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Digital Object Identifier (DOI): 10.38087/2595.8801.37
NEUROPLASTICIDADE: UMA ANÁLISE
DA NEUROCIÊNCIA
Bruna Araújo Caimar ¹
Mestrado em Saúde Coletiva com ênfase em Neurociências.
Gabriel César Dias Lopes ²
Orientador
RESUMO
O estudo do sistema nervoso tem relação com comportamento, emoções e memória
e está relacionado diretamente aos estímulos que o homem tem, seja do organismo
ou do meio externo. De acordo com alguns estudos, existem neurônios que crescem
por toda a vida fenômeno que leva o nome de neogênese ou neuroplasticidade,
podendo estes migrar pra áreas afetadas por doenças neurodegenerativas por
exemplo. O objetivo deste artigo é compreender a partir da neurofisiologia a
capacidade do sistema nervoso de adaptação e de readaptação frente aos estímulos.
Para a realização do estudo foi utilizado pesquisas de revisão de literatura entre os
anos de 2009 a 2019, nas bases de dados Scielo, Lilacs, Google Scholar, PubMed,
Medline, sendo discutido temas pertinentes ao assunto. Foram utilizadas palavras
chave em português e inglês sendo elas: Neuronios; Plasticidade Neural; Sinapses;
Neuroplasticidade e Neurons; Neural Plasticity; Synapses; Neuroplasticity.
Palavras-chaves: Neuronios; Plasticidade Neural; Sinapses; Neuroplasticidade.
1 Fisioterapeuta – Logos University International - UNILOGOS. E-mail: [email protected]
2 President UNILOGOS – E-mail:
[email protected] 2
NEUROPLASTICITY: AN ANALYSIS OF NEUROSCIENCE
ABSTRACT
The study of the nervous system is related to behavior, emotions and memory and is
directly related to the stimuli that man has, whether of the organism or the external
environment. According to some studies, there are neurons that grow throughout life,
a phenomenon that bears the name of neogenesis or neuroplasticity, which may
migrate to areas affected by neurodegenerative diseases, for example. The aim of this
article is to understand, from neurophysiology, the nervous system's ability to adapt
and readapt to stimuli. To carry out the study, literature review surveys were used
between the years 2009 to 2019, in the databases Scielo, Lilacs, Google Scholar,
PubMed, Medline, with topics relevant to the subject being discussed. Keywords in
Portuguese and English were used, namely: Neurons; Neural Plasticity; Synapses;
Neuroplasticity and Neurons; Neural Plasticity; Synapses; Neuroplasticity.
Keywords: Neurons; Neural Plasticity; Synapses; Neuroplasticity
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Nervoso Central está é responsável por receber informações e
transmiti-las para todo o organismo, assim como está ligado a atividades
extremamente complexas relacionadas á parte emocional e intelectual e todo o meio
externo. O Sistema Nervoso Central também nos mostra grande variação de células
dos sistemas do corpo humano (GOMES et al., 2013). Segundo Kandel et al., 2012
ação do sistema nervoso depende de como tem sido a ação das células que fazem
parte do sistema, como neurônios e células da glia.
O sistema nervoso central é um dos sistemas do corpo de maior complexidade
e variedade celular, estando associado assim além de inúmeras atividades,
comportamentos, sentimentos e aprendizagens, também a disfunções e a doenças
neurogeregerativas diversas, que afetam diretamente a vida do indivíduo afetado.
Os neurônios são células especializadas que possuem a capacidade de
estabelecer conexões entre si e com as demais células do corpo essas conexões têm
início através de estimulações que vem do organismo ou externamente (KANDEL et
al., 2012). Segundo Roque, 2016, as células da glia correspondem a um grupo de
células nervosas que participam de processos neuronais aos quais proporcionam
suporte e nutrição aos neurônios. Elas também são conhecidas como neuróglia ou
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gliócitos. As células da glia se diferenciam e macroglia e micróglia, onde a macroglia
é composta de astrócitos, oligodendrocitos e células de schwann, sua função tem
como fator principal mielinização dos axônios, produção de liquor, fator de
crescimento para os neurônios. A micróglia compõe-se de macrófagos o qual tem por
função principal fagocitose e proteção neuronal.
Quando há estímulos advindos do organismo ou externo para o sistema
nervoso, são gerados impulsos elétricos e liberadas substâncias químicas ou
neurotransmissores na fenda sináptica havendo assim conexão entre o neurônio que
secretou o neurotransmissor e o que o recebeu, chamando de potenciais pré e pós
sináptico (MAY, 2011).
Os estímulos provenientes de ambientes externos ou até mesmo do organismo
emitem sinais para o sistema nervoso que por sua vez áreas do cérebro envolvidas
nas funções cognitivas são ativadas e estimuladas, aumentando a transmissão neural
e solidificando a conexões entre os neurônios, pois a inercia e falta de estímulos acaba
que enfraquecendo o elo entre os neurônios e estagnando, já com os estímulos a
liberação química na fenda sináptica é maior e maior será também o crescimento da
rede neuronal.
De acordo com Da Silva, 2009, alguns estudos que vieram sendo feitos
puderam comprovaram o nascimento de novos neurônios nas áreas cerebrais
chamadas bulbo olfatório e o hipocampo. Estes novos neurônios depois de formados,
fazem a migração para regiões afetadas do cérebro e que houve destruição neuronal
e falta de oxigênio. Grande parte destes neurônios morrem na travessia, porém
existem alguns que estabelecem conexões com outros, essa capacidade é chamada
de plasticidade cerebral, onde o cérebro vem a se adaptar a mudanças em sua
organização.
O objetivo deste artigo é compreender a partir da neurofisiologia a capacidade
o sistema nervoso de adaptação e de readaptação frente aos estímulos, afinal saber
que existe um mecanismo que não só permite a migração de novos neurônios pra
regiões deficitárias, mas que com estímulos certos podem promover a melhora da
qualidade de vida, torna os estudos cada vez mais animador e desafiador. O presente
estudo tem caráter qualitativo, a análise qualitativa segundo Bardin, 2011, tem por
definição a fundamentação em analises qualitativas e a dispensação de conteúdos
quantitavos a análises estatísticas, assim, para a realização do estudo foi utilizado
pesquisas de revisão de literatura entre os anos de 2009 a 2019, nas bases de dados
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Scielo, Lilacs, Google Scholar, PubMed, Medline, sendo discutido temas pertinente ao
assunto. Foram utilizadas palavras chave em português e inglês sendo elas:
Neurônios; Plasticidade Neural; Sinapses; Neuroplasticidade e Neurons; Neural
Plasticity; Synapses; Neuroplasticity.
2 SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Existem diversos estudos que buscam compreender a capacidade do sistema
nervoso e procuram explicar essa capacidade da neuroplasticidade de readaptação
de acordo com determinados estímulos, assim, será discutido a seguir teorias sobre
o sistema nervoso, sobre suas estruturas assim como sobre a neuroplasticidade em
si, com a finalidade de compreender melhor este mecanismo e como o sistema
nervoso se comporta frente aos estímulos e como é realizada esta migração de
neurônios para meios deficitários e realizado então este suprimento neuronal.
2.1 NEUROFISIOLOGIA
No cérebro as células da glia São tão numerosas quanto a quantidade de
neurônios, tendo elas três tipos, os astrocitos, oligodendrocitos e a micróglia. Existem
células da glia achadas no o sistema nervoso periférico chamadas células de schwann
(KETTENMANN e VERKHRATSKY, 2016).
Segundo Sanchez Junior, 2018, contamos com inúmeros neurônios em nosso
cérebro, realizando também inúmeras sinapses a todo momento, sendo esta
comunicação baseada em impulsos elétricos e também em estímulos químicos. Os
estímulos químicos estão associados à aprendizagem, assim os neurônios são células
que com os estímulos corretos podem se modificarem.
As células da glia tem algumas funções especificas dentro do sistema nervoso,
além de dar sustento aos neurônios e mantê-los em seus devidos lugares, também
tem a função de destruir organismos capazes de causar danos e remover neurônios
mortos (ROQUE et al., 2016). As células da glia se dividem em micróglia que tem
papel fundamental na reparação do sistema nervoso, além de estar envolvida também
no processo de imunidade do sistema e remoção de neurônios mortos. A macroglia
se divide em astrocitos, que são células que tem por sua função fornecer nutrientes
para os neurônios, manter a homeostase do cérebro e fornecer a defesa do cérebro,
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os oligodendrocitos e células de Schwann participam na formação da bainha de
mielina que por sua vez tem a função de isolante dos segmentos dos axônios, assim
proporcionando mais rapidez nos impulsos elétricos das sinapses (GOMES et al.,
2013; KETTENMANN e VERKHRATSKY, 2016; HANANI, 2010).
2.2 PLASTICIDADE SINÁPTICA
Quando uma área do cérebro é danificada, células de outras áreas, que são
especializadas em outras funções podem sofrer reajustes para assumir o papel
daquela área deficitária, essa função é chamada de plasticidade sináptica.
Algumas respostas que o cérebro proporciona frente aos estímulos adequados,
podendo ou não se modificar, readaptar ou sofrer ajustes é denominada Plasticidade
Sinaptica. O Sistema Nervoso adquire conhecimento e informação de acordo com o
que ele está sujeito a vivenciar e ás experiências vividas (OLIVA et al., 2009).
O Sistema Nervoso Central possui esta capacidade de responder aos estímulos
proporcionando modificações e readaptações durante toda a vida, estas modificações
é também conhecida como neurogenese ou neuroplasticidade. A Neuroplasticidade
não é uma exclusividade de casos patológicos, ela também ocorre por toda a vida,
como por exemplo em casos de emoções, estímulos externos ou quando ocorre
estímulos de aprendizagem, fortalecendo a conexão entre os neurônios, assim,
quando há grandes perdas da massa encefálica acarretando em sequelas, há
recuperação gradativa do indivíduo (RELVAS, 2009).
Segundo Roque, 2016, as características da neuroplasticidade mostram que o
sistema nervoso pode ser muito maleável, o que nos leva a crer na possibilidade do
desenvolvimento do indivíduo principalmente através de estímulos emocionais, de
aprendizagem e externos. A neuroplasticidade é algo sequencial, que vem a promover
a remodelação de todo o cérebro em pequeno, médio e longo prazo a fim de readaptar
as funções neuronais.
2.3 Brotamento Neuronal
O brotamento neural se dá ou pela regeneração a partir de uma célula lesada
ou a partir de uma célula intacta, acarretando em uma compensação ou em um
processo de aprendizagem. Esse sistema de brotamento pode levar dias ou até
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meses, dependendo do tecido, dependendo da cicatriz glial, dos substratos, tipo de
lesão e local.
Diferentemente do período embrionário e fetal, os neurônios na fase adulta têm
um pouco mais de dificuldade na hora de se modificar, pois na fase fetal e embrionária
por estarem ainda em formação, a formação, crescimento e diferenciação era mais
fácil e rápido, já na fase adulta as diferenciações e modificações não pararam, porém
existem algumas limitações. Existem para a modificação na fase adulta dois tipos de
crescimento o brotamento regenerativo e colateral (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
2013).
Conforme o estudo de Roque, 2009, o brotamento regenerativo ocorre em
neurônios com axônios lesados e a formação de novos brotos ocorre a partir do
segmento proximal, pois o coto distal, é rapidamente degenerado. Quando não há
lesão, ocorre o brotamento colateral, respondendo a um estímulo que não faz parte
do processo de desenvolvimento, aparecendo assim, brotos colaterais ao redor da
lesão nas regiões que permanecem integras.
3 CONCLUSÃO
Com base na literatura analisada por este estudo, foi possível observar a
importância da neurociência e como tem sido relevante para a descoberta de novos
conceitos e avanços consideráveis para a área da saúde.
Como apresentado no estudo o Sistema nervoso é um sistema extremamente
complexo e delicado, porém como também visto é maravilhoso crer que apesar de
delicado em diversos âmbitos, com estímulos corretos, pode vir a provocar sinapses
que vão ativar a plasticidade sináptica, levando ao brotamento neuronal que por sua
vez levará há migração de novas células para regiões deficitárias, porém as mudanças
que ocorrem no cérebro são sutis e lentas, dependendo de qual seja o grau da lesão
e o local.
Este estudo teve por objetivo colocar em evidencia o tema Neuroplasticidade e
como os estímulos externos podem ser um fator crucial na recuperação de áreas
deficitárias do cérebro, porém são necessários ainda mais pesquisas no campo da
neurociências para que haja esclarecimentos quanto ao tema neuroplasticidade
sináptica.
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REFERÊNCIAS
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DA SILVA, I. S. Neurogênese no Sistema Nervoso adulto de mamíferos. Revista da
Biologia, 2009.
GOMES, F. C. A. et al. Glia: dos velhos conceitos ás novas funções de hoje e as que ainda
virão. Estudos avançados v.27, n.77, 2013.
HANANI, M. Satellite glial cells in sympathetic and parasympathetic ganglia: in search of
function. Brain Res Rev. Netherlands, v.64, p.304-27, 2010
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica - Texto e Atlas. 12ªedição. Rio de
Janeiro Guanabara, Koogan, 2013.
KANDEL, E. R. et al. Principles of Neural Science. 5th edition. New York - United States of
America: McGraw-Hill Professional, 2012.
KETTENMANN, H; VERKHRATSKY, A. Glial Cells: Neuroglia. Neuroscience in the 21st
Century, 2ª Edition, pp 547-578, 2016.
MAY, A. Experience-dependent structural plasticity in the adult human brain. Trends. Cogn.
Sci., v. 15, n. 10, p.475-82, 2011.
OLIVA, A. D. et al. Plasticidade sináptica: natureza e cultura moldando o Self. Psicol.
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RELVAS, M. P. Fundamentos Biológicos da Educação. Rio de Janeiro: Wak Editora,
2009.
ROQUE, B. S. et al. Neuroplasticidade – Uma Abordagem Teorica. Revista UNINGÁ
Maringá, v.47, p.65-72, 2016.