Estratégia de Gestão Integrada de Rsu em Mocambique
Estratégia de Gestão Integrada de Rsu em Mocambique
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MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL
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I – SUMÁRIO EXECUTIVO
Moçambique tem um total de 91 centros urbanos oficialmente classificados dos quais 23 são
cidades e 68 vilas. O país enveredou pelo processo de Municipalização depois das eleições gerais
de 1992 e actualmente conta com 43 Municípios. A partir dessa altura, os resíduos sólidos urbanos
que eram geridos pelas câmaras municipais passaram para gestão dos Conselhos Municipais nas
Autarquias e nas vilas o processo continua sob-responsabilidade das estruturas locais, distritais e/ou
das vilas. (INE, 2007)
Os resíduos sólidos representam um problema que não afecta apenas os grandes centros urbanos,
sendo por isso um problema de todos e para todos, independemente da sua classe social. Então, se
os resíduos sólidos são um problema para todos, a responsabilidade pela sua redução, seu
reaproveitamento, tratamento e transporte ao destino final, é também de todos.
No entanto, a gestão dos resíduos sólidos continua um desafio na maioria das cidades e vilas, razão
pela qual constitui ainda grande preocupação de pela sua redução e gestão de forma sustentável. A
causa principal de proliferação de resíduos sólidos nas cidades e vilas é atribuida a insuficiência de
recursos materiais, humanos e a fraca participação pública na sua gestão e pelo desconhecimento
do seu valor económico.
Para inverter essa situação, o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental preparou a
presente Estratégia de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos em Mocambique, que atraves
da qual pretende-se inspirar e dar continuidade as vastas e boas experiências existentes nos
diferentes municipios ou aglomerados populacionais com perspectiva de transformar acções
isoladas em acções integradas, hábitos que degradam o ambiente e as populações em hábitos
saudáveis.
A presente Estratégia de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos em Mocambique tem por
objectivo fornecer bases para uma gestão integrada de resíduos sólidos em Moçambique, tendo em
conta uma abordagem sistemática focalizando as componentes de minimização da produção,
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acondicionamento, recolha, transporte, tratamento e deposição final com vista a proteger a saúde
pública, o ambiente e por conseguinte contribuir para combater a pobreza, providenciando
directrizes que permitam a criação de condições necessárias de prevencao da proliferação de
resíduos sólidos nas cidades e vilas, defindo o papel de cada interveniente, incluindo o Estado, os
Munícipes e os órgãos Municipais, na gestão de resíduos sólidos urbanos, tendo em conta: a
construcao de aterros sanitarios, melhoramento de servicos de recolha e reposicao final de residuos.
A PRIMEIRA PARTE: Apresenta o contexto e a situação actual de gestão dos resíduos sólidos no
país.
A SEGUNDA PARTE: Apresenta a proposta de Estratégia que inclui Visão, Missão, objectivos e
actividades e prazos.
Âmbito da aplicação
A presente Estratégia aplica-se apenas para gestão integrada de Resíduos Sólidos Urbanos,
excluindo os resíduos sólidos perigosos, industriais tóxicos, biomédicos, eletrónicos que requerem
condições especiais que não são tratadas neste instrumento.
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PARTE II
II CONTEXTO
A Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável realizada no Rio
de Janeiro em 1992, conhecida por Cimeira do Rio, reconheceu que a prosperidade, a paz e o
desenvolvimento económico de um país depende do meio ambiente. Esta Cimeira adoptou a
Agenda 21, a qual reconhece a necessidade das cidades tornarem-se cidades sustentáveis,
independemente do seu tamanho, olhando particularmente as necessidades de abastecimento de
água, acesso aos serviços do saneamento ambiental, gestão de águas residuais, residuos sólidos,
sistemas de drenagem, controlo de vectores, entre outros.
Os resíduos representam um problema que não só afecta apenas os grandes centros urbanos, mas
tambem as cidades de pequenas dimensões, embora produzindo menor quantidade, também sofrem
com a degradação ambiental e social relacionadas com os residuos sólidos urbanos.
Uma das formas de contribuição para a abordagem dos problemas de gestão de resíduos sólidos
urbanos é a elaboração da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos. A
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos é uma ferramenta que tem por objectivo orientar aos
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diferentes intervenientes sobre como conceber, implementar, administrar sistemas de limpeza
pública envolvendo uma ampla participação dos sectores da sociedade perspectivando contribuir
para o desenvolvimento sustentável olhando para:
A implementação desta estratégia vai contribuir por um lado para a consolidação e criação, onde
não existe, do sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos (produção, recolha, transporte,
tratamento e deposição final), e por outro no reforço da capacidade institucional das cidades, vilas e
outros aglomerados populacionais para fazer face aos desafios desta área e a necessidade de criação
de uma cultura de urbanidade a todos os níveis da sociedade moçambicana e promovendo
criativismo na gestão de resíduos solidios.
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SITUAÇÃO ACTUAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
EM MOÇAMBIQUE
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III - SITUAÇÃO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM MOÇAMBIQUE
Zonas suburbana
Plástico Metais
Papel 2% 4 1
% %
Matéria orgânica
29%
Fracção fina
57%
Resto
6%
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Estes dados tendem no geral, a aumentar nos últimos anos. A titulo de exemplo, o inquérito feito
aos serviços de salubridade do Município da Cidade de Maputo, apontam para uma produção
estimada em 600 mil toneladas de resíduos por ano (CMCM, 2009) contra uma produção anual de
243 mil toneladas, o que corresponde a uma produção média de 658 ton /dia e uma captação de 263
gr por habitante por dia (Baquete & Hauengue, 1995). A tabela que se segue indica a produção dos
resíduos sólidos em alguns centros urbanos do País.
3.1.3 - Caracterização
Relativamente à composição dos resíduos em termos de grandes grupos de componentes verifica-se
a presença actualmente de:
a) 60% de materiais facilmente fermentáveis (matéria orgânica).
b) 25% de materiais potencialmente recicláveis.
c) 15% de outros.
Estas percentagens poderão vir a sofrer uma evolução ao longo do tempo, se considerar a alteração
dos padrões de vida das populações.
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3.1.4 - Recolha
A recolha de resíduos sólidos pelos serviços municipais não tem sido abrangente. A nível nacional
a percentagem de recolha varia de 40 a 50 % do total de resíduos sólidos, cobrindo basicamente as
zonas de cimento e parte da suburbana, não incluindo a peri-urbana. Estes resíduos são recolhidos
em contentores de 1 m³, 6 m³, de 10 m³ e de 16 m³ e silos, dependendo da área, do número de
beneficiários e dos meios disponíveis. (Fonte: CMCM, 2009)
Tendo em conta que a maioria dos países em desenvolvimento não têm regulamentos sobre o tipo
de recipientes a usar para acondicionamento de resíduos sólidos domésticos, os moçambicanos
usam o tipo menos dispendioso ao seu dispor, tais como sacos e baldes plásticos de diversos
tamanhos, latas e caixas de papelão, resultando numa grande variedade de formas e tamanhos, o
que dificulta a recolha eficiente e propiciando condições insalubres no domicílio.
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3.1.5 – Transporte
Os meios de transporte mais usados para a recolha dos resíduos sólidos nos centros urbanos do país
variam desde tríciclos a viaturas basculantes de recolha manual e de caixas abertas, viaturas de
compactação e de carga de contentores de grandes volumes e tractores. As motorizadas apoiam a
supervisão dos serviços para monitorar o processo de recolha de resíduos sólidos ao longo das vias
públicas.
Observando os mecanismos de recolha no terreno, pode-se concluir que o uso dos camiões
compactadores com sistema hidráulico como meio de colecta e transporte dos resíduos sólidos não
é aconselhável para municípios de pequeno porte devido às precárias vias de acesso e aos elevados
custos para sua manutenção.
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3.1.6 – Tratamento
Não existe nenhuma forma de tratamento implantada no País, embora existam algumas iniciativas
da sociedade civil que seleccionam informalmente plásticos, vidro e metais por vezes para uso
próprio ou para venda informal. Estas práticas ocorrem principalmente nas lixeiras Municipais das
grandes Cidades tais como Maputo e Beira, com manifesto risco para os recolectores.
O destino final dos resíduos sólidos em Moçambique são as lixeiras à céu aberto e aterros
controlados. Embora estudos sobre os impactos das lixeiras na saúde pública não tenham sido
realizados, não se pode ignorar o perigo potencial que constitui, pois nenhum tratamento específico
é dado aos resíduos sólidos. Esta situação tem causado preocupações para o tecido social, porque:
a) As lixeiras estão localizadas próximas das zonas residenciais, sendo os resíduos sólidos
transportados até a este local pelas vias públicas de acesso, com grande tráfego;
b) Não existem estudos feitos sobre o tipo de solo destas lixeiras, podendo ser por vezes
susceptíveis a lixiviações e poluição das águas subterrâneas; paralelamente, poderá
ocorrer a poluição atmosférica provocada pelos fumos, maus cheiros e partículas
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potencialmente tóxicas uma vez que os resíduos sólidos não são sujeitos a uma selecção
prévia e são queimados de tempos em tempos;
c) Em alguns casos, as lixeiras não são de fácil acesso fazendo com que os resíduos sejam
depositados em terrenos baldios ou a beira das estradas;
O facto de alguns residentes não contribuírem com a taxa de gestão dos resíduos sólidos por não
possuírem um elo de ligação com a Empresa Pública Electricidade de Moçambique pode ser
resolvido através da inserção destes montantes nas receitas de água, ou através de formação dos
núcleos comunitários que se responsabilizariam pela cobrança mensal em cada domicílio, devendo
depois ser entregues ao Município.
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3.1.9. Percepção pública
A percepção pública sobre a prestação destes serviços pelos municípios não tem sido das melhores,
referindo-se que:
a) Há falta de capacidade técnica e financeira local para garantir a manutenção dos poucos
veículos que os municípios têm;
b) Há incapacidade de resposta dos serviços públicos em termos de recolha dos resíduos
sólidos;
c) Verifica-se a prática do vandalismo por alguns elementos da comunidade destruindo os
contentores;
d) O pessoal parece pouco motivado para o desempenho das suas funções.
A gestão dos resíduos sólidos nos centros urbanos moçambicanos está a cargo dos serviços
municipais, distritais, vilas e estruturas locais. Contudo, a ausência de um banco de dados e de
informações actualizadas não nos permite ter uma ideia global dos modelos organizacionais
vigentes em todo o país, nem avaliar a produção total e as acções que foram sendo desencadeadas
ao longo dos anos no âmbito da gestão destes resíduos.
Assim, ao se analisar os dados aqui apresentados deve-se ter em conta algumas limitantes, a
destacar:
No entanto, os dados existentes não impedem que se faça uma análise qualitativa e quantitativa
aproximada sobre a situação dos centros urbanos detalhando o cenário global de produção,
caracterização, recolha, transporte e destino final dos resíduos sólidos, usando a informação
proveniente de consultas bibliográficas, entrevistas municipais e observações.
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PARTE II
PROPOSTA DE ESTRATÉGIA DE
GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MOÇAMBIQUE
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IV- PROPOSTA DE ESTRATÉGIA
4.1 - Objectivos
Para o efeito desta Estratégia foram identificados os seguintes objectivos:
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4.2 – Visão da Estratégia
A presente Estratégia de Gestão Integrada dos Resíduos sólidos enquadra-se no Plano Estratégico
do sector do Ambiente 2005 – 2015 e defende que os problemas relacionados com a gestão dos
resíduos sólidos têm um carácter multifacetado partindo do cidadão-produtor até aos demais
elementos que aparecem ao longo de toda a cadeia de gestão desses resíduos incluindo serviços
municipais, diferentes instituições, entre governamentais, não-governamentais, privados até a sua
deposição final ambientalmente segura.
Visão:
Até 2025, Municípios, vilas ou aglomerados populacionais limpos e engajados na criação de
condições propícias para gestão de resíduos sólidos urbanos, atribuindo responsabilidades aos
diferentes intervenientes para a minimização dos impactos resultantes dos resíduos, com destaque
para os sectores público, privado e a sociedade em geral, assegurando aplicação do princípio dos
3Rs e a"hierarquização na gestão de resíduos sólidos urbanos" que contempla a redução da
produção dos resíduos sólidos, tratamento e deposição final.
Missão:
Promover acções conducentes à redução da proliferação de Resíduos sólidos nas cidades, vilas e
aglomerados populacionais do país, aplicando investimentos adequados o que passa
necessariamente pela priorização da eliminação de lixeiras a céu aberto e promovendo a
implantação de aterros sanitários, reponsabilizando a todos intervenientes, em particular os orgãos
municipais e distritais incluindo munícipes e as comunidades na implementação de programas e
iniciativas de gestão segura dos resíduos sólidos (RSU’s) nas suas áreas de jurisdição.
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Reduzir a geração de resíduos sólidos através da aplicação do princípio dos 3 R’s,
(redução, reutilização e reciclagem);
Elaborar, onde não existem, rever as posturas camárarias que incluem a gestão sustentavel
de residuos sólidos urbanos e implementar de forma a criar disciplina na vida do citadino;
Assegurar a separação de resíduos comuns com resíduos eletrónicos (pilhas, bactérias,
lâmpadas, detores de fumos, rádios, televisores, etc);
Implementar e expandir projectos de gestão de RSU’s;
Promover a separação, quando viável, dos materiais recicláveis na fonte geradora;
Implementar um programa de recolha selectiva que envolva associações e cooperativas de
catadores;
Estabelecer, onde não existe, e cumprir com horários de deposição e recolha de resíduos;
Promover a participação activa do cidadão, em particular do citadino na educação dos
concidadãos para preservação do meio ambiente no local que o rodeia e na correcta
deposição e tratamento dos resíduos sólidos;
Melhorar a articulação intersectorial para gestão correcta de residuos sólidos;
Divulgar a Directiva Técnica para Implantação de Aterros Sanitários;
Promover a criação de Comités de Gestão de RSU’s nos municípios e vilas;
Massificar a prestação dos serviços de recolha de resíduos em todas as cidades e vilas
envolvendo as comunidades locais;
Criar condições para monitorar a qualidade do ar e do solo nos arredores de lixeiras e
aterros sanitários;
Criar capacidades para elaboração dos planos de Gestão de resíduos sólidos urbanos onde
não existe;
Capacitar e valorizar os profissionais da área de gestão de resíduos sólidos urbanos.
Promover campanhas destinadas a mudança de comportamentos e atitudes dos citadinos em
relação aos resíduos;
Promover feiras para promoção de produtos reciclados.
Eliminar a queima de residuos solidos nos locais de deposição.
Elaborar e implementar Planos Municipais de Gestão de resíduos sólidos urbanos.
Mobilizar fundos e parcerias para gerir eficientemente a Sistema de Gestão de resíduos
sólidos urbanos e dar continuidade as iniciativas em curso;
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Médio Prazo – 2017 – 2020
Criar programas que conduzam ao uso de boas práticas, devendo incluir os citadinos
como produtores primários dos resíduos sólidos a colaborarem neste processo;
Elaborar instrumentos normativos sobre reciclagem e reaproveitamento de residuos
sólidos;
Incluir operações de separação na fonte e instalação de centros de transferência de
resíduos;
Realizar estudos para reabilitação e reaproveitamento dos locais das actuais lixeiras
a céu aberto para outros usos;
Monitorar periodicamente a poluição do ar na rondondesas das lixeiras de forma a
garantir ambiente saúdavel das cidades de forma a minimizar os impactos negativos
resultantes de proliferação dos resíduos sólidos;
Aprovar códigos municipais e outros instrumentos sobre gestão de resíduos sólidos
urbanos onde não existem, sobre a gestão de residuos sólidos;
Promover a compostagem como meio eficiente de gestão dos residuos sólidos e
Promover os resíduos sólidos como negócio para criação de renda para os municípes
e cidadãos em geral.
Implementar um programa de recolha selectiva que envolva associações e
cooperativas de catadores.
Promover a participação activa do cidadão, em particular do citadino na educação
dos concidadãos para preservação do meio ambiente no local que o rodeia e na
correcta deposição e tratamento dos resíduos sólidos;
Melhorar a articulação intersectorial para gestão correcta de residuos sólidos;
Promover a criação de Comités de Gestão de RSU’s nos municípios e vilas;
Mobilizar fundos e parcerias para gerir eficientemente a Sistema de Gestão de
resíduos sólidos urbanos e dar continuidade as iniciativas em curso;
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Implementar um programa de recolha selectiva que envolva associações e
cooperativas de catadores.
Promover a participação activa do cidadão, em particular do citadino na educação
dos concidadãos para preservação do meio ambiente no local que o rodeia e na
correcta deposição e tratamento dos resíduos sólidos;
Melhorar a articulação intersectorial para gestão correcta de residuos sólidos;
Promover a criação de Comités de Gestão de RSU’s nos municípios e vilas;
Mobilizar fundos e parcerias para gerir eficientemente a Sistema de Gestão de
resíduos sólidos urbanos e dar continuidade as iniciativas em curso;
Elaborar, editar manuais orientadores em matéria de gestão de resíduos sólidos
urbanos;
Promover a criação de trabalho e renda associada aos resíduos sólidos;
Promover os resíduos sólidos em negócio rentável para os municípes e cidadãos em
geral;
Encorajar o desenvolvimento de mercados dos produtos reciclados adoptando
politicas apropriadas, tais como a utilização do material reciclado nas instituições
públicas (papel), incentivando o sistema de depósitos reembolsáveis para materiais
devolvíeis;
Recuperar as áreas degradadas pelos resíduos sólidos.
Promover pesquisas e intercâmbio a nível dos diferentes intervenientes na gestão de
resíduos; e
Monitorar periodicamente a poluição do ar na rondondesas das lixeiras de forma a
garantir ambiente saúdavel das cidades de forma a minimizar os impactos negativos
resultantes de proliferação dos resíduos sólidos.
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V. RESPONSABILIDADES DE DIFERENTES INTERVENIENTES NA GESTÃO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM MOÇAMBIQUE
Tendo em conta que os resíduos sólidos representam um problema que não afecta apenas as
grandes cidades, mas sim mesmo as cidades pequenas e que esses resíduos são produzidos por
todos os membros da sociedade, seja no espaço doméstico, nas vias públicas, nos hospitais e
escolas, nos locais de trabalho, é assunto de todos e para todos, independentmente da sua classe
social, religião ou crença. Entao, se os resíduos sólidos são de todos e a responsabilidade por sua
redução, seu aproveitamento, tratamento e transporte ao destino final é tambem de todos.
É nesta perspectiva que o MICOA apresenta a presente Estratégia Nacional de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos Urbanos, cujas responsabilidades de implementação são atribuidas a todos
interveneientes, designadamente:
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PARTE III
A Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos é um instrumento de Planeamento de referência na área de Resíduos sólidos
claramente direcionada para a implementação de actividades concretas tais como, encerramnto de lixeias e Implantação de Aterros Sanitários, criação de
sistemas municipais e multimunicipais de gesão de resíduos, construção de infraestruturas de valorização e reciclagem de residuos, criação de sistemas de
recolha selectiva multimaterial.
A presente estratégia fornece ainda linhas de orientação geral para a criação de legislação a nivel das diferentes etapas do sistema de Gestão de resíduos
sólidos urbanos (recolha, transporte, tratamento e deposição final).
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Objectivos Objectivos Acções Prazos de Responsável
Estratégicos Específicos Execução
I. Reforçar a 1: Promover a adopção Elaborar directivas técnicas inerentes à gestão dos resíduos Curto prazo MICOA
capacidade de legislação sólidos; C. Municipais
institucional no apropriada sobre Definir papel reservado aos diferentes intervenientes; Governos locais
concernente a resíduos sólidos Disseminar os requisitos mínimos para implantação de aterros CDS - ZU
Gestão de resíduos urbanos sanitários e/ou outras formas de deposição final de Resíduos
sólidos urbanos sólidos, recomendando a aplicação de métodos que se adequem a
realidade local realizando seminários, debates, workshop’s.
Elaborar ou actualizar as Posturas municipais, planos municipais
de gestão dos resíduos sólidos e regulamentos de limpeza urbana.
Melhorar a articulação intersectorial para gestão correcta de
residuos sólidos;
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2: Organizar o sistema Reforçar e apoiar a capacidade técnica das autoridades municipais Curto prazo MICOA
de gestão dos Resíduos tendo em vista o cumprimento do seu dever de provedores de C. Municipais
sólidos serviços de gestão de resíduos sólidos urbanos; Governos locais
Promover a participação do sector privado e da comunidade sob a CDS – ZU
supervisão das autoridades municipais, e/ou administrativas Sector Privado
locais;
Garantir a harmonização da estratégia de gestão dos Resíduos
sólidos com aspectos de saúde pública, meio ambiente,
desenvolvimento urbano, entre outros.
Desenvolver uma acção holistica envolvendo outros sectores
(Educação; Saúde etc.)
Implementar um programa de recolha selectiva que envolva
associações e cooperativas de catadores.
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3: Desenvolver o Promover a pesquisa em gestão de resíduos sólidos urbanos, Curto MICOA
sector de Gestão dos alocando fundos e identificando parcerias apropriadas; prazo C. Municipais
Resíduos sólidos Realizar estudos para reabilitação e reaproveitamento dos Governos Locais
locais das actuais lixeiras a céu aberto para outros usos; Sociedade civil
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II: Implementar 1: Promover a redução Sensibilizar as empresas e o público em geral sobre as vantagens e Médio MICOA
diferentes etapas e reutilização da procedimentos a adoptar com vista à minimização da produção de prazo C. Municipais
de gestão dos produção de Resíduos Resíduos sólidos, através do projecto de embalagem de produtos Governos Locais
Resíduos sólidos sólidos com um conteúdo tóxico minimizado, um volume mínimo de Sector privado
material ou uma vida útil mais longa;
Promover centros de tratamento de Resíduos sólidos, onde se
possa proceder a selecção de material reciclável;
Capacitar activistas para promover acções de prevenção e redução
da produção de Resíduos sólidos.
Promover os resíduos sólidos em negócio rentável para os
municípes e cidadãos em geral;
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2: Promover a Criar incentivos para o envolviemnto do sector privado e Médio MICOA
reciclagem e sociedade civil na reciclagem dos residuos solidos; prazo C. Municipais
compostagem dos Facilitar a Implantação da Indústria de Reciclagem; Governos Locais
resíduos sólidos Elaborar instrumentos normativos sobre reciclagem e Sector privado
reaproveitamento de residuos sólidos
Incentivar aos grandes e pequenos produtores a separação dos
Resíduos sólidos de acordo com a sua natureza na fonte de
produção;
Encorajar o desenvolvimento de mercados materiais reciclados no
país e promover a indústria de reciclagem, adoptando políticas
apropriadas, nomeadamente as relativas à utilização de papel
reciclado nas instituições públicas e incentivando o sistema de
depósitos reembolsáveis para materiais devolvíveis como
embalagens de vidro reutilizáveis;
Investigar oportunidades de uso de composto produzido de
resíduos sólidos orgânicos;
Facilitar a criação de cooperativas de catadores e reconhecer o
catador como profissional;
Promover feiras para promoção de produtos reciclados
3: Promover o correcto Senssibilizar os Munícipes a condicionar os resíduos sólidos de Médio MICOA
acondicionamento dos acordo com a realidade local; prazo C. Municipais
resíduos sólidos Definir o tipo de recipientes para um acondicionado adequado dos Governos Locais
resíduos sólidos de acordo com as características dos mesmos
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4: Recolha de resíduos Definir com base em planos aprovados as rotas de recolha dos Curto MICOA, C. Municipais e ou
sólidos Resíduos Sólidos, fixar metas, indicadores e mecanismos de prazo Governos Locais
controlo;
Efectuar uma avaliação regular do serviço de recolha de Resíduos
sólidos, nos diferentes níveis, e providenciar a informação ao
público;
Liberalizar os vários serviços de gestão mediante contratos Curto MICOA
apropriados, a prestação de serviços de recolha, sem comprometer prazo C. Municipais
o dever de provedor de serviços que compete às autoridades Governos Locais
municipais nem as responsabilidades específicas do governo Sector privado
central.
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5: Instalar aterros Conceber directivas técnicas fixando os requisitos mínimos de Curto MICOA
sanitários e encerrar instalação, operação e encerramento de aterros e outras infra- prazo C. Municipais
lixeiras a céu aberto estruturas de deposição final dos Resíduos sólidos. Estes Governos locais
requisitos deverão obedecer à legislação vigente no que respeita
ao Regulamento de Avaliação de Impacto Ambiental;
Proceder a inventariação de antigas lixeiras e equiparados,
avaliando acções mínimas para reduzir eventuais impactos na
saúde pública e no Ambiente;
Monitorar o funcionamento de aterros sanitários e controlados e
lixeiras a céu aberto de Resíduos sólidos;
Identificar fundos para o encerramento de lixeiras que constituam
ameaça imediata a saúde pública e ao Ambiente;
Identificar fundos para implantação de aterros sanitários e
controlados.
III: Estabelecer 1: Promover parcerias Promover campanhas destinadas a informar, educar e gerar apoio Curto MICOA,
parcerias entre os entre os sectores e participação pública na implementação da estratégia de Gestão prazo C. Municipais
sectores públicos, públicos, privadas e Integrada dos Resíduos sólidos tendo como alvo jovem, mulheres, Governos locais
privado e sociedade civil comerciantes, industriais e outros grupos de interesse, incluindo
sociedade civil. empresas vocacionadas para este tipo de gestão;
Encorajar o envolvimento do sector privado, mediante
compromissos voluntários, fornecendo garantias de reciclagem e
utilização de material devolvível;
Encorajar o sector privado a identificar oportunidades de
investimento na gestão de resíduos sólidos urbanos;
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Estabelecer comités / fóruns de gestão de resíduos sólidos urbanos
Promover o desenvolvimento do sector com base no
financiamento público na busca de parcerias nacionais e
internacionais adoptando mecanismos apropriados para a
recuperação de custos;
Promover campanhas de sensibilização e educação ambiental no
âmbito de resíduos sólidos.
Mobilizar fundos e parcerias para gerir eficientemente a
Sistema de Gestão de resíduos sólidos urbanos e dar
continuidade as iniciativas em curso;
IV: Conceber e 1: Elaborar e Emitir normas orientadoras para a recolha e compilação de dados Médio MICOA
implementar um implementar um referentes à gestão de resíduos sólidos urbanos, destinadas ás prazo C. Municipais
programa de programa de monitoria autoridades municipais; Governos locais
monitoria e gestão e gestão dos resíduos Proceder a recolha e compilação de dados em conformidade com
dos resíduos sólidos as normas acima referidas;
sólidos Preparar planos quinquenais de Gestão de resíduos sólidos
urbanos e submeter ao MICOA para efeitos de acompanhamento;
Preparar e garantir a implementação de um plano de
monitoramento e gestão dos resíduos sólidos; e,
Produzir relatórios bienais sobre a situação nacional no que
respeita a gestão dos resíduos sólidos e garantir a disseminação e
a retroinformação a todos os interessados.
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Estes objectivos estratégicos são interdependentes devendo ser implementados de forma integrada
para que sejam efectivos. É também importante que se reconheça que as preocupações ambientais
dependem da cooperação e de iniciativas de todos os sectores da sociedade civil. Daí a importância
do compromisso que todos devem ter na sua implementação.
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PARTE IV
MICOA 500.000,00
Conselhos
Municipais
Definir papel reservado aos Todos os intervenientes
diferentes intervenientes; com Papel definido Governos
Locais
CDS - ZU
Disseminar os requisitos mínimos Requisitos mínimos para MICOA 1.100.000,00
para implantação de aterros implantação de aterros
Conselhos
sanitários e/ou outras formas de sanitários e/ou outras
deposição final de Resíduos formas de deposição Municipais
sólidos, recomendando a aplicação final de Resíduos
Governos
de métodos que se adequem a sólidos, recomendando a
realidade local realizando aplicação de métodos Locais
seminários, debates, workshop’s que se adequem a
CDS - ZU
realidade local
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disseminados
Governos 1.600.000,00
Locais, CDS -
Posturas municipais, ZU MICOA
Elaborar ou actualizar as Posturas planos municipais de
municipais, planos municipais de gestão dos resíduos Conselhos
gestão dos resíduos sólidos e sólidos e regulamentos Municipais
regulamentos de limpeza urbana. de limpeza
urbana.actualizadas Governos
Locais
CDS - ZU
MICOA 900.000,00
Capacidade das
Reforçar a capacidade das
autoridades municipais Conselhos
autoridades municipais tendo em
reforçada, tendo em vista
vista o cumprimento do seu dever Municipais
o cumprimento do seu
de provedores de serviços de
dever de provedores de Governos
gestão de resíduos sólidos
serviços de gestão de
urbanos; Locais
resíduos sólidos urbanos;
CDS - ZU
MICOA 1.200.000,00
Promovida a
Promover a participação do sector Conselhos
participação do sector
privado e da comunidade sob a
privado e da comunidade Municipais
supervisão das autoridades
sob a supervisão das
municipais, e/ou administrativas Governos
autoridades municipais,
locais;
e/ou administrativas Locais
locais;
CDS - ZU
MICOA 800.000,00
Garantida a
Conselhos
Garantir a harmonização da harmonização da
estratégia de gestão dos Resíduos estratégia de gestão de Municipais
sólidos com aspectos de saúde, resíduos sólidos urbanos
Governos
desenvolvimento urbano, entre com aspectos de saúde,
outros. desenvolvimento urbano, Locais
entre outros.
CDS - ZU
MICOA 900.000,00
Promovida a pesquisa
Promover a pesquisa em gestão de Conselhos
em gestão de resíduos
resíduos sólidos urbanos, alocando
sólidos urbanos, Municipais
fundos e identificando parcerias
alocando fundos e
apropriadas; Governos
identificando parcerias
apropriadas; Locais
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CDS - ZU
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mesmo, valorizando assim o sólidos, mediante as
sistema. quais os beneficiários
dos serviços de gestão
dos Resíduos sólidos
contribuirão para a
operação e manutenção
do mesmo, valorizando
assim o sistema.
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Grandes e pequenos MICOA 750.000,00
Iincentivar aos grandes e pequenos produtores incentivados Conselhos
produtores a separação dos a separar os Resíduos Municipais
Resíduos sólidos de acordo com a sólidos de acordo com a Governos
sua natureza na fonte de produção; sua natureza na fonte de Locais
produção; CDS - ZU
orgânicos Locais
CDS - ZU
Facilitar a Implantação da MICOA 1.500.000,00
Facilitada Implantação
Indústria de Reciclagem;
Governos
da Industria de
Locais
Reciclagem;
CDS - ZU
38
Facilitar a criação cooperativas de Facilitada a criação MICOA 1.000.000,00
catadores e reconhecer o catador
cooperativas de Conselhos
como profissional;
catadores e reconhecer o Municipais
catador como Governos
profissional; Locais
CDS - ZU
Promover feiras para promoção de Promovidas feiras para MICOA 800.000,00
produtos reciclados
promoção de produtos CDS - ZU
reciclados
40
MICOA 215.000.000,00
41
Produzidos relatórios MICOA 8.000.000,00
Produzir relatórios bienais sobre a bienais sobre a situação
situação nacional no que respeita a nacional no que respeita
gestão dos resíduos sólidos e a gestão dos resíduos
garantir a disseminação e a sólidos e garantir a
retroinformação a todos os disseminação e a
interessados. retroinformação a todos
os interessados.
335.665.000,00
CUSTO TOTAL DA
ESTRATÉGIA
42
ANEXO 1: GLOSSÁRIO
2. Armazenagem
Deposição temporária dos Resíduos Sólidos previamente, com vista a uma correcta recolha
para o destino final.
3. Resíduos solídos urbanos – são todos residuos comuns ou também denominados resíduos
gerais classificados em função das suas características e proveniencia em.
- Residuos solidos domesticos ou semelhantes
- Residuos comerciais,
- Residuos volumosos os resultantes de habitações,
- Residuos de jardins ou da conservação de jardins,
- Residuos industrais- resultantes de activiaddes acessorios e equiparados a residuos solidos
urbanos. – residuos hospitalres – naos contaminados semelhantes aos domesticos,
- Especiais como os biomedicos depois de tratamento, provenientes da produação de
alimentos, incluindo matadouros, lodos de tratamento de aguas residuais.
4. Recolha
A recolha é um processo de remoção dos resíduos com vista ao seu transporte para a estação
de transferência, estação de tratamento ou local de deposição final. A frequência e a
eficiência deste processo é influenciada por vários factores com destaque para as condições
climáticas, a distância de transporte, a motivação e a cooperação da comunidade.
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Adicionalmente, e com extrema importância, conta a capacidade financeira e operacional das
instituições responsáveis.
5. Transporte
Define – se transporte como sendo qualquer operação de transferência física dos resíduos
dentro do território nacional.
6. Tratamento
Define - se tratamento como sendo os processos mecânicos, físicos, térmicos, químicos ou
biológicos incluindo a separação, que alteram as características dos resíduos de forma a
reduzir o seu volume e a facilitar a sua deposição final.
7. Estações de transferência
Estações de transferência são pontos de concentração de resíduos sólidos recolhidos das áreas
servidas para posterior carregamento em veículos de grande capacidade e transporte para o
local de deposição final. Recorre-se as estações de transferência quando:
a) O local de deposição final fica distante do centro de recolha, pelo que a contínua
deslocação dos meios até ao local implicaria baixa produtividade dos serviços de
recolha;
b) O sistema de recolha emprega veículos pequenos com facilidade de circular em
vias estreitas e eventualmente precárias no interior dos bairros.
8. Acondicionamento
Os resíduos sólidos produzidos seja a nível domiciliar, comercial ou industrial devem ser
convenientemente acondicionados nos locais de produção em recipientes seguros enquanto
aguardam a sua recolha e transporte para a estação de transferência ou estação de tratamento
ou local de deposição final.
Aconselha-se pois que as formas adoptadas para acondicionamento dos resíduos sólidos
considerem factores como: clima, condições físicas da área de recolha, natureza e quantidade
de resíduos sólidos produzidos, para então escolher o modelo do recipiente e definir a
capacidade das unidades a serem usadas.
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Moçambique, sendo um País de clima quente e húmido, a decomposição dos resíduos é
rápida o que produz cheiros nauseabundos e propicia a proliferação de roedores e insectos,
pelo que os recipientes deverão ser herméticos e a recolha frequente e regular.
Existindo no local a recolha selectiva dos resíduos sólidos, estes deverão ser segregados em
materiais recicláveis e orgânicos na fonte de produção e acondicionados em recipientes
diferenciados para posterior recolha pelo Conselho Municipal/Governo local.
9. Sistema de recolha
Em função da complexidade urbana, têm-se reportado a existência de quatro tipos de sistemas
de recolha de resíduos sólidos em uso, nomeadamente:
a) Armazenamento dos resíduos em contentores públicos;
b) Entrega individual dos recipientes com os resíduos sólidos ao carro de recolha;
c) Recolha porta a porta dos recipientes de resíduos sólidos no passeio público em dias e
horas estabelecidos pelos serviços de recolha.
As características de cada um destes sistemas vêm descritas na Tabela 1.
45
passeio público acondicionados em morador. acondicionar os resíduos
recipientes no passeio em Requer regularidade por parte sólidos a serem recolhidos.
frente a suas residências dos serviços. Requer disponibilidade de
nos dias e horários Requer menos pessoal. meios suficientes e boas vias
estabelecidos pelo serviço de acesso para o serviço.
de recolha.
Afecta a privacidade dos
moradores;
Os trabalhadores recolhem
Recolha ao Evita a acumulação de Requer grande número de
os resíduos sólidos
domicílio resíduos sólidos nas ruas trabalhadores, viaturas e vias
directamente ao domicílio
de acesso adequadas tornando
assim o processo dispendioso
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11. Horário de recolha
O horário de recolha dos resíduos sólidos é um factor importante a considerar em termos
económicos e de percepção do serviço prestado aos citadinos. A Tabela 3 abaixo apresenta
algumas opções.
Tabela 3 - Alternativas de horário de recolha dos resíduos sólidos
Horário Vantagens Desvantagens
Mais económico; Interfere com o trânsito;
Diurno Permite melhor fiscalização dos serviços de Cansa os trabalhadores e consequentemente
recolha. reduz a produtividade.
Recomendável para áreas comerciais e turísticas; Causa incómodo por excesso de ruído;
Não interfere com o trânsito; Aumenta os custos de mão-de-obra;
Nocturno
Os resíduos sólidos não ficam expostos ao Dificulta a fiscalização;
público durante o dia. Requer iluminação e segurança pública nas vias.
A política laboral pode também influir bastante, pois a excessiva mecanização reduz a
disponibilidade dos postos de trabalho. Os tipos mais usuais são demonstrados na Tabela 4.
47
Circula em vias estreitas; Remove pequenas quantidades.
Alimenta estações de transferência.
Circula em vias precárias; É relativamente lento;
Tractor Recolhe volumes grandes e pesados. Espalha os resíduos ao longo do percurso; quando
não bem operado.
É rápido; Requer muitas viagens se a carroçaria do referido
Custos de manutenção baixos. camião for de volume pequeno;
Camião basculante
Espalha os resíduos sólidos quando estes não
estiverem cobertos com lona.
Camião com É rápido Requer muitas viagens se a carroçaria do referido
aberturas laterais Custo de manutenção baixos; camião for de volume pequeno;
para carregamento Não espalha os resíduos sólidos.
de resíduos sólidos
Recolhe grandes quantidades de Requer resíduos sólidos de baixa densidade;
Camião resíduos sólidos por efeitos de Exige manutenção rigorosa por ter componentes
compactador compactação; sensíveis.
É seguro e higiénico.
13. Segregação
A segregação implica a selecção dos materiais constituintes dos resíduos sólidos para
posterior reutilização, reciclagem, compostagem e incineração.
Para facilitar a segregação, aconselha-se que a separação dos resíduos sólidos seja feita em
diferentes categorias, com destaque para vidro, metal, papel e plástico. Esta operação faz-se
melhor na fonte de produção, o que requer a cooperação do cidadão.
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limitado dos serviços públicos, aumento de consumo de bens descartáveis ou pouco duráveis e
as limitações emergentes em termos energéticos e de matérias-primas também tem vindo a
contribuir para a problemática existente em torno dos RSU´s.
Redução na origem, em termos da quantidade e/ou toxicidade dos resíduos que estão a ser
produzidos. Este é o primeiro ponto na hierarquia por ser a forma mais completa de
aproveitamento, que pode ser conseguida através do projecto de embalagem de produtos com
um conteúdo tóxico minimizado, um volume mínimo de material ou uma vida útil mais longa;
Uma grande variedade de materiais pode ser recuperada dos resíduos sólidos tais como:
alumínio, papel, plástico, vidro, metais ferrosos (ferro e aço).
A separação na fonte de produção é o princípio de uma boa recolha selectiva, facilitando ainda
a triagem e reciclagem dos resíduos sólidos e tornando todo o sistema mais eficiente,
económico e possível.
a) Reciclagem
Denomina – se reciclagem a separação de materiais dos resíduos sólidos domiciliares, tais
como papeis, plásticos, vidros e metais, com a finalidade de trazê–los de volta a indústria
para serem beneficiados. Esses materiais são novamente transformados em produtos
comercializáveis no mercado de consumo. Os resíduos deverão ser armazenados em
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categorias como papel, metais, vidro ou plástico de forma a gerarem um produto do mesmo
tipo de material, quando reciclado.
b) Compostagem
É a transformação da parte orgânica dos resíduos em composto orgânico ou fertilizante,
requer a separação da porção dos resíduos e um mercado apto a consumir o composto
produzido.
Em princípio é favorável para os países em desenvolvimento onde 2/3 dos resíduos sólidos
são matérias orgânicas. Contudo, a falta de hábito de fazer a compostagem, de capacidade de
seleccionar os resíduos sólidos e a dificuldade de valorização económica do composto reduz
a rentabilidade deste método de reaproveitamento de recursos.
c) Incineração
Este processo consiste na queima controlada de resíduos sólidos em fornos projectados para
transformar totalmente os resíduos em material inerte, propiciando também uma redução de
volume e de peso. Do ponto de vista sanitário é excelente. A desvantagem fica por conta dos
altos custos de instalação e operação, além dos riscos de poluição atmosférica, quando o
equipamento não for adequadamente projectado e/ou operado.
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16. Deposição final
A deposição final é a última fase de um sistema de limpeza urbana, que ocorre depois da
recolha ou do tratamento dos resíduos. Existem três formas básicas de deposição final dos
resíduos sólidos a saber:
a) Lixeiras
Consiste na simples deposição dos resíduos sólidos sobre o solo, formando uma lixeira. É a
alternativa mais difundida e quase sempre complementada pela queima.
A deposição em lixeiras a céu aberto é uma prática poluente para o solo, a água e o ar e
requer a utilização de extensas porções de terra, além de convidar a acção de "recolectores"
informais.
b) Aterro controlado
É uma técnica de deposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde
pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este, método utiliza
princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos cobrindo-os com uma camada de
material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho o aterro sanitário inclui uma
componente de drenagem, captação e tratamento de líquidos e gases.
c) Aterro sanitário
É uma técnica de deposição dos resíduos sólidos no solo em forma de camadas ou lâminas
obedecendo critérios de engenharia e normas operacionais específicas permitindo a
confinação segura de resíduos, controle de poluição ambiental e protecção à saúde pública. É
de salientar que uma das diferenças entre o aterro controlado e o aterro sanitário é a
impermeabilização da base.
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É importante tornar claro que a taxa dos resíduos sólidos não deve ser a mesma para todos os
produtores devendo – se diferenciar a partir da origem e do volume dos resíduos sólidos.
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ANEXO 2: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5– Fernandes, A.M. e Hauengue, M.D.A.E (1997). Land Based Sources and Activities
Affecting the Coastal, Marine and Associated Freshwater
Environments” Maputo, Mozambique.
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