Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão
PJe - Processo Judicial Eletrônico
02/12/2022
Número: 0853080-52.2021.8.10.0001
Classe: AÇÃO PENAL - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Órgão julgador: 5ª Vara Criminal de São Luís
Última distribuição : 24/11/2021
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Roubo Majorado, Quadrilha ou Bando
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
Delegacia de Polícia Civil de Roubos e Furtos de Veículos
(AUTORIDADE)
CARLOS CESAR PEREIRA FERREIRA (VÍTIMA)
MARIA RITA DE SOUSA FERRAZ (VÍTIMA)
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO
(CNPJ=05.483.912/0001-85) (AUTOR)
CARLOS EDUARDO COSTA SILVA (REU)
PAULO ROBERTO PAVAO DINIZ (REU) CELSO ANTONIO MARQUES JUNIOR (ADVOGADO)
MARCIA CAMILA COSTA BASTOS (ADVOGADO)
ALEXANDRE FERNANDO CUNHA RODRIGUES
(ADVOGADO)
JOAO VITOR MARQUES DE SOUSA (REU) EDSON SILVA DE SA JUNIOR (ADVOGADO)
LETICIA SANTOS REGO (ADVOGADO)
AUTORIDADE POLICIAL CIVIL DELEGACIA ROUBOS E
FURTOS DE VEÍCULOS SÃO LUÍS (AUTORIDADE)
Delegacia de Polícia Civil de Roubos e Furtos de Veículos
(AUTORIDADE)
Monoel Raimundo Amaral (OUTRAS TESTEMUNHAS)
Raimunda Notanata dos Santos Rodrigues (OUTRAS
TESTEMUNHAS)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
74335 22/08/2022 17:12 ALEGAÇÕES FINAIS PAULO PAVÃO Alegações Finais Digitalizada
054
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5º VARA
CRIMINAL DA COMARCA DA ILHA DE SÃO LUIS.
Processo nº 0853080-52.2021.8.10.0001
PAULO ROBERTO PAVÃO DINIZ, já qualificado nos autos da ação
penal, em epígrafe, que lhe move a justiça pública desta
comarca, via sua defensora, assinado digitalmente, permissa
vênia, vem perante a conspícua e preclara presença de Vossa
Excelência, nos termos do artigo 403, do CPP, com redação
dada pela Lei 11.719, de 20/06/2008, tempestivamente,
apresentar.
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAL
face aos fatos, razões e fundamentos a seguir perfilhados:
SÚMULA DOS FATOS
A exordial acusatória imputou ao acusado, ora
defendente a prática do ilícito penal incrustado na norma
proibitiva do artigo 157, § 2º, inciso II e § 2º-A, inciso
I, c/c art. 288, parágrafo único, todos do Código Penal;
A denúncia foi recebida em 16/12/2021 (Id. 58323840).
Os denunciados foram citados (ID 59494313, 59963431 e
60059300), e apresentaram resposta à acusação (ID 59692399,
60744446 e 59692399). Na audiência de instrução (Id.
67693759, os autores, foram taxativos ao falar que o
defendente não teve qualquer participação, e confirmaram ser
o defendente motorista de aplicativo, assim como documento
juntado, mesmo assim o Ilustre Membro do Parquet está pedindo
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a condenação, sem sequer uma prova robusta, ou indícios de
autoria e materialidade, durante a fase inquisitiva, bem
como na instrução nenhum elemento de convicção foi coletado
em detrimento da pessoa do acusado, ficando a pretensão
ministerial ancorada única e exclusivamente em suposições,
o que por si só não é suficiente para alicercear ou sustentar
um eventual decreto condenatório.
DO DIREITO
A legislação ordinária complementa a norma
constitucional atinente à garantia do devido processo legal.
Quase todas as constituições modernas trazem fundamentos e
garantias ao processo e, principalmente, ao instrumento
próprio para realização da Justiça Penal, eis que, nele, há
intenção estatal de comprometer o ius libertatis, bem
jurídico maior do cidadão. E é inegável que de nada
adiantaria a previsão constitucional, se a legislação
processual não lhe completasse, como bem assinado no
magistério de JOÃO MENDES JÚNIOR, na seguinte ordem:
“ As leis do processo são o complemento necessário
das leis constitucionais, e as formalidades do
processo, as atualidades das garantias
co9nstitucionais”
No mesmo diapasão tem sido o entendimento esposado pelo
Tribunal de Justiça do Maranhão, na venerável decisão
proferida no Habeas Corpus nº , cuja ementa assim dita:
A Constituição Federal assegura o princípio da presunção de
inocência, figurado, agora, verdadeiro direito público
subjetivo constitucional do acusado. O ônus da prova da
ocorrência do crime cabe ao órgão acusação, não logrando
êxito a absolvição torna-se imperativo de ordem pública.
No descortino da lei processual penal, edita o artigo 156,
do CPP.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá
a quem a fizer; mas o juiz poderá, no
curso da instrução ou antes de proferir
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sentença, determinar, de ofício,
diligências para dirimir dúvida sobre
ponto relevante.
No caso em apreço, a acusação competia o ônus da prova
dos fatos alegados na denúncia e nada conseguiu provar
durante a instrução criminal, erigindo sua pretensão
condenatória única e exclusivamente pela APF, não há sequer
uma testemunha, imagem ou qualquer meio de prova que
corrobore a alegação do parquet que o réu, deu fuga aos
acusados, que em sede de instrução processual, inclusive,
negaram a participação do defendente.
Conforme nossa melhor doutrina e jurisprudência
dominante, no direito penal da culpa não há espaço jurídico
para presunção de culpabilidade. O ônus processual da pro9vfa
pertence à acusação e não ao sujeito da defesa, que de forma
precisa demonstra a veracidade de suas desculpas, vez que o9
que impera é a tutela do silêncio. Vale dizer, o acusado não
está obrigado a provar que é inocente.
O juiz decide pelo princípio da não culpabilidade, mesmo
que vigorosas sejam as presunções e ilações, o que não é o
caso em apreço, sem sucesso, não há prova robusta, haja vista
não ter sido comprovado a materialidade delitiva tão pouco
a autoria delitiva.
É correto afirmar que o NULLUM CRIMEN SINE ACTIO seja
o reitor do direito penal. E o agente ativo da conduta fática
só pode ser punido pelo fato existente na realidade. Jamais
pela presunção, assim, sendo a absolvição do acusado PAULO
ROBERTO PAVÃO DINIZ, se impõe diante da fragilidade da prova
coligida nos autos, no que pertine a sua suposta participação
no fato narrado na exordial acusatória.
A jurisprudência dominante, principalmente a do
Tribunal de nosso Estado, tem repudiado a adoção de prova
não jurisdicionalizada como suporte para sentença
condenatória conforme o seguinte arestos:
Efetivamente, todavia, não há nos autos prova da suposta
participação do acusado PAULO ROBERTO PAVÃO DINIZ além de
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estar exercendo o seu trabalho de motorista de aplicativo,
todo o resto é especulação, mesmo após depoimento dos
verdadeiros réus, o parquet insiste em uma condenação
inconsistente, pois não evidenciam de forma clara e
conclusiva acerca de sua responsabilidade penal,
impondo-se uma absolvição nos termos do art. 386, VII, do
CPP, com nova redação dada pela Lei nº 11.690, de 09.06.2008-
DOU 10.L06.2008.
Consoante o insuperável magistério do ilustre
jurisconsulto peninsular CARRARA:
O processo penal é o que há de mais sério nesse
mundo. Tudo nele deve se claro como a luz, certo como
a evidência positivo como qualquer grandeza algébrica.
Nada de ampliável, de pressuposto, de anfibológico.
Assente o processo na precisão morfológica legal e
nesta outra precisão mais salutar ainda: a verdade
sempre desativa as dúvidas.
In suma não provada de forma absoluta e indiscutível a
eventual participação do acusado PAULO ROBERTO PAWVÃO DINIZ,
ora defendente, imperioso se torna a aplicação do non liquet
com a sua consequente absolvição, nos termos do artigo 386,
VI, do Código de Processo Penal, ao passo que uma possível
condenação seria temerária, ante a precariedade e
fragilidade da prova deduzida em juízo.
EX POSITIS
Espera o acusado PAULO ROBERTO PAVÃO DINIZ, sejam as
presentes alegações finais, recebidas, vez que próprias e
tempestivas, julgando improcedente a denúncia nos termos da
argumentação ut retro invocada, decretando sua ABSOLVIÇÃO,
pois desta forma Vossa Excelência estará restabelecendo o
império da Lei, do Direito e da Excelsa JUSTIÇA.
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São Luís, data do sistema.
MÁRCIA CAMILA COSTA BASTOS
OAB/MA 18.669
PEDRO AUGUSTO SILVA MORAES PAULO MAURICIO DA SILVA SANTANA
Estagiário Estagiário
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