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Sedimentos 11038

Este documento apresenta um resumo dos estudos sedimentológicos realizados no Rio Madeira para caracterizar os impactos da implantação das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. O trabalho foi dividido em três etapas: a primeira caracterizou o trecho hidráulico e sedimentológico com dados disponíveis, a segunda envolveu novas medições de campo, e a terceira usou modelos para analisar processos fluviais e sedimentação.

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Sedimentos 11038

Este documento apresenta um resumo dos estudos sedimentológicos realizados no Rio Madeira para caracterizar os impactos da implantação das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio. O trabalho foi dividido em três etapas: a primeira caracterizou o trecho hidráulico e sedimentológico com dados disponíveis, a segunda envolveu novas medições de campo, e a terceira usou modelos para analisar processos fluviais e sedimentação.

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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

ÍNDICE

Item Assunto Página

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO 1.1

1.1 INTRODUÇÃO 1.2


1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO E ABORDAGEM GERAL 1.3
1.3. ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO 1.5

2. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO MADEIRA E DO ESTIRÃO EM ESTUDO 2.1

2.1. DESCRIÇÃO GERAL DA BACIA 2.2


2.2. REGIME FLUVIAL DO RIO MADEIRA 2.4
2.3. COMPORTAMENTO SEDIMENTOLÓGICO DO RIO MADEIRA 2.8

2.3.1. Aspectos Gerais 2.8


2.3.2. Aspectos Geomorfológicos 2.10

2.4. VIAGEM DE INSPEÇÃO – DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA 2.13

3. ESTUDOS ANTERIORES E DADOS PRODUZIDOS 3.1

3.1. DEFINIÇÃO DA SÉRIE DE VAZÕES MÉDIAS MENSAIS DO RIO MADEIRA 3.2


3.2. MEDIÇÕES DE DESCARGA SÓLIDA E ELABORAÇÃO DE CURVAS-CHAVE DE SEDIMENTO 3.4
3.3. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEDIMENTO NA BACIA 3.8
3.4. CARACTERIZAÇÃO DA GRANULOMETRIA DO SEDIMENTO DO RIO MADEIRA 3.10

4. CARACTERIZAÇÃO HIDRÁULICA DO ESTIRÃO FLUVIAL DE INTERESSE 4.1

4.1. METODOLOGIA E CRITÉRIOS 4.2


4.2. DADOS BÁSICOS 4.3
4.3. CALIBRAÇÃO DO MODELO HEC-RAS 4.5
4.3.1 Reservatório de Santo Antônio 4.6
4.3.2 Reservatório de Jirau 4.6

4.4. SIMULAÇÃO DOS PERFIS DE LINHA D’ÁGUA NOS DOIS TRECHOS SIMULADOS 4.7
4.4.1. Perfis do Trecho Correspondente ao Reservatório de Santo Antônio 4.8
4.4.2. Perfis do Trecho Correspondente ao Reservatório de Jirau 4.13

4.5. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO COM E SEM RESERVATÓRIO 4.18

5. AVALIAÇÃO DO ASSOREAMENTO DOS RESERVATÓRIOS 5.1

5.1. INTRODUÇÃO 5.2


5.1.1. Dados Básicos 5.2
5.1.2. Metodologia 5.5
5.1.3. Aplicação do Modelo 5.6
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

5.2. ESTUDO DO ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO DE SANTO ANTÔNIO 5.9


5.2.1. Cálculo do Volume Assoreado 5.9
5.2.2. Cálculo do Volume Assoreado no Pé da Barragem 5.10
5.2.3 Análise dos Resultados 5.13

5.3. ESTUDO DO ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO DE JIRAU 5.15


5.3.1. Cálculo do Volume Assoreado 5.15
5.3.2. Cálculo do Volume Assoreado no Pé da Barragem 5.19
5.3.3. Análise dos Resultados 5.25

6. MODELAGEM HIDROSSEDIMENTOLÓGICA DO RIO MADEIRA 6.1

6.1 DESCRIÇÃO DO MODELO HEC-6 6.2


6.1.1. Introdução 6.2
6.1.2. Bases Teóricas Para os Cálculos Hidráulicos 6.3
6.1.3. Bases Teóricas Para os Cálculos Sedimentométricos 6.5
6.1.4. Resultados Fornecidos Pelo Modelo HEC-6 6.9

6.2. DADOS DISPONÍVEIS PARA SIMULAÇÃO 6.9


6.2.1. Seções Transversais 6.9
6.2.2. Parâmetros Hidráulicos 6.12
6.2.3. Condições de Contorno 6.12
6.2.4. Dados de Transporte de Sedimento – Curva-Chave de Sedimentos 6.13
6.2.5. Caracterização do Material do Leito 6.15

6.3. PROCEDIMENTOS PARA AJUSTE DO MODELO 6.17


6.4. DESCRIÇÃO DOS CASOS SIMULADOS 6.20
6.5. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES 6.21
6.5.1 Simulações Considerando um Condição Estabilizada de Produção
de Sedimento no Rio Madeira 6.23
6.5.2. Simulações Considerando um Crescimento de 2% ao Ano na Produção
de Sedimento no Rio Madeira 6.35

6.6. ANÁLISE DOS RESULTADOS 6.47


6.6.1. Tendência Natural do Rio Madeira no Trecho em Estudo 6.47
6.6.2. Balanço Sedimentológico 6.49
6.6.3. Evolução do Sedimento Junto às Barragens 6.51
6.6.4. Granulometria do Material Depositado 6.52

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1

8. BIBLIOGRAFIA 8.1

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 ii Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 1.1 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

1.1 INTRODUÇÃO

A presente Nota Técnica tem por objetivo consolidar os estudos sedimentológicos


realizados para caracterização dos impactos decorrentes da implantação dos
Aproveitamentos Hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio sobre o regime fluvial e
sedimentológico do rio Madeira.

Os estudos realizados cobriram todo o estirão do rio Madeira desde sua confluência com
o rio Beni, a montante dos futuros reservatórios, até a confluência com o rio Jamarí,
cerca de 50 Km a jusante da barragem de Santo Antônio. Inserem-se em uma
programação de trabalho mais abrangente, formulada com o objetivo de responder a três
questões propostas no âmbito dos Estudos de Meio Ambiente, a saber:

1. Espacialização dos sedimentos no reservatório – Elaboração de uma carta


temática que localize no reservatório os pontos mais importantes de acúmulo de
sedimentos, indicando também os quantitativos destas deposições.
2. Tipos de sedimentos predominam nos pontos notáveis de deposição –
Complementando o item anterior, indicar a faixa granulométrica predominante em
cada depósito.
3. Depósitos identificados: sazonais e permanentes – Considerando os dois itens
anteriores, estimar quais deposições são permanentes, não sendo removidas
para jusante em virtude do ciclo hidrológico e de operação.

O confronto dessas questões com a base de dados disponível indicou ser necessário
abordar o problema por etapas, tendo sido estabelecida uma programação geral,
distribuindo o trabalho em três etapas sucessivas, conforme descrito a seguir:

Primeira etapa – realizada com base nos dados e levantamentos disponíveis propiciados
pelo Inventário Hidrelétrico do Rio Madeira e nos Estudos de Viabilidade do AHE Jirau e
Santo Antônio, visando a: caracterização hidráulica e sedimentológica geral do trecho de
interesse, empregando ferramentas compatíveis com as informações disponíveis.

Segunda etapa – realização de uma campanha complementar de levantamentos de


campo, cuja programação será definida como resultado da primeira etapa dos estudos.
Essa campanha, voltada para subsidiar os estudos da terceira etapa, deverá ser centrada
no levantamento de novas seções topobatimétricas e perfis longitudinais do leito do rio,
além da realização de medições de descarga líquida e sólida e análises granulométricas
para caracterização do material do leito.

Terceira etapa – a ser desenvolvida após a realização da campanha complementar:


serão realizados estudos mais aprofundados, objetivando caracterizar os processos
fluviais de forma mais precisa. Para tanto, deverá ser empregado um modelo
hidrodinâmico acoplado a modelo de transporte de sedimento, ambos desenvolvidos com
base nos dados coletados.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 1.2 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Apenas a primeira etapa da programação acima é abordada no presente documento,


sendo apresentada, ao final, algumas sugestões e recomendações com relação às duas
etapas seguintes dos estudos.

1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO E ABORDAGEM GERAL

A construção de uma barragem e a formação de um reservatório ocasiona mudanças


significativas num curso d’água, reduzindo as velocidades médias do escoamento e
criando bolsões sem escoamento que propiciam a deposição de sedimentos que antes
eram carreados para jusante. Com isso, o equilíbrio sedimentológico do estirão fluvial é
quebrado, trazendo reflexos a montante e a jusante da barragem, cuja magnitude
depende do grau de modificação de regime introduzido pelo barramento.

De uma forma geral, é de se esperar, quando se implanta uma barragem em um curso


d’água, que a redução de velocidades dentro do reservatório formado dê início a um
processo de assoreamento, com o sedimento mais grosso se depositando logo na
entrada do reservatório, enquanto que as partículas mais finas se depositam ao longo do
mesmo, preferencialmente nos locais de menor velocidade ou de água estagnada.

Ao mesmo tempo, a água liberada a jusante da barragem conduz uma quantidade menor
de sedimentos, devido à parcela que ficou retida no reservatório, apresentando por isso
uma “sobra” de energia, que acaba resultando em trabalhos de erosão a jusante do
barramento.

Com o tempo, espera-se que esta situação evolua para um novo regime de equilíbrio.
Dentro do reservatório, à medida que o assoreamento vai evoluindo, as velocidades
voltam a aumentar, reduzindo assim, paulatinamente, a parcela de sedimento que se
deposita. Costuma-se dizer que a capacidade de retenção de sedimentos do reservatório
diminui com o tempo.

De forma equivalente, o desequilíbrio sedimentológico no estirão a jusante da barragem


tende a diminuir, porque o material erodido imediatamente a jusante acaba se
depositando mais adiante, reduzindo aos poucos a declividade média do trecho, até um
novo perfil de equilíbrio se estabeleça.

O processo de assoreamento dos reservatórios pode trazer diversos impactos


importantes, tais como:

• Diminuição da capacidade de armazenamento do reservatório, com reflexos na


regularização de vazões e, no caso de usinas hidrelétricas, possíveis perdas na
produção energética;
• Intensificação dos efeitos de remanso, com elevação gradual dos níveis d’água na
região da entrada (montante) do reservatório;
• Em casos extremos, quando o sedimento alcança o pé da barragem e a região da
Tomada d’Água da Usina, podem ocorrer danos aos equipamentos hidromecânicos e,
às vezes, interrupção da geração.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 1.3 Engº José Eduardo Moreira


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Pelo seu turno, o desequilíbrio sedimentológico que ocorre a jusante da barragem pode
acarretar:

• Erosão do leito fluvial e das margens imediatamente a jusante da barragem;


• Deposição de sedimento erodido um pouco mais a jusante, com o risco de surgimento
de bancos de areia ou ilhas;
• Interferência com a navegação.

Por estes motivos, é muito importante a realização de avaliações qualitativas e


quantitativas do processo de assoreamento dos reservatórios e da evolução do leito a
jusante das barragens.

Nos estudos de Viabilidade de Usinas Hidrelétricas, constitui prática normal a realização


de estudos de Remanso e de Vida Útil dos reservatórios formados. Na grande maioria dos
casos, estes estudos permitem uma análise adequada dos impactos decorrentes da
quebra do equilíbrio sedimentológico do estirão afetado pelo empreendimento.
Naturalmente, estes estudos foram realizados durante a elaboração dos Estudos de
Viabilidade das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, e serão
parcialmente reproduzidos no presente trabalho.

Considerando que o rio Madeira caracteriza-se por apresentar elevadíssimas


concentrações de sedimentos em suspensão, alcançando valores que se destacam
quando comparados com outros cursos d’água no Brasil e no mundo, é natural que se
dispense um cuidado especial na análise do desequilíbrio sedimentológico provocado
pela introdução das barragens de Jirau e Santo Antônio. Este cuidado conduziu ao
desenvolvimento dos trabalhos aqui apresentados, cuja metodologia passa a ser descrita.

A metodologia empregada no presente estudo foi orientada no sentido de identificar os


principais desequilíbrios esperados, através da análise dos estudos realizados durante o
Projeto de Viabilidade das duas usinas, para em seguida aprofundar as análises através
do emprego de um modelo de hidráulica fluvial com fundo móvel, o modelo HEC-6, capaz
de quantificar a evolução da calha fluvial através da realização de balanços
sedimentológicos por trechos.

Assim, num primeiro momento foram analisados os resultados dos estudos de remanso,
buscando identificar os trechos do rio Madeira que apresentam maiores reduções no
regime de velocidade, após a implantação dos reservatórios. Estes trechos são mais
propícios à deposição de sedimentos transportados pelo rio em suspensão ou por arraste.
Essa análise foi realizada com auxílio do modelo HEC-RAS – River Analysis System,
desenvolvido pelo U. S. Corps of Engineers.

Em seguida, foram analisados os resultados dos estudos de vida útil do reservatório,


realizados durante o Projeto de Viabilidade, que apresentam avaliações quantitativas dos
volumes de sedimento depositados nos reservatórios ao longo do tempo. Estas
estimativas são feitas por métodos empíricos, de uso consagrado na literatura técnica, e
permitem também uma avaliação da evolução da cota dos sedimentos junto à barragem,

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 1.4 Engº José Eduardo Moreira


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informação de grande importância para o correto posicionamento e proteção das


estruturas de geração.

Finalmente, foi aplicada uma abordagem mais abrangente, com o emprego do modelo
HEC-6, que permite avaliar a evolução da geometria das seções da calha fluvial em todo
o estirão modelado, tanto a montante quanto a jusante dos barramentos.

1.3. ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO

O presente relatório está organizado da seguinte forma:

Item 1 – esta nota introdutória, que justifica e descreve a abordagem geral do trabalho;

Item 2 – apresentação de uma caracterização geral da bacia do rio Madeira e do estirão


fluvial de interesse aos estudos, com base em trabalhos realizados anteriormente;

Item 3 – apresentação dos estudos realizados anteriormente e dos dados que serviram de
base para realização dos trabalhos.

Item 4 – Caracterização hidráulica do estirão fluvial em estudo, com aplicação do modelo


HEC-RAS. São feitas as análises de velocidades médias, identificação de trechos de
quebra de declividade, etc.

Item 5 – Quantificação dos volumes de sedimentos retidos nos reservatórios com base
nos estudos de vida útil;

Item 6 – Modelagem sedimentológica conjunta de todo estirão, realizada com base no


modelo HEC-6.

Item 7 – Análise conjunta dos resultados obtidos, apresentação das conclusões e


recomendações.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 1.5 Engº José Eduardo Moreira


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2. CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO
RIO MADEIRA E DO ESTIRÃO EM
ESTUDO

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.1 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Neste item são descritas as principais características da bacia do rio Madeira e do estirão
em estudo, tomando por base estudos existentes, informações obtidas nos Projetos de
Viabilidade dos aproveitamentos de Santo Antônio e Jirau e as impressões colhidas
durante a viagem de reconhecimento realizada em dezembro de 2004.

2.1. DESCRIÇÃO GERAL DA BACIA

O rio Madeira é um dos maiores afluentes do rio Amazonas, drenando, segundo a ANA –
Agência Nacional de Águas uma área de 1.420.000 km², que se desenvolve em territórios
do Brasil, Bolívia e Peru. O Desenho PJ-0532-V3-GR-DE-0003 apresenta a planta da
bacia Hidrográfica do rio Madeira.

É formado pela confluência dos rios Mamoré e Beni, ambos apresentando suas nascentes
na Cordilheira dos Andes. Pelas suas características físicas, pode-se dividir o curso total
do sistema hidrográfico do Madeira em três trechos distintos:

• Alto Madeira, constituído praticamente por seus formadores;


• Trecho das cachoeiras, entre Guajará Mirim e a cachoeira de Santo Antônio;
• Baixo Madeira, a jusante da cachoeira de Santo Antônio.

Denomina-se Alto Madeira a grande ramificação dos seus formadores, sendo difícil
determinar qual deles pode ser considerado como o tronco principal do rio Madeira. O
maior em comprimento é o rio Mamoré, porém o mais caudaloso é o rio Beni. Todos eles
nascem em altitudes elevadas e correm inicialmente com acentuada declividade em leitos
encachoeirados. Descendo aos terrenos planos, tornam-se tortuosos, com aumentos
locais de declividade decorrentes da presença de pequenas corredeiras, bancos de areia
e ilhas de aluvião que diminuem as suas seções transversais.

O trecho das cachoeiras no rio Madeira, de grande importância para o presente trabalho,
inicia-se logo a jusante da cidade de Guajará-Mirim e termina a montante de Porto Velho,
na chamada Cachoeira de Santo Antônio. O comprimento deste trecho, incluindo um
trecho de 20 km ainda no rio Mamoré, é da ordem de 360 km, com um desnível total de
70 m, ao longo do qual apresenta 18 cachoeiras ou corredeiras.

A bacia, no trecho a jusante da foz do rio Abunã, não recebe contribuições significativas
pela margem esquerda, onde se resume a uma faixa insignificante com uma largura
média inferior a 100 km.

Pela margem direita a contribuição afluente ao trecho não é também muito significativa,
pois o único rio de porte que nele deságua é o Jaciparaná, que drena uma área da ordem
de 12.000 km2, muito pequena quando comparada a bacia do rio Madeira na foz do rio
Jaciparaná.

O Baixo Madeira inicia-se na Cachoeira de Santo Antônio e estende-se até sua foz no rio
Amazonas. A extensão desse trecho é da ordem de 1.100 km, com um desnível total
aproximado de apenas 19 m. Sua foz no Amazonas é constituída por dois canais,

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.2 Engº José Eduardo Moreira


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desaguando o primeiro a cerca de 50 km a montante da cidade de Itacoatiara, e o


segundo, que se liga ao rio Maués, desaguando a montante de Parintins.

Apresenta-se a seguir uma breve descrição dos principais formadores do rio Madeira: rios
Guaporé, Mamoré, Beni / Madre de Dios e Abunã.

• Rio Guaporé

O Rio Guaporé ou rio Iténez, como também é denominado na Bolívia, nasce a cerca de
1.800 metros de altitude, na Chapada dos Parecis, no Estado de Mato Grosso, com uma
extensão total de cerca de 1.700 km escoando no sentido Oeste a Noroeste.

Após percorrer cerca de 340 km em território brasileiro, passa ser a divisão entre Brasil e
Bolívia nas imediações de Catamarca, na Bolívia. A partir daí, desenvolve por mais 850
km até desaguar no rio Mamoré nas vizinhanças das cidades de Colocação da Surpresa
em território brasileiro e Capitanía de Puerto Abaroa em território boliviano. O rio Guaporé
é navegável por cerca de 1.180 km, desde sua foz no Mamoré até a cidade de Vila Bela
da Santíssima Trindade, no Estado do Mato Grosso.

A época de estiagem compreende os meses de maio a dezembro enquanto que os meses


de maior precipitação estendem-se entre janeiro e abril. As máximas vazões ocorrem
entre os meses de janeiro e março.

• Rio Mamoré

O rio Mamoré tem sua origem na confluência dos rios Chapare e Ichilo em território
boliviano e é tido como o eixo fluvial mais importante da Bolívia. As nascentes desses
cursos d’águas localizam-se nos Andes – Cordilheira Oriental, a cerca de 5.400 m de
altitude. Desenvolve-se predominantemente no sentido Norte e é um rio internacional de
curso contíguo, que divide os territórios de Brasil e Bolívia por uma extensão de cerca de
230 Km.

A época de estiagem compreende os meses de maio a outubro e os meses de maior


precipitação estendem-se entre novembro e fevereiro. As máximas vazões ocorrem entre
janeiro e março.

• Rio Beni

O rio Beni é um dos grandes afluentes do rio Madeira e sua bacia, com cerca de 283.350
km2 de área de drenagem, desenvolve-se em território Boliviano e Peruano, com direção
predominante Norte e Nordeste. Suas nascentes localizam-se nos Andes - Cordilheira
Oriental, onde nasce com o nome de rio Tallija, na província Tapacarí do departamento de
Cochabamba, a cerca de 4.000 m de altitude.

Seu curso médio apresenta declividades acentuadas, que juntamente com a conformação
geológica, dão lugar às cachoeiras e cânions que constituem restrições à navegação.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.3 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

O rio Beni propriamente dito tem seu início na confluência dos rios Alto Beni e Kaka, nas
proximidades de Puerto Pando, Departamento de La Paz. Tem uma extensão de cerca de
1.010 Km até sua confluência com o rio Mamoré, próximo a Villa Bella, para formar o rio
Madeira.

A época de estiagem compreende os meses de maio a novembro, enquanto que os


meses de maior precipitação se estendem entre os meses de dezembro e março. As
vazões máximas ocorrem entre janeiro e março.

• Rio Madre de Diós

O rio Madre de Dios, chamado antes Amaru-Mayu, nasce em território peruano e ingressa
na Bolivia, nas proximidades de Puerto Heath. Escoa predominantemente na direção
nordeste, até desembocar no rio Beni, próximo a cidade de Riberalta.

É um rio internacional, de curso sucessivo e compreende desde seu ingresso na Bolívia


até sua afluência no rio Beni uma extensão de 483 Km.

Este rio caracteriza-se por sua enorme riqueza em ouro aluvionar depositado em seu
leito, razão pela qual é bastante significativa a atividade de garimpo através de dragagens
do leito. Seu curso é navegável em todo tramo boliviano servindo como via de
interconexão entre as populações ribeirinhas bolivianas e peruanas.

A época de estiagem compreende os meses de maio a dezembro enquanto os meses de


maior precipitação ocorrem entre janeiro e abril. As vazões máximas ocorrem entre
janeiro e março.

• Rio Abunã

O rio Abunã é também um rio internacional, constituindo parte da divisa entre Bolívia e os
estados de Rondônia e Acre, no Brasil. Tem sua origem na confluência dos rios
Chipamanu e Kharamanu, nas imediações da província Nicolás Suárez na Bolívia. Sua
extensão é de 375 km, até desembocar no rio Madeira a cerca de 6 km a jusante da Vila
do Abunã.

O rio Abunã é também uma importantes via navegável em território boliviano, não
existindo grandes obstáculos em seu curso. A época de estiagem compreende os meses
de maio a dezembro e os meses de maior precipitação estendem-se entre janeiro e abril.
As máximas vazões ocorrem entre janeiro e março.

2.2. REGIME FLUVIAL DO RIO MADEIRA

O regime fluvial do rio Madeira caracteriza-se por apresentar períodos de cheia e de


recessão bem definidos. De maneira geral, o início da subida do hidrograma ocorre
durante os meses de outubro / novembro, atingindo seu pico durante os meses de março /
abril, quando tem início a recessão, que se estende até setembro / outubro.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.4 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Em Porto Velho, o trimestre com maior vazão compreende os meses de fevereiro a abril.
O mês com maior freqüência de ocorrência do pico de cheia é o mês de março com 63 %.
(20 ocorrências em 32 eventos), seguido de abril com 34% (11 ocorrências em 32
eventos). Há registro de apenas um pico de cheia observado em fevereiro, no ano de
1987.

O trimestre com menor vazão compreende os meses de agosto a outubro, com as


mínimas vazões ocorrendo predominantemente no mês de setembro.

A vazão média no período histórico (1967 a 2001) é cerca de 19.000 m3/s, enquanto que
a vazão máxima diária registrada atingiu a 48.570 m3/s em 14 de abril de 1984. A vazão
mínima registrada ocorreu em setembro de 1995 atingindo cerca de 3.145 m3/s.

A Figura 2.1 apresenta uma ilustração do regime de vazões médias mensais do rio
Madeira em Porto Velho.

Figura 2.1
Vazões Médias Mensais no Rio Madeira em Porto Velho
50000

45000

Máximas
40000 Médias
Mínimas

35000

30000
Vazões (m³/s)

25000

20000

15000

10000

5000

0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Em Guajará-Mirim, o rio Mamoré tem um comportamento fluvial um pouco diferenciado


com os picos de cheia ocorrendo mais freqüentemente durante o mês de abril, portanto
defasados em relação ao pico de vazões do rio Madeira em Porto Velho, situado a
jusante. Este fato permite concluir que são os picos de vazões nos rios Beni / Madre de
Dios que determinam os picos de vazões no rio Madeira, como demonstrado nos
hidrogramas anuais de vazões médias diárias de Guajará-Mirim no rio Mamoré, Abunã e
Porto Velho no rio Madeira, e no hidrograma da diferença entre as vazões observadas em
Abunã e Guajará-Mirim, apresentados nas Figuras 2.2 a 2.4, respectivamente para os

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.5 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

anos de 1982, 1984 e 1986, as três maiores cheias observadas no rio Madeira em Porto
Velho.

Percebe-se, nessas figuras, que o pico de cheia em Guajará Mirim ocorreu com um
atraso, em relação ao pico de cheia em Porto Velho, de 11 a 40 dias.

Figura 2.2
Rios Mamoré e Madeira
Hidrogramas de Vazões Médias Diárias - Período: 1982

50.000

45.000 Guajará-Mirim
40.000
Abunã
35.000 Abunã - Guajará-Mirim
Vazões (m³/s)

30.000
Porto Velho
25.000

20.000

15.000

10.000

5.000

0
82

82

82

82

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82

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Data

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.6 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 2.3
Rios Mamoré e Madeira
Hidrogramas de Vazões Médias Diárias - Período: 1984

60.000

50.000
Guajará-Mirim
Abunã
40.000 Abunã - Guajará-Mirim
Vazões (m³/s)

Porto Velho
30.000

20.000

10.000

0
01/01/84 01/02/84 01/03/84 01/04/84 01/05/84 01/06/84 01/07/84 01/08/84 01/09/84 01/10/84 01/11/84 01/12/84
Data

Figura 2.4
Rios Mamoré e Madeira
Hidrogramas de Vazões Médias Diárias - Período: 1986

50.000
45.000
Guajará-Mirim
40.000
Abunã
35.000
Abunã - Guajará-Mirim
30.000
25.000
Porto Velho
20.000
15.000
10.000
5.000
0
6

6
/8

/8

/8

/8

/8

/8

/8

/8

/8

/8

/8

/8
1

2
/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/0

/1

/1

/1
01

01

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01

01

01

01

01

01

01

01

Dat a

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.7 Engº José Eduardo Moreira


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2.3. COMPORTAMENTO SEDIMENTOLÓGICO DO RIO MADEIRA

2.3.1. Aspectos Gerais

Boa parte da bacia do rio Madeira se localiza em região andina, região essa composta por
rochas areníticas de fácil desagregação. Além disso, a região possui alta precipitação, o
que juntamente com a geologia local provoca uma alta produção de sedimentos. Fatores
antrópicos como a ocupação crescente da região andina e o desmatamento na região
amazônica (área de floresta sendo transformadas em áreas para agropecuária)
contribuem com o crescimento na produção de sedimentos.

Para se ter uma idéia do porte de sedimentos do rio Madeira, apresenta-se na Figura 2.5
um gráfico comparativo das descargas sólidas em suspensão médias dos principais
formadores do rio Amazonas, segundo apresentado por Robert Meade do USGS.
Percebe-se que, apesar de possuir aproximadamente um terço da descarga líquida do rio
Solimões, o rio Madeira possui um aporte de sedimentos em suspensão da mesma ordem
deste rio, o que caracteriza o rio Madeira como um dos maiores do mundo em termos de
transportes de sedimentos.

Figura 2.5
Descarga Sólida em Suspensão na Bacia Amazônica

A precipitação na bacia contribuinte do rio Madeira não é homogêneia. Na região andina,


local onde os solos são descobertos e, conseqüentemente, mais suscetíveis à erosão, a
precipitação varia de 500 a 5.000 mm ao ano. Já na parte baixa da bacia, este valor fica
em média na faixa de 2.000 mm ao ano.

Embora nascendo ambos na Cordilheira Andina, os dois formadores do rio Madeira, rios
Mamoré e Beni, apresentam características bastante diferenciadas, conforme já ilustrado
no item precedente, quando se abordou o regime fluvial. De fato, o regime fluvial mais
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torrencial do rio Beni se reflete também em sua capacidade de erosão de margens e de


transporte de sedimento, fazendo com que sua contribuição ao regime sedimentológico
do rio Madeira seja muito mais significativa que a contribuição do rio Mamoré.

Assim, enquanto que o rio Beni apresenta águas barrentas, carregadas de sedimentos
resultantes da dissecação da Cadeia Andina, provocada por seu regime fluvial mais
torrencial e sujeito a repiquetes (ondas de cheia localizadas), o rio Mamoré apresenta
águas esverdeadas, muito menos carregadas de sedimento em suspensão. Isso se
explica porque o rio Mamoré possui extensas áreas deprimidas, entre os Andes e o
Planalto Brasileiro, que possibilitam o armazenamento de grande parte do sedimento
proveniente dos Andes. Essas áreas deprimidas são também responsáveis pelo
amortecimento dos hidrogramas do rio Mamoré, ilustrado nas Figuras 2.2 a 2.4, já
discutidas.

O rio Madeira apresenta um regime fluvial e sedimentológico que é uma síntese dos
regimes de seus dois formadores.

A Tabela 2.6, resultante dos estudos sedimentológicos desenvolvidos nos Projetos de


Viabilidade das UHE Santo Antônio e Jirau, ilustra o que foi dito, apresentando as
concentrações médias medidas de sedimentos em suspensão, no período até 2003
(obtidas do banco de dados da ANA) e no período 2002 a 2004, realizados por FURNAS,
em Guajará-Mirim no rio Mamoré (a montante de confluência do rio Beni) e em Porto
Velho no rio Madeira. Verifica-se que a concentração média medida em Porto Velho é
cerca de 1,7 vezes maior que a de Guajará-Mirim quando utilizados os dados da ANA e
de 1,5 vezes maior quando considerados os dados de FURNAS, o que indica um aporte
significativo da carga de sedimentos entre Guajará-Mirim e Porto Velho, oriundos do rio
Beni.

Tabela 2.6
Comparação entre as Concentrações de Sedimentos em Suspensão (em ppm) em
Guajará Mirim no Rio Mamoré e Porto Velho no Rio Madeira

Concentração de Sedimentos em ppm


Origem dos Dados
Guajará-Mirim Porto Velho
Banco de Dados (ANA) 203 336
Medições de FURNAS 486 721

A Figura 2.7 apresenta uma impressionante imagem do rio Beni. Percebe-se o alto grau
de desagregação do solo, que somado às mudanças de uso dos solos na bacia e a falta
de cobertura vegetal, favorece a alta produção de sedimentos. As concentrações medidas
no rio Beni podem alcançar 4.000 mg/l segundo informações do SENHAMI (Bolívia). Após
a confluência com o rio Mamoré esta carga sólida diminui pela diluição.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.9 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 2.7
Calha do Rio Beni, na Bolívia

2.3.2. Aspectos Geomorfológicos

O estirão de interesse ao presente trabalho corresponde ao sub-trecho inferior do


denominado trecho das cachoeiras do rio Madeira, onde se localizam os aproveitamentos
hidrelétricos de Santo Antônio e Jirau e seus respectivos reservatórios, complementado
pelo trecho imediatamente a jusante, entre Porto Velho e a foz do rio Jamari.

No estado de Rondônia, a rede de drenagem é controlada por um sistema de falhas e de


grandes lineamentos estruturais que determinam, em grande escala, a orientação
principal dos cursos d’água. Assim, no trecho entre Guajará Mirim e Abunã, os rios
Mamoré e Madeira correm no sentido S N, ao longo do Lineamento Compressivo
Guajará Mirim – Abunã. De Abunã até Itacoatiara (AM), o rio Madeira corre no sentido
geral SW NE, dentro do Megalineamento Transtensivo Dextral Madre de Dios –
Itacoatiara, que é a mesma estrutura que orienta os cursos dos rios Madre de Dios e Beni,
na Bolívia.

No trecho entre Abunã e Porto Velho, onde se situam os aproveitamentos, o perfil


longitudinal do rio Madeira apresenta um aspecto em “degraus”, limitados pelas
corredeiras (ou cachoeiras) que são características de falhas existentes, normais ao
lineamento Madre de Dios – Itacoatiara. Essas falhas também condicionam, agora em
escala menor, as direções do curso do rio Madeira, fazendo com que o mesmo se
apresente encaixado em alguns trechos.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.10 Engº José Eduardo Moreira


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A existência de um bloco soerguido a NW do lineamento Madre de Dios-Itacoatiara em


contraposição a um bloco subsidente, a NE do lineamento, explica a grande assimetria
verificada, e já comentada, da drenagem do estirão fluvial do rio Madeira na região em
estudo.

O trecho do rio Madeira em degraus apresenta alguns processos localizados de


erosão/assoreamento, que podem ser evidenciados confrontando-se imagens de radar,
datadas de 1972, com imagens de satélite, datadas de 2002. Apresentam-se, a seguir,
três pares de imagens 1972/2002 cedidos pela CPRM-RO, que permitem ilustrar este
processo.

O primeiro par, apresentado na Figura 2.8, mostra um trecho situado logo a jusante da
cachoeira do Jirau, entre as ilhas da Pedra e Santana, onde o rio Madeira apresenta uma
deflexão para a direita. Percebe-se nessas fotos uma evolução do leito fluvial, com
aumento da área das ilhas e vestígios claros da presença de sedimento depositado a
montante das mesmas.

Figura 2.8
Rio Madeira entre as Ilhas da Pedra e Santana, a Jusante de Jirau, Futuro
Reservatório de Santo Antônio

Imagem de Radar - 1972 Imagem de Satélite - 2002

O segundo par é apresentado na Figura 2.9 e mostra a evolução do trecho do rio Madeira
situado na confluência do rio Jaci-Paraná, um pouco mais a jusante do local do par
anterior, e também dentro do futuro reservatório de Santo Antônio. Observa-se que o
material depositado no trecho central da calha promoveu a junção de três ilhas existentes
na década de 1970. Com o conseqüente estrangulamento do leito, houve uma erosão na
margem direita do rio (lado externo da curva), provocado pelo aumento localizado nas
velocidades do escoamento pelo braço direito.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.11 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 2.8
Rio Madeira na Confluência com o rio Jaci-Paraná

Imagem de Radar - 1972 Imagem de Satélite - 2002

Finalmente o terceiro par, apresentado na Figura 2.9, mostra um aspecto do rio Madeira a
jusante de Porto Velho, na foz do Igarapé Cuniã, entre as ilhas Curicaca e Botafogo.
Nota-se que o braço esquerdo do rio Madeira na Ilha Curicaca foi totalmente colmatado,
sendo a ilha incorporada à margem do rio. Este canal pode, eventualmente, ser
restabelecido em períodos de cheia.

Figura 2.9
Rio Madeira entre as Ilhas Curicaca e Botafogo, a Jusante de Porto velho, na Foz do
Igarapé Cuniã

Imagem de Radar - 1972 Imagem de Satélite - 2002

Estas observações poderiam ser tomadas como indício de que o rio Madeira
apresentando estirão de interesse ao presente trabalho, uma tendência natural ao
assoreamento. O balanço sedimentológico realizado durante os Projetos de Viabilidade
dos aproveitamentos de Santo Antônio e Jirau, entretanto, indica um grande equilíbrio
entre as cargas de sedimento afluentes ao trecho (medidas em Abunã), e as cargas
defluentes (medidas em Porto Velho).

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2.4. VIAGEM DE INSPEÇÃO – DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

Foi feita uma viagem de inspeção ao rio Madeira, em dezembro de 2004, quando foram
percorridos de barco diversos trechos compreendidos entre a vila de Abunã, a montante
do futuro reservatório de Jirau, e a vila de São Carlos, situada em frente à foz do rio
Jamari, limite de jusante do trecho abordado no presente trabalho.

Alguns aspectos observados nessa viagem merecem ser destacados, o que é feito
através da documentação fotográfica apresentada e comentada a seguir.

As fotografias são exibidas percorrendo-se o rio de montante para jusante.

Aspecto do Rio Madeira a montante de Abunã – Início do trecho


estudado

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Posto Fluviométrico de Abunã Vila

Depósio de areia fina na margem esquerda do rio Abunã,


próximo à sua foz
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Aspecto do rio Madeira a jusante da foz do rio Abunã – início do futuro


reservatório de Jirau

Aspecto do rio Mutum-Paraná, a jusante da ponte da BR-364, perto de


sua foz no rio Madeira

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Depósitos de sedimento no lado interno da curva, a montante de Jirau.


Todo este trecho possui baixas velocidades, sendo controlado pela
cachoeira.

Outro aspecto do mesmo depósito.


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Trecho largo, imediatamente a montante de Jirau. As ilhas existentes


estão submersas para esta vazão (aprox. 11.000 m³/s). Nesse trecho
existem muitos afloramentos rochosos.

Rio Madeira na Cachoeira do Jirau – Trata-se de um grande


estrangulamento que controla todo o estirão de montante.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.17 Engº José Eduardo Moreira


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Aspecto do rio Jaci-Paraná a jusante da ponte da BR-364, pouco antes


de sua foz no rio Madeira

Cachoeira Teotônio, situada pouco a montante do local da barragem


de Santo Antônio
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Bancos de areia em ilha situada imediatamente a jusante da Cachoeira


Teotônio

Dragas de garimpo de ouro – ao fundo, margens arenosas da ilha


sendo erodidas

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Margem esquerda do rio Madeira a jusante de Teotônio – erosão


associada ao período de estiagem. Este sedimento pode estar sendo
renovado anualmente, durante as cheias

Fenômeno de “terras caídas”, pouco a montante da barragem de Santo


Antônio. Neste local, as margens são mais estáveis que na ilha
mostrada anteriormente, mas sofrem solapamento na base, durante a
estiagem, que às vezes desestabiliza o barranco.
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.20 Engº José Eduardo Moreira
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Exemplo de material carreado pelo rio Madeira nas cheias – Os troncos


são depositados sobre as margens nos períodos de cheia

Margem esquerda do rio madeira a jusante da barragem de Santo


Antônio, exibindo barrancos altos e estáveis.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.21 Engº José Eduardo Moreira


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Aspecto do rio Madeira a jusante de Porto Velho – a partir daqui, o


escoamento é mais tranqüilo, sem corredeiras ou afloramentos
rochosos.

Sedimentos pouco consolidados no curso inferior do rio Madeira.


Ocorrem sistematicamente no lado interno das curvas.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.22 Engº José Eduardo Moreira


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Praia formada no canal direito da ilha Jamarizinho, totalmente


colmatado para vazões baixas (nesta data,
aproximadamente 11.000 m³/s)

Pelo canal esquerdo (principal) da Ilha Jamarizinho existe também


depósitos de areia muito fina.
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.23 Engº José Eduardo Moreira
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Local da saída de jusante do canal direito da ilha Jamarizinho. Neste


trecho, o rio Madeira apresenta sinais de grande deposição de
sedimentos.

Vila de São Carlos, frontal à confluência com o rio Jamari –


Extremidade de jusante do trecho estudado.
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 2.24 Engº José Eduardo Moreira
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Rio Jamarí totalmente remansado pelo rio Madeira.

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3. ESTUDOS ANTERIORES E DADOS PRODUZIDOS

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 3.1 Engº José Eduardo Moreira


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Neste capítulo são apresentados os estudos realizados anteriormente e os dados


disponíveis para a realização do presente trabalho. A idéia foi evitar a apresentação de
uma relação bibliográfica, que seria muito mais vasta, mas pouco prática, tendo em vista
o caráter específico dos estudos realizados, e concentrar a atenção, de forma mais
objetiva, nos estudos efetivamente empregados na compreensão da dinâmica
fluviomorfológica do rio Madeira e que serviram de fonte de dados para realização do
presente trabalho.

A principal fonte de dados do presente estudo foram, naturalmente, os Estudos de


Inventário do Rio Madeira e os Estudos de Viabilidade dos Aproveitamentos Hidrelétricos
de Jirau e Santo Antônio, de onde se obteve a maior parte das seções transversais
empregadas na caracterização da geometria do leito, a caracterização hidrológica da
bacia e as imprescindíveis medições de descarga líquida e sólida. Nesses Projetos foram
também realizados estudos de remanso e de vida útil dos dois reservatórios, cujos
resultados serviram como ponto de partida para a implementação dos modelos de
hidráulica fluvial desenvolvidos.

Assim, são reproduzidos, nesse item, os estudos hidrológicos e sedimentológicos


realizados por ocasião do Inventário e dos Estudos de Viabilidade mencionados,
apresentando, ao mesmo tempo, os principais dados empregados naqueles trabalhos,
bem como as novas informações produzidas.
Outros estudos, de maior relevância ao presente trabalho, serão parcialmente
reproduzidos na seqüência do relatório, como é o caso dos estudos de remanso e vida útil
dos reservatórios.

3.1. DEFINIÇÃO DA SÉRIE DE VAZÕES MÉDIAS MENSAIS DO RIO MADEIRA

Para caracterização hidrológica do trecho em estudo foi empregada a série de vazões


médias mensais do rio Madeira em Porto Velho, apresentada na Tabela 3.1, elaborada
para os Estudos de Viabilidade das usinas de Jirau e Santo Antônio. Esta série, que será
utilizada como referência no presente documento, foi estendida até o ano de 1931, de
acordo com o procedimento habitual do Setor Elétrico Brasileiro.

Tabela 3.1
Série de Vazões Médias Mensais do Rio Madeira em Porto Velho

MÉDI
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
A
13.60 21.63 27.95 20.93 14.94 11.78 12.84 16.46
1931 9.908 6.613 4.445 4.409 13.795
9 4 2 6 5 8 3 4
28.49 30.30 34.02 28.15 22.11 15.40 12.04 10.06 12.60
1932 8.967 7.051 8.065 18.108
9 2 7 8 2 1 8 0 1
22.42 28.12 29.31 25.86 17.16 11.22 12.19
1933 7.450 5.337 4.282 5.217 7.267 14.655
9 8 4 7 0 2 0
33.60 40.80 39.08 39.80 22.33 14.71 13.80 17.95
1934 9.630 6.645 6.181 7.465 21.002
4 2 6 3 4 5 8 0
22.73 24.44 44.12 32.90 19.45 14.60 11.77
1935 9.950 6.989 5.388 5.489 9.977 17.319
5 6 2 0 1 6 5

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 3.2 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

MÉDI
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
A
19.76 21.13 22.80 21.68 14.09 19.90
1936 9.602 6.342 4.427 4.801 6.100 9.350 13.334
0 0 8 7 2 3
38.49 27.95 39.48 29.48 23.87 15.50 10.41 10.80 14.12
1937 7.128 6.723 8.065 19.339
7 2 9 7 0 8 6 8 9
30.95 29.13 27.10 21.76 15.30 11.38 13.41
1938 7.752 5.303 4.642 5.522 8.665 15.078
8 0 5 2 5 1 0
19.22 29.34 38.98 30.24 19.04 15.04 13.48 10.14 11.47 19.02
1939 9.138 9.630 18.731
9 3 1 5 0 1 5 2 3 9
31.72 37.78 46.32 32.73 27.92 19.19 13.53 11.16
1940 9.908 8.520 8.563 9.936 21.443
3 1 8 3 3 6 5 9
20.89 23.77 28.39 23.07 15.19 10.26 12.15 17.98
1941 7.946 6.181 5.028 6.708 14.799
3 7 2 0 7 6 1 4
28.21 36.51 42.99 31.93 19.27 12.98 10.61 16.39 24.52
1942 8.665 5.970 6.896 20.416
6 4 6 9 4 2 9 4 8
30.92 26.90 34.36 24.34 17.24 12.37
1943 8.271 5.556 4.042 4.642 5.855 8.909 15.285
1 6 6 3 1 0
19.70 32.79 31.02 26.36 18.38 12.60 11.08 21.77
1944 8.330 5.556 4.553 5.937 16.509
5 8 5 9 0 1 9 2
23.25 26.24 29.47 25.05 17.48 11.51
1945 7.616 5.080 4.153 5.234 6.739 8.809 14.222
7 8 8 8 2 2
15.97 24.30 23.44 18.26 17.90 17.16 13.15
1946 6.896 5.573 5.506 6.278 9.742 13.684
1 2 5 7 4 0 9
15.59 22.26 32.90 32.17 22.62 14.27 11.43 20.08 28.32
1947 9.797 6.896 6.660 18.586
2 0 0 3 9 6 3 9 4
37.21 32.86 34.13 24.82 18.86 13.57 15.59 30.72
1948 9.644 6.880 5.921 8.679 19.909
1 3 7 4 2 2 2 1
44.79 34.32 36.59 38.23 20.56 14.92 10.45 17.93 24.98
1949 7.128 5.723 9.561 22.102
4 0 5 2 8 1 6 8 7
33.94 28.45 42.86 28.67 18.91 12.57 12.98
1950 8.432 5.822 4.098 4.499 6.100 17.280
4 1 0 5 8 5 2
23.55 28.78 47.49 29.42 26.55 16.72 11.12 13.90 27.83
1951 7.419 6.133 6.880 20.487
9 1 2 9 8 1 9 7 4
29.48 34.89 34.95 24.38 16.04 16.89
1952 9.490 7.465 5.234 3.873 4.784 6.786 16.191
7 6 0 4 2 5
23.20 28.52 34.41 29.33 24.40 15.11 10.01 16.06 34.15
1953 6.818 6.278 8.212 19.712
5 9 2 3 5 3 9 5 5
27.40 31.45 33.73 26.34 21.48 15.63 10.47 16.47
1954 7.082 5.539 4.836 7.556 17.335
1 9 3 9 4 9 0 6
22.56 36.46 34.51 37.46 24.53 16.26 10.79 13.52
1955 7.435 6.149 6.438 8.315 18.705
6 9 3 1 8 5 4 2
19.48 24.07 37.16 27.76 20.69 14.89 10.83 13.48
1956 7.435 5.472 5.822 7.991 16.260
4 6 7 6 8 6 5 5
28.60 28.55 30.33 28.84 21.61 14.71 14.36
1957 9.797 7.128 5.855 6.197 8.924 17.077
6 8 1 0 2 5 2
17.55 22.39 24.01 24.79 19.77 12.91 16.30
1958 9.350 6.692 5.114 5.522 9.152 14.465
1 8 4 3 1 9 0
24.06 30.41 28.51 25.99 22.95 15.19 10.06 14.09 16.42
1959 8.139 7.020 8.766 17.638
6 7 9 8 5 7 0 2 9
18.08 22.26 24.10 21.78 16.27 11.56 19.89
1960 7.872 5.739 4.391 5.772 9.024 13.897
6 0 7 3 7 5 2

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 3.3 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

MÉDI
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
A
24.27 37.41 35.54 28.46 22.50 15.69 10.30 17.72
1961 6.818 5.132 6.214 8.650 18.228
1 6 1 0 3 9 7 2
27.07 37.35 29.37 27.75 22.66 15.22 10.11 12.56 23.20
1962 7.113 7.931 9.476 19.154
5 4 2 6 1 1 5 3 5
23.46 24.06 20.86 19.04 13.68 12.08
1963 8.388 5.723 4.172 3.683 4.906 9.533 12.467
6 6 1 0 4 7
13.54 17.77 24.26 19.20 21.36 17.12 13.90 11.77 16.52 21.03
1964 9.728 7.343 16.133
7 9 1 7 6 6 7 5 3 3
20.26 21.00 42.03 32.32 21.58 14.92 10.84 11.12 14.53
1965 7.677 5.904 6.958 17.431
4 1 2 3 0 1 8 9 3
20.02 29.95 26.57 23.88 18.25 14.14 10.76
1966 9.602 6.550 5.921 5.822 7.946 14.954
3 8 8 0 6 1 7
13.90 19.94 23.01 23.69 16.91 12.06
1967 6.807 5.170 3.812 4.053 7.722 9.950 12.255
7 6 7 4 7 3
13.61 24.26 32.74 25.80 13.77 11.85
1968 7.075 4.862 3.732 4.956 4.915 7.334 12.912
8 8 7 4 2 8
22.61 25.54 25.57 24.61 15.54 12.16 11.18 13.65
1969 7.777 4.959 4.391 6.589 14.551
4 3 5 8 5 7 2 6
16.70 22.44 28.25 28.23 23.70 17.28
1970 9.828 5.541 4.882 4.872 6.208 9.675 14.803
5 2 3 2 9 4
18.87 29.21 32.73 26.63 17.46 10.27 14.90
1971 7.835 4.773 4.320 6.564 9.128 15.226
1 0 6 0 4 9 6
19.91 27.40 34.48 34.28 23.01 16.53 10.47 19.78
1972 8.960 7.669 9.899 9.738 18.515
6 5 9 8 9 3 6 4
24.33 33.28 37.67 36.42 27.73 20.73 13.20 12.78 20.56
1973 8.906 6.769 6.884 20.775
5 3 6 0 1 9 9 9 4
29.35 34.83 41.03 35.25 28.25 19.15 11.96 10.66 13.56
1974 7.611 5.419 6.018 20.261
4 9 9 4 4 5 7 0 1
21.54 30.76 36.36 33.84 24.67 16.93 13.00 17.85
1975 6.871 4.957 7.701 8.550 18.589
6 9 5 2 4 1 1 7
26.75 35.18 38.40 34.99 26.62 18.03 12.72
1976 9.556 5.360 4.566 4.869 8.239 18.776
0 3 9 1 6 2 7
24.87 28.92 39.32 35.44 28.62 19.23 12.20 12.92 19.45
1977 7.610 5.889 7.563 20.171
0 1 2 2 6 7 0 3 6
26.79 32.78 39.44 33.62 25.09 17.86 12.71 20.44
1978 6.016 3.803 4.621 8.243 19.287
4 0 5 3 8 9 5 2
29.83 35.46 37.49 40.59 33.38 21.55 11.81 11.12
1979 6.475 5.221 5.338 6.908 20.433
1 7 0 5 8 0 4 5
20.41 26.16 34.12 34.98 27.88 22.77 13.62 12.44
1980 8.247 7.301 8.296 9.177 18.786
7 2 8 0 7 1 2 4
18.19 28.53 35.59 35.56 28.96 23.73 12.14 12.80 19.82
1981 6.189 4.668 7.134 19.447
1 4 7 7 9 7 6 2 8
30.01 36.72 42.17 45.63 38.17 27.38 19.58 10.93 12.28 18.41 22.79
1982 6.853 25.914
0 3 8 9 1 4 3 2 5 6 1
25.49 30.74 34.78 31.01 30.27 24.37 21.14 13.12 13.26
1983 6.785 5.723 8.655 20.449
4 6 1 8 7 5 4 6 5
25.19 33.86 41.14 47.06 39.47 26.74 16.48 15.25 21.25
1984 8.188 5.458 5.726 23.822
0 4 0 9 6 9 2 9 9
29.21 34.03 34.81 35.45 33.43 23.69 14.73 10.58 12.54 16.50
1985 7.505 8.812 21.777
4 1 3 0 6 8 1 8 2 6

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 3.4 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

MÉDI
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
A
25.47 35.32 41.89 43.98 34.43 26.64 17.49 11.23 10.32 17.69
1986 9.274 8.979 23.564
6 8 9 5 0 6 1 9 6 2
26.38 31.49 28.33 24.07 22.42 14.25 10.81 21.03
1987 8.519 5.892 4.234 5.282 16.895
3 1 1 9 0 7 0 6
25.98 32.42 35.03 40.14 31.32 22.06 13.18 10.08
1988 6.305 3.893 4.231 5.810 19.207
7 0 7 8 8 5 1 5
21.78 28.76 32.21 31.32 24.30 15.61 10.72 10.34
1989 6.187 5.876 5.181 6.529 16.571
6 9 0 7 7 2 5 2
21.24 28.16 29.04 24.79 22.61 18.89 12.83 15.12 19.67
1990 6.746 5.437 6.751 17.611
4 6 3 7 0 9 3 9 2
27.42 34.16 36.13 34.19 26.02 19.88 12.26 10.99 16.14
1991 8.018 6.097 7.188 19.877
2 2 0 6 6 6 6 1 1
25.32 26.89 38.04 36.54 32.34 24.57 20.31 10.41 12.60 15.45 16.75 22.88
1992 23.514
4 9 8 3 9 7 0 3 8 5 4 9
30.74 39.24 42.72 43.57 32.88 20.31 11.31 12.55 19.38
1993 7.712 7.082 6.923 22.872
5 4 7 3 3 9 8 7 5
25.17 32.61 33.77 33.93 25.83 15.24 13.60 21.20
1994 8.992 6.024 3.651 5.518 18.796
9 4 0 6 0 0 1 4
25.92 28.94 36.41 34.85 24.53 15.01 13.79
1995 8.902 7.101 3.762 3.779 5.464 17.374
6 7 5 5 0 8 3
19.10 28.42 29.75 31.57 20.84 14.24 13.94 17.29
1996 8.656 4.685 4.720 6.161 16.616
1 2 2 1 9 5 0 0
24.79 32.58 43.16 44.20 33.88 23.30 14.16 17.17
1997 8.087 4.999 6.814 9.755 21.913
8 9 9 7 3 6 7 8
21.73 24.24 33.44 34.18 21.64 12.23 13.94 21.22
1998 7.308 4.693 4.400 6.126 17.098
6 1 0 8 7 0 2 1
26.60 33.93 34.29 33.17 22.66 14.51 10.34 13.68
1999 5.329 3.738 4.275 5.906 17.372
6 3 9 4 7 1 9 4
19.44 25.65 31.00 27.55 19.10 13.90 15.83
2000 8.857 5.639 6.341 4.559 9.794 15.641
4 0 4 2 9 0 9
24.03 32.83 40.94 35.49 25.63 18.14 10.61 11.49 16.98
2001 6.611 4.472 5.531 19.400
6 7 6 8 5 3 0 7 2
13.54 17.77 20.86 18.26 13.68
MÍNIMA 7.075 4.862 3.732 3.651 3.683 4.906 8.809 3.651
7 9 1 7 4
24.26 29.58 34.20 30.70 23.10 16.15 10.75 10.55 16.89
MÉDIA 6.938 5.691 6.944 17.983
8 2 7 6 7 5 0 3 6
MÁXIM 44.79 40.80 47.49 47.06 39.47 27.38 21.14 13.12 12.60 15.45 20.08 34.15
47.492
A 4 2 2 9 6 4 4 6 8 5 9 5

3.2. MEDIÇÕES DE DESCARGA SÓLIDA E ELABORAÇÃO DE CURVAS-CHAVE DE SEDIMENTO

Para caracterização do regime sedimentológico foram utilizadas 28 medições de descarga


sólida realizadas em Abunã e 38 medições realizadas em Porto Velho. As Tabelas 3.2 e
3.3 apresentam o resumo das medições disponíveis. As três primeiras medições em Porto
Velho foram realizadas por FURNAS durante os estudos de Inventário Hidrelétrico
enquanto que as demais, inclusive as de Abunã, foram realizadas durante os Estudos de
Viabilidade.

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Tabela 3.2
Rio Madeira em Abunã – Medições de Descargas Realizadas por FURNAS

QLíquida Concentração QSólida Suspensão QSólida Total


Número Data
m³/s ppm t/dia t/dia
1 03/11/2003 8.052 588 409.350 428.387
2 12/03/2004 20.706 2.155 3.855.068 -
3 16/03/2004 22.696 615 1.204.978 -
4 24/03/2004 26.682 788 1.816.603 1.914.445
5 29/03/2004 26.975 1.002 2.336.256 2.465.942
6 07/04/2004 22.204 690 1.323.883 1.410.064
7 13/04/2004 23.476 606 1.230.001 1.323.675
8 22/04/2004 23.178 837 1.675.584 -
9 28/04/2004 28.456 813 1.998.561 -
10 05/05/2004 21.303 719 1.323.387 1.416.363
11 12/05/2004 21.345 583 1.075.554 1.158.130
12 19/05/2004 16.925 447 653.354 722.090
13 27/05/2004 15.416 437 582.047 649.305
14 04/06/2004 16.454 565 802.491 874.474
15 09/06/2004 13.414 239 277.462 308.354
16 18/06/2004 13.755 354 420.115 443.913
17 25/06/2004 9.696 141 117.954 138.302
18 30/06/2004 9.140 197 155.804 157.244
19 07/07/2004 8.934 264 203.544 218.439
20 15/07/2004 7.899 246 167.548 179.519
21 21/07/2004 7.790 310 208.791 222.245
22 29/07/2004 5.927 170 87.258 91.836
23 04/08/2004 8.179 194 136.945 147.965
24 12/08/2004 5.866 720 364.781 371.990
25 19/08/2004 5.335 127 58.309 60.885
26 26/08/2004 4.230 120 43.707 -
27 02/09/2004 5.115 214 94.443 97.185
28 09/09/2004 4.089 476 168.291 -

Tabela 3.3
Rio Madeira em Porto Velho – Medições de Descarga Realizadas por FURNAS

QLíquida Concentração QSólida Suspensão QSólida Total


Entitade Data
m³/s ppm t/dia t/dia
1 15/5/2002 21.698 520 974.567 -
2 17/5/2002 21.177 636 1.164.563 -

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QLíquida Concentração QSólida Suspensão QSólida Total


Entitade Data
m³/s ppm t/dia t/dia
3 21/5/2002 19.468 576 968.095 -
4 01/11/2003 4.701 601 244.276 249.592
5 27/01/2004 22.711 1.245 2.443.540 2.560.993
6 03/02/2004 30.372 1.086 2.848.760 2.968.682
7 10/02/2004 27.820 535 1.285.705 1.386.947
8 16/02/2004 29.351 3.506 8.889.566 9.210.329
9 20/02/2004 32.496 2.710 7.608.490 7.923.098
10 02/03/2004 33.672 1.342 3.904.473 4.214.942
11 09/03/2004 23.877 1.228 2.533.908 2.626.446
12 15/03/2004 23.527 2.172 4.414.629 -
13 19/03/2004 30.128 632 1.643.851 1.648.834
14 25/03/2004 31.252 713 1.925.748 2.058.831
15 31/03/2004 32.682 946 2.671.242 2.697.488
16 06/04/2004 27.879 680 1.637.972 -
17 15/04/2004 23.840 534 1.099.310 -
18 21/04/2004 26.372 635 1.446.179 -
19 27/04/2004 31.674 802 2.193.434 2.321.485
20 04/05/2004 27.372 731 1.728.795 -
21 11/05/2004 21.723 654 1.227.281 1.328.256
22 18/05/2004 19.882 539 925.049 939.440
23 26/05/2004 19.101 428 706.822 774.367
24 01/06/2004 20.489 593 1.049.584 1.140.582
25 10/06/2004 15.126 299 390.113 427.021
26 15/06/2004 13.736 292 346.895 376.797
27 22/06/2004 12.644 318 347.617 377.364
28 29/06/2004 10.315 245 218.534 227.584
29 06/07/2004 10.085 342 298.246 314.830
30 14/07/2004 7.469 214 137.783 144.849
31 20/07/2004 8.889 230 176.722 187.955
32 28/07/2004 6.599 277 158.164 160.340
33 07/08/2004 9.424 205 166.756 182.090
34 10/08/2004 8.297 223 159.650 167.798
35 17/08/2004 5.455 194 91.532 93.999
36 24/08/2004 4.671 121 48.998 -
37 31/08/2004 4.536 115 44.956 49.082
38 08/09/2004 4.664 159 64.107 -

Nessas Tabelas, os valores de descarga sólida em suspensão, expressos em t/dia, foram


calculados segundo a expressão:
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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

QSS = 0,0864 ⋅ QL ⋅ C
onde:
QSS - é a descarga sólida em suspensão em t/dia;
QL - é a descarga líquida no momento da coleta de amostra (m3/s);
C - é a concentração de sedimento (mg/l ou ppm);
0,0864 - um fator de homogeneização de unidades.

Na segunda campanha realizada por FURNAS, as coletas de sedimentos em suspensão


foram feitas com o amostrador de saca, enquanto que as coletas das amostras do leito
empregaram o amostrador USBM-54. Foi utilizado o método de igual incremento de
largura para essas coletas. Os ensaios laboratoriais das amostras coletadas foram
realizadas no laboratório de FURNAS em Goiânia. As amostras do material em
suspensão foram analisadas pelos métodos de pipetagem e do tubo de remoção pela
base que fornece a concentração e a granulometria dos sedimentos através do traçado da
curva de Oden. As amostras de material do leito foram analisadas para obtenção da
granulometria pelo processo de peneiramento para o material mais grosso e por
pipetagem para o resíduo.

A relação entre as descargas sólidas totais e em suspensão foi calculada em 1,056, para
as medições realizadas por FURNAS em Porto Velho, e em 1,071, para as medições
realizadas em Abunã.

Como resultado dessa campanha, foram definidas as Curvas-chave de sedimento do rio


Madeira para Abunã e Porto Velho, apresentadas nas Figuras 3.4 e 3.5, respectivamente.

Figura 3.4
Curva-Chave de Sedimento do Rio Madeira em Abunã
1.E+07

2,110
QSS = 0,00090 * QL
Descarga Sólida em Suspensão (t/dia)

1.E+06

1.E+05

1.E+04
1.E+03 1.E+04 1.E+05
Descarga Líquida (m³/s)

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Figura 3.5
Curva-Chave de Sedimento do Rio Madeira em Porto Velho
1.E+07

Para QL >= 28.705 m³/s


4,179
QSS = 4,93393E-13 * QL
Descarga Sólida em Suspensão (t/dia)

1.E+06

Para QL < 28.705 m³/s


2,027
QSS = 0,00195 * QL
1.E+05

1.E+04
1.E+03 1.E+04 1.E+05
Descarga Líquida (m³/s)

3.3. ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE SEDIMENTO NA BACIA

A descarga sólida de um rio é muito variável e dependente de vários fatores. As medidas


instantâneas mostram que os valores podem variar de 1 a 100 ou mais vezes em relação
a uma mesma descarga líquida. A longo prazo tem-se constatado que a produção de
sedimento (ou descarga sólida específica) vai aumentando com o tempo pela ação do
homem, na maioria das vezes.

O estudo do aumento do transporte de sedimentos foi realizado com base nas medições
de descargas sólidas e líquidas realizadas em Porto Velho (incluindo as medições da
ANA, de FURNAS e da USGS) e na série de vazões médias mensais observadas no
mesmo posto, que compreendem um período de 35 anos (de 1970 a 2004). As medições
foram separadas em dois grupos, o primeiro com as medições de 1978 a 1990 e o
segundo com dados de 1991 a 2004. Estes dois grupos de medições de descarga líquida
e sólida deram origem a duas curvas-chaves de sedimento em suspensão, curvas estas
utilizadas no posto de Porto Velho no período observado de dados (1970 a 2001), sendo
que para o período de 1970 a 1991 foi usada a primeira curva-chave e para o período de
1991 a 2004 foi usada a segunda curva-chave. Estas curvas são apresentadas na Figura
3.6.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 3.9 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 3.6
Evolução da Curva-Chave de Sedimento em Porto Velho
10.000.000
Descarga Sólida em Suspensão (t/dia)

QSS = 0,00044 * QL2,163


1.000.000

QSS = 0,03776 * QL1,672


100.000

10.000

1.000
1.000 10.000 100.000
Descarga Líquida (m ³/s)

1978-1990 1991-2004

As duas curvas ajustadas já indicam que houve um aumento, no período recente, nas
descargas sólidas do rio Madeira, fato que pode ser melhor visualizado quando se analisa
o diagrama de dupla massa apresentado na Figura 3.7, que associa as descargas líquida
e sólida acumuladas ao longo do período de análise.

Figura 3.7
Diagrama de Dupla Massa Descarga Sólida X Descarga Líquida Acumulada
3,0E+07

2001
2,5E+07
QSS Acumulada (m³/s)

2,0E+07

1,5E+07

1990

1,0E+07

5,0E+06

1970
0,0E+00
0,0E+00 1,0E+05 2,0E+05 3,0E+05 4,0E+05 5,0E+05 6,0E+05 7,0E+05
QL Acum ulada (m ³/s)

As taxas de aumento de transporte de sedimento foram obtidas pela utilização dos


coeficientes angulares das retas ajustadas a curva de massa. A inclinação da reta i da
curva de massa fornece um coeficiente ri, enquanto que da reta i+1 resulta o coeficiente
ri+1. O valor Ec representa o aumento da produção de sedimentos no período de n anos,
enquanto que R é a taxa anual, segundo as equações abaixo.

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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

ri+1 − ri
EC =
ri
(1 + R )n = 1 + E C
Os resultados indicaram que no período mais recente o rio Madeira apresentou uma taxa
anual de 1,83% de aumento na produção de sedimento. Certamente este valore deve
variar com o tempo, conforme a redução ou o aumento (mais provável) da erosão na
bacia, tendo sido proposto, nos estudos de Viabilidade, conservadoramente, um valor de
R=2% como representativo da taxa de aumento anual da produção de sedimentos para o
estudo de vida útil dos reservatórios.

3.4. CARACTERIZAÇÃO DA GRANULOMETRIA DO SEDIMENTO DO RIO MADEIRA

A caracterização da granulometria do sedimento do rio Madeira feita nos Estudos de


Viabilidade foi feita considerando os dados das medições de descarga sólida realizadas
em Porto Velho. O resultado, que serviu de base ao cálculo do peso específico aparente
do sedimento, necessário à estimativa de vida útil dos reservatórios, encontra-se
apresentado na Tabela 3.8, a seguir.

Tabela 3.8
Rio Madeira em Porto Velho
Porcentagens Ponderadas de Argila, Silte e Areia da Amostras Analisadas

% de Argila % de Silte % de Areia % do Total


Sólidos
Pc Pm Ps P
em Suspensão 25,0 60,1 9,3 94,4
do Leito 0,1 0,4 5,2 5,7
Total 25,0 60,6 14,4 100,0

Para aplicação do modelo HEC-6, é necessário maior detalhamento da granulometria,


sendo que esse assunto será tratado no capítulo dedicado à modelagem do rio Madeira.

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4. CARACTERIZAÇÃO HIDRÁULICA DO
ESTIRÃO FLUVIAL DE INTERESSE

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4.1. METODOLOGIA E CRITÉRIOS

Durante os estudos de Viabilidade foram realizados estudos de remanso dos


reservatórios de Santo Antônio e Jirau, objetivando a análise dos perfis de linha d’água do
rio Madeira na situação atual e após a implantação dos reservatórios. Aproveitando os
resultados desses estudos, a caracterização hidráulica do estirão fluvial de interesse aos
estudos sedimentológicos foi feita determinando-se as velocidades médias nas diversas
seções do rio Madeira, para as condições atuais do escoamento, e depois comparando
estas velocidades com aquelas que irão ocorrer após a implantação dos reservatórios.

Os estudos de remanso dos reservatórios foram realizados com o emprego do programa


HEC-RAS, desenvolvido pelo US Army Corps of Engineers (1997), que calcula perfis de
linhas d’água e respectivas linhas de energia numa abordagem permanente,
unidimensional e gradualmente variada.

Através desse programa, pode-se calcular o perfil da linha d’água de cursos d’água, em
condições naturais e artificiais, qualquer que seja a seção transversal, regime de
escoamento e descargas. O procedimento de cálculo baseia-se na aplicação das
equações de conservação de massa e de energia entre as seções de cálculo, sendo as
perdas por atrito estimadas pela fórmula de Manning.

A técnica de aferição do modelo consiste em tornar compatíveis os valores dos níveis


d’água obtidos por simulação com os observados nos perfis instantâneos ao longo do
trecho de rio em estudo, para uma determinada descarga.

Os principais dados e parâmetros utilizados pelo programa HEC-RAS são apresentados a


seguir:

Seções Transversais - As seções transversais ao longo do curso d’água devem ser


posicionadas onde ocorrem mudanças de declividade, de área de escoamento, de
rugosidade do canal e obstáculos localizados.

Distâncias entre Seções Transversais – As distâncias entre as seções transversais


devem ser medidas no centro do rio, a margem direita e a margem esquerda, de forma
a representar trechos em curva e permitir a quantificação das perdas de cargas devido
a essas singularidades.

Descargas – O programa HEC-RAS permite a utilização de diferentes descargas em


cada trecho de forma a representar a contribuição de afluentes ao curso principal.

Condição de contorno – Os cálculos são iniciados em uma seção de controle do rio,


com propagação em direção de montante se o regime de escoamento for subcrítico,
ou em direção oposta se for supercrítico. O nível d’água para a primeira seção de
cálculo, seção de controle, deve ser informado através de uma elevação conhecida ou
pelo nível d’água referente à profundidade crítica para uma certa descarga.

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Perdas de Carga por Atrito – Para determinação das perdas de carga por atrito entre
as seções de cálculo é utilizada a fórmula de Manning, na qual o coeficiente de
rugosidade é função de diversos fatores, tais como vegetação, material do leito,
configuração e nível d’água no canal, etc. Normalmente três valores para o coeficiente
de rugosidade são suficientes para a caracterização de uma seção; são eles os
referentes à calha principal do rio e as duas margens. A adequada determinação dos
coeficientes de rugosidade em cada trecho de rio é um dos fatores mais importantes
para obtenção de um modelo que represente os fenômenos hidráulicos.

Perdas de Carga por Transição – As perdas de carga devido à variação da área de


escoamento, por expansão ou contração, são calculadas através da aplicação de
coeficientes de perda de carga que devem ser informados ao modelo para cada seção.
Esses coeficientes multiplicam a diferença absoluta das cargas cinéticas entre as
seções transversais para obtenção da perda de energia causada pela transição.

4.2. DADOS BÁSICOS

Para o desenvolvimento desses estudos foram utilizadas diversas informações,


apresentadas a seguir:

Cartas topográficas na escala 1:100.000, DSG, folhas:

- SC-20-V-B-V Porto Velho;


- SC-20-V-B-IV Mucuim;
- SC-20-V-D-I Jaciparaná;
- SC-20-V-C-III Jirau
- SC-20-V-C-V Mutum paraná;
- SC-20-V-C-VI Abunã;

Restituição aerofotogramétrica na escala 1:10.000;

Restituição aerofotogramétrica na escala 1:2.000 nas áreas da Cachoeira de Santo


Antônio e da Cachoeira de Jirau;

Seções topobatimétricos no rio Madeira, sendo 9 no trecho entre Santo Antônio e Jirau
e 18 no trecho entre Jirau e Abunã;

Seções transversais obtidas diretamente da restituição aerofotogramétrica, sendo 10


no trecho entre Santo Antônio e Jirau e 3 no trecho entre Jirau e Abunã;

Perfis instantâneos da linha d’água do rio Madeira realizados em 22 de maio de 2002,


31 de janeiro e 28 de fevereiro de 2003;

Curvas-chave do rio Madeira a montante do AHE Santo Antônio, a jusante e a


montante do AHE Jirau e em Abunã Vila.

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No trecho de influência do reservatório de Santo Antônio, com cerca 126 km de extensão,


foram utilizadas 19 seções transversais, sendo 9 obtidas diretamente dos levantamentos
topobatimétricos e 10 da restituição aerofotogramétrica na escala de 1:10.000.

Já para o reservatório de Jirau, com cerca 128 km de extensão, foram utilizadas 21


seções transversais, sendo 18 obtidas diretamente dos levantamentos topobatimétricos e
3 da restituição aerofotogramétrica na escala de 1:10.000.

As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam as seções transversais do rio Madeira consideradas nos
estudos de remanso dos aproveitamentos de Santo Antônio e Jirau, respectivamente.
Nesses quadros, as seções indicadas em negrito correspondem às seções com
levantamento topobatimétrico e a numeração entre parênteses corresponde à numeração
da seção na fase de inventário.

Tabela 4.1
Estudo de Remanso do Reservatório da UHE Santo Antônio
Identificação e Distâncias das Seções Transversais Utilizadas

Distância Distância
Seção entre Seções Acumulada Observações
(km) (km)
5 0 UHE Santo Antônio - Cachoeira Santo Antônio Montante
6 6.777 6.777
7 7.726 14.503
8 2.650 17.153 Cachoeira Teotônio
9 6.500 23.653
10 4.977 28.630
11 1.0312 38.942
12 7.925 46.867 Cachoeira Morrinho
13 11.047 57.914
14 6.011 63.925 Ilha Liverpool
15 5.772 69.697 Ilha São Patrício
16 7.312 77.009 Ilha Niterói
17 7.929 84.938
18 5.416 90.354 Ilha Santana
19 12.103 102.457 Ilha da Pedra
20 6.198 108.655
21 4.757 113.412
22 5.083 118.495 Cachoeira do Inferno
23 7.312 125.807 UHE Jirau - Cachoeira Jirau Jusante

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Tabela 4.2
Estudo de Remanso do Reservatório da UHE Jirau
Identificação e Distâncias das Seções Transversais Utilizadas

Distância Distância
Seção entre Acumulada Observações
Seções (km) (km)
28 0 AHE Jirau - Cachoeira Jirau Montante
29 18.331 18.331
30 15.217 33.548
31 9.420 42.968
32 2.133 45.101 Ilha Três Irmãos
33 970 46.071 Cachoeira Três Irmãos
34 1.995 48.066
34,5 (S109) 9.373 57.439
35 4.536 61.975
36 7.232 69.207
37 3.673 72.880
38 3.292 76.172 Cachoeira do Paredão
38,5 (S115) 6.172 82.344
39 8.421 90.765
40 4.940 95.705
40,5 (S115) 3.331 99.036 Cachoeira do Pederneira
41 6.515 105.551
41,5 (S117) 4.169 109.720
42 7.510 117.230
42,3 (S119) 1.747 118.977 Rio Abunã
42,6 (S121) 9.325 128.302 Estação Fluviométrica Abunã Vila

4.3. CALIBRAÇÃO DO MODELO HEC-RAS

O resultado da calibração do modelo HEC-RAS é expresso pela relação de parâmetros


(coeficientes de Manning e coeficientes de contração e expansão) adotados em cada
seção. Os parâmetros resultantes do processo de calibração encontram-se apresentados
nos relatórios finais dos Estudos de Viabilidade das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio
e Jirau. São tabelas extensas que não precisam ser reproduzidas no presente documento.
O resultado prático dessa calibração, que corresponde à comparação entre os perfis de
linha d’água simulados e os níveis d’água levantados no campo, é apresentado nos dois
subitens seguintes, um para cada trecho estudado.

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4.3.1 Reservatório de Santo Antônio

A calibração do modelo de escoamento em condições naturais - aferição dos coeficientes


de rugosidade e de perda de carga - foi realizada para os perfis de linha d’água
instantâneos medidos em 31 de janeiro e 28 de fevereiro de 2003.

A Tabela 4.3 apresenta, para cada perfil instantâneo levantado, os níveis d’água
observados e os simulados em cada seção.

Tabela 4.3
Calibração do Modelo HEC-RAS no Reservatório da UHE Santo Antônio
Comparação entre os Níveis d’Água Observados e Simulados

31/01/2003 - Q = 31.026 m³/s 28/02/2003 - Q = 29.869 m³/s


Seção NA NA Diferença NA NA Diferença
Observado Simulado Observado Simulado
(m) (m) (m) (m) (m) (m)

5 58,76 58,50
6 59,54 59,26
7 60,31 60,45 -0,14 59,86 60,18 -0,32
8 60,6 60,35
9 64,55 64,72 -0,17 64,27 64,50 -0,23
10 65,96 65,75
11 69,34 69,08
12 70,76 70,48
13 71,88 71,62
14 72,57 72,32
15 73,04 72,78
16 73,28 73,02
17 73,6 73,33
18 73,84 73,57
19 74,44 74,17
20 74,75 74,47
21 74,92 74,64
22 75,05 74,78
23 75,78 75,55 0,23 75,42 75,17 0,25

4.3.2 Reservatório de Jirau

A calibração do modelo de escoamento em condições naturais - aferição dos coeficientes


de rugosidade e de perda de carga - foi realizada para perfis de linha d’água instantâneos
medidos em 22 de maio de 2002, 31 de janeiro e 28 de fevereiro de 2004.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.6 Engº José Eduardo Moreira


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A Tabela 4.4 apresenta, para cada perfil instantâneo levantado, os níveis d’água
observados e os simulados em cada seção.

Tabela 4.4
Calibração do Modelo HEC-RAS no Reservatório da UHE Jirau
Comparação entre os Níveis d’Água Observados e Simulados

22/05/2002 - Q = 18.605 m³/s 28/02/2003 - Q=29.869 m³/s 31/01/2003 - Q=31.026 m³/s


Seção NA NA NA NA NA NA
Diferença Diferença Diferença
Observado Simulado Observado Simulado Observado Simulado
(m) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
(m)
28 79,54 82,59 83,11
29 80,86 84,31 84,91
30 81,15 84,68 85,29
31 81,48 85,07 85,69
32 81,72 85,25 85,88
33 81,88 85,34 85,96
34 82,06 85,44 86,05
34,5 82,63 83,04 -0,41 85,57 86,28 0,71 86,03 86,89 0,86
35 83,72 86,94 87,58
36 84,25 87,56 88,13
37 84,49 87,80 88,34
38 84,8 88,21 88,76
38,5 86,31 86,1 0,21 89,32 89,34 0,02 89,83 89,77 -0,06
39 87,39 90,65 91,03
40 87,62 90,96 91,35
40,5 88,37 88,17 0,20 91,45 91,29 0,16 91,93 91,68 -0,25
41 88,69 91,66 92,06
41,5 88,82 88,81 0,01 91,94 91,84 0,10 92,43 92,26 -0,17
42 89,19 92,05 92,34 0,29 92,57 92,78 0,21
42,3 89,05 89,25 -0,2 92,43 92,89
42,6 89,31 89,38 -0,07 92,45 92,65 0,20 92,93 93,12 0,19

4.4. SIMULAÇÃO DOS PERFIS DE LINHA D’ÁGUA NOS DOIS TRECHOS SIMULADOS

Para subsidiar a caracterização hidráulica do estirão do rio Madeira de interesse ao


presente trabalho, foram realizadas simulações dos perfis de linha d água ao longo dos
dois trechos modelados, considerando diversas vazões em trânsito e também as
situações com e sem reservatório.

Os resultados permitiram uma análise comparativa entre as velocidades de escoamento


com e sem os reservatórios, para diversas situações hidrológicas.

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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

4.4.1. Perfis do Trecho Correspondente ao Reservatório de Santo Antônio

A Tabela 4.5 apresenta os perfis de nível d’água correspondentes a diversas vazões do


rio Madeira, ao longo do estirão correspondente ao futuro reservatório de Santo Antônio.
A Tabela 4.6 apresenta os mesmos resultados, agora considerando a presença do
reservatório.

A Figura 4.7 ilustra os resultados obtidos na simulação, apresentando, para cada três
condições hidrológicas distintas (estiagem, vazão média e cheia), os perfis de linha
d’água com e sem a presença do reservatório.

A Figura 4.8 apresenta os perfis de velocidade correspondentes às três condições


hidrológicas simuladas, com e sem a presença do reservatório.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.8 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 4.5
Estudos de Remanso do Rio Madeira entre AHE Santo Antônio e AHE Jirau
Perfis da Linha d’Água em Condições Naturais

Vazão (m³/s)
Seção
5000 10000 18000 39100 48600 61200 72600 84000
5 47,51 50,61 54,51 60,79 62,84 65,17 66,98 68,62
6 47,85 51,16 55,15 61,66 63,78 66,11 67,92 69,51
7 49,38 52,51 56,12 62,51 64,6 66,89 68,71 70,31
8 54,23 55,15 56,3 62,47 64,44 66,61 68,34 69,84
9 58,16 60,26 62,24 66,14 67,73 69,52 71,07 72,41
10 58,85 61,18 63,36 67,34 68,83 70,46 71,88 73,05
11 60,39 63,24 66,06 70,84 72,35 73,89 75,23 76,25
12 61,41 64,32 67,29 72,33 73,92 75,53 76,94 78,01
13 62,6 65,49 68,47 73,41 74,97 76,57 77,95 79,01
14 63,18 66,16 69,2 74,05 75,56 77,1 78,42 79,41
15 63,48 66,53 69,63 74,56 76,09 77,67 79,02 80,07
16 63,63 66,77 69,9 74,84 76,36 77,91 79,22 80,26
17 63,82 67,06 70,24 75,24 76,81 78,42 79,75 80,84
18 64 67,31 70,52 75,54 77,12 78,73 80,06 81,16
19 64,43 67,88 71,15 76,27 77,92 79,59 80,94 82,09
20 64,7 68,18 71,45 76,6 78,24 79,92 81,26 82,43
21 64,79 68,31 71,61 76,78 78,43 80,09 81,42 82,58
22 64,86 68,42 71,75 76,95 78,61 80,28 81,59 82,76
23 65,06 68,74 72,14 77,45 79,16 80,9 82,26 83,49

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.9 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 4.6
Estudos de Remanso do Rio Madeira entre AHE Santo Antônio e AHE Jirau
Perfis da Linha d’Água Com Reservatório de Santo Antônio na El. 70,00 m

Vazão (m³/s)
Seção
5000 10000 18000 39100 48600 61200 72600 84000
5 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00 70,00
6 70,00 70,01 70,04 70,19 70,26 70,41 70,57 70,76
7 70,01 70,02 70,08 70,37 70,51 70,79 71,10 71,45
8 70,00 70,02 70,06 70,29 70,36 70,57 70,79 71,04
9 70,02 70,07 70,21 70,94 71,28 71,89 72,51 73,21
10 70,02 70,09 70,28 71,19 71,63 72,31 72,98 73,75
11 70,05 70,20 70,63 72,50 73,53 74,65 75,59 76,65
12 70,08 70,30 70,90 73,34 74,73 76,08 77,16 78,33
13 70,10 70,39 71,15 73,95 75,56 76,97 78,11 79,27
14 70,12 70,46 71,34 74,32 76,01 77,41 78,42 79,41
15 70,14 70,54 71,53 74,75 76,49 77,94 79,02 80,07
16 70,16 70,59 71,65 75,00 76,72 78,16 79,22 80,26
17 70,17 70,65 71,80 75,38 77,14 78,64 79,75 80,84
18 70,19 70,69 71,91 75,65 77,42 78,93 80,06 81,16
19 70,22 70,81 72,21 76,34 77,92 79,59 80,94 82,09
20 70,24 70,87 72,36 76,60 78,24 79,92 81,26 82,43
21 70,25 70,91 72,43 76,78 78,43 80,09 81,42 82,58
22 70,25 70,93 72,50 76,95 78,61 80,28 81,59 82,76
23 70,28 71,02 72,71 77,45 79,16 80,90 82,26 83,49

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.10 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 4.7
Perfis de Linha d’Água Simulados entre AHE Santo Antônio e AHE Jirau
80

75

70
Nível d'Água (m)

65

60

55

50

45
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância à Barragem (km)

Q = 5000 m³/s, Com Barragem Q = 18.000 m³/s, Com Barragem Q = 48.600 m³/s, Com Barragem
Q = 5000 m³/s, Sem Barragem Q = 18.000 m³/s, Sem Barragem Q = 48.600 m³/s, Sem Barragem

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.11 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 4.8
Perfis de Velocidades d’Água Simulados entre AHE Santo Antônio e AHE Jirau
6.00

5.00

4.00
Velocidade Média (m/s)

3.00

2.00

1.00

0.00
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância à Barragem (km)

Q = 5.000 m³/s, Com Barragem Q = 18.300 m³/s, Com Barragem Q = 45.000 m³/s, Com Barragem
Q = 5.000 m³/s, Sem Barragem Q = 18.300 m³/s, Sem Barragem Q = 45.000 m³/s, Sem Barragem

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.12 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

4.4.2. Perfis do Trecho Correspondente ao Reservatório de Jirau

A Tabela 4.9 apresenta os perfis de nível d’água correspondentes a diversas vazões do


rio Madeira, ao longo do estirão correspondente ao futuro reservatório de Santo
Antônio.

A Tabela 4.10 apresenta os mesmos resultados, agora considerando a presença do


reservatório. Nesse quadro, os níveis d’água do reservatório variam em função da
vazão em trânsito, de acordo com a política de operação estabelecida para o
empreendimento, que prevê o deplecionamento do reservatório durante os meses de
estiagem.

A Figura 4.11 ilustra os resultados obtidos na simulação, apresentando, para cada três
condições hidrológicas distintas (estiagem, vazão média e cheia), os perfis de linha
d’água com e sem a presença do reservatório.

A Figura 4.12 apresenta os perfis de velocidade correspondentes às três condições


hidrológicas simuladas, com e sem a presença do reservatório.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.13 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 4.9
Estudos de Remanso do Rio Madeira – Trecho: Jirau - Abunã
Perfis da Linha d’Água em Condições Naturais
Vazão (m³/s)
Seção
5.600 6.800 10.600 10.400 15.900 16.600 22.700 23.900 29.100 30.200 33.600 48.800 60.200 71.400 82.600
28 74,11 74,71 76,46 76,37 78,63 78,88 80,77 81,10 82,41 82,67 83,41 86,18 87,93 89,45 90,83
29 75,61 76,44 78,84 78,73 81,31 81,60 83,82 84,22 85,75 86,04 86,91 90,29 92,32 94,27 96,08
30 75,97 76,84 79,33 79,23 81,88 82,17 84,49 84,92 86,53 86,84 87,74 91,22 93,34 95,38 97,26
31 76,25 77,13 79,63 79,52 82,18 82,47 84,82 85,26 86,92 87,23 88,15 91,70 93,90 96,01 97,95
32 76,47 77,34 79,78 79,67 82,31 82,60 84,95 85,39 87,06 87,37 88,30 91,89 94,12 96,26 98,24
33 76,66 77,50 79,89 79,79 82,38 82,67 85,01 85,44 87,11 87,42 88,35 91,94 94,17 96,31 98,28
34 76,78 77,63 80,00 79,89 82,47 82,75 85,07 85,51 87,17 87,49 88,41 91,97 94,16 96,26 98,20
34.5 77,26 78,14 80,52 80,42 82,99 83,27 85,62 86,07 87,79 88,12 89,06 92,68 94,96 97,14 99,16
35 77,56 78,46 80,85 80,75 83,35 83,64 86,03 86,49 88,25 88,58 89,55 93,24 95,58 97,78 99,80
36 77,74 78,65 81,07 80,96 83,60 83,89 86,34 86,81 88,63 88,97 89,96 93,78 96,23 98,52 100,63
37 77,83 78,75 81,17 81,06 83,70 83,99 86,45 86,92 88,74 89,09 90,08 93,91 96,35 98,65 100,74
38 77,95 78,87 81,31 81,20 83,86 84,15 86,65 87,12 88,98 89,33 90,35 94,27 96,88 99,22 101,37
38.5 78,49 79,35 81,81 81,71 84,40 84,69 87,19 87,66 89,46 89,79 90,71 94,57 97,21 99,52 101,65
39 79,62 80,64 82,82 82,72 85,33 85,62 88,11 88,56 90,22 90,51 91,26 94,94 97,51 99,79 101,92
40 79,85 80,87 83,02 82,93 85,53 85,82 88,33 88,79 90,48 90,78 91,55 95,27 97,87 100,12 102,26
40.5 80,41 81,39 83,45 83,36 85,97 86,26 88,79 89,24 90,82 91,08 91,85 95,61 98,25 100,54 102,72
41 80,98 81,96 83,99 83,90 86,53 86,82 89,40 89,84 91,28 91,50 92,28 96,01 98,63 100,92 103,09
41.5 81,24 82,19 84,19 84,10 86,72 87,01 89,61 90,05 91,53 91,76 92,55 96,34 99,01 101,35 103,57
42 81,93 82,83 84,80 84,71 87,31 87,60 90,21 90,66 92,19 92,44 93,26 97,07 99,70 101,99 104,17
42.3 81,96 82,86 84,85 84,76 87,38 87,68 90,30 90,76 92,31 92,56 93,41 97,26 99,93 102,25 104,45
42.6 82,10 83,00 85,01 84,92 87,56 87,87 90,55 91,01 92,61 92,87 93,74 97,69 100,39 102,73 104,95

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.14 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 4.10
Estudos de Remanso do Rio Madeira – Trecho: Jirau - Abunã
Perfis da Linha d’Água Com o Reservatório do AHE Jirau

Vazão (m³/s)
5600 6800 10600 10400 15900 16600 22700 23900 29100 30200 33600 48800 60200 71400 82600
Seção
Nível d’água no Reservatório do AHE Jirau
82,5 83 85 85 87 87,5 89,5 90 90 90 90 90 90 90 92
28 82,50 83,00 85,00 85,00 87,00 87,50 89,50 90,00 90,00 90,00 90,00 90,00 90,00 90,00 92,00
29 82,62 83,16 85,26 85,25 87,38 87,87 89,98 90,48 90,69 90,74 90,90 91,73 92,50 94,27 96,08
30 82,66 83,21 85,34 85,33 87,50 87,99 90,12 90,61 90,88 90,94 91,14 92,14 93,34 95,38 97,26
31 82,69 83,24 85,38 85,37 87,56 88,05 90,20 90,69 90,99 91,06 91,28 92,38 93,90 96,01 97,95
32 82,70 83,25 85,40 85,38 87,59 88,08 90,23 90,73 91,04 91,12 91,34 92,50 94,12 96,26 98,24
33 82,70 83,26 85,40 85,39 87,60 88,09 90,24 90,74 91,06 91,13 91,36 92,52 94,17 96,31 98,28
34 82,71 83,26 85,41 85,40 87,60 88,09 90,25 90,74 91,06 91,13 91,36 92,49 94,16 96,26 98,20
34.5 82,76 83,32 85,49 85,47 87,71 88,20 90,37 90,87 91,23 91,31 91,56 92,81 94,96 97,14 99,16
35 82,80 83,37 85,56 85,54 87,81 88,30 90,50 90,99 91,40 91,49 91,78 93,24 95,58 97,78 99,80
36 82,83 83,41 85,61 85,59 87,90 88,39 90,62 91,12 91,57 91,68 92,00 93,78 96,23 98,52 100,63
37 82,84 83,42 85,63 85,61 87,93 88,42 90,65 91,14 91,61 91,71 92,03 93,91 96,35 98,65 100,74
38 82,86 83,45 85,67 85,64 87,99 88,48 90,74 91,24 91,75 91,86 92,21 94,27 96,88 99,22 101,37
38.5 82,93 83,54 85,79 85,76 88,15 88,63 90,86 91,35 91,88 92,00 92,38 94,57 97,21 99,52 101,65
39 83,11 83,76 86,04 86,01 88,44 88,91 91,03 91,50 92,07 92,19 92,59 94,94 97,51 99,79 101,92
40 83,15 83,81 86,10 86,06 88,52 88,99 91,13 91,60 92,20 92,33 92,75 95,27 97,87 100,12 102,26
40,5 83,24 83,91 86,23 86,19 88,69 89,15 91,26 91,73 92,36 92,50 92,96 95,61 98,25 100,54 102,72
41 83,38 84,08 86,43 86,38 88,94 89,39 91,43 91,90 92,58 92,73 93,22 96,01 98,63 100,92 103,09
41.5 83,44 84,14 86,50 86,45 89,03 89,48 91,55 92,01 92,73 92,89 93,40 96,34 99,01 101,35 103,57
42 83,65 84,38 86,75 86,70 89,32 89,77 91,88 92,35 93,16 93,33 93,89 97,07 99,70 101,99 104,17
42.3 83,66 84,40 86,78 86,73 89,37 89,82 91,95 92,42 93,25 93,43 94,00 97,26 99,93 102,25 104,45
42.6 83,71 84,46 86,84 86,79 89,46 89,91 92,07 92,54 93,41 93,60 94,20 97,69 100,39 102,73 104,95

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 4.15 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 4.11
Perfis de Linha d’Água Simulados – Trecho: Jirau - Abunã
100

95

90
Nível d'Água (m)

85

80

75

70
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância à Barragem (km)

Q = 5.600 m³/s, Com Barragem Q = 16.600 m³/s, Com Barragem Q = 48.800 m³/s, Com Barragem
Q = 5.600 m³/s, Sem Barragem Q = 16.600 m³/s, Sem Barragem Q = 48.800 m³/s, Sem Barragem

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Figura 4.12
Perfis de Velocidade Simulados – Trecho: Jirau - Abunã
8.00

7.00

6.00
Velocidade Média (m/s)

5.00

4.00

3.00

2.00

1.00

0.00
0 20 40 60 80 100 120 140
Distância à Barragem (km)

Q = 5.000 m³/s, Com Barragem Q = 18.300 m³/s, Com Barragem Q = 45.000 m³/s, Com Barragem
Q = 5.000 m³/s, Sem Barragem Q = 18.300 m³/s, Sem Barragem Q = 45.000 m³/s, Sem Barragem

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4.5. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO HIDRÁULICO COM E SEM RESERVATÓRIO

A partir dos perfis de linha d’água e de velocidades simulados, foi possível apreciar a
magnitude da mudança das características hidráulicas ao longo do estirão fluvial, tendo
como objetivo identificar os trechos com tendência ao assoreamento.

A primeira análise foi feita pela simples apreciação dos perfis de linha d’água e de
velocidades apresentados nas Figuras 4.7, 4.8, 4.11 e 4.12. Percebe-se, claramente,
nos dois casos, que os reservatórios formados apresentam um trecho de maior
profundidade próximo às barragens, com cerca de 30 km de extensão, em Santo
Antônio, e cerca de 20 km de extensão, em Jirau. Nesses trechos, as reduções de
velocidade provocadas pela implantação dos reservatórios são significativas. Nos
trechos mais afastados das barragens, que correspondem à maior parte principal dos
reservatórios formados, a redução de velocidade média de escoamento é pequena.

Estes gráficos de velocidades apresentam alguns pontos com velocidades acentuadas,


ocorrendo às vezes, em algumas seções, velocidades para vazões baixas superiores
às velocidades para vazões mais altas, ao contrário do que seria de se esperar. Não se
trata, entretanto, de erros de simulação: isto se explica pela existência de pequenas
corredeiras localizadas, muito comuns neste trecho do rio Madeira, que só são
perceptíveis para baixas vazões; elas ficam afogadas quando as vazões aumentam, e
as velocidades locais diminuem.

Objetivando melhor quantificar estas variações de velocidade, apresenta-se, no Quadro


4.13, para os dois reservatórios, um resumo das velocidades médias do escoamento
simuladas nos trechos próximo e afastado das barragens, para quatro condições
hidrológicas, incluindo as três correspondentes aos perfis de linha d’água ilustrados nas
Figuras 4.8 e 4.12.

Tabela 4.13
Velocidades Médias Simuladas ao Longo do Rio Madeira nos Trechos dos
Futuros Reservatórios de Santo Antônio e Jirau

Velocidades (m/s) no Trecho Velocidades (m/s) na


Próximo à Barragem Porção Restante do Reservatório
Sem Com Sem Com
Vazão (m³/s) Variação Variação
Reserv. Reserv. Reserv. Reserv.
UHE 5.000 1.27 0.22 (1.05) 0.54 0.26 (0.28)
SANTO
18.000 2.01 0.70 (1.31) 0.90 0.73 (0.17)
ANTÔNIO
30.000 2.32 1.26 (1.06) 1.21 1.11 (0.10)
48.600 2.61 1.82 (0.79) 1.45 1.4 (0.05)
5.600 2.62 0.31 (2.31) 0.68 0.24 (0.44)
UHE 16.600 4.57 1.19 (3.38) 1.17 0.76 (0.41)
JIRAU 30.000 5.71 2.19 (3.52) 1.66 1.31 (0.35)
48.800 6.92 3.28 (3.64) 2.10 1.82 (0.28)
A análise desses resultados, para o reservatório de Santo Antônio, permite concluir
que:
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• A redução de velocidades médias de escoamento ao longo da maior parte do


reservatório é pequena, alcançando valores sempre inferiores a 0,30 m/s.

• Estas reduções podem afetar a capacidade de transporte por arrasto, mas, devido à
pequena extensão do reservatório, não devem propiciar condições favoráveis para
depósito do material transportado em suspensão.

• No trecho mais próximos à barragem, abaixo que hoje se caracteriza por apresentar
corredeiras, as velocidades de escoamento sofrerão reduções significativas, após a
implantação da barragem. Trata-se do trecho mais profundo do reservatório, a
jusante da cachoeira de Teotônio.

• Neste trecho, a capacidade de transporte por arrasto ficará muito reduzida, sendo
de se esperar que todo o material mais fino transportado pelo fundo aí se deposite.

• Deverá ocorrer também depósito de material em suspensão junto à barragem de


Santo Antônio, pois as velocidades médias nesse trecho ficarão inferiores a 1 m/s
na maior parte do tempo.

Considerando o mesmo tipo de análise, as principais conclusões relativas ao


reservatório de Jirau são:

• O trecho próximo à barragem de Jirau onde ocorrem maiores reduções de


velocidade é bastante reduzido, apresentando extensão inferior a 20 km. As
reduções de velocidades nesse trecho são elevadas, mas as velocidades com
reservatório ainda são superiores a 1,0 m/s..

• As reduções de velocidade de escoamento ao longo de todo o restante do


reservatório, apesar de não ultrapassarem os 0,50 m/s, serão mais significativas
que no reservatório de Santo Antônio.

• Por esse motivo, espera-se maior propensão ao assoreamento no reservatório de


Jirau que no de Santo Antônio.

Esta análise das características hidráulicas do trecho do rio Madeira a ser afetado
diretamente pela implantação dos Aproveitamentos Hidrelétricos de Santa Antônio e
Jirau teve por objetivo apenas tentar identificar segmentos mais propícios ao
assoreamento, não permitindo nenhuma conclusão quanto à quantidade de sedimento
que pode vir a ser depositado. Esta matéria será tratada no capítulo 5, onde são
apresentados os estudos de vida útil dos dois reservatórios.

Quanto à possível distribuição dos sedimentos pelos reservatórios e à sua


granulometria, o assunto será abordado no capítulo 6.

Com base nas características do estirão fluvial analisado, espera-se que o


assoreamento no reservatório de Santo Antônio, caso ocorra, deverá ser localizado
próximo ao barramento, particularmente a jusante da cachoeira de Teotônio. No caso

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do reservatório de Jirau, mais propenso a ser assoreado, os depósitos que ocorrerem


deverão se distribuir mais uniformemente ao longo de todo o reservatório.

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5. AVALIAÇÃO DO ASSOREAMENTO DOS RESERVATÓRIOS

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5.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentada a avaliação do assoreamento dos reservatórios de Santo


Antônio e Jirau, através da metodologia empregada correntemente em estudos de vida
útil.

Esta introdução apresenta as partes comuns aos estudos de assoreamento dos dois
reservatórios, ou seja, a metodologia e a base de dados empregada. Os dois itens
seguintes apresentam os resultados obtidos para cada reservatório.

5.1.1. Dados Básicos

No desenvolvimento dos estudos hidrossedimentológicos dos reservatórios dos


Aproveitamentos Hidrelétricos de Santo Antônio e Jirau, foram utilizadas os seguintes
dados:

• curvas cota x área e cota x volume do reservatório, apresentadas nas Tabelas 5.1 e
5.2;

• série de descargas médias mensais na estação de Porto Velho, apresentada no


item 3.1 (Tabela 3.1);

• informações referentes às medições de descarga sólida realizadas, tais como:

− curva-chave de sedimentos na estação de Porto Velho, item 3.2;


− a taxa anual de aumento na produção de sedimentos, item 3.3;
− granulometria e o peso específico médio inicial do sedimento, item 3.4;

Tabela 5.1
AHE Santo Antônio
Curvas Cota x Área, e Cota x Volume do Reservatório
2 3
Cota (m) Área (km ) Volume (hm )
30.00 0.00 0.00
31.00 0.64 0.32
32.00 1.27 1.27
33.00 1.78 2.80
34.00 2.07 4.72
35.00 2.37 6.94
36.00 2.75 9.50
37.00 3.21 12.47
38.00 3.66 15.91
39.00 4.12 19.80
40.00 4.58 24.15
41.00 5.05 28.97

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2 3
Cota (m) Área (km ) Volume (hm )
42.00 5.64 34.31
43.00 6.22 40.24
44.00 6.75 46.73
45.00 7.10 53.65
46.00 7.45 60.92
47.00 8.14 68.72
48.00 8.91 77.24
49.00 9.80 86.60
50.00 10.49 96.74
51.00 11.53 107.75
52.00 13.76 120.39
53.00 16.30 135.42
54.00 20.75 153.94
55.00 25.12 176.88
56.00 30.00 204.44
57.00 35.18 237.03
58.00 40.04 274.64
59.00 47.43 318.38
60.00 58.31 371.24
61.00 79.51 440.15
62.00 102.28 531.05
63.00 133.32 648.84
64.00 159.08 795.04
65.00 180.30 964.73
66.00 197.41 1,153.58
67.00 214.18 1,359.38
68.00 226.80 1,579.87
69.00 246.23 1,816.38
70.00 271.26 2,075.13
71.00 306.54 2,364.03
72.00 344.95 2,689.78
73.00 395.27 3,059.88
74.00 438.52 3,476.78
75.00 480.40 3,936.24

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Tabela 5.2
AHE Jirau
Curvas Cota x Área, e Cota x Volume do Reservatório
2 3
Cota (m) Área (km ) Volume (hm )
65,00 0,00 0,00
66,00 5,31 2,66
67,00 10,61 10,61
68,00 15,66 23,75
69,00 20,62 41,89
70,00 25,86 65,13
71,00 31,10 93,61
72,00 36,07 127,19
73,00 41,39 165,92
74,00 46,48 209,85
75,00 51,77 258,98
76,00 56,91 313,31
77,00 62,18 372,85
78,00 67,86 437,87
79,00 73,56 508,58
80,00 79,88 585,31
81,00 86,31 668,40
82,00 93,01 758,07
83,00 100,85 855,00
84,00 111,96 961,40
85,00 128,23 1.081,50
86,00 147,65 1.219,44
87,00 171,30 1.378,91
88,00 197,23 1.563,18
89,00 224,47 1.774,02
90,00 258,00 2.015,26
91,00 305,44 2.296,98
92,00 375,60 2.637,50
93,00 433,55 3.042,07
94,00 492,68 3.505,19
95,00 552,00 4.027,52

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5.1.2. Metodologia

Os modelos de avaliação do assoreamento em reservatórios permitem obter a


distribuição de sedimentos ao longo do mesmo (distribuição por cotas) e alturas de
depósito no pé da barragem, segundo o “método empírico de redução de área”
desenvolvido por Borland & Miller a partir de levantamentos realizados em diversos
reservatórios dos EUA (ver Strand, 1974 e Carvalho, 1994).

Os dados básicos para a avaliação do assoreamento são os níveis e volumes


característicos do reservatório, as curvas cota x área e cota x volume, os valores de
descarga sólida média, o peso específico aparente médio dos depósitos e a eficiência
de retenção de sedimentos, além da taxa de aumento anual na produção de
sedimentos.

As equações básicas para a avaliação do assoreamento são:

D st ⋅ E r 365 ⋅ Q st ⋅ E r
S= =
γ ap γ ap
e
Vres
T=
S
onde:
S - volume de sedimento retido no reservatório (m³/ano);
D st - deflúvio sólido total médio anual afluente ao reservatório (t/ano);
E r - eficiência de retenção do reservatório ao sedimento afluente ao lago;
γ ap - peso específico aparente médio dos depósitos (t/m³);
Q st - descarga sólida total média afluente ao reservatório (t/dia);
T - tempo de assoreamento total do reservatório ou de um volume característico
(anos);
Vres - volume total ou outro característico do reservatório (m³).

Para a obtenção dos valores da eficiência de retenção E r utiliza-se a curva de Brune,


apresentada na Figura.5.3.

Q D γ
Os valores de st , st , E r e ap são variáveis com o tempo. A eficiência de retenção
do reservatório diminui à medida que aumentam os depósitos e o peso específico
aparente se altera com a compactação ao longo do tempo.

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Figura 5.3
Curva de Brune

5.1.3. Aplicação do Modelo

A partir da série de descargas líquidas médias mensais em Porto Velho (Tabela 3.1) e
da curva-chave de sedimentos do rio Madeira em Porto Velho (Figura 3.5), determinou-
se a série de descargas sólidas em suspensão médias mensais. A série de descargas
sólidas totais médias mensais em Porto Velho foi calculada aplicando-se o fator 1,06
que representa a relação média entre as descargas sólidas totais e em suspensão
medidas na campanha elaborada por FURNAS, conforme detalhado no item 3.2.

A série de descargas sólidas totais médias mensais no local do AHE Santo Antônio foi
admitido igual a de Porto Velho devido a proximidade desses locais. A série assim
obtida é apresentada na Tabela 5.4.

A transferência da série de descargas sólidas totais médias mensais de Porto Velho


para o local do AHE Jirau foi feita pela relação entre as áreas de drenagem do local do
aproveitamento (972.710 km²) e de Porto Velho (988.997 km²). A série assim obtida é
proporcional à série de Porto Velho por um fator de 0,9835.

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Tabela 5.4
Rio Madeira em Porto Velho
Série de Descargas Sólidas Totais Médias Mensais (t/dia)

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA

1931 493.849 1.263.354 2.123.478 1.182.172 597.008 259.577 114.395 51.142 50.303 369.079 439.108 726.442 639.159
1932 2.208.571 2.810.065 4.561.923 2.155.253 1.320.631 634.522 385.773 212.016 130.274 171.037 267.696 422.513 1.273.356

1933 1.359.297 2.150.704 2.446.353 1.814.772 790.052 334.054 145.640 74.077 47.404 70.760 138.475 395.062 813.888

1934 4.329.351 9.743.667 8.142.327 8.785.132 1.347.657 578.547 245.036 115.505 99.767 146.243 508.569 865.434 2.908.936
1935 1.397.036 1.618.386 13.511.712 3.963.021 1.018.407 569.872 261.782 127.962 75.515 78.419 263.257 368.250 1.937.802
1936 1.051.436 1.204.468 1.406.199 1.269.675 529.987 243.597 105.105 50.722 59.789 97.134 230.785 1.066.893 609.649

1937 7.641.513 2.123.478 8.498.825 2.507.452 1.542.014 643.521 287.224 133.183 118.298 171.037 309.556 532.803 2.042.409
1938 3.073.301 2.382.969 1.995.049 1.278.543 626.559 343.708 157.854 73.124 55.841 79.395 197.800 479.278 895.285
1939 995.036 2.456.465 8.051.033 2.787.929 975.319 604.841 484.725 272.161 220.290 245.036 349.382 974.163 1.534.698

1940 3.403.179 7.064.594 16.568.447 3.879.465 2.118.952 991.547 488.368 259.577 191.150 193.137 261.046 330.857 2.979.193
1941 1.177.237 1.529.858 2.191.766 1.439.088 617.643 278.905 165.972 99.767 65.653 117.738 392.521 868.765 745.409
1942 2.164.362 6.126.073 12.128.572 3.501.065 999.696 448.816 197.800 92.972 124.522 298.704 720.182 1.629.399 2.369.347

1943 3.057.600 1.965.578 4.755.058 1.604.655 797.592 406.994 180.025 80.375 42.180 55.841 89.382 209.282 1.103.714
1944 1.045.511 3.911.814 3.100.909 1.886.760 907.944 422.513 182.622 80.375 53.687 91.941 326.082 1.279.812 1.107.498

1945 1.462.930 1.869.395 2.504.031 1.701.607 820.358 351.824 152.316 67.033 44.565 71.231 118.859 204.527 780.723

1946 683.016 1.599.174 1.486.906 896.690 861.000 790.052 461.276 124.522 80.867 78.906 102.958 250.818 618.015

1947 650.550 1.338.628 3.963.021 3.609.620 1.383.983 544.118 253.726 124.522 116.062 346.946 1.087.223 2.181.095 1.299.958

1948 6.630.310 3.944.348 4.623.964 1.669.536 956.885 491.106 245.756 123.951 91.427 198.469 650.550 2.976.068 1.883.531

1949 14.393.392 4.728.639 6.182.873 7.424.237 1.140.449 595.056 289.508 133.183 85.338 241.446 864.325 1.691.824 3.147.522

1950 4.515.766 2.200.927 11.968.980 2.236.165 962.632 420.779 187.198 88.365 43.367 52.409 97.134 448.816 1.935.212

1951 1.501.623 2.265.958 18.379.344 2.486.972 1.914.366 749.553 328.466 144.437 98.184 123.951 515.985 2.105.393 2.551.186

1952 2.507.452 5.068.905 5.102.156 1.610.143 689.163 237.874 146.243 71.231 38.688 59.346 120.549 765.452 1.368.100

1953 1.456.294 2.213.162 4.781.577 2.453.091 1.612.889 610.738 265.473 121.679 102.958 177.441 691.217 4.634.360 1.593.407

1954 2.039.538 3.286.551 4.399.257 1.883.862 1.245.713 654.579 290.271 131.435 79.885 60.679 149.877 727.487 1.245.761

1955 1.376.171 6.094.672 4.840.274 6.818.001 1.630.778 708.754 308.776 145.038 98.711 108.353 181.972 487.456 1.899.913

1956 1.021.928 1.569.144 6.597.169 2.094.868 1.155.116 593.105 311.117 145.038 77.932 88.365 167.866 484.725 1.192.198

1957 2.225.420 2.217.756 2.821.178 2.285.182 1.260.829 578.547 253.726 133.183 89.382 100.296 209.964 550.755 1.060.518

1958 826.902 1.355.413 1.560.988 1.665.369 1.052.622 444.395 230.785 117.178 67.958 79.395 220.985 711.865 694.488

1959 1.567.784 2.854.696 2.211.631 1.833.397 1.424.585 617.643 267.696 174.229 129.116 202.501 529.987 723.310 1.044.715
1960 878.783 1.338.628 1.573.227 1.281.081 709.791 355.089 162.834 85.840 49.885 86.847 214.762 1.065.702 650.206

1961 1.595.068 6.784.222 5.471.951 2.202.455 1.368.374 659.627 281.166 121.679 68.422 100.827 197.131 843.342 1.641.189
1962 1.990.619 6.737.125 2.466.605 2.093.366 1.387.894 619.620 270.669 132.599 165.343 237.161 419.912 1.456.294 1.498.101

1963 1.489.578 1.567.784 1.173.540 975.319 499.352 388.299 185.232 85.338 44.967 34.930 62.472 240.015 562.235

1964 489.280 848.847 1.593.700 992.710 1.231.912 786.828 515.985 250.092 141.445 368.250 731.673 1.193.302 762.002

1965 1.106.477 1.189.588 11.031.968 3.680.285 1.257.044 595.056 311.899 154.769 90.915 126.812 328.466 564.114 1.703.116
1966 1.080.033 2.679.029 1.917.280 1.543.366 895.567 533.743 243.597 112.185 91.427 88.365 165.972 307.219 804.815

1967 515.985 1.071.665 1.432.490 1.519.081 767.514 386.776 121.308 69.463 37.457 42.415 156.631 261.772 531.880

1968 494.482 1.594.591 3.886.674 1.805.833 505.861 131.181 61.343 35.881 63.755 62.699 141.078 373.576 763.080
1969 1.382.033 1.768.957 1.773.534 1.641.579 646.599 393.546 158.913 63.829 49.885 331.655 113.541 497.295 735.114

1970 748.179 1.360.829 2.169.977 2.166.833 1.521.077 801.644 255.349 79.952 61.854 61.596 100.641 247.361 797.941

1971 957.849 2.410.446 3.880.806 1.924.884 818.601 279.653 161.318 59.075 48.262 112.689 219.805 593.882 955.606
1972 1.068.384 2.040.100 4.826.489 4.709.828 1.432.746 732.646 211.710 154.457 259.107 290.603 250.602 1.054.068 1.419.228

1973 1.603.558 4.159.521 6.982.846 6.060.621 2.089.513 1.159.762 464.857 209.131 119.941 124.096 435.403 1.140.014 2.045.772
1974 2.460.317 5.034.442 9.982.468 5.290.228 2.170.183 987.203 380.580 152.099 76.398 94.496 301.043 490.315 2.284.981
1975 1.252.970 2.995.492 6.022.264 4.459.407 1.649.110 768.750 450.171 123.637 63.794 155.758 192.534 856.353 1.582.520

1976 1.942.420 5.245.662 7.569.074 5.126.819 1.924.258 873.494 241.205 74.745 53.996 61.512 178.592 431.153 1.976.911

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ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA

1977 1.675.786 2.312.226 8.349.389 5.408.827 2.228.433 995.812 395.699 152.036 90.455 150.176 444.675 1.018.905 1.935.201

1978 1.948.934 3.902.795 8.459.213 4.339.875 1.707.044 857.586 430.285 94.449 37.275 55.339 178.798 1.126.345 1.928.161
1979 2.631.893 5.424.806 6.840.140 9.538.606 4.214.243 1.253.484 370.760 109.598 70.856 74.123 124.957 328.234 2.581.808
1980 1.123.507 1.856.881 4.618.751 5.119.909 2.113.414 1.401.626 494.781 178.946 139.811 181.121 222.244 411.935 1.488.577

1981 889.140 2.213.991 5.508.613 5.488.863 2.328.380 1.524.653 392.203 100.026 56.476 133.413 436.277 1.058.841 1.677.573

1982 2.698.485 6.274.425 11.193.006 15.562.186 7.374.816 2.036.964 1.032.500 316.815 122.983 401.303 911.606 1.404.080 4.110.764

1983 1.762.107 2.986.000 4.999.302 3.097.881 2.800.390 1.608.965 1.206.076 458.964 120.523 85.341 197.372 468.830 1.649.313

1984 1.719.779 4.471.405 10.085.690 17.705.356 8.487.003 1.942.330 728.072 176.360 77.532 85.449 622.685 1.219.380 3.943.420

1985 2.411.849 4.564.125 5.019.026 5.413.820 4.239.706 1.519.595 579.834 296.945 147.832 204.690 418.488 730.162 2.128.839
1986 1.759.648 5.336.680 10.886.226 13.338.107 4.792.313 1.927.281 821.186 335.103 227.019 282.259 212.622 840.463 3.396.576

1987 1.888.901 3.300.485 2.182.241 1.569.494 1.358.144 542.621 191.133 90.533 46.349 72.558 309.683 1.193.622 1.062.147

1988 1.831.830 3.727.002 5.155.067 9.107.758 3.229.626 1.314.880 462.849 103.857 39.081 46.283 87.999 269.029 2.114.605
1989 1.281.415 2.261.827 3.626.794 3.229.265 1.599.843 652.296 304.797 99.948 90.047 69.750 111.475 283.123 1.134.215

1990 1.217.664 2.156.548 2.353.305 1.665.825 1.381.539 960.704 438.406 119.090 76.928 119.293 612.002 1.042.006 1.011.942

1991 2.042.658 4.638.185 5.861.633 4.657.643 1.837.361 1.065.087 400.067 169.048 97.033 135.468 320.299 697.862 1.826.862
1992 1.738.317 1.964.480 7.276.297 6.146.655 3.692.742 1.636.024 1.111.648 287.096 423.018 639.043 752.615 1.416.303 2.257.020

1993 2.985.652 8.281.015 11.814.285 12.823.316 3.954.136 1.112.618 339.881 156.192 131.430 125.507 419.558 1.011.374 3.596.247
1994 1.718.242 3.820.874 4.419.756 4.510.920 1.809.456 621.134 213.226 94.681 34.333 79.262 493.233 1.212.985 1.585.675

1995 1.823.189 2.321.049 6.056.811 5.044.094 1.629.734 602.920 208.952 132.148 36.472 36.806 77.707 507.434 1.539.776

1996 981.616 2.196.368 2.602.785 3.335.478 1.172.197 541.723 197.379 56.891 57.763 99.116 518.468 802.188 1.046.831

1997 1.665.940 3.808.581 12.333.265 13.621.195 4.481.675 1.469.141 535.747 171.991 64.890 121.568 251.518 791.689 3.276.433

1998 1.275.502 1.591.026 4.241.750 4.652.958 1.264.904 397.681 140.057 57.085 50.091 97.962 518.659 1.215.014 1.291.891

1999 1.921.290 4.509.480 4.716.355 4.102.856 1.388.587 562.421 283.491 73.853 35.998 47.247 90.970 499.351 1.519.325

2000 1.017.639 1.784.088 3.092.372 2.062.257 982.438 515.445 206.810 82.840 105.066 53.844 253.555 671.596 902.329

2001 1.563.821 3.931.461 9.887.996 5.444.725 1.781.882 884.416 298.195 114.330 51.778 79.650 350.871 773.526 2.096.888

MÍNIMA 489.280 848.847 1.173.540 896.690 499.352 131.181 61.343 35.881 34.333 34.930 62.472 204.527 34.333

MÉDIA 1.984.326 3.203.121 5.721.690 4.129.370 1.760.933 754.218 333.195 134.670 91.507 141.303 328.900 869.056 1.621.024

MÁXIMA 14.393.392 9.743.667 18.379.344 17.705.356 8.487.003 2.036.964 1.206.076 458.964 423.018 639.043 1.087.223 4.634.360 18.379.344

A partir desse as descargas sólidas totais médias diárias foram estabelecidas para os
dois reservatórios:

• Para o reservatório de Santo Antônio adotou-se o valor de Porto Velho, ou seja,


1.621.024 t/dia;

• Para o reservatório de Jirau, este valor foi reduzido proporcionalmente às áreas de


drenagem em Jirau e Porto Velho, resultando 1.594.529 t/dia.

Os resultados dos estudos de assoreamento são apresentados no item 5.2, para o


reservatório de Santo Antônio, e 5.3, para o reservatório de Jirau.

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5.2. ESTUDO DO ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO DE SANTO ANTÔNIO

5.2.1. Cálculo do Volume Assoreado

Com o valor da descarga sólida total média diária afluente ao reservatório do AHE
Santo Antônio (1.621.024 t/dia, aplicou-se a metodologia descrita anteriormente para o
cálculo de sedimentos assoreados nos reservatórios, considerando as hipóteses sem e
com o aumento anual no aporte de sedimentos na bacia (R = 0% e 2% ao ano,
respectivamente), conforme calculado no item 3.3. Os resultados são apresentados nas
Tabelas 5.5 e 5.6, para as duas hipóteses estudadas

Tabela 5.5
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Volume Assoreado no Reservatório - Curva Média de Brune - R = 0%

Sedimentos Volume
Tempo Er ap Disponível no
Afluentes Retidos Acumulados Reservatório
anos % t/m³
hm³ (ao ano) hm³ (ao ano) hm³ hm³
0 19,50 1,007 587,60 0,00 0,00 2.075,13
5 14,04 1,059 558,49 78,42 477,56 1.597,57
10 7,75 1,088 543,93 42,16 751,16 1.323,97
15 4,34 1,106 535,18 23,21 900,39 1.174,74
20 2,42 1,119 528,93 12,78 982,92 1.092,21
25 1,33 1,129 524,07 6,95 1.027,89 1.047,24
30 0,73 1,138 520,12 3,81 1.052,46 1.022,67
35 0,41 1,145 516,79 2,10 1.065,96 1.009,17
40 0,23 1,151 513,91 1,16 1.073,42 1.001,71
45 0,13 1,157 511,38 0,65 1.077,56 997,57
50 0,07 1,162 509,13 0,36 1.079,86 995,27
55 0,04 1,167 507,10 0,20 1.081,15 993,98
60 0,02 1,171 505,25 0,11 1.081,87 993,26
65 0,01 1,175 503,56 0,06 1.082,28 992,85
70 0,01 1,179 502,00 0,04 1.082,51 992,62
75 0,00 1,182 500,55 0,02 1.082,64 992,50
80 0,00 1,185 499,20 0,01 1.082,71 992,42
85 0,00 1,188 497,93 0,01 1.082,75 992,38
90 0,00 1,191 496,75 0,00 1.082,77 992,36
95 0,00 1,194 495,62 0,00 1.082,79 992,34
100 0,00 1,196 494,56 0,00 1.082,79 992,34

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Tabela 5.6
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Volume Assoreado no Reservatório - Curva Média de Brune - R = 2%

Sedimentos Volume
Tempo Er γap Disponível no
Afluentes Retidos Acumulados Reservatório
anos % t/m³
hm³ (ao ano) hm³ (ao ano) hm³ hm³
0 19,50 1,007 587,60 0,00 0,00 2.075,13
5 13,68 1,059 616,62 84,36 501,27 1.573,86
10 6,87 1,088 663,05 45,54 798,01 1.277,12
15 3,25 1,106 720,28 23,39 954,20 1.120,93
20 1,36 1,119 785,96 10,72 1.029,90 1.045,23
25 0,52 1,129 859,80 4,49 1.062,94 1.012,19
30 0,18 1,138 942,13 1,70 1.076,08 999,05
35 0,06 1,145 1.033,52 0,58 1.080,78 994,35
40 0,02 1,151 1.134,73 0,17 1.082,27 992,86
45 0,00 1,157 1.246,68 0,04 1.082,68 992,45
50 0,00 1,162 1.370,37 0,01 1.082,78 992,35
55 0,00 1,167 1.506,96 0,00 1.082,80 992,33
60 0,00 1,171 1.657,75 0,00 1.082,80 992,33
65 0,00 1,175 1.824,16 0,00 1.082,80 992,33
70 0,00 1,179 2.007,77 0,00 1.082,80 992,33
75 0,00 1,182 2.210,35 0,00 1.082,80 992,33
80 0,00 1,185 2.433,82 0,00 1.082,80 992,33
85 0,00 1,188 2.680,32 0,00 1.082,80 992,33
90 0,00 1,191 2.952,22 0,00 1.082,80 992,33
95 0,00 1,194 3.252,13 0,00 1.082,80 992,33
100 0,00 1,196 3.582,93 0,00 1.082,80 992,33

5.2.2. Cálculo do Volume Assoreado no Pé da Barragem

Para o cálculo do volume de sedimentos assoreados ao pé do barramento foi aplicado


com aplicação do “método empírico de redução de area”. Na aplicação desse método,
tem-se a necessidade de definir o tipo de reservatório que será formado pelo AHE
Santo Antônio através de curva volume x profundidade do reservatório.

A classificação do reservatório do AHE Santo Antônio com base na curva cota x


volume apresentada determinaria o reservatório como do tipo III (montanhoso).
Entretanto, a cota 30,0 m - cota média do fundo do rio no eixo do barramento - não
representa a real elevação do fundo do rio, uma vez que seções topobatimétricas
levantadas ao longo do estirão fluvial entre Porto Velho e Jirau indicam cotas de fundo
significativamente inferiores.

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Considerando, para efeito de classificação do tipo de reservatório, a cota mínima de


fundo do rio na EI 29,00 e que o acréscimo de volume entre elevação 30,00 e 29,00 é
irrelevante, o reservatório pode ser classificado como do tipo II (de zonas de inundação
a colinas).

Foram calculadas as parcelas de sedimentos que se depositam no pé do barramento e


suas respectivas cotas alcançadas após n anos de operação, para as duas hipóteses
de taxa anual de crescimento de sedimentos (R = 0% e R = 2%), segundo a
metodologia desenvolvida por Borland & Miller, apresentada em Carvalho, 1994.

As Tabelas 5.7 e 5.8 apresentam os volumes de sedimentos depositados no


reservatório e a cota de altura de sedimentos no pé da barragem, para cada horizonte
de operação, respectivamente para R = 0% (sem aumento no aporte de sedimento) e R
= 2% (com aumento de aporte de sedimentos com uma taxa anual de 2%).

Tabela 5.7
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Altura de Assoreamento no Pé da Barragem - R = 0%

Cota da Altura de
Tempo de Volume de Sedimentos
Sedimentos no Pé da
Assoreamento Depositados no Reservatório
Barragem
(Anos) (hm³)
(m)
0 0,00 30,00
10 751,16 59,32
20 982,92 60,97
30 1.052,46 61,44
50 1.079,86 61,61
100 1.082,79 61,63

Tabela 5.8
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Altura de Assoreamento no Pé da Barragem - R = 2%

Cota da Altura de
Tempo de Volume de Sedimentos
Sedimentos no Pé da
Assoreamento Depositados no Reservatório
Barragem
(anos) (hm³)
(m)
0 0,00 30,00
10 798,01 59,79
20 1.029,90 61,29
30 1.076,08 61,59
50 1.082,78 61,63
100 1.082,80 61,63

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A Figura 5.9 apresenta as curvas de avanço do assoreamento no pé da barragem ao


longo do tempo.

Figura 5.9
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Curva do Avanço de Assoreamento no Pé da Barragem
65,00

60,00

55,00

50,00
Cota (m)

45,00

40,00

35,00

30,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tem po (anos)

R = 0% R = 2%

Ainda seguindo a metodologia proposta por Borland & Miller, foram determinadas as
distribuições de sedimentos assoreados ao longo do reservatório para 10 e 50 anos de
operação, considerando as duas hipóteses de taxas anual de crescimento de
sedimentos, o que permitiu o traçado das novas curvas cota x área e cota x volume.

As Figuras 5.10 e 5.11 apresentam o resultado gráfico obtido para as novas curvas
cota x área e cota x volume do reservatório do AHE Santo Antônio.

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Figura 5.10
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Novas Curvas Cota x Área e Cota x Volume - R = 0%
Área (km ²)
495 450 405 360 315 270 225 180 135 90 45 0
80,0 80,0

75,0 75,0

70,0 70,0

65,0 65,0

60,0 Cota x Volume 60,0


Cota (m)

Cota x Volume 50 anos


55,0 55,0
Cota x Volume 10 anos
50,0 Cota x Área 50,0

45,0 Cota x Área 50 anos 45,0


Cota x Área 10 anos
40,0 40,0

35,0 35,0

30,0 30,0
0 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400
Volum e (hm ³)

Figura 5.11
Estudos de Vida Útil do AHE Santo Antônio
Novas Curvas Cota x Área e Cota x Volume - R = 2%
Área (km ²)
495 450 405 360 315 270 225 180 135 90 45 0
80,0 80,0

75,0 75,0

70,0 70,0

65,0 65,0

60,0 Cota x Volume 60,0


Cota (m)

Cota x Volume 50 anos


55,0 55,0
Cota x Volume 10 anos
50,0 Cota x Área 50,0

45,0 Cota x Área 50 anos 45,0


Cota x Área 10 anos
40,0 40,0

35,0 35,0

30,0 30,0
0 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400
Volum e (hm ³)

5.2.3 Análise dos Resultados

A relação entre o volume do reservatório do AHE Santo Antônio e o volume anual


afluente determina uma reduzida capacidade de retenção de sedimentos do
reservatório, de acordo com a curva média de Brune, como demonstrado na Tabela
5.12, que apresenta um resumo das principais resultados obtidos nas simulações.

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No instante inicial, cerca de 80,5% do aporte de sedimentos passará pelos órgãos de


descargas. Na hipótese de manutenção da carga atual de sedimentos (R = 0%), em
cerca de 28 anos, 99% do sedimento afluente passarão pelas Turbinas e Vertedouro e
em cerca de 74 anos a capacidade de retenção é insignificante (praticamente nula) e
todo o sedimento estará passando pelos órgãos de descarga. Considerando um
aumento da carga de sedimentos da ordem de 2% ao ano, os tempos para consecução
dessas mesmas taxas (99 e 100%) são reduzidos para 22 e 44 anos.

Em 28 ou 22 anos, respectivamente para R=0% e 2%, o reservatório terá perdido


praticamente a metade de seu volume passando de 2.075 hm3 para cerca de 1030
hm3, estabilizando-se a partir deste período.

A altura de sedimento estimada ao pé da barragem, em cem anos de operação do


reservatório, atingirá a El. 61,6 m. Para garantia do não assoreamento das tomadas
d’água durante o horizonte do estudo (100 anos), o Projeto de Viabilidade já considerou
que a ensecadeira de 1ª fase na margem esquerda, localizada frontalmente ao Canal
de Adução da Tomada d’Água, deverá ser removida apenas acima da a El. 63,00 m,
funcionando como uma barreira.

Tabela 5.12
Resumo dos Principais Resultados dos Estudos de Assoreamento

Taxa anual de aumento do sedimento -R % 0 2


3
Capacidade - Volume do Reservatório hm 2.075,13
3
Vazão anual afluente hm /s 567.044,03
-3
Relação Capacidade/Volume anual afluente - 3,66 x 10

Eficiência de Retenção Er em t = 0 % 19,50

Tempo para Er = 1% anos 28 22


3
Volume de Sedimentos no Reservatório hm 1.044,35 1.046,63
3
Volume Disponível no Reservatório hm 1.030,78 1.028,50

Perda de Volume do Reservatório % 50,3 49,6

Tempo para Er = 0% anos 74 44


3
Volume de Sedimentos no Reservatório hm 1.082,62 1.082,64
3
Volume Disponível no Reservatório hm 992,52 992,49

Perda de Volume do Reservatório % 52,2 52,2

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Tabela 5.12
Resumo dos Principais Resultados dos Estudos de Assoreamento

Cota da Altura do Sedimento ao Pé da Barragem (50 anos) m 61,61 61,63

Cota da Altura do Sedimento ao Pé da Barragem (100 anos) m 61,63 61,63

5.3. ESTUDO DO ASSOREAMENTO DO RESERVATÓRIO DE JIRAU

Com o valor da descarga sólida total média diária afluente ao reservatório do AHE Jirau
(1.594.529 t/dia), aplicou-se a metodologia descrita anteriormente para o cálculo de
sedimentos assoreados nos reservatórios, considerando as hipóteses sem e com o
aumento anual no aporte de sedimentos na bacia (R = 0% e 2% ao ano,
respectivamente), conforme calculado no item 3.3.

Considerando que o reservatório do AHE Jirau opera com deplecionamento durante os


períodos de estiagem, todos os cálculos de assoreamento foram feitos considerando
ainda duas condições:

• Operação do reservatório na cota máxima normal (El. 90,00 m); e


• Operação do reservatório na cota média (El. 87,00 m).

5.3.1. Cálculo do Volume Assoreado

5.3.1.1. Reservatório operado na cota máxima normal (El. 90,00 m)

Os resultados dp cálculo do volume assoreado do reservatório de Jirau, para operação


na cota máxima normal (El. 90,00 m) são apresentados nas Tabelas 5.13 e 5.14, para
as duas hipóteses de evolução do aporte de sedimento estudadas.

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Tabela 5.13
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Volume Assoreado no Reservatório - Curva Média de Brune
NA do Reservatório = 90,00 m - R = 0%

Sedimentos Volume
Tempo Er γap Acumulado Disponível no
Afluentes Retidos Reservatório
anos % t/m³ s
hm³ (ao ano) hm³ (ao ano) hm³
hm³
0 19,15 1,007 578,00 0,00 0,00 2.015,26
5 13,65 1,059 549,36 75,00 460,58 1.554,68
10 7,54 1,088 535,04 40,32 722,22 1.293,04
15 4,22 1,106 526,43 22,19 864,93 1.150,33
20 2,34 1,119 520,28 12,20 943,79 1.071,47
25 1,29 1,129 515,51 6,64 986,73 1.028,53
30 0,71 1,138 511,62 3,64 1.010,18 1.005,08
35 0,39 1,145 508,34 2,00 1.023,07 992,19
40 0,22 1,151 505,51 1,11 1.030,19 985,06
45 0,12 1,157 503,02 0,62 1.034,15 981,11
50 0,07 1,162 500,81 0,34 1.036,35 978,91
55 0,04 1,167 498,81 0,19 1.037,58 977,68
60 0,02 1,171 496,99 0,11 1.038,26 977,00
65 0,01 1,175 495,33 0,06 1.038,65 976,61
70 0,01 1,179 493,79 0,03 1.038,87 976,39
75 0,00 1,182 492,37 0,02 1.038,99 976,27
80 0,00 1,185 491,04 0,01 1.039,06 976,20
85 0,00 1,188 489,80 0,01 1.039,10 976,16
90 0,00 1,191 488,63 0,00 1.039,12 976,14
95 0,00 1,194 487,52 0,00 1.039,14 976,12
100 0,00 1,196 486,48 0,00 1.039,14 976,12

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Tabela 5.14
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Volume Assoreado no Reservatório - Curva Média de Brune
NA do Reservatório = 90,00 m - R = 2%

Sedimentos Volume
Tempo Er γap Disponível no
anos % Afluentes Retidos Acumulados Reservatório
t/m³
hm³ (ao ano) hm³ (ao ano) hm³ hm³
0 19,15 1,007 578,00 0,00 0,00 2.015,26
5 13,30 1,059 606,54 80,65 483,41 1.531,85
10 6,68 1,088 652,21 43,54 767,10 1.248,16
15 3,16 1,106 708,51 22,36 916,42 1.098,84
20 1,32 1,119 773,11 10,23 988,66 1.026,60
25 0,51 1,129 845,75 4,29 1.020,19 995,07
30 0,18 1,138 926,73 1,62 1.032,74 982,52
35 0,05 1,145 1.016,62 0,55 1.037,22 978,04
40 0,01 1,151 1.116,19 0,16 1.038,64 976,61
45 0,00 1,157 1.226,30 0,04 1.039,04 976,22
50 0,00 1,162 1.347,97 0,01 1.039,13 976,13
55 0,00 1,167 1.482,33 0,00 1.039,15 976,11
60 0,00 1,171 1.630,65 0,00 1.039,15 976,11
65 0,00 1,175 1.794,34 0,00 1.039,15 976,11
70 0,00 1,179 1.974,96 0,00 1.039,15 976,11
75 0,00 1,182 2.174,22 0,00 1.039,15 976,11
80 0,00 1,185 2.394,04 0,00 1.039,15 976,11
85 0,00 1,188 2.636,51 0,00 1.039,15 976,11
90 0,00 1,191 2.903,97 0,00 1.039,15 976,11
95 0,00 1,194 3.198,98 0,00 1.039,15 976,11
100 0,00 1,196 3.524,37 0,00 1.039,15 976,11

5.3.1.2. Reservatório operado na cota médial (El. 87,00 m)

Os resultados dp cálculo do volume assoreado do reservatório de Jirau, para operação


na cota média anual (El. 87,00 m) são apresentados nas Tabelas 5.15 e 5.16, para as
duas hipóteses de evolução do aporte de sedimento estudadas.

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Tabela 5.15
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Volume Assoreado no Reservatório - Curva Média de Brune
NA do Reservatório = 87,00 m - R = 0%

Sedimentos Volume
Tempo Er ap Disponível no
Afluentes Retidos Acumulados Reservatório
anos % t/m³
hm³ (ao ano) hm³ (ao ano) hm³ hm³
0 8,48 1,007 578,00 0,00 0,00 1.378,91
5 5,16 1,059 549,36 28,37 188,82 1.190,10
10 2,84 1,088 535,04 15,19 287,73 1.091,19
15 1,53 1,106 526,43 8,08 340,49 1.038,43
20 0,84 1,119 520,28 4,35 368,77 1.010,15
25 0,46 1,129 515,51 2,37 384,09 994,82
30 0,25 1,138 511,62 1,30 392,46 986,45
35 0,14 1,145 508,34 0,72 397,07 981,85
40 0,08 1,151 505,51 0,40 399,61 979,31
45 0,04 1,157 503,02 0,22 401,02 977,89
50 0,02 1,162 500,81 0,12 401,80 977,11
55 0,01 1,167 498,81 0,07 402,24 976,67
60 0,01 1,171 496,99 0,04 402,49 976,42
65 0,00 1,175 495,33 0,02 402,63 976,29
70 0,00 1,179 493,79 0,01 402,70 976,21
75 0,00 1,182 492,37 0,01 402,75 976,16
80 0,00 1,185 491,04 0,00 402,77 976,14
85 0,00 1,188 489,80 0,00 402,79 976,13
90 0,00 1,191 488,63 0,00 402,80 976,12
95 0,00 1,194 487,52 0,00 402,80 976,11
100 0,00 1,196 486,48 0,00 402,80 976,11

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Tabela 5.16
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Volume Assoreado no Reservatório - Curva Média de Brune
NA do Reservatório = 87,00 m - R = 2%

Sedimentos Volume
Tempo Er gap Disponível no
Afluentes Retidos Acumulados Reservatório
anos % t/m³
hm³ (ao ano) hm³ (ao ano) hm³ hm³
0 8,48 1,007 578,00 0,00 0,00 1.378,91
5 5,03 1,059 606,54 30,49 197,55 1.181,36
10 2,50 1,088 652,21 16,28 304,58 1.074,33
15 1,13 1,106 708,51 7,99 359,07 1.019,85
20 0,47 1,119 773,11 3,65 384,81 994,10
25 0,18 1,129 845,75 1,53 396,05 982,86
30 0,06 1,138 926,73 0,58 400,52 978,39
35 0,02 1,145 1.016,62 0,20 402,12 976,80
40 0,01 1,151 1.116,19 0,06 402,63 976,29
45 0,00 1,157 1.226,30 0,01 402,77 976,15
50 0,00 1,162 1.347,97 0,00 402,80 976,12
55 0,00 1,167 1.482,33 0,00 402,80 976,11
60 0,00 1,171 1.630,65 0,00 402,81 976,11
65 0,00 1,175 1.794,34 0,00 402,81 976,11
70 0,00 1,179 1.974,96 0,00 402,81 976,11
75 0,00 1,182 2.174,22 0,00 402,81 976,11
80 0,00 1,185 2.394,04 0,00 402,81 976,11
85 0,00 1,188 2.636,51 0,00 402,81 976,11
90 0,00 1,191 2.903,97 0,00 402,81 976,11
95 0,00 1,194 3.198,98 0,00 402,81 976,11
100 0,00 1,196 3.524,37 0,00 402,81 976,11

5.3.2. Cálculo do Volume Assoreado no Pé da Barragem

Considerando, para efeito de classificação do tipo de reservatório, a cota mínima de


fundo do rio na EI 60,00 e que o acréscimo de volume entre elevação 65,00 e 60,00 é
irrelevante, o reservatório de Jirau pode ser classificado com do tipo II (de zonas de
inundação a colinas).

5.3.2.1. Reservatório operado na Cota Máxima Normal (El. 90,00m)

Considerando o reservatório operado em sua cota máxima normal (El. 90,00 m), foram
calculadas as parcelas de sedimentos que se depositam no pé do barramento e suas
respectivas cotas alcançadas após n anos de operação, para as duas hipóteses de
taxa anual de crescimento de sedimentos (R = 0% e R = 2%), segundo a metodologia
desenvolvida por Borland & Miller, apresentada em Carvalho, 1994.
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.19 Engº José Eduardo Moreira
CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

As Tabelas 5.17 e 5.18 apresentam os volumes de sedimentos depositados no


reservatório e a cota de altura de sedimentos no pé da barragem, para cada horizonte
de operação, respectivamente para R = 0% (sem aumento no aporte de sedimento) e R
= 2% (com aumento de aporte de sedimentos com uma taxa anual de 2%).

Tabela 5.17
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Altura de Assoreamento no Pé da Barragem
NA do Reservatório = 90,00 m - R = 0%

Cota da Altura de
Tempo de Volume de Sedimentos
Sedimentos no Pé da
Assoreamento Depositados no Reservatório
Barragem
(Anos) (hm³)
(m)
0 0,00 65,00
10 722,22 70,34
20 943,79 74,49
30 1.010,18 75,56
50 1.036,35 76,02
100 1.039,14 76,09

Tabela 5.18
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Altura de Assoreamento no Pé da Barragem
NA do Reservatório = 90,00 m - R = 2%

Cota da Altura de
Tempo de Volume de Sedimentos
Sedimentos no Pé da
Assoreamento Depositados no Reservatório
Barragem
(anos) (hm³)
(m)
0 0,00 65,00
10 767,10 70,94
20 988,66 75,20
30 1.032,74 75,97
50 1.039,13 76,06
100 1.039,15 76,09

A Figura 5.19 apresenta as curvas de avanço do assoreamento no pé da barragem ao


longo do tempo.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.20 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 5.19
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Curva do Avanço de Assoreamento no Pé da Barragem
NA do Reservatório = 90,00 m
77,50

75,00

72,50
Cota (m)

70,00

67,50

65,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tem po (anos)

R = 0% R = 2%

Ainda seguindo a metodologia proposta por Borland & Miller, foram determinadas as
distribuições de sedimentos assoreados ao longo do reservatório para 10 e 50 anos de
operação, considerando as duas hipóteses de taxas anual de crescimento de
sedimentos, o que permitiu o traçado das novas curvas cota x área e cota x volume.

As Figuras 5.20 e 5.21 apresentam o resultado gráfico obtido para as novas curvas
cota x área e cota x volume do reservatório do AHE Jirau.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.21 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 5.20
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Novas Curvas Cota x Área e Cota x Volume
NA do Reservatório = 90,00 m - R = 0%
Área (km ²)
495 450 405 360 315 270 225 180 135 90 45 0
95,0 95,0

90,0 90,0

85,0 85,0
Cota x Volume
Cota (m)

Cota x Volume 50 anos


80,0 80,0
Cota x Volume 10 anos
Cota x Área
75,0 75,0
Cota x Área 50 anos
Cota x Área 10 anos
70,0 70,0

65,0 65,0
0 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400
Volum e (hm ³)

Figura 5.21
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Novas Curvas Cota x Área e Cota x Volume
NA do Reservatório = 90,00 m - R = 2%
Área (km ²)
495 450 405 360 315 270 225 180 135 90 45 0
95,0 95,0

90,0 90,0

85,0 85,0
Cota x Volume
Cota (m)

Cota x Volume 50 anos


80,0 80,0
Cota x Volume 10 anos
Cota x Área
75,0 75,0
Cota x Área 50 anos
Cota x Área 10 anos
70,0 70,0

65,0 65,0
0 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400
Volum e (hm ³)

5.3.2.2. Reservatório operado na Cota Média Anual (El. 87,00m)

Considerando o reservatório operado em sua cota média operativa (El. 87,00 m), foram
calculadas as parcelas de sedimentos que se depositam no pé do barramento e suas
respectivas cotas alcançadas após n anos de operação, para as duas hipóteses de
taxa anual de crescimento de sedimentos (R = 0% e R = 2%), segundo a metodologia
desenvolvida por Borland & Miller, apresentada em Carvalho, 1994.
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.22 Engº José Eduardo Moreira
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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

As Tabelas 5.22 e 5.23 apresentam os volumes de sedimentos depositados no


reservatório e a cota de altura de sedimentos no pé da barragem, para cada horizonte
de operação, respectivamente para R = 0% (sem aumento no aporte de sedimento) e R
= 2% (com aumento de aporte de sedimentos com uma taxa anual de 2%).

Tabela 5.22
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Altura de Assoreamento no Pé da Barragem
NA do Reservatório = 87,00 m - R = 0%

Cota da Altura de
Tempo de Volume de Sedimentos
Sedimentos no Pé da
Assoreamento Depositados no Reservatório
Barragem
(Anos) (hm³)
(m)
0 0,00 65,00
10 287,73 66,19
20 368,77 66,94
30 392,46 67,20
50 401,80 67,29
100 402,80 67,31

Tabela 5.23
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Altura de Assoreamento no Pé da Barragem
NA do Reservatório = 87,00 m - R = 2%

Cota da Altura de
Tempo de Volume de Sedimentos
Sedimentos no Pé da
Assoreamento Depositados no Reservatório
Barragem
(anos) (hm³)
(m)
0 0,00 65,00
10 304,58 66,43
20 384,81 67,11
30 400,52 67,24
50 402,80 67,29
100 402,81 67,31

As curvas de avanço do assoreamento no pé da barragem ao longo do tempo são


apresentadas na Figura 5.24.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.23 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 5.24
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Curva do Avanço de Assoreamento no Pé da Barragem
NA do Reservatório = 87,00 m
67,50

67,00

66,50
Cota (m)

66,00

65,50

65,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tem po (anos)

R = 0% R = 2%

Ainda seguindo a metodologia proposta por Borland & Miller, foram determinadas as
distribuições de sedimentos assoreados ao longo do reservatório para 10 e 50 anos de
operação, considerando as duas hipóteses de taxas anual de crescimento de
sedimentos, o que permitiu o traçado das novas curvas cota x área e cota x volume,
agora considerando o reservatório operado em sua cota média anual (El. 87,00 m).

As Figuras 5.25 e 5.26 apresentam o resultado gráfico obtido para as novas curvas
cota x área e cota x volume do reservatório do AHE Jirau.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.24 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 5.25
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Novas Curvas Cota x Área e Cota x Volume
NA do Reservatório = 87,00 m - R = 0%
Área (km ²)
605 550 495 440 385 330 275 220 165 110 55 0
95,0 95,0

90,0 90,0

85,0 85,0
Cota x Volume
Cota (m)

Cota x Volume 50 anos


80,0 80,0
Cota x Volume 10 anos
Cota x Área
75,0 75,0
Cota x Área 50 anos
Cota x Área 10 anos
70,0 70,0

65,0 65,0
0 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400
Volum e (hm ³)

Figura 5.26
Estudos de Vida Útil do AHE Jirau
Novas Curvas Cota x Área e Cota x Volume
NA do Reservatório = 87,00 m - R = 2%
Área (km ²)
605 550 495 440 385 330 275 220 165 110 55 0
95,0 95,0

90,0 90,0

85,0 85,0
Cota x Volume
Cota (m)

Cota x Volume 50 anos


80,0 80,0
Cota x Volume 10 anos
Cota x Área
75,0 75,0
Cota x Área 50 anos
Cota x Área 10 anos
70,0 70,0

65,0 65,0
0 400 800 1.200 1.600 2.000 2.400 2.800 3.200 3.600 4.000 4.400
Volum e (hm ³)

5.3.3. Análise dos Resultados

A relação entre o volume do reservatório do AHE Jirau e o volume anual afluente


determinam uma reduzida capacidade de retenção de sedimentos do reservatório, de
acordo com a curva média de Brune, como demonstrado na Tabela 5.27 que apresenta
um resumo das principais resultados obtidos nas simulações.
Tabela 5.27
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.25 Engº José Eduardo Moreira
CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Resumo dos Principais Resultados dos Estudos de Assoreamento

Nível D´água do Reservatório m 87,00 90,00 87,00 90,00

Taxa anual de aumento do sedimento -R % 0 0 2 2


3
Capacidade - Volume do Reservatório hm 1.378,91 2.015,26 1.378,91 2.015,26
3
Volume anual afluente hm 557.775,76 557.775,76 557.775,76 557.775,76
-3 -3 -3 -3
Relação Capacidade/Volume anual afluente - 2,47 x 10 3,61 x 10 2,47 x 10 3,61 x 10

Eficiência de Retenção Er em t = 0 % 8,48 19,15 8,48 19,15

Tempo para Er = 1% anos 19 28 16 22


3
Volume de Sedimentos no Reservatório hm 364,41 1.002,44 365,94 1.004,63
3
Volume Disponível no Reservatório hm 1.014,50 1.012,82 1.012,98 1.010,63

Perda de Volume do Reservatório % 26,4 49,7 26,5 49,9

Tempo para Er = 0% anos 64 73 41 44


3
Volume de Sedimentos no Reservatório hm 402,61 1.038,95 402,67 1.039,00
3
Volume Disponível no Reservatório hm 976,31 976,31 976,24 976,26

Perda de Volume do Reservatório % 29,2 51,6 29,2 51,6

Cota da Altura do Sedimento ao Pé da


m 67,48 76,09 67,48 76,09
Barragem (50 anos)
Cota da Altura do Sedimento ao Pé da
m 67,48 76,09 67,48 76,09
Barragem (100 anos)

Os cálculos elaborados para o assoreamento do reservatório, com nível d´água médio


operativo na El. 87,00m mostram que cerca de 91,5% do aporte de sedimentos
passarão pelas Turbinas e pelo Vertedouro no primeiro ano de operação.

Na hipótese de manutenção da carga atual de sedimentos (R = 0%), em cerca de 19


anos, 99% do sedimento afluente passarão pela Turbina e Vertedouro e em cerca de
64 anos a capacidade de retenção é insignificante (praticamente nula) e todo o
sedimento estará passando pelos órgãos de descarga. Considerando um aumento da
carga de sedimentos da ordem de 2% ao ano, os tempos para consecução dessas
mesmas taxas (99 e 100%) são reduzidos para 16 e 41 anos.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.26 Engº José Eduardo Moreira


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Em 19 ou 16 anos, respectivamente para R=0% e 2%, o reservatório terá perdido


praticamente um quarto do seu volume passando de 1.379 hm3 para cerca de 1010
hm3.

Com o reservatório operando na cota média na El. 90,00m, a eficiência de retenção do


reservatório e os tempos de residência aumentam em relação ao reservatório com NA
médio na EL. 87,00 m, em razão da menor velocidade média de escoamento, o que se
traduz num aumento relativamente grande da capacidade de retenção do reservatório
de 8,48% a 19,15 %, porém ainda significativamente pequeno em termos absolutos.

No instante inicial, cerca de 80,8% do aporte de sedimentos passarão pelos órgãos de


descargas. Na hipótese de manutenção da carga atual de sedimentos (R = 0%), em
cerca de 28 anos, 99% do sedimento afluente passarão pelas Turbinas e Vertedouro e
em cerca de 73 anos a capacidade de retenção é insignificante (praticamente nula) e
todo o sedimento estará passando pelos órgãos de descarga. Considerando um
aumento da carga de sedimentos da ordem de 2% ao ano, os tempos para consecução
dessas mesmas taxas (99 e 100%) são reduzidos para 22 e 44 anos.

Em 28 ou 22 anos, respectivamente para R=0% e 2%, o reservatório terá perdido


praticamente a metade de seu volume passando de 2.015 hm3 para cerca de 1010
hm3, estabilizando-se a partir deste período.

A altura de sedimento estimada ao pé da barragem, em cem anos de operação do


reservatório, atingirá a El. 67,5 m, considerando o reservatório no NA médio
operacional, El. 87,00m. Considerando o NA do reservatório na El. 90,00 m esta altura
é um pouco superior atingindo a El. 76,1 m. Para as situações analisadas, as alturas
máximas de sedimento estimadas são inferiores à cota de fundo do Canal de Adução
da Tomada D´água, EL. 78,00 m. Portanto, a menor capacidade de retenção do
reservatório, operando com NA variável, na faixa operativa de 82,50 e 90,00 m,
reduzem a altura de sedimento ao pé da barragem.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 5.27 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

6. MODELAGEM HIDROSSEDIMENTOLÓGICA
DO RIO MADEIRA

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.1 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Neste capítulo é apresentada a modelagem hidrossedimentológica do rio Madeira,


cobrindo todo o estirão fluvial entre a confluência com o rio Beni e a confluência com o
rio Jamari. Trata-se de um trecho de 430 km de extensão, que se inicia a montante da
área afetada pelo reservatório de Jirau, terminando a jusante de Porto Velho, cerca de
80 km a jusante do local previsto para implantação do AHE Santo Antônio.

A modelagem foi feita com a aplicação do modelo matemático HEC-6 – Scour and
Deposition in Rivers and Resevoirs, distribuído pelo U.S Army Corps of Engineers,
descrito no item 6.1.

Os dados básicos empregados na modelagem são apresentados no item 6.2, enquanto


que os procedimentos para ajuste do modelo são descritos no item 6.3.

O item 6.4 descreve os casos a serem modelados e os resultados são apresentados no


item 6.5.

Finalmente, o item 6.6 discute os resultados obtidos e apresenta uma análise de


sensibilidade do modelo, elemento útil para a melhor interpretação desses resultados.

6.1 DESCRIÇÃO DO MODELO HEC-6

6.1.1. Introdução

O modelo HEC-6 – Scour and Deposition in Rivers and Resevoirs é um modelo


numérico unidimensional de fundo móvel, destinado à simulação do escoamento em
canais e à previsão de mudanças geométricas nas seções fluviais e nos perfis de linha
de água, resultantes da erosão e do assoreamento, através de longos períodos de
tempo. O HEC-6 é capaz de simular uma rede de canais e cursos de água afluentes,
analisando efeitos de dragagem, implantação de diques, depósitos em reservatórios ou
quaisquer outras modificações no canal fluvial, empregando diversos métodos para o
cálculo do transporte de sedimentos.

Nas simulações aplicadas a reservatórios, o modelo calcula os depósitos ao longo do


perfil longitudinal, prevendo os volumes e locais de assoreamento. Quando aplicado
em trechos de rios, pode-se prever a condição de balanço entre afluências e saídas de
descargas sólidas, diagnosticando-se a ocorrência de erosão ou assoreamento.

Como dado de entrada, o modelo necessita que sejam fornecidos os seguintes


elementos:

• Geometria do trecho fluvial a ser simulado, a qual é representada pelas seções


topobatimétricas e pelas distâncias entre as mesmas. O modelo assume que o
escoamento se dá pela calha central e pelas planícies de inundação, devendo ser
fornecidos seus limites;

• Características do leito móvel de cada uma das seções. Estes dados indicam as
áreas de uma seção onde pode haver deposição ou escavação. Como o modelo
simula erosão e deposição de material, deve-se também definir, em cada seção, a

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.2 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

profundidade máxima que a erosão pode alcançar, que é nula no caso de leitos
rochosos;

• Hidrograma a ser simulado – o modelo se baseia na equação de movimento


permanente, uniformemente variado, aproximando o hidrograma afluente por uma
seqüência de períodos de escoamento permanente (vazão variável por patamares);

• Características hidráulicas – o perfil de linha d’água é calculado para cada período


de regime permanente simulado, usando o “standard step method” para resolver as
equações de continuidade e de energia. As perdas por atrito são calculadas pela
fórmula de Manning, com os coeficientes de rugosidade (n) podendo variar em
função da altura do escoamento, em cada seção transversal. O modelo calcula
ainda as perdas localizadas devido a contração ou expansão do escoamento;

• Condição de contorno – os níveis d’água a jusante do trecho a ser modelado devem


ser especificados, através de uma curva-chave. No caso de reservatórios, que são
tratados como uma condição de contorno interna, pode ser especificada uma regra
operativa;

• Carga de sedimentos – o aporte de sedimentos ao estirão simulado é calculado


através da curva-chave de sedimentos, dada pela relação entre a descarga líquida
e a descarga sólida total (arraste + suspensão). Esta curva-chave deve ser
fornecida separando-se as parcelas transportadas por faixas granulométricas. O
transporte de sedimento é calculado pelo modelo, em cada seção, a partir das
informações hidráulicas obtidas dos perfis de linha d’água simulados;

• Granulometria do material de fundo – deve ser fornecida para cada seção, de


acordo com a classificação do AGU – American Geophisical Union. Trata-se de
informação muito sensível quando existe risco de erosão.

6.1.2. Bases Teóricas Para os Cálculos Hidráulicos

Os parâmetros hidráulicos necessários para o cálculo do transporte de sedimento


potencial são velocidade, profundidade, largura e declividade da linha energética, todos
eles obtidos nas simulações dos perfis de linha d’água.

O modelo resolve a equação de energia uni-dimensional pelo “standard step method”, e


calcula estes parâmetros em cada seção do escoamento para cada patamar sucessivo
de vazão.

A Figura 6.1 ilustra os termos da equação de energia, em um trecho de rio


compreendido entre duas seções, 2 1, que é dada por:

α 2 ⋅V22 α1 ⋅V12
WS 2 + = WS1 + + he
2⋅ g 2⋅ g
onde,

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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

g = aceleração da gravidade,
he = perda de energia
V1, V2 = velocidades médias em cada seção
WS1, WS2 = níveis d’água em cada seção
α1 , α 2 = coeficientes de distribuição de velocidade

Figura 6.1
Termos da Equação de Energia

A perda de energia, he, é calculada como a soma das perdas por atrito (equação de
Manning) e as perdas por contração ou expansão, da mesma forma que no modelo
HEC-RAS.

As seções transversais devem ser fornecidas com indicação dos limites da calha
principal, conforme mostrado na Figura 6.2, a seguir.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.4 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.2
Termos da Equação de Energia

Os parâmetros geométricos da seção transversal (área, perímetro molhado, raio


hidráulico, condutância e fator de distribuição de velocidade) são calculados com base
na seção fornecida através de pares de pontos, conforme mostrado na figura anterior.
A partir desses parâmetros são definidos os parâmetros usados nos cálculos de
sedimento (profundidade efetiva, largura efetiva, velocidade média e declividade).

6.1.3. Bases Teóricas Para os Cálculos Sedimentométricos

As taxas de transporte de sedimento são calculadas, para uma determinada vazão em


trânsito, para cada faixa granulométrica. Para isso, é definido um volume de controle,
limitado por duas seções sucessivas e com largura igual à do leito móvel (fração da
largura da seção sujeita a erosão ou assoreamento). A equação de continuidade de
sedimento é escrita para este volume de controle (ver Figura 6.3) da seguinte forma:

Lu + Ld
Vsed = B0 ⋅ Ys ⋅
2
onde
Vsed = volume de sedimento
Bo = largura do leito móvel
Lu, Ld = comprimento do trecho, a montante e a jusante
Vsed = volume de sedimento no volume de controle
Ys = profundidade do sedimento no volume de controle.

Para uma profundidade de escoamento D, o volume de fluido (Vf) na coluna d’água é:

Lu + Ld
V f = B0 ⋅ D ⋅
2

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.5 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.3
Volume de Controle para o Material do Leito

Os parâmetros hidráulicos, granulometria de material de fundo e capacidade de


transporte calculada são admitidos uniformes ao longo do volume de controle. O HEC-6
admite que ao longo do tempo a profundidade de sedimento Ys do volume de controle
pode se alterar, devido ao balanço entre o sedimento que entra e que sai do volume,
mas não admite variação lateral.

A Figura 6.4, a seguir, mostra como é visto, pelo HEC-6, o material sedimentar no leito
do rio.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.6 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.4
Material Sedimentar no Leito do Rio

A largura e a profundidade máxima do material sedimentar disponível para erosão deve


ser fornecida ao modelo pelo usuário, de acordo com o indicado na figura anterior.
Nessa figura, a linha cheia representa a seção inicial de escoamento e a linha tracejada
o limite máximo erodível.

A base para a simulação do movimento vertical do leito é a equação de continuidade


de sedimento – Equação de Exner – exposta a seguir:

∂G ∂Y
+ B0 ⋅ s = 0
∂x ∂t

onde, além dos termos já definidos, se tem

G = descarga média de sedimento durante o intervalo de tempo t;


x = distância ao longo do canal.

A equação de Exner é resolvida pelo método das diferença finitas.

Quando ocorre erosão ou deposição durante um certo intervalo de tempo, o modelo


ajusta as elevações do leito na porção móvel da seção transversal. As Figuras 6.5 e
6.6, a seguir, ilustra os ajustes realizados pelo modelo em casos de deposição
(assoreamento) e erosão, respectivamente.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.7 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.5
Modificação da Seção Transversal Devido à Deposição de Sedimento

Figura 6.6
Modificação da Seção Transversal Devido à Erosão

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O modelo HEC-6 considera ainda a influência dos depósitos de silte e argila sobro o
material do leito. Os depósitos de partículas finas são calculados pelo método de Krone
(Krone, R. B. Flume Studies of The Transporte of Sediment in Estuarial Shoaling
Processes, Hydraulic Engineer Laboratory, University of Califórnia, Berkeley, CA,
1962).

A erosão é baseada no trabalho de Parthenaides (Parthenaides, E. Erosion and


Deposition of Cohesive Soils, Journal of The Hydraulics Division, ASCE, pp. 755-771,
March, 1965).

6.1.4. Resultados Fornecidos Pelo Modelo HEC-6

O modelo fornece como resultados os perfis de leito do rio e de linha d’água após cada
período simulado, indicando os balanços sedimentométricos em cada trecho de
interesse (reservatório, estirão estudado, etc.).

Os balanços de sedimento são fornecidos por faixas granulométricas, de modo a se ter


uma noção da influência de cada parcela no transporte total.

Caso requerido, o modelo fornece também as seções transversais, modificadas após o


porcesso de transporte sólido.

6.2. DADOS DISPONÍVEIS PARA SIMULAÇÃO

6.2.1. Seções Transversais

Além das seções topobatimétricas empregadas no estudo de remanso dos


reservatórios, já referenciadas no capítulo 4, foram obtidas novas seções necessárias a
modelagem dos trechos a jusante da barragem de Santo Antônio e a montante da Vila
de Abunã, a partir dos elementos topográficos e cartográficos disponíveis.

A Tabela 6.7, a seguir, apresenta a relação completa das seções transversais


empregadas, indicando a origem de cada uma.

Devido à grande extensão do trecho a ser simulado, as seções foram todas numeradas
em função de sua distância, em km, à extremidade de jusante do trecho, na Vila de
São Carlos.

A Tabela indica também, quando existente, a correspondência entre os novos números


das seções e a numeração empregada no modelo HEC-RAS e a numeração indicada
nos desenhos dos Estudos de Viabilidade. As novas seções levantadas aparecem, no
Quadro, com a referência “batimetria”.

As seções cuja referência é o Atlas, foram obtidas com o auxílio do Atlas da Hidrovia
Madeira-Amazonas de Itacoatiara a Porto Velho, produzido pela Diretoria de
Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha em 1999. Estas seções foram

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.9 Engº José Eduardo Moreira


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ajustadas durante as simulações, de modo a permitir a reprodução da curva-chave


conhecida em Porto Velho.

A seção de Porto Velho foi obtida a partir de uma planta de estruturas do projeto da
Ponte Sobre o Rio Madeira – Porto Velho.

Finalmente, algumas das seções localizadas a montante da Vila de Abunã foram


obtidas de uma batimetria parcial da calha do rio Madeira, cobrindo uma largura de
aproximadamente 60 m da calha central do rio. Estas seções foram complementadas
tomando-se como referência as seções topobatimétricas completas mais próximas, e
possuem como referência Canal de Navegação na Tabela 6.7.

A localização das seções é apresentada no Desenho PJ-0576-G3-GR-DE-0001 a 0004


elaborado sobre uma imagem de satélite.

Tabela 6.7
Relação das Seções Transversais Disponíveis Para Modelagem

Seção de referência
Seção Distância (m) Observações
HEC - RAS Desenho
431 8160 Canal de Navegação Canal de Navegação
423 8096 Canal de Navegação Canal de Navegação
415 9846 Canal de Navegação Canal de Navegação
405 6502 Batimetria Batimetria
398 2123 Batimetria Batimetria Cachoeira do Ribeirão
396 21142 Batimetria Batimetria
375 3247 Batimetria Batimetria
372 2579 Batimetria Batimetria Cachoeira das Araras
369 10060 Batimetria Batimetria
359 9769 Canal de Navegação Canal de Navegação
349 11369 Canal de Navegação Canal de Navegação
338 9325 42.6 S-42,6
329 1747 42.3 S-42,3 Rio Abunã
327 7510 42 S-42
320 4169 41.5 S-41,5
315 6515 41 S-41
309 3331 40.5 S-40,5 Cachoeira do Pederneira
306 4940 40 S-40
301 8421 39 S-39
292 6172 38.5 S-38,5
286 3292 38 S-38 Cachoeira do Paredão
283 3673 37 S-37
279 7232 36 S-36
272 4536 35 S-35

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Seção de referência
Seção Distância (m) Observações
HEC - RAS Desenho
267 9373 34.5 S-34,5
258 1995 34 S-34
256 970 33 S-33 Cachoeira Três Irmãos
255 2133 32 S-32 Ilha Três Irmãos
253 9420 31 S-31
243 15217 30 S-30
228 17331 29 S-29
211 1000 Cópia da seção 228 Cópia da seção 228
210 2755 28 S-28
207 7312 18 S-23 Salto do Jirau
200 5083 17 S-22 Cachoeira do Inferno
195 4757 16 S-21
190 6198 15 S-20
184 12103 14 S-19 Ilha da Pedra
172 5416 13 S-18 Ilha Santana
166 7929 12 S-17
158 7312 11 S-16 Ilha Niterói
151 5772 10 S-15 Ilha São Patrício
145 6011 9 S-14 Ilha Liverpool
139 11047 8 S-13
128 7925 7 S-12 Cachoeira Morrinho
120 10312 6 S-11
110 4977 5 S-10
105 6500 4 S-9
98 2650 3.5 S-8 Cachoeira de Teotônio
96 7726 3 S-7
88 6777 2 S-6
81 6067 1 S-5 CachoeiraSanto Antonio
75 12746 Ponte Projetada Ponte Projetada Porto Velho
63 20608 Cópia da seção 75 Cópia da seção 75 Cópia da seção 75
42 16190 Atlas Atlas
26 25880 Atlas Atlas Ilha Jamarizinho
0 0 Atlas Atlas Foz do rio Jamari

Todas as seções foram fornecidas ao modelo sob forma de tabelas com pares
(distância,cota), indicando, em cada seção, os limites da calha principal e a largura da
seção sujeita a erosão.

Para consideração do leito móvel, o modelo foi deixado livre, ou seja, nas seções cujo
leito não era rochoso admitiu-se que o fundo do rio poderia ser erodido sem limites. As

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seções com leito rochoso tiveram seu leito fixado (impossibilidade de erosão). Na
Tabela 6.7, as seções com leito rochoso estão sombreadas. Trata-se, na maior parte
dos casos, de seções de controle de cachoeiras ou seções onde foram observados
afloramentos rochosos na visita de inspeção.

6.2.2. Parâmetros Hidráulicos

Para definição dos coeficientes de Manning, partiu-se dos coeficientes empregados nos
estudos de remanso (modelo HEC-RAS), já calibrados para os trechos
correspondentes aos dois reservatórios. Foi necessário, todavia, fazer algumas
adaptações porque, enquanto que o HEC-RAS admite variação do coeficientes de
Manning ao longo de toda a seção, o HEC-6 aceita apenas variações em função dos
níveis d’água. Assim, foram realizadas diversas simulações do modelo de remanso
para definição, para cada seção, de tabelas associando os coeficientes de Manning
efetivos aos níveis, de modo a preparar os dados para o HEC-6.

Para as perdas localizadas, foram empregados os mesmos coeficientes de contração e


expansão do modelo de remanso.

Nos trechos não estudados nos estudos de remanso, a montante de Abunã e a jusante
de Santo Antônio, foram empregados coeficientes de perdas similares aos dos trechos
vizinhos.

6.2.3. Condições de Contorno

Conforme já comentado, o HEC-6 necessita, como condições de contorno, as vazões a


serem simuladas e os níveis d’água correspondentes na extremidade de jusante do
trecho simulado.

A definição das vazões a serem simuladas foi feita com base no hidrograma de vazões
médias mensais em Porto Velho. Objetivando diminuir os tempos de simulação, este
hidrograma foi simplificado, aglutinando-se os meses de vazões semelhantes pela
vazão média correspondente. A Figura 6.8 apresenta o hidrograma médio e o
hidrograma simplificado empregado na modelagem: nota-se que os períodos de março-
abril e agosto-outubro foram aglutinados.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.12 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.8
Hidrograma Empregado Na Modelagem
40000
MÊS JAN FEV MAR - ABR MAI JUN JUL AGO - OUT NOV DEZ
3
VAZÃO MÉDIA (m /s) 24268 29582 34207 30706 23107 16155 10750 6938 5691 6944 10553 16896
VAZÃO ADOTADA (m3/s) 24268 29582 32457 23107 16155 10750 6524 10553 16896
35000

30000

25000
Vazão (m³/s)

20000

15000

10000

5000

0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Vazões Médias Mensais Hidrograma Adotado

A curva-chave na seção 0 (Vila de São Carlos), que deve definir os níveis d’água a
jusante do estirão modelado, não é conhecida. Para sua definição, foi feito um ajuste,
procurando definir uma tabela de calibragem que, quando da aplicação do modelo,
fornecesse a curva-chave conhecida em Porto Velho. Deste modo, pode-se dizer que a
condição de contorno de jusante foi a curva-chave de Porto Velho “transferida” para
São Carlos pelo próprio HEC-6.

6.2.4. Dados de Transporte de Sedimento – Curva-Chave de Sedimentos

Os dados necessários aos cálculos de transporte de sedimento são a curva-chave de


sedimento, devidamente separada por faixa granulométrica de material transportado, e
as granulometrias do material do leito, para cada seção.

A curva-chave de sedimentos em suspensão para o posto fluviométrico de Porto Velho


foi apresentada no capítulo 3, Figura 3.5. As vazões sólidas totais foram calculadas
aplicando-se um fator de correção de 1,06, para considerar a taxa média de 6% de
material transportado por arrasto, resultante das medições realizadas.

Para considerar o fato de que a granulometria transportada pelo rio é variável em


função da vazão líquida, as medições de descarga sólida foram organizadas por faixas
de vazão líquida, de modo a se extrair, para cada faixa, uma granulometria média. A
Tabela 6.9 apresenta a memória de cálculo dessas granulometrias médias, indicando
as datas de cada medição e os números dos relatórios (FURNAS) onde as mesmas se
encontram.

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Tabela 6.9
Cálculo das Granulometrias Médias do Material Transportado
Método de Einstein

Diâmetro (mm) Descarga


Vazão
Data Relatório 0.016 / 0.062 / 0.125 / 0.25 / Sólida
(m³/s)
0 / 0.016 0.5 / 1 1/2 2/4 4/8 8 / 16 Total (t/d)
0.062 0.125 0.25 0.5

19/10/04 DCT.T.01.011.2005-R0 4614 22544 8536 173 476 63 1 0 0 0 0 31793

Porcentagem 0.7091 0.2685 0.0054 0.0150 0.0020 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000

25/11/04 DCT.T.01.011.2005-R0 9982 259858 37745 23082 15684 949 18 1 0 0 0 337337

13/05/04 DCT.T.01.107.2004-R0 10135 162838 130822 6135 2774 4348 1544 270 17 0 0 308747

26/06/04 DCT.T.01.107.2004-R0 10315 136105 50194 22000 17468 1728 84 5 0 0 0 227584

Média 10144 186267 72920 10072 11975 2342 549 92 6 0 0 291223

Porcentagem 0.6396 0.2504 0.0586 0.0411 0.0080 0.0019 0.0003 0.0000 0.0000 0.0000

19/10/04 DCT.T.01.107.2004-R0 15126 202611 119177 63055 33314 7328 1415 193 16 0 0 427021

Porcentagem 0.4145 0.2791 0.1477 0.0780 0.0170 0.0033 0.0005 0.0000 0.0000 0.0000

18/05/04 DCT.T.01.107.2004-R0 19882 469781 311594 137021 20652 0 0 358 33 0 0 939407

01/06/04 DCT.T.01.107.2004-R0 20489 487648 364845 189181 96201 2632 60 15 0 0 0 1140582

Média 20186 478714 338219 163101 58427 1316 30 187 17 0 0 1039995

Porcentagem 0.4603 0.3252 0.1568 0.0562 0.0013 0.0000 0.0002 0.0000 0.0000 0.0000

15/04/04 DCT.T.01.078.2004-R0 23840 544352 437009 967 4506 13729 1929 367 48 1 0 1002907

21/04/04 DCT.T.01.078.2004-R0 26372 869860 496262 636 4120 15247 4985 353 26 0 0 1391488

Média 25106 707106 466636 801 4313 14488 3457 360 37 1 0 1197198

Porcentagem 0.5906 0.3898 0.0007 0.0036 0.0121 0.0029 0.0003 0.0000 0.0000 0.0000

31/03/04 DCT.T.01.066.2004-R0 32682 1272288 1385676 1102 12204 21757 3223 1042 174 22 0 2697488

Porcentagem 0.4717 0.5137 0.0004 0.0045 0.0081 0.0012 0.0004 0.0001 0.0000 0.0000

A partir desses resultados foi preparada a tabela de dados a ser informada ao HEC-6,
que é apresentada na Tabela 6.10. Neste quadro as parcelas de material transportado
estão distribuídas em percentuais, de acordo com as faixas granulométricas adotadas
no modelo, também indicadas.

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Tabela 6.10
Granulometria do Material Transportado Fornecida ao HEC-6

Classificação Vazão (m³/s)


Diâmetro
HEC-6 4700 10000 15000 20000 25000 35000
0 / 0.004 CLAY 27,91 25,00 16,45 16,00 19,70 16,17
0.004 / 0.008 SILT1 23,00 22,96 16,00 15,03 19,69 16,00
0.008 / 0.016 SILT2 20,00 16,00 15,00 15,00 19,67 15,00
0.016 / 0.031 SILT3 16,85 14,04 14,91 16,52 19,58 28,37
0.031 / 0.0625 SILT4 10,00 11,00 13,00 16,00 12,82 20,49
0.062 / 0.125 VFS 0,54 5,86 14,77 15,68 5,00 2,00
0.125 / 0.25 FS 1,50 4,11 7,80 5,62 2,00 1,00
0.25 / 0.5 MS 0,20 0,80 1,70 0,13 1,21 0,81
0.5 / 1 CS 0,00 0,19 0,33 0,00 0,29 0,12
1/2 VCS 0,00 0,03 0,05 0,02 0,03 0,04
2/4 VFG 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01
4/8 FG 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
8 / 16 MG 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Totalização 100 100 100 100 100 100

6.2.5. Caracterização do Material do Leito

A granulometria do material do leito foi obtida também com base nas medições de
descarga sólida realizadas por FURNAS, tendo-se adotado um procedimento
semelhante ao empregado na determinação da granulometria do material transportado.

A Tabela 6.11, a seguir, apresenta os cálculos realizados para definição da


granulometria média do sedimento do leito do rio Madeira, tomando por base as
granulometrias das amostras coletadas em Porto Velho durante a realização das
medições.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.15 Engº José Eduardo Moreira


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Tabela 6.11
Cálculo das Granulometrias Médias do Material Transportado
Diâmetro (mm)
Data Relatório 0 / 0.016 0.016 / 0.062 0.062 / 0.125 0.125 / 0.25 0.25 / 0.5 0.5 / 1 1/2 2/4 4/8 8 / 16

23/09/04 DCT.T.01.011.2005-R0 3.90 12.40 21.70 52.50 8.20 0.80 0.30 0.20 0.00 0.00

27/09/04 DCT.T.01.011.2005-R0 5.00 15.50 23.30 39.20 14.30 1.20 0.70 0.80 0.00 0.00

05/10/04 DCT.T.01.011.2005-R0 2.10 9.10 18.50 48.00 18.80 2.10 1.00 0.40 0.00 0.00

19/10/04 DCT.T.01.011.2005-R0 11.30 18.40 22.40 32.30 13.60 1.30 0.50 0.20 0.00 0.00

25/10/04 DCT.T.01.011.2005-R0 5.90 15.40 17.10 45.60 14.80 1.00 0.20 0.00 0.00 0.00

03/11/04 DCT.T.01.011.2005-R0 7.60 14.40 20.00 41.50 14.30 1.30 0.50 0.40 0.00 0.00

25/11/04 DCT.T.01.011.2005-R0 5.20 9.50 21.00 55.50 8.10 0.50 0.10 0.10 0.00 0.00

08/11/04 DCT.T.01.011.2005-R0 8.50 15.70 14.10 47.80 12.00 1.30 0.50 0.10 0.00 0.00

17/11/04 DCT.T.01.011.2005-R0 4.70 11.70 22.50 51.60 8.20 0.90 0.30 0.10 0.00 0.00

02/12/04 DCT.T.01.011.2005-R0 0.00 0.70 17.20 72.90 8.20 0.60 0.20 0.10 0.10 0.00

07/12/04 DCT.T.01.011.2005-R0 0.00 0.50 7.80 67.70 22.20 0.90 0.40 0.30 0.20 0.00

19/03/04 DCT.T.01.066..2004-R0 7.70 11.60 7.40 53.10 18.40 1.30 0.30 0.20 0.00 0.00

25/03/04 DCT.T.01.066..2004-R0 0.00 0.90 7.80 50.10 36.40 4.00 0.60 0.10 0.10 0.10

31/03/04 DCT.T.01.066..2004-R0 9.30 12.60 4.20 34.20 32.10 4.80 1.90 0.60 0.30 0.00

11/05/04 DCT.T.01.107..2004-R0 7.10 7.20 11.10 27.40 38.80 6.10 1.60 0.60 0.10 0.00

18/05/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.00 0.30 4.70 37.20 56.00 1.60 0.10 0.10 0.00 0.00

26/05/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.00 4.80 17.30 44.00 28.40 4.70 0.70 0.10 0.00 0.00

01/06/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.00 2.80 26.60 65.10 5.20 0.20 0.10 0.00 0.00 0.00

10/06/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.00 2.30 13.60 40.00 28.90 9.20 3.50 2.00 0.50 0.00

15/06/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.00 1.00 12.50 53.30 21.80 8.30 2.30 0.70 0.10 0.00

22/06/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.00 2.30 16.30 60.60 18.40 1.40 1.00 0.00 0.00 0.00

29/06/04 DCT.T.01.107..2004-R0 0.90 5.30 14.90 62.70 13.40 1.80 0.50 0.40 0.10 0.00

06/04/04 DCT.T.01.078..2004-R0 5.90 8.90 8.00 26.60 42.10 5.50 1.70 0.70 0.20 0.40

21/04/04 DCT.T.01.078..2004-R0 6.10 7.90 4.60 23.70 45.30 11.10 1.10 0.20 0.00 0.00

27/04/04 DCT.T.01.078..2004-R0 0.00 1.30 17.50 37.20 29.60 11.10 2.80 0.50 0.00 0.00

04/05/04 DCT.T.01.078..2004-R0 6.10 8.60 2.50 14.80 47.50 13.00 4.70 1.50 0.40 0.90
Média 3.74 7.73 14.41 45.56 23.27 3.69 1.06 0.40 0.08 0.05

A partir dos resultados apresentados na Tabela 6.11 foi preparada a tabela de


informações para o HEC-6, considerando a porcentagem “passando” (porcentagem
acumulada) em vez da porcentagem correspondente a cada faixa, conforme aparece
na Tabela 6.12.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.16 Engº José Eduardo Moreira


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Tabela 6.12
Granulometria do Material de Fundo Fornecida ao HEC-6

Diâmetro Porcentagem
(mm) Passando
16.00 100.00%
8.00 99.95%
4.00 99.87%
2 99.47%
1 98.41%
0.5 94.72%
0.25 71.45%
0.125 25.88%
0.062 11.48%
0.016 3.74%

6.3. PROCEDIMENTOS PARA AJUSTE DO MODELO

Conforme já mencionado, os parâmetros do modelo HEC-6 não foram calibrados, como


rotineiramente realizado em modelos de hidráulica fluvial, porque este procedimento já
havia sido feito durante os estudos de remanso no âmbito dos Estudos de Viabilidade,
quando se utilizou o modelo HEC-RAS. O que foi feito em lugar da calibragem foi
apenas re-escrever os parâmetros do modelo HEC-RAS numa forma adequada para o
modelo HEC-6.

Entretanto, alguns detalhes exigiram cuidados especiais em virtude da carência de


dados relativos aos trechos de montante (acima de Abunã) e, principalmente, de
jusante (abaixo de Santo Antônio).

No caso do trecho de montante, os coeficientes de rugosidade calibrados para o início


do reservatório de Jirau foram simplesmente transferidos para as novas seções
introduzidas. Este trecho foi introduzido apenas para que o trecho de interesse direto
(futuros reservatórios) não ficasse afetado pelas condições de contorno.

Já para o trecho de jusante o trabalho foi mais detalhado. Para esse trecho, foram
introduzidas seções extraídas do Atlas de Navegação elaborado pelo DHN em 1999,
ou seja, seções referidas originalmente a um nível d’água de referência. Estas seções
foram estendidas observando-se a conformação de margens típicas do trecho, todo ele
percorrido de barco durante a viagem de inspeção realizada em dezembro de 2004.

Depois de estendidas as seções, foi necessário determinar a posição altimétrica das


mesmas, o que foi levado a efeito forçando uma declividade para o estirão fluvial, de
modo que os níveis d’água resultantes em Porto Velho se aproximassem dos níveis
conhecidos, obtidos da curva-chave local.
Este ajuste foi feito sem nenhuma consideração de transporte de sedimentos, conforme
é costume fazer, no início das aplicações com o modelo HEC-6. Uma vez terminado o
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ajuste da geometria do trecho de jusante, o modelo passou a ser rodado com os dados
de sedimento, de modo que logo surgiu uma tendência exagerada de assoreamento do
trecho, indicando que havia algum desajuste nas seções utilizadas.

Para corrigir essa tendência, foi feita uma simulação com duração de 50 anos, até que
a geometria do trecho inferior do rio Madeira se estabilizou. Esta geometria estabilizada
foi assumida, então, como a geometria atual do trecho, concluindo-se, então, a etapa
de ajuste do modelo.

A Figura 6.13 apresenta uma ilustração desta primeira aplicação do modelo HEC-6 a
todo o estirão estudado. Trata-se de uma simulação realizada ao longo de 50 anos,
sem a introdução de nenhuma estrutura nova e representa uma análise da estabilidade
do leito do rio Madeira nas condições naturais.

O modelo indicou uma tendência ao assoreamento no trecho entre Abunã e a


Cachoeira do Paredão, tendência essa que deverá ser, naturalmente, agravada pela
introdução da barragem de Jirau, conforme já indicado pelos resultados dos estudos de
remanso e vida útil. A novidade aqui é a indicação de tendência ao assoreamento nas
condições atuais.

O trecho entre a Cachoeira do Jirau e as Ilhas situadas logo a jusante, que futuramente
serão parte do reservatório de Santo Antônio, também apresentou ligeira tendência ao
assoreamento.

Uma característica comum desses dois trechos, conforme pode ser verificado no mapa
de localização das seções apresentado no Desenho PJ-0576-G3-GR-DE-0001 a 0004,
é a presença de ilhas, o que de certa forma indica que a tendência de assoreamento
sugerida pela modelagem é real.

Todavia, estes resultados devem ser sempre considerados de forma cuidadosa,


procurando se dar mais ênfase aos aspectos qualitativos que aos quantitativos, pois a
modelagem realizada ainda apresenta simplificações importantes, que serão discutidas
no item 6.6.

Esta abordagem mais qualitativa pode ser associada aos resultados das outras
modelagens realizadas (remanso e vida útil), para produzir resultados mais
consistentes. A modelagem com o HEC-6 é particularmente mais precisa na
identificação dos trechos onde se espera que ocorram depósitos de material sólido ou
erosão do leito fluvial.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.18 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.13
Simulação Inicial do Trecho em Estudo Durante 50 Anos, em Condições Naturais (sem Barragens)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Inicial Leito Após 50 Anos Nível d Água Inicial Nível d Água Após 50 Anos

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6.4. DESCRIÇÃO DOS CASOS SIMULADOS

Com o modelo HEC-6 ajustado foi possível simular a evolução do leito do rio Madeira
ao longo do tempo, considerando a introdução dos aproveitamentos hidrelétricos de
Santo Antônio e Jirau, de forma a caracterizar as modificações esperadas em função
da retenção de sedimentos nos reservatórios formados.

Um benefício importante da modelagem é facilitar a análise conjunta dos reservatórios,


ou seja, permitir a identificação dos efeitos sinérgicos entre os mesmos. Sabe-se que o
aporte de sedimento no reservatório do AHE Santo Antônio pode variar
significativamente caso o AHE Jirau seja implantado ou não a montante, mas
quantificar essa diferença em termos de risco de assoreamento é uma tarefa mais
complexa, que pode ser realizada com auxílio do HEC-6.

Assim, a definição do conjunto de casos a serem simulados levou em conta as


questões relativas à ordem cronológica de implantação dos reservatórios, considerando
as possibilidades de implantação de cada um isoladamente e de ambos.

Outro aspecto considerado foi relativo à cota de operação do reservatório de Jirau, que
é variável ao longo do ano. O modelo HEC-6 não dispõe de recursos para considerar,
de forma automática, esta política de operação. Assim, de modo a contornar essa
dificuldade, todas as simulações envolvendo o AHE Jirau foram feitas duas vezes,
considerando sua operação no cota 90,00m e considerando sua operação numa cota
média, 87,00 m, da mesma forma que o procedido nos estudos de vida útil
apresentados no capitulo 5.

A simulação com o nível d’água na cota 90,00 m pode ser considerada conservadora
com relação ao volume assoreado em Jirau, pois maximiza a capacidade de retenção
de sedimentos no reservatório. Por outro lado, a simulação com o nível do reservatório
em sua cota média, 87,00 m, é conservadora com relação ao efeito sinérgico sobre o
reservatório de Santo Antônio, porque minimiza o volume de sedimento retido.

As simulações foram realizadas para um período máximo de 50 anos, que é


considerado o período de vida útil dos empreendimentos. Buscando permitir a
visualização da evolução da dinâmica do leito do rio Madeira ao longo desse período,
foram realizadas simulações também para períodos parciais de 5, 10 e 20 anos.

Finalmente, foram consideradas também duas hipóteses de evolução da produção de


sedimentos na bacia do rio Madeira, de acordo com a análise apresentada no item 3.3:

• Condição estabilizada – considerando que o atual nível de produção de


sedimentos seria mantido pelos próximos 50 anos;

• Condição crítica – considerando que a produção de sedimentos da bacia deve


crescer a uma taxa anual de 2% durante os próximos 50 anos.

A Tabela 6.14, a seguir, apresenta uma relação completa dos casos simulados.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.20 Engº José Eduardo Moreira


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Tabela 6.14
Descrição dos Casos Simulados

Caso Descrição
Caso 0 Condições naturais do rio Madeira, sem barragens
Caso 1S Implantação do AHE Santo Antônio
Caso 1J-87 Implantação do AHE Jirau – NA do reservatório na El. 87,00 m
Caso 1J-90 Implantação do AHE Jirau – NA do reservatório na El. 90,00 m
Caso 2-87 Implantação dos dois aproveitamentos, com Jirau na El. 87,00 m
Caso 2-90 Implantação dos dois aproveitamentos, com Jirau na El. 90,00 m

O Caso 0 permite identificar, caso existam, tendências de erosão ou assoreamento ao


longo do curso natural do rio Madeira. As tendências de assoreamento na região dos
reservatórios tendem a ser agravadas pelos mesmos, enquanto que as tendências de
erosão, nesta mesma região, tendem a se estabilizar. As tendências de erosão a
jusante dos locais das barragens podem também ser agravadas pelos
empreendimentos.

Os Casos 1S e 1J procuram refletir os impactos de cada empreendimento considerado


isoladamente, enquanto que o Caso 2 procura representar os impactos da implantação
dos dois empreendimentos.

6.5. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES

Os resultados das simulações são apresentados de forma tabular, indicando a


evolução dos perfis do leito do rio Madeira e dos níveis d’água ao longo do tempo (de
10 em 10 anos). Os níveis d’água são apresentados apenas para servir como
referência à análise, tendo sido considerados os níveis d’água correspondentes à
vazão média do mês de dezembro, que é muito próxima à vazão média de longo termo.
Ao final deste item, depois dos quadros, são apresentadas Figuras mostrando os perfis
de leito e de nível d’água no início e no final da simulação (50 anos), para cada caso
simulado.

A Tabela 6.15, a seguir, relaciona os casos simulados, indicando o número das


Tabelas e Figuras associados a cada caso.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.21 Engº José Eduardo Moreira


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Tabela 6.15
Relação das Simulações Realizadas, Tabelas e Figuras Associadas

NA Jirau NA Santo Antônio


Tabela Figura
(m) (m)
Caso 0 - - 6.16 6.17
Condição
Caso 1S - 70,00 6.18 6.19
Estabilizada
(sem Caso 1J-90 90,00 - 6.20 6.4
crescimento da Caso 2-90 90,00 70,00 6.22 6.23
produção de
Caso 1J-87 87,00 - 6.24 6.25
sedimento)
Caso 2-87 87,00 70,00 6.26 6.27
Caso 0-C - - 6.28 6.29
Condição
Caso 1S-C - 70,00 6.30 6.31
Crítica
(produção de Caso 1J-90-C 90,00 - 6.32 6.33
sedimento Caso 2-90-C 90,00 70,00 6.34 6.35
crescendo a 2%
Caso 1J-87-C 87,00 - 6.36 6.37
ao ano)
Caso 2-87-C 87,00 70,00 6.38 6.39

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.22 Engº José Eduardo Moreira


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6.5.1 Simulações Considerando um Condição Estabilizada de Produção de


Sedimento no Rio Madeira

Tabela 6.16
Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 0 - Condições Naturais (sem barragens)
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.66 81.05 101.67 81.05 101.68 81.05 101.71 81.05 101.73
423 78.15 99.97 78.15 99.99 78.15 100.01 78.15 100.07 78.15 100.08
415 76.35 98.82 76.35 98.84 76.35 98.88 76.35 98.95 76.35 98.97
405 76.66 94.62 76.66 94.79 76.66 94.96 76.66 95.29 76.66 95.38
398 68.24 92.97 68.24 93.24 68.24 93.51 68.24 93.99 68.24 94.13
396 68.95 92.91 68.99 93.18 69.02 93.45 69.06 93.95 69.07 94.08
375 70.65 91.66 70.66 92.00 70.65 92.33 70.65 92.93 70.65 93.08
372 73.85 91.46 73.86 91.81 73.86 92.16 73.86 92.78 73.86 92.93
369 72.94 91.29 72.98 91.66 72.98 92.02 73.00 92.65 73.11 92.81
359 67.15 90.82 67.49 91.20 67.54 91.57 67.57 92.24 67.49 92.40
349 58.86 90.52 59.17 90.91 59.63 91.28 60.40 91.94 60.93 92.10
338 61.97 90.21 65.68 90.45 64.49 90.89 65.09 91.56 64.43 91.74
329 38.98 90.12 48.55 90.17 51.83 90.54 51.21 91.24 53.11 91.39
327 49.07 90.07 50.58 90.14 54.75 90.47 55.80 91.15 52.95 91.39
320 71.96 89.87 71.96 89.92 71.97 90.19 72.15 90.87 73.73 91.13
315 54.62 89.48 54.62 89.54 54.62 89.84 55.05 90.57 54.62 90.82
309 53.95 89.39 56.51 89.42 63.48 89.56 67.58 90.20 69.44 90.48
306 59.01 89.33 59.01 89.36 59.01 89.51 59.83 90.15 60.44 90.40
301 50.26 89.07 50.26 89.10 51.85 89.22 53.36 89.85 53.86 90.05
292 60.47 88.80 61.50 88.81 64.45 88.81 69.63 89.16 70.46 89.22
286 37.09 88.75 37.09 88.75 37.28 88.75 47.80 88.97 47.93 89.04
283 51.24 88.59 51.24 88.59 51.24 88.59 53.12 88.66 54.75 88.70
279 54.80 88.45 54.80 88.45 54.80 88.45 55.96 88.50 57.52 88.52
272 53.68 87.87 53.68 87.87 53.68 87.87 53.68 87.87 53.68 87.87
267 63.95 87.10 63.95 87.10 63.95 87.10 63.95 87.10 63.95 87.09
258 53.37 85.61 53.37 85.61 53.37 85.61 53.37 85.61 53.37 85.61
256 58.37 85.40 58.37 85.40 58.37 85.40 58.37 85.40 58.38 85.40
255 55.05 85.26 55.05 85.26 55.05 85.26 55.05 85.26 55.05 85.25
253 56.57 84.95 56.57 84.95 56.57 84.95 56.57 84.95 56.57 84.94
243 59.95 83.97 59.95 83.97 59.95 83.97 59.95 83.97 59.95 83.96
228 59.95 81.76 59.95 81.76 59.95 81.76 59.95 81.77 59.95 81.75
211 59.95 74.76 59.95 74.77 59.95 74.77 59.95 74.79 59.95 74.73
210 61.97 72.19 61.97 72.19 61.97 72.19 61.97 72.23 61.97 72.11
207 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.73 34.49 72.11
200 40.63 71.27 40.63 71.28 40.63 71.28 41.17 71.32 41.18 71.71
195 38.37 71.13 38.40 71.13 38.47 71.13 39.80 71.15 43.68 71.45
190 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 50.48 71.19
184 50.23 70.65 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 51.63 70.79
172 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.33 70.05
166 51.85 69.74 51.85 69.73 51.85 69.73 51.85 69.73 51.90 69.75
158 36.58 69.33 36.58 69.32 36.58 69.32 36.58 69.32 36.83 69.33
151 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04
145 51.97 68.61 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.61
139 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89
128 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.75
120 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.60
110 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.19
105 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.33
98 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.01
96 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 54.71
88 39.96 54.15 39.96 54.14 39.96 54.14 39.96 54.15 39.96 53.47
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 25.00 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.08
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.38 29.78 50.38 29.78 50.38 29.80 50.38
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.10 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.23 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.17
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 0 – (Condições Naturais)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.24 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.18
Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 1S – Após a Construção do AHE Santo Antônio

PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS


SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.67 81.05 101.68 81.05 101.69 81.05 101.72 81.05 101.73
423 78.15 99.97 78.15 99.99 78.15 100.01 78.15 100.07 78.15 100.10
415 76.35 98.82 76.35 98.85 76.35 98.88 76.35 98.96 76.35 98.98
405 76.66 94.63 76.66 94.80 76.66 94.98 76.66 95.33 76.66 95.44
398 68.24 92.99 68.24 93.27 68.24 93.53 68.24 94.05 68.24 94.20
396 68.95 92.93 68.99 93.21 69.02 93.48 69.06 94.00 69.11 94.15
375 70.65 91.69 70.66 92.03 70.65 92.37 70.65 92.99 70.65 93.17
372 73.85 91.48 73.86 91.85 73.86 92.19 73.86 92.84 73.86 93.02
369 72.94 91.32 72.98 91.70 72.98 92.05 73.03 92.71 73.12 92.90
359 67.15 90.85 67.49 91.24 67.54 91.61 67.56 92.31 67.46 92.50
349 58.86 90.56 59.17 90.94 59.63 91.32 60.40 92.01 61.03 92.20
338 61.97 90.24 65.75 90.49 64.57 90.93 65.16 91.62 64.51 91.84
329 38.98 90.15 48.51 90.21 51.80 90.58 51.21 91.32 53.19 91.49
327 49.07 90.11 50.65 90.18 54.90 90.51 55.85 91.22 52.95 91.49
320 71.96 89.91 71.96 89.96 71.97 90.23 72.26 90.94 74.01 91.22
315 54.62 89.52 54.62 89.58 54.62 89.89 55.12 90.64 54.62 90.92
309 53.95 89.43 56.50 89.46 63.77 89.60 68.02 90.27 69.95 90.57
306 59.01 89.38 59.01 89.40 59.01 89.55 59.55 90.22 60.57 90.50
301 50.26 89.11 50.26 89.14 51.87 89.26 53.83 89.92 54.34 90.16
292 60.47 88.85 61.48 88.86 64.32 88.86 69.66 89.21 70.56 89.36
286 37.09 88.80 37.09 88.80 37.26 88.80 48.00 89.01 48.71 89.16
283 51.24 88.64 51.24 88.64 51.24 88.64 53.08 88.71 54.71 88.82
279 54.80 88.50 54.80 88.51 54.80 88.51 55.84 88.55 57.79 88.63
272 53.68 87.93 53.68 87.93 53.68 87.93 53.68 87.93 53.68 87.98
267 63.95 87.16 63.95 87.16 63.95 87.16 63.95 87.17 63.95 87.22
258 53.37 85.69 53.37 85.69 53.37 85.69 53.37 85.70 53.37 85.76
256 58.37 85.48 58.37 85.49 58.37 85.49 58.37 85.49 58.38 85.56
255 55.05 85.34 55.05 85.34 55.05 85.34 55.05 85.35 55.05 85.42
253 56.57 85.04 56.57 85.05 56.57 85.05 56.57 85.05 56.57 85.12
243 59.95 84.08 59.95 84.08 59.95 84.08 59.95 84.09 59.96 84.17
228 59.95 81.91 59.95 81.91 59.95 81.91 59.95 81.92 59.95 82.03
211 59.95 75.41 59.95 75.41 59.95 75.41 59.95 75.46 59.95 75.88
210 61.97 73.39 61.97 73.40 61.97 73.40 61.97 73.48 61.97 74.13
207 33.56 73.09 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.17 36.27 74.13
200 40.63 72.82 40.68 72.83 40.74 72.83 41.33 72.89 43.71 73.79
195 38.37 72.73 38.44 72.73 38.46 72.73 40.68 72.76 45.62 73.57
190 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 49.79 72.64 52.91 73.35
184 50.23 72.44 50.23 72.45 50.23 72.45 50.23 72.46 53.51 73.02
172 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.10 47.87 72.44
166 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.96 53.12 72.24
158 36.58 71.71 36.58 71.72 36.58 71.72 36.58 71.73 38.33 71.97
151 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.60 54.36 71.78
145 51.97 71.38 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.40 51.97 71.56
139 51.97 71.15 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.18 52.18 71.34
128 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.87 51.97 70.88 52.13 71.05
120 50.96 70.58 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.61 50.96 70.78
110 50.96 70.25 50.96 70.26 50.96 70.26 50.97 70.28 50.97 70.47
105 50.96 70.21 51.06 70.22 51.06 70.22 51.12 70.24 54.42 70.40
98 51.97 70.11 52.08 70.11 52.09 70.11 53.05 70.12 52.18 70.27
96 42.98 70.13 43.37 70.13 43.89 70.13 46.63 70.14 55.03 70.24
88 39.96 70.10 40.32 70.10 40.61 70.10 41.41 70.10 48.95 70.10
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.25 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.19
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 1S – Após a Construção do AHE Santo Antônio
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50
88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Após 50 anos Nível d'


Água após 50 anos Leito Atual Nível d'
Água atual

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.26 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.20
Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 1J-90 – Após a Construção do AHE Jirau – El. 90,00 m
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.92 81.05 101.97 81.05 102.03 81.05 102.15 81.05 102.43
423 78.15 100.41 78.15 100.50 78.15 100.60 78.15 100.79 78.15 101.21
415 76.35 99.40 76.35 99.51 76.35 99.64 76.35 99.88 76.35 100.40
405 76.66 96.67 76.66 96.88 76.66 97.14 76.66 97.65 76.66 98.67
398 68.24 95.79 68.25 96.03 68.25 96.34 68.25 96.92 68.28 98.11
396 68.95 95.75 69.59 95.99 70.13 96.29 71.51 96.87 74.41 98.02
375 70.65 95.02 70.66 95.26 70.66 95.56 70.67 96.11 70.68 97.22
372 73.85 94.91 73.87 95.16 73.92 95.47 74.41 96.02 76.38 97.11
369 72.94 94.83 73.07 95.08 73.17 95.38 73.77 95.94 74.97 97.01
359 67.15 94.53 67.24 94.78 67.22 95.09 67.21 95.65 67.67 96.73
349 58.86 94.32 61.49 94.53 61.31 94.85 62.57 95.40 65.00 96.44
338 61.97 94.13 66.46 94.20 67.17 94.52 66.54 95.09 66.79 96.14
329 38.98 94.06 44.89 94.09 53.39 94.24 53.59 94.84 55.92 95.86
327 49.07 94.04 50.48 94.06 56.26 94.19 58.20 94.77 56.87 95.86
320 71.96 93.94 71.98 93.95 73.76 94.01 75.19 94.55 78.92 95.56
315 54.62 93.83 55.21 93.84 57.44 93.86 64.21 94.27 63.39 95.33
309 53.95 93.78 54.62 93.79 55.67 93.80 64.01 94.04 67.63 95.04
306 59.01 93.75 59.02 93.76 59.18 93.77 66.65 93.93 65.81 94.95
301 50.26 93.67 50.87 93.68 51.60 93.68 57.58 93.72 62.87 94.67
292 60.47 93.61 60.80 93.61 61.14 93.61 62.68 93.61 75.05 94.20
286 37.09 93.58 37.09 93.58 37.09 93.58 37.16 93.58 50.63 93.98
283 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 63.58 93.70
279 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 58.08 93.65
272 53.68 93.18 53.68 93.19 53.68 93.19 53.68 93.19 53.68 93.28
267 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.93
258 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.33
256 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 60.58 92.24
255 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 58.55 92.17
253 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 57.71 92.06
243 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 59.98 91.70
228 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07
211 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08
210 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92
207 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.83
200 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.44
195 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 42.00 71.22
190 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 50.12 70.99
184 50.23 70.65 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 50.25 70.65
172 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02
166 51.85 69.74 51.85 69.73 51.85 69.73 51.85 69.73 51.85 69.74
158 36.58 69.33 36.58 69.32 36.58 69.32 36.58 69.32 36.61 69.33
151 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04
145 51.97 68.61 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.61
139 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89
128 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.75
120 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.60
110 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.19
105 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.33
98 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.01
96 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 54.71
88 39.96 54.15 39.96 54.14 39.96 54.14 39.96 54.14 39.96 53.47
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 25.00 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.56 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.79 50.38
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.11 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.27 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.21
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 1J-90 – Após a Construção do AHE Jirau –
Nível d’Água na El. 90,00 m
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.28 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.22
Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 2-90 – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos –
AHE Jirau na El. 90,00 m
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.92 81.05 101.97 81.05 102.03 81.05 102.15 81.05 102.43
423 78.15 100.41 78.15 100.50 78.15 100.60 78.15 100.79 78.15 101.21
415 76.35 99.40 76.35 99.51 76.35 99.64 76.35 99.88 76.35 100.40
405 76.66 96.67 76.66 96.88 76.66 97.14 76.66 97.65 76.66 98.67
398 68.24 95.79 68.25 96.03 68.25 96.34 68.25 96.92 68.28 98.11
396 68.95 95.75 69.59 95.99 70.13 96.29 71.51 96.87 74.41 98.02
375 70.65 95.02 70.66 95.26 70.66 95.56 70.67 96.11 70.68 97.22
372 73.85 94.91 73.87 95.16 73.92 95.47 74.41 96.02 76.38 97.11
369 72.94 94.83 73.07 95.08 73.17 95.38 73.77 95.94 74.97 97.01
359 67.15 94.53 67.24 94.78 67.22 95.09 67.21 95.65 67.67 96.73
349 58.86 94.32 61.49 94.53 61.31 94.85 62.57 95.40 65.00 96.44
338 61.97 94.13 66.46 94.20 67.17 94.52 66.54 95.09 66.79 96.14
329 38.98 94.06 44.89 94.09 53.39 94.24 53.59 94.84 55.92 95.86
327 49.07 94.04 50.48 94.06 56.26 94.19 58.20 94.77 56.87 95.86
320 71.96 93.94 71.98 93.95 73.76 94.01 75.19 94.55 78.92 95.56
315 54.62 93.83 55.21 93.84 57.44 93.86 64.21 94.27 63.39 95.33
309 53.95 93.78 54.62 93.79 55.67 93.80 64.01 94.04 67.63 95.04
306 59.01 93.75 59.02 93.76 59.18 93.77 66.65 93.93 65.81 94.95
301 50.26 93.67 50.87 93.68 51.60 93.68 57.58 93.72 62.87 94.67
292 60.47 93.61 60.80 93.61 61.14 93.61 62.68 93.61 75.05 94.20
286 37.09 93.58 37.09 93.58 37.09 93.58 37.16 93.58 50.63 93.98
283 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 63.58 93.70
279 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 58.08 93.65
272 53.68 93.18 53.68 93.19 53.68 93.19 53.68 93.19 53.68 93.28
267 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.93
258 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.33
256 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 60.58 92.24
255 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 58.55 92.17
253 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 57.71 92.06
243 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 59.98 91.70
228 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07
211 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08
210 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92
207 33.56 73.09 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.42
200 40.63 72.82 40.63 72.82 40.63 72.82 40.63 72.83 41.64 73.14
195 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 43.72 72.97
190 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 51.54 72.78
184 50.23 72.44 50.23 72.44 50.23 72.44 50.23 72.45 51.10 72.54
172 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.12 72.16
166 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 72.02
158 36.58 71.71 36.58 71.72 36.58 71.72 36.58 71.72 36.60 71.79
151 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 52.45 71.65
145 51.97 71.38 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.44
139 51.97 71.15 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.21
128 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.92
120 50.96 70.58 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.66
110 50.96 70.25 50.96 70.25 50.96 70.25 50.96 70.25 50.98 70.33
105 50.96 70.21 51.01 70.22 51.01 70.22 51.02 70.22 51.25 70.29
98 51.97 70.11 52.06 70.11 52.06 70.11 52.06 70.11 53.72 70.16
96 42.98 70.13 43.05 70.13 43.05 70.13 43.06 70.13 50.91 70.16
88 39.96 70.10 40.06 70.10 40.09 70.10 40.27 70.10 44.27 70.10
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.29 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.23
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 2-90 – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos
(Jirau na El. 90,00 m)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.30 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.24
Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 1J-87 – Após a Construção do AHE Jirau – El. 87,00 m

PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS


SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.78 81.05 101.81 81.05 101.84 81.05 101.96 81.05 102.16
423 78.15 100.18 78.15 100.22 78.15 100.29 78.15 100.48 78.15 100.80
415 76.35 99.10 76.35 99.16 76.35 99.24 76.35 99.49 76.35 99.89
405 76.66 95.85 76.66 96.05 76.66 96.30 76.66 96.84 76.66 97.67
398 68.24 94.77 68.25 95.02 68.25 95.34 68.25 95.99 68.25 96.94
396 68.95 94.72 69.36 94.98 69.41 95.30 69.91 95.94 72.31 96.88
375 70.65 93.84 70.66 94.13 70.66 94.48 70.66 95.18 70.69 96.07
372 73.85 93.72 73.86 94.00 73.86 94.37 73.90 95.09 74.83 95.97
369 72.94 93.61 73.09 93.90 73.09 94.28 73.17 95.00 74.30 95.87
359 67.15 93.27 67.33 93.56 67.30 93.95 67.23 94.70 67.23 95.58
349 58.86 93.03 60.56 93.29 60.84 93.69 61.98 94.43 63.93 95.29
338 61.97 92.81 66.48 92.92 66.53 93.33 66.35 94.10 66.06 94.98
329 38.98 92.74 45.93 92.77 52.72 93.02 52.32 93.84 55.18 94.68
327 49.07 92.70 50.77 92.74 56.78 92.96 58.06 93.76 56.12 94.68
320 71.96 92.58 71.96 92.61 73.48 92.73 74.35 93.52 77.69 94.38
315 54.62 92.42 54.90 92.44 58.13 92.49 62.18 93.21 61.43 94.11
309 53.95 92.36 55.24 92.37 57.49 92.39 65.16 92.91 68.73 93.79
306 59.01 92.32 59.01 92.33 59.11 92.35 63.94 92.82 64.60 93.70
301 50.26 92.21 50.68 92.21 51.47 92.23 60.54 92.43 60.87 93.37
292 60.47 92.10 61.02 92.10 61.64 92.10 66.14 92.11 74.51 92.70
286 37.09 92.07 37.09 92.07 37.09 92.07 37.88 92.07 48.98 92.47
283 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 61.78 92.12
279 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 57.40 92.04
272 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.61
267 63.95 91.12 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.17
258 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.40
256 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 59.56 90.29
255 55.05 90.18 55.05 90.19 55.05 90.19 55.05 90.19 57.59 90.21
253 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 56.71 90.07
243 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 59.96 89.63
228 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78
211 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24
210 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99
207 33.56 71.67 33.56 71.67 33.56 71.67 33.56 71.67 33.56 71.94
200 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.56
195 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 42.82 71.33
190 49.59 70.96 49.59 70.96 49.59 70.96 49.59 70.96 50.62 71.07
184 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 50.85 70.69
172 45.05 70.01 45.05 70.01 45.05 70.01 45.05 70.01 45.08 70.02
166 51.85 69.73 51.85 69.72 51.85 69.72 51.85 69.72 51.86 69.73
158 36.58 69.31 36.58 69.31 36.58 69.31 36.58 69.31 36.64 69.31
151 51.97 69.03 51.97 69.03 51.97 69.03 51.97 69.03 51.97 69.03
145 51.97 68.60 51.97 68.59 51.97 68.59 51.97 68.59 51.97 68.59
139 51.97 67.87 51.97 67.87 51.97 67.87 51.97 67.87 51.97 67.87
128 51.97 66.71 51.97 66.71 51.97 66.71 51.97 66.71 51.97 66.71
120 50.96 65.54 50.96 65.54 50.96 65.54 50.96 65.54 50.96 65.55
110 50.96 63.05 50.96 63.05 50.96 63.05 50.96 63.05 50.96 63.08
105 50.96 62.11 50.96 62.11 50.96 62.11 50.96 62.11 50.96 62.15
98 51.97 56.88 51.97 56.88 51.97 56.88 51.97 56.88 51.97 56.67
96 42.98 56.58 42.98 56.58 42.98 56.58 42.98 56.58 42.98 56.28
88 39.96 56.03 39.96 56.03 39.96 56.03 39.96 56.03 39.96 55.66
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 25.00 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.56 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.79 50.38
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.11 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.31 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.25
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 1J-87 – Após a Construção do AHE Jirau –
Nível d’Água na El. 87,00 m
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.32 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.26
Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 2-87 – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos –
AHE Jirau na El. 87,00 m
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.78 81.05 101.81 81.05 101.84 81.05 101.96 81.05 102.16
423 78.15 100.18 78.15 100.22 78.15 100.29 78.15 100.48 78.15 100.80
415 76.35 99.10 76.35 99.16 76.35 99.24 76.35 99.49 76.35 99.89
405 76.66 95.85 76.66 96.05 76.66 96.30 76.66 96.84 76.66 97.67
398 68.24 94.77 68.25 95.02 68.25 95.34 68.25 95.99 68.25 96.94
396 68.95 94.72 69.36 94.98 69.41 95.30 69.91 95.94 72.31 96.88
375 70.65 93.84 70.66 94.13 70.66 94.48 70.66 95.18 70.69 96.07
372 73.85 93.72 73.86 94.00 73.86 94.37 73.90 95.09 74.83 95.97
369 72.94 93.61 73.09 93.90 73.09 94.28 73.17 95.00 74.30 95.87
359 67.15 93.27 67.33 93.56 67.30 93.95 67.23 94.70 67.23 95.58
349 58.86 93.03 60.56 93.29 60.84 93.69 61.98 94.43 63.93 95.29
338 61.97 92.81 66.48 92.92 66.53 93.33 66.35 94.10 66.06 94.98
329 38.98 92.74 45.93 92.77 52.72 93.02 52.32 93.84 55.18 94.68
327 49.07 92.70 50.77 92.74 56.78 92.96 58.06 93.76 56.12 94.68
320 71.96 92.58 71.96 92.61 73.48 92.73 74.35 93.52 77.69 94.38
315 54.62 92.42 54.90 92.44 58.13 92.49 62.18 93.21 61.43 94.11
309 53.95 92.36 55.24 92.37 57.49 92.39 65.16 92.91 68.73 93.79
306 59.01 92.32 59.01 92.33 59.11 92.35 63.94 92.82 64.60 93.70
301 50.26 92.21 50.68 92.21 51.47 92.23 60.54 92.43 60.87 93.37
292 60.47 92.10 61.02 92.10 61.64 92.10 66.14 92.11 74.51 92.70
286 37.09 92.07 37.09 92.07 37.09 92.07 37.88 92.07 48.98 92.47
283 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 61.78 92.12
279 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 57.40 92.04
272 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.61
267 63.95 91.12 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.17
258 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.40
256 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 59.56 90.29
255 55.05 90.18 55.05 90.19 55.05 90.19 55.05 90.19 57.59 90.21
253 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 56.71 90.07
243 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 59.96 89.63
228 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78
211 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24
210 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99
207 33.56 73.09 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.10 34.14 73.71
200 40.63 72.82 40.63 72.83 40.63 72.83 40.63 72.83 42.99 73.40
195 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 44.21 73.22
190 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 52.56 73.01
184 50.23 72.44 50.23 72.45 50.23 72.45 50.23 72.45 52.35 72.71
172 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 46.12 72.25
166 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.88 72.10
158 36.58 71.71 36.58 71.72 36.58 71.72 36.58 71.72 36.86 71.88
151 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 53.15 71.71
145 51.97 71.38 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.48
139 51.97 71.15 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.26
128 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.98 70.98
120 50.96 70.58 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.71
110 50.96 70.25 50.96 70.25 50.96 70.26 50.96 70.26 50.97 70.39
105 50.96 70.21 51.03 70.22 51.03 70.22 51.04 70.22 52.45 70.34
98 51.97 70.11 52.07 70.11 52.07 70.11 52.08 70.11 52.79 70.21
96 42.98 70.13 43.07 70.13 43.07 70.13 43.19 70.13 53.00 70.20
88 39.96 70.10 40.15 70.10 40.32 70.10 40.75 70.10 47.09 70.10
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.33 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.27
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 2-87 – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos
(Jirau na El. 87,00 m)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.34 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

6.5.2. Simulações Considerando um Crescimento de 2% ao Ano na Produção de


Sedimento no Rio Madeira
Tabela 6.28
Condição Crítica – Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 0-C - Condições Naturais (sem barragens)
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.66 81.05 101.68 81.05 101.69 81.05 101.76 81.05 102.33
423 78.15 99.97 78.15 99.99 78.15 100.02 78.15 100.14 78.15 101.06
415 76.35 98.82 76.35 98.85 76.35 98.89 76.35 99.04 76.36 100.22
405 76.66 94.62 76.66 94.80 76.66 95.02 76.66 95.65 76.66 98.30
398 68.24 92.97 68.24 93.26 68.24 93.60 68.25 94.49 68.81 97.67
396 68.95 92.91 69.02 93.20 69.09 93.55 70.32 94.43 78.08 97.44
375 70.65 91.66 70.66 92.03 70.66 92.45 70.65 93.39 71.56 95.80
372 73.85 91.46 73.86 91.84 73.86 92.28 73.86 93.26 78.78 95.55
369 72.94 91.29 72.97 91.69 72.97 92.14 73.43 93.13 75.67 95.40
359 67.15 90.82 67.55 91.23 67.67 91.70 67.42 92.74 72.23 94.80
349 58.86 90.52 59.43 90.92 60.70 91.37 62.94 92.38 66.91 94.27
338 61.97 90.21 65.78 90.46 64.76 90.96 65.70 91.94 68.71 93.70
329 38.98 90.12 48.71 90.17 52.22 90.59 53.04 91.58 57.73 93.16
327 49.07 90.07 50.65 90.14 55.20 90.51 56.16 91.49 56.12 93.16
320 71.96 89.87 71.96 89.92 71.97 90.23 73.71 91.13 76.73 92.75
315 54.62 89.48 54.62 89.54 54.62 89.89 54.88 90.82 59.98 92.34
309 53.95 89.39 56.57 89.42 64.07 89.58 69.57 90.42 72.37 91.78
306 59.01 89.33 59.01 89.36 59.01 89.53 60.35 90.37 63.51 91.69
301 50.26 89.07 50.26 89.10 52.26 89.24 54.94 90.03 59.79 91.15
292 60.47 88.80 61.51 88.81 64.68 88.82 69.64 89.29 71.74 90.00
286 37.09 88.75 37.09 88.75 37.34 88.75 49.47 89.09 54.10 89.64
283 51.24 88.59 51.24 88.59 51.24 88.59 54.57 88.74 54.05 89.28
279 54.80 88.45 54.80 88.45 54.80 88.45 57.09 88.55 63.85 88.99
272 53.68 87.87 53.68 87.87 53.68 87.87 53.68 87.88 53.68 87.97
267 63.95 87.10 63.95 87.10 63.95 87.10 63.95 87.10 63.96 87.18
258 53.37 85.61 53.37 85.61 53.37 85.61 53.37 85.62 53.77 85.68
256 58.37 85.40 58.37 85.40 58.37 85.40 58.38 85.41 58.89 85.47
255 55.05 85.26 55.05 85.26 55.05 85.26 55.05 85.26 55.06 85.33
253 56.57 84.95 56.57 84.95 56.57 84.95 56.57 84.96 56.62 85.02
243 59.95 83.97 59.95 83.97 59.95 83.97 59.95 83.98 60.41 84.05
228 59.95 81.76 59.95 81.76 59.95 81.76 59.95 81.77 59.95 81.87
211 59.95 74.76 59.95 74.77 59.95 74.77 59.95 74.80 59.95 75.25
210 61.97 72.19 61.97 72.19 61.97 72.19 61.97 72.26 61.97 73.12
207 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.78 37.59 73.12
200 40.63 71.27 40.63 71.28 40.63 71.28 41.35 71.36 44.45 72.56
195 38.37 71.13 38.40 71.13 38.48 71.13 40.86 71.16 46.35 72.18
190 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 49.62 70.97 52.62 71.83
184 50.23 70.65 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 53.03 71.34
172 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 47.74 70.33
166 51.85 69.74 51.85 69.73 51.85 69.73 51.85 69.73 52.44 69.97
158 36.58 69.33 36.58 69.32 36.58 69.32 36.58 69.32 39.22 69.45
151 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 52.67 69.07
145 51.97 68.61 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.61
139 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89
128 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74
120 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.60
110 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.19
105 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.32
98 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.06
96 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 54.71
88 39.96 54.15 39.96 54.14 39.96 54.14 39.96 54.15 39.96 53.49
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 25.00 53.49
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.09
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.61 52.34
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.75 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.38 29.78 50.38 29.78 50.38 29.81 50.38
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.09 49.12 26.11 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.35 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.29
Condição Crítica – Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 0 – (Condições Naturais)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.36 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.30
Condição Crítica – Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 1S-C – Após a Construção do AHE Santo Antônio
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.67 81.05 101.68 81.05 101.69 81.05 101.76 81.05 102.36
423 78.15 99.97 78.15 99.99 78.15 100.02 78.15 100.15 78.15 101.11
415 76.35 98.82 76.35 98.85 76.35 98.89 76.35 99.05 76.36 100.27
405 76.66 94.63 76.66 94.82 76.66 95.04 76.66 95.68 76.66 98.41
398 68.24 92.99 68.24 93.28 68.24 93.63 68.25 94.54 68.84 97.79
396 68.95 92.93 69.02 93.23 69.09 93.57 70.40 94.48 78.27 97.55
375 70.65 91.69 70.65 92.06 70.65 92.48 70.65 93.44 71.63 95.91
372 73.85 91.48 73.86 91.87 73.86 92.31 73.86 93.30 78.95 95.66
369 72.94 91.32 72.98 91.72 72.97 92.17 73.48 93.18 75.73 95.51
359 67.15 90.85 67.55 91.26 67.67 91.73 67.41 92.78 72.36 94.91
349 58.86 90.56 59.47 90.96 60.71 91.41 62.94 92.43 66.97 94.38
338 61.97 90.24 65.82 90.49 64.82 90.99 65.73 91.99 68.85 93.80
329 38.98 90.15 48.65 90.21 52.22 90.63 53.03 91.63 57.81 93.26
327 49.07 90.11 50.72 90.18 55.33 90.55 56.22 91.54 56.39 93.26
320 71.96 89.91 71.96 89.96 71.97 90.27 73.74 91.19 76.69 92.87
315 54.62 89.52 54.62 89.58 54.62 89.93 55.73 90.85 60.60 92.44
309 53.95 89.43 56.56 89.46 64.31 89.62 69.18 90.46 72.37 91.89
306 59.01 89.38 59.01 89.40 59.01 89.57 60.51 90.41 64.14 91.78
301 50.26 89.11 50.26 89.14 52.26 89.28 54.87 90.06 59.75 91.24
292 60.47 88.85 61.49 88.86 64.57 88.86 69.80 89.32 72.05 90.15
286 37.09 88.80 37.09 88.80 37.32 88.80 50.28 89.10 54.58 89.78
283 51.24 88.64 51.24 88.64 51.24 88.64 53.93 88.75 54.20 89.43
279 54.80 88.50 54.80 88.51 54.80 88.51 56.56 88.58 63.78 89.15
272 53.68 87.93 53.68 87.93 53.68 87.93 53.68 87.94 53.69 88.15
267 63.95 87.16 63.95 87.16 63.95 87.16 63.95 87.17 63.96 87.39
258 53.37 85.69 53.37 85.69 53.37 85.69 53.37 85.70 53.94 85.92
256 58.37 85.48 58.37 85.49 58.37 85.49 58.38 85.50 58.97 85.72
255 55.05 85.34 55.05 85.34 55.05 85.34 55.05 85.36 55.06 85.58
253 56.57 85.04 56.57 85.05 56.57 85.05 56.57 85.06 56.65 85.30
243 59.95 84.08 59.95 84.08 59.95 84.08 59.95 84.09 60.52 84.37
228 59.95 81.91 59.95 81.91 59.95 81.91 59.95 81.93 59.96 82.29
211 59.95 75.41 59.95 75.41 59.95 75.41 59.95 75.50 59.95 76.69
210 61.97 73.39 61.97 73.40 61.97 73.40 61.97 73.54 61.97 75.25
207 33.56 73.09 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.23 39.69 75.25
200 40.63 72.82 40.68 72.83 40.75 72.83 42.04 72.93 47.12 74.76
195 38.37 72.73 38.44 72.73 38.46 72.73 41.74 72.79 48.79 74.44
190 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 50.00 72.65 54.92 74.14
184 50.23 72.44 50.23 72.45 50.23 72.45 50.23 72.46 55.84 73.69
172 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.11 49.75 72.88
166 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.96 55.47 72.61
158 36.58 71.71 36.58 71.72 36.58 71.72 36.58 71.74 39.99 72.25
151 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 51.98 71.61 56.21 71.98
145 51.97 71.38 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.41 52.69 71.70
139 51.97 71.15 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.18 53.08 71.43
128 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.87 51.97 70.89 52.66 71.09
120 50.96 70.58 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.61 50.96 70.82
110 50.96 70.25 50.96 70.26 50.96 70.26 50.97 70.28 51.00 70.51
105 50.96 70.21 51.07 70.22 51.08 70.22 51.15 70.24 55.10 70.43
98 51.97 70.11 52.08 70.11 52.11 70.11 53.35 70.12 52.24 70.28
96 42.98 70.13 43.37 70.13 43.92 70.13 46.89 70.14 55.36 70.26
88 39.96 70.10 40.33 70.10 40.62 70.10 41.51 70.10 49.25 70.10
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.37 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.31
Condição Crítica – Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 1S – Após a Construção do AHE Santo Antônio
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50
88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Após 50 anos Nível d'


Água após 50 anos Leito Atual Nível d'
Água atual

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.38 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.32
Condição Crítica – Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 1J-C-90 – Após a Construção do AHE Jirau – El. 90,00 m
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.92 81.05 101.97 81.05 102.06 81.05 102.28 81.05 104.04
423 78.15 100.41 78.15 100.50 78.15 100.64 78.15 101.00 78.16 103.34
415 76.35 99.40 76.35 99.52 76.35 99.68 76.35 100.14 76.98 102.83
405 76.66 96.67 76.66 96.90 76.66 97.25 76.66 98.15 76.89 101.99
398 68.24 95.79 68.25 96.06 68.25 96.46 68.34 97.50 74.80 101.33
396 68.95 95.75 69.93 96.02 71.44 96.41 75.19 97.39 80.78 101.17
375 70.65 95.02 70.66 95.27 70.68 95.60 70.71 96.41 75.74 99.74
372 73.85 94.91 73.90 95.17 74.24 95.50 76.77 96.27 82.25 99.51
369 72.94 94.83 73.06 95.08 73.53 95.41 74.58 96.17 78.88 99.36
359 67.15 94.53 67.23 94.79 67.23 95.12 68.36 95.85 74.86 98.79
349 58.86 94.32 61.59 94.53 61.60 94.87 63.98 95.55 69.89 98.29
338 61.97 94.13 66.51 94.20 67.20 94.53 67.04 95.22 72.04 97.77
329 38.98 94.06 44.93 94.09 53.56 94.25 54.26 94.94 60.56 97.30
327 49.07 94.04 50.50 94.06 56.45 94.20 58.75 94.87 61.13 97.30
320 71.96 93.94 71.99 93.95 73.87 94.02 75.55 94.63 81.49 96.83
315 54.62 93.83 55.22 93.84 57.54 93.86 64.42 94.34 68.35 96.53
309 53.95 93.78 54.62 93.79 55.71 93.80 64.47 94.10 71.08 96.07
306 59.01 93.75 59.02 93.76 59.19 93.77 67.13 93.98 71.33 95.86
301 50.26 93.67 50.87 93.68 51.61 93.68 58.85 93.73 64.59 95.54
292 60.47 93.61 60.80 93.61 61.15 93.61 62.98 93.61 79.32 94.90
286 37.09 93.58 37.09 93.58 37.09 93.58 37.19 93.58 51.75 94.58
283 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 66.83 94.20
279 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 63.90 94.09
272 53.68 93.18 53.68 93.19 53.68 93.19 53.68 93.19 53.84 93.59
267 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.98 93.26
258 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.61 92.67
256 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 64.60 92.55
255 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 58.70 92.47
253 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 62.19 92.30
243 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 61.55 91.76
228 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.96 91.07
211 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08
210 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92
207 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 71.68 33.56 72.24
200 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 42.57 71.81
195 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 43.93 71.52
190 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 49.59 70.97 51.34 71.21
184 50.23 70.65 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 51.55 70.78
172 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.05 70.02 45.36 70.04
166 51.85 69.74 51.85 69.73 51.85 69.73 51.85 69.73 51.91 69.75
158 36.58 69.33 36.58 69.32 36.58 69.32 36.58 69.32 36.76 69.33
151 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04 51.97 69.04
145 51.97 68.61 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.60 51.97 68.61
139 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89 51.97 67.89
128 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.74 51.97 66.75
120 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.59 50.96 65.60
110 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.16 50.96 63.19
105 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.28 50.96 62.33
98 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.15 51.97 56.01
96 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 55.15 42.98 54.71
88 39.96 54.15 39.96 54.14 39.96 54.14 39.96 54.14 39.96 53.48
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 25.00 53.48
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.08
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.56 52.34
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.81 50.38
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.11 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.39 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.33
Condição Crítica – Simulação Durante 50 Anos – Caso 1J-90 – Após Construção de Jirau – Nível d’Água na El. 90,00 m
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.40 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.34
Condição Crítica – Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 2-90-C – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos –
AHE Jirau na El. 90,00 m
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.92 81.05 101.97 81.05 102.06 81.05 102.28 81.05 104.04
423 78.15 100.41 78.15 100.50 78.15 100.64 78.15 101.00 78.16 103.34
415 76.35 99.40 76.35 99.52 76.35 99.68 76.35 100.14 76.98 102.83
405 76.66 96.67 76.66 96.90 76.66 97.25 76.66 98.15 76.89 101.99
398 68.24 95.79 68.25 96.06 68.25 96.46 68.34 97.50 74.80 101.33
396 68.95 95.75 69.93 96.02 71.44 96.41 75.19 97.39 80.78 101.17
375 70.65 95.02 70.66 95.27 70.68 95.60 70.71 96.41 75.74 99.74
372 73.85 94.91 73.90 95.17 74.24 95.50 76.77 96.27 82.25 99.51
369 72.94 94.83 73.06 95.08 73.53 95.41 74.58 96.17 78.88 99.36
359 67.15 94.53 67.23 94.79 67.23 95.12 68.36 95.85 74.86 98.79
349 58.86 94.32 61.59 94.53 61.60 94.87 63.98 95.55 69.89 98.29
338 61.97 94.13 66.51 94.20 67.20 94.53 67.04 95.22 72.04 97.77
329 38.98 94.06 44.93 94.09 53.56 94.25 54.26 94.94 60.56 97.30
327 49.07 94.04 50.50 94.06 56.45 94.20 58.75 94.87 61.13 97.30
320 71.96 93.94 71.99 93.95 73.87 94.02 75.55 94.63 81.49 96.83
315 54.62 93.83 55.22 93.84 57.54 93.86 64.42 94.34 68.35 96.53
309 53.95 93.78 54.62 93.79 55.71 93.80 64.47 94.10 71.08 96.07
306 59.01 93.75 59.02 93.76 59.19 93.77 67.13 93.98 71.33 95.86
301 50.26 93.67 50.87 93.68 51.61 93.68 58.85 93.73 64.59 95.54
292 60.47 93.61 60.80 93.61 61.15 93.61 62.98 93.61 79.32 94.90
286 37.09 93.58 37.09 93.58 37.09 93.58 37.19 93.58 51.75 94.58
283 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 51.24 93.53 66.83 94.20
279 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 54.80 93.50 63.90 94.09
272 53.68 93.18 53.68 93.19 53.68 93.19 53.68 93.19 53.84 93.59
267 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.95 92.83 63.98 93.26
258 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.37 92.22 53.61 92.67
256 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 58.37 92.16 64.60 92.55
255 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 55.05 92.12 58.70 92.47
253 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 56.57 92.03 62.19 92.30
243 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 59.95 91.70 61.55 91.76
228 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.95 91.07 59.96 91.07
211 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08 59.95 90.08
210 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92 61.97 89.92
207 33.56 73.09 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.10 35.29 73.95
200 40.63 72.82 40.63 72.82 40.63 72.82 40.63 72.83 44.64 73.58
195 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 45.24 73.34
190 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 53.42 73.10
184 50.23 72.44 50.23 72.44 50.23 72.44 50.23 72.45 52.84 72.76
172 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 46.52 72.26
166 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.99 72.10
158 36.58 71.71 36.58 71.72 36.58 71.72 36.58 71.72 37.01 71.87
151 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 53.10 71.71
145 51.97 71.38 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.48
139 51.97 71.15 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.26
128 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.98 70.97
120 50.96 70.58 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.70
110 50.96 70.25 50.96 70.25 50.96 70.25 50.96 70.26 50.97 70.38
105 50.96 70.21 51.02 70.22 51.03 70.22 51.05 70.22 52.23 70.33
98 51.97 70.11 52.06 70.11 52.07 70.11 52.10 70.11 52.83 70.20
96 42.98 70.13 43.06 70.13 43.07 70.13 43.10 70.13 52.82 70.20
88 39.96 70.10 40.07 70.10 40.11 70.10 40.33 70.10 46.51 70.10
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.48
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.08
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.34
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.39
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.14

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.41 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.35
Condição Crítica – Simulação Durante 50 Anos – Caso 2-90 – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos
(Jirau na El. 90,00 m)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.42 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.36
Condição Crítica – Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 1J-87-C – Após a Construção do AHE Jirau – El. 87,00 m

PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS


SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.78 81.05 101.81 81.05 101.86 81.05 102.07 81.05 103.38
423 78.15 100.18 78.15 100.23 78.15 100.31 78.15 100.67 78.16 102.52
415 76.35 99.10 76.35 99.16 76.35 99.27 76.35 99.73 76.59 101.93
405 76.66 95.85 76.66 96.07 76.66 96.39 76.66 97.35 76.66 100.93
398 68.24 94.77 68.25 95.05 68.25 95.46 68.25 96.58 72.98 100.30
396 68.95 94.72 69.43 95.00 70.12 95.41 73.71 96.49 80.26 100.12
375 70.65 93.84 70.65 94.14 70.66 94.56 70.70 95.50 74.43 98.63
372 73.85 93.72 73.86 94.02 73.91 94.45 75.49 95.38 81.59 98.39
369 72.94 93.61 73.11 93.92 73.16 94.35 74.37 95.27 77.63 98.24
359 67.15 93.27 67.32 93.58 67.26 94.02 67.58 94.94 74.24 97.66
349 58.86 93.03 60.94 93.31 61.55 93.75 63.54 94.64 68.78 97.16
338 61.97 92.81 66.56 92.92 66.66 93.38 66.70 94.27 71.13 96.64
329 38.98 92.74 46.07 92.77 53.11 93.06 53.37 93.99 59.64 96.15
327 49.07 92.70 50.80 92.74 57.18 92.99 58.29 93.91 60.56 96.15
320 71.96 92.58 71.96 92.61 73.79 92.74 75.09 93.64 79.87 95.71
315 54.62 92.42 54.92 92.44 58.45 92.49 62.38 93.33 67.23 95.32
309 53.95 92.36 55.25 92.37 57.65 92.39 65.65 93.01 70.86 94.86
306 59.01 92.32 59.01 92.33 59.13 92.35 64.30 92.92 70.66 94.62
301 50.26 92.21 50.68 92.21 51.49 92.23 61.13 92.49 61.25 94.29
292 60.47 92.10 61.02 92.10 61.64 92.10 67.27 92.12 79.13 93.46
286 37.09 92.07 37.09 92.07 37.09 92.07 38.29 92.07 49.43 93.13
283 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 65.21 92.67
279 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 63.06 92.50
272 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.98 91.92
267 63.95 91.12 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.49
258 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.64 90.74
256 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 63.33 90.59
255 55.05 90.18 55.05 90.19 55.05 90.19 55.05 90.19 57.74 90.49
253 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 61.26 90.28
243 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 60.45 89.65
228 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78
211 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.96 87.24
210 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99
207 33.56 71.67 33.56 71.67 33.56 71.67 33.56 71.67 34.34 72.55
200 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 40.63 71.27 43.56 72.09
195 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 38.37 71.13 44.67 71.77
190 49.59 70.96 49.59 70.96 49.59 70.96 49.59 70.96 51.93 71.44
184 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 50.23 70.64 52.24 70.97
172 45.05 70.01 45.05 70.01 45.05 70.01 45.05 70.01 46.43 70.11
166 51.85 69.73 51.85 69.72 51.85 69.72 51.85 69.72 51.99 69.79
158 36.58 69.31 36.58 69.31 36.58 69.31 36.58 69.31 37.72 69.34
151 51.97 69.03 51.97 69.03 51.97 69.03 51.97 69.03 52.00 69.03
145 51.97 68.60 51.97 68.59 51.97 68.59 51.97 68.59 51.97 68.59
139 51.97 67.87 51.97 67.87 51.97 67.87 51.97 67.87 51.97 67.86
128 51.97 66.71 51.97 66.71 51.97 66.71 51.97 66.71 51.97 66.70
120 50.96 65.54 50.96 65.54 50.96 65.54 50.96 65.54 50.96 65.54
110 50.96 63.05 50.96 63.05 50.96 63.05 50.96 63.05 50.96 63.04
105 50.96 62.11 50.96 62.11 50.96 62.11 50.96 62.11 50.96 62.09
98 51.97 56.88 51.97 56.88 51.97 56.88 51.97 56.88 51.97 56.96
96 42.98 56.58 42.98 56.58 42.98 56.58 42.98 56.58 42.98 56.69
88 39.96 56.03 39.96 56.03 39.96 56.03 39.96 56.03 39.98 56.16
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 25.00 53.48
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.08
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.56 52.34
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.81 50.38
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.11 49.12

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.43 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Figura 6.37
Simulação do Trecho em Estudo Durante 50 Anos – Caso 1J-87 – Após a Construção do AHE Jirau –
Nível d’Água na El. 87,00 m
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.44 Engº José Eduardo Moreira


CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Tabela 6.38
Condição Crítica – Evolução do Trecho em Estudo Durante 50 anos
Caso 2-87-C – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos –
AHE Jirau na El. 87,00 m
PERÍODO 0 ANOS 5 ANOS 10 ANOS 20 ANOS 50 ANOS
SEÇÃO TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA TALVEGUE NA
431 81.05 101.78 81.05 101.81 81.05 101.86 81.05 102.07 81.05 103.38
423 78.15 100.18 78.15 100.23 78.15 100.31 78.15 100.67 78.16 102.52
415 76.35 99.10 76.35 99.16 76.35 99.27 76.35 99.73 76.59 101.93
405 76.66 95.85 76.66 96.07 76.66 96.39 76.66 97.35 76.66 100.93
398 68.24 94.77 68.25 95.05 68.25 95.46 68.25 96.58 72.98 100.30
396 68.95 94.72 69.43 95.00 70.12 95.41 73.71 96.49 80.26 100.12
375 70.65 93.84 70.65 94.14 70.66 94.56 70.70 95.50 74.43 98.63
372 73.85 93.72 73.86 94.02 73.91 94.45 75.49 95.38 81.59 98.39
369 72.94 93.61 73.11 93.92 73.16 94.35 74.37 95.27 77.63 98.24
359 67.15 93.27 67.32 93.58 67.26 94.02 67.58 94.94 74.24 97.66
349 58.86 93.03 60.94 93.31 61.55 93.75 63.54 94.64 68.78 97.16
338 61.97 92.81 66.56 92.92 66.66 93.38 66.70 94.27 71.13 96.64
329 38.98 92.74 46.07 92.77 53.11 93.06 53.37 93.99 59.64 96.15
327 49.07 92.70 50.80 92.74 57.18 92.99 58.29 93.91 60.56 96.15
320 71.96 92.58 71.96 92.61 73.79 92.74 75.09 93.64 79.87 95.71
315 54.62 92.42 54.92 92.44 58.45 92.49 62.38 93.33 67.23 95.32
309 53.95 92.36 55.25 92.37 57.65 92.39 65.65 93.01 70.86 94.86
306 59.01 92.32 59.01 92.33 59.13 92.35 64.30 92.92 70.66 94.62
301 50.26 92.21 50.68 92.21 51.49 92.23 61.13 92.49 61.25 94.29
292 60.47 92.10 61.02 92.10 61.64 92.10 67.27 92.12 79.13 93.46
286 37.09 92.07 37.09 92.07 37.09 92.07 38.29 92.07 49.43 93.13
283 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 51.24 91.99 65.21 92.67
279 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 54.80 91.94 63.06 92.50
272 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.68 91.57 53.98 91.92
267 63.95 91.12 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.13 63.95 91.49
258 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.37 90.35 53.64 90.74
256 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 58.37 90.25 63.33 90.59
255 55.05 90.18 55.05 90.19 55.05 90.19 55.05 90.19 57.74 90.49
253 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 56.57 90.06 61.26 90.28
243 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 59.95 89.63 60.45 89.65
228 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78 59.95 88.78
211 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.95 87.24 59.96 87.24
210 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99 61.97 86.99
207 33.56 73.09 33.56 73.10 33.56 73.10 33.56 73.10 36.55 74.41
200 40.63 72.82 40.63 72.83 40.63 72.83 40.63 72.83 45.88 73.99
195 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 38.37 72.73 46.53 73.72
190 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 49.59 72.63 54.19 73.44
184 50.23 72.44 50.23 72.45 50.23 72.45 50.23 72.45 53.99 73.05
172 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 45.05 72.09 48.45 72.39
166 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 51.85 71.94 53.22 72.19
158 36.58 71.71 36.58 71.72 36.58 71.72 36.58 71.72 38.27 71.91
151 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 51.97 71.59 53.89 71.73
145 51.97 71.38 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.39 51.97 71.52
139 51.97 71.15 51.97 71.16 51.97 71.16 51.97 71.16 51.99 71.30
128 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.86 51.97 70.87 52.03 71.02
120 50.96 70.58 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.59 50.96 70.75
110 50.96 70.25 50.96 70.25 50.96 70.26 50.96 70.26 50.97 70.44
105 50.96 70.21 51.03 70.22 51.04 70.22 51.07 70.22 53.82 70.37
98 51.97 70.11 52.08 70.11 52.09 70.11 52.12 70.11 52.37 70.24
96 42.98 70.13 43.07 70.13 43.08 70.13 43.24 70.13 54.15 70.22
88 39.96 70.10 40.16 70.10 40.33 70.10 40.79 70.10 48.19 70.10
81 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.47 24.99 53.48
75 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.07 25.48 53.08
63 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.33 25.55 52.34
42 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.22 31.70 51.23
26 29.78 50.38 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.37 29.78 50.39
0 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.12 26.06 49.14

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 6.45 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 6.39
Condição Crítica – Simulação Durante 50 Anos – Caso 2-87 – Após a Construção dos Dois Aproveitamentos
(Jirau na El. 87,00 m)
Perfil de Linha d’Água Correspondente à Vazão Média do Mês de Dezembro (17.000 m³/s)
110

100

90

80
ALTITUDE (m)

70

60
Seção Local
0 São Carlos
75 Porto Velho
50 88 Cachoeira Santo Antônio
98 Cachoeira Teotônio
128 Cachoeira Morrinho
40 145-190 Ilhas
210 Cachoeira do Jirau
256 Cachoeira Três Irmãos
30 286 Cachoeira do Paredão
309 Cachoeira do Pederneira
329 Rio Abunã
372 Cachoeira das Araras
20
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
DISTÂNCIA A SÃO CARLOS (km)

Leito Atual Leito Após 50 Anos Nível d Água Atual Nível d Água Após 50 Anos

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6.6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

O Desenho PJ-0576-G3-GR-DE-0001 a 0004 servirá de referência para alguns tópicos


abordados na análise dos resultados. Trata-se de uma imagem de satélite de todo o
trecho, na qual estão assinaladas as seções empregadas na modelagem, com a
terminologia adotada no HEC-6, ou seja, a quilometragem, de jusante para montante, a
partir da Vila de São Carlos.

Na seqüência são apresentadas as conclusões mais importantes propiciadas pela


modelagem realizada, considerando o rio Madeira em condições naturais, os efeitos da
introdução de cada reservatório individualmente e a sinergia provocada pela sua
implantação.

Para efeito de análise o estirão em estudo foi dividido em quatro trechos, a saber:

Trecho I – a montante de Abunã, seções acima da 329.


Trecho II – correspondente ao futuro reservatório de Jirau, entre as seções 329
e 210.
Trecho III – correspondente ao futuro reservatório de Santo Antônio, entre as seções
210 e 88.
Trecho IV – a jusante da futura barragem de Santo Antônio, seções 88 a 0.

6.6.1. Espacialização dos Sedimentos nos Reservatórios

A espacialização dos sedimentos no estirão fluvial em estudo é apresentada no


mapeamento uni-dimensional (ao longo do rio) identificando os principais locais de
provável deposição considerando os efeitos sinérgicos entre os reservatórios.

6.6.2. Tendência Natural do Rio Madeira no Trecho em Estudo

Os resultados das simulações indicaram que existe uma tendência natural ao


assoreamento em alguns trechos localizados ao longo do estirão estudado. O primeiro
desses trechos inicia-se a jusante da cachoeira do Ribeirão (seção 396), a montante de
Abunã, prolongando-se até pouco a jusante da cachoeira do Paredão (seção 272), já na
área do futuro reservatório de Jirau. Outro trecho com tendência natural ao assoreamento
situa-se imediatamente a jusante da cachoeira do Jirau (seção 207 a 166), num estirão
entre 30 e 40 km de extensão.
PJ-0576-G3-GR-RL-0001 8.0 Engº José Eduardo Moreira
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Comparando-se as figuras 6.17 e 6.29, que mostram a evolução esperada do perfil do


leito do rio Madeira em condições naturais, pode-se perceber que, a persistir a atual
tendência de crescimento da produção de sedimento na bacia, com taxa avaliada em 2%
ao ano, estes dois trechos irão apresentar uma evolução sensível nos próximos 50 anos,
independentemente da construção das usinas.

A Figura 6.40 (recorte do Desenho PJ-0576-G3-GR-DE-0003), mostra o primeiro dos


trechos mencionados acima – nota-se a presença de pequenas ilhas nas imediações das
seções 320, 315, 309 e 306, além do trecho mais assoreado a jusante da cachoeira do
Paredão, com grandes ilhas já consolidadas.

Figura 6.40
Trecho do Rio Madeira sujeito ao Assoreamento, de Acordo com a Modelagem

A Figura 6.41 mostra o segundo dos trechos mencionados, a jusante da cachoeira do


Jirau, todo pontilhado de ilhas já bastante consolidadas. Pode-se ainda notar depósitos de
sedimentos nas curvas do rio Madeira (lado interno) a montante da futura barragem do
Jirau, num trecho para o qual o modelo não indicou tendência natural de assoreamento.
Embora o modelo não tenha este nível de sensibilidade, pode ser que este sedimento não

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 8.1 Engº José Eduardo Moreira


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se consolide, sendo removido no início do período de cheia e novamente depositado


durante a recessão do rio Madeira.

Figura 6.41
Trecho do Rio Madeira sujeito ao Assoreamento, de Acordo com a Modelagem

6.6.3. Balanço Sedimentológico

Foi feito, com auxílio do modelo, um balanço sedimentológico do rio Madeira ao longo de
todo o estirão em estudo, que demonstrou que apenas as frações arenosas ficam retidas
no trecho estudado, mesmo com a implantação dos reservatórios. O transporte do
material siltoso e arenoso, que é feito por suspensão, apresentou equilíbrio em todas as
simulações realizadas.

É importante frisar que a fração areia representa cerca de 12% do sedimento transportado
pelo rio Madeira, considerando a média calculada a partir das medições de descarga
sólida disponíveis, conforme mostrado na Tabela 6.10.

O resultado do balanço sedimentológico é apresentado sob forma de eficiência de


retenção de sedimentos, expressa pela porcentagem de sedimentos retidos ao longo de
50 anos de simulação em relação ao volume total de sedimentos afluente no mesmo
período.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 8.2 Engº José Eduardo Moreira


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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

A Tabela 6.42 apresenta estes resultados, para a condição estabilizada, ou seja,


admitindo-se que as atuais taxas de produção de sedimento permanecerão estáveis pelos
próximos 50 anos. É importante notar nesta tabela que o percentual total não corresponde
à soma dos percentuais em cada trecho. Isto porque o percentual de cada trecho refere-
se ao volume afluente no próprio trecho.

Tabela 6.42
Capacidade de Retenção de Sedimento (areia) do rio Madeira
em 50 Anos de Simulação
Condição Estabilizada (R = 0%)

Com Santo Com Santo


Trecho Sem Barragens Com Jirau
Antônio Antônio e Jirau
I 7% 7% 19% 19%
II 27% 30% 69% 69%
III 6% 75% 12% 86%
IV 0 0 0 0
Total 40% 84% 78% 93%

A Tabela 6.43 apresenta os mesmos resultados, para a condição crítica, ou seja,


admitindo-se que a produção de sedimento irá crescer a uma taxa de 2% ao ano, pelos
próximos 50 anos.

Tabela 6.43
Capacidade de Retenção de Sedimento (areia) do rio Madeira
em 50 Anos de Simulação
Condição Crítica (R = 2%)

Com Santo Com Santo


Trecho Sem Barragens Com Jirau
Antônio Antônio e Jirau
I 18% 18% 30% 30%
II 33% 33% 65% 65%
III 21% 79% 21% 89%
IV 0 0 0 0
Total 57% 88% 80% 97%

A análise desses quadros permite concluir:

Para a condição estabilizada:

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• O estirão em estudo possui uma capacidade de retenção de 40% de todo o sedimento


arenoso que a ele aporta durante 50 anos.

• A introdução da barragem de Santo Antônio eleva esta capacidade para 84%.

• A introdução da barragem de Jirau eleva a capacidade de retenção de areia para 78%.

• A introdução das duas barragens faz com que a capacidade de retenção de sedimento
alcance 93%.

Em condições críticas, com o crescimento da produção de sedimento da bacia a uma taxa


de 2% ao ano, os dois reservatórios garantem a retenção de 97% do sedimento afluente
ao longo de 50 anos de operação.

O remanso provocado pelo reservatório de Jirau acrescenta 12% à capacidade natural de


retenção de sedimentos do trecho situado a montante de Abunã (trecho I).

Não se observou tendência de erosão no trecho IV (a jusante de Santo Antônio) devido à


retenção de sedimentos pelos reservatórios a montante. Todavia, deve ser considerado
que o modelo não representa este trecho com a mesma precisão que representa os
trechos II e III, a montante.

6.6.4. Evolução do Sedimento Junto às Barragens

O modelo HEC-6 permite avaliar a evolução dos depósitos sedimentares ao longo dos
reservatórios, particularmente nas proximidades das barragens. Estes resultados podem
ser comparados com aqueles obtidos nos estudos de vida útil, apresentados no item 5.

No reservatório de Jirau, o modelo HEC-6 indicou que os depósitos sedimentares se


formarão no trecho de montante, não sendo esperado que o sedimento alcance a
barragem em 50 anos. De fato, pode ser facilmente visualizado, nos gráficos
apresentados no item 6.5, que o perfil do leito do rio Madeira não sofre alterações entre
as seções 210 (barragem de Jirau) e 243 (7 Km a jusante da Ilha Três Irmãos).
Já no reservatório de Santo Antônio, espera-se a ocorrência de depósitos sedimentares
junto à barragem, particularmente no trecho situado a jusante da cachoeira Teotônio,
onde as profundidades serão maiores e as velocidades, em conseqüência, menores.

PJ-0576-G3-GR-RL-0001 8.4 Engº José Eduardo Moreira


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A Tabela 6.44, a seguir, mostra a evolução das cotas do leito do rio neste trecho próximo
à barragem de Santo Antônio, com e sem a presença do reservatório de Jirau a montante,
para as condições estabilizada e crítica de produção de sedimento na bacia.

Tabela 6.44
Evolução da Cota dos Sedimentos Junto à Barragem de Santo Antônio

Sem o Reservatório de Jirau Com o Reservatório de Jirau


Tempo
(anos) Condição Condição
Condição Crítica Condição Crítica
Estabilizada Estabilizada
0 41,47 41,47 41,47 41,47
5 41,84 41,85 41,56 41,57
10 42,25 42,27 41,57 41,59
20 44,02 44,20 41,67 41,71
50 51,99 52,31 47,59 49,66

A Figura 6.45, a seguir, ilustra os resultados da evolução da cota de sedimento


depositado no trecho inferior do reservatório de Santo Antônio.

Figura 6.45
Evolução da Cota dos Sedimentos Junto à Barragem de Santo Antônio
55.00

50.00
Cota do Sedimento (m)

45.00

40.00

35.00

30.00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (anos)

Sem Jirau - Estabilizada Sem Jirau - Crítica Com Jirau - Estabilizada Com Jirau - Crítica

6.6.5. Granulometria do Material Depositado

O material transportado pelo rio Madeira possui granulometria muito fina, sendo
constituído por 88% de silte e argila, conforme demonstram as medições de descarga
sólida realizadas. Os depósitos indicados nas simulações com o modelo HEC-6 serão
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constituídos exclusivamente de areias, conforme já explicado na apresentação do balanço


sedimentológico.

Considerando ainda a granulometria média apresentada na Tabela 6.10, este material


pode ser distribuído de acordo com a seguinte granulometria:

• 61% - areias muito finas (< 0,0625 mm)


• 31% - areias finas (0,0625 mm a 0,125 mm)
• 7% - areias médias (0,125 mm a 0,25 mm)
• 1% - areias grossas ( > 0,25 mm)

Esta granulometria refere-se aos depósitos do leito do rio, modelados pelo HEC-6. Outros
depósitos, decorrentes de distribuições de velocidades irregulares em determinados
trechos de rio, reentrâncias nas margens e bolsões marginais de reservatório têm
ocorrências prováveis, porém suas determinações são limitadas pelo caráter
unidimensional do modelo adotado.

Certamente ocorrerão também depósitos irregularmente distribuídos no leito do rio, como


é o caso dos depósitos localizados nos lados internos das curvas, onde a velocidade do
escoamento é menor. Estes depósitos, entretanto, nem sempre são definitivos ou
consolidados – acabam por ser removidos durante a ocorrência de vazões maiores,
quando as velocidades aumentam.

6.6.6. Permanência dos Depósitos Identificados

A modelagem realizada nesta etapa não permitiu identificar a sazonalidade dos


depósitos, apenas quantificando os depósitos permanentes acumulados. Este mesmo
modelo permite estudar a sazonalidade, mas, para isso, seria necessário ampliar o leque
de observações para fundamentar um ajuste mais adequado do modelo.

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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

Foi realizada uma análise bem diversificada do comportamento sedimentológico do rio


Madeira, considerando suas condições atuais e tendências naturais e as modificações
introduzidas pela implantação dos reservatórios das Usinas Hidrelétricas de Santo
Antônio e Jirau, isoladamente ou em conjunto. Estas análises consideraram ainda, como
condição crítica, a possibilidade de que a taxa de crescimento da produção de sedimentos
que se verificou nos últimos anos, em torno de 2% ao ano, venha a se manter pelos
próximos 50 anos.

O trecho analisado se estende por cerca de 430 km, desde a formação do rio Madeira, na
confluência dos rios Mamoré e Beni, na fronteira do Brasil com a Bolívia, até a confluência
do rio Madeira com o rio Jamari, cerca de 80 km a jusante de Porto Velho.

O diagnóstico do comportamento sedimentológico do rio Madeira foi feito com base em


estudos anteriores, medições de descarga sólida realizadas nas estações fluviométricas
existentes, viagem de inspeção na qual grande parte do trecho de interesse foi percorrido
a barco, e em estudos hidráulicos baseados na modelagem do escoamento em todo o
estirão.

O prognóstico de assoreamento do reservatório foi feito através de duas metodologias


distintas: a metodologia clássica de estudos de vida útil, que considera a evolução do
assoreamento do reservatório com base na sua capacidade de retenção de sedimentos,
estimada empiricamente a partir da sua geometria, e uma modelagem de hidráulica fluvial
considerando a capacidade de transporte de sedimento do rio Madeira ao longo de todo o
estirão de interesse, baseada em seções topobatimétricas levantadas e em medições de
descarga sólida realizadas.

Algumas simplificações metodológicas utilizadas na modelagem de hidráulica fluvial


merecem ser enfatizadas, de modo a situar claramente a precisão envolvida e orientar
uma busca por dados complementares que permitam o emprego futuro de metodologias
mais aprofundadas.

• A quantidade de seções transversais empregadas na modelagem, apesar de ser


superior ao normalmente disponível em estudos similares no Brasil, não é suficiente.
Particularmente os trechos I (a montante de Abunã) e IV (a jusante de Santo Antônio)
tiveram uma caracterização geométrica precária, em virtude do pequeno número de
seções disponíveis.

• Nos trechos II e III, correspondentes aos futuros reservatórios, seria necessário


levantar novas seções topobatimétricas de forma a caracterizar melhor todos os
controles hidráulicos existentes, tornando as simulações mais verossímeis.

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• O material do leito do rio foi descrito com base em amostras coletadas em Abunã e em
Porto Velho. Seria importante que se coletassem novas amostras do material do leito,
distribuídas ao longo do estirão em estudo, de forma a incorporá-las na modelagem.

• O controle hidráulico exercido pelo trecho IV foi modelado de forma precária, não só
pela falta de seções transversais topobatimétricas, como também pela ausência de
observações sistemáticas de nível d’água.

Estas simplificações metodológicas, bem como as imprecisões inerentes ao processo de


medições de descargas sólidas, determinam uma utilização mais qualitativa dos
resultados da modelagem, valorizando mais as tendências observadas e menos as
avaliações quantitativas geradas pelo modelo.

As conclusões obtidas nas abordagens da metodologia clássica de estudos de vida útil e


modelagem de hidráulica fluvial, são apresentadas em detalhe nos itens 5 (Avaliação do
Assoreamento dos Reservatórios) e 6 (Modelagem Hidrossedimentológica do Rio
Madeira).

As avaliações de assoreamento do reservatório podem ser consideradas conservadoras


em relação à modelagem hidrossedimentológica, pelos seguintes motivos:

• A modelagem hidrossedimentológica se concentra mais no processo sedimentar do


leito do rio, numa análise unidimensional, deixando de considerar os depósitos de
sedimento ocorridos nas zonas sem escoamento, braços de reservatório, etc.

• A análise do assoreamento considera os reservatórios de forma aproximada, baseada


na forma de sua curva cota – área – volume, sem considerar o fato de que os dois
reservatórios do rio Madeira são essencialmente lineares, com o barramento
funcionando apenas como um obstáculo que eleva o nível d’água. Como as reduções
de velocidade são pequenas, conforme demonstrado nos estudos hidráulicos do item
4, a capacidade de retenção de sedimento considerada tende a ser conservadora.

De todo modo, os resultados obtidos pelos dois métodos, embora numericamente


diferentes, não foram conflitantes. O grau de aprofundamento obtido nesses estudos foi
satisfatório para a fase atual, de Estudos de Viabilidade.

O assoreamento dos reservatórios pode trazer algumas conseqüências importantes ao


meio ambiente e à própria economicidade dos empreendimentos, dentre elas:
• O material depositado pode alcançar o circuito hidráulico de geração, acarretando
dificuldades operativas e comprometendo a durabilidade dos equipamentos
hidromecânicos. Esta possibilidade foi analisada nos itens 5.23, 5.33 e 6.3, indicando
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as cotas esperadas do sedimento depositado junto ao pé da barragem. Por este


motivo, os projetos foram desenvolvidos buscando minimizar este efeito, através da
manutenção de um dique submerso a montante do Canal de Adução da Tomada
D’água (Santo Antônio) e de uma cota de segurança no Canal de Adução (Jirau).

• A intensificação dos efeitos de remanso, com elevação gradual dos NA na região de


montante dos reservatórios, ficou demonstrada nos perfis de linha d’água elaborados e
apresentados no item 6.5.

No caso da implantação da AHE Santo Antônio anteceder a do AHE Jirau, o


assoreamento poderia eventualmente afetar a curva chave do Canal de Fuga, com a
conseqüente perda energética, em razão da redução da queda disponível. Isto ocorrerá
somente se o tempo de defasagem ultrapassar a 15 anos, na hipótese da confirmação da
condição crítica (produção de sedimento crescendo a 2% ao ano). Caso contrário, isto é,
AHE Jirau anteceder a AHE Santo Antônio, os efeitos do remanso sobre a curva chave
somente serão perceptíveis para horizontes de operação bem superiores. Em qualquer
das situações não são esperadas conseqüências adversas sobre a navegação.

Na região a montante e de entrada do reservatório do AHE Jirau as alterações dos níveis


d’água são mais acentuados do que no reservatório de Santo Antônio, sendo diretamente
proporcionais à produção de sedimentos e inversamente proporcionais ao nível d’água do
reservatório. Este aumento dos níveis d’água pode sustentar comportamentos adicionais
de remanso não perceptíveis nos estudos realizados nas condições atuais.

Deve ser destacado que os assoreamentos dos reservatórios estudados serão


minimizados a medida da implantação dos demais aproveitamentos de montante na
bacia, em especial aqueles componentes do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira,
atualmente em estudos, a saber: AHE Guajará Mirim no rio Madeira (BR-BO) e AHE
Cachuela Esperanza no rio Beni (BO).

Finalmente, recomenda-se a realização de campanhas complementares de coleta de


dados, com o seguinte escopo básico:

• Levantamento de seções topobatimétricas complementares ao longo de todo estirão;

• Instalação e operação de uma régua limnimétrica no rio Madeira, a montante da


confluência com o rio Jamarí, com amarração altimétrica da mesma em relação ao
Datum do Projeto, de modo a se estabelecer uma curva-chave para o local.
• Levantamento de perfis longitudinais do leito e da linha d’água do rio Madeira, ao
longo de todo o estirão em estudo.

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• Levantamento topobatimétrico detalhado da região próxima aos futuros barramentos,


de modo a permitir o emprego de modelos bidimensionais dedicados à análise do fluxo
de sedimento na proximidade das Tomadas d’Água.

• Continuação das campanhas sedimentométricas, incluindo medições de descarga


sólida em alguns afluentes mais importantes, como é o caso do rio Abunã e dos rios
Mutum-Paraná e Jaci-Paraná.

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8. BIBLIOGRAFIA

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Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

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PJ-0576-G3-GR-RL-0001 8.13 Engº José Eduardo Moreira
CREA: 21112-D – 5ª Região
Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira

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Modelagem da Qualidade da Água dos Reservatório do Rio Madeira

ÍNDICE

Item Assunto Página

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO 1.1

1.1. INTRODUÇÃO 1.2


1.2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO E ABORDAGEM GERAL 1.3
1.3. ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO 1.5

2. CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO MADEIRA


NO ESTIRÃO EM ESTUDO 2.1
2.1. DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS REALIZADOS 2.2
2.1.1. Campanhas de Campo e Distribuição das Estações 2.2
2.1.2. Variáveis Mensuradas e Metodologia de Amostragem 2.6

2.2. SUMÁRIO DOS PARÂMETROS ATUAIS DE QUALIDADE DA ÁGUA 2.8


2.2.1. Regime Fluvial
2.2.2. Variáveis Físicas, Físico-Químicas e Químicas de Interesse à Modelagem
da Qualidade da Água 2.9
2.2.3. Análise Bacteriológica 2.17

2.3. CONCENTRAÇÕES MEDIDAS AO LONGO DO RIO MADEIRA E TRIBUTÁRIOS 2.18

3. CARACTERIZAÇÃO DOS FUTUROS RESERVATÓRIOS 3.1

3.1. CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS 3.2


3.1.1. Reservatório do AHE Jirau 3.3
3.1.2. Reservatório do AHE Santo Antônio 3.5

3.2. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ESTRATIFICAÇÃO E EUTROFIZAÇÃO 3.6


3.2.1. Estratificação 3.6
3.2.2. Eutrofização 3.9

3.3. SELEÇÃO DO MODELO DE QUALIDADE DA ÁGUA 3.10

4. DETERMINAÇÃO DAS CARGAS DEVIDO AO AFOGAMENTO DA


VEGETAÇÃO 4.1

4.1. METODOLOGIA 4.2


4.2. CÁLCULO DA BIOMASSA NA ÁREA DOS RESERVATÓRIOS 4.2
4.3. DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE CARBONO PRESENTE NA BIOMASSA 4.5
4.4. DISCRETIZAÇÃO DA BIOMASSA VIVA ACIMA DO SOLO 4.6
4.5. QUANTIFICAÇÃO DO CARBONO OXIDÁVEL NA PARCELA RAPIDAMENTE DEGRADÁVEL 4.9
4.6. CÁLCULO DA DENSIDADE MÉDIA DO CARBONO DEGRADÁVEL NOS RESERVATÓRIOS 4.11
4.7. INCORPORAÇÃO DA FITOMASSA NOS RESERVATÓRIOS 4.14
4.7.1. Reservatório de Jirau 4.14
4.7.2. Reservatório de Santo Antônio 4.17
Modelagem da Qualidade da Água dos Reservatório do Rio Madeira

5 ESTABELECIMENTO DO MODELO DE QUALIDADE DA ÁGUA 5.1

5.1. DESCRIÇÃO DO MODELO UTILIZADO NAS SIMULAÇÕES – QUAL2E 5.2


5.1.1. Representação Conceitual do Modelo 5.3
5.1.2. Representação Funcional do Modelo 5.5
5.1.3. Características Hidráulicas e Dispersão Longitudinal 4.7
5.1.4. Constituintes e Reações Considerados nas Simulações 5.8
5.1.5. Correção da Temperatura 4.11

5.2. CALIBRAÇÃO DO MODELO PARA AS CONDIÇÕES ATUAIS 5.12


5.2.1. Segmentação do Estirão Fluvial 5.12
5.2.2. Características Hidráulicas dos Trechos 5.15
5.2.3. Cenários Escolhidos Para Calibragem e Condições de Contorno Associadas 5.16
5.2.4. Calibração dos Parâmetros 5.17

5.3. MODIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS PARA CONSIDERAR O EFEITO DOS


RESERVATÓRIOS 5.20

6. SIMULAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA NOS FUTUROS


RESERVATÓRIOS 6.1

6.1. DESCRIÇÃO DOS CASOS SIMULADOS 6.2


6.2. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES DO QUAL2E 6.3
6.2.1. Cenário 1 – Enchimento do Reservatório de Jirau em Primeira Adição 6.3
6.2.2. Cenário 2 – Enchimento do Reservatório de Jirau em Segunda Adição 6.6
6.2.3. Cenário 3 – Enchimento do Reservatório de Santo Antônio em Primeira Adição 6.8
6.2.4. Cenário 4 – Enchimento do Reservatório de Santo Antônio em Segunda Adição 6.8
6.2.5. Cenário 5 – Qualidade da Água dos Dois Reservatórios em Condições
Operativas 6.9

6.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS 6.10

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1

8. REFERÊNCIAS 8.1

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1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

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1.1. INTRODUÇÃO

A presente Nota Técnica tem por objetivo consolidar os estudos de modelagem


matemática, realizados para caracterização dos impactos decorrentes da implantação
dos Aproveitamentos Hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio sobre a qualidade da água
do rio Madeira.

Os estudos realizados cobriram todo o estirão do rio Madeira desde sua confluência
com o rio Abunã, na entrada do futuro reservatório da UHE Jirau, até a confluência
com o rio Jamarí, cerca de 80 km a jusante da barragem de Santo Antônio. Inserem-se
em uma programação de trabalho mais abrangente, a ser complementada nas fases
posteriores com novos levantamentos de campo e uma modelagem mais detalhada de
cada reservatório.

Para esta etapa inicial dos estudos levou-se em consideração o escopo básico
estabelecido no Termo de Referência, relativo à caracterização do meio físico na Área
de Influência Direta (item 4.6.2.1) – Recursos Hídricos, onde se lê (grifos nossos):

Avaliar a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, a


partir de um refinamento dos dados obtidos na bacia
hidrográfica. Esse estudo deverá contar com análises de
parâmetros físicos, químicos, bacteriológicos e hidrobiológicos,
com a identificação das principais fontes de poluição. As
estações, parâmetros, freqüência e metodologias deverão ser
apresentados e justificados, considerando a sazonalidade da
região estudada.

Avaliar a qualidade da água futura do reservatório e a jusante


desse, considerando as fases de implantação e de operação.
Essa atividade deverá ser realizada a partir do uso de modelos
matemáticos específicos. Essa previsão da qualidade da água
deverá abordar também a possível dinâmica de eutrofização
do reservatório, relacionada à biomassa inundada e à carga
potencial de nutrientes.

Para atendimento a esse escopo, foi realizada uma modelagem de qualidade da água
dos dois reservatórios, considerando os efeitos sinérgicos entre eles. Esta modelagem
foi feita com o emprego de um modelo unidimensional, conforme justificado mais
adiante, que foi calibrado de forma a reproduzir as condições observadas no presente
e, posteriormente, alimentado com as cargas decorrentes da vegetação a ser afogada
durante o enchimento dos reservatórios. Para essa condição futura, os parâmetros do
modelo foram também adaptados, buscando melhor representar as novas condições
hidráulicas e de autodepuração reinantes após o enchimento.

Para a avaliação da qualidade das águas superficiais, havia sido elaborado o


documento “Diagnóstico Ambiental do Sistema Fluvial do Rio Madeira no Trecho de
Implantação das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio” (referência 1), para o
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qual foram realizadas cinco campanhas de campo entre novembro de 2003 e agosto
de 2004, cada uma com duração aproximada de 10 dias. Foram coletadas amostras
de água para análises laboratoriais em oito estações, ao longo do rio Madeira, e seis
estações em alguns tributários selecionados. Este estudo fundamentou o
estabelecimento das condições atuais para efeito de calibração do modelo de
qualidade da água.

Para avaliação da biomassa afogada pelos reservatórios e determinação das


principais cargas a ela associadas, foi tomado como base o documento “Diagnóstico
do Uso da Terra e da Cobertura Vegetal das Áreas de Influência dos Aproveitamentos
de Jirau e Santo Antônio” (referência 2), que apresentou a caracterização da cobertura
vegetal das áreas dos futuros reservatórios, incluindo a estimativa da biomassa
estocada (serrapilheira) e da biomassa verde (biomassa viva acima do solo),
associadas a cada tipologia de cobertura. Estes dados foram integrados sobre a área
a ser inundada pelos reservatórios, para composição das cargas a serem fornecidas
ao modelo de qualidade da água.

As simulações realizadas contemplaram, além da situação atual, as situações


posteriores à implantação dos reservatórios, considerando:

• Implantação do reservatório de Jirau isoladamente;


• Implantação do reservatório de Santo Antônio isoladamente;
• Implantação do reservatório de Jirau com a usina de Santo Antônio já em
operação; e
• Implantação do reservatório de Santo Anônio com a usina de Jirau já em operação.

Para todas essas situações foram consideradas condições hidrológicas críticas


(vazões de estiagem) e normais.

1.2. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO E ABORDAGEM GERAL

A construção de uma barragem e a formação de um reservatório ocasiona mudanças


significativas num curso d’água, reduzindo as velocidades médias do escoamento e
aumentando, por conseqüência, o tempo de permanência da água no trecho inundado,
com reflexos sobre a qualidade da água.

A inundação da vegetação existente (ou remanescente) na área do reservatório é


responsável por um dos principais impactos causados na qualidade da água pela
implantação de reservatórios, pois, durante este processo, observa-se o
desencadeamento de uma série de reações de natureza físico-química e biológica,
que podem, por sua vez, acarretar impactos significativos no meio biótico.

Duas fases são identificadas no processo de estabelecimento de um reservatório:

• Fase de enchimento do reservatório, onde se observa a ocorrência de condições


mais críticas em termos de qualidade da água. A biomassa vegetal residente é
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afogada e se decompõe, liberando uma grande quantidade de compostos


orgânicos e nutrientes, com possibilidades até de estabelecimento de condições
anóxicas. Durante este período, que se prolonga até o reservatório alcançar o seu
nível operacional, incorporando toda a vegetação existente, a biomassa de rápida
decomposição vai sendo oxidada, com consumo intenso de oxigênio.

• Fase de operação, na qual ocorre, ao longo do tempo, o consumo de toda a


matéria orgânica inundada, num ritmo menos acelerado, e posterior estabilização
das condições bioquímicas do meio aquático.

Para representar estes processos recorre-se, normalmente, a modelos de simulação


de qualidade da água em reservatórios, com representação do reservatório em uma,
duas e, até mesmo, três dimensões, dependendo das dimensões e complexidade do
corpo hídrico, além, naturalmente, da disponibilidade de dados.

Os dois reservatórios do rio Madeira considerados no presente estudo apresentam


características bem marcantes, com escoamento predominantemente unidimensional
ao longo de seu traçado longitudinal. Em outras palavras, os dois reservatórios
apresentam características de regime fluvial, com ocorrência de poucas (mas
importantes) áreas marginais alagadas, podendo ser representados matematicamente
através de modelos unidimensionais de escoamento e de qualidade da água.

Por este motivo, empregou-se no presente estudo água o modelo QUAL2E,


desenvolvido pela EPA – Environmental Protection Agency para simulação de
qualidade da água de rios e estuários. O QUAL2E permite representar de forma
adequada os processos associados à decomposição da biomassa afogada, que é o
principal impacto esperado da implantação dos reservatórios do rio Madeira sobre a
qualidade da água.

No item 3 deste relatório é apresentada uma justificativa dessa escolha fundamentada


na morfometria dos dois reservatórios e em índices e modelos simplificados de
estratificação e eutrofização de reservatórios.

De forma resumida, a abordagem geral empregada no presente trabalho consta de:

• Caracterização da qualidade da água do rio Madeira com base em ensaios de


laboratório realizados com amostras retiradas de diversos pontos no corpo d’água
principal e em seus principais afluentes, cobrindo as quatro fases principais do ciclo
hidrológico;

• Determinação da quantidade de biomassa afogada pelos reservatórios, com base


no inventário florestal realizado e com auxílio de dados complementares obtidos em
estudos similares realizados para outros reservatórios amazônicos;

• Estabelecimento de um modelo de qualidade da água para todo o estirão do rio


Madeira, com base na caracterização feita anteriormente;

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• Simulação de cenários futuros, considerando a implantação de cada reservatório


em primeira ou segunda adição, de modo a analisar os efeitos sinérgicos
existentes; e

• Análise dos resultados das simulações, caracterização dos impactos sobre a


qualidade da água e estabelecimento de possíveis medidas mitigadoras.

1.3. ORGANIZAÇÃO DO RELATÓRIO

O presente relatório está organizado da seguinte forma:

Item 1 – esta nota introdutória, que justifica e descreve a abordagem geral do trabalho;

Item 2 – apresentação de uma caracterização geral da qualidade da água do Madeira


no estirão fluvial de interesse aos estudos, com base em trabalhos realizados
anteriormente, buscando estabelecer condições atuais para a calibração do modelo
matemático de qualidade da água.

Item 3 – apresentação da metodologia empregada nos estudos, justificando, com base


em elementos da morfologia dos reservatórios, o emprego do modelo unidimensional
de qualidade da água em rios em vez do modelo típico de reservatório.

Item 4 – Determinação das cargas decorrentes do afogamento da vegetação pelos


reservatórios, tomando por base os estudos de caracterização da vegetação
realizados anteriormente.

Item 5 – Estabelecimento do modelo de qualidade da água do reservatório, incluindo a


descrição do modelo Qual2 e sua calibração para as condições atuais.

Item 6 – Simulação da evolução da qualidade da água ao longo do estirão em estudo,


considerando as cargas estimadas no item 4, parâmetros adaptados do modelo, para
considerar as novas propriedades hidráulicas do rio após o represamento, e as
diversas condições de entrada em operação dos dois empreendimentos.

Item 7 – apresentação das principais conclusões relativas ao estudo realizado,


identificação dos impactos e recomendações decorrentes, seja com relação à
mitigação dos efeitos negativos detectados seja com relação ao aprimoramento futuro
dos trabalhos.

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2. CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE
DA ÁGUA DO RIO MADEIRA NO
ESTIRÃO EM ESTUDO

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Modelagem da Qualidade da Água dos Reservatório do Rio Madeira

A principal fonte de referência para os estudos de modelagem matemática de


qualidade da água, no que diz respeito à caracterização da qualidade da água do rio
Madeira no estirão em estudo, foi o Diagnóstico Ambiental do Sistema Fluvial do Rio
Madeira no Trecho de Implantação das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio
(Referência 1), desenvolvido como parte integrante dos Estudos de Impacto Ambiental
dos referidos aproveitamentos.

Na seqüência apresenta-se uma breve descrição dos estudos realizados e, também,


um sumário dos parâmetros de qualidade da água obtidos.

2.1. DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS REALIZADOS

O Diagnóstico Ambiental do Sistema Fluvial do Rio Madeira no Trecho de Implantação


das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio foi desenvolvido pela Fundação
Djalma Batista, no período de 2003 a 2005, em conformidade com as recomendações
estabelecidas no Termo de Referência elaborado por FURNAS Centrais Elétricas S.A.

Os estudos limnológicos englobaram o trecho do rio Madeira compreendido entre as


cidades de Abunã e Porto Velho, incluindo seus principais tributários – rio
Mutumparaná, e seu afluente pela margem esquerda, o rio Cotia, e rio Jaciparaná,
pela margem direita; e rio Abunã e igarapé São Simão, pela margem esquerda.

2.1.1. Campanhas de Campo e Distribuição das Estações

No período de novembro de 2003 a agosto de 2004, foram realizadas cinco


campanhas de campo, com duração aproximada de 10 dias, a intervalos regulares de
aproximadamente 60 dias, assim estabelecidas:

• 1ª Campanha de Campo: 10 a 18 de novembro de 2003;


• 2ª Campanha de Campo: 28 de janeiro a 05 de fevereiro de 2004;
• 3ª Campanha de Campo: 21 a 31 de março de 2004;
• 4ª Campanha de Campo: 18 a 26 de maio de 2004; e,
• 5ª Campanha de Campo: 20 a 31 de julho de 2004.

Em cada campanha de campo foram realizadas amostragens de água e material


biológico em 14 estações ao longo da bacia do rio Madeira, entre as cidades de Abunã
e Porto Velho, distribuídas segundo as recomendações estabelecidas no Termo de
Referência, da seguinte forma:

• 8 estações ao longo do eixo longitudinal do rio Madeira; e,


• 6 estações em afluentes (tributários) selecionados.

A Tabela 2.1 e as Figuras 2.2 e 2.3, a seguir, mostram a localização das estações de
coleta e suas distâncias aproximadas.

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.2 Engº José Eduardo Moreira


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Tabela 2.1
Localização das Estações de Coleta

Rio Madeira
Ponto de
Localização (GPS) Referencial
Coleta
MAD10 09°44’03”S 65°21’01”W A montante do rio Abunã
MAD20 09°36’44”S 65°23’30”W A montante do igarapé São Simão
MAD30 09°35’10”S 64°57’22”W A montante do rio Mutumparaná
MAD40 09°20’29”S 64°43’55”W A montante do eixo Jirau
MAD50 09°11’34”S 64°22’37”W A jusante do rio Jaciparaná
MAD60 08°52’02”S 64°04’21”W A montante do eixo Teotônio
MAD80 08°47’50”S 63°57’41”W A montante do eixo Santo Antônio
MAD90 08°38’50”S 63°54’40”W A jusante de Porto Velho

Tributários
Ponto de
Localização (GPS) Referencial
Coleta
ABU10 09°41’38”S 65°26’39”W rio Abunã
SSM10 09°30’34”S 65°17’55”W igarapé São Simão
MTM30 09°36’59”S 64°55’58”W rio Mutumparaná (Rodovia)
MTM10 09°40’43”S 64°58’42”W rio Mutumparaná, à montante do rio Cotia
COT10 09°40’44”S 64°58’50”W rio Cotia
JAC10 09°11’34”S 64°22’37”W rio Jaciparaná

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Figura 2.2
Mapa de Localização das Estações de Coleta
Fonte: Referência 1

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.4 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 2.3
Esquema de Localização das Estações de Coleta

Fonte: Referência 1

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.5 Engº José Eduardo Moreira


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As estações MAD10 a MAD40 (rio Madeira), ABU10 (rio Abunã), SSM10 (igarapé São
Simão), MTM30 e MTM10 (rio Mutumparaná), e COT10 (rio Cotia) localizam-se na
área de influência a montante da AHE Jirau. As estações MAD50 a MAD80 (rio
Madeira) e JAC10 (rio Jaciparaná) localizam-se na área de influência a montante da
AHE Santo Antônio. Por fim, a estação MAD90 (rio Madeira) está localizada a jusante
do AHE Santo Antônio e da cidade de Porto Velho.

2.1.2. Variáveis Mensuradas e Metodologia de Amostragem

As variáveis físicas, físico-químicas, químicas e biológicas mensuradas nos estudos e


que servirão de subsídio aos estudos de modelagem da qualidade da água são
apresentadas na Tabela 2.4. Além dessas, foram obtidos outros parâmetros, tais como
condutividade elétrica, turbidez, sólidos suspensos, metais pesados, ferro e
composição iônica, que estão detalhadamente apresentados na Referência 1.

Tabela 2.4
Variáveis de Interesse à Modelagem

Medições de Campo
Temperatura da Água ºC
Turbidez F.T.U.
Oxigênio Dissolvido mg/L

Grupo 2
Nitrogênio Orgânico Total (Kjeldahl) mg/L
Amônia (NH3) mg/L
Nitrato (NO3) mg/L
Ortofosfato (PO4) mg/L
Fósforo Total (P) mg/L
Fósforo Total Dissolvido (P) mg/L
Demanda Química de Oxigênio (DQO) mg/L
Carbono Orgânico Dissolvido mg/L

Grupo 3
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) mg/L
Coliformes Totais NMP/100mL
Coliformes Fecais NMP/100mL

Em todos os pontos de amostragem do rio Madeira e tributários foram registrados a


data e horário de coleta, profundidade, temperatura do ar, transparência e coletada
amostra de água superficial para determinação da turbidez. Em seguida foram
realizados perfis verticais de temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e
pH utilizando-se potenciômetros de campo. Os referidos perfis abrangeram a calha
central e margens esquerda e direita no rio Madeira e somente a calha central dos
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tributários, e foram usados para caracterizar a oscilação espacial e temporal dessas


variáveis nos ambientes amostrados.

A amostragem das variáveis físicas e/ou químicas do Grupo 2 constou de coletas de


água da sub-superfície e do fundo nas oito estações do rio Madeira, sendo amostrado
tanto a calha central como as margens esquerda e direita, totalizando 48 pontos de
amostragem. Nos tributários foi estabelecido somente um ponto de coleta, na
superfície (calha central), totalizando seis pontos de amostragem. Com isso, obteve-se
um total de 54 pontos de coleta para as variáveis do Grupo 2.

Para as variáveis do Grupo 3 foram coletadas somente amostras de água superficial,


em todos os tributários e em quatro estações selecionadas no rio Madeira (MAD10,
MAD40, MAD60 e MAD90), totalizando 10 pontos de coleta.

Para as variáveis de interesse para os estudos de modelagem matemática de


qualidade da água, as metodologias de determinação foram as seguintes:

• Distribuição vertical de temperatura (°C) e oxigênio dissolvido (mg/L e % de


saturação) – avaliada simultaneamente com oxímetro portátil WTW ProfiLine
Oxi197, equipado com sensor (compensado para temperatura), acoplado a um
agitador subaquático modelo BR325 e cabo de 25 m;

• Turbidez (FTU) – determinada através de leitura direta da amostra de água em


espectrofotômetro referenciada à água deionizada;

• DBO (mg/L) – determinada através da incubação por cinco dias seguida de análise
dos teores de oxigênio, o qual foi estimado pelo método tritrimétrico de Winkler
modificado;

• DQO (mg/L) – determinada pelo método de oxidação com permanganato de


potássio;

• Ortofosfato (P-PO4), amônia (N-NH3), nitrato (N-NO3), fósforo total (PT) e fósforo
total dissolvido (PTD) – determinados utilizando-se as técnicas de análise por
dosagem espectrofotométrica descritas nas Referências 3 e 3. Os resultados são
expressos em mg/L;

• Nitrogênio orgânico total (mg/L) – estimado através do método clássico de Kjeldahl,


onde as amostras passam pelos processos de digestão ácida, destilação e
titulação;

• Carbono orgânico (mg/L) foi determinado por cálculo baseado nos valores de DQO;

• Coliformes (NMP/100mL) – foi determinado o número mais provável (NMP/100mL)


de coliformes totais e fecais nas amostras de água segundo a metodologia descrita
na Referência 5. Os valores obtidos foram comparados com os exigidos pela
Resolução Conama nº 20 que classifica as águas interiores do Brasil.
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2.2. SUMÁRIO DOS PARÂMETROS ATUAIS DE QUALIDADE DA ÁGUA

Na seqüência são apresentados os principais aspectos abordados no Diagnóstico


Ambiental do Sistema Fluvial do Rio Madeira no Trecho de Implantação das Usinas
Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio.

2.2.1. Regime Fluvial

Antes da apresentação e discussão dos resultados obtidos, vale ressaltar o marcante


comportamento sazonal da bacia do rio Madeira.

O regime hidrológico do rio Madeira é caracterizado por um período de águas baixas,


de julho a outubro, e um período de águas altas, de fevereiro a maio. As vazões
mínimas do ano ocorrem com maior freqüência em setembro, enquanto que as
máximas verificam-se nos meses de março e abril. A flutuação média anual da água
do rio varia na faixa de 10,8-12,4 metros. A variação entre o pico de água alta e água
baixa é de aproximadamente 15,4-21,8 metros.

Os registros fluviométricos, diários e mensais, do rio Madeira nos anos de 2003 e


2004, que cobre, portanto, o período no qual foram realizadas as campanhas, estão
apresentados nas Figuras 2.5 a 2.7.

Observa-se que a amplitude de variação do nível de água do rio Madeira no ano de


2003 oscilou de 11,4 m, em Jirau, a 15,3 m, em Abunã. Em 2004, a amplitude oscilou
entre 11,2 m, em Jirau, e 12,7 m, em Abunã. De modo geral, o pico máximo de água
alta ocorreu entre janeiro-março e o mínimo entre setembro-outubro.

A amplitude de variação da vazão de água do Madeira, medida em Porto Velho, em


2003, foi de 33.021 m³/s, sendo ligeiramente inferior em 2004, da ordem de 30.908
m³/s. A vazão mais alta para o período (36.096 m³/s) ocorreu no mês de março de
2003, enquanto a mais baixa (2.533 m³/s) foi registrada em outubro de 2004. De modo
geral, o pico máximo da vazão ocorreu entre fevereiro-março e o mínimo entre
setembro-outubro.

Considerando-se os períodos de cada uma das cinco campanhas realizadas e as


informações extraídas das Figuras 2.1.1 a 2.1.3, pode-se estabelecer para cada
campanha uma fase do ciclo hidrológico, como se segue:

• 1ª campanha (10 a 18 de novembro de 2003): fase de enchente (2003);


• 2ª campanha (28 de janeiro a 05 de fevereiro de 2004): fase de cheia (2004);
• 3ª campanha (21 a 31 de março de 2004): fase de cheia (2004);
• 4ª campanha (18 a 26 de maio de 2004): fase de vazante (2004); e,
• 5ª campanha (20 a 31 de julho de 2004): fase de seca (2004).

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.8 Engº José Eduardo Moreira


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2.2.2. Variáveis Físicas, Físico-Químicas e Químicas de Interesse à Modelagem da


Qualidade da Água

Na seqüência são transcritos alguns resultados e análises apresentados no


Diagnóstico Ambiental do Sistema Fluvial do Rio Madeira no Trecho de Implantação
das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio.

A análise dos perfis verticais de temperatura da água, oxigênio dissolvido,


condutividade elétrica e pH realizados na calha central e margens esquerda e direita do
rio Madeira evidenciaram a ausência de variabilidade espacial bem definida, indicando
uma homogeneidade na massa de água presente no rio ao longo das diferentes fases
do ciclo hidrológico. Ou seja, os perfis verticais não indicaram a presença de ambientes
quimicamente diferenciados nas margens do rio devido à influência dos afluentes nas
condições hídricas do Madeira.
Dessa forma, os resultados apresentados para o rio Madeira referem-se aqueles
obtidos para a calha central, que podem ser considerados representativos do sistema
como um todo.

a) Turbidez

A turbidez das águas do rio Madeira oscilou de 106 FTU (enchente) a 80 FTU (seca) e
foi em média 89 ± 17 FTU, apresentando uma tendência decrescente ao longo do
período de estudo.

A turbidez apresentou valor médio de 17 ± 15 FTU e amplitude de variação de 7 FTU a


14 FTU na maioria dos tributários, a exceção dos rios Jaciparaná e Abunã, que
apresentaram valores de 25 FTU e 35 FTU, respectivamente.

b) Temperatura

A análise dos dados de temperatura revelou considerável uniformidade térmica em toda


a coluna de água do rio Madeira ao longo do período de estudo (média global de 27,4 ±
1,6 °C). As temperaturas superficiais e do fundo mostraram amplitude de variação
similar (24,4ºC a 29,6ºC) e valor médio de 27,4 ± 0,2 ºC.

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.9 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 2.5
Variação Diária do Nível d’Água no Rio Madeira (2003-2004)

Fonte: Referência 1

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.10 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 2.6
Variação Média do Nível d’Água no Rio Madeira, em Abunã, Jirau e Porto Velho
(2003-2004)

Fonte: Referência 1

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 2.11 Engº José Eduardo Moreira


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Figura 2.7
Variações Diária e Média da Vazão do Rio Madeira, em Porto Velho (2003-2004)

Fonte: Referência 1

A dinâmica espacial da temperatura evidencia nítida tendência crescente ao


longo dos pontos de coleta, enquanto sua dinâmica sazonal evidencia padrão
decrescente, com valores mais altos na enchente e mais baixos nas fases de
vazante e seca (maio a julho de 2004), que reflete o inverno na região, bem
como a ocorrência do fenômeno da “friagem” e o conseqüente resfriamento da
coluna de água nesta época do ano.

Nos tributários, a temperatura apresentou valores mínimos e máximos entre


23,6ºC (rio Abunã) e 30,9ºC (rios Abunã e Jaciparaná), mostrando uma
amplitude máxima de 7,3ºC e valor médio de 25,8 ± 1,7 ºC. A dinâmica espacial
da temperatura evidencia considerável uniformidade térmica em toda a coluna
de água, enquanto sua dinâmica sazonal mostra padrão similar àquele do rio
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Madeira, com valores mais altos na enchente e mais baixos nas fases de
vazante e seca.

c) Oxigênio Dissolvido

O rio Madeira apresentou um alto grau de oxigenação e considerável


uniformidade na coluna de água, com média global de 6,15 ± 1,23 mg/L (78,3 ±
15,4 % saturação). Os teores de oxigênio dissolvido detectados nas camadas
superficiais e profundas do Madeira foram bastante similares, variando de um
mínimo de 4,1 mg/L (52-53%) a um máximo de 8,7 mg/L (114,0%), com valor
médio de 6,32 ± 1,19 mg/L (80,6 ± 15,3 %) e 6,32 ± 1,24 mg/L (80,5 ± 15,8 %),
respectivamente. A dinâmica espacial do oxigênio evidencia nítida tendência
crescente ao longo dos pontos de coleta, notadamente à jusante das cachoeiras
de Teotônio e Santo Antônio, com valores acima de 100% de saturação. Por
outro lado, sua dinâmica sazonal evidencia um padrão de distribuição bem
definido, com a ocorrência de teores relativamente altos nos períodos
correspondente às fases de enchente e seca, com concentrações próximas de
100% de saturação, e valores mais baixos ao longo da fase de cheia, quando
seus teores variaram entre 44% e 95% de saturação.

Nos tributários, os teores de oxigênio dissolvido foram menores, com valor


médio global de 5,40 ± 0,96 mg/L (67,1 ± 12,6 % saturação) e amplitude de
variação de 3,63 mg/L (44,9%) a 7,29 mg/L (99,1%), ambos detectados no rio
Jaciparaná. Dentre os ambientes amostrados, o rio Jaciparaná foi o que
apresentou os menores teores (4,96 ± 1,18 mg/L ou 62,4 ± 16,2 % saturação),
enquanto o rio Mutumparaná as melhores condições de oxigenação da massa
de água (6,09 ± 0,33 mg/L ou 75,8 ± 6,2 % saturação).

A dinâmica espacial do oxigênio nos tributários evidencia considerável


uniformidade na distribuição do oxigênio dissolvido com a profundidade,
enquanto sua dinâmica sazonal mostra padrão similar àquele do rio Madeira,
com a ocorrência de teores relativamente altos no período correspondente à
fase de enchente, com concentrações próximas de 100% de saturação (80,4-
99,1%), e valores mais baixos na cheia, quando seus teores variaram entre 50%
e 70% de saturação.

d) Demanda de Oxigênio

A concentração de oxigênio no meio aquático é o reflexo das interações entre os


processos que consomem e que produzem oxigênio naquele ambiente. Além da
respiração, processos abióticos estão relacionados com a disponibilidade e com
a demanda de oxigênio no meio hídrico.

A demanda bioquímica de oxigênio (DBO) no rio Madeira foi, em média,


ligeiramente inferior àquela observada nos tributários. No Madeira, a DBO
oscilou de 0,11 mg/L a 2,40 mg/L, com valor médio de 1,12 ± 0,60 mg/L. Nos
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tributários a amplitude de variação da DBO foi de 0,30 mg/L a 2,70 mg/L, com
valor médio de 1,31 ± 0,49 mg/L.

No Madeira, as maiores DBO foram observadas na estação MAD60 (1,36 ± 0,39


mg/L) e as menores na estação MAD10 (0,77 ± 0,38 mg/L). Nos tributários, os
maiores índices da DBO foram detectados no rio Mutumparaná-MTM10 (1,52 ±
0,86 mg/L) e os menores no rio Abunã (1,17 ± 0,42 mg/L).

A DBO apresentou um padrão de distribuição sazonal no rio Madeira


caracterizado pela ocorrência de valores máximos associados às fases de cheia
e vazante. Nos tributários, a dinâmica sazonal da DBO evidenciou uma
tendência a valores crescentes ao longo do período de estudo, atingindo seu
máximo na vazante/04.

A demanda química do oxigênio (DQO) no rio Madeira foi em média 40,0 ± 15,6
mg/L, com seus valores oscilando entre o mínimo de 14,3 mg/L e o máximo de
75,1 mg/L, sendo observada pequena diferença entre as amostras superficiais
(37,8 ± 13,3 mg/L) e do fundo (42,2 ± 17,5 mg/L). Nos tributários, os valores de
DQO foram ligeiramente inferiores, variando de 9,1 mg/L (JAC10) a 44,3 mg/L
(JAC10), com média de 22,6 ± 10,3 mg/L.

No rio Madeira, a DQO apresentou distribuição relativamente homogênea entre


as estações de coleta, tanto para as amostras superficiais como do fundo. Nos
tributários, o rio Abunã apresentou a maior DQO (30,9 mg/L), variando entre 18-
23 mg/L nos outros pontos de amostragem.

Durante o ciclo hidrológico verifica-se que, em média, a demanda química de


oxigênio no rio Madeira e tributários diminuiu da cheia para a seca elevando-se
em seguida na enchente.

De modo geral, a demanda bioquímica utilizou 18% (rio Madeira) a 25%


(tributários) do oxigênio disponível, enquanto que o oxigênio presente nos rios
representou apenas de 16% (rio Madeira) a 23% (tributários) da demanda
química necessária de suas águas. Isso demonstra que o consumo bioquímico
de oxigênio foi muito pequeno em relação àquele utilizado pela DQO. Como
estes consumos acontecem no mesmo ambiente, todo o oxigênio presente
representou pequena parcela (13% a 18%) das demandas bioquímica e química
de suas águas, implicando, portanto, em considerável déficit potencial de
oxigênio nesses ambientes. Vale ressaltar que esta é uma análise linear, com
dados médios e que as demandas foram maiores ou menores de acordo com a
época do ciclo hidrológico e com o rio relacionado.

A avaliação do déficit é estática, mas evidencia a importância dos processos


que estão naturalmente ocorrendo no meio hídrico. Sob este aspecto, a situação
química dos ambientes parece ser crítica; no entanto, estes valores são
biologicamente similares aos encontrados nas águas amazônicas, nas quais o
déficit de oxigênio parece ser uma característica intrínseca (e.g., Darwich, 1995;
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Kern et al., 1996; Melack & Fisher, 1983). Esse déficit de oxigênio no meio pode
ser maior ou menor se ocorrerem fatores externos ao ambiente provocando, por
exemplo, a redução da velocidade da corrente ou o aumento do material em
suspensão nas águas.

Apesar do grande consumo de oxigênio, foram sempre registradas elevadas


concentrações desse gás no ambiente, provavelmente em decorrência da
turbulência e difusão nos rios, com a concentração de oxigênio dissolvido
oscilando entre 50-80% (cheia e vazante) e 80-100% (seca e enchente) de
saturação.

e) Fósforo

A análise das frações inorgânica (ortofosfato), dissolvida (PTD) e total (PT) do


fósforo mostra que suas concentrações foram maiores no rio Madeira em
comparação com as registradas nos tributários. O teor de ortofosfato na água do
rio Madeira variou de valores abaixo do limite de quantificação (ou 0,000 mg/L) a
0,016 mg/L, observando-se um valor médio de 0,005 ± 0,004 mg/L. As
concentrações superficiais do ortofosfato situaram-se abaixo daquelas
detectadas nas amostras da água do fundo, como atestam os respectivos
valores médios de 0,003 ± 0,003 mg/L e 0,007± 0,005 mg/L. Nos tributários, o
ortofosfato apresentou uma amplitude de variação de 0,000 mg/L a 0,008 mg/L,
com valor médio de 0,002 ± 0,003 mg/L.

O teor de fósforo total dissolvido (PTD) no rio Madeira apresentou a mesma


tendência de maiores valores na água do fundo (0,014 ± 0,009 mg/L) em
comparação com as amostras superficiais (0,008 ± 0,008 mg/L). Em
contrapartida, o teor de fósforo total (PT) apresentou, em geral, pouca variação
entre as amostras superficiais e do fundo, com amplitude de variação ao redor
de 0,020 mg/L e 0,100 mg/L. A média global para as frações total e dissolvida
no rio Madeira foi de 0,059 ± 0,023 mg/L e 0,014 ± 0,012 mg/L,
respectivamente. Nos tributários, a média global para as frações total e
dissolvida foi de 0,026 ± 0,018 mg/L (0,00 mg/L a 0,022 mg/L) e 0,007 ± 0,009
mg/L (0,00 mg/L a 0,057 mg/L), respectivamente.

A dinâmica espacial das frações de fósforo no rio Madeira se caracterizou por


apresentar padrão irregular, registrando-se a ocorrência de maiores teores na
estação MAD60, particularmente quanto às frações inorgânica e dissolvida. A
fração total apresentou os maiores índices na estação MAD20 e tendência
decrescente nas amostras superficiais. A análise do conteúdo de fósforo nos
tributários mostrou que também não há um padrão definido de distribuição
espacial.

A dinâmica sazonal do fósforo no rio Madeira evidencia uma tendência


decrescente nos valores das amostras do fundo ao longo do período de estudo,
para as frações inorgânica e dissolvida; as amostras superficiais, por sua vez,
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mostram tendência inversa, isto é, crescente. Já a fração total apresentou, em


geral, valores com muito pouca variação em todas as fases do ciclo hidrológico,
embora evidenciando leve tendência decrescente. Nos tributários, o padrão de
distribuição sazonal do conteúdo de fósforo se apresentou de forma bastante
irregular.

f) Nitrogênio

Com relação às duas formas de nitrogênio inorgânico investigadas, os valores


do nitrato foram, em média, mais que o dobro daqueles detectados para a
amônia. No rio Madeira, a água do fundo apresentou teores de amônia e nitrato
similares aos da superfície, sendo que a amônia variou de 0,04 mg/L a 0,27
mg/L (0,11 ± 0,04 mg/L), enquanto que para o nitrato a amplitude de variação foi
de 0,14 mg/L a 0,96 mg/L (0,47 ± 0,21 mg/L) . Nos tributários os teores de
amônia variaram de 0,00 mg/L a 0,25 mg/L, evidenciando um valor médio de
0,09 ± 0,07 mg/L. Os teores de nitrato, por sua vez, oscilaram entre 0,01mg/L e
0,74 mg/L (MTM30), com valor médio de 0,26 ± 0,15 mg/L.

No rio Madeira e tributários, as duas formas de nitrogênio apresentaram


distribuição relativamente homogênea entre as estações de coleta, a exceção
do pico de concentração do nitrato (0,39 mg/L) detectado no rio Abunã. A
dinâmica espacial do nitrato no rio Madeira se caracterizou por apresentar
tendência decrescente ao longo do período de estudo, tanto para as amostras
superficiais como do fundo, mais evidente no rio Madeira. Quanto à amônia,
seus teores apresentaram uma distribuição sazonal relativamente homogênea.

g) Nitrogênio Orgânico Total

O teor de nitrogênio orgânico total (NOT) no rio Madeira apresentou variação


significativa entre a superfície e o fundo. As concentrações superficiais
oscilaram entre 0,9 mg/L e 14,2 mg/L, com média de 4,6 ± 3,6 mg/L. Para as
amostras da água do fundo seus teores variaram de 3,9 mg/L a 48,3 mg/L, com
um valor médio de 16,7 ± 8,8 mg/L. A média global para o período de estudo foi
de 10,7 ± 9,0 mg/L. A análise do conteúdo de NOT nos tributários mostra que as
concentrações foram, em geral, bem menores que aquelas detectadas no rio
Madeira, oscilando entre 0,7 mg/L e 5,9 mg/L, com média global de 2,3 ± 1,4
mg/L.

A dinâmica espacial do nitrogênio orgânico no rio Madeira evidencia uma


tendência crescente nos teores das amostras do fundo ao longo do período de
estudo. As amostras superficiais, por sua vez, mostram tendência a uma
distribuição homogênea, o mesmo sendo observado com relação aos tributários.
Sua dinâmica sazonal se caracterizou por apresentar padrão relativamente
homogêneo nos tributários e no Madeira, sendo que neste último deve-se
registrar a ocorrência de maiores teores na vazante, particularmente quanto às
amostras do fundo.
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h) Carbono Orgânico Dissolvido

A concentração de carbono orgânico dissolvido (COD) no rio Madeira


apresentou valores oscilando entre 5,4 mg/L e 28,2 mg/L, mostrando grande
similaridade entre a superfície (14,2 ± 5,0 mg/L) e fundo (15,9 ± 6,6 mg/L),
evidenciando uma média global de 15,0 ± 5,9 mg/L. Nos tributários, o teor de
COD variou de 3,4 mg/L a 16,6 mg/L, com valor médio de 8,5 ± 3,8 mg/L.

A dinâmica espacial do carbono orgânico no rio Madeira não mostra diferenças


marcantes entre os valores detectados ao longo das estações de coleta, o
mesmo sendo observado com relação aos tributários, a exceção do rio Abunã.
Sua dinâmica sazonal, contudo, evidencia padrão bem definido, com tendência
decrescente nos teores da cheia (pico máximo) para a seca (pico mínimo). Nos
tributários observa-se tendência crescente nos valores da enchente para a
cheia, decrescendo ao longo da vazante e seca.

O COD origina-se, principalmente, da decomposição de plantas e animais e a partir de


produtos da excreção destes organismos. Sua concentração está diretamente
relacionada com os estado trófico do corpo d’água e com o tipo de influência à qual o
mesmo está submetido.

Alguns estudos (Referências 6 e 7) mostram que o fato de haver pouca variação


vertical de COD, como verificado no rio Madeira, sugere que o COD seja composto
principalmente por material de difícil decomposição.

2.2.3. Análise Bacteriológica

Tomando-se por base os critérios de classificação das águas continentais


apresentados na Resolução Nº 20 do Conselho Nacional do Meio Ambiente -
CONAMA (Brasil, 1986), os resultados obtidos nas análises bacteriológicas
mostraram o não comprometimento da qualidade da água do rio Madeira, no
que tange a presença de coliformes fecais, pois os valores só excederam o
padrão estabelecido para rios Classe I uma única vez (700 NMP/100mg), na
fase de vazante.

Quanto aos coliformes totais, os resultados revelaram valores acima do tolerável


para Rios Classe I, mas abaixo do padrão estabelecido para Rios Classe II
(1.100 NMP/100mg a 1.700 NMP/100mg), em quatro ocasiões, entre as fases
de cheia e vazante.

Nos tributários as análises mostraram um maior comprometimento da qualidade


da água, principalmente com relação à presença de coliformes totais. Os níveis
de coliformes fecais excederam o padrão estabelecido para rios Classe I, em
cinco ocasiões (600-800 NMP/100mg) entre as fases de cheia e vazante,
particularmente no igarapé São Simão e no rio Cotia. Por sua vez, as análises
revelaram valores de coliformes totais acima do tolerável para Rios Classe I,
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mas abaixo do padrão estabelecido para Rios Classe II (1.100-3.000


NMP/100mL) na maioria dos ambientes amostrados em 14 ocasiões,
abrangendo todas as fases do ciclo hidrológico.

2.3. CONCENTRAÇÕES MEDIDAS AO LONGO DO RIO MADEIRA E TRIBUTÁRIOS

As Tabelas 2.8 e 2.9, a seguir, apresentam as concentrações dos diversos


constituintes ao longo do rio Madeira e seus tributários, para cada Cenário.

Tabela 2.8
Concentrações Observadas ao Longo do Rio Madeira

Fósforo Carbono
Temperat OD DBO Norg Amônia Nitrato Ortofosfato
LOCAL MÊS CENÁRIO Orgânico Orgânico
o
C mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L
NOV Enchente 29,4 6,83 8,1 0,10 0,78 0,006 0,009 11,2
JAN Cheia 27,9 4,09 8,7 0,18 0,46 0,001 0,003 23,2
MAD-
30 MAR Cheia 28,7 4,79 9,4 0,16 0,45 0,003 0,007 19,2
MAI Vazante 24,5 5,92 8,2 0,11 0,38 0,006 0,011 15,1
JUL Estiagem 25,8 6,69 5,6 0,11 0,17 0,002 0,013 6,8
NOV Enchente 29,6 6,76 0,25 11,3 0,07 0,81 0,006 0,014 10,7
JAN Cheia 28,1 4,12 0,28 11,5 0,23 0,62 0,002 0,005 24,4
MAD-
40 MAR Cheia 28,3 4,70 1,91 10,0 0,12 0,38 0,006 0,012 19,2
MAI Vazante 24,8 6,02 2,40 10,1 0,07 0,41 0,005 0,008 15,5
JUL Estiagem 26,5 6,57 0,84 6,8 0,10 0,15 0,000 0,006 7,9
NOV Enchente 29,5 7,70 13,5 0,11 0,83 0,009 0,027 11,0
JAN Cheia 28,3 5,09 13,5 0,17 0,59 0,006 0,013 23,2
MAD-
50 MAR Cheia 28,3 5,49 14,6 0,14 0,44 0,007 0,013 18,3
MAI Vazante 24,9 6,83 21,5 0,07 0,43 0,010 0,013 15,9
JUL Estiagem 26,5 7,18 7,2 0,11 0,17 0,001 0,009 6,5
NOV Enchente 29,2 7,22 1,48 8,9 0,08 0,78 0,010 0,036 10,0
JAN Cheia 27,6 4,90 1,82 9,0 0,09 0,49 0,011 0,020 23,3
MAD-
60 MAR Cheia 28,9 6,53 1,07 10,0 0,13 0,53 0,009 0,018 19,1
MAI Vazante 25,1 6,66 0,86 24,4 0,10 0,44 0,009 0,014 15,2
JUL Estiagem 26,7 7,00 1,55 8,4 0,09 0,18 0,000 0,013 7,2
NOV Enchente 29,3 8,56 1,15 7,4 0,09 0,78 0,008 0,012 11,9
JAN Cheia 27,7 6,08 1,96 7,5 0,15 0,44 0,004 0,007 21,6
MAD-
90 MAR Cheia 28,0 6,54 1,15 7,9 0,12 0,54 0,007 0,009 17,6
MAI Vazante 25,4 7,59 0,97 30,8 0,08 0,48 0,008 0,010 15,6
JUL Estiagem 26,8 8,08 0,76 5,1 0,09 0,19 0,000 0,012 5,9

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Tabela 2.9
Concentrações Observadas ao Longo dos Tributários do Rio Madeira

Fósforo Carbono
Temperat OD DBO Norg Amônia Nitrato Ortofosfato
LOCAL MÊS CENÁRIO Orgânico Orgânico
o
C mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L
NOV Enchente 30,4 6,92 0,68 2,9 0,01 0,74 0,002 0,009 12,3
JAN Cheia 27,3 4,93 0,84 3,6 0,25 0,45 0,002 0,010 16,0
ABU-
10 MAR Cheia 26,3 4,18 1,75 4,4 0,18 0,28 0,001 0,006 13,2
MAI Vazante 23,6 5,99 1,26 1,6 0,15 0,34 0,001 0,005 9,4
JUL Estiagem 25,6 6,71 1,32 2,2 0,02 0,13 0,001 0,004 7,1
NOV Enchente 26,7 6,42 1,01 1,9 0,02 0,47 0,000 0,000 8,8
JAN Cheia 24,9 4,31 1,77 2,5 0,12 0,33 0,004 0,018 10,3
SSM-
10 MAR Cheia 25,0 5,25 1,51 3,3 0,08 0,30 0,002 0,013 8,8
MAI Vazante 23,9 6,14 2,25 0,9 0,01 0,25 0,002 0,005 3,6
JUL Estiagem 23,9 6,35 0,67 2,2 0,03 0,07 0,000 0,005 3,7
NOV Enchente 29,9 6,90 0,89 4,6 0,05 0,21 0,000 0,000 7,6
JAN Cheia 25,5 5,75 1,69 5,1 0,15 0,22 0,001 0,000 8,8
MTM-
30 MAR Cheia 26,4 6,04 1,15 5,9 0,18 0,24 0,001 0,000 16,1
MAI Vazante 23,9 6,00 1,15 3,3 0,02 0,25 0,000 0,000 5,8
JUL Estiagem 24,8 6,40 1,24 3,4 0,06 0,07 0,000 0,002 4,2
NOV Enchente 28,5 6,69 1,15 1,0 0,13 0,27 0,000 0,000 7,0
JAN Cheia 25,8 5,05 1,40 1,7 0,11 0,20 0,001 0,000 9,1
COT-
10 MAR Cheia 25,9 4,24 1,46 0,7 0,05 0,21 0,000 0,000 7,8
MAI Vazante 24,2 5,65 1,68 1,0 0,00 0,16 0,000 0,005 5,6
JUL Estiagem 24,3 6,09 0,84 0,7 0,08 0,05 0,000 0,003 5,4
NOV Enchente 30,8 7,20 1,76 1,6 0,16 0,41 0,004 0,009 8,3
JAN Cheia 26,6 4,46 1,09 2,2 0,08 0,33 0,001 0,000 9,1
JAC-10 MAR Cheia 25,8 3,65 0,80 3,0 0,19 0,34 0,002 0,000 16,6
MAI Vazante 25,6 5,54 1,27 2,0 0,00 0,32 0,000 0,000 5,8
JUL Estiagem 26,3 6,37 1,15 2,0 0,11 0,01 0,001 0,003 3,4

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3. CARACTERIZAÇÃO DOS FUTUROS RESERVATÓRIOS

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Os reservatórios formados pela implantação dos aproveitamentos de Jirau e Santo


Antônio possuem características peculiares, cujo conhecimento foi fundamental para a
definição da metodologia empregada na modelagem de qualidade da água
desenvolvida e na compreensão de alguns resultados obtidos nas simulações. Este
item é dedicado a apresentar e analisar as principais propriedades dos dois
reservatórios.

3.1. CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS

3.1.1. Reservatório do AHE Jirau

O AHE Jirau será implantado no denominado “trecho das corredeiras” do rio Madeira,
formando um reservatório com área de 258 km², em seu nível d’água máximo normal,
e volume total de 2.015 hm³. A Tabela 3.1 apresenta a curva cota-área-volume do
reservatório de Jirau.

Tabela 3.1
Tabela Cota x Área, e Cota x Volume do Reservatório de Jirau

Cota Área Volume Cota Área Volume


2 3 2 3
(m) (km ) (hm ) (m) (km ) (hm )
65,00 0,00 0,00 80,00 79,88 585,31
66,00 5,31 2,66 81,00 86,31 668,40
67,00 10,61 10,61 82,00 93,01 758,07
68,00 15,66 23,75 83,00 100,85 855,00
69,00 20,62 41,89 84,00 111,96 961,40
70,00 25,86 65,13 85,00 128,23 1.081,50
71,00 31,10 93,61 86,00 147,65 1.219,44
72,00 36,07 127,19 87,00 171,30 1.378,91
73,00 41,39 165,92 88,00 197,23 1.563,18
74,00 46,48 209,85 89,00 224,47 1.774,02
75,00 51,77 258,98 90,00 258,00 2.015,26
76,00 56,91 313,31 91,00 305,44 2.296,98
77,00 62,18 372,85 92,00 375,60 2.637,50
78,00 67,86 437,87 93,00 433,55 3.042,07
79,00 73,56 508,58 94,00 492,68 3.505,19

O aproveitamento será operado com NA normal de operação variável ao longo do ano,


como recurso para que o remanso provocado pelo reservatório não altere os níveis
d´água atuais do rio Madeira a montante de Abunã, para a vazão média mensal de
cada mês. Em razão dessa regra operativa, as características do reservatório se
modificam mês a mês, conforme pode ser visto na Tabela 3.2.

Nesta Tabela são apresentados: a área do reservatório, a área do estirão fluvial em


condições naturais, o volume do reservatório, seu comprimento, o tempo de residência
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médio mensal, estimado pelo quociente entre o volume do reservatório e a vazão


média mensal, a profundidade média, estimada pelo quociente entre o volume e a área
do reservatório, e o acréscimo de área inundada obtido pela diferença entre a área
inundada com reservatório e em condições naturais.

A área do reservatório, o volume, e a profundidade média aumentam no período de


cheias diminuindo no período de estiagem. Por outro lado, o comprimento do
reservatório tem um comportamento diferente, diminuindo no período de cheias e
aumentando no período de estiagem.

• O tempo de residência, em geral muito pequeno, varia de um mínimo de cerca de


18 horas em março a um máximo de 40 horas em setembro;
• O acréscimo de área inundada é também muito pequeno variando entre 108 e 31
km2, respectivamente em janeiro e setembro.

Considerando o reservatório em sua cota máxima operativa (cota 90,00m) podem ser
ainda definidas as seguintes características morfométricas:

Largura média 2,39 km


Diâmetro equivalente 18,12 km
Perímetro 664 km
Índice de desenvolvimento de margens - IDM 11,56
IDM do retângulo de área equivalente 3,85

O índice de desenvolvimento de margens é elevado, situando-se entre os maiores


dentre os reservatórios brasileiros. Este valor certamente está afetado pela influência
dos afluentes remansados (maior devido à pequena área inundada) e pela própria
forma alongada do reservatório (ver IDM do retângulo equivalente). De qualquer forma,
reflete a existência das inúmeras reentrâncias que ocorrem, particularmente na
margem direita, que é mais acidentada. Este índice sugere a existência de bolsões
com qualidade da água inferior à do corpo do reservatório.

O mais importante desses bolsões corresponde à área inundada junto à foz do rio
Mutumparaná, que deverá constituir um ambiente destacado em relação ao corpo
principal do reservatório.

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Tabela 3.2
Características Morfométricas do Reservatório do AHE Jirau

Reservatório Área do
Vazão Média Estirão Fluvial Acréscimo de
Mensal Tempo de Profundidade em Condições Área
Mês NA operativo Área Extensão Volume
Residência Média Naturais
m³/s m km² Km hm³ h m km² km²
Janeiro 23.900 90,0 244,03 108,650 2015,26 23 8,26 136,45 107,58
Fevereiro 29.100 90,0 220,03 88,300 2015,26 19 9,16 133,74 86,29
Março 33.600 90,0 200,22 70,418 2015,26 17 10,07 132,46 67,76
Abril 30.200 90,0 220,02 84,825 2015,26 19 9,16 133,89 86,13
Maio 22.700 89,5 225,51 108,000 1894,64 23 8,40 137,42 88,09
Junho 15.900 87,0 168,63 113,288 1378,91 24 8,18 121,10 47,53
Julho 10.600 85,0 155,27 128,302 1081,50 28 6,97 124,02 31,25
Agosto 6.800 83,0 138,38 128,302 855,00 35 6,18 115,54 22,84
Setembro 5.600 82,5 136,87 128,302 806,54 40 5,89 109,94 26,93
Outubro 6.800 83,0 138,38 128,302 855,00 35 6,18 115,54 22,84
Novembro 10.400 85,0 155,27 128,302 1081,50 29 6,97 124,02 31,25
Dezembro 16.600 87,5 171,72 115,927 1471,05 25 8,57 120,74 50,98
Mínimo 5.600 82,5 136,87 70,42 806,54 17 5,9 109,94 22,84
Médio 17.683 86,9 181,19 110,91 1457,10 26 7,8 125,41 55,79
Máximo 33.600 90,0 244,03 128,30 2015,26 40 10,1 137,42 107,58

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3.1.2. Reservatório do AHE Santo Antônio

O AHE Santo Antônio será implantado na parte final do “trecho das corredeiras” do rio
Madeira, formando um reservatório com área de 271 km², em seu nível d’água máximo
normal, e volume total de 2.075 hm³. A Tabela 3.3 apresenta a curva cota-área-volume
do reservatório de Santo Antônio.

Tabela 3.3
Tabela Cota x Área, e Cota x Volume do Reservatório de Santo Antônio

Cota Área Volume Cota Área Volume


2 3 2 3
(m) (km ) (hm ) (m) (km ) (hm )

40,00 4,58 24,15 58,00 40,04 274,64

41,00 5,05 28,97 59,00 47,43 318,38

42,00 5,64 34,31 60,00 58,31 371,24

43,00 6,22 40,24 61,00 79,51 440,15

44,00 6,75 46,73 62,00 102,28 531,05

45,00 7,10 53,65 63,00 133,32 648,84

46,00 7,45 60,92 64,00 159,08 795,04

47,00 8,14 68,72 65,00 180,30 964,73

48,00 8,91 77,24 66,00 197,41 1153,58

49,00 9,80 86,60 67,00 214,18 1359,38

50,00 10,49 96,74 68,00 226,80 1579,87

51,00 11,53 107,75 69,00 246,23 1816,38

52,00 13,76 120,39 70,00 271,26 2075,13

53,00 16,30 135,42 71,00 306,54 2364,03

54,00 20,75 153,94 72,00 344,95 2689,78

55,00 25,12 176,88 73,00 395,27 3059,88

56,00 30,00 204,44 74,00 438,52 3476,78

57,00 35,18 237,03 75,00 480,40 3936,24

Considerando o reservatório em sua cota máxima operativa (cota 70,00m), podem ser
ainda calculados os seguintes índices morfométricos:

Profundidade média 7,70 km


Comprimento 125 km
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Largura média 2,17 km


Diâmetro equivalente 18,58 km
Perímetro 806 km
Índice de desenvolvimento de margens - IDM 13,71
IDM do retângulo de área equivalente 3,76

O índice de desenvolvimento de margens, da mesma forma que em Jirau, é elevado e


reflete, igualmente, a influência dos afluentes remansados, além da própria forma
alongada do reservatório (ver IDM do retângulo equivalente). No caso de Santo
Antônio, entretanto, em vez de grandes bolsões laterais ao corpo principal, o que se
nota é um grande conjunto de pequenos afluentes, cada um recebendo grande
influência do remanso do reservatório.

Destaca-se no reservatório de Santo Antônio sua reduzida profundidade média, inferior


a 10 m. Como o barramento é construído a montante de uma queda natural, a
cachoeira de Santo Antônio, e provoca o afogamento outra queda natural pouco a
montante, a cachoeira Teotônio, a profundidade do trecho restante, que corresponde à
maior porção do comprimento do reservatório, é baixa.

3.2. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE ESTRATIFICAÇÃO E EUTROFIZAÇÃO

3.2.1. Estratificação

Com a formação dos reservatórios, as condições de qualidade da água se alteram,


devendo essas mudanças ser estudadas para prognóstico da condição ambiental
futura e dos impactos que podem surgir. Alguns aspectos, no que tange à qualidade
da água, devem ser avaliados, como níveis de concentração de DBO, oxigênio
dissolvido, nutrientes, propriedades físicas, como temperatura e turbidez e condições
de eutrofização.

A temperatura da água, mais especificamente, o perfil vertical de temperatura, é o


mais importante parâmetro para a modelagem da água de lagos e reservatórios. A
razão dessa importância é o seu papel na determinação da estabilidade térmica, que
regula não somente as trocas verticais de energia, mas também as de nutrientes.
Quanto maior for o gradiente vertical, maior a estabilidade, e mais restritas as trocas
verticais.

Em lagos e reservatórios onde a profundidade é grande e a velocidade longitudinal é,


em geral, pequena, as características do barramento podem produzir estratificação
vertical de temperatura, massa específica e de parâmetros de qualidade da água.
Embora este não seja o caso dos reservatórios de Jirau e Santo Antônio, é
conveniente analisar a questão, pelo menos de forma preliminar, para melhor justificar
a abordagem proposta no presente trabalho.

Quando a estratificação de temperatura ocorre, formam-se as camadas ditas epilímnio,


metalímnio e hipolímnio (Figura 3.4).
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Figura 3.4
Gradiente de Temperatura em Reservatórios

O epilímnio tende a ter temperatura uniforme e estar misturado devido às ações


externas. No metalímnio ocorre o maior gradiente de temperatura denominado de
termoclina. Nesta zona se equilibram as ações do vento, radiação solar e empuxo da
massa d’água. No hipolímnio o gradiente é uniforme e a massa d’água não sofre a
ação das forças externas.
Essas forças podem modificar a posição da termoclina por aprofundamento do
epilímnio.

As condições externas que influenciam no processo de estratificação são:

• radiação solar;
• ação do vento;
• entrada e saída do fluxo e sua temperatura.

A ação do vento produz turbulência e mistura das diferentes camadas do reservatório,


sendo um importante elemento de estabilização em reservatórios rasos. A radiação
solar, com o aquecimento da camada superior produz sua expansão e redução de
densidade. O fluxo de entrada e saída da água no reservatório também tem influência
nesse processo, devido às suas características de volume, temperatura, densidade e
concentração dos parâmetros associados às vazões afluentes e defluentes.

Para uma análise preliminar das condições de qualidade da água dos reservatórios
criados pelas futuras barragem de Jirau e Santo Antônio, serão utilizados dois
métodos já consagrados, que avaliam a possibilidade de estratificação considerando o
tempo de residência (ou tempo de detenção) e o número de Froude Densimétrico,
respectivamente. Estas avaliações preliminares são importantes para a definição da
necessidade e tipo de modelo matemático a se utilizar para uma análise mais
detalhada. Os critérios, a metodologia e os resultados encontrados são descritos a
seguir.

Do ponto de vista geral, Water Resources Engineers Inc. (referência 8) classificou os


reservatórios com base no tempo de detenção, que é a relação entre volume e a
vazão média de entrada. A classificação é a seguinte:

• Pequena vazão/volume – Neste caso classificam-se grandes reservatórios com


tempo de detenção maior do que um ano. Pequenas variações sazonais ocorrem
no armazenamento e a vazão de saída é retirada da superfície.
PJ-0580-G3-GR-RL-0001 3.7 Engº José Eduardo Moreira
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• Vazão média/volume – Também são classificados grandes reservatórios com


tempo de detenção entre quatro meses e um ano. Estes reservatórios apresentam
estratificação e grande variação do armazenamento.

• Grande vazão/volume – Reservatórios nesta classe são geralmente do tipo


escoamento de rio com tempo de detenção menor que 4 meses. A estratificação é
difícil de se formar e a variação longitudinal da temperatura pode ocorrer.

Aplicando-se este critério aos reservatórioos de Jirau e Santo Antônio obtém-se os


resultados apresentados na Tabela 3.5.

Tabela 3.5
Análise da Estratificação Pelo Critério do Tempo de residência

Reservatório Jirau Santo Antônio


Vazão Média (m³/s) 17.687 17.983
Vazão Mínima (m³/s) 3.591 3.651
Volume (hm³) 2.015 2.075
Tempo de Residência Médio 32 horas 32 horas
Tempo de Residência Máximo 6,5 dias 6,6 dias
Prognóstico Não estratifica Não estratifica

De acordo com a referência 8, estes resultados indicam que os dois reservatórios são
do tipo “rio”, não devendo apresentar estratificação.

O outro processo para avaliação preliminar da estratificação térmica do reservatório,


considera a equação baseada no número de Froude Densimétrico. A equação é a
seguinte:

1 L*Q
Fd =
g ∗ e Dm ∗V

Onde:
Fd = número de Froude Densimétrico;
L = comprimento do reservatório (m);
Dm = profundidade média do reservatório (m);
V = volume do reservatório em m³/s;
g = aceleração da gravidade (9,81 m/s²);
e = gradiente médio de massa específica.

As condições de estratificação a partir do Froude Densimétrico são as seguintes:

se Fd > 1 sistema misturado;


se Fd < 1/π = 0,3183 sistema estratificado;
se 0,3183 < Fd < 1 estratificação intermitente.
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Esta equação se baseia na comparação entre a força de inércia do fluxo que atravessa
o reservatório e a força gravitacional que tende a manter a estabilidade densimétrica.
Transformando a equação acima para unidades convenientes e adotando para
gradiente médio de massa específica o valor e = 0,9843E-06 (referência 9), resulta

L ∗Q
Fd = 0,32
H ∗V

Onde:
L – comprimento, em Km,
Q – vazão em trânsito, em m³/s,
H – profundidade média, em m e
V – volume, em 106 m³.

Aplicando-se este critério aos reservatórios de Jirau e Santo Antônio obtém-se os


resultados apresentados na Tabela 3.6.

Tabela 3.6
Análise da Estratificação Pelo Critério do Número de Froude Densimétrico

Reservatório Jirau Santo Antônio


Volume (hm³) 2.015 2.075
Comprimento (km) 108 125
Profundidade Média (m) 10,1 7,6
Vazão Média (m³/s) 17.687 17.983
Froude Densimétrico 30 45,6
Prognóstico Não estratifica Não estratifica
Vazão Mínima (m³/s) 3.591 3.651
Profundidade Máxima (m) 30 30
Froude Densimétrico 2,05 2,35
Prognóstico Não estratifica Não estratifica

Foram realizados dois cálculos, o primeiro com vazões e profundidades médias e o


segundo com vazões mínimas e profundidades máximas estimadas junto à barragem.
Nos dois casos, o número de Froude Densimétrico ficou muito acima do limite
considerado para estratificação.

3.2.2. Eutrofização

A eutrofização é o processo natural de enriquecimento das águas com os nutrientes


necessários ao crescimento da vida vegetal aquática (Referência 9), manifestando-se
por meio do aumento da produtividade biológica do lago ou reservatório.Pode-se
classificar lagos e reservatórios de acordo com essa produtividade em oligotróficos,
mesotróficos e eutróficos.
PJ-0580-G3-GR-RL-0001 3.9 Engº José Eduardo Moreira
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Um reservatório ou lago é eutrófico quando é rico em nutrientes, apresentando alta


produtividade biológica, e oligotrófico em caso contrário. Os lagos mesotróficos, de
produtividade média, representam um estado intermediário. Os nutrientes podem
chegar ao reservatório através dos seguintes meios:

• Pelos rios afluentes que trazem cargas orgânicas domésticas, industriais, agrícolas
e naturais;

• Carga orgânica decorrente da biomassa inundada;

• Demanda bentônica do fundo do lago que acumula as outras entradas por


deposição de sedimentos.

Enquanto a eutrofização natural é um processo lento, a eutrofização associada à


atividade humana, também chamada acelerada ou cultural, desequilibra o ambiente
aquático podendo trazer a degradação das condições de qualidade da água, o
crescimento de algas, e a formação de gases.

No meio aquático, as algas são os produtores primários. O crescimento das algas


ocorre numa zona eufótica próxima à superfície, onde a intensidade da luz é
apropriada para fotossíntese. A produtividade das algas é controlada principalmente
pela intensidade da luz e pela presença de macro e micronutrientes.

O rio Madeira possui águas turvas, carregadas de matéria sólida em suspensão,


apresentando transparência inferior a 20 cm em todos os ensaios realizados. Esta
característica dificulta o crescimento das algas, fato que é refletido nos baixos teores
de clorofila-a detectados (média de 2 ug/l). Essa condição pode ser ligeiramente
alterada pela presença dos reservatórios, mas não se pode esperar grandes
modificações porque as mudanças no escoamento serão pequenas, conforme
demonstrado nos estudos sedimentológicos realizados (Referência 10).

Os afluentes do rio Madeira, por sua vez, possuem águas mais límpidas, com menores
cargas de sedimento e maior transparência. Como os afluentes estão associados aos
bolsões marginais dos reservatórios, o maior tempo de residência das águas nestes
“apêndices”, associado com a maior penetração de luz solar e com pequenas
profundidades, pode criar condições para a ocorrência de braços eutrofizados.

3.3. SELEÇÃO DO MODELO DE QUALIDADE DA ÁGUA

As análises realizadas quanto à geometria dos dois reservatórios do rio Madeira e às


suas características hidráulicas permitiram concluir que o prognóstico da qualidade da
água dos futuros reservatórios e do rio Madeira a jusante pode ser desenvolvido com
emprego de um modelo unidimensional de qualidade da água, de aplicação
tipicamente fluvial.

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Optou-se por empregar o modelo QUAL2E, por se tratar de um modelo versátil, de


aplicação bastante difundida e de domínio público (Referências 11 e 12). Este modelo
permite simular simular um número grande de constituintes de qualidade da água,
considerando que estão completamente misturados ao escoamento.

O QUAL2E pode simular as reações acopladas OD-DBO, considerando demandas


carbonáceas e nitrogenadas, os processos de fósforo e nitrogênio, temperatura e
proliferação de algas, além de constituintes conservativos ou com decaimento de
primeira ordem.

Uma descrição do modelo é apresentada no item 5, identificando suas principais


funcionalidades e o emprego dado ao mesmo no presente trabalho.

Não serão abordados neste trabalho os processos associados aos bolsões inindados
lateralmente ao rio Madeira, para os quais recomenda-se a realização de estudos
específicos de aprimoramento.

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4. DETERMINAÇÃO DAS CARGAS DEVIDO


AO AFOGAMENTO DA VEGETAÇÃO

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4.1. METODOLOGIA

A estimativa da densidade de carbono biodegradável, expressa em kg/m2, foi definida


com base nas áreas ocupadas por cada espécie vegetal, agrupadas por tipologia.

A partir das áreas relativas a cada tipologia, foram definidas as densidades de carbono
biodegradável presentes na área diretamente afetada pelo reservatório, respeitando-se
a seguinte sistemática:

• Determinação do potencial de biomassa, expresso em toneladas por hectare,


discretizada por tipologia vegetal e tipo de matéria orgânica, representados pelas
seguintes parcelas: biomassa estocada (serrapilheira) e biomassa verde (biomassa
viva acima do solo).

• A partir dos dados do potencial de biomassa, foi definida para cada tipologia, a
quantidade de carbono presente, considerando uma taxa média de carbono sobre a
biomassa potencial.

• A quantidade de carbono presente na biomassa verde foi discretizada, de modo a


quantificar apenas o carbono presente na matéria orgânica de rápida
decomposição (galho, folha e casca). Para esta discretização, foram empregados
os resultados dos estudos realizados para o reservatório da UHE Samuel, no rio
Jamari.

• Considerando-se a massa total de carbono presente em cada tipologia, foi


estimada a quantidade de carbono biodegradável componente de cada tipo de
matéria orgânica. Nesta sistemática consideraram-se os resultados dos ensaios de
biodegradação realizados em laboratório, elaborados para o EIA/ RIMA da UHE
Porto Primavera para a CESP (Consórcio Themag-Engea-Umah). Os ensaios
revelaram a composição das seguintes taxas de carbono biodegradável: folhas=
0,20; galhos= 0,11; cascas= 0,082 e serrapilheira= 0,25.

• Considerando-se as parcelas dos estratos vegetais identificados na área


diretamente afetada, definiu-se, pela média ponderada, a densidade média de
carbono biodegradável presente em cada reservatório.

Nos cálculos, desconsiderou-se a matéria vegetal integrante do tronco (fuste) e dos


galhos grossos, tendo em vista as baixas taxas de biodegradação normalmente
verificadas nestes substratos.

4.2. CÁLCULO DA BIOMASSA NA ÁREA DOS RESERVATÓRIOS

A qualidade da água do rio madeira, após o estabelecimento dos reservatórios de


Santo Antônio e Jirau, será alterada devido à modificação nas propriedades hidráulicas
do trecho represado (menores velocidades, criação de bolsões sem circulação,
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diminuição da reaeração devido à queda da turbulência, etc.) e também devido ao


aumento na quantidade de nutrientes disponibilizados pela matéria orgânica presente
na área inundada.

Esta matéria orgânica se apresenta de diferentes formas, cada uma delas possuindo
características próprias. Para fins do presente trabalho, a matéria orgânica foi dividida
em duas categorias: a biomassa estocada no piso da floresta na forma de serrapilheira
e a biomassa aérea em pé.

A serrapilheira é o material recentemente depositado sobre o chão da floresta,


constituído por folhas, ramos, flores, frutos e outras partes constituintes do corpo das
plantas. Camadas de serrapilheira podem representar uma fonte de nutrientes que
podem ser rapidamente decompostas facilitada pela sua estrutura composta por
partículas pequenas.

As folhas concentram grande parte dos nutrientes de reciclagem periódica, sendo


responsáveis pela maior fração de serrapilheira produzida pela floresta. Além do
grande volume produzido, as folhas são de fácil e rápida decomposição, liberando
assim grande quantidade de nutrientes no sistema e alterando a qualidade da água
logo após o represamento.

A biomassa aérea em pé, ou biomassa verde, constitui-se da própria comunidade


florestal da área atingida pelo represamento. Esta biomassa, principalmente as folhas,
flores, frutos e ramos de pequeno calibre, poderá vir a somar-se à biomassa estocada,
quando do represamento, pela morte repentina dos indivíduos. A qualidade da água
poderá a vir a ser afetada pela decomposição maciça desta biomassa.

Durante a realização do diagnóstico do uso da terra e da cobertura vegetal das áreas


de influência dos aproveitamentos hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio, foi elaborada
uma estimativa da biomassa estocada e da biomassa verde para a área diretamente
afetada – ADA.

A estimativa da biomassa estocada foi realizada com base em amostras de


serrapilheira coletadas em 349 pontos amostrais distribuídos na área de influência dos
dois aproveitamentos, contemplando quatro formações vegetacionais características:
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas, Floresta Ombrófila Aluvial, Campinarana
Florestada e Campinarana Arborizada. A Tabela 4.1 a seguir mostra a distribuição dos
pontos amostrais pelas diversas tiopologias de vegetação.

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Tabela 4.1
Número de Pontos de Coleta de Serrapilheira por Formação Vegetacional, Nas
Áreas dos Dois Aproveitamentos Hidrelétricos

Floresta Ombrófila Floresta


Campinarana Campinarana
Aberta das Terras Ombrófila
Florestada Arborizada
Baixas Aluvial
AHE Salto do
70 40 70 26
Jirau
AHE Sto Antônio 51 92 - -

Em cada ponto amostral foram coletadas quatro subamostras, marcadas a campo por
um gabarito de madeira medindo 0,5 x 0,5 m de lado, perfazendo uma área de 0,25
m². Assim, cada amostra foi constituída de 1 m² de área. As amostras foram
acondicionadas em sacos plásticos e identificadas com o número do ponto de coleta.
Em seguida, o material passou por uma pré-secagem em sacos de papel e em
seguida encaminhadas para secagem em estufas a 60ºC, até atingirem peso
constante. Posteriormente foram pesadas para determinação do peso seco. Para
diminuir erros procedentes de pesagem, para cada sub-amostra procedeu-se a duas
aferições e tirou-se a média.

A Tabela 4.2 a seguir mostra os valores de biomassa estocada na serrapilheira para


as quatro fisionomias vegetais estudadas, na área de influência dos dois
aproveitamentos.

Tabela 4.2
Biomassa Estocada na Serrapilheira (ton/ha)

Floresta Ombrófila
Floresta Campinarana Campinarana
Aberta das Terras
Ombrófila Aluvial Florestada Arborizada
Baixas
AHE Salto do
8,10 10,14 9,72 11,37
Jirau
AHE Sto Antônio 10,96 15,02

Para a estimativa da biomassa aérea, o material básico de trabalho consistiu nas


tabelas de saída do inventário florestal, relativo a todas as árvores com DAP > 10 cm,
exceto para a campinarana arborizada com DAP > 5 cm. Os dados utilizados se
referem a um total de cinco formações florestais: floresta ombrófila aberta de terras
baixas, floresta ombrofial aluvial, transição de floresta ombrofila aberta de terras baixas
e campinarana florestada, campinarana florestada e campinarana arborizada. A
estimativa de biomassa aérea verde das formações florestais foram calculadas através
da equação desenvolvida por Brown ( Referência 13):

sendo d = diâmetro centro de classe.

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A Tabela 4.3 a seguir mostra os valores de biomassa verde estimados para as quatro
fisionomias vegetais estudadas, na área de influência dos dois aproveitamentos.

Tabela 4.3
Biomassa Verde na Área dos Aproveitamentso de Jirau e Santo Antônio (ton/ha)

Floresta Ombrófila
Floresta Campinarana Campinarana
Aberta das Terras
Ombrófila Aluvial Florestada Arborizada
Baixas
AHE Salto do
311,13 308,15 209,56 60,58
Jirau
AHE Sto Antônio 286,52 364,67

Foi ainda determinada, para a transição entre Floresta Aberta e Campinarana


Florestada a biomassa verde de 193,99 ton/ha.

4.3. DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE CARBONO PRESENTE NA BIOMASSA

Para determinação da quantidade de carbono presente na biomassa foi considerada


uma taxa média de 50% sobre o peso seco.

Assim, para a biomassa estocada os valores apresentados no Quadro 4.2 foram


simplesmente multiplicados por 0,50 para o cálculo da massa de carbono presente na
Serrapilheira.

Da mesma forma, para a biomassa verde os valores apresentados no Quadro 4.3


foram simplesmente multiplicados por 0,50 para o cálculo da massa de carbono
presente na biomassa acima do solo.

As Tabelas 4.4 e 4.5, a seguir, apresenta os resultados das estimativas de quantidade


de carbono nas diferentes formações vegetais estudadas nas áreas dos dois
aproveitamentos.

Tabela 4.4
Quantidade de Carbono Estocado na Serrapilheira (ton/ha)

Floresta Ombrófila
Floresta Campinarana Campinarana
Aberta das Terras
Ombrófila Aluvial Florestada Arborizada
Baixas
AHE Salto do
4,05 5,07 4,86 5,68
Jirau
AHE Sto Antônio 5,48 7,51

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Tabela 4.5
Quantidade de Carbono Presente na Biomassa Verde, na Área dos
Aproveitamentos de Jirau e Santo Antônio (ton/ha)

Floresta Ombrófila
Floresta Campinarana Campinarana
Aberta das Terras
Ombrófila Aluvial Florestada Arborizada
Baixas
AHE Salto do
155,6 154,1 104,8 30,3
Jirau
AHE Sto Antônio 143,3 182,3

4.4. DISCRETIZAÇÃO DA BIOMASSA VIVA ACIMA DO SOLO

A biomassa viva acima do solo, ou biomassa verde, compreende os troncos (fuste), os


galhos, galhos finos e folhas (folhas, flores e frutos). Para discretizar a biomassa
calculada para cada uma das cinco formações vegetais estudadas na área de
influência dos aproveitamentos de jirau e Santo Antônio tomou-se por base o resultado
dos estudos realizados para o reservatório da UHE Samuel, no rio Jamarí, relatados
por Cardenas (Referência 14).

Considerando os dados fornecidos de duas quadras do reservatório e apropriando


apenas as parcelas correspondentes à biomassa verde determinada, foram obtidos os
percentuais para cada parcela apresentados na Tabela 4.6, a seguir.

Tabela 4.6
Divisão da Biomassa Verde, Modificado de Cárdenas (op. Citado)

FRAÇÃO DA BIOMASSA VERDE Participação no Total


Fuste (troncos) 50.00%
Galhos grossos e médios 17.40%
Galhos finos no dossel, no sub-bosque e cipós 16,60%
Folhas no dossel e no sub-bosque 7.60%
Cascas 8.40%

Com base nessa discretização, e considerando-se que a matéria vegetal integrante do


tronco e dos galhos grossos apresenta baixas taxas de biodegradação, nota-se que
apenas uma parcela de 33% da biomassa verde representa, ao ser afogada, um
acréscimo significativo de demanda de oxigênio para o corpo d’água. A decomposição
dos troncos e galhos se dá em períodos muito longos, introduzindo apenas uma
pequena elevação da demanda basal de oxigênio.

As Tabela 4.7 e 4.8, a seguir, apresentam, respectivamente para os reservatórios de


Jirau e Santo Antônio, a distribuição do estoque de carbono disponível na biomassa
verde pelas parcelas rapidamente biodegradáveis, aplicando a distribuição levantada
para o reservatório do AHE Samuel, apresentada na Tabela 4.6, aos totais
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apresentados na Tabela 4.4. Apresentam também, ao final, o estoque de carbono na


serrapilheira, que também é rapidamente biodegradável, obtido diretamente da Tabela
4.5.

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Tabela 4.7
Distribuição do Carbono Total Presente na Biomassa Afogada Pelo Reservatório de Jirau
(Por Formação Vegetal - Apenas nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis)

Carbono Total Carbono na Parcela Rapidamente Biodegradável


na Biomassa galhos folhas casca serrapilheira
Verde
(t/ha) 16,6% 7,6% 8,4% (inventário)
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas 155,6 25,83 11,83 13,07 4,05
Floresta Ombrófila Aluvial 154,1 25,58 11,71 12,94 5,07
Campinarana Florestada 104,8 17,40 7,96 8,80 4,86
Campinarana Arborizada 30,3 5,03 2,30 2,55 5,68
Transição entre Floresta Aberta e Campinarana
97,0 16,10 7,37 8,15 4,97
Florestada

Tabela 4.8
Distribuição do Carbono Total Presente na Biomassa Afogada Pelo Reservatório de Santo Antônio
(Por Formação Vegetal - Apenas nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis)

Carbono Total Carbono Total nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis


na Biomassa galhos folhas casca serrapilheira
Verde
(t/ha) 16,6% 7,6% 8,4% (inventário)
Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas 143,3 23,79 10,89 12,04 5,48
Floresta Ombrófila Aluvial 182,3 30,26 13,85 15,31 7,51

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4.5. QUANTIFICAÇÃO DO CARBONO OXIDÁVEL NA PARCELA RAPIDAMENTE DEGRADÁVEL

Para determinação da quantidade de carbono oxidável presente em cada parcela


vegetal, foram consideradas as taxas determinadas nos estudos de biodegradação
realizados em laboratório para os EIA/RIMA da UHE Porto Primavera, que foram as
seguintes:

• Folhas 20,0%
• Galhos 11,0%
• Cascas 8,2%
• Serrapilheira 25%

Os cálculos foram efetuados a partir das Tabelas 4.7 e 4.8, já apresentados, nos quais
se desconsiderou a matéria vegetal integrante do tronco e dos galhos grossos, tendo
em vista as baixas taxas de biodegradação normalmente verificadas neste substrato.

As Tabelas 4.9 e 4.10, a seguir, resumem o conteúdo de carbono oxidável disponível


nas parcelas rapidamente degradáveis em cada uma das formações vegetacionais
estudadas para a área de influência dos aproveitamentos de Jirau e Santo Antônio.

A partir desses quadros, e considerando as áreas correspondentes a cada formação


vegetacional, pode ser determinada a quantidade total de carbono oxidável afogado
em cada reservatório, para estimação da carga de demanda bioquímica de oxigênio
associada.

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Tabela 4.9
Determinação do Carbono Oxidável Por Total no Reservatório de Jirau
(Por Formação Vegetal - Apenas nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis)

Carbono Oxidável nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis Carbono


galhos folhas casca serrapilheira Oxidável Total
11,0% 20,0% 8,2% 25% (ton/ha)

Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas 2,84 2,37 1,07 1,01 7,29
Floresta Ombrófila Aluvial 2,81 2,34 1,06 1,27 7,49
Campinarana Florestada 1,91 1,59 0,72 1,22 5,44
Campinarana Arborizada 0,55 0,46 0,21 1,42 2,64
Transição entre Floresta Aberta e Campinarana Florestada 1,77 1,47 0,67 1,24 5,16

Tabela 4.10
Determinação do Carbono Oxidável Total no Reservatório de Santo Antônio
(Por Formação Vegetal - Apenas nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis)

Carbono Oxidável nas Parcelas Rapidamente Biodegradáveis Carbono


galhos folhas casca serrapilheira Oxidável Total
11,0% 20,0% 8,2% 25% (ton/ha)

Floresta Ombrófila Aberta das Terras Baixas 2,62 2,18 0,99 1,37 7,15
Floresta Ombrófila Aluvial 3,33 2,77 1,26 1,88 9,23

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4.6. CÁLCULO DA DENSIDADE MÉDIA DO CARBONO DEGRADÁVEL NOS RESERVATÓRIOS

As Tabelas 4.11 e 4.12, obtidos do diagnóstico do uso da terra e da cobertura vegetal das
áreas de influência dos aproveitamentos hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio,
apresentam as classes de uso e cobertura vegetal presentes nas áreas diretamente
afetadas dos dois reservatórios.

As parcelas que contribuem com biomassa afogada encontram-se enfatizadas, nesses


quadros.

Tabela 4.11
Classes de uso e cobertura vegetal presentes na AID, entorno e ADA do AHE Jirau

Área Inundada
Classes / Código adotados no banco de dados georreferenciado %
(ha)
Floresta ombrófila aberta submontana com palmeiras (Faps) 4,05 0,02
Associação de Floresta ombrófila aberta das terras baixas com
7.665,98 30,16
palmeiras com floresta ombrófila aberta aluvial (Fap + Fal)
Transição de floresta ombrófila aberta das terras baixas e campinarana
2.387,39 9,39
florestada (Fap + Cf)
Campinarana Florestada (Cf) 483,15 1,90
Associação de Campinarana Gramíneo-Lenhosa com Campinarana
414,92 1,63
Arborizada (Cgl + Carb)
Formações pioneiras de várzea (Fpv) 432,65 1,70
Afloramentos rochosos (Ar) 218,64 0,86
Bancos de Areia (Ba) 334,08 1,31
Pastagem (P) 1.784,23 7.02
Desmatamento (D) 43,80 0,17
Ocupação ribeirinha (Or) 371,05 1,46
Área urbana (Au) 74,37 0,30
Corpo de Água (Ag) 11.202,63 44,08
TOTAL 25.416,96 100

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Tabela 4.12
Classes de uso e cobertura vegetal presentes na AID, entorno e ADA
do AHE Santo Antônio

Área Inundada
Classes / Códigos adotados no banco de dados georreferenciado %
(ha)
Associação de Floresta ombrófila aberta das terras baixas com
9.076,96 29,94
palmeiras com floresta ombrófila aberta aluvial (Fap + Fal)
Formações pioneiras de várzea (Fpv) 1.371,70 4,52
Afloramentos rochosos (Ar) 354,89 1,17
Bancos de Areia (Ba) 1.473,38 4,86
Pastagem (P) 1.698,66 5,60
Desmatamento (D) 13,24 0,04
Ocupação ribeirinha (Or) 68,78 0,22
Área urbana (Au) 25,55 0,09
Mineração (M) 1,59 0,01
Psicultura (Ps) 15,15 0,05
Balneário (B) 3,15 0,02
Corpo de Água (Ag) 16.214,60 53,48
TOTAL 30.317,68 100

A massa total de carbono oxidável, expressa em toneladas, pode ser obtida com
facilidade, apenas multiplicando-se a densidade de carbono oxidável de cada parcela,
formação vegetal, expressa em ton/ha, pela área coberta pela formação. As Tabelas 4.13
e 4.14, a seguir, apresentam estes cálculos, respectivamente para o reservatório de Jirau
e Santo Antônio.

Para as áreas de desmatamento, que logo apresentam características de formação de


vegetação secundária, foi adotada a densidade de carbono oxidável correspondente a
campinarana arborizada, ou seja, 2,05 ton/ha.

Para as áreas de Pastagem, não contempladas no diagnóstico, adotou-se uma densidade


de 0,80 ton/ha, que corresponde ao valor obtido no inventário florestal realizado para os
Estudos de Impacto Ambiental da UHE Serra do Facão.

obtendo-se a densidade média, ponderada pela porcentagem de participação de cada


formação vegetal.

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Tabela 4.13
Cálculo da Massa de Carbono Oxidável Afogada no Reservatório do AHE Jirau

Área Carbono
Classes / Código adotados no banco de dados Densidade
Inundada Oxidável
georreferenciado (ton/ha)
(ha) (ton)
Floresta ombrófila aberta submontana com palmeiras
4,05 7,49 30,3
(Faps)
Associação de Floresta ombrófila aberta das terras baixas
com palmeiras com floresta ombrófila aberta aluvial (Fap + 7.665,98 7,29 55.885
Fal)
Transição de floresta ombrófila aberta das terras baixas e
2.387,39 5,16 12.319
campinarana florestada (Fap + Cf)
Campinarana Florestada (Cf) 483,15 5,44 2.628
Associação de Campinarana Gramíneo-Lenhosa com
414,92 2,64 1.095
Campinarana Arborizada (Cgl + Carb)
Formações pioneiras de várzea (Fpv) 432,65 5,44 2.354
Pastagem (P) 1.784,23 0,80 1.427
Desmatamento (D) 43,80 2,64 115,6
TOTAL 75.854

Tabela 4.14
Cálculo da Massa de Carbono Oxidável Afogada no Reservatório
do AHE Santo Antônio

Área Carbono
Classes / Código adotados no banco de dados Densidade
Inundada Oxidável
georreferenciado (ton/ha)
(ha) (ton)
Associação de Floresta ombrófila aberta das terras baixas
com palmeiras com floresta ombrófila aberta aluvial (Fap + 9.076,96 7,15 64.900
Fal)
Formações pioneiras de várzea (Fpv) 1.371,70 5,44 7.462
Pastagem (P) 1.698,66 0,80 1.359
Desmatamento (D) 13,24 2,64 35,0
TOTAL 73.756

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4.7. INCORPORAÇÃO DA FITOMASSA NOS RESERVATÓRIOS

A vegetação afogada corresponde a uma carga total de 76.000 toneladas de carbono


oxidável, no reservatório de Jirau, e 74.000 toneladas de carbono oxidável, no
reservatório de Santo Antônio. A transferência destas cargas para os corpos d’água se dá
gradualmente, seja devido ao processo de solubilização da biomassa afogada, seja
devido ao processo de afogamento da biomassa, à medida em que o reservatório vai
enchendo.

Pode-se admitir que a biomassa afogada vai sendo solubilizada a uma taxa de 0,080/dia,
ou seja, a cada dia, 8% do carbono oxidável remanescente na biomassa afogada se torna
disponível. Mas a cada dia, apenas uma fração da biomassa total, conforme determinada
no item 4.6, é afogada pelo reservatório, durante o processo de enchimento. Assim, é
necessário que se conheça o processo de enchimento dos reservatórios para que se
possa determinar a quantidade de carbono oxidável solubilizado ao longo do tempo.

Apresenta-se, a seguir, uma análise da incorporação da fitomassa nos reservatórios de


Jirau e Santo Antônio, considerando os processos de enchimento previstos nos estudos
de viabilidade.

4.7.1. Reservatório de Jirau

O reservatório do AHE Jirau tem um volume pequeno em relação à magnitude das vazões
afluentes. Por esta razão, seu enchimento ocorrerá em poucos dias, dependendo
fundamentalmente da regra operativa que venha a ser adotada para o Vertedouro durante
este período.

O cronograma de implantação do projeto estabelece o mês de outubro com meta para


consolidação do fechamento do leito do rio pelas pré-ensecadeiras, com toda a vazão
afluente passando pelo Vertedouro, que estará parcialmente concluído nessa ocasião.
Durante o mês de novembro, serão realizados os trabalhos necessários para que o
enchimento do reservatório possa ser concluído.

O tempo de enchimento foi calculado considerando a seguinte regra operacional para o


Vertedouro:

• O Vertedouro será operado durante o período de elevação da ensecadeira de modo a


manter a igualdade entre as vazões afluentes e defluentes, até a consecução da cota
final das ensecadeiras (mês de outubro);

• Ao atingir as cotas finais das ensecadeiras o Vertedouro é parcialmente fechado de


forma a garantir uma vazão mínima para jusante admitida por hipótese igual 3.240
m³/s que corresponde ao valor de Q7,10 em AHE Jirau, e o enchimento do reservatório.

Admitindo a ocorrência de um ano hidrologicamente seco, definido como aquele com 90


% de permanência de vazões iguais ou maiores, a vazão afluente média mensal em

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novembro é igual a 6.232 m³/s e o nível d´água inicial do reservatório é igual a 72,48 m
(controlado pelo Vertedouro). O volume do reservatório entre esta cota e o NA normal
operativo do mês de novembro, 85,00 m, é igual a 1.081 x 106 m³. Nessas condições o
tempo de enchimento do reservatório é de apenas 3,6 dias.

A Tabela 4.15 apresenta os cálculos de tempo de enchimento do reservatório de Jirau,


para a primeira etapa, em novembro, considerando três situações hidrológicas distintas.
Para efeito dos estudos de qualidade da água, a situação crítica corresponde,
naturalmente, ao regime hidrológico mais seco, associado a uma permanência de 90% na
Tabela.

Tabela 4.15
Tempos de Enchimento do Reservatório de Jirau – Primeira Etapa

Reservatório
Vazões Tempos de
Regime Perma- enchimento
Mês Afluentes NA Volume Volume Diferença Vazão
Hidrológico nência NA inicial
m3/s Operacional Inicial Final Volume Defluente dias
m 106 m3 m3/s
m 106 m3 106 m3
Novembro Seco 90% 6.232 72,48 85,00 145,78 1.081,50 935,72 3240 3,6
Médio 50% 9.594 74,24 85,00 221,64 1.081,50 859,86 3240 1,6
Úmido 10% 14.413 76,24 85,00 327,60 1.081,50 753,90 3240 0,8

A regra de operação definida para o reservatório de Jirau prevê que o NA máximo normal
operativo seja variável ao longo do ano. Com o enchimento sendo feito em novembro (NA
normal na El. 85,00 m), o reservatório somente estará completamente cheio em janeiro,
quando o NA normal operativo alcança a Cota 90,00 m, sendo ainda necessária uma
etapa intermediária em dezembro, quando o NA normal operativo é na El. 87,50 m.
Assim, o enchimento do reservatório do AHE Jirau se processa em três etapas:

• Etapa 1 – enchimento no início de novembro, até a El. 85,00 m.


• Etapa 2 – elevação do NA operativo para a El. 87,50 m, no início de novembro; e
• Etapa 3 – elevação do NA operativo para a cota máxima, El. 90,00 m, no início de
janeiro.

Conseqüentemente, a carga de carbono oxidável vai sendo incorporada ao reservatório


(solubilizada) gradativamente, em função da parcela de biomassa que vais sendo
afogada.

Foi elaborado um modelo simples de transferência de carbono rapidamente oxidável para


o reservatório, para simular este processo de enchimento por etapas. O modelo vai
acumulando a biomassa afogada, à medida em que o enchimento se processa, e calcula
a carga transferida ao reservatório aplicando uma taxa de transferência de carbono de
0,080/dia sobre a massa de carbono remanescente.

A Figura 4.16 apresenta o resultado da simulação do enchimento do reservatório de Jirau


em três etapas, informando a evolução cronológica da carga de carbono oxidável
disponível e da carga transferida ao corpo hídrico.

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Figura 4.16
Incorporação da Biomassa no Reservatório de Jirau

Carga Inundada Remanescente (ton)


5000 0

4500 10000

4000 20000

3500 30000

3000 40000

2500 50000

2000 60000
Carga Incorporada (ton/dia)

1500 70000

1000 80000

500 90000

0 100000
10/31/00 11/30/00 12/31/00 1/31/01 2/28/01 3/31/01

Carga Incorporada Carga Lançada Carga Remanescente

Este gráfico evidencia que existem três situações a serem analisadas, correspondentes
às taxas máximas de transferência de carbono oxidável observadas em cada mês.

A Tabela 4.17 resume os principais resultados obtidos na simulação realizada, informando


as cargas máximas verificadas em cada mês e as correspondentes vazões em trânsito
(vazões com permanência de 90%). Considerando que o modelo de qualidade da água a
ser empregado funciona em regime estacionário, julgou-se mais adequado realizar
simulações considerando as cargas máximas de cinco dias. Deste modo, a Tabela 4.17
apresenta ainda as cargas de DBO, Nitrogênio e Fósforo calculadas a partir da
transferência de carbono respeitando as seguintes relações:

• relação de demanda de oxigênio por matéria carbonácea = 2,7 kg(DBO/kg(C)


• relação de nitrogênio por matéria carbonácea = 0,024542 kg(N)/kg(C)
• relação de fósforo por matéria carbonácea = 0,002971 kg(P)/kg(C)

Tabela 4.17
Cargas Transferidas ao Reservatório de Jirau Pela Biomassa Afogada

Novembro Dezembro Janeiro


Vazão com Permanência de 90 % (m³/s) 6.232 10.402 17.500
Vazão residual durante o enchimento (m³/s) 3.240 3.240 3.240
Nível d’água do reservatório (m) 85,00 87,50 90,00
Tempo de enchimento (dias) 3,6 0,60 0,44

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Tabela 4.17 (Continuação)


Cargas Transferidas ao Reservatório de Jirau Pela Biomassa Afogada

Novembro Dezembro Janeiro


Carga máxima de carbono oxidável (ton/dia) 605 2.456 3.175
Carga máxima média de cinco dias (ton/dia) 536 2.093 2.706
Carga máxima média de dez dias (ton/dia) 459 1.736 2.245
DBO associada à média de 5 dias (ton/dia) 1.447 5.651 7.306
Nitrogênio associado à média de 5 dias (ton/dia) 13,2 51,4 66,4
Fósforo associado à média de 5 dias (ton/dia) 1,59 6,22 8,04

Este quadro define os cenários críticos de qualidade da água associados com o


enchimento do reservatório de Jirau.

4.7.2. Reservatório de Santo Antônio

Da mesma forma que em Jirau, o reservatório do AHE Santo Antônio tem um volume
pequeno em relação à magnitude das vazões afluentes, de forma que seu enchimento
também ocorrerá em poucos dias.

O cronograma de implantação do projeto estabelece o mês de outubro com meta para


consolidação do fechamento do leito do rio pelas pré-ensecadeiras, com toda a vazão
afluente passando pelo Vertedouro, parcialmente construído, nessa ocasião. Durante o
mês seguinte, novembro, será dado início ao enchimento do reservatório até seu nível
d’água máximo normal, na El. 70,00 m, em uma única etapa.

O tempo de enchimento foi calculado considerando a seguinte regra operacional para o


Vertedouro:

• O Vertedouro será operado durante o período de elevação da ensecadeira (outubro)


de modo a manter a igualdade entre as vazões afluentes e defluentes, até a
consecução da cota final das ensecadeiras;

• Ao atingir as cotas finais das ensecadeiras (início de novembro) o Vertedouro é


parcialmente fechado de forma a garantir uma vazão mínima para jusante, admitida
por hipótese igual 3.293 m3/s, que corresponde ao valor de Q7,10 em AHE Santo
Antônio, possibilitando o enchimento do reservatório.

Admitindo a ocorrência de um ano hidrologicamente seco, definido como aquele com


90 % de permanência de vazões iguais ou maiores, a vazão afluente média mensal em
novembro é igual a 6.336 m³/s e o nível d´água do reservatório é igual a 50,95 m
(controlado pelo Vertedouro). O volume do reservatório entre esta cota e o NA normal
operativo, 70,00 m, é igual a 1.967,63 x 106 m³. Nessas condições o tempo de
enchimento do reservatório é de apenas 7,5 dias.

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A Tabela 4.18 apresenta os cálculos de tempo de enchimento do reservatório de Santo


Antônio no mês de novembro, considerando três situações hidrológicas distintas. Para
efeito dos estudos de qualidade da água, a situação crítica corresponde, naturalmente, ao
regime hidrológico mais seco, associado a uma permanência de 90% na Tabela. A Tabela
mostra também o que ocorreria se o enchimento fosse realizado em dezembro, numa
eventual hipótese de atraso no cronograma de execução da obra.

Tabela 4.18
Tempos de Enchimento do Reservatório de Santo Antônio

Reservatório
Vazões Tempos de
Mês de Regime Perma-
Afluentes Volume Diferença Vazão enchimento
Enchimento Hidrológico nência NA inicial Volume Final
m3/s Inicial Volume Defluente dias
m 106 m3
106 m3 106 m3 m3/s
Novembro Seco 90% 6.336 50,95 107,20 2.075,13 1.967,93 3.293 7,5
Médio 50% 9.755 52,61 129,56 2.075,13 1.945,57 3.293 3,5
Úmido 10% 14.654 54,55 166,56 2.075,13 1.908,57 3.293 1,9
Dezembro Seco 90% 10.576 52,95 134,67 2.075,13 1.940,46 3.293 3,1
Médio 50% 16.744 55,28 184,60 2.075,13 1.890,53 3.293 1,6
Úmido 10% 21.166 56,79 230,19 2.075,13 1.844,94 3.293 1,2

Da mesma forma procedida para o reservatório de Jirau, foi feita uma simulação da
incorporação do carbono rapidamente oxidável no reservatório de Santo Antônio,
considerando o enchimento concluído em 7,5 dias, no mês de novembro. Admitiuse, do
mesmo modo, uma taxa de transferência de carbono de 0,080/dia sobre a massa de
carbono remanescente.

A Figura 4.19 apresenta o resultado da simulação do enchimento do reservatório de


Santo Antônio, informando a evolução cronológica da carga de carbono oxidável
disponível e da carga transferida ao corpo hídrico.

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Figura 4.19
Incorporação da Biomassa no Reservatório de Santo Antônio
5000 0

Carga Inundada Remanescente (ton)


4500 10000

4000 20000

3500 30000

3000 40000

2500 50000

2000 60000
Carga Incorporada (ton/dia)

1500 70000

1000 80000

500 90000

0 100000
10/31/00 11/30/00 12/31/00 1/31/01

Carga Incorporada Carga Lançada Carga Remanescente

Percebe-se que, com as taxas adotadas, o processo estará totalmente estabilizado no


final de dezembro.

A Tabela 4.20 resume os principais resultados obtidos na simulação realizada, informando


as cargas máximas verificadas no mês de novembro e as correspondentes vazões em
trânsito (vazões com permanência de 90%). O Quadro apresenta ainda as cargas de
DBO, Nitrogênio e Fósforo calculadas a partir da transferência de carbono,
correspondente à carga máxima média de 5 dias, respeitando as relações DBO/C, N/C e
P/C já definidas anteriormente.

Tabela 4.20
Cargas Transferidas ao Reservatório de Santo Antônio Pela Biomassa Afogada

Enchimento em Novembro
Vazão com Permanência de 90 % (m³/s) 6.336
Vazão residual durante o enchimento (m³/s) 3.293
Nível d’água do reservatório (m) 70,00
Tempo de enchimento (dias) 7,5
Carga máxima de carbono oxidável (ton/dia) 4.408
Carga máxima média de cinco dias (ton/dia) 4.088
Carga máxima média de dez dias (ton/dia) 3.610
DBO associada à média de 5 dias (ton/dia) 11.038
Nitrogênio associado à média de 5 dias (ton/dia) 100,3
Fósforo associado à média de 5 dias (ton/dia) 12,15
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Esta Tabela define o cenário crítico de qualidade da água associado com o enchimento
do reservatório de Santo Antônio.

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5 ESTABELECIMENTO DO MODELO
DE QUALIDADE DA ÁGUA

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5.1. DESCRIÇÃO DO MODELO UTILIZADO NAS SIMULAÇÕES – QUAL2E

Para modelagem da qualidade da água na bacia do rio Madeira foi usado o modelo
matemático QUAL2E, desenvolvido por Brown e Barnwell em 1985 (Referência 11) . A
versão utilizada no presente trabalho possui interface para o ambiente Windows, tendo
sido desenvolvida por Lahlou, Sayedul, Baldwin e Boyton para o U.S. Environmental
Protection Agency, em 1995 (Referência 12).

O QUAL2E é um modelo bastante utilizado, capaz de simular um número grande de


constituintes de qualidade da água, considerando que estão completamente misturados
ao escoamento. O modelo assume que os principais mecanismos de transporte,
advecção e dispersão, são significativos apenas ao longo da direção principal do
escoamento (eixo longitudinal do rio ou canal). Em uma simulação, podem ser
considerados vários pontos de lançamento (cargas industriais e domésticas), captações,
entradas de tributários e de vazões incrementais, que podem ser positivas (contribuição
do aqüífero para o rio ou escoamento superficial que chega a calha do rio em um
determinado trecho) ou negativas (contribuição do rio para o aqüífero e retiradas de
água).

O modelo pode ser operado como permanente ou dinâmico. Quando operado na forma
permanente pode ser usado para estudo do impacto dos despejos (magnitude, qualidade
e localização) na qualidade da água do rio. Na forma dinâmica permite o estudo dos
efeitos das variações diurnas dos dados meteorológicos na qualidade da água (oxigênio
dissolvido e temperatura) e das variações do oxigênio dissolvido devido ao crescimento e
respiração das algas.

O modelo pode simular no máximo 15 constituintes de qualidade da água em qualquer


combinação desejada pelo usuário. Estes constituintes são: oxigênio dissolvido, demanda
bioquímica de oxigênio (DBO), temperatura, algas, nitrogênio orgânico, amônia, nitrito,
nitrato, fósforo orgânico, fósforo dissolvido, coliformes, constituinte não conservativo
(arbitrário), três constituintes conservativos.

Também permite o cálculo das vazões necessárias para diluição quando um nível
mínimo, pré-fixado, de oxigênio dissolvido não for alcançado. Para o caso específico da
demanda bioquímica de oxigênio e do oxigênio dissolvido, analisa a biodegradação da
matéria carbonácea, demanda bentônica e sedimentação da matéria orgânica.

O QUAL2E, mesmo sendo bem geral, apresenta certas limitações computacionais,


permitindo os seguintes valores máximos:

• Número de trechos 50
• Número de elementos computacionais 500
• Numero de elementos de cabeceira 10
• Número de junções 9
• Número de despejos e retiradas 50

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5.1.1. Representação Conceitual do Modelo

A Figura 5.1 ilustra a discretização de um trecho de rio, dividido em sete subtrechos ou


elementos computacionais de comprimentos longitudinais ∆x.

Figura 5.1
Discretização de Um Trecho de Rio no QUAL2E

Para cada subtrecho (i), pode-se descrever o balanço hidrológico em termos das vazões
de entrada a montante (Qi-1), vazões de entrada ou saídas laterais (Qxi) e vazões de

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saída (Qi). Da mesma forma, o balanço da massa para cada constituinte C pode ser
descrito em termos do transporte advectivo e dispersivo, podendo sofrer ainda, ao longo
dos subtrechos, acréscimos ou decréscimos devido a fontes ou sumidouros externos ou
internos, estes no caso de transformações bioquímicas.

O rio ou trecho de rio a ser simulado é dividido em trechos com características hidráulicas
homogêneas (declividade, rugosidade, seção transversal, etc.). Cada trecho é subdividido
em elementos computacionais de comprimentos iguais. No total, podem ser utilizados
sete tipos de elementos computacionais, descritos a seguir:

• Cabeceira - primeiro elemento do sistema principal e, eventualmente, de cada


tributário;
• Padrão - é aquele que não se enquadra como nenhum dos seis elementos restantes;
• Junção - elemento que representa a entrada de um tributário a ser simulado;
• Elemento à montante de uma junção;
• Último elemento do sistema;
• Despejos - cargas domésticas e industriais, vazões e respectivas cargas de
tributários que não estão sendo simulados;
• Retiradas - captações para abastecimento de cidades ou indústrias;

Os dados hidráulicos, os coeficientes de reação dos constituintes, as condições iniciais e


as vazões incrementais são constantes para todos os elementos computacionais dentro
de um trecho. A Figura 5.2, apresenta, como ilustração, a representação de um rio como
uma rede composta de trechos e elementos computacionais.

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Figura 5.2
Segmentação de Um Rio em Trechos e Elementos Computacionais

5.1.2. Representação Funcional do Modelo

A equação básica solucionada pelo modelo é a equação de transporte de massa


(advecção-dispersão), que é integrada numericamente num intervalo de tempo, para cada
constituinte de qualidade da água simulado. Esta equação inclui os efeitos de diluição,
advecção, reações e interações dos constituintes, fontes e consumidores de oxigênio.
Para qualquer constituinte simulado, C, a equação poderá ser escrita como:

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∂C
∂M
=
∂ AXDL
∂X
dx −
(
∂ A X uC ) dx + (A dx)
dC
+s 5.1
X
∂. t ∂X ∂X dt

onde:
t = tempo(T);
x = distância(L);
C = concentração (ML-3);
Ax = área da seção transversal (L2);
DL= coeficiente de dispersão (L2T-1);
u = velocidade média (LT-1);
s = fontes ou consumidores externos (MT-1);
M = massa (M).

Como M=V.C, temos:

∂M ∂( VC) ∂C ∂V
= =V +C
∂. t ∂. t ∂. t ∂. t 5.2

onde:

V= AX.dX = volume do subtrecho (m3).

∂Q V
Ao se assumir o regime permanente =0 ; = 0 , a equação 5.2 torna-se:
∂. t t
∂M ∂C
=V
∂. t ∂. t 5.3

Combinando as equações 5.1 e 5.3, obtém-se:

∂C
∂ AX D L
∂C
=
∂X

( +
)
∂ AX uC dC s
+
∂ .t AX ∂ X AX ∂ X dt V 5.4

onde os termos à direita representam, respectivamente, os mecanismos de dispersão,


advecção, variação total de concentração e fontes ou sumidouros.

Sob condições de regime permanente, os gradientes locais de concentração serão nulos


∂C
= 0 e as variações temporais de concentração de cada constituinte são definidas
∂ .t
dC
pela derivada total . Estas variações incluem reações físicas, químicas e biológicas
dt
(reaeração, respiração de algas, fotossíntese, decaimento de coliformes, etc).
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As equações diferenciais do modelo são resolvidas numericamente por diferenças finitas,


através de um esquema implícito regressivo. A base geral para este esquema consiste
em se encontrar o valor da variável (concentração do constituinte), como função do
espaço num certo tempo, uma vez conhecida a distribuição espacial num tempo anterior.
O tempo zero corresponde à condição inicial. A solução numérica das equações pode ser
encontrada nos estudos de Forattini (referência 15) e Chapra (referência 16).

5.1.3. Características Hidráulicas e Dispersão Longitudinal

O modelo assume que o regime hidráulico do rio ou canal é permanente, ou seja, ∂Q/∂t =
0. Desta forma, o balanço hidrológico de um elemento computacional pode ser escrito
como:

∂Q
= (Q x ) i
∂x i 5.5
onde ( Qx ) i é a soma das entradas e/ou retiradas externas para este elemento.

Uma vez solucionada a equação acima para Q, as outras características hidráulicas são
obtidas a partir das relações:

v = c. Qd 5.6
Q
AX = 5.7
v
h = a. Qb 5.8

Onde:
a, b, c e d - constantes determinadas a partir das relações entre a velocidade e a
vazão e a profundidade e a vazão;
v - velocidade média;
AX - área da seção transversal;
h - profundidade média; e ,
Q - vazão média no trecho.

Alternativamente, se estão disponíveis dados da seção transversal em função da


profundidade, v poderá ser obtido a partir da vazão Q e da equação de Manning, da
seguinte forma:

1
Q = . A x .R 2 /3
x .S 1/2
e
n 5.9

Onde:

Rx = raio hidráulico;
n = coeficiente de Manning;
Se = declividade da linha de energia;
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O valor de v é então determinado pela equação 5.6.

O coeficiente de dispersão longitudinal, DL, é calculado no modelo através da seguinte


equação empírica (Referência 17):

DL = 3,11 ⋅ K ⋅ n ⋅ v ⋅ h 5 / 6 5.10

Onde K é um parâmetro de dispersão e os demais símbolos já foram definidos.

5.1.4. Constituintes e Reações Considerados nas Simulações

Neste item são descritos alguns constituintes simulados pelo modelo, bem como as
expressões associadas à sua cinética. Embora o modelo QUAL2E trate de maior número
de constituintes e cinéticas, a descrição apresentada a seguir limita-se aos parâmetros
efetivamente considerados no presente trabalho.

a) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Oxigênio Dissolvido (OD)

O balanço de oxigênio em rios depende de sua capacidade de autodepuração. Esta


capacidade é função dos processos de advecção-difusão e do déficit interno de oxigênio
relativo aos valores de saturação.

Nesses sistemas, as principais fontes de produção de oxigênio estão relacionadas à


reaeração atmosférica, fotossíntese e cargas afluentes (tributários). Já a depleção do
oxigênio dissolvido está geralmente associada a oxidações bioquímicas da matéria
orgânica carbonácea e nitrogenada (DBO-C e DBO-N), demandas bentônicas e
processos de respiração.

As cinéticas para a demanda bioquímica carbonácea de oxigênio e para oxigênio


dissolvido, da forma como tratadas no modelo QUAL2E, são apresentadas a seguir.

dL
= − K1 ⋅ L − K 3 ⋅ L
dt

dO K
= − K 2 ⋅ (Os − O ) − K1 ⋅ L − 4
dt h

Onde:

L – demanda bioquímica carbonácea de oxigênio (mg/l);


K1 – taxa de decomposição de DBO (1/dia);
K3 – taxa de sedimentação de DBO (1/dia);
O – concentração de oxigênio dissolvido (mg/l);
K2 – taxa de reaeração (1/dia);
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Os – concentração de saturação de oxigênio (mg/l);


K4 – demanda de oxigênio do sedimento (g/m²/dia)

A reaeração atmosférica está diretamente relacionada ao déficit de oxigênio dissolvido em


suas águas, ou seja, à diferença entre as concentrações de saturação e as concentrações
reais existentes. Daí a importância de determinações precisas destes valores. A
solubilidade do oxigênio dissolvido em águas é diretamente proporcional à pressão
atmosférica e inversamente proporcional à temperatura, sendo calculada no modelo a
partir da formulação adotada pelo Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater, 16º ed., 1985.

Os mecanismos de reaeração em águas continentais têm sido alvo de muitos estudos,


existindo grande profusão de modelos conceituais, empíricos e semi-empíricos. Existe
consenso em afirmar que não existe uma formulação única capaz de enquadrar-se a
todos os rios, havendo, portanto, a necessidade de avaliação e seleção daquela que
melhor represente o processo para cada caso em particular.

O modelo QUAL2E possui a opção de ler diretamente valores medidos (ou estimados) do
coeficiente de reaeração, ou calcular através de sete fórmulas empíricas, relacionadas
com as características e geometria do canal.

b) Ciclo do nitrogênio

O ciclo do nitrogênio, ou nitrificação, é contemplado no modelo em três etapas:

1 - O nitrogênio orgânico, quando descarregado no corpo hídrico, sofre uma reação


(hidrólise) resultando como produto final a amônia;
2 - A amônia, por sua vez, é oxidada sob condições aeróbicas, na presença de bactérias
(nitrossomonas), dando origem ao nitrito.
3 - O nitrito formado é, em seguida, oxidado a nitrato, na presença de microorganismos
(nitrobactérias).

Nessas etapas ocorre consumo de oxigênio, motivo pelo qual a nitrificação é uma fonte
potencial de depleção de oxigênio em águas naturais. Estes processos são tratados, no
QUAL2E, da seguinte forma:

• Nitrogênio Orgânico

dN
4 = A − N4 − N4
dt 1 3 4

Onde:

N4 - concentração de nitrogênio orgânico (mg/l);


3 - taxa de hidrólise de nitrogênio orgânico em amônia (1/dia);
1 - fração de nitrogênio na biomassa das algas (mgN/mgA);
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- taxa de respiração das algas (1/dia);


A - concentração de biomassa de algas (mgA/l);
4 – taxa de sedimentação do nitrogênio orgânico (1/dia);

• Amônia

dN
1= N - N + /d - F1 A
dt 3 4 1 1 3 1

Onde:

N1 - concentração de amônia (mg/l);


N3 - concentração de nitrato (mg/l);
N4 - concentração de nitrogênio orgânico (mg/l);
1 - taxa de oxidação biológica da amônia (1/dia);
3 - taxa de hidrólise de nitrogênio orgânico em amônia (1/dia);
1 - fração de nitrogênio na biomassa das algas (mgN/mgA);
3 - taxa de fonte bentônica de amônia (1/dia);
d - profundidade média do escoamento (m);
F1 – fração do nitrogênio das algas retirado da amônia;
- taxa específica de aumento de algas (1/dia);
A - concentração de biomassa de algas (mgA/l);

• Nitrito

dN
2= N − N
dt 1 1 2 2

Onde:

N1 - concentração de amônia (mg/l);


N2 - concentração de nitrito (mg/l);
1 - taxa de oxidação biológica da amônia (1/dia);
2 - taxa de oxidação biológica do nitrito (1/dia);

• Nitrato

dN 3
= 2 N 2 − (1 − F) 1 A
dt

Onde:

F – fração de nitrogênio das algas retirado da amônia;


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1 - fração de nitrogênio na biomassa das algas (mgN/mgA);


- taxa específica de aumento de algas (1/dia);

c) Ciclo do Fósforo

No modelo, o ciclo do fósforo funciona de forma semelhante ao ciclo do nitrogênio. Assim,


a forma orgânica de fósforo é gerada através da morte das algas e é convertida para a
forma dissolvida, inorgânica. As equações que descrevem as transformações do ciclo do
fósforo são apresentadas a seguir:

• Fósforo Orgânico

dP
1= A − P1 − P
dt 2 4 5 1

Onde:

P1 - concentração de fósforo orgânico (mgP/l);


α 2 – conteúdo de fósforo nas algas (mgP/mgA);
- taxa de respiração das algas (1/dia);
A - concentração de biomassa de algas (mgA/l);
4 - taxa de decaimento do fósforo orgânico (1/dia);
5 – taxa de sedimentação do fósforo orgânico (1/dia).

• Fósforo Dissolvido

dP
2 = P+ /d - A
dt 4 1 2 2

Onde:

P2 - concentração de fósforo inorgânico ou dissolvido (mg/l);


2 – taxa de oxigênio dissolvido produzido pela camada bentônica (mgP/m²/dia);
d - profundidade média do escoamento (m);
- taxa de crescimento das algas (1/dia);
A - concentração de biomassa de algas (mgA/l).

5.1.5. Correção da Temperatura

Todos os coeficientes ou taxas de reação das variáveis de qualidade da água (com


exceção da concentração de saturação de oxigênio), dependentes da temperatura,
podem ser corrigidos para qualquer temperatura a partir da relação abaixo:

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X T = X 2T 0 . θ ( T − 2 0 )

Onde:

XT = valor da variável à temperatura local;


X T20 = valor da variável à 20oC;
T = temperatura (oC); e,
θ = constante empírica para cada variável dependente da temperatura.

O modelo utiliza:

θ = 1,0159 para o cálculo de K2


θ = 1,047 para calcular todos os demais coeficientes

5.2. CALIBRAÇÃO DO MODELO PARA AS CONDIÇÕES ATUAIS

5.2.1. Segmentação do Estirão Fluvial

O estirão fluvial do rio Madeira a ser simulado, desde sua confluência com o rio Abunã, a
montante, até sua confluência com o rio Jamarí, a jusante, totalizando 329 km,foi
segmentado em 29 trechos, escolhidos por apresentarem características hidráulicas
aproximadamente homogêneas. Nesta segmentação foi considerada ainda a localização
dos principais afluentes que ocorrem no estirão.

A caracterização hidráulica de cada trecho foi feita com base nas seções transversais
disponíveis, obtidas dos estudos de remanso dos reservatórios e dos estudos
sedimentológicos realizados. As seções do trecho situado a jusante de Porto Velho foram
obtidas a partir do Atlas da Hidrovia Madeira-Amazonas de Itacoatiara a Porto Velho,
produzido pela Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha em 1999.

A seção de Porto Velho foi obtida a partir de uma planta de estruturas do projeto da Ponte
Sobre o Rio Madeira – Porto Velho.

A Tabela 5.3, a seguir, apresenta uma relação das seções topobatimétricas disponíveis
para caracterização hidráulica do rio Madeira. Estas seções estão identificadas pela sua
distância, em km, até a confluência do rio Madeira com o rio Jamarí, ou seja, sua
distância ao limite de jusante da modelagem.

A Tabela indica também, quando existente, a correspondência entre os novos números


das seções e a numeração empregada nos estudos de remanso (modelo HEC-RAS) e a
numeração indicada nos desenhos dos Estudos de Viabilidade. Os trechos escolhidos
estão enfatizados na Tabela 5.3.

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Tabela 5.3
Relação das Seções Transversais Disponíveis Para Modelagem

Seção de referência
Seção Trecho Observações
HEC - RAS Desenho
329 1 42.3 S-42,3 Rio Abunã
327 1 42 S-42
320 1 41.5 S-41,5
315 1 41 S-41
309 2 40.5 S-40,5 Cachoeira do Pederneira
306 2 40 S-40
301 2 39 S-39
292 3 38.5 S-38,5
286 3 38 S-38 Cachoeira do Paredão
283 4 37 S-37
279 4 36 S-36
272 4 35 S-35
267 5 34.5 S-34,5
258 6 34 S-34
256 7 33 S-33 Cachoeira Três Irmãos
255 7 32 S-32 Ilha Três Irmãos
253 8 31 S-31
243 8 30 S-30
228 9 29 S-29
211 10 Cópia da seção 228 Cópia da seção 228 Seção auxiliar
210 11 28 S-28
207 12 18 S-23 Salto do Jirau
200 12 17 S-22 Cachoeira do Inferno
195 13 16 S-21
190 13 15 S-20
184 13 14 S-19 Ilha da Pedra
172 14 13 S-18 Ilha Santana
166 14 12 S-17
158 15 11 S-16 Ilha Niterói
151 16 10 S-15 Ilha São Patrício
145 17 9 S-14 Ilha Liverpool
139 17 8 S-13
128 18 7 S-12 Cachoeira Morrinho
120 19 6 S-11
110 19 5 S-10

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Tabela 5.3 (Continuação)


Relação das Seções Transversais Disponíveis Para Modelagem

Seção de referência
Seção Trecho Observações
HEC - RAS Desenho
105 20 4 S-9
98 21 3.5 S-8 Cachoeira de Teotônio
96 22 3 S-7
88 23 2 S-6
81 24 1 S-5 Cachoeira Santo Antônio
75 25 Ponte Projetada Ponte Projetada Porto Velho
63 26 Cópia da seção 75 Cópia da seção 75 Cópia da seção 75
42 27 Atlas Atlas
26 28 Atlas Atlas Ilha Jamarizinho
0 29 Atlas Atlas Foz do rio Jamari

Para cada trecho foi escolhida uma seção representativa, conforme apresentado na
Tabela 5.4, a seguir.

Tabela 5.4
Limites dos Trechos do Modelo QUAL2E e Seções Representativas

Trecho Seção Representativa Pk inicial (km) Pk final (km)


1 Mad1 - S315a 329 312
2 Mad2 - S315b 312 296
3 Mad3 - S292 296 284
4 Mad4 - S283 284 269
5 Mad5 - S267 269 262
6 Mad6 - S258 262 257
7 Mad7 - S256 257 253
8 Mad8 - S243a 253 238
9 Mad9 - S243b 238 224
10 Mad10 - S243c 224 210
11 Mad11 - Jirau 210 208
12 Mad12 - S200 208 197
13 Mad13 - S195 197 178
14 Mad14 - S166a 178 166
15 Mad15 - S166b 166 154
16 Mad16 - S151 154 145
17 Mad17 - S128a 145 134
18 Mad18 - S128b 134 124

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Tabela 5.4 (Continuação)


Limites dos Trechos do Modelo QUAL2E e Seções Representativas

Trecho Seção Representativa Pk inicial (km) Pk final (km)


19 Mad19 - S110 124 107
20 Mad20 - S105 107 98
21 Mad21 - S98teot 98 97
22 Mad22 - S96 97 92
23 Mad23 - S88 92 84
24 Mad24 - S81Sant 84 78
25 Mad25 - S63a 78 65
26 Mad26 - S63b 65 52
27 Mad27 - S26a 52 34
28 Mad28 - S26b 34 17
29 Mad29 - S26c 17 0

5.2.2. Características Hidráulicas dos Trechos

As características hidráulicas dos rios ou trechos de rios simulados são representadas


através das equações que relacionam velocidade média e vazão e profundidade média e
vazão, conforme descrito anteriormente. Os coeficientes a, b, c e d das equações 5.6 e
5.8, foram obtidos a partir dos dados resultantes das simulações com o modelo HEC-
RAS, e são apresentados a seguir, na Tabela 5.5.

Tabela 5.5
Coeficientes Empregados na Caracterização Hidráulica dos Segmentos

Trecho a b c d
1 1.6796 0.2535 0.0014 0.6886
2 1.6796 0.2535 0.0014 0.6886
3 1.2984 0.2687 0.0018 0.6312
4 0.7504 0.3202 0.0030 0.6293
5 0.1334 0.4638 0.0143 0.5036
6 0.8996 0.3099 0.0020 0.6560
7 0.0263 0.5908 0.0989 0.2574
8 1.5275 0.2581 0.0020 0.6431
9 1.5275 0.2581 0.0020 0.6431
10 1.5275 0.2581 0.0020 0.6431
11 0.0363 0.5387 0.6686 0.2248
12 1.8906 0.2403 0.0012 0.6941

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Tabela 5.5 (Continuação)


Coeficientes Empregados na Caracterização Hidráulica dos Segmentos

Trecho a b c d
13 1.3526 0.2697 0.0009 0.6900
14 4.1580 0.1053 0.0041 0.5544
15 4.1580 0.1053 0.0041 0.5544
16 0.0434 0.5223 0.0154 0.3907
17 0.1009 0.4792 0.0074 0.4968
18 0.1009 0.4792 0.0074 0.4968
19 0.3828 0.3435 0.0036 0.6276
20 0.1204 0.4333 0.0057 0.5468
21 0.0002 0.9917 2.0982 0.0760
22 0.0140 0.6249 0.5837 0.0499
23 0.1553 0.4538 0.0127 0.4830
24 0.6379 0.3235 0.0040 0.5981
25 2.2586 0.2135 0.0014 0.7035
26 2.2586 0.2135 0.0014 0.7035
27 2.4874 0.2241 0.0003 0.8090
28 2.4874 0.2241 0.0003 0.8090
29 2.4874 0.2241 0.0003 0.8090

No presente estudo foram considerados todos os principais afluentes do rio Madeira,


representados no modelo como uma entrada pontual de despejo, com a concentração de
DBO, oxigênio dissolvido e a vazão correspondente.

5.2.3. Cenários Escolhidos Para Calibragem e Condições de Contorno Associadas

Com base nos resultados das cinco campanhas de coleta de amostras para análise de
qualidade da água realizadas, foram definidos cenários para calibração do modelo:
Estiagem, Enchente, Cheia e Vazante. Na calibração foi dada maior ênfase ao primeiro
cenário, Estiagem, por ser o mais representativo das condições críticas (baixas vazões) a
serem consideradas nas simulações da qualidade da água dos futuros reservatórios.

Para cada cenário foram considerados como condição de contorno os valores de vazão
afluente no início do trecho de montante do rio Madeira e nos tributários, bem como os
parâmetros de qualidade da água associados.

A Tabela 5.6, a seguir, apresenta, de forma resumida, as vazões afluentes e respectivas


concentrações, para cada cenário estudado. O cenário de cheia considerado foi o
correspondente a março, com vazão de 33.000 m³/s.

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Tabela 5.6
Condições de Contorno Adotadas na Calibração

Fósforo
CENÁRI Vazão Temperat. OD DBO Norg Amônia Nitrato Ortofosfato
Orgânico
MÊS
O
3/ o
m s C mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l mg/l
NOV Enchente 10000 29,0 6,1 0,11 3,7 0,09 0,83 0,0098 0,0047
JAN Cheia 24000 28,3 4,5 1,05 4,2 0,14 0,51 0,0013 0,0013
MAR Cheia 33300 28,7 4,8 0,91 4,9 0,16 0,40 0,0052 0,0033
MAI Vazante 22500 24,4 8,6 1,01 13,7 0,09 0,40 0,0103 0,0053
JUL Estiagem 10500 25,8 7,1 0,78 6,8 0,10 0,17 0,0163 0,0128

5.2.4. Calibração dos Parâmetros

Os parâmetros de qualidade da água resultantes da calibração do modelo são


apresentados na Tabela 5.7, a seguir. Trata-se do conjunto que apresentou melhor
resultado considerando o critério de priorizar o ajuste para o período de estiagem, sem
perder representatividade nos demais períodos.

Tabela 5.7
Parâmetros Obtidos na Calibração

Trecho K1 K2 3 4 1 3 2 4 5 2

1 0,1 0,3 0,03 0,05 0,8 0,1 1 0,15 0,35 0,01


2 0,1 0,3 0,03 0,05 0,8 0,1 1 0,15 0,35 0,01
3 0,1 0,3 0,03 0,05 0,8 0,1 1 0,15 0,35 0,01
4 0,1 0,3 0,03 0,05 0,8 0,1 1 0,15 0,35 0,01
5 0,1 0,3 0,03 0,05 0,8 0,1 1 0,15 0,35 0,01
6 0,1 0,5 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,15 0,35 0,01
7 0,1 0,5 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,15 0,35 0,01
8 0,1 0,4 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,15 0,35 0,01
9 0,1 0,5 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,15 0,35 0,01
10 0,1 0,5 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,15 0,35 0,01
11 0,1 4,5 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,05 0,35 0,01
12 0,1 0,9 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,05 0,35 0,01
13 0,1 0,9 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,05 0,35 0,01
14 0,1 0,9 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,05 0,35 0,01
15 0,1 1,4 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
16 0,1 1,8 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01

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Tabela 5.7 (Continuação)


Parâmetros Obtidos na Calibração

Trecho K1 K2 3 4 1 3 2 4 5 2

17 0,1 1,8 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01


18 0,1 2 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
19 0,1 2,1 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
20 0,1 2,1 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
21 0,1 6 0,09 0,2 2 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
22 0,1 4 0,09 0,2 1,5 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
23 0,1 1,6 0,09 0,2 1,5 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
24 0,1 1,6 0,09 0,2 1,5 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
25 0,1 0,6 0,09 0,2 1,5 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
26 0,1 0,6 0,09 0,2 1,5 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
27 0,1 0,3 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
28 0,1 0,3 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01
29 0,1 0,3 0,03 0,01 1 0,1 0,2 0,04 0,35 0,01

As Figuras 5.8 e 5.9 apresentam os resultados obtidos na calibração do modelo,


confrontando, para os cenários de estiagem e de cheia, os perfis de concentração dos
diversos constituintes simulados com os dados medidos de qualidade da água nos
diversos pontos monitorados ao longo do rio Madeira.

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Figura 5.8
Calibração do Modelo QUAL2E – Período de Estiagem

VAZÕES

10800
10750
10700
Q (m³/s)

10650
10600
10550
10500
10450
300 250 200 150 100 50 0
Distância (km)

Oxigênio Dissolvido DBO


9 4
8
7 3 calibração modelo
DBO (mg/l)

6 dados medidos
OD (mg/l)

5
2
4
3
2 calibração modelo 1
1 dados medidos
0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


16 0.2
14
calibração modelo
12 calibração modelo
dados medidos
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

10
dados medidos
8 0.1
6
4
2
0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

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Figura 5.9
Calibração do Modelo QUAL2E – Período de Cheia

VAZÕES

34200

Q (m³/s) 34000

33800

33600

33400

33200
300 250 200 150 100 50 0
Distância (km)

Oxigênio Dissolvido DBO


8 4
7
6 3 calibração modelo
DBO (mg/l)

dados medidos
OD (mg/l)

5
4 2
3
2 calibração modelo 1
1 dados medidos
0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


16 0.2
14
calibração modelo
12 calibração modelo
dados medidos
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

10
dados medidos
8 0.1
6
4
2
0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

5.3. MODIFICAÇÃO DOS PARÂMETROS PARA CONSIDERAR O EFEITO DOS RESERVATÓRIOS

A implantação dos reservatórios irá afetar, principalmente, a capacidade de


autodepuração do rio Madeira no trecho inundado, pois, com a redução das velocidades
de escoamento a superfície líquida se ornará mais tranqüila, reduzindo-se as trocas de
oxigênio com a atmosfera.

Para levar em consideração este fato na modelagem, os coeficientes de reaeração


estabelecidos na fase de calibração deveriam ser alterados (reduzidos). Esta tarefa seria
automática, caso se houvesse optado, na fase de calibração, por empregar qualquer uma
das fórmulas oferecidas pelo modelo para calcular os coeficientes. Entretanto, como não
se obteve sucesso com nenhuma das fórmulas, os coeficientes foram ajustados
individualmente para cada trecho.

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Para a situação futura, com os reservatórios, como não se dispõe de uma referência, o
cálculo dos novos coeficientes deve ser feito de forma criteriosa, para que os valores
adotados não resultem arbitrários. No presente estudo, adotou-se o seguinte
procedimento:

• Identificou-se, dentre os métodos disponíveis no QUAL2E, aquele que fornecia


coeficientes de reaeração mais próximos dos calibrados;

• Com este método, calcularam-se os coeficientes de reaeração em cada trecho, nas


condições atuais e futuras, com os reservatórios;

• Finalmente, admitiu-se como premissa que os coeficientes calibrados seriam


modificados, pela presença dos reservatórios, na mesma proporção em que os
coeficientes teóricos o foram.

Com esse procedimento foi possível alterar, de forma racional, os coeficientes de


reaeração do rio Madeira, em cada trecho, para levar em consideração a presença dos
reservatórios.

O método que apresentou coeficientes teóricos mais próximos daqueles definidos na


calibração foi o de Thackston & Krenkel (referência 18). Os coeficientes de reaeração
modificados são apresentados na Tabela 5.10, a seguir.

Tabela 5.10
Modificação dos Coeficientes de Reaeração Para Considerar os Reservatórios

Coeficiente de Reaeração Coeficiente de Reaeração


Trecho
Atual Modificado
1 0,37 0,18
2 0,37 0,21
3 0,37 0,19
4 0,37 0,10
5 0,37 0,04
6 0,61 0,17
7 0,61 0,09
8 0,49 0,19
9 0,61 0,27
10 0,61 0,61
11 5,51 0,14
12 1,10 1,00
13 1,10 1,03
14 1,10 0,02
15 1,71 0,34

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Tabela 5.10 (Continuação)


Modificação dos Coeficientes de Reaeração Para Considerar os Reservatórios

Coeficiente de Reaeração Coeficiente de Reaeração


Trecho
Atual Modificado
16 2,20 1,73
17 2,20 1,58
18 2,45 0,78
19 2,57 0,68
20 2,57 0,39
21 4,96 0,05
22 4,89 0,18
23 1,96 0,22
24 1,96 1,78
25 0,73 0,73
26 0,73 0,73
27 0,37 0,37
28 0,37 0,37
29 0,37 0,37

Outra importante modificação introduzida pela implantação dos empreendimentos é a


reaeração forçada associada aos vertimentos e também às turbinagens, devido à grande
turbulência provocada, particularmente no primeiro caso. Para levar este fato em
consideração, foi empregado um recurso adicional fornecido pelo modelo QUAL2E –
reaeração em barragens. Conceitualmente, admite-se que o déficit de oxigênio a jusante
da barragem (Db) será modificado, devido à turbulência provocada pela queda, em função
ao déficit de oxigênio das águas do reservatório (Da), da temperatura da água (T) e da
altura de queda (H), de acordo com a seguinte expressão:

1
Da − Db = 1 − ⋅ Da
1 + 0,116 ⋅ a ⋅ b ⋅ H ⋅ (1 − 0,034 ⋅ H ) ⋅ (1 + 0,46 ⋅ T )

Nesta expressão, a e b são parâmetros que dependem do grau de contaminação da


água (a) e da estrutura hidráulica de descarga (b). Para as águas do rio Madeira, pode-se
adotar a=1,0. Para as vazões turbinadas, pode-se adotar b=0,05, enquanto que para
vazões vertidas, controladas por comportas, adota-se b=0,40.

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6. SIMULAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA


NOS FUTUROS RESERVATÓRIOS

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6.1. DESCRIÇÃO DOS CASOS SIMULADOS

Conforme já exposto, o principal impacto decorrente do estabelecimento dos reservatórios


do rio Madeira sobre a qualidade da água ocorrerá na fase de enchimento, em
decorrência do afogamento da biomassa correspondente às áreas inundadas.
Naturalmente, esta condição será crítica se o enchimento dos reservatórios ocorrer no
período de estiagem, quando ocorrem as vazões mínimas.

A Tabela 6.1 apresenta as estatísticas de máxima, média, mínima e Q90% das vazões
médias mensais do rio Madeira em Porto Velho. As vazões mínimas ocorrem no período
de agosto a outubro, apresentando valores médios em torno de 7.000 m³/s, mas podendo
chegar à casa dos 4.000 m³/s ou menos.

Tabela 6.1
Características das Vazões Médias Mensais do Rio Madeira em Porto Velho

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
MÍNIMA 13.547 17.779 20.861 18.267 13.684 7.075 4.862 3.732 3.651 3.683 4.906 8.809 3.651
MÉDIA 24.268 29.582 34.207 30.706 23.107 16.155 10.750 6.938 5.691 6.944 10.553 16.896 17.983
MÁXIMA 44.794 40.802 47.492 47.069 39.476 27.384 21.144 13.126 12.608 15.455 20.089 34.155 47.492
Perm 90% 17.551 22.398 25.575 23.070 16.042 11.381 7.616 5.080 4.042 4.621 6.278 10.342 5.647

Conforme descrito no item 4, quando foram calculadas as cargas decorrentes do


afogamento da vegetação para os dois reservatórios, a operação de enchimento de
ambos está prevista para o mês de novembro. As exigências construtivas relacionadas a
esta data permitem afirmar que ao será possível antecipar o início do enchimento – na
verdade, os estudos de engenharia chegam a considerar a hipótese de haver um atraso
de um mês nessa operação.

Assim, para os propósitos do presente trabalho, admitiu-se como condição básica início
do enchimento dos reservatórios no mês de novembro, sabendo-se que um atraso nessa
data conduziria a condições ambientais mais favoráveis, sob o ponto de vista da
qualidade da água.

Como é interesse do estudo diagnosticar também os efeitos sinérgicos entre os dois


reservatórios e também o desempenho do sistema em condições operativas, após a
estabilização da biomassa, foram simulados, no total, cinco cenários prospectivos, a
seguir descritos.

• Cenário 1 – Enchimento do reservatório de Jirau, implantado em primeira adição,


recebendo as cargas decorrentes da biomassa afogada;

• Cenário 2 – Enchimento do reservatório de Santo Antônio, implantado em primeira


adição, recebendo as cargas decorrentes da biomassa afogada;

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• Cenário 3 – Enchimento do reservatório de Jirau, implantado em segunda adição


(Santo Antônio já estabilizado), recebendo as cargas decorrentes da biomassa
afogada;

• Cenário 4 – Enchimento do reservatório de Santo Antônio implantado em segunda


adição (Jirau já estabilizado), recebendo as cargas decorrentes da biomassa afogada;

• Cenário 5 – Operação com ambos os reservatórios implantados e já estabilizados


(condição operativa).

6.2. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES DO QUAL2E

Para os cinco cenários descritos no item anterior, foi simulada a evolução da qualidade da
água do rio Madeira ao longo de todo o estirão de interesse, tendo sido dada ênfase no
balanço entre oxigênio dissolvido e demanda bioquímica de oxigênio (auto depuração) e
nas concentrações de fósforo e nitrogênio (nutrientes).

O estudo do enchimento do reservatório do AHE Jirau exige a realização de três


simulações, já que se processará em três etapas, conforme descrito anteriormente, não
sendo possível estabelecer a priori qual delas será a crítica. Assim, os dois primeiros
cenários deeram origem a 6 simulações de qualidade da água. Os cenários restantes
correspondem cada um a uma simulação, de forma que no total foram realizadas 9
simulações de qualidade da água no rio Madeira.

Os resultados obtidos são apresentados em forma de gráficos, sendo os valores


numéricos de maior importância discutidos individualmente.

6.2.1. Cenário 1 – Enchimento do Reservatório de Jirau em Primeira Adição

As Figuras 6.2 a 6.4 resumem os resultados obtidos nas simulações do cenário 1,


considerando-se as três fases do enchimento do reservatório de Jirau. Observa-se uma
depleção significativa nos níveis de oxigênio dissolvido dentro do reservatório na primeira
fase da operação de enchimento, com as concentrações chegando a valores inferiores a
3 mg/l. Nas duas fases subseqüentes, como as vazões em trânsito já são maiores, as
concentrações mínimas de OD ficam um pouco maiores, apesar das cargas lançadas
serem também mais elevadas.

Conforme será visto mais adiante, na análise do Cenário 5 (operativo), o trecho do rio
Madeira afogado pelo reservatório de Jirau apresenta grande número de corredeiras que,
no mês de novembro, quando as vazões são mais baixas, propiciam condições
excelentes de reaeração, ajudando a manter elevados os níveis de oxigênio dissolvido.
Com a implantação do reservatório, e o conseqüente afogamento das corredeiras, este
efeito deixa de existir. No caso do Cenário 1, aqui analisado, existe ainda a elevada carga
de DBO associada com o afogamento da biomassa, que concorre para reduzir ainda mais
as concentrações de oxigênio dissolvido no reservatório.

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Nas três fases do Cenário 1, observa-se que há uma grande recuperação dos níveis de
OD a jusante da barragem de Jirau, efeito provocado pela turbulência das vazões
vertidas. Durante o enchimento, a maior parte da vazão descarregada para jusante passa
pelo vertedouro, pois existem ainda poucas unidades geradoras instaladas e, via de regra,
as unidades que já podem operar encontram-se ainda em fase de comissionamento.

Figura 6.2
Cenário 1 – Fase 1
Enchimento do Reservatório de Jirau (1a Adição) Até a Cota 85,00 m – Novembro

OD DBO
8 3

7
2.5
6

DBO (mg/l)
2
OD (mg/l)

4 1.5

Santo Antônio
Santo Antônio

Porto Velho
Porto Velho

Abunã
0.5
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Abunã

Jirau

Porto Velho

Abunã

Jirau
Santo Antônio

Santo Antônio

Porto Velho
7

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

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Figura 6.3
Cenário 1 – Fase 2
Enchimento do Reservatório de Jirau (1a Adição) Até a Cota 87,50 m – Dezembro
OD DBO
8 7

7 6
6 5

DBO (mg/l)
OD (mg/l)

5
4
4
3
3

Santo Antônio
Santo Antônio

Porto Velho
2

Porto Velho
2

Abunã
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Abunã

Jirau

Porto Velho

Abunã

Jirau
Santo Antônio

Santo Antônio

Porto Velho
7

6
Norg (mg/l)

5 Porg(mg/l)
4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

Figura 6.4
Cenário 1 – Fase 3
Enchimento do Reservatório de Jirau (1a Adição) Até a Cota 90,00 m – Janeiro

OD DBO
8 6

7
5
6
DBO (mg/l)

4
OD (mg/l)

4 3

3
Santo Antônio
Santo Antônio

2
Porto Velho
Porto Velho

2
Abunã

1
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

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6.2.2. Cenário 2 – Enchimento do Reservatório de Jirau em Segunda Adição

As Figuras 6.5 a 6.7 resumem os resultados obtidos nas simulações do cenário 2,


considerando-se as três fases do enchimento do reservatório de Jirau, agora com o
reservatório de Santo Antônio implantado e já estabilizado. Este Cenário acrescenta ao
anterior uma condição desfavorável que é a redução da capacidade de reaeração do
trecho correspondente ao reservatório de Santo Antônio. Como as cargas produzidas pela
biomassa afogada são as mesmas que as do Cenário 1, as concentrações de OD a
jusante de Jirau passam a ser mais baixas que no caso anterior.

Observa-se que, no mês de janeiro, apesar da vazão em trânsito ser maior que nos dois
meses anteriores, os níveis de OD dentro do reservatório de Santo Antônio apresentam
redução significativa, caindo abaixo dos 5,0 mg/l. Esta condição repercute ainda a
jusante, com as concentrações de OD ficando próximas de 5 mg/l no final do trecho, a
jusante de Porto Velho.

Figura 6.5
Cenário 2 – Fase 1
Enchimento do Reservatório de Jirau (2a Adição) Até a Cota 85,00 m – Novembro

OD DBO
8 3

7
2.5
6
DBO (mg/l)

2
OD (mg/l)

4 1.5

Santo Antônio
Santo Antônio

Porto Velho
Porto Velho

2
Abunã

0.5
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

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Figura 6.6
Cenário 2 – Fase 2
Enchimento do Reservatório de Jirau (2a Adição) Até a Cota 87,50 m – Dezembro

OD DBO
8 7

7 6
6 5

DBO (mg/l)
OD (mg/l)

5
4
4
3
3

Santo Antônio
Santo Antônio

Porto Velho
2

Porto Velho
2

Abunã
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho
7

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)
5

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

Figura 6.7
Cenário 2 – Fase 3
Enchimento do Reservatório de Jirau (2a Adição) Até a Cota 90,00 m – Janeiro

OD DBO
8 6

7
5
6
DBO (mg/l)

4
OD (mg/l)

4 3

3
Santo Antônio
Santo Antônio

2
Porto Velho
Porto Velho

2
Abunã

1
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

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6.2.3. Cenário 3 – Enchimento do Reservatório de Santo Antônio em Primeira Adição

A Figuras 6.8 resume os resultados obtidos nas simulações do cenário 3, considerando-


se o enchimento do reservatório de Santo Antônio. Observa-se as concentrações de DBO
alcançam o valor máximo de 19 mg/l no trecho médio do reservatório, enquanto que as
maiores depleções de oxigênio dissolvido ocorrem junto à barragem, com cerca de 2,3
mg/l. A recuperação de oxigênio dissolvido observada a jusante da barragem se deve à
reaeração localizada propiciada pelo vertedouro, já que nessa fase de enchimento o fluxo
para jusante é controlado pelo mesmo. No final do trecho simulado ainda se notam os
efeitos da grande orgânica introduzida no sistema e ainda não estabilizada – as
concentrações de OD neste ponto, em torno de 3,3 mg/l, já dão mostras de recuperação.
Apesar da biomassa total afogada pelo reservatório de Santo Antônio ser menor que a do
reservatório de Jirau, o processo de enchimento é realizado em uma etapa única, com
duração de 7,5 dias, acarretando a solubilização de uma maior carga de carbono
oxidável, cuja estabilização demanda maior quantidade de oxigênio.

Figura 6.8
Cenário 3
Enchimento do Reservatório de Santo Antônio Em Primeira Adição – Novembro

OD DBO
8 20
18
7
16
6
DBO (mg/l)

14
OD (mg/l)

5 12
4 10

Santo Antônio
8
3

Porto Velho
Santo Antônio

6
Porto Velho

2
Abunã

Jirau

4
Abunã

Jirau

1 2
0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

6.2.4. Cenário 4 – Enchimento do Reservatório de Santo Antônio em Segunda Adição

A Figuras 6.9 resume os resultados obtidos nas simulações do cenário 4, considerando-


se o enchimento do reservatório de Santo Antônio, agora com o reservatório de Jirau
implantado e já estabilizado. Apesar da presença do reservatório de Jirau a montante,
este cenário não apresentou qualidade da água inferior que o cenário anterior. Se, por um
lado, o reservatório de Jirau libera menores concentrações de OD para jusante, libera
também, depois de estabilizado, menores teores de fósforo e nitrogênio, limitando a
PJ-0580-G3-GR-RL-0001 6. 8 Engº José Eduardo Moreira
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atividade biológica no reservatório de jusante. Com isso, a depleção de oxigênio


dissolvido fica ligeiramente menor que no cenário anterior.

As diferenças porém são pequenas e os resultados são afetados por imprecisões nas
premissas de simulação, como não considerar carga de sedimentos (que deve aumentar
com o reservatório, mesmo estabilizado.

Os resultados da simulação, portanto, não permitiram distinguir com clareza os efeitos da


presença do reservatório de Jirau sobre o enchimento de Santo Antônio, ou seja, não foi
possível diferenciar, com segurança, os efeitos da implantação de Santo Antônio em
primeira ou segunda adição.

Figura 6.9
Cenário 4
Enchimento do Reservatório de Santo Antônio Em Segunda Adição – Novembro

OD DBO
8 20
18
7
16
6
DBO (mg/l)

14
OD (mg/l)

5 12
4 10

Santo Antônio
8
3

Porto Velho
Santo Antônio

6
Porto Velho

2
Abunã

4 Jirau
Abunã

Jirau

1 2
0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho
7

6
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

6.2.5. Cenário 5 – Qualidade da Água dos Dois Reservatórios em Condições Operativas

A Figura 6.10 resume os resultados obtidos nas simulações do cenário 5, que contempla
a qualidade da água do rio Madeira com vazão em trânsito correspondente à observada
durante a campanha de monitoramento, período de novembro de 2003 – enchente. Neste
Cenário, admite-se a presença dos dois reservatórios com a biomassa afogada já
estabilizada – computa-se apenas a diferença introduzida pelos reservatórios sobre a
capacidade de autodepuração do rio Madeira.

A Figura 6.10 mostra também a simulação em condições naturais (linhas cor-de-rosa),


permitindo que se perceba as diferenças mais marcantes de qualidade da água.

PJ-0580-G3-GR-RL-0001 6. 9 Engº José Eduardo Moreira


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A modificação mais significativa foi a redução da capacidade de reaeração em Jirau, que


é o reservatório mais profundo, trazendo como conseqüência uma maior depleção nas
concentrações de oxigênio. Nota-se também nesses resultados as conseqüências de
maior consumo de nutrientes, com os índices de fósforo e nitrogênio sendo reduzidos em
Jirau, juntamente com a DBO consumida.

Figura 6.10
Cenário 5
Operação dos Dois Reservatórios Já Estabilizados

Oxigênio Dissolvido DBO


8
1
7

6 0.8
OD (mg/l)

DBO (mg/l)
5
0.6
4

3 0.4
Santo Antônio

Santo Antônio
Porto Velho

Porto Velho
0.2
Abunã

1
Abunã

Jirau
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


16 0.2
Abunã

Jirau

Porto Velho
Santo Antônio

14
Abunã

Jirau

Porto Velho
Santo Antônio
12
Norg (mg/l)

Porg(mg/l)

10

8 0.1
6
4

2
0
0
300 250 200 150 100 50 0
300 250 200 150 100 50 0
Distância (km) Distância (km)

6.3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

As simulações realizadas permitiram avaliar o impacto da implantação dos


Aproveitamentos de Jirau e Santo Antônio sobre a qualidade da água do rio Madeira,
considerando os efeitos sinérgicos entre os dois reservatórios, tanto durante a fase de
enchimento quanto na fase operativa, mais tarde.

As alterações na qualidade da água provocadas pelo enchimento do reservatório de Jirau


são muito atenuadas pelo fato da operação ser executada em três fases, em atendimento
à regra operativa definida nos Estudos de Viabilidade. A introdução das cargas
decorrentes da biomassa afogada é feita de forma gradual, resultando numa redução dos
impactos potencias sobre a qualidade da água. Mesmo assim, foi simulada uma grande
depleção nos índices de oxigênio dissolvido dentro do reservatório de Jirau.

O rio Madeira a jusante de Jirau apresentou excelente capacidade de recuperação, de


forma que a qualidade da água não ficou comprometida pelo enchimento do reservatório,
mesmo em segunda adição.

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Já o enchimento do reservatório de Santo Antônio, executado em uma única etapa,


apresentou conseqüências mais visíveis sobre a qualidade da água do rio Madeira, efeito
que se propagou para jusante da barragem, cobrindo todo o estirão simulado (até a
confluência com o rio Jamarí). Nas simulações de enchimento em segunda adição os
resultados foram ligeiramente melhores, possivelmente devido ao efeito estabilizador do
reservatório de Jirau, depois de consumida a biomassa de oxidação mais rápida,
conforme já discutido.

As concentrações de oxigênio a jusante da barragem de Santo Antônio atingiram níveis


potencialmente críticos, abaixo de 3,0 mg/l, na fase de enchimento.

Buscando avaliar melhor o enchimento do reservatório de Santo Antônio, foi feita a


simulação de um Cenário 3 Alternativo, admitindo que o enchimento fosse adiado para o
mês de dezembro, quando as vazões em trânsito ficam maiores. A Figura 6.11 apresenta
o resultado dessa simulação.

Pode-se ver, comparando a Figura 6.11 com a Figura 6.8, que houve uma pequena
melhora nas concentrações de OD, tanto dentro do reservatório quanto a jusante da
barragem, revelando que esta pode ser uma possível medida mitigadora para este
impacto.

Outra possibilidade, que não foi simulada por falta de informações adequadas, seria
dividir o enchimento de Santo Antônio em duas etapas, de forma similar ao que ocorre
com Jirau.

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Figura 6.11
Cenário 3 Alternativo
Enchimento do Reservatório de Santo Antônio (1a Adição) Até a Cota 70,00 m
Análise da Transferência do Enchimento Para Dezembro

OD DBO
8 14

7 12
6 10

DBO (mg/l)
OD (mg/l)

5
8
4
6

Santo Antônio
3

Porto Velho
Santo Antônio

Porto Velho
4
2

Abunã

Jirau
Abunã

2
Jirau

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

Nitrogênio Orgânico Fósforo Orgânico


8 0.2
Jirau
Abunã

Santo Antônio

Porto Velho

Abunã

Jirau

Santo Antônio

Porto Velho
7

6
Porg(mg/l)
Norg (mg/l)

4 0.1

0 0
300 250 200 150 100 50 0 300 250 200 150 100 50 0

Distância (km) Distância (km)

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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Foi realizada uma modelagem da qualidade da água ao longo do estirão do rio Madeira
compreendido entre sua confluência com o rio Abunã, onde se inicia o reservatório do
futuro AHE Jirau, e sua confluência com o rio Jamarí, cerca de 80 km a jusante do local
previsto para implantação do AHE Santo Antônio.
O objetivo principal desta modelagem foi prognosticar as alterações de qualidade da água
do rio Madeira provocadas pela implantação dos dois aproveitamentos, considerando sua
seqüência de implantação e os efeitos sinérgicos associados. O trabalho procurou seguir
o escopo estabelecido no Termo de Referência preparado pelo IBAMA, de acordo com o
texto transcrito na introdução deste relatório.
Buscando encerrar as informações e análises realizadas em um único documento, e com
isso evitar consultas desnecessárias, foi feita a reprodução de alguns trechos da
Referência 1 necessários para a caracterização geral da qualidade da água atual do rio
Madeira.
Os dois reservatórios a serem implantados apresentam características de corpos d’água
de comportamento essencialmente fluvial, existindo poucos, mas importantes, trechos
com escoamento de baixas velocidades. Mais que isso, as diferenças entre as
velocidades de escoamento naturais e aquelas que ocorrerão após a implantação dos
reservatórios são pequenas, de forma que os tempos de residência da água serão curtos,
da ordem de horas ou poucos dias, mesmo durante as estiagens.
Por este motivo, adotou-se uma metodologia de modelagem de qualidade da água típica
de rios, tendo-se empregado nos estudos o modelo QUAL2E, desenvolvido pela EPA –
Environmental Protection Agency para simulação de qualidade da água de rios e
estuários.
Os aspectos ambientais mais importantes decorrentes da implantação dos
empreendimentos, sob o ponto de vista da qualidade da água do rio Madeira, e que
nortearam o desenvolvimento dos estudos aqui apresentados, são:
- A presença dos reservatórios irá reduzir substancialmente a capacidade de reaeração
do curso d’água, em virtude do afogamento de algumas cachoeiras existentes,
responsáveis por criar condições localizadas de super-saturação de oxigênio
dissolvido; e
- A grande quantidade de biomassa existente na área dos futuros reservatórios poderá
provocar condições de qualidade da água críticas em determinados trechos dos
reservatórios, durante o período de enchimento e no início de operação.
Na modelagem, procurou-se enfatizar o período de enchimento dos dois reservatórios,
justamente por ser o momento em que as maiores cargas poderiam ser introduzidas no
sistema, devido ao afogamento da vegetação existente na área inundada. Admitiu-se nas
simulações, que toda a vegetação existente seria afogada, hipótese conservadora, mas
condizente com o momento atual, de análise de viabilidade ambiental dos
empreendimentos. Em estudos futuros, dispondo-se de um modelo mais elaborado
espacialmente (bi-dimensional, pelo menos), será possível estudar estratégias de

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supressão da vegetação existente, localizadas ou não, buscando minimizar os efeitos


indesejáveis de seu afogamento pelo reservatório.
Os principais resultados obtidos nas análises permitiram extrair as conclusões
apresentadas a seguir.

7.1 Período de Implantação dos Empreendimentos

7.1.1 AHE Jirau em Primeira Adição


A implantação do reservatório do AHE Jirau será feita em três etapas, em virtude de sua
regra operativa, que determina níveis d’água variáveis mês a mês. Por esse motivo, a
introdução das cargas decorrentes do afogamento da biomassa será gradual, sendo que
a maior parcela dessa carga será incorporada no mês de janeiro, quando as vazões em
trânsito são incrementadas.
Sob o ponto de vista do oxigênio dissolvido, a fase mais crítica será a primeira, no mês de
novembro, quando do enchimento do reservatório até a El. 85,00 m. Com vazão de
diluição mais baixa nesse mês (6.200 m³/s), a concentração de oxigênio dissolvido sofre
uma depleção para valores reduzidos, porém próximos aos 3 mg/L.
Nos meses de dezembro e janeiro, mesmo que as cargas de DBO alcancem valores
significativamente maiores, os níveis mínimos de OD superam essa marca (3 mg/L).
Como durante o enchimento do reservatório as vazões liberadas para jusante passam
necessariamente pelo vertedouro, já que nessa ocasião os equipamentos já instalados
encontram-se em fase de comissionamento, existe uma condição de oxigenação das
águas favorável na saída do reservatório, de forma que a água será restituída para
jusante em boas condições de qualidade.

7.1.2 AHE Jirau em Segunda Adição


Caso o AHE Jirau venha a ser implantado com o AHE Santo Antônio já em operação, o
cenário analisado no item precedente sofre uma ligeira modificação, porque as condições
de autodepuração do rio Madeira ficam diminuídas pela redução das velocidades e
afogamento das corredeiras existentes a jusante do AHE Jirau.
Entretanto, como as condições de qualidade da água restituída do reservatório de Jirau
serão boas, conforme descrito anteriormente, não se espera alterações significativas no
corpo do reservatório do AHE Santo Antônio, nem a jusante, em nenhuma das três etapas
de enchimento do reservatório do AHE Jirau.

7.1.3 AHE Santo Antônio em Primeira Adição


A implantação do reservatório do AHE Santo Antônio deverá ser feita em uma única
etapa, no mês de novembro, de forma que toda a biomassa afogada ficará disponibilizada
para solubilização em sete dias e meio ou menos, com 90% de garantia. Essas condições

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são muito mais rigorosas, do ponto de vista da qualidade da água, que as provocadas
pelo enchimento de Jirau.
Como conseqüência da incorporação de toda essa biomassa em uma única etapa, os
níveis de oxigênio dissolvido dentro do reservatório podem cair a valores na faixa de 2 a 3
mg/L. Mesmo tendo havido aumento nos teores de oxigênio, a água restituída para
jusante ainda pode apresentar concentrações de OD de 4,0 mg/L, portanto baixa, e DBO
ainda acima de 10 mg/L, que resultaria em nova depleção de OD no estirão do rio
Madeira a jusante deste aproveitamento, nos primeiros quilômetros. As concentrações de
OD no estirão de jusante podem cair até valores próximos a 3,0 mg/L, dando indicações
de estabilização, para posterior recuperação, no limite inferior do trecho estudado.
Como o enchimento do AHE Santo Antônio ocorre no pico do período de migração
ascendente e desova das espécies de peixes que realizam grandes migrações, essa
grande queda nos valores de OD a jusante da barragem poderá interferir nesse processo,
ocasionando uma falha na desova e/ou no desenvolvimento inicial dos ovos e larvas, e
afetando os estoques pesqueiros e a pesca. É importante salientar que esse efeito não
será perceptível no primeiro nem no segundo ano, pois os “indivíduos que não nasceram”
só atingiriam tamanhos de captura pela pesca comercial em três a seis anos, dependendo
da espécie.

7.1.4 AHE Santo Antônio em Segunda Adição


Caso o AHE Santo Antônio venha a ser implantado após a formação e estabilização do
reservatório de Jirau, as condições de qualidade da água resultantes do afogamento da
biomassa ficam ligeiramente alteradas em relação às decorrentes da implantação em
primeira adição. Os níveis de OD no reservatório caem até à faixa de 3 mg/L, se
recuperando até valores na faixa entre 4 a 5 mg/L quando a água é restituída a jusante
(devido ao efeito benéfico do vertedouro nessa fase de enchimento).
As melhores condições de OD verificadas no reservatório de Santo Antônio e a jusante,
durante o enchimento em segunda adição, quando comparadas às condições decorrentes
do enchimento em primeira adição, se devem, provavelmente, ao maior consumo de
nitrogênio ocorrido no reservatório de Jirau, que reduz a demanda nitrogenada a jusante.
A implantação do AHE Santo Antônio em segunda adição é menos impactante, portanto,
que sua implantação em primeira adição.

O efeito sobre os estoques de peixes se reduzem com o incremento das taxas de OD.

7.2 Período de Operação dos Empreendimentos

O perfil de qualidade da água do rio Madeira, após a implantação dos aproveitamentos de


Jirau e Santo Antônio e a estabilização da biomassa afogada, será alterado
principalmente no interior do reservatório de Jirau, onde a redução da capacidade de
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reaeração é mais significativa, devido ao grande número de cachoeiras e corredeiras


afogadas. Com isso, o equilíbrio hoje existente, com os níveis de saturação do oxigênio
na faixa de 70% a 80% ficará alterado ocorrendo uma depleção nos níveis de OD, como
analisado acima, para estabilizar a carga de background do rio Madeira.

Estes resultados são menos precisos que os apresentados na fase de enchimento do


reservatório, porque a carga de background foi estabelecida por calibração com base em
dados pontuais cobrindo um ano hidrológico e, praticamente, um único ponto amostral.
Para melhor conhecimento dessa carga e, consequentemente, melhor representação da
mesma na modelagem, seria necessário estudar melhor sua origem, para inclusive
discutir sua evolução diante da implantação dos reservatórios. Nessa fase dos estudos, a
mesma carga de background identificada por calibração nas condições atuais foi aplicada
à condição futura, com reservatórios.

Os resultados da modelagem indicam, portanto, que durante a fase operativa dos


empreendimentos poderá ocorrer, nos meses de estiagem, uma diminuição dos níveis de
OD no reservatório de Jirau, sendo os níveis normais recuperados na saída do
reservatório e no trecho inicial (mais raso) do reservatório de Santo Antônio.

Salienta-se que outros rios de águas brancas da planície amazônica, que não têm
sistemas de corredeiras que proporcionam uma relevante aeração física, possuem níveis
de saturação da ordem dos níveis previstos pelo modelo, para a fase de operação do
complexo em estudo.

7.2 Recomendações

As alterações de qualidade da água do rio Madeira esperadas em decorrência da


implantação e operação dos reservatórios de Jirau e Santo Antônio, considerando-se os
resultados dos estudos ora apresentados, são de magnitude moderada e, a maior parte
das alterações detectadas na modelagem ocorrem durante o enchimento, sendo,
portanto, temporárias. Com relação à mitigação dessas alterações pode-se recomendar:

- Realizar a supressão da vegetação da área inundada do reservatório de Santo


Antônio, de forma a minimizar a carga associada à biomassa afogada. Salienta-se que
essa medida poderá limitar a instalação de peixes no reservatório devido,
principalmente, à falta de abrigo.
- Para o reservatório de Jirau, realizar pelo menos uma limpeza seletiva da vegetação
da área a ser inundada, localizada principalmente ao longo dos afluentes afogados e
nos bolsões e zonas estagnadas que se formam lateralmente ao reservatório devido à
irregularidade de suas margens;
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- Proceder o enchimento do reservatório de Santo Antônio em duas ou mais etapas,


como acontecerá em Jirau, de modo a promover a introdução mais lenta da carga
decorrente da biomassa inundada.

Estas medidas podem ser programadas isoladamente ou de forma complementar,


devendo ser realizadas simulações para avaliação da eficácia das mesmas.
Com relação à precisão e confiabilidade dos resultados da modelagem recomenda-se o
aprofundamento dos estudos realizados até o presente, incluindo:
- Continuidade das campanhas de amostragem de qualidade da água, buscando
aperfeiçoar os parâmetros já medidos e incluir novos parâmetros adequados para
subsidiar novos estudos e modelagens.
- Aprofundamento da modelagem realizada de modo a incorporar as novas medições
disponibilizadas e as análises das mesmas.
- Realização de modelagem específica dos bolsões laterais dos reservatórios para
caracterizar a qualidade da água dos mesmos. Muitas dessas áreas já são alagadas
anualmente, durante as cheias, podendo fornecer indicações preciosas sobre o que
poderá vir a acontecer quando este alagamento ficar definitivo. Essa modelagem pode
ser integrada à modelagem do corpo principal dos reservatórios (abordagem bi-
dimensional), caso ocorram interações significativas.

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8. REFERÊNCIAS

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- Referência 1 – Diagnóstico Ambiental do Sistema Fluvial do Rio madeira no Trecho de


Implantação das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio (RO) – Relatório
Técnico Final – Fundação Djalma Batista – Convênio FDB/INPA.

- Referência 2 – Diagnóstico do Uso da Terra e da Cobertura Vegetal das Áreas de


Influência dos Aproveitamentos Hidrelétricos de Jirau e Santo Antônio – Leme
Engenharia – Belo Horizonte – Fevereiro de 2005.

- Referência 3 – Golterman, H. L., R. S. Clymo & M. A. Ohnstad. 1978. Methods for


Physical and Chemical Analysis of Fresh Waters. 2nd ed. IBP Handbook n° 8.
Blackwell Scientific Publications, Oxford. Edinburch London Melbourne. 214p.

- Referência 4 – MacKereth, F. J. H., J. Heron & J. F. Talling. 1978. Water Analysis:


Some Revised Methods for Limnologists. Freshwater Biological Association, Special
Publication 36. 120p.

- Referência 5 – APHA - American Public Health Association. 1992. Standard Methods


for the Examination of Water and Wastewater. 14a ed. Washington, DC. 1193 p.

- Referência 6 – Esteves, F. A. 1998. Fundamentos de Limnologia. Interciência.

- Referência 7 – Rai, H. & Hill, H. 1981. Physical and Chemical Studies of Lago Tupe, A
Central Amazonian Black Water, Ria Lake. Int. Revue Ges. Hidrobiol.. 66I, 37-82.

- Referência 8 – Water Resources Engineers Inc., 1969. Mathematical Model for


Prediction of Thermal Energy Changes in Impoundments. US EPA 16130.

- Referência 9 – Braga, B. e outros, 2002. Introdução à Engenharia Ambiental. Prentice


Hall, São Paulo.

- Referência 10 – Estudos Sedimentológicos do Rio Madeira. PCE Engenharia, 2005.

- Referência 11 – Brown, L. C. e T. º Barnwell Jr., The Enhanced Stream Water Quality


Models QUAL2E and QUAL2E-UNCAS: Documentation and User Manual. EPA/600/3-
87/007, Athens, Ga, 1987.

- Referência 12 - Lahlou, M., S. Chaudhury, Y.Wu, K. Baldwin and D. Boyton, QUAL2E


Windows Interface User’s Guide. EPA/823/B/95/003, 1995.

- Referência 13 - BROWN, S., GILLESPIE, A.J.R. & LUGO, A.E. 1989. Biomass
estimation methods for tropical forests with applications to forest inventory data. Forest
Science 35:881-902.

- Referência 14 - Cardenas,J.D.R, 1982 - Estudos de ecologia e controle ambiental na


região do Reservatório da UHE de Samuel - segmento estimativa da fitomassa do
convênio ELN/MCT/CNPq/INPA 01.07.82

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- Referência 15 – Forattini, G. D. 1982. Aplicação e Calibração de Um Modelo de


Qualidade de Água. Tese de Mestrado, UFRJ, COPPE.

- Referência 16 – Chapra, S. C. 1997. Surface Water –Quality Modeling. WCB/McGraw-


Hill.

- Referência 17 – Fischer, H. B., List, E. J., Koh, R. C. Y., Imberger, J., and Brooks, N.
H. 1979. Mixing in Inland and Coastal Waters. Academic, New York.

- Referência 18 – .Tackston, E. L., Krenkel, P. A. 1969. Reaeration Prediction in Natural


Streams. Journal of the Sanitary Engineering Division.

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