Em Portugal, à semelhança do resto da União Europeia,
Geografia a atividade agrícola tem vindo a perder importância.
No entanto, continua a ter algum peso na criação de
As Áreas Rurais em Mudança emprego e detém uma enorme importância na
ocupação do espaço e conservação da paisagem,
AS DEFICIÊNCIAS ESTRUTURAIS
sendo a atividade mais importante em algumas áreas do
Produtividade – relação entre o que se produz e a nosso país.
quantidade de mão-de-obra utilizada.
As diferentes paisagens agrárias refletem a conjugação
Rendimento – relação entre o que se produz e a área da morfologia agrária, do sistema de cultura e das
utilizada. formas de povoamento rural, que variam de região para
região devido a:
O que são áreas rurais?
→ fatores naturais, como o clima, o relevo e o solo;
O espaço rural, área reconhecidamente com
→ fatores humanos, de ordem histórica, cultural e
características que opõem o campo à cidade, com
política.
destaque para:
Caracterização do espaço agrário:
→ grande proporção da população ocupada com
trabalho agrícola; Morfologia agrária
→ predominância do natural sobre a artificialização → Dimensão das explorações:
humana própria das paisagens urbanas; - latifúndios
→ menor dimensão dos povoados relativamente às - minifúndios
cidades ou vilas; - microfúndios
→ baixa densidade populacional; → Forma das explorações:
→ maior homogeneidade nas relações sociais entre a - regular (ou geométrica)
população, com maior conservadorismo nas - irregular
crenças e atitudes; → Fragmentação das explorações:
→ menor intensidade na mobilidade, tanto espacial - elevada
como social; - reduzida
→ existência de uma rede social mais fechada, que - nula
inclui a cooperação na vida económica e um elevado → Presença/ausência de vedações:
grau de ajuda mútua. - campos abertos
- campos fechados
O espaço rural tem sofrido alterações importantes nos → Densidade da rede de caminhos.
últimos tempos em resultado da expansão urbana,
sobretudo nas áreas mais próximas das grandes
Sistema de cultura
cidades.
→ Aproveitamento do solo:
Espaço rural – espaço onde se desenvolvem as - intensivo
atividades agrícolas, mas também as atividades ligadas - extensivo
à silvicultura, à pecuária, ao turismo, ao artesanato e à → Variedade de culturas:
produção de energias renováveis. - policultura
- monocultura
Espaço agrário – superfície que integra o espaço → Rotação das culturas:
agrícola e elementos diretamente relacionados com a - afolhamento com pousio
atividade agrícola, como os caminhos de acesso às - afolhamento sem pousio
explorações agrícolas, os estábulos, os armazéns, → Utilização ou não de rega:
canais de rega, etc. - agricultura de regadio
Espaço agrícola – espaço destinado à produção vegetal - agricultura de sequeiro
e/ou animal.
Povoamento rural (ou habitat rural)
- disperso
- concentrado
- misto
Sistemas de culturas Nos sistemas extensivos:
- o solo não está totalmente e permanentemente
Intensivo Extensivo ocupado;
Quando existe uma - habitualmente pratica-se a rotação de culturas, por
ocupação vezes com pousio;
descontinua do solo, - monocultura;
Aproveita- Quando existe - solos pobres;
que é cultivado sem
mento da uma ocupação
regime de - carência de água;
terra continua do
afolhamento com - predominam as culturas de sequeiro.
solo durante
rotação de cultura e Regiões agrárias: Trás-os-Montes e Alentejo.
todo o ano.
pousio. Também
existe sem pousio na AS REGIÕES AGRÁRIAS
agricultura moderna.
Policultura Monocultura
Quando numa
mesma parcela
de terra Quando numa
Variedade existem várias mesma parcela de
cultural culturas, ex.: terra existe apenas
batata, tomate, uma cultura, ex.: o
feijão, alface e milho.
árvores de
fruto.
Regadio Sequeiro
Quando as espécies
Quando as vegetais não
Necessidade espécies necessitam de ser
de água vegetais regadas,
necessitam de desenvolvendo-se
ser regadas. apenas com a água
das chuvas.
Na generalidade associa-se o sistema: A grande diversidade de paisagens rurais no nosso país
está na base da delimitação de nove regiões agrárias –
→ intensivo à policultura e aos campos de pequena sete no continente e duas nas regiões autónomas. As
dimensão, irregulares e fechados; características destas regiões refletem as condições
→ extensivo à monocultura e aos campos de grande naturais e humanas do território.
dimensão, regulares e abertos.
FATORES FÍSICOS E HUMANOS QUE CONDICIONAM A
Nos sistemas intensivos: AGRICULTURA
- o solo é total e continuamente ocupado;
- é comum a policultura; Fatores naturais - clima
- solos férteis; - relevo
- abundância de água; - solos
- mão de obra numerosa; - recursos hídricos
- predominam as culturas de regadio. Fatores humanos - históricos
Regiões agrárias: Beira Litoral, Madeira e algumas ilhas - culturais
dos Açores. - políticos
- tecnológicos
CLIMA HISTÓRICO-CULTURAIS
É um dos fatores mais importantes para a prática Norte:
agrícola, condicionando a opção relativa às espécies a - maior densidade populacional
cultivar e sua regularidade e quantidade de colheitas, - maior passagens transgeracionais das terras (devido
devido, aos principais elementos do clima – a a um passado histórico mais antigo, passado pelo facto
temperatura e a precipitação. de o processo de Reconquista ter acontecido mais cedo)
- relevo mais acidentado
RELEVO
→ relevo plano
- mais favorável ao desenvolvimento da agricultura maior fragmentação de propriedades
- solos mais férteis
Sul:
- favorável à utilização de tecnologias agrícolas
- menor densidade populacional
- forma mais organizada e tardia de Reconquista
→ relevo mais acidentado
- relevo caracterizado por planícies
- sofre erosão
- menos fértil
- mecanização condicionada
menor fragmentação das propriedades
→ influência do relevo na prática agrícola POLÍTICOS
- altitude: altitude aumenta – temperatura diminui
– precipitação aumenta PAC
- condiciona as escolhas das espécies e quantidades
condiciona a escolha do cultivo de espécies vegetais que se cultivam;
- condiciona as práticas agrícolas como a utilização de
- declive: maior declive – maior erosão do solo – produtos químicos;
dificuldade no uso de máquinas agrícolas - incentivo à modernização das práticas agrícolas
através da atribuição de subsídios.
Vertente: soalheira e umbria.
PROBLEMAS ESTRUTURAIS DA AGRICULTURA
SOLOS PORTUGUESA
Em Portugal, de um modo geral, dão pouco profundos Os problemas estruturais que caracterizam a
e são escassos os que apresentam aptidão agrícola. agricultura nacional podem ser de ordem:
RECURSOS HÍDRICOS → natural, os condicionalismos naturais, dado que a
São fundamentais para a agricultura, na medida em que: atividade agrícola está muito dependente de fatores
- a maior abundância e regularidade da precipitação naturais, como o clima, o solo, o relevo, etc…
favorece a agricultura; → estrutural, os condicionalismos estruturais, que
- a escassez e a irregularidade da precipitação estão associados à ação humana e englobam, por
condicionam a prática agrícola, levando à necessidade exemplo:
de recorrer a sistemas de rega artificial. - a estrutura das explorações agrícolas e a
estrutura fundiária:
A estrutura fundiária portuguesa tem condicionado a
modernização e racionalização da agricultura nacional,
dado que:
- condiciona a introdução de novas técnicas agrícolas,
como a mecanização;
- traduz um aumento dos custos de produção, pois as
deslocações, por exemplo, implicam sempre perdas de
tempo, maior desgaste do material e aumento do
consumo de combustível.
- os modos de exploração da terra: Por outro lado, em algumas regiões do interior, o apego
As principais formas de exploração da terra são: à terra e a falta de alternativas profissionais, podem levar
- por conta própria (exploração direta) – forma à manutenção da atividade agrícola, mesmo com pouca
predominante; viabilidade económica.
- por arrendamento (exploração indireta) – aumento da
importância nas explorações agrárias de maior
Características da População
dimensão. Ativa Agrícola
Ao nível da natureza jurídica os produtores podem ser: A população agrícola tem registado:
- produtores singulares; - uma diminuição;
- sociedades. - um envelhecimento;
Os produtores singulares predominam, utilizando - uma baixa instrução e qualificação.
principalmente mão de obra familiar, enquanto as FATORES
sociedades agrícolas apesar do aumento, registam um
menor peso, verificando-se, no entanto: A diminuição da população ativa na agricultura está
- uma maior importância nas explorações de maior associada a fatores como:
dimensão; - a diminuição do nº de exp. ag. e do agregado familiar;
- uma maior produtividade e competitividade face às - os progressos tecnológicos, como a mecanização dos
outras explorações. campos;
- o êxodo rural, resultante da procura de trabalho em
Exploração por conta própria quando o produtor é o outros setores de atividade, primeiro na indústria e
proprietário, isto é, quando recai sobre o produtos a depois nos serviços;
responsabilidade sobre a tomada de decisão e sobre a - o envelhecimento da população que trabalha na
obtenção das perdas e lucros, podendo, no entanto, agricultura;
utilizar mão de obra familiar. - a pouca atividade da agricultura para a população mais
Exploração por arrendamento quando o produtos paga jovem.
uma renda anual ao proprietário da exploração (o
produtor não é o proprietário da exploração) e pode IMPORTÂNCIA DA PLURIATIVIDADE E DO
usufruir da totalidade dos resultados da exploração, PLURIRRENDIMENTO
mas, de acordo com a natureza do contrato, as perdas Pluriatividade – prática, em simultâneo, do trabalho na
e ganhos podem ser repartidos entre este e o agricultura e em outras atividades.
proprietário.
- as características da população agrícola. Plurirrendimento – acumulação de rendimentos
As explorações de pequena dimensão continuam a ser oriundos da atividade agrícola e de outras atividades.
predominantes, apesar de terem sido estas que
A pluriatividade e o plurirrendimento são fundamentais
sofreram a maior redução (emparcelamentos). Estas
para a manutenção do espaço rural, uma vez que
predominam no norte e centro litoral, bem como na
associados aos laços afetivos que ligam a população
Madeira. Contrariamente no sul do país, predominam
agrícola à terra, vão atenuando o abandono da atividade
as explorações de maior dimensão, sobretudo no
agrícola e o êxodo rural e contribuindo para o
Alentejo que, apesar de ter um reduzido número de
desenvolvimento rural.
explorações, concentra as explorações de maior
- fixa população
dimensão média.
- agricultura vista como um extra – falta de investimento
REDUÇÃO DAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS – FATORES
A redução do número de explorações agrícolas
resultou:
- do abandono das terras agrícolas;
- da absorção das superfícies das pequenas explorações
agrícolas pelas de maior dimensão.
Beira Interior – falta de viabilidade económica, que
promove as migrações;
Algarve – envelhecimento (aplicado a todo o país);
Beira Litoral – pressão urbanística.
A SAU, AS CULTURAS TEMPORÁRIAS E PERMANENTES
A nível regional:
Algarve – citrinos;
Trás-os-Montes – frutos de casca rija e vinha;
Entre Douro e Minha e Madeira – frutos subtropicais;
Alentejo – Olival.
OCUPAÇÃO DO SOLO E AS SUAS APTIDÕES
A utilização do solo está associada a problemas que
traduzem a degradação dos solos, os baixos
rendimentos e a fraca produtividade. Os problemas
associados à utilização do solo podem traduzir-se:
Gestão e Utilização do Solo Arável
OCUPAÇÃO DA SAU
SAU – superfície agrícola utilizada: constituída pelas
terras aráveis (inclui as culturas temporárias e o
pousio), culturas permanentes, pastagens permanentes
e hortas familiares.
Terras aráveis:
- terras cultivadas destinadas à produção vegetal;
- terras retiradas de produção;
- terras que mantenham boas condições agrícolas e
ambientais;
- terras ocupadas por estufas ou outras estruturas fixas
ou móveis.
Culturas temporárias – culturas cujo ciclo vegetativo
não excede 1 ano e as que excedem este período são
ressemeadas com intervalos que não excedem 5 anos.
Pousio
FATORES
As alterações registadas na composição da SAU,
sobretudo ao nível do decréscimo das terras aráveis
ficaram a deve-se a fatores como:
- volatilidade do mercado das culturas arvenses
(temporárias), sobretudo dos cereais;
- escalada de preços dos meios de produção;
- desproteção gradual do mercado das culturas
arvenses;
- revisões decorrentes da reforma da PAC de 2003.
Em termos regionais a composição da apresentou uma
repartição variável, devido:
- à diferente natureza e qualidade dos solos;
- às diferenças climáticas;
- às diferentes características do relevo;
- aos fatores de ordem económica e social.
