrar os interesses desses grupos.
B) A grande agenda política que impulsionou a formação da Aliança Liberal foi a laicização do
Estado, com a separação entre Igreja e poder e a legalização do divórcio, demandas que foram
acolhidas pelo Código Eleitoral de 1932.
D) A grande agenda política que impulsionou a formação da Aliança Liberal foi a moralização
das eleições, com a adoção do voto aberto e de justiça eleitoral autônoma, demandas que
foram acolhidas pelo Código Eleitoral de 1932.
E) A grande agenda política que impulsionou a formação da Aliança Liberal foi a moralização
das eleições, com a adoção do voto eletrônico e de uma justiça eleitoral autônoma, demandas
que foram acolhidas pelo Código Eleitoral de 1932.
GABARITO
1. Toda a legislação posta em prática entre 1930 e 1934 pode ser lida a partir da noção de
“Estado de compromisso”, formulada pelo historiador Boris Fausto. Assinale, entre as
alternativas a seguir, aquela que melhor explica essa afirmação.
A questão eleitoral era a grande pauta de consenso dentro da coalizão que formou a Aliança
Liberal. No geral, o diagnóstico era este: as eleições, durante a Primeira República, eram
corrompidas e manipuladas pelas oligarquias. Por isso, havia uma demanda por voto secreto e
justiça eleitoral autônoma, exigências que foram acolhidas pelo Código Eleitoral de 1932.
MÓDULO 3
Estamos falando da monumental obra 1964: a conquista do Estado. Você já deve ter
ouvido falar dela ou até mesmo a lido,
certo?
Esse texto apresentava a seguinte tese: a intervenção militar que derrubou o Presidente João
Goulart foi um “golpe civil-militar”, já que ela foi o resultado das conspirações planejadas entre
grupos civis e militares.
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Ideia do conceito liberdade de expressão ou decisão censurada.
Ou seja, ainda que o Exército tenha sido efetivamente o autor institucional do golpe, o ato e o
regime inaugurados por ele contaram, em alguma medida, com a conivência de setores da
sociedade civil.
A categoria “golpe civil-militar” é fundamental para a nossa reflexão, pois nos permite pensar
como a justiça, o direito e a lei foram usados pelos governos militares para sustentar um
projeto de Estado autoritário, contando, para isso, com o apoio de algumas lideranças jurídicas
e políticas da sociedade civil.
O cientista político italiano Mario Stoppino (1992, p. 94) nos ajuda a entender tal conceito: “são
regimes que privilegiam a autoridade governamental e diminuem de forma mais ou menos
radical o consenso, concentrando o poder político nas mãos de uma só pessoa ou de um só
órgão e colocando em posição secundária as instituições representativas”.
Outro dado é que o controle da educação e dos meios de comunicação encontra certos limites
em relação à interferência governamental, alastrando-se no impacto de médio e longo prazo,
embora ele permita, por exemplo, certo nível de oposição.
A oposição e a autonomia dos subsistemas políticos são, portanto, reduzidas à expressão
mínima, enquanto as instituições destinadas a representar a autoridade de baixo para cima são
aniquiladas ou substancialmente esvaziadas.
Mas essa autoridade política autoritária, capaz de se impor sobre a sociedade civil,
também precisa de um arcabouço jurídico que lhe dê uma aparência de legitimidade.
Autor: Arquivo público do Distrito Federal. Fonte: Wikimedia Commons / Licença (CC BY 3.0...)
Brasília, quadra 700, Asa Sul.
Os primeiros quatro anos da ditadura, entre 1964 e 1968, foram marcados por disputas que
delinearam o perfil do regime. A princípio, havia a expectativa de que a intervenção de 1964
seria apenas saneadora e que os militares devolveriam o poder aos civis, permitindo a
realização de eleições presidenciais já em 1965.
Era essa a expectativa de Carlos Lacerda (1914-1977), político fluminense e aliado de primeiro
momento do golpe civil-militar. No entanto, o desenrolar dos acontecimentos levou à vitória de
outro projeto: uma ditadura militar instituída e alinhada aos EUA na conjuntura da Guerra Fria.
Podemos dizer então que a ditadura, em seus primeiros momentos, teve três preocupações
prioritárias:
A retirada do jogo político de lideranças ligadas ao governo de João Goulart. Essa jogada não
se tratou apenas de um acerto de contas com o trabalhismo getulista, mas também da
consolidação da nova ordem de poder e da preparação política para o saneamento econômico.
O regime prosseguiu a partir de então, e seus governos variavam da linha dura aos mais
moderados. Essa alta patente de oficiais acreditava que toda movimentação identificada com o
comunismo (ou assim entendida) deveria ser eliminada. Somente assim o país seria elevado a
seu máximo.
Os primeiros anos do regime também foram caracterizados pela edificação de seu aparato
jurídico, o que daria aos governos militares autoridade para reprimir a sociedade civil e
perseguir adversários políticos.
O AI-3 ainda determinou que as escolhas dos governadores dos estados e dos prefeitos das
capitais se dariam por indicação. Os governadores seriam indicados pelo presidente da
República; os prefeitos das capitais, pelos governadores.
Todos esses atos institucionais prepararam o caminho para a promulgação de uma nova
Constituição, o que aconteceu em 1967. A nova Carta suspendeu o texto constitucional vigente
à época, que, como sabemos, datava de 1946 e estava fundada nos valores da democracia
liberal.
Uma vez passado esse primeiro momento, o regime, já tendo o perfil institucional e jurídico
edificado, passava a cumprir outra etapa. Teve início, desse modo, o segundo momento da
história da ditadura, que se arrastaria até 1974. Alguns autores o chamam de “terrorismo de
Estado” e anticomunismo. Foram anos marcados por muita violência.
Na prática, o AI-5 foi uma nova Constituição devido à sua amplitude, fortalecendo mais o
poder repressor do Estado do que havia feito a Carta de 1967.
A obra do AI-5 foi completada pela Emenda Constitucional de 1969. O grupo que chegou ao
poder em 1967, sob a liderança de Alberto Costa e Silva, estava convencido de que a
Constituição de 1967 ainda era muito branda e inadequada para o combate às oposições ao
regime.
Essa contradição, frisa Lemos (2004, p. 284-285), permeou todos os elementos da sociedade
brasileira e resultou em um papel tríplice imputado à Justiça Militar. Órgão central do aparato
de coerção jurídica, ela teve um papel estratégico como instrumento auxiliar no esforço de
legitimação do regime e, por fim, constituiu uma arena de confronto entre correntes militares
que disputavam a primazia do regime.
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Em 1974, teve início o governo de Ernesto Geisel (1907-1996), que colocou, pela primeira vez,
o tema da distensão do regime em pauta. As novas lideranças acreditavam que era necessário
começar a organizar e controlar a transição, devolvendo progressivamente o poder aos civis.
Nesse período de desmonte da ditadura, que se arrastou por longos 11 anos em um processo
não linear, descontínuo e cheio de idas e vindas, foram formuladas diversas leis que
reverteram a legislação autoritária que vinha sendo instituída desde o AI-1, de abril de 1964.
Dentro das Forças Armadas, as lideranças mais próximas a Geisel tiveram de enfrentar a
resistência dos militares reunidos no grupo que, já na época, era chamado de “linha dura”. Ele
era comandado principalmente por Silvio Frota (1910-1996), então ministro da Guerra. Em
virtude dessas disputas internas, o processo de abertura, portanto, foi descontínuo, sendo
marcado por idas e vindas e atravessado por crises políticas.
Essa lei decretou a “anistia ampla, geral e irrestrita”, prevendo a imputabilidade dos
crimes cometidos durante a ditadura tanto pela oposição como pelos agentes do Estado.
Tratava-se de um pacto já visando à nova ordem política que começava a ser desenhada.
Você com certeza já leu sobre esse movimento nos livros de história.
As ruas das principais capitais brasileiras foram ocupadas pelas pessoas que reivindicavam o
direito de votar para o cargo de presidente da República. Apesar disso, a Emenda Dante de
Oliveira foi derrotada no Congresso Nacional.
Por conta disso, as eleições de 1985 ainda foram realizadas de forma indireta. Mas, ainda
assim, as “Diretas Já” mostraram que não havia mais volta: a ditadura dava seus últimos
suspiros.
Entre finais da década de 1970 e início dos anos 1980, portanto, foi aprovado um conjunto de
leis que visava ao desmonte do aparelho ditatorial e à restauração dos direitos políticos da
sociedade civil.
A JUSTIÇA NO PROCESSO DE
REDEMOCRATIZAÇÃO: PENSANDO O STF.
Analisaremos neste vídeo aspectos importantes da atuação do STF após a redemocratização.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O LIVRO A CONQUISTA DO ESTADO , DE AUTORIA DO CIENTISTA
POLÍTICO URUGUAIO RENÉ ARMAND DREIFUSS, PROPÕE UMA
CATEGORIA FUNDAMENTAL PARA A COMPREENSÃO DO
FUNCIONAMENTO DA JUSTIÇA, DO DIREITO E DA LEI AO LONGO DA
HISTÓRIA DO GOVERNO MILITAR BRASILEIRO (1964-1985). ASSINALE A
ALTERNATIVA A SEGUIR QUE APRESENTA CORRETAMENTE ESSA
CATEGORIA E QUE JUSTIFICA SUA IMPORTÂNCIA ANALÍTICA PARA OS
ESTUDOS ACERCA DA HISTÓRIA DA JUSTIÇA NO BRASIL.
A) A categoria é “revolução”. Ela é importante por mostrar como a ditadura foi capaz de
construir uma estrutura jurídica que saneou os costumes políticos brasileiros e endossou a
defesa dos direitos humanos fundamentais.
B) A categoria é “golpe civil-militar”. Ela é importante por mostrar como a legislação autoritária
construída pelo governo militar contou com o apoio de lideranças jurídicas e políticas civis.
D) A categoria é “golpe civil-militar”. Ela é importante por mostrar como a ditadura foi capaz de
construir uma estrutura jurídica que saneou os costumes políticos brasileiros e endossou a
defesa dos direitos humanos fundamentais.
E) A categoria é “golpe militar”. Ela é importante por mostrar como o Exército conseguiu alijar
completamente as lideranças civis do processo político, construindo, sozinho, a legislação
autoritária do regime.
GABARITO
O caminho jurídico que levou à Constituição de 1967 foi pavimentado por atos institucionais
que desmontaram as garantias democráticas previstas na Carta de 1946.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos neste tema o papel da justiça na história do Brasil republicano desde o seu
início, na República das Espadas, até o fim de uma fase, com a organização do governo civil-
militar.
Nosso objetivo foi mostrar a você como a justiça está em diálogo direto com as disputas sociais
e a política. O legislador que cria a lei, o juiz que julga e o operador do direito não são
entidades abstratas que vivem acima da realidade social. Essas figuras fazem parte e são
atravessados por ela. Por tudo aquilo que estudamos neste tema, percebemos que a história
do direito também é um exercício de história da sociedade: nela, não basta enumerar leis, e
sim relacioná-las à própria dinâmica social.
FALA, MESTRE!